Gilwell Park e a Insígnia de Madeira

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GILWELL PARK

Sewardstone, na região da Forest, era uma aldeola dispersa num espaço de uma rugosa terra de pastagem entre o cume da Forest e os traiçoeiros pântanos de Lea Valley.

William de Bois Maclaren adquiriu Gilwell Park para que os rapazes pudessem desenvolver a auto-confiança e aptidões físicas e assim poder atingir os objectivos que Baden-Powell tinha descrito, preenchendo assim o seu próprio sonho. Aqui estava uma propriedade de 55 acres, com uma velha casa cheia de corredores e recantos que poderia ser adaptada para

quartel-general do que Baden-Powell pretendia. Gilwell Park é hoje um campo orgulhoso do seu passado e com os olhos voltados para o futuro, oferecendo diversos espaços para acampamentos, várias modalidades de alojamento e actividades para todas as Secções.

Em Maio de 1919 foi nomeado o primeiro Chefe de Campo – Francis Gidney - e o campo abriu oficialmente a 26 de Julho de 1919. Don Potter, enquanto membro do staff de Gilwell Park entre 1919 e 1930, desenhou os portões da entrada principal, e construiu a cabana de Gidney. O Chefe de Campo de Gilwell Park, devido ao significado do seu cargo, usa um colar com seis contas, colar esse que é devolvido uma vez deixado o cargo.

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O logotipo do machado incrustado no tronco de árvore começou a ser utilizado na década de 1920, quando nos primeiros cursos implementados em Gilwell

Foi Sir Francis Gidney quem teve a ideia de adoptar este logotipo já que significa que um curso de Insígnia de Madeira está a decorrer. O corno de kudu começou-se a usar em 1920, quando foi utilizado nos cursos de formação. O corno original foi depositado em Gilwell, onde era tocado, cada vez que um curso começava, para reunir os participantes.

Todos os anos, no segundo fim de semana do mês de Setembro realiza-se a Reunião Anual de Gilwell que congrega dirigentes de todo o mundo portadores da Insígnia de Madeira.

GILWELL EM IMAGENS

Búfalo em bronze oferecido pelos Boy

Scouts of America, em 1926, em memória do

Escuteiro desconhecido que esteve na origem da criação do Escutismo na

América

Big Mac Relógio na praça principal

Totens

Entrada da

principal arena de Fogo de

Conselho Portão Jim Green

Constuído em 1931

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CÓDIGO DE GILWELL

1. AMIZADE: A formação de responsáveis é um trabalho de homem para homem, baseado na amizade que nasce do ideal e disciplina comuns – a Lei do Escuta.

2. HUMILDADE: Não se trata de saber quem está certo, mas o que está certo.

Estamos preparados para aprender uns com os outros. Damos e recebemos.

3. BOM HUMOR: A boa disposição é essencial na formação. O que é importante e sério é o trabalho que realizamos e não nós próprios.

4. ENTUSIASMO: Não dizemos ou fazemos coisas porque está escrito num livro, mas

porque, pessoalmente, acreditamos nelas. O entusiasmo é o reflexo das nossas convicções.

5. DIRECÇÃO: O Escutismo precisa de condutores e não de seguidores. O nosso

dever é o de criar nos nossos Chefes o sentido da confiança em si e não o de uma obediência cega. Portanto, é a formação de pessoas e não de multidões que, verdadeiramente, nos propomos.

6. EFICIÊNCIA: Os nossos ‘clientes’ são, normalmente, voluntários. Devem sentir que

estão a aproveitar bem o tempo. Precisamos de criar condições favoráveis a que os participantes recebam o máximo no mínimo tempo possível.

7. POSITIVISMO: Corrigimos faltas propondo um substituto para elas. É com bondade e perseverança que isso se consegue.

8. LEALDADE: Leais aos princípios e normas existentes na Associação.

9. FLEXIBILIDADE: Inflexíveis no que respeita aos fundamentos do Escutismo, mas

suficientemente flexíveis para aproveitar os recursos locais para os nossos programas.

10. TRADIÇÕES: Respeitáveis e úteis para nos servirmos delas, mas rejeitámo-las se

nos limitam. Têm um valor positivo enquanto são nossas servas e não nossas patroas. Façamos distinção entre tradição e hábitos sem sentido que resultam da nossa falta de energia e de imaginação.

11. DINAMISMO: O Escutismo é um movimento e não uma organização. É nosso

dever mantê-lo em actividade por meio de ideias novas, mas isso só é possível se estivermos alerta e dispostos a aprender.

12. DESAFIO: O nosso desafio são os jovens a quem damos o nosso tempo. É por sua

causa que hoje procuramos fazer melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje.

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HISTÓRIA E SIMBOLISMO DA INSÍGNIA DE MADEIRA

A Insígnia de Madeira surge no Movimento Escutista pelas mãos do próprio Baden-Powell, associada ao primeiro curso de formação de dirigentes realizado em Gilwell Park, em 1919, de acordo com o sistema de formação concebidos pelo próprio Fundador. Baden Powell colocou a questão de dar aos dirigentes que tinham participado naquele curso algo que testemunhasse que eles o tinham concluído com êxito, Baden-Powell afastou a possibilidade de lhes conceder alto tão «banal» como um simples diploma ou certificado. Acreditando profundamente no valor dos símbolos, decidiu reconhecer essa formação por meio de uma insígnia que tinha para ele um intenso significado: duas modestas contas de madeira pendentes de um atilho de couro passado à volta do pescoço – a «Insígnia de Madeira». Assim, originalmente a “Insígnia de Madeira” era constituída por um atilho de couro e por algumas contas de madeira passadas pelo fogo, retiradas do colar que o Rei Dinizulu ofereceu a Baden Powell, símbolo de realeza e do fogo original dos antepassados da tribo, passado de geração em geração como emblema do seu domínio e do conhecimento partilhado entre gerações. Quanto ao atilho de couro, «amuleto de felicidade», ele encerra em si mesmo esse ideal de felicidade que, para o Fundador, consistia em comprometermo-nos ao serviço do nosso semelhante e em deixar o mundo melhor do que o encontrámos. Posteriormente, passou a associar-se a esta "insígnia de madeira" um lenço escutista, de cor rosa-acinzentado e com um pequeno rectângulo de pano com o padrão do tartan dos Maclaren aposto no vértice. Este lenço era, originalmente, um "lenço de Grupo", o do Grupo n.º 1 – Gilwell Park mas a partir de 1924 o seu uso foi restrito aos portadores da Insígnia de Madeira. A anilha, em couro e com o nó "cabeça de turco" ou "de turbante", foi criada em 1920, como complemento óbvio do Lenço de Gilwell.

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LENÇO DE GILWELL Paralelamente com a Insígnia de Madeira, os dirigentes formados de acordo com os métodos preconizados por Baden-Powell adquiriam o direito a usar o Lenço de Gilwell. Este lenço é, na sua origem, um «lenço de grupo», o do Grupo nº 1 de Gilwell Park – unidade simbólica ligada à função de Gilwell Park como Centro de Formação de Dirigentes.

Baden Powell procurou um tecido que simbolizasse a humildade de quem serve os rapazes e, simultaneamente, a paixão de cumprir a sua tarefa. Reparou que o tecido das antigas camisas usadas pelos soldados do 13º Regimento de Hussardos cumpria esse objectivo. É por essa razão que os lenços originais eram de cor cinzenta (a cor da humildade) no exterior e de cor vermelha no interior. Neste lenço não se dá o nó da BA uma vez que os seus portadores se encontram em serviço permanentemente. No seu vértice, este lenço tem aposto um pequeno rectângulo do «tartan» dos MacLaren (padrão de tecido escocês, aos quadrados, específico a cada Clã da velha Escócia), em homenagem à família que ajudou a adquirir a propriedade de Gilwell Park para servir de campo de formação para os escuteiros britânicos. Hoje em dia, cada Escuteiro ao usar o Lenço de Gilwell recorda a gratidão ao Movimento e aos seus benfeitores. O Lenço de Gilwell significa pois a pertença simbólica ao Grupo de Gilwell, isto é, simboliza especificamente o compromisso de auto-formação contínua e permanente que deve ser o de todo o dirigente do Movimento Escutista. A prova de que Baden-Powell não se enganava quanto ao significado deste símbolo está bem patente no facto de a formação por ele preconizada ter acabado por ser conhecida, com o correr dos anos, pelo nome do símbolo externo que dele dava testemunho: em todo o mundo escutista veio a ser designada por «formação pela Insígnia de Madeira». Mas qual é, então, o significado profundo que se esconde por trás daquela modesta insígnia que a intuição genial do Fundador consagrou em todo o Escutismo Mundial, como símbolo da Formação de Dirigentes? Quais são as suas origens?

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CONTAS DE MADEIRA As duas contas da Insígnia de Madeira eram, na sua origem, contas retiradas do colar entregue a Baden-Powell pelo rei zulo Dinizulu, durante a permanência do primeiro na África Austral. Tratava-se de um colar de 4 metros de comprimento, composto por várias centenas de contas de madeira, todas idênticas, passadas pelo fogo. Estas contas estavam unidas por um longo atilho de couro sem curtir. Esta colar era uma distinção que conferia nobreza aos guerreiros que se destacavam. Foi utilizado em grandes ocasiões por Dinizulú de Usutu, rei dos Zulus, e oferecido a BP em 1888 durante as hostilidades que arrasaram a província de Natal e o país Zulu. De notar que Dinizulú era o filho mais velho do Chefe Zulú Chaka do qual existe toda uma grande lenda. O significado destas contas pode ser encontrado na sua utilização pelo império Songhay – que existiu na África Ocidental nos séculos XV e XVI da nossa era – entre as insígnias reais da dinastia dos Askias. Na sua origem, a conta de madeira passada pelo fogo representava o tição do primeiro fogo aceso pelos antepassados, pelos primeiros ocupantes do território, e que os membros da família reinante dos Askias transmitiam de geração em geração como emblema do seu domínio sobre o solo. As contas do colar de Dinizulu eram esculpidas numa madeira africana de cor amarela e de medula macia, que deixava um pequeno entalhe natural nas extremidades de cada conta quando estas eram talhadas em bisel. As contas de madeira evocam também o «fogo sagrado» transmitido sem desfalecimento de geração em geração – símbolo da fidelidade a um ideal, do compromisso com a sua manutenção e desenvolvimento, testemunho da perenidade da vocação educativa do Escutismo e da missão de educadores dos adultos que nele se comprometem. Sinal de ligação de um povo à sua terra, simbolizam enfim, a dimensão comunitária do Escutismo e a sua relação privilegiada com a natureza: por um lado, recordam que o Escutismo adquire todo o seu significado e todo o seu potencial educativo quando se enraíza numa realidade local, quando – em fidelidade aos seus ideais e princípios fundamentais – sabe tirar partido de todas as possibilidades presentes no ambiente natural, social e cultural que o envolve; por outro lado, recordam ainda e também a atenção que o Movimento deve prestar às questões do ambiente e do seu ordenamento. Baden-Powell não poderia certamente ter encontrado símbolo mais rico e mais profundo da missão de dirigente, de educador no Escutismo. Na sua singeleza, as contas de madeira constituem uma maravilhosa homenagem às civilizações africanas, reconhecendo até que ponto os seus costumes inspiram um método educativo dirigido aos jovens de todo o planeta – e, nesse sentido, são um símbolo do Homem universal, da interdependência, da amizade e da cooperação entre os povos, em suma, da Paz.

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ATILHO DE COURO

Baden Powell tomou duas contas do colar e atou-as com uma correia de pele, correia obtida durante o cerco de Mafeking. Numa ocasião em que as coisas não andavam tão bem, um velho africano perguntou a BP porque não estava com o seu ânimo habitual, tendo-lhe oferecido a correia de couro que trazia no pescoço, dizendo-lhe: “A minha mãe deu-ma para que a sorte me acompanhasse, agora esta correia trar-lhe-á sorte a si”.

O colar da Insígnia de Madeira com duas contas tornou-se um símbolo universal. Bill Hillcourt, tendo sido o primeiro a receber a Insígnia de Madeira na América e pioneiro da formação como uma distinção, recebeu cinco contas. O Chefe de Campo de Gilwell Park, devido ao significado do seu cargo, usa um colar com seis contas, colar esse que é devolvido uma vez deixado o cargo.

Ao esgotarem-se as contas de madeira do colar original, foram feitas réplicas em madeira de nogueira de Gilwell Park. Estas são usadas por milhares de homens e mulheres em todo o mundo que concluíram com êxito a sua formação.

Em 1965 os descendentes de Dinizulú pediram a devolução do colar original. No entanto, ao ser-lhes explicado como e com que finalidade foram utilizadas as contas de madeira, ficaram satisfeitos. A história tem agora um círculo completo já que o actual e único Chefe da nação Zulú, Cyprian Bhekuzulu Nyangazizwe, neto de Dinizulú, fez a sua promessa de Escuteiro em 4 de Setembro de 1965. O NÓ «CABEÇA DE TURCO» Nos primeiros dias do Escutismo, os lenços eram colocados ao pescoço de forma rápida, mas por volta de 1920 / 1921 as coisas mudaram. Nesses dias o acender da fogueira por fricção era uma novidade, e durante muitos anos conhecer esta técnica foi uma característica dos Escuteiros que tinham feito um curso da Insígnia de Madeira. A peça principal do equipamento para esta actividade consistia numa correia de couro. Quando não era usada pelos instrutores que acendiam os fogos, para não a perderem, atavam as suas correias sob a forma de um nó «Cabeça de Turco» de duas voltas deslizavam-no no lenço. Francis Gidney, o primeiro Chefe de Campo de Gilwell Park, baptizou esta nova peça do uniforme com um sobrenome em inglês «woggle».

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LOGOTIPO DO MACHADO E DO TRONCO O logotipo do machado incrustado no tronco de árvore começou a ser utilizado na década de 1920, quando nos primeiros cursos implementados em Gilwell era primordial a formação em técnicas de campismo. Nessa época não se utilizavam machados de mão, mas somente machados com cabo longo, conhecidos no México como de lenhador. Tinha uma grande ênfase deixar estes machados cravados num tronco como medida de segurança. Rapidamente se tornou característico ver por todo o lado em Gilwell Park machados cravados em troncos devido à quantidade de cursos que aí se realizavam. Foi Sir Francis Gidney quem teve a ideia de adoptar este logotipo já que significa que um curso de Insígnia de Madeira está a decorrer. CORNO DE KUDU Durante as campanhas em África, Baden Powell notou que os guerreiros Matabeles para se reunirem, faziam soar um corno de um antílope chamado kudu. Este corno possuía uma grande sonoridade e fazia-se ouvir a grandes distâncias. Anos mais tarde, no histórico primeiro acampamento de Brownsea, Baden Powell utilizou um corno de kudu para reunir os primeiros Escuteiros. O corno de kudu não se voltou a usar até ao ano de 1920, quando foi utilizado nos cursos de formação. O corno original foi depositado em Gilwell, onde era tocado, cada vez que um curso começava, para reunir os participantes. Este corno que, tal como uma trombeta de arauto, anunciou o nascimento do Escutismo, reunia agora Escuteiros de todo o mundo para “fazerem tudo quando deles depende para deixarem o mundo um pouco melhor do que o encontraram”.

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SIGNIFICADO E VALORES ASSOCIADOS À INSÍGNIA DE MADEIRA A partir do significado simbólico que lhe é atribuído, é possível enunciar um conjunto coerente de valores associados à Insígnia de Madeira, que devem estar presentes no dirigente que é seu portador. Um primeiro grupo de valores é o da idoneidade pedagógica: o seu portador deve ser um dirigente formado e qualificado para exercer a missão de educador, com uma competência reconhecida através da prática de um escutismo de qualidade. Um segundo grupo de valores tem a ver com a idoneidade moral: sendo o Escutismo um método de educação baseado na prática dos princípios morais expressos na Lei e na Promessa, o educador que é chamado a aplicar tal método não pode ele mesmo deixar de ser um exemplo de vivências desses princípios. Essa é, por conseguinte, uma condição a exigir aos portadores da Insígnia de Madeira. Um terceiro grupo de valores, decorrente do anterior, tem a ver com a firmeza do compromisso do portador da Insígnia de Madeira. Esse compromisso é, simultaneamente:

um compromisso de aplicação das suas competências ao serviço dos jovens; um compromisso de viver os valores contidos na Lei e na Promessa; um compromisso de auto-formação contínua e permanente, no sentido de

desenvolver cada vez mais aquelas competências e de dar cada vez mais testemunho daqueles valores;

um compromisso de disponibilidade pessoal e de abertura, sem o qual os anteriores não são possíveis.

Por tudo isto, finalmente a Insígnia de Madeira deve ser vista como uma responsabilidade e um desafio, e nunca como uma distinção ou prémio.

Fotografia do 1º Curso de Insígnia de Madeira, em Gilwell Park, 8-19 Setembro 1919

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Normas para a Formação de Dirigentes

Artigo 70.º Insígnia de Madeira

1. Nos termos da Política Mundial de Gestão de Recursos Adultos, a Insígnia de Madeira permanece um símbolo privilegiado de unidade do domínio da Formação, e um sinal exterior da qualificação para determinados cargos, após obtenção da formação a eles adequada. 2. A composição da Insígnia de Madeira é a padronizada em toda a Organização Mundial do Movimento Escutista, e descrita no Regulamento dos Uniformes, Distintivos e Bandeiras do CNE. 3. As condições em que a Insígnia de Madeira pode ser concedida e usada, os cargos para os quais constitui sinal exterior de qualificação nos seus diferentes graus, as normas que regulam o seu uso enquanto peça de uniforme, e bem assim todas e quaisquer outras condições afins e relevantes, constam do Código da Insígnia de Madeira anexo a estas Normas.

Artigo 71.º Insígnia de Madeira - Propriedade e Concessão

1. A concessão da Insígnia de Madeira é da responsabilidade exclusiva da Junta Central, por sua iniciativa ou sob proposta fundamentada de uma Junta Regional, e deve ser acompanhada da emissão de Diploma apropriado, de modelo oficial. 2. A eventual recusa de concessão da Insígnia de Madeira deve ser devidamente fundamentada. 3. A cessação das condições que justificaram a concessão da Insígnia de Madeira implica a inibição do seu uso. 4. As Juntas Regionais e de Núcleo são responsáveis nas respectivas Regiões e Núcleos, pelo cumprimento das normas que regem a concessão e uso da Insígnia de Madeira, constantes das presentes Normas de Formação e do Código da Insígnia de Madeira.

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Anexo Q – Código da Insígnia de Madeira HISTÓRIA A Insígnia de Madeira surge no Movimento Escutista pelas mãos do próprio Baden-Powell, associada ao primeiro curso de formação de Dirigentes, realizado em Gilwell Park em 1919. Originalmente, era constituída por um atilho de couro (amuleto de felicidade) e por algumas contas de madeira passadas pelo fogo, retiradas do colar de Dinizulu, oferecido pelo próprio a B.-P.,símbolo de realeza e do fogo original dos antepassados da tribo, passado de geração em geração como emblema do seu domínio e do conhecimento partilhado entre gerações. Posteriormente, passou a associar-se a esta "insígnia de madeira" um lenço escutista, de cor rosa-acinzentado e com um pequeno rectângulo de pano com o padrão do tartan dos Maclaren aposto no vértice. Este lenço era, originalmente, um "lenço de Grupo", o do Grupo n.º 1 – Gilwell Park mas a partir de 1924 o seu uso foi restrito aos portadores da Insígnia de Madeira. A anilha, em couro e com o nó "cabeça de turco" ou "de turbante", foi criada em 1920, como complemento óbvio do Lenço de Gilwell. No entanto, desde o início (e de forma oficial de 1943 a 1989) foi dada como símbolo a quem completasse a Formação Básica em Gilwell (equivalente ao nosso CIP) e ainda hoje pode ser usada com o lenço de Dirigente. SIMBOLISMO Actualmente, as duas peças da Insígnia – colar e lenço de Gilwell – mantêm um simbolismo rico e muito próximo do original. O colar simboliza a partilha do dever e de conhecimentos entre as sucessivas gerações de Dirigentes, a transmissão do "fogo original" herdado de Baden-Powell. Na sua singeleza, é símbolo do desprezo pelas riquezas materiais e exemplo da forma como em pequenos nadas podemos encerrar as verdadeiras riquezas da humanidade. É ainda símbolo da nossa casa, a Natureza. O nosso orgulho não são medalhas nem diplomas, mas sim um bocado de madeira. O lenço simboliza a nossa pertença simbólica a Gilwell, lembra-nos o nosso compromisso de fraternidade mundial e torna-nos a todos igualmente dirigentes de um mesmo ideal. Somos todos do mesmo Grupo. COLARES DE GILWELL Em todo o mundo, salvo raras excepções, só existem colares de duas, três ou quatro contas. Em todo o mundo simbolizam que o seu portador fez formação específica como dirigente escutista. No entanto, o tipo de formação a que cada um corresponde e as condições para o seu uso são diferentes de país para país, em casos extremos divergem mesmo de associação para associação dentro do mesmo país.

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No C.N.E., o significado dos colares será o seguinte:

Colar de duas contas – a ser usado por todos os Dirigentes qualificados em formação específica dirigida àqueles que têm por missão a chefia das unidades em que se integram os jovens ou dirigida àqueles que têm por missão a dinamização e a coordenação dos Dirigentes e a animação local de um Agrupamento escutista.

Colar de três contas – a ser usado por todos os Dirigentes qualificados em formação específica que os habilitem como Formadores de adultos.

Colar de quatro contas – a ser usado por todos os Dirigentes qualificados em formação específica para o planeamento, construção, gestão e avaliação da Formação.

ATRIBUIÇÃO DO COLAR A atribuição de um Colar de Gilwell e do direito a usar o Lenço de Gilwell deve sempre ser feita em ocasião solene, testemunhada pelos demais Dirigentes da área onde exercerá as suas funções. Aconselha-se a sua entrega em Conselho de Núcleo, Regional ou Nacional. Têm o direito a usar a Insígnia de Madeira com o Colar de duas contas os Dirigentes que sejam qualificados com o C.A.P. ou o C.A.L. e exerçam, respectivamente, funções na Equipa de Animação da Unidade para a qual fez formação ou na Direcção do Agrupamento. Têm o direito a usar a Insígnia de Madeira com o Colar de três contas os Dirigentes que sejam qualificados com o C.A.F. ou obtenham a equivalência ao mesmo e exerçam a função de Formador integrados numa equipa ou Departamento de Formação. Têm o direito a usar a Insígnia de Madeira com o Colar de quatro contas os Dirigentes que sejam qualificados com o C.D.F. e exerçam a função de Formador integrados numa equipa ou Departamento de Formação ou num órgão executivo. A propriedade da Insígnia de Madeira é da pessoa a quem é concedida. Todavia, o direito ao seu uso cessa quando cessam as condições que determinaram a sua atribuição. Quem tiver o direito a usar mais de um Colar usará apenas o de mais contas.

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USO DA INSÍGNIA DE MADEIRA O uso do Colar e da anilha são apropriados em todas as circunstâncias em que o seu portador se apresente em uniforme regulamentar. O Lenço de Gilwell deve ser usado exclusivamente: a) em acções de Formação de Dirigentes, sejam cursos, encontros, jornadas, reuniões ou outros; b) em actividades da Formação ou ligadas à Formação em sentido amplo: encontros informais de Formadores, Feiras de Formação, acções de representação ou divulgação da Formação, encontros de formandos, etc. Em caso algum se deve usar qualquer peça da Insígnia de Madeira com o uniforme protocolar previsto no Art.º 7º do Regulamento dos Uniformes, Distintivos e Bandeiras. AQUISIÇÃO DA INSÍGNIA DE MADEIRA As peças constituintes da Insígnia de Madeira são conforme o previsto no Art.º 13º e no Anexo 2 do Regulamento dos Uniformes, Distintivos e Bandeiras. A sua produção será garantida pelo D.M.F., que as cederá apenas mediante apresentação de autorização escrita emitida pelo Departamento Nacional de Formação. Junto com cada Colar será entregue uma pequena brochura com a história da Insígnia de Madeira, seu simbolismo, seu uso correcto, este Código e outras informações que se julguem de interesse para o seu portador.