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GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

MARLI TAROSSO

UNIDADE DIDÁTICA PEDAGÓGICA

IES: Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP

ORIENTADORA: PROFª. DRª. JANETE LEIKO TANNO

ÁREA CURRICULAR: HISTÓRIA

CORNÉLIO PROCÓPIO

AGOSTO – 2011

MARLI TAROSSO

MATERIAL DIDÁTICO

Unidade Didática apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE Orientadora: Profª Drª Janete Leiko Tanno

CORNÉLIO PROCÓPIO

AGOSTO – 2011

DADOS E IDENTIFICAÇÃO

Professora/PDE: Marli Tarosso

Área/PDE: História

NRE: Cornélio Procópio

Professor Orientador/IES: Janete Leiko Tanno

IES Vinculada: Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP

Escola de Implementação: Colégio Estadual “Profª Adélia Antunes Lopes” –

Ensino Fundamental e Médio.

Público objeto da intervenção: Alunos da 7ª série / 8º ano

UNIDADE DIDÁTICA PEDAGÓGICA

CAPOEIRA

1 – INTRODUÇÃO

Por que ainda hoje, a capoeira é vista com preconceito e encontra certa

resistência entre brancos e mesmo entre afro-descendentes?

Essa é a questão norteadora dessa Unidade Didática Pedagógica.

A Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003, inclui no currículo oficial a

obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”. Essa Lei

estabelece em seu primeiro parágrafo que a escola deverá conter em seu conteúdo

programático o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no

Brasil, a cultura negra brasileira e o negro nas áreas social, cultural, econômica e

política.

Ao abordar sobre a cultura Afro-Brasileira, por meio do tema capoeira,

pretendo mostrar que essa arte está ao alcance de todos, independente de classe

social, raça ou credo.

Com base nesses preceitos, pretendo levar ao conhecimento dos alunos a

origem da capoeira e como ela se implantou no Brasil e desta forma desmistificar

essa arte que é símbolo de luta e resistência no confronto entre escravos e classe

dominante, e que ainda hoje é discriminada e carregada de preconceito.

A problematização levantada no início vem ao encontro do pensamento de

diversos autores que ao abordarem o tema capoeira deixam transparecer a questão

do preconceito desde os seus primórdios.

Esse trabalho visa esclarecer que a capoeira que conhecemos hoje, não é a

mesma que tínhamos no período colonial e, que há muitos questionamentos sobre

sua origem.

Em suma, podemos dizer que preconceito e discriminação com relação à

capoeira existem por desconhecimento do que ela de fato é; da sua história e dos

significados dos passos do jogo. É com base no conhecimento de sua história que

vou alicerçar o material pedagógico e mostrar aos alunos a importância desta arte

da cultura afro que os negros adaptaram e usaram como forma de resistência ao

cativeiro e defesa, e que atualmente adquiriu outros significados na nossa

sociedade.

O objetivo desta unidade didática pedagógica, então, é levar ao conhecimento

dos alunos que a capoeira não é somente uma luta, mas que ela tem uma história

trazida pelos africanos desde o período colonial e, que está ligada à cultura africana.

Para que isto aconteça, os alunos deverão conhecer as mudanças na história da

capoeira no Brasil; reconhecer os instrumentos utilizados durante o jogo (dança) da

capoeira e também os movimentos (passos) executados durante o jogo. Dessa

forma, pretendo desenvolver o interesse pela historia da cultura Afro-Brasileira e

pela capoeira, e até incentivá-la como prática esportiva e assim, despertar o

interesse pelo conhecimento histórico e o respeito pela diversidade cultural.

2 – DESENVOLVIMENTO

Para melhor entender a cultura afro-brasileira é necessário ter conhecimento

e compreensão da complexidade que a envolve.

Na realidade, a cultura é mais que um conceito acadêmico, ela diz respeito às

vivências construídas ao longo do processo histórico e social, e é por meio da

cultura que se estipulam regras e valores.

2.1 – ORIGEM DA CAPOEIRA

Ao abordar o tema: A Valorização da Cultura Afro-Brasileira: a Capoeira e

Seus Movimentos, pretendo despertar nos alunos o interesse e a compreensão

pela diversidade cultural através de estudos que envolvam o conhecimento e as

mudanças históricas ocorridas com a capoeira; o contato com os instrumentos

utilizados nesta arte/jogo; a musicalidade (ritmo) e os movimentos (passos)

realizados nas apresentações. Através deles, será possível compreender que no

Brasil, a cultura negra ou herança africana, foi construída no contato com outros

povos (portugueses e indígenas) e se faz presente na nossa sociedade como um

todo, por meio da vivência cotidiana dos brasileiros, independente de sua origem.

Nota-se que há muita discussão e questionamento sobre a origem da

capoeira. No entanto, há um consenso entre alguns autores, de que a capoeira no

Brasil tem nas suas origens elementos africanos fundidos a fatores locais

(portugueses e indígenas), ou seja, uma fusão de manifestações culturais. Sabemos

que dos africanos herdamos os movimentos rituais fundamentais do candomblé; os

portugueses nos doaram através da dança popular, a chula, o uso do improviso, do

pandeiro e da viola e as culturas nativas (indígenas), forneceram a nomenclatura dos

movimentos, que se assemelham aos movimentos dos animais.

Nestor Capoeira, autor de várias obras sobre o assunto e grande conhecedor

e divulgador desta arte e apaixonado pela capoeira Angola, que em seu íntimo tem a

malícia e a singularidade da simplicidade, em seu livro: “Os Fundamentos da

Malícia” (1992), aprofunda a discussão sobre a origem da capoeira e coloca que

existem várias teorias antagônicas (uns dizem que ela foi criada na África e trazida

para o Brasil; outros afirmam que foi uma invenção do escravo africano no Brasil,

entre outras), mas que todas chegam ao mesmo consenso: ela é uma “invenção”

dos africanos. No decorrer de seu livro, Capoeira escreve que na realidade o que se

sabe sobre a capoeira atualmente começa a partir de 1800, com a chegada de D.

João VI ao Brasil, pois foi somente neste período que se começou a ter registros de

alguns eventos, proibições e também registros policiais relativos ao jogo. É com

base nestas fontes que se constrói a história da capoeira deste período aos dias

atuais.

Ainda quanto à sua origem, João Couto Teixeira (1998: p.17), em sua

monografia desenvolvida no Curso de Especialização no Ensino da Capoeira na

Escola/UNB, diz que:

“Antigamente, a capoeira era relacionada à malandragem e religiões. Era considerada uma forma de luta disfarçada em dança e ritual, onde associava a luta às músicas e ritmos de candomblé, religião dos negros escravos”. (.....) “Esta prática foi levada para as ruas após a abolição da escravatura, quando foi proibida por lei e revogada somente em 1930, começando a ser praticada dentro de recintos

fechados".

Segundo o autor, a capoeira exerceu influência nos acontecimentos

socioculturais e políticos do Brasil, a tal ponto que o Código Penal de 1890 deu um

tratamento especial ao caso, prevendo prisão, trabalhos forçados, e até deportação

para os seus praticantes.

Até então, sobre a origem da capoeira, fica esclarecido que não se tem

certezas, mas há concordâncias de que ela representa a fusão das culturas de

indígenas, portugueses e africanos e, a partir disto, se tornando “tipicamente

brasileira”.

No evoluir de sua história, a capoeira sofre com repreensões e proibições

legais, mas resiste e continua sendo praticada com algumas modificações pelos

seus mestres.

ATIVIDADE Nº 1 – PESQUISA

Atividade completa nos anexos

ATIVIDADE Nº 2 – DEBATE

Atividade completa nos anexos

2.2 – EVOLUÇÃO DA CAPOEIRA

De sua origem até os dias atuais, a capoeira sofreu mudanças e se

apresentou em diversos “estilos”, cada um com suas características, marcado por

visões próprias, hábitos específicos e fundidos com a cultura local de cada região.

Atualmente, essas diferentes abordagens da capoeira se manifestam através da

prática dos diferentes grupos e são expressas em duas principais vertentes: a

capoeira Angola, que possui como referência Mestre Pastinha, e a capoeira

Regional, que tem como seu principal personagem Mestre Bimba.1

ATIVIDADE Nº 3 – PESQUISA

Atividade completa nos anexos

2.3 – CAPOEIRA ANGOLA

A capoeira Angola ou tradicional, nome dado devido aos traços das

1 http://portalcapoeira.com

http://profpaulista.blogspot.com/2010/02/diferenca-entre-regional-e-angola.html

manifestações da África Bantu no Brasil, é o estilo mais próximo de como os

escravos jogavam a capoeira. Ela é caracterizada por ser mais lenta, porém,

também possui movimentos rápidos, mais furtivos e executados perto do solo,

porque o solo representa a natureza (água). Ela enfatiza as tradições da capoeira,

que em sua raiz está ligada aos rituais afro-brasileiros caracterizados pelo

candomblé. Sua música é lenta e quase sempre está acompanhada por uma bateria

completa de instrumentos posicionados na seguinte ordem, da esquerda para a

direita: atabaque; pandeiro; berimbau viola; berimbau médio; berimbau gunga ou

berra boi; pandeiro; reco-reco e agogô. (SANTOS, COUTINHO E CONCEIÇÃO).

A capoeira Angola não tem data definida e nem uma pessoa a quem

possamos atribuir com certeza a sua criação, mas quando falamos em capoeira

Angola temos o nome de Vicente Ferreira Pastinha (1889 - 1981), o Mestre

Pastinha, associado a ela. Ele foi seu grande defensor e divulgador. Introduzindo-a

na sociedade, fez com que a capoeira deixasse de ser vista somente como uma luta

marginalizada, praticada por vândalos e arruaceiros, foi ele também que criou a

primeira escola de capoeira Angola no Brasil, em 1942. Pastinha defendia a capoeira

Angola e a divulgou até no exterior, inclusive na África. Na realidade, pretendia fazer

com que ela mantivesse sua força e não perdesse suas principais características.

Atualmente, existem muitos seguidores de Pastinha que ainda tentam resgatar as

antigas tradições da Angola, entre eles podemos citar: Mestre Gildo Alfinete; Antonio

Carlos Moraes, o Mestre Caiçara, João Pereira dos Santos, o Mestre João Pequeno

e João Oliveira dos Santos, conhecido como Mestre João Grande, entre tantos

outros. 2

Em resumo, podemos dizer que a capoeira Angola é diferente da luta regional

baiana ou capoeira Regional, de Mestre Bimba por possuir maior enfâse em

características como o jogo, a brincadeira e a busca pela ancestralidade, possuindo

movimentos mais lentos, rasteiros e lúdicos. Na "roda de Angola", o objetivo é a

2 http://cuica.tripod.com/mestres.htm´pj

http://joaopequeno.portalcapoeira.com/capoeira-angola/ http://www.arteculturacapoeira.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=98&Itemid=61

http://www.senzala.org.br/historia/bibliografia/11-mestre-pastinha.html http://capoeiraexports.blogspot.com/2011/01/biografia-de-mestre-pastinha.html

busca intensiva dos fundamentos da arte. Ou seja, cada capoeirista tem o seu jeito

de amar, respeitar e valorizar a Capoeira Angola.

2.4 – CAPOEIRA REGIONAL

A capoeira Regional, primeiramente denominada de Luta Regional Baiana, é

uma manifestação da cultura baiana, que foi criada em 1928, por Manuel dos Reis

Machado (1900-1974), conhecido como Mestre Bimba e tornou-se rapidamente

popular. Ele dizia: (...) eu criei, a Regional, que é o batuque (luta do Nordeste

Brasileiro extinta com o passar do tempo) misturado com a Angola, com mais golpes,

uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente.3

Na capoeira regional mudou –se alguns movimentos, eliminou a malícia da

postura do capoeirista, colocando-o em pé, criou um código de ética rígido, que

exigia até higiene e estabeleceu um uniforme branco (a cor branca dentro da

capoeira, significa limpeza, purificação). Seu jogo é mais rápido, acrobático e

atlético, com isto, os golpes são desferidos em grande velocidade e frequência, o

que pode tornar o jogo perigoso, mas extremamente belo. Bimba deixava claro que

não devia haver luta ao som do berimbau. Seria um desrespeito aos princípios e a

Regional tem como um de seus pilares, o respeito à integridade física e moral dos

companheiros. Com essa filosofia, a capoeira Regional conquistou todas as classes

da sociedade brasileira. Os praticantes dessa arte se denominam "capoeira", pois,

para eles, a capoeira é um estilo de vida, de ser, pensar, agir como um capoeira.

Atualmente os mestres capoeiristas misturam os dois estilos, porque não há

como fazer um desligamento das origens, principalmente no que se refere aos

movimentos, instrumentos musicais e ritmos. Enfim, ambos os estilos são marcados

pelo uso de dissimulação e subterfúgio, a famosa mandinga, e são bastante ativos

no chão, sendo freqüentes as rasteiras, pontapés, chapas e cabeçadas. A formação

da roda também tem sua significação, seria a comunhão, a cooperação, um só

3 Frase retirada do artigo: Mestre Bimba: o fundador e rei da capoeira regional, publicado por Fayson

Rodrigo Merege Barbosa. Revista Digital. Buenos Aires: Ano 14 – nº 133 – junio de 2009.

sentimento, a globalização, a diversidade unida. Dizem que para ser um verdadeiro

capoeirista, durante o jogo, só pode sujar a palma das mãos e a sola dos pés,

jamais pode sujar a roupa, e se durante o jogo, um dos capoeiristas estiver de

chapéu e este cair, ele jamais poderá pegá-lo com as mãos (elas estão sujas), ele o

ajeitará com a boca e o pegará com a própria cabeça. Essas são algumas

curiosidades que envolvem o jogo da capoeira.

FRIGERIO (1989), em seu trabalho: Capoeira: da arte negra ao esporte

branco, aborda a questão do “cisma” que ocorreu na capoeira. Segundo o autor, foi

com Mestre Bimba, que a Capoeira sofreu uma grande transformação. Ela começa a

ser praticada dentro de academias, com normas e regras, que aqui chamamos de

legalidade. Com essa nova modalidade, surgem novos movimentos e a capoeira

passa a ter aspectos de luta.

A capoeira Regional, para Frigerio, foi o “embranquecimento” da Capoeira

Tradicional, pois com sua prática em academias sua clientela passa a ser de

pessoas advindas de setores médios e altos, e, consequentemente, ela deixa de ser

o “teatro mágico”, “uma escola para a vida” como a definia CAPOEIRA (1985) e

passa a ser considerado um esporte.

Toda essa discussão implica alguns questionamentos como: a capoeira “era”

cultura negra, que passou a ser esporte branco? Fora do Brasil ela é divulgada

como cultura ou esporte?

Sabemos que nas últimas décadas, a capoeira tem despertado interesse em

diversos setores da sociedade. Tal valorização pode ainda ser percebida no fato

dela, a partir de 2008, ter sido registrada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio

Cultural do Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Histórico

Brasileiro.

ATIVIDADE Nº 4 - PESQUISA DIRECIONADA

Atividade completa nos anexos.

2.5 – ALGUNS PROJETOS QUE DESTACAM O PAPEL DA CAPOEIRA NAS

ESCOLAS

Indo ao encontro dos objetivos do projeto, o V ENECULT (Encontro de

Estudos Multidisciplinares em Cultura), ocorrido em 2009 em Salvador – Bahia,

(SOUZA; MELO e CORDEIRO, 2009), abordaram a questão de como a cultura pode

contribuir para a construção de uma identidade cidadã, e para isto utilizam como

base o Projeto Caxinguelês desenvolvido pelo Centro de Capoeira São Simão em

Recife/PE. Esse projeto teve como objetivo, difundir, ensinar e preservar a capoeira

como um legado do povo brasileiro. Ele foi desenvolvido em uma região de alta

criminalidade de Recife, com o intuito de contribuir no processo educacional das

crianças e adolescentes da comunidade e vem alcançando ótimos resultados. A

linguagem matriz do Projeto Caxinguelês é a manifestação da capoeira que é

compreendida e transmitida como um Patrimônio Cultural Brasileiro em todas as

expressões que essa arte engloba.

Após os estudos, SOUZA; MELO e CORDEIRO (2009: p. 10), chegam à

conclusão de que:

A capoeira é um complexo sistema de significação de “modos de vida”, que se desdobra em diversas outras manifestações culturais, tais como música, canto, dança jogos, gestos e rituais e em sua trama, traz elementos da tradição, da ancestralidade, interpretadas e reinterpretadas ao longo da história. A cultura da capoeira nos remete a um espaço de luta onde podemos perceber o sentido libertário de sua prática, que é um misto de contrários: luta/jogo, afetividade/agressividade, sagrado/profano.

Em Jataizinho, Paraná, as Escolas Municipais, contam com o Projeto

“Recreação e Capoeira” ministrado pelo professor Aldo Mendes Roberto Oliveira

(capoeirista que mistura os dois estilos: Angola e Regional). Este Projeto atende

crianças da Educação Infantil (de 02 a 05 anos) e do Ensino Fundamental, séries

iniciais. É um projeto que não visa a prática da Educação Física, mas tem como

objetivo o desenvolvimento sócio educacional, mais especificamente o lúdico

(capoeira para socializar). O professor trabalha com sentimentos: alegria, amizade,

disciplina, etc., através da capoeira. Atualmente, atendendo à política de inclusão

nas escolas, ele também está desenvolvendo este projeto junto a algumas crianças

especiais, e segundo relatos do próprio professor, elas estão respondendo muito

bem, pois a capoeira vem contribuindo com a expressão corporal, a socialização e a

musicalidade destas crianças.4

Enfim, o que sabemos é que a capoeira é um exemplo de cultura afro que

através do tempo e de fusões culturais, acabou por se tornar tipicamente brasileira,

e que é conhecida por grande parte da população, mas que ainda é percebida de

forma preconceituosa e racista. Ela representa a manifestação e expressão de um

povo oprimido em busca de liberdade e dignidade. A capoeira tem quinhentos anos,

mas ainda simboliza a busca pela liberdade. Ela mexe com o corpo, a afetividade e

a sociabilidade das pessoas. A história da Capoeira está associada à história dos

excluídos da nossa sociedade.

2.6 – ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

O Caderno Temático: “História e cultura afro-brasileira e africana: Educando

para as relações étnico-raciais”, sugere que as escolas desenvolvam atividades

como: ações que propiciem o contato com a cultura africana e afro descendente;

discussões e atividades para a valorização da diversidade étnica brasileira;

pesquisas e debates sobre o espaço dos afros descendentes e de sua cultura e que

valorizem igualmente as diferentes e diversificadas raízes das identidades dos

distintos grupos que constituem o povo brasileiro, e que busquem compreender e

ensinar os alunos a respeitar os diferentes modos de ser, viver, conviver e pensar.

Desta forma, podemos sintetizar que a escola deve oportunizar a todos o

conhecimento da cultura afro e com base nisso, mostrar que ela faz parte da cultura

brasileira, e a partir deste princípio elaborar um currículo de trabalho onde haja

desconstrução dos preconceitos e a construção de uma nova visão de um povo

marginalizado pela história do nosso país, e, cabe ao professor de história, mostrar

4 Entrevista concedida pelo professor capoeirista Aldo Mendes Roberto Oliveira, sobre o Projeto

“Recreação e Capoeira”, a Marli Tarosso, nas dependências da Escola Municipal D. Pedro II, Jataizinho – PR, em 18 de março de 2011

aos alunos a importância que africanos e afros descendentes tiveram na nossa

história, culturalmente, economicamente e principalmente a sua resistência e luta

pela dignidade e igualdade.

Essa Unidade Didática Pedagógica será desenvolvida através de

pesquisas e debates, pois a partir do momento em que o aluno faz uma pesquisa,

ele procura informações, questiona, e consequentemente está construindo um

conhecimento empírico. Este tipo de conhecimento, ele jamais esquecerá. Portanto,

instigar o aluno à aprendizagem por meio de atividades de investigação é o mesmo

que pedir a ele que indague, pesquise, inquira, descubra, procure informações,

revise o que já aprendeu, enfim, que ele aprenda a compreender o conteúdo na sua

forma plena.

ATIVIDADE Nº 5 e 6 -

Atividade completa nos anexos.

3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esse material didático, pretendo que meus alunos adquiram

conhecimentos gerais sobre a capoeira, sua origem e transformações, movimentos

(passos), instrumentos musicais utilizados e até algumas curiosidades sobre os

capoeiristas.

O intuito é despertar o interesse dos alunos pelo assunto e possibilitar um

maior contato com a cultura Afro-Brasileira e, que através deste conhecimento ele

seja capaz de perceber manifestações de preconceito e discriminação aos afro-

descendentes e à sua cultura, e dessa forma, combatê-la.

Atualmente, a diversidade cultural vem sendo muito discutida e está havendo

a desmistificação de muitos mitos criados pela imposição da classe dominante. Hoje,

a capoeira está sendo vista por muitos como um esporte, e está sendo muito

divulgado tanto no Brasil quanto no exterior. O que não podemos deixar é que se

esqueçam as raízes desta arte.

Muitos projetos ligados à capoeira vem sendo desenvolvidos nas escolas,

mas esses projetos, geralmente, estão associados à disciplina de Educação Física,

ou seja, capoeira como esporte e não como arte negra.

A maneira como a capoeira é interpretada pelos cidadãos deve ser

respeitada, mas devemos conscientizá-los que por traz de conceitos criados pela

sociedade existe uma história cultural diversificada e muito rica, engajada na história

do Brasil.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Fayson Rodrigo Merege. Mestre Bimba: o fundador e rei da capoeira

regional. Revista Digital. Buenos Aires: Ano 14 – nº 133 – junio de 2009. Disponível

em: http://www.efdeportes.com/efd133/mestre-bimba-o-fundador-e-rei-da-capoeira-

regional.htm - acessado em 02/abr/2011.

CAPOEIRA, Nestor. Capoeira – Pequeno Manual do Jogador. Rio de Janeiro:

Record, 1981.

___________. Capoeira, os fundamentos da malícia. Rio de Janeiro: Record,

1992.

___________. Galo já Cantou: Capoeira para Iniciados. Rio de Janeiro, Arte

Hoje, 1985.

FRIGERIO, Alejandro. Capoeira: De Arte Negra a Esporte Branco. São Paulo,

Editora Três, 1989. Disponível em: www.anpocs.org.br/portal/...00.../rbcs10_05.htm -

acessado em 20/02/2011.

HILÁRIO. Giancarlo Roger. Educação Física e Capoeira: cultura popular e

Indústria Cultural no Jogo de Roda. Artigo PDE. Maringá, 2007. Disponível em

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br – acessado em 07/abr/2011

PARANÀ. Secretaria de Estado da educação. Diretrizes Curriculares da

Educação. Curitiba: SEED-PR, 2008.

PARANÁ. Secretaria de Estado da educação. Superintendência da Educação.

Departamento de Ensino Fundamental. História e cultura afro-brasileira e

africana: educando para as relações étnico-raciais/Paraná. Secretaria de Estado

da educação. Superintendência da Educação. Departamento de Ensino

Fundamental – Curitiba: SEED-PR, 2006. (Cadernos Temáticos)

PINATTI, Djanir e OLIVEIRA SILVA, Gladson de. Capoeira: A Arte Marcial do

Brasil. 2 vols., São Paulo, Editora Três, 1984.

SANTOS, B.D.dos; COUTINHO. L. E. M.; CONCEIÇÃO. L. T. S. Da África ao

Brasil: Sou Maculelê. Disponível em

http://www.webartigos.com/articles/20823/1/Da-Africa-ao-Brasil-Sou-

Maculele/pagina1.html - acessado em 15/abr/2011

SODRÉ, Muniz. A verdade seduzida. Por um conceito de Cultura no Brasil. Rio

de Janeiro, Editora DP&A, 2005.

SOUZA, A. C. R.; MELO, M. D. C. G. de; CORDEIRO, I. C. de A. A Cultura como

espaço de luta: reflexões sobre Identidade, Capoeira e Cidadania. V ENECULT,

UFBa, Salvador, 2009. Disponível em: http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19508.pdf

- acessado em 04 de abril de 2011.

TEIXEIRA, João Couto. Festas Populares – Capoeira. Monografia desenvolvida no

Curso de Especialização no Ensino da Capoeira na Escola, Universidade de

Brasília, 1998. Disponível em:

http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar. php?idt=959037

acessado em 20/02/2011.

VIDOTTO. Roberto Marcos. Projeto Capoeira Escolar. 2003. Disponível em

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br – acessado em 07/abr/2011.

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http://www.cienciasdacapoeira.com.br - acessado 26 de junho de 2011.

http://gessijames.blogspot.com/2007_03_01_archive.html - acessado 26 de junho de 2011.

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capoeira/instrumentos-da-capoeira-2.php -

acessado 26 de junho de 2011. http://abadacapoeiraitu.blogspot.com/2008/08/mais-instrumentos-da-capoeira.html - acessado 26 de junho de 2011.

ANEXOS

ATIVIDADE Nº 1 – PESQUISA INVESTIGATIVA

OBJETIVO:

Verificar o conhecimento prévio que os alunos têm sobre a capoeira, sua origem,

passos, instrumentos musicais e letra das canções que são entoadas nas

apresentações, etc..

DESENVOLVIMENTO:

Essa é uma atividade oral, onde todos os alunos podem participar.

Iniciar a atividade questionando se algum aluno conhece capoeira? Se eles já a

praticaram? Por que a praticou ou porque não a pratica?

A partir das respostas, esclarecer que existe preconceito e descriminação com

relação à capoeira. Com base nessa exposição, trabalhar os conceitos de:

Preconceito e Descriminação.

AVALIAÇÃO:

Pedir aos alunos que escrevam o que entenderam por preconceito e discriminação.

ATIVIDADE Nº 2 – PESQUISA

OBJETIVO:

Conhecer a história da capoeira e suas transformações ao longo do tempo.

DESENVOLVIMENTO:

Os alunos se dividirão em grupo de 5 e deverão fazer pesquisas em livros ou

internet e escrever um pequeno texto sobre a origem da palavra capoeira e da

história da capoeira no Brasil. Em sala de aula, cada grupo vai expor a sua

pesquisa para discussão das teorias encontradas.

AVALIAÇÃO:

Recolher o material pesquisado e pedir aos alunos que depois da discussão do

tema proposto escrevam o que entenderam sobre a palavra capoeira e façam um

pequeno texto sobre a história da capoeira.

ATIVIDADE Nº 3 – AULA EXPOSITIVA

OBJETIVO:

Levar o aluno a compreender e diferenciar dois estilos de capoeira: Capoeira

Angola e Capoeira Regional.

DESENVOLVIMENTO:

Com base nas pesquisas sobre a história da capoeira e sua evolução, explanar o

assunto em uma aula expositiva, explicando as diferenças dos dois estilos.

Salientar os seus fundadores: Mestre Pastinha e Mestre Bimba e citar alguns

mestres capoeiristas dos dois estilos.

AVALIAÇÃO:

Pedir aos alunos que respondam os exercícios elaborados pelo professor para

verificação da aprendizagem.

1) Explique a diferença da Capoeira Angola e Capoeira Regional.

2) Fale sobre Mestre Pastinha.

3) Fale sobre Mestre Bimba.

4) Cite alguns mestres seguidores da Capoeira Angola.

5) Cite alguns mestres seguidores da Capoeira Regional.

6) Opinião pessoal: O professor capoeirista pode usar os dois estilos em suas

aulas? Por quê?

ATIVIDADE Nº 4 – PESQUISA DIRECIONADA E EXERCÍCIOS

OBJETIVO:

Verificar se o aluno assimilou nomes de movimentos e instrumentos musicais

utilizados durante apresentação de uma roda de capoeira.

DESENVOLVIMENTO:

Os alunos serão divididos em grupos de 5 e pesquisarão sobre alguns passos e

sobre instrumentos utilizados na capoeira.

Em sala de aula, o professor dará, em forma de exercícios, a representação desses

itens e os alunos terão que nomeá-los corretamente e até descrevê-los, se possível

(conforme modelo abaixo).

AVALIAÇÃO:

Consiste nos exercícios respondidos pelos alunos, pois através deles poderei

verificar a aprendizagem.

Exemplos:

MOVIMENTOS BÁSICOS NOME DESCRIÇÃO

Ginga

Resistên-cia

Imagens retirados do site www.aobrasil.com/capoeira - Acessado em 16 de junho de 2011.

INSTRUMENTOS MUSICAIS

http://www.cienciasdacapoeira.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=73&Itemid=80 – acessado 26 de junho de 2011.

PANDEI-RO

http://gessijames.blogspot.com/2007_03_01_archive.html - acessado 26 de junho de 2011.

BERIM-BAU

http://gessijames.blogspot.com/2007_03_01_archive.html - acessado 26 de junho de 2011.

ATABA-QUE

http://gessijames.blogspot.com/2007_03_01_archive.html - acessado 26 de junho de 2011.

AGOGÔ

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capoeira/instrumentos-da-capoeira-2.php - acessado 26 de junho de 2011.

RECO-RECO

http://abadacapoeiraitu.blogspot.com/2008/08/mais-instrumentos-da-capoeira.html - acessado 26 de junho de 2011.

CAXIXI

ATIVIDADE Nº 5 – APRESENTAÇÃO DE UM GRUPO CAPOEIRISTA

OBJETIVO:

Vivenciar a teoria pesquisada.

DESENVOLVIMENTO:

Convidar um grupo de capoeiristas para fazer uma apresentação no pátio da

escola.

AVALIAÇÃO:

Depois da apresentação, pedir aos alunos que respondam as seguintes questões:

a) Qual o estilo de capoeira foi apresentado?

b) Cite alguns passos que foram executados durante a apresentação da roda

de capoeira.

c) Cite os instrumentos que fizeram parte desta apresentação.

d) Que tipo de vestimentas os capoeiristas usavam?

e) Qual a idade aproximada dos capoeiristas do grupo?

f) Quando você assistiu a apresentação, sentiu vontade de fazer parte do

grupo?

g) Durante a apresentação, você notou se os componentes do grupo de

capoeiristas eram brancos ou afro-descendentes?

ATIVIDADE Nº 6 – AUTO AVALIAÇÃO

OBJETIVO:

Verificar se após a implementação do Projeto de Intervenção, o aluno ainda vê a

capoeira com preconceito e discriminação.

DESENVOLVIMENTO:

Pedir aos alunos que façam por escrito, uma auto avaliação, explicando como via a

capoeira antes e depois das aulas.

AVALIAÇÃO:

Recolher a auto avaliação e verificar se as opiniões mudaram e se a questão

norteadora do Projeto de Intervenção (Por que ainda hoje, a capoeira é vista com

preconceito e encontra certa resistência entre brancos e mesmo entre afro-

descendentes?), foi respondida.