Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

23
1 AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO AULA 01 ECONOMIA E COMPORTAMENTO GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

description

Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

Transcript of Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

Page 1: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

1AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

AULA 01ECONOMIA E COMPORTAMENTO

GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Page 2: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

2 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

ECONOMIA E COMPORTAMENTO

CUSTOS E BENEFÍCIOS DAS DECISÕES

A ideia de que qualquer pessoa deveria avaliar os custos e benefícios de se desligar um televisor pode parecer estranha e até absurda. Os economistas têm recebido pesadas críticas por fazerem hipóteses irreais sobre o comportamento das pessoas. Alguns observadores se perguntam qual é o interesse de considerar a postura de uma pessoa tentando decidir quanto ela estaria disposta a gastar para evitar de se levantar da cadeira para desligar o equipamento.

Existem algumas respostas a essa crítica.

Uma delas é que os economistas não admitem que as pessoas façam cálculos explícitos dessa natureza. Em vez disso, eles dizem fazer previsões muito úteis, se partirmos do princípio de que as pessoas agem como se tivessem feito aqueles cálculos.

Se observarmos os jogadores de bilhar, veremos que eles fazem suas jogadas seguindo rigorosamente leis da física, como a da “colisão estática” e a do “momento angular”. No entanto, eles conhecem perfeitamente essas leis? Não seria um comportamento de aprimoramento de suas qualidades, adotado para o triunfo no jogo? Por outro lado, eles jamais triunfariam se não jogassem de acordo com as leis da física.

Tal como esses jogadores, nós desenvolvemos qualidades para podermos enfrentar o nosso meio ambiente. Muitos economistas acreditam que é possível compreender melhor o nosso comportamento admitindo que agimos como que regidos pelas leis da tomada racional de decisões. Consideram ainda que acabamos por absorver regras pela experimentação prática, tal como os jogadores de bilhar apreendem as leis da física.

As previsões ofertadas pelos modelos econômicos revelam-se frequentemente incorretas de tal maneira que o nosso comportamento se revela muito mais parecido com o de um principiante do que com o de um jogador profissional de bilhar, ignorando as jogadas de efeito e que, muitas vezes, não tem a menor ideia de como colocar a bola em posição adequada para obter o melhor desempenho na tacada.

Page 3: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

3AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

AVALIAÇÃO DE CUSTOS E BENEFÍCIOS

Mesmo quando os modelos econômicos falham em matéria de descrição, oferecem indicações úteis para melhores tomadas de decisão, ou seja, mesmo que nem sempre prevejam exatamente a forma como nos comportamos, podem oferecer conselhos úteis sobre a forma de atingir os nossos objetivos com mais eficiência.

A tomada de decisões revela-se então cheia de armadilhas. Alguns economistas se embaraçam diante de um comentário do tipo “deveremos tomar uma decisão de agir se, e somente se, os benefícios excederem os custos”.

De qualquer forma, avaliar custos e benefícios é um trabalho espinhoso e acaba por envolver tanto arte como ciência, na medida em que alguns custos estão deliberadamente ocultos e outros, aparentemente relevantes, no final, não o são de fato.

A economia nos ensina como identificar os custos e os benefícios que realmente interessam. Os princípios utilizados são simples e do senso comum, embora existam custos e benefícios que muitos ignoram no seu dia-a-dia.

O que devo fazer: Trabalhar ou Estudar?

Os custos inerentes à opção pela universidade não são apenas os custos de educação, taxas, alojamento, alimentação, livros, equipamentos e outros. Incluem também o custo de oportunidade dos ganhos, postos de lado enquanto se estuda; afinal, a quantia que se ganha aumenta com a experiência que se tem. Quanto maior for a experiência, mais importantes os ganhos aos quais se deverá renunciar para frequentar a universidade. Este custo de oportunidade é bem mais baixo quando o trabalho começa logo após o término do segundo grau.

No que se refere aos benefícios, um dos ganhos de uma formação universitária reside no fato de se garantir, supostamente, melhores salários. Quanto mais cedo uma pessoa começar a frequentar a universidade, mais tempo poderá tirar desse benefício.

Para aqueles que não possuem restrições financeiras, existe outro beneficio, que é o prazer de ir para a universidade ao invés de trabalhar. Em geral, o trabalho das pessoas tende a ser mais ou menos desagradável à medida que aumenta o seu grau de formação acadêmica e a sua experiência. Assim, ir primeiro à universidade pode evitar o trabalho menos agradável. Por outro lado, para as pessoas menos preparadas no ensino médio, é sensato ir primeiro ao trabalho e depois à universidade.

Page 4: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

4 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

É neste ponto que podemos começar a perceber o problema dos países como o nosso, onde o padrão é trabalhar e estudar simultaneamente. O ensino médio prepara mal os alunos e as universidades têm que absorvê-los nivelando seu ensino “por baixo”. Afinal, para pagar a anuidade (ou a mensalidade) elas precisam trabalhar fazendo coisas menos agradáveis.

OFERTA E PROCURA

As instituições de ensino privadas possuem um mercado bem definido e ainda promissor, pois as pessoas precisam estudar para conseguirem seu lugar em determinados processos sociais.

DEFINIÇÕES

Podemos definir um mercado como algo composto por compradores e vendedores de bens e serviços.

Ao longo dos anos, percebe-se que mesmo diferenças sutis podem ser de grande importância para os consumidores. Assim, em termos de análise, a tendência tem evoluído no sentido de definições cada vez mais precisas sobre bens, serviços e mercados.

É frequente que dois bens ou dois tipos de serviços idênticos sejam classificados como diferentes apenas por divergirem quanto ao tempo e o local em que estejam disponíveis. Nesta situação, o guarda-chuva ofertado num dia de sol tem característica de demanda diferente do guarda-chuva oferecido num dia chuvoso.

Da mesma forma, podemos observar as instituições de ensino, especialmente, as de nível superior. Aquelas situadas no centro ou bem próximas do centro da cidade costumam atrair alunos que frequentam as aulas após o horário comercial e que não têm condução própria. Já aquelas situadas em locais mais afastados atrairão alunos que preferem ou têm mais condições de frequentar cursos de período integral e que possuem condução própria.

A seguir, podemos observar o gráfico com a curva da procura. Note que, na medida em que o preço aumenta, a quantidade ofertada vai se ampliando na busca da maximização do lucro.

Page 5: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

5AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

Observando a curva da procura (a seguir), notaremos o comportamento inverso, isto é, quanto maior o preço, menos o consumidor estará disposto a consumir.

Qual será, então, o preço de equilíbrio? No ponto em que haja a plena satisfação da oferta a um determinado preço. Entretanto, qualquer ponto além desse ponto de equilíbrio levará ao excesso de oferta ou excesso de procura.

Page 6: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

6 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

FATORES DETERMINANTES

Os fatores determinantes da procura por produtos e serviços são a renda, o gosto e as preferências, os preços dos substitutos complementares e as expectativas das pessoas sobre a renda e os preços futuros.

Já a oferta tem como fatores determinantes a tecnologia, que afeta os custos e consequentemente os preços, o custo dos fatores de produção, tais como mão-de-obra e capital (taxa de juros), a concorrência, que normalmente afeta o preço, as expectativas com relação ao comportamento dos preços, em função das expectativas de renda e, ainda, para alguns setores, os aspectos naturais, como o clima.

Page 7: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

7AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

A oferta de vagas nas instituições de ensino superior privadas no Brasil cresceu, de forma acentuada, a partir de 1998, dadas a políticas adotadas pelo Governo Federal, e tiveram seu ápice de oferta no período entre 2001 e 2002. A partir de então, a abertura de vagas vem crescendo a taxas decrescentes, indicando certa saturação do mercado. Isso é facilmente constatado nos processos seletivos de acesso: os exames vestibulares.

Excetuando-se as universidades públicas que, principalmente, devido à sua gratuidade, apresentam concursos de acesso disputadíssimos, com relação “candidato x vaga” bastante alta, as instituições privadas de todos os portes, principalmente aquelas formadas após 1998, vêm apresentando, frequentemente, uma relação “candidato x vaga” negativa, isto é, mais vagas do que candidatos. Isso ficou muito evidente nos últimos exames vestibulares.

Para atrair o candidato, as pequenas instituições, bem como as menos tradicionais, têm praticado a correção das anuidades, em muitos casos, abaixo dos índices oficiais de inflação. A contrapartida disso tem sido um fluxo melhor de candidatos ao concurso de acesso e um achatamento nos salários dos professores, com nítidos reflexos na qualidade do ensino.

Para a gestão da instituição de ensino, que é um empreendimento que se deseja lucrativo, a situação torna-se às vezes desastrosa, já que muitos desses ingressos não têm condições de acompanhar o curso e acabam por desistir, gerando enorme capacidade ociosa. Essa capacidade possui custo alto de manutenção, sem falarmos naqueles que vão “se arrastando” pelo curso e que, paralelamente, deixam de pagar suas mensalidades, beneficiando-se de leis que, frequentemente, premiam a inadimplência.

CONCORRÊNCIA

A concorrência é preponderante para uma economia de mercado saudável. Existem quatro condições básicas para que consideremos um ramo de atividade em concorrência perfeita. Avaliemos as condições para a existência dela.

Page 8: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

8 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

PRODUTO/SERVIÇO PADRONIZADO

Num mercado de concorrência perfeita, o produto/serviço vendido por uma empresa é tido como substituto perfeito do produto/serviço vendido por outra empresa qualquer.

Interpretada literalmente, essa condição raramente é satisfeita, se é que alguma vez chega a ser.

Os conhecedores de bons vinhos insistem em sua capacidade de distinguir a diferença de vinhos feitos da mesma variedade de uvas cultivadas em regiões bastante próximas. Da mesma forma, é difícil distinguir as diferenças entre os serviços prestados entre escolas de ensino fundamental de uma mesma região/estado, uma vez que seguem padrões pré-estabelecidos pelas autoridades da educação e a maioria dos usuários não se importa muito com isso.

PREÇO DE MERCADO

As empresas, individualmente, aceitam o preço de marcado como um dado, uma informação. Isso quer dizer que a empresa deve acreditar que o preço de mercado não será afetado pela quantidade de produto/serviço que se oferecer.

Esta condição será, provavelmente, mais satisfeita quando o mercado é servido por um grande número de empresas, cada uma delas produzindo uma fração da produção total do setor. No entanto, para se ter um comportamento de aceitação de preço, nem sempre é necessário que haja um grande número de empresas. Isso ocorrerá quando houver a expectativa pela entrada de outras empresas concorrentes no mercado.

Page 9: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

9AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

MOBILIDADE PERFEITA DOS FATORES PRODUTIVOS

Essa condição ocorre quando as empresas de um determinado setor percebem que o negócio está sendo pouco ou muito lucrativo. No primeiro caso, ela irá se desfazer desses fatores que, por sua vez, se deslocarão para outros setores com melhores perspectivas. No segundo, haverá a contratação dos fatores para que haja o máximo aproveitamento do momento e da rentabilidade.

O trabalho em particular é um fator que contraria essa condição, pois as pessoas compram casas, colocam seus filhos na escola e estabelecem uma série de compromissos, inclusive de amizade, que lhes dificultam a mobilidade.

Apesar disso, a mobilidade perfeita é, frequentemente, satisfeita, especialmente por parte das próprias empresas que buscam maximizar seus resultados.

O parque industrial paulista vem sofrendo, nos últimos dez anos, uma verdadeira sangria de empreendimentos e projetos que se deslocam, por conta da guerra fiscal entre Estado e Município, para áreas em que a renúncia de impostos por parte daquelas autoridades, muitas vezes, chegará a ter alíquota zero por várias décadas. O custo-benefício do deslocamento, nesses casos, é compensado no investimento em novas plantas fabris e treinamento de mão de obra.

INFORMAÇÃO PERFEITA

Se uma empresa não tem motivo para mudar de ramo, sem saber que outro é mais rentável, o consumidor não tem razão para mudar de um produto/serviço de preço mais elevado para outro de menor valor, de qualidade idêntica, se não possuir informação da existência do mais barato.

Sob uma ótica prática, a hipótese da informação perfeita é, normalmente, interpretada como sinônimo de que as pessoas podem adquirir facilmente a maioria da informação que é mais relevante diante das alternativas. Se as alternativas são muitas, mais informado será o consumidor e, portanto, poderá usufruir da informação perfeita.

Page 10: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

10 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

No caso das escolas, como maternal e jardim de infância, existe uma infinidade de alternativas nas diversas regiões das cidades, especialmente, as de classe média e média alta. A existência de muitas delas leva o consumidor do serviço a ter a melhor e mais adequada informação sobre o custo dos serviços prestados por elas.

Page 11: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

11AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA, ECONOMIA E CONTABILIDADE

EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

A Administração Financeira emergiu no início dos anos 1990 e tinha sua maior ênfase nos aspectos legais das fusões, na formação de novas empresas e na forma variada de emissão de títulos para se financiarem (ações, debêntures, etc.).

Na década de 30, a administração financeira tinha ênfase na falência e reorganização, liquidez empresarial e mercado de títulos. Claro que essa postura foi consequência da depressão que varreu o mundo no período.

Após o final da segunda guerra e durante os anos 50, as finanças constituíam-se basicamente de conteúdos descritivos lecionados nas universidades e sempre analisadas por alguém de fora da empresa.

A partir dos anos 60, a administração toma o rumo da análise e das decisões pertinentes à escolha de ativos e passivos com o objetivo de maximizar o valor da empresa.

A partir dos anos 70 e durante a década de 80, focou-se o efeito da inflação sobre esses ativos e passivos, a desregulamentação das instituições financeiras que passaram a dar assessoria financeira, a ampla adoção de sistemas informatizados (o que permitiu agilidade e confiabilidade nas informações) e a globalização das operações das empresas.

Por outro lado, o processo de globalização tirou a exclusividade do executivo financeiro enquanto uma figura eminentemente industrial; ele se tornou figura obrigatória em qualquer organização.

Surgiram as grandes corporações comerciais e as de serviços e a tecnologia da informação trouxe um novo sentido à visão da empresa virtual, mas que, em nenhum dos casos, pode prescindir de um executivo de finanças para cuidar da manutenção da saúde financeira do empreendimento. O executivo de finanças tem, hoje, responsabilidade direta pelo processo de controle, seja de uma montadora de automóveis, seja de uma rede de supermercados, seja de uma instituição de ensino.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ECONOMIA

A importância da Economia para o desenvolvimento do ambiente financeiro e da teoria financeira poder ser mais bem descrita em função da Macroeconomia e da Microeconomia.

Page 12: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

12 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

A Macroeconomia estuda a estrutura institucional do sistema bancário, intermediários financeiros e políticas econômicas que controlam o padrão de atividade econômica. A teoria e a política macroeconômica são transnacionais, isto é, visam a estabelecer conexões através das quais os recursos fluam livremente entre instituições e nações.

Uma vez que a empresa tem que operar nesse ambiente macroeconômico, o administrador financeiro deve conhecer profundamente a estrutura institucional da empresa em que atua. Precisa estar alerta quanto às variações do padrão de atividade econômica e como elas estão afetando o processo de decisões na empresa. Sem compreender o funcionamento do ambiente econômico, o administrador financeiro não pode esperar sucesso na gestão financeira da empresa.

A Microeconomia, por sua vez, fornece a base para a operação eficiente da empresa. Os conceitos envolvidos de oferta e demanda e as estratégias da maximização do lucro são extraídos da teoria microeconômica.

Questões relativas aos fatores produtivos (recursos naturais, mão de obra, etc.), níveis ótimos de vendas e estratégias na definição do preço do produto ou serviço são todas afetadas pelas relações microeconômicas.

A análise marginal da teoria microeconômica é o princípio básico da Administração Financeira. Ele sugere que só se deve tomar uma decisão quando se constatar que as receitas marginais excederam os custos marginais.

Em resumo, o conhecimento da economia é indispensável para se conhecer o ambiente financeiro.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E CONTABILIDADE

Muitos consideram a administração financeira e a contabilidade, dentro de uma empresa, como sendo virtualmente a mesma coisa. Embora haja uma relação íntima entre ambas, a ciência contábil é mais bem avaliada como sendo um insumo necessário à função financeira. É a partir dos dados fornecidos pela Contabilidade que se tirará conclusões, as quais, por sua vez, serão parte das decisões. Assim, existem duas diferenças básicas entre a Contabilidade e a Administração Financeira: o tratamento dos fundos e a tomada de decisão.

TRATAMENTO DE FUNDOS

O Contador, a partir de princípios padronizados, registra todos os atos e fatos contábeis por meio da contabilização, pelo princípio das partidas dobradas, e apura os impostos a serem pagos. Tudo fica retratado nas demonstrações financeiras (balanço patrimonial, demonstração de resultados dos exercícios, etc.) que são divulgadas ao final

Page 13: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

13AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

de cada período contábil, normalmente um ano.

O Administrador Financeiro está preocupado em manter a solvência da empresa, garantindo fluxos positivos de fundos no caixa para pagar as contas e dívidas, bem como adquirir e financiar ativos fixos e circulantes, necessários para atender às metas estabelecidas pela empresa.

Enquanto o Contador registra contabilmente as receitas e despesas quando elas ocorrem, o Administrador Financeiro só as reconhece quando ocorre a entrada ou a saída de dinheiro do caixa.

A Cia. Comercial Jota, durante o período contábil (um ano), realizou vendas no montante de R$ 100.000. O custo dessa mercadoria comercializada para a empresa foi de R$ 80.000.

Apesar de já ter pagado o fornecedor, a empresa recebeu 50% do valor à vista (R$ 40.000) e tem a receber de clientes a outra metade no início do próximo ano.

A perspectiva contábil, baseada no Princípio da Competência, e a perspectiva financeira, baseada no Fluxo de Caixa, são representadas a seguir:

Receita de Vendas R$ 100.000 Entradas de Caixa R$ 50.000(-) Despesas R$ 80.000 (-) Saídas de Caixa R$ 80.000(=) Lucro Líquido R$ 20.000 (=) Fluxo Líquido (R$ 30.000)

Comparando as duas demonstrações, notamos que, sob o ponto de vista contábil, a empresa é bastante lucrativa. Já sob a ótica financeira, é altamente deficitária. Sem entradas adequadas de caixa para saldar suas obrigações, a empresa não sobreviverá a despeito do seu bom padrão de lucros.

Demonstração de Resultados em 31/12 Demonstração do Fluxo de Caixa em 31/12Perspectiva Contábil Perspectiva Financeira

Page 14: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

14 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

TOMADA DE DECISÃO

As atribuições do executivo financeiro diferem das do contador, pois este se dedica basicamente à coleta e apresentação de dados financeiros. O executivo financeiro, por sua vez, avalia as demonstrações contábeis do contador, desenvolve dados adicionais e toma decisões com base em análises subsequentes.

RESPONSABILIDADES DO EXECUTIVO DE FINANÇAS

A tarefa básica de um executivo financeiro é adquirir e usar fundos de forma a maximizar o valor do empreendimento. Suas atividades específicas são:

Previsão e Planejamento: O gerente financeiro deve interagir com os demais executivos ao avaliar o futuro e elaborar planos que moldarão a futura posição do negócio.

Decisões sobre Investimento e Financiamento: Um empreendimento que passa por uma acelerada expansão de faturamento, requer investimentos em instalações, equipamentos e estoques. Existe um erro fatal ao se querer ampliar o faturamento sem a consequente ampliação da infraestrutura física e financeira do empreendimento. Daí a necessidade de o executivo de finanças planejar a taxa ótima de crescimento e a melhor maneira de financiar os ativos necessários (recursos próprios e/ou de terceiros).

Coordenação e Controle: O grupo de executivos, juntamente com o financeiro, deve garantir que o empreendimento seja operado da forma mais eficiente possível. Toda e qualquer decisão tem implicações financeiras e todos os executivos devem estar cientes disso e de suas responsabilidades.

Interação com o Mercado Financeiro: Lidar com o mercado financeiro e de capital é imprescindível, já que é a partir dele que podem surgir oportunidades ou dificuldades para o sucesso do empreendimento.

OBJETIVO DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

O grande objetivo do Administrador Financeiro é maximizar a riqueza dos empreendedores. Nas instituições de ensino privadas no Brasil, a entidade chamada Mantenedora aplica recursos dos seus membros e espera que a instituição mantida alavanque através da atividade de ensino, resultados que perenizem a mantenedora e o empreendimento (escola). Caso contrário, o processo todo tende a se extinguir.

O proprietário de um empreendimento, seja pessoa física ou jurídica, espera receber seu retorno sob a forma de resultados financeiros que permitirão a manutenção do interesse pela continuidade do negócio no longo prazo, como também a valorização e a rentabilidade (retorno) para os proprietários. Com referência a este último aspecto,

Page 15: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

15AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

vejamos o seguinte:

Há quatro anos, o Instituto Polar de Educação para o Trabalho assumiu o comando de duas instituições de ensino, Alfa e Beta, ambas do mesmo porte e situadas na mesma região da cidade. O investimento foi de R$ 300.000, metade para cada uma. O retorno repassado para a mantenedora a título de rentabilidade por cada real investido foi de R$ 1, para cada uma das instituições, por ano.

A Alfa obteve um resultado anual de R$ 2 por real investido e a Beta de R$ 3 anuais. A diferença menor para Alfa se deve aos gastos com melhoria das instalações de sala de aula com cadeiras mais confortáveis, ar condicionado e equipamentos multimídia individuais por sala e ampliação da biblioteca.

Numa avaliação de perspectiva de inscrições para o próximo ano letivo, a instituição Alfa revela uma receita de cerca de 40% maior que Beta, mostrando que os investimentos feitos na infraestrutura de ensino (salas e biblioteca) resultaram num aumento das receitas com anuidades e consequentemente do lucro.

O que se pode depreender desse exemplo é que a maximização do lucro é uma perspectiva de curto prazo, ao passo que a maximização da riqueza é um aspecto de longo prazo. O investimento nas salas de aula e biblioteca, em curto prazo, reduziu a lucratividade. No entanto, em longo prazo, motivou a procura dos alunos por ambiente mais confortável, trazendo como consequência resultados que valorizaram a instituição e, portanto, ampliaram a riqueza da mantenedora.

Page 16: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

16 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Page 17: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

17AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

RISCO, RETORNO E TAXA DE JUROS

A maximização do lucro não considera os riscos do negócio, porém a maximização da riqueza considera explicitamente diferenças de risco. Uma premissa básica na administração financeira é que existe uma relação entre risco e retorno: os proprietários esperam ter maiores retornos de investimento de maior risco e vice-versa. Os administradores financeiros precisam, portanto, considerar o risco ao avaliarem investimentos potenciais.

RISCO E RETORNO

Podemos definir risco como possibilidade de perda. Os ativos de maior possibilidade de perda são considerados os mais arriscados. Formalmente, os termos “risco” e “incerteza” são utilizados de maneira indiferente com referência à variação dos retornos esperados sobre um determinado ativo.

TIPOS DE RISCO

O risco dos ativos consiste de dois componentes:

• Risco não-sistemático: Resulta da ocorrência de efeito aleatórios (randômicos o não controláveis), tais como greves, processos, ações regulatórias, impedimentos, acidentes naturais, etc. Esses eventos são específicos de cada instituição.

• Risco sistemático: É atribuído às forças que afetam todas as empresas, como inflação, conjuntura internacional, eventos políticos, etc.

Um título emitido por um banco garante ao seu titular R$ 1.000 ao mês de juros após 30 dias e não possui risco porque seu retorno está pré-determinado. Já um investimento em ações, que poderá oferecer retornos no mesmo período de R$ 0 a R$ 2.000, tem um risco elevado devido à grande variação entre o mínimo e o máximo oferecido.

Page 18: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

18 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

A diferença entre risco e incerteza relaciona-se ao conhecimento das probabilidades ou chances de ocorrerem certos resultados. O risco existe quando quem toma as decisões pode estimar estatisticamente probabilidades relativas a vários resultados. Já a incerteza ocorre quando quem toma as decisões não tem dado histórico e precisa fazer estimativas aceitáveis, a fim de formular uma posição conservadora.

ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

Uma simples visão comportamental do risco é obtida usando-se a análise de sensibilidade, a qual consiste em considerar inúmeros resultados possíveis ao se analisar um projeto. O procedimento básico é avaliar o investimento (ativo), usando-se inúmeras estimativas de possíveis retornos, a fim de se ter uma percepção da variabilidade dos resultados. Uma abordagem comum é estimar retornos mais pessimistas, mais prováveis e mais otimistas, nessa ordem, relacionados a um investimento em ativos.

Neste caso, o risco será refletido pela “faixa”, que é a medida básica do risco. Essa faixa é obtida subtraindo-se o resultado pessimista do otimista. Quanto maior for a faixa, maior a variabilidade do risco.

O Instituto Santa Bárbara, mantenedor de uma grande Instituição de Ensino Superior, quer avaliar o melhor investimento em dois ativos, mutuamente excludentes (um ou outro). O instituto tem por política fazer investimentos que lhe permitam um retorno mínimo de 12% para investimento do tipo que se analisa. O quadro de estimativas dentro do processo de análise de sensibilidade é o seguinte:

Page 19: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

19AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

Ativo A Ativo BInvestimento inicial R$ 10.000 R$ 10.000Taxa de Retorno AnualPessimista 13% 7%Mais Provável 15% 15%Otimista 17% 23%Faixa 4% 16%

O ativo A oferece menos risco do que o B ao comparar-se a faixa de retorno anual (A - 4% e B -16%), mas, dependendo da atitude de quem toma as decisões, poderá haver a opção por qualquer um deles. Se for conservador, optará pelo ativo A, eliminando a possibilidade perda (obteria 4% quando o mínimo exigido é 12%); se, no entanto, for agressivo na decisão, preferirá correr risco e escolher o ativo B, já que tem a possibilidade de um retorno máximo de 23%.

O risco não pode ser considerado apenas em relação ao período de tempo presente, mas como função crescente do tempo.

Mesmo quando os valores esperados não são iguais a cada ano, as distribuições probabilísticas de retornos prováveis se tornarão mais dispersas com o passar do tempo, devido à dificuldade de se prever exatamente os resultados futuros. Como regra geral, se as previsões forem feitas para um futuro cada vez mais distante e mais variável, mais arriscados serão os valores previstos.

TAXA DE JUROS

A alocação de capital entre poupadores e investidores é determinada em uma economia de mercado pelas taxas de juros. O juro pode ser entendido como o preço pago pelo aluguel do dinheiro, ou seja, o valor que deve ser pago pelo empréstimo de um capital.

Afetam o custo do dinheiro os seguintes fatores:

• Retorno obtido pelos tomadores de recursos em seus investimentos;

• Preferências temporais de consumo;

Page 20: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

20 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

• Risco do empréstimo e

• Expectativa de inflação.

Quanto mais sensíveis apresentarem-se as oportunidades de investimento das empresas, elas estarão mais dispostas a pagar mais pelos empréstimos. Empresas de baixa rentabilidade, cujos negócios encontram-se em fase de retração, são menos capazes de remunerar os empréstimos tomados, demandando taxas de juros maiores.

Os consumidores apresentam preferências temporais para despender seu capital em consumo ou aplicá-lo na expectativa de um consumo futuro. Isso depende do grau de satisfação de suas necessidades e influi sobre o volume de poupança disponível na economia.

Quanto maior for o consumo, menor a taxa de poupança e mais elevadas, por consequência, serão as taxas de juros em função da menor disponibilidade de recursos para financiar esse consumo. Quando há preferência pela poupança, ocorre o inverso, isto é, as taxas de juros diminuem em função do excesso de capital para financiar o consumo.

O risco de não se pagar um empréstimo tomado na data combinada (vencimento) eleva a taxa de juros exigida pelos poupadores. Evidentemente, quanto maior for o grau da inadimplência, isto é, quanto mais incapazes se revelarem os tomadores de pagarem seus empréstimos e financiamentos, mais alta será a posição das taxas de juros exigidas em novas operações.

Quando a expectativa de inflação se eleva, a taxa de juros exigida pelos poupadores também aumenta como forma de compensar o risco de depreciação do dinheiro.

Page 21: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

21AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

Nos EUA, centenas de famílias em 8 estados obtiveram na justiça o direito de educar seus filhos dentro de seus próprios padrões e em casa, utilizando-se da rede mundial de computadores e dos tutoriais, sem qualquer interferência governamental. Leiam e reflitam sobre o texto abaixo, redigido pelo consultor americano Alvin Toffler, autor dos best sellers O Choque do Futuro e Powershift (a mudança do poder).

...uma reconhecida área de calamidade pública para os Estados Unidos da América é o seu sistema escolar ao estilo fábrica, padronizado e sincronizado, devastado pelas drogas, pela violência e pela alienação. Infelizmente, as escolas também estão enfrentando dificuldades fora dos EUA, em especial nas grandes regiões metropolitanas. Será que alguém encontrará escolas nessas cidades em algum lugar do mundo e que possam ser qualificadas de realmente boas? A crise na educação não é um monopólio americano.

As escolas americanas ainda têm uma vantagem, apesar de tudo, no fato de serem menos centralizadas dos que as da Europa e Japão, e não estarem sujeitas aos ditames de um ministério nacional da educação. Isso as torna, pelo menos em potencial, mais abertas à experimentação e à inovação.

Infelizmente, a resposta automática das comunidades empresariais e científicas americanas é pedir mais matemática e ciências, mais aprendizado padrão, mais doutorados.

Mal informados sobre as verdadeiras condições educacionais no Japão, quase todas as pessoas se surpreenderiam ao saber que o salto japonês à vanguarda tecnológica de 1975 a 1988, ocorreu devido apenas a um aumento muito pequeno no número de doutores em engenharia e ciência no período.

Page 22: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

22 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Responda às questões propostas abaixo, utilizando as informações do texto:

1- Qual a diferença entre “escassez” e “falta”?

2- Quais são as condições básicas para uma concorrência perfeita?

3- Qual o papel da Macroeconomia e da Microeconomia na Administração Financeira de uma empresa?

4- O que você entendeu sobre risco e retorno de um empreendimento? Qual o papel das taxas de juros nesse processo?

CONCLUSÃO:

Você deve ter notado que a interação entre a economia e a gestão financeira é profunda.

Certos comportamentos que verificamos na economia são consequências das decisões tomadas no nível microeconômico e que, no conjunto, determinam o comportamento das pessoas, das empresas e dos empreendedores.

Vamos discutir agora alguns aspectos contábeis e financeiros que influenciam essas decisões na gestão dos empreendimentos.

Page 23: Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 01

23AULA 01 - ECONOMIA E COMPORTAMENTO

ASSAF N., Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo, Editora Atlas, 2004

FRANK, Robert H. Microeconomia e Comportamento. Lisboa, Editora McGraw-Hill, 1998.

GITMAN, Lawrence. Princípios de Administração Financeira. Lisboa, Editora Harbra. 2002.

JOHNSTON, Kenneth. Contabilidade e Administração. São Paulo, Editora MacGraw-Hill, 1991.

RUTH, George. Análise de Crédito. São Paulo, Editora IBCB, 1994.

SILVA, José P. Análise de Crédito. São Paulo, Editora Atlas, 1993.

TOFFLER, Alvin. Powershift. Rio de Janeiro, Editora Record, 1998.

WESTON, Fred. Fundamentos de Administração Financeira. São Paulo, Editora Makron, 2003.