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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
GESTÃO DO POTENCIAL HUMANO
Por: Jorge Luiz Marques Borges
Orientador Prof. Vilson Sérgio de Carvalho
RIO DE JANEIRO 2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO DO POTENCIAL HUMANO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
a Universidade Candido Mendes para o Curso
de Gestão de Recursos Humanos.
Por: Jorge Luiz Marques Borges
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AGRADECIMENTO
O presente estudo somente foi realizado devido
a colaboração de diversas pessoas, sendo que
agradeço a todos, não havendo necessidade de
citá-los. Agradeço aos meus professores e
colegas de curso que tanto me incentivaram e
me apoiaram em todos os momentos.
4
DEDICATÓRIA
A minha esposa Ana Maria Lo Bianco Borges e
a minha filha Amanda Lo Bianco Borges pelo
amor, carinho e compreensão. Este trabalho é
dedicado a Deus, grande pai e amigo que me
manteve forte para enfrentar os obstáculos.
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RESUMO
Uma das principais mudanças que a pós-modernidade imprimiu às
organizações reside no fato de que o sucesso empresarial não mais depende,
exclusivamente, do acesso aos mais avançados recursos tecnológicos e materiais
existentes no mercado, mas, prioritariamente, da importância dada a qualidade do
fator humano alocado. Porém, apesar dos inegáveis avanços na busca de uma
maior qualificação dos quadros de pessoal, ainda hoje, são poucas as empresas
brasileiras que consideram esta nova realidade. Sabemos que trabalhadores
permanecem sendo recrutados com o fim primeiro de executar e desenvolver
determinadas tarefas ou atividades, neste caso sendo levado em conta,
prioritariamente, a sua qualificação e experiência profissional, além de suas
habilidades técnicas ou manuais específicas para o desempenho da função e que,
muito raramente, são selecionados considerando-se que o cargo ou função que
irão ocupar é sempre um lugar singular e, por isso, neste sentido, estratégico
dentro das organizações, independentemente da posição hierárquica ou do salário
que irão perceber. Poucas empresas brasileiras têm acreditado na validade de
adotar em suas gestões ações visando a valorização de outras experiências ou
vivências de seu pessoal que não as meramente exigidas para o desempenho de
uma atividade específica, como no desenvolvimento de talentos, sendo o objetivo
deste estudo a análise da Gestão do Potencial Humano. Neste contexto torna-se
necessário uma visitação a evolução das idéias administrativas, desde o
pensamento de Taylor até os nossos dias.
6
SUMÁRIO
Introdução...................................................................................................................... 07
Capítulo I- História da Administração............................................................................ 08
Capítulo II- Diferencial Competitivo em Administração.................................................. 10
Capítulo III- Gestão Empresarial..................................................................................... 16
Capítulo IV- Recursos Humanos e Organização de Carreiras....................................... 24
Capítulo V- Capital Humano.......................................................................................... 33
Conclusão.................................................................................................................... 35
Referências Bibliográficas.............................................................................................. 39
Índice............................................................................................................................. 41
7
INTRODUÇÃO
A Administração encontra-se em corrente processo de modificação
conceitual. Partindo deste princípio, contemplamos um cenário diversificado de
exigências a serem atendidas, dentro da ciência administrativa, o que nos remete
a um multipartilhado elenco de aptidões, habilidades e competências a serem
desenvolvidas e conquistadas.
Agregando-se a este princípio a visão de que o recurso escasso em
um país em desenvolvimento é a sua capacidade de visão empresarial, teremos
um desafio ainda maior, de não só formarmos, de dotarmos este administrador de
condições para enfrentar as dimensões econômicas, políticas e sociais dos
problemas e das oportunidades, em decorrência da diversidade regional tão
acentuada que nosso país apresenta. Respeitar o potencial do recurso humano,
parece ser uma responsabilidade, no contexto latino-americano e brasileiro, e
também mundial.
A capacitação profissional, com uma correta valorização do elemento
humano, e uma prática cotidiana do exercício de tomada de decisões, é de crucial
importância, mas nem sempre determina o sucesso empresarial. A decisão por
antecedente histórico ajuda quase sempre, quando os assuntos são técnicos e
burocráticos, mas se o assunto é novo, normalmente, nos deparamos com a
incerteza que ele nos representa.
Este estudo objetiva a verificação da estrutura atual do recurso
humano frente aos paradigmas administrativos atuais. A representação do capital
humano enquanto ferramenta de gestão do potencial humano será verificado
frente aos conceitos teóricos.
Assim sendo no primeiro capítulo apresenta-se a evolução das idéias
administrativas, seguindo-se pelos elementos competitivos na administração e
elementos de gestão., finalizando com elementos de gestão de recursos humanos
e capital intelectual.
8
CAPÍTULO I - HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO
O estudo científico da administração é bem recente. Historicamente,
contudo, a administração foi estudada em todos os tempos, embora com
percepções, intensidade e métodos variados. Assim, quando os antigos
sumerianos procuravam a melhor maneira de resolver seus problemas práticos
estavam, na realidade, exercitando a arte de administrar.
Na China de 500 a.C., os trabalhos de Mencius advogavam a
necessidade de se adotar um sistema organizado de governo para o império; a
constituição de Chow, com seus oito regulamentos para governar os diferentes
setores do governo e as Regras de Administração Pública de Confúcio, de que se
destacava a necessidade de um conhecimento da realidade objetiva para bem
governar, exemplificam a tentativa chinesa de definir regras e princípios de
administração. (MIRADOR, VOL. 2)
Apontam-se outras raízes históricas. As instituições otomanas
refletiam um sistema altamente aperfeiçoado de administração. Pode-se inferir,
graças à expansão atingida pelo Império Romano e à forma como eram
administrados seus grandes feudos, que os romanos souberam manipular uma
complexa máquina administrativa, indício de desenvolvimento considerável de
técnicas administrativas. Na Idade Média, os prelados católicos e os próprios
párocos destacaram-se como administradores. De 1550 a 1700 desenvolveu-se
na Áustria e Alemanha um grupo de professores e administradores públicos: os
fiscalistas ou cameralistas. Tal como os mercantilistas britânicos ou fisiocratas
franceses, valorizavam a riqueza física e o Estado. Sua preocupação ia mais
além, pois ao lado das reformas fiscais preconizavam uma administração
sistemática, especialmente no setor público. (MIRADOR, VOL. 2)
Na história da administração, duas instituições merecem ser
mencionadas: Igreja católica romana e as organizações militares. A Igreja católica
9
romana pode ser considerada a organização formal mais eficiente da civilização
ocidental. Tem atravessado séculos e sua forma primitiva tem permanecido mais
ou menos a mesma: um chefe executivo, um colégio de conselheiros, arcebispos,
bispos, párocos e a congregação de fiéis. Apoiada não só na força de atração de
seus objetivos, mas também na eficácia de suas técnicas organizacionais e
administrativas, a Igreja tem sobrevivido às revoluções do tempo e oferecido um
exemplo de como conservar e defender suas propriedades, suas finanças, rendas
e privilégios. Sua rede administrativa espalha-se por todo o mundo e exerce
influência, inclusive, sobre o comportamento dos fiéis. (Ferreira, 1997)
A organização de exércitos nacionais tem-se constituído numa das
principais preocupações do Estado moderno. O exército aparece nos tempos
modernos como o primeiro sistema administrativo organizado. Substituiu as
displicentes ordens de cavaleiros medievais e, posteriormente, os exércitos
mercenários que proliferaram nos sécs. XVII e XVIII. O exército moderno se
caracteriza, não só por uma hierarquia de poder que vai desde de o comandante
em chefe até o último soldado, como também pela adoção de princípios e práticas
administrativas comuns a todas as empresa modernas. Malgrado todos esses
momentos históricos, é difícil precisar até que ponto os homens da antiguidade,
Idade Média e, até mesmo, do início da Idade Moderna foram conscientes de que
estavam administrando. (Id, 1997)
Hoje ocorre uma interação muito grande entre a administração e as
ciências sociais, particularmente o direito, a ciência política, economia, sociologia,
psicologia social e antropologia. Sob o impacto e influência das ciências sociais, a
administração envolveu de engenharia humana, com ênfase em como executar
racionalmente coisas, para a ciência social aplicada, em que a decisão racional
constitui a variável fundamental.
Observa-se essa evolução mais nitidamente quando se identificam
as principais escolas, orientações e abordagens seguidas pelos estudiosos da
administração, quer pública quer particular, nas várias tentativas já efetivadas para
a formulação de uma teoria administrativa.
10
CAPÍTULO II - DIFERENCIAL COMPETITIVO EM ADMINISTRAÇÃO
Uma empresa só existe para atender a uma demanda da sociedade,
e é com base nisso que deve ser feito o alinhamento da estratégia. O processo
contínuo de avaliação e ajuste da estratégia à realidade é extremamente
relevante. Atualmente, a implantação de indicadores de mensuração estratégica,
auxiliam na medição da eficácia da estratégia empresarial.
Para o direcionamento empresarial é necessário conhecer em
profundidade a constituição dos valores e reorientá-los, se necessário, pois em
torno dessa diretriz vai se formando um conjunto complexo de tradições, hábitos,
opiniões, regras, etc., o que traduz a trajetória da organização.
Estabelecidos os valores, a missão, a visão de futuro e as
estratégias de atuação, passos já bastante conhecidos, quase tradicionais, a
questão é como gerenciar os recursos da organização para alcançar os objetivos.
O processo de gestão envolve o planejamento, a execução, o
controle e as ações corretivas. Esse processo direciona as pessoas e os recursos
para agregar valor aos produtos e serviços, com o intuito de obter resultados. Os
próximos elementos são parte desse processo, mas merecem destaque, pois é
exatamente no processo de gestão que as fórmulas se esgotam. O administrador
enlouquece diante da oferta de abordagens e da diversidade de variáveis que
demandam sua atenção. Harmonizar e, ao mesmo tempo, estar atento a essas
variáveis, mostram a extensão do desafio a cumprir.
A relação instituição-indivíduo, com o objetivo permanente de
aprendizagem e crescimento mútuo, é traduzida pelos Sistemas de Gestão de
Desempenho de Pessoas, de Remuneração e de Reconhecimento atrelado ao
Desempenho, pelo Plano de Cargos, Carreira e Sucessão Gerencial, pela Gestão
da Qualidade de Vida e pelos Planos de Desenvolvimento Profissional. Além dos
sistemas e planos citados, a comunicação interativa e contínua merece destaque
11
para o gerenciamento dos negócios, já que pode facilitar a compreensão do rumo
desejado, mobilizando o cumprimento das metas traçadas e estreitar as relações
entre gerentes e empregados.
Além disso, investir nas pessoas com o propósito de conscientizá-las
de sua missão pessoal e, ao mesmo tempo, compartilhando a missão
organizacional, traz maior facilidade no alinhamento de objetivos individuais a
objetivos empresariais, além de ser uma oportunidade incrível de aumentar o nível
de satisfação dos empregados e obter o desenvolvimento da organização.
Como um organismo vivo, a empresa reflete seu funcionamento nas
posturas e estilos de gestão que propiciam a participação dos empregados, para
que estes se sintam parte do todo empresarial. O mesmo se dá no redesenho dos
processos vitais de trabalho, nos mecanismos de interação para maximização de
sinergias e integração das áreas, na constante adequação do desenho estrutural,
no gerenciamento das interfaces entre os níveis hierárquicos, no aprendizado
crescente do trabalho conjunto, no modelo de decisões colegiadas que propicia a
democratização da informação e na autonomia administrativa e operacional diante
do papel de cada um na empresa.
Competências essenciais envolvem a focalização no negócio, o
aproveitamento do conhecimento das pessoas, o exercício de competências
duráveis e o aprendizado com ações empresariais e comunitárias.
As tecnologias do negócio, as habilidades que criam capacitação e a
educação empresarial permitem oferecer determinado benefício aos clientes,
diferenciando a empresa de seus concorrentes.
O exercício da gestão do conhecimento (inteligência organizacional)
através da catalogação e divulgação do conhecimento gerado, mapeamento e
catalização do conhecimento das competências e dos recursos humanos
existentes, o aprendizado e utilização do conhecimento adquirido e a implantação
de ações empresariais focalizadas são de responsabilidade do gerente. Auxiliar na
formação de pessoas íntegras e de equipes autônomas através do estímulo ao
desenvolvimento pessoal, profissional, gerencial e comunitário, alinhado aos
desafios da empresa, é uma exigência da era do conhecimento.
12
2.1- Cultura Organizacional
A formulação das políticas de RH, já integradas com o negócio,
filosofia e os objetivos de qualquer organização, é, atualmente, condição
fundamental e indispensável na busca da excelência, qualidade e dos altos níveis
de produtividade.
Neste sentido, tomou-se inconcebível na Administração de Recursos
Humanos a manutenção da histórica confusão com a importante área de
Administração de Pessoal.
Na sociologia weberiana o moderno representa a novidade
constituída pelos processos organizativos e produtivos que, baseados na
racionalidade capitalista e na impessoalidade, avançam combatendo e
substituindo formas econômico-sociais fundamentadas na tradição, sobretudo no
poder personalizado e no patrimonialismo. Este processo estaria destinado a
abranger todas as esferas da sociedade e a instituir a racionalidade como
definitiva fonte de orientação das ações. Até os anos 60, na maioria das análises
brasileiras emergia a preocupação em pôr em evidência a natureza conflitante das
dimensões tradicionais com o "espírito empresarial", este sim racional e moderno,
fundamentado na rentabilidade e no trabalho livre. Porém esta perspectiva da
"modernidade" e de sua incompatibilidade com as tradições, há duas décadas é
objeto de sérias revisões. Com efeito, baseados em conhecimentos mais claros
das relações sociais e econômicas nas diversas regiões do país, os estudos
passaram a sublinhar a convivência, nas práticas econômicas dos empresários, de
dimensões da modernidade e da tradição. (Hampton, 1990)
Em um plano mais geral, alguns críticos parecem sugerir que o
encontro entre o "moderno" e o "racional" que, em teoria, devia acontecer
naturalmente, teria na realidade sérias dificuldades para se realizar. Por exemplo,
a incapacidade do processo modernizador de alcançar todas as esferas da vida
social. Este processo não só já tem produzido fortes diferenças entre países e
13
entre regiões do mesmo país, mas também tem colocado sérios problemas para
as próprias sociedades consideradas "mais modernas". Nesse sentido, sublinha o
autor, as múltiplas dimensões (institucionais, organizativas, culturais) da
sociedade tendem a se modernizar tornando-se autônomas de maneira não
combinada, às vezes conflitantes entre si. O resultado é que acabam se
modernizando as partes em prejuízo da modernização do todo.
Para ter maiores elementos de reflexão sobre esta questão, nos
parece interessante, antes de ver as formulações teóricas atuais relativas à ação
racional, revisitar algumas obras "mais antigas" e explorar a tratação de algumas
temáticas importantes para a discussão da racionalidade econômica e
empresarial: a noção de interesse, o dinheiro na teleologia, as atividades
produtivas e improdutivas.
Assim, a anteriormente condenável "fome de lucro" torna-se uma
virtude, porque implica previsibilidade e constância. Isto só porém não basta, é
preciso dar a ela uma outra qualidade: a inofensividade.
No Final dos anos de 1980, face à globalização, acelera o debate
sobre a concorrência, a competitividade, a crise do modelo rígido de organização
fechada, revitalizando o interesse para os estudos da empresa e dando forma à
Sociologia da Empresa. Esta, como especialização da Sociologia das
Organizações, considera a empresa como uma organização cujo papel econômico
não esgota sua capacidade de intervenção institucional. A nova perspectiva passa
a contribuir significativamente para a compreensão dos efeitos da crise
econômica, das flutuações das fontes de empregos e, sobretudo, da sua
capacidade das empresas serem um centro irradiador e estabilizador das formas
de reprodução social.
Este período corresponde às fortes manifestações de esgotamento
definitivo do modelo taylorista o qual, enclausurando-se nas paredes da fábrica,
tinha feito nascer a hegemonia, e até o mito, da gestão científica, considerada
indispensável para a otimização dos recursos da empresa. A crise deste modelo é
significativa e atinge a própria divisão interna das mansões que vai sendo
14
abandonada como fruto de uma visão simplificada e simplista dos mecanismos de
renovação das qualificações nas empresas.
Em 1984, um congresso em Paris faz ressaltar o fenômeno da
Cultura de Empresa, como fenômeno surgido da necessidade de
redinamizar o potencial humano das empresas norte-americanas face à
concorrência japonesa. A cultura de empresa é uma das preocupações
centrais que busca responder a uma série de interrogativos teóricos de não
fácil solução, já que as empresas não se assemelham a nenhum dos
âmbitos tradicionais de cultura.
Está se ampliando a convicção de que as empresas não podem ser
vistas exclusivamente sob a ótica organizacional, já que estas são inseridas numa
cultura de uma sociedade, de uma região, e ligadas a culturas profissionais que
são sensíveis a sua organização e que podem reagir ou intervir em suas
mudanças. Isto reafirma a idéia de que a empresa, além de um sistema
econômico e técnico, é um sistema social e como tal, absorve o que a escola, a
família e o território lhe oferecem como referências. Com certeza a empresa
também consegue ter influências sobre tais dimensões, mostrando capacidade de
elaboração cultural, isto é, capacidade de estabelecer elos e trocas com as
instituições, grupos e comunidades. Assim o local de trabalho, a empresa em
especial, se apresenta como cenário expressivo por ser um contexto permeável
para absorver, reproduzir, movimentar, colocar em circulação as representações
simbólicas elaboradas pelos atores (os empresários, os trabalhadores, as
trabalhadoras, as organizações sindicais, etc.). Interessante torna-se, portanto,
refletir sobre o valor simbólico atribuído ao lugar de trabalho.
A empresa pode ser vista também como um espaço onde se plasma
a preparação profissional e uma "ética" profissional. Neste sentido, a unidade
produtiva se tornaria um ambiente importante de integração e de socialização do
saber (Capecchi,1980; Butera, 1989). Portanto, nas escolhas relativas à
administração do patrimônio econômico e dos fatores produtivos influem também
os elementos que se referem ao patrimônio "técnico-cultural". De tal patrimônio faz
parte não só o produto como expressão de tradição e qualidade, mas também
15
uma certa "filosofia" funcional da divisão hierarquizada e técnica do trabalho
dentro da empresa, no sentido de que as modalidades de inserção e de
valorização econômica da mão-de-obra tecnicamente qualificada, participam como
elementos estratégicos na perpetuação do patrimônio econômico e do "espirito
empresarial".
A cultura do trabalho, revela toda sua complexidade e plasticidade
na expressiva valorização dada ao saber técnico sobre tudo na fase de
transmissão do patrimônio e na reorganização da atividade empresarial. Mas
também a cultura do trabalho se revela no normal funcionamento da empresa e,
particularmente, na configuração da divisão do trabalho. Na própria unidade
produtiva, os recursos investidos nos planos de carreiras, na requalificação e
atualização dos quadros técnicos, são todos elementos indicativos da
preocupação de renovar e/ou preservar a cultura do trabalho. A organização
técnico-produtivo-administrativa e sua correspondente divisão sexual do trabalho
podem evidenciar alguns conteúdos simbólicos desta cultura.
16
CAPÍTULO III - GESTÃO EMPRESARIAL
É possível pensar que o conceito de "modernidade" não implique
necessariamente na uniformidade, nem na ruptura com o passado; poderia
expressar também a adaptação à mudança pela capacidade de combinar
elementos novos com partes da tradição.
A noção de "espírito empresarial" tem sido concebida como
representando a capacidade de introduzir "a novidade" porém, muitas vezes, o
novo consiste em conseguir recuperar e combinar práticas muito antigas com as
dimensões novas de um contexto social profundamente modificado. O aspecto
mais problemático refere-se principalmente à relação patrimônio-capital, na qual
poderia estar uma das importantes chaves para decifrar as diferentes lógicas de
reprodução dos capitalistas-proprietários.
Se for possível dizer abstratamente que se administra um capital
para "acumular" e um patrimônio econômico para "deixar", na prática dos atores,
as duas lógicas se articulam e se sobrepõem sem, por isso se confundir nem se
eliminar. Assim torna-se útil considerar a noção de "estratégia" como uma das
componentes mais importantes do espírito empresarial.
A base constitutiva dos empreendimentos capitalistas são os bens
econômicos, que constituem a infra-estrutura produtiva, e o capital cultural, que
assegura seu funcionamento e sua reprodução. A lógica de acumulação destes
fatores nem sempre e nem necessariamente visa a mera expansão da atividade
empresarial, mas freqüentemente se dirige a uma perspectiva de transmissão
patrimonial.
Pensa-se nos herdeiros e busca-se prepará-los e endereçá-los, de
um lado, para uma profissão tecnicamente adequada para a gestão empresarial, e
17
de outro, para a escolha de parcerias matrimoniais adequadas para a manutenção
e/ou ampliação daquele patrimônio.
Assim a passagem de uma lógica patrimonial para uma lógica
empresarial não significa a exclusão do patrimônio como elemento essencial, nem,
muito menos, significa passar de uma lógica tradicional para uma tradicional.
Por outro lado, o "espírito empresarial", como a expressão da
racionalidade capitalista, permaneceu muito tempo restrito às estratégias
produtivas.
A noção está contida em uma outra mais ampla que definimos como
"cultura empresarial", entendida como conjunto de práticas e valores embasados
por referências advindas de diferentes ambientes: familiar, territorial e social e que
atuam tanto no interior da empresa (racionalidade empresarial) como nas outras
relações sociais estabelecidas pelos empresários.
Nesse sentido, os estudos regionais do desenvolvimento econômico
são de grande interesse, uma vez que permitem detectar os condicionantes locais,
regionais e nacionais que influenciam as lógicas empresariais e a expansão do
próprio "espírito empresarial".
3.1 - A Organização
A organização, enquanto empresa, tem uma função primordial e, da
mesma forma, o empresário. Essa função é a promoção e a defesa do bem
comum. A crítica que se faz à empresa e ao empresário que sempre tem em
mente pautar suas atividades exclusivamente em benefício próprio é que, ao agir
dessa forma, estará fugindo da sua responsabilidade social, embora isso não
configure nenhuma transgressão do ponto de vista legal. À empresa cabe
desempenhar um papel de extrema importância em prol da sociedade e, portanto,
mesmo que se argumente que ao não infringir as leis não se estaria prejudicando
a ninguém, esse é um argumento que conduz a distorções graves e profundas no
regime econômico, em primeiro lugar, e no regime político, em seguida.
18
Albuquerque (1987), acerca dos objetivos da Área de Recursos
Humanos, destaca que, o ambiente empresarial tem se tornado crescentemente
complexo. Convive-se, atualmente, com uma enorme variedade de organizações,
responsáveis pela fabricação e/ou comercialização de produtos e prestação de
serviços, que venham a satisfazer necessidades individuais e/ou coletivas. Ao
mesmo tempo, a atuação destas organizações presta-se à execução de certos
objetivos, os quais orientarão a formulação de suas políticas e estratégias.
Srour (1998), infere que, no mundo atual os negócios não se
assemelham mais aos empreendimentos corsários da época mercantilista e que,
portanto, as empresas dificilmente fazem da trapaça o seu apanágio, podendo agir
de forma oportunista, porém, em ambiente competitivo. Além do mais, as
empresas têm uma imagem, que deve ser resguardada, que se constitui num
patrimônio essencial para a continuidade do próprio negócio.
“A imagem da empresa não pode ser vilipendiada impunemente nem
pode ser reduzida à mera moeda publicitária, porque ela representa um ativo
econômico sensível à credibilidade que inspira.” (Srour, 1998:292).
Anteriormente mais evidente na iniciativa privada, a eficiência é
assunto de pesquisas e estudos desde o inicio do século XX. Tal preocupação diz
respeito ao Desenvolvimento Organizacional, maximizado pela busca da eficácia,
competitividade e qualidade.
Com a rapidez que se processam as mudanças no ambiente em que
a empresa está envolvida, a investigação dos fatos torna-se um aspecto
permanentemente necessário, não importando o ramo de atuação.
Com a rapidez que se processam as mudanças no ambiente em que
a empresa está envolvida, a investigação dos fatos torna-se um aspecto
permanentemente necessário, não importando o ramo de atuação. Público ou
privado, é vital ser eficiente nas atividades que a empresa se propõe a
desempenhar.
Assim, neste período, as preocupações voltaram-se ao encontro de
soluções para diminuir a ineficiência, pois pretendia-se obter o melhor rendimento
19
dos recursos utilizados e fazer face à concorrência e competição que se tornavam
cada vez maiores entre as empresas.
Vários autores trabalharam na procura de um conceito para
eficiência. Para Simon (apud Albuquerque, op. cit.: 315), a eficiência adquiriu
vários sentidos:
“A eficiência é uma habilidade de poder de realizar algo ou,
ainda, o sucesso na realização do objetivo desejado.
.... Diz-se que um motor é mais eficiente do que um outro
toda vez que, sendo a quantidade total do combustível
comprimida pelo primeiro igual à quantidade consumida pelo
segundo, o total de energia produzida pelo primeiro é maior
do que a produzida pelo segundo.
... a eficiência é a relação entre o que é conseguido e o que
pode ser conseguido”.
Max Weber (apud Albuquerque, op. cit.) também se preocupou com
a eficiência organizacional. Sendo assim, o autor afirma que a organização
burocrática deve basear-se em princípios racionais. Essa racionalidade almejada
implica na adequação dos meios utilizados aos objetivos e fins que se deseja
alcançar. Isso significa eficiência. Assim, uma organização é racional se os meios
mais eficientes são escolhidos para alcançar os objetivos desejados. São
considerados objetivos organizacionais e não os objetivos individuais dos
participantes.
A sociedade possui uma herança cultural, as organizações sociais
também possuem padrões distintivos de sentimentos e crenças coletivos, e que
são transmitidos aos novos membros do grupo. Ela também cria estruturas de
recompensas afim de vincular seus membros aos sistemas, estabelece normas de
valores, justifica e estimula as atividades e dispositivos para controlar e dirigir o
comportamento organizacional. Um de seus recursos é a exploração da força
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motivadora, que impele em uma determinada estrutura para que ela se torne cada
vez mais aquilo que basicamente é.
Para Katz e Kahn (1987), o conceito de eficiência e eficácia
organizacional seria:
“A eficiência refere-se a quanto de entrada de uma
organização surge como produto e quanto é absorvido pelo
sistema.
A eficácia seria a procura da maximização do rendimento
para a organização, por meios técnicos e econômicos, e por
meios políticos”. (Katz e Kahn, 1987: 56)
Eficiência é uma medida da utilização dos recursos nos processos
de uma organização. É uma relação técnica entre entradas e saídas de um
sistema, ou seja, esta voltada para a melhor maneira pela qual as coisas devem
ser feitas ou executadas (métodos) a fim de que os recursos sejam aplicados da
forma mais racional possível. Sendo assim, leva mais em conta os meios, os
métodos e os procedimentos mais indicados e que precisam ser devidamente
planejados e organizados a fim de assegurar a otimização da utilização dos
recursos disponíveis.
À medida que o administrador se preocupa em fazer corretamente as
coisas, ele está se voltando para eficiência, ou seja para o melhor uso dos
recursos que tem a sua disposição.
De acordo com Katz e Kahn (op. cit.: 62), "a eficiência de um sistema
organizacional é dado pelo quociente de seu output (ou produto) de energia e seu
input (ou custo), no qual esta incluído o custo total por unidade de produção..."
A organização mais eficiente está em processo de conseguir
excedentes de energia, porque os termos de suas transações de input e output
são estabelecidos por seus competidores mais eficientes. Por conseguinte, os
principais resultados de longo alcance dos excedentes gerados por eficiência são
o crescimento organizacional e o poder de sobrevivência da organização.
21
Segundo Gil (1993), eficiência seria o uso ótimo dos recursos
integrantes da área empresarial ou da infra-estrutura da entidade organizacional.
Outro modo de atingir-se a eficiência dentro das organizações é através do
desenvolvimento de sua cultura. Acredita-se que a cultura possa ser mudada pela
educação. O desenvolvimento organizacional é um processo contínuo que conduz
ao crescimento, assim, enfatiza-se não só a resolução de problemas a longo
prazo, mas o desenvolvimento de capacidades a longo prazo (vê como e não o
que mudar). O trabalho com grupos e o levantamento de percepções com
feedback são as principais fórmulas para a renovação organizacional.
Pressupõe-se que todo sistema social enfrenta quatro imperativos
funcionais que tem que satisfazer, que são a manutenção, que se refere a
estabilidade do sistema de valores institucionalizados, o alcance das metas,
através de meios visando a estabilidade dos sistema e o controle dos elementos
da situação, a adaptabilidade ao ambiente e a integração entre os subsistemas
envolvidos, devendo todo e qualquer sistema social ser estudado tendo por base
estes aspectos (Motta,1980).
Homans (apud Motta, 1986) afirma que qualquer modificação numa
parte do sistema (entendido aqui como uma área da administração) produzira
efeitos sobre todas as demais. Assim, pode-se afirmar que quanto mais elevado
for o grau de interação de duas ou mais pessoas, mais positivos serão os
sentimentos que nutrirão uma pela outra, produzindo desta forma novas normas,
atitudes, etc.
O sucesso de uma organização depende do esforço coordenado de
seus membros e tal esforço implica na compreensão das características
organizacionais físicas, as quais identifica como estrutura, processo de coleta de
informações e mensuração, de comunicação e tomada de decisões, recursos para
execução, além de influenciar conjunto de atitudes e motivações.
As organizações são compostas por vários subsistemas
administrativos que, apesar de especializados em suas funções, precisam interagir
com os demais. Deste modo, cada subsistema deve possuir habilidades e
conhecimentos de todas as áreas em maior ou menor grau, variando conforme a
22
função exercida e a posição ocupada dentro da organização. É devido à interação
existente entre as funções administrativas que a organização precisa adotar uma
abordagem sistêmica no desenvolvimento de suas atividades.
É necessário também que cada membro da organização tenha
ciência de sua responsabilidade perante o publico externo, pois, em dado
contexto, suas ações e colocações são tomadas como sendo a postura da
empresa ou influenciam a imagem da organização.
A implementação da sistematização traz consigo a necessidade de
se trabalhar em grupo e, como se poderia esperar, idéias/soluções mais
aprimoradas, pois ninguém possui todas as qualidades técnicas e administrativas
desejáveis a ótima consecução dos negócios. Este não é um processo fácil nem
rápido, exige reflexão e estimula a criatividade de todos. Neste, podem ocorrer
erros, uma oportunidade não para punir o responsável, mas sim para que todos
aprendam.
No atual contexto que as empresas de saneamento e abastecimento
d'água se encontram, a tecnologia não é mais o único fator que agrega valor a
seus produtos e serviços. Urge a necessidade das organizações buscarem novas
formas de redução de custos, utilizando o potencial de que dispõem. Para tanto, é
preciso que seus funcionários criem uma sinergia que garanta um alto grau de
colaboração entre os subsistemas organizacionais.
O processo de integração da gestão traz consigo a necessidade da
disseminação da informação, da participação e da motivação dos indivíduos.
Sabe-se que pessoas motivadas produzem mais. Para sentir-se motivado o
homem deve participar da decisão da qual se origina a tarefa que executará, ao
invés de esta ser-lhe imposta, sem que lhe seja elucidado o fim a que se presta e
as causas que determinam sua necessidade. Recomenda-se, entretanto, graus
diferenciados de participação, conforme a situação e o padrão de liderança
adotado, sendo considerado, na maioria das vezes, mais eficaz o democrático,
que dá ampla possibilidade de contribuição para o aperfeiçoamento do trabalho ao
indivíduo, sujeitando-o a um controle por resultados (Motta, op. cit.).
23
Por outro lado, há outra corrente de pensamento que vê a tomada de
decisão de forma mais restrita, centralizada em pessoas ou grupos tecnicamente
habilitados e escalonada dentro da hierarquia da organização conforme seu grau
de importância, devendo ser desenvolvida naqueles sobre quem se aplicarão seu
efeitos a aceitação de tais ordens, seja pelo convencimento de que ela está de
alguma forma corroborando com seus objetivos pessoais, pela confiança no
tomador da decisão, pelo medo de sanções ou por se sentirem obrigados a
respeitar a hierarquia formal (Motta, 1980).
A falta de criatividade e de comprometimento das pessoas
encontradas nas organizações burocráticas e o uso limitado do potencial humano
por parte dos gerentes impedem o desenvolvimento organizacional.
É importante desenvolver uma cultura organizacional forte e
orientada às metas e filosofias da empresa, redefinindo o papel da liderança e as
redes de relacionamento, proporcionando a aprendizagem organizacional e
estimulando a criatividade e a participação (Roesch, 1995).
Outro requisito para integração é o bom fluxo de informação, que
devem atender alguns atributos essenciais para tornar-se significativo no momento
da tomada de decisão.
24
CAPÍTULO IV - RECURSOS HUMANOS E ORGANIZAÇÃO DE CARREIRAS
A compreensão do que se denomina hoje de Administração de
Recursos Humanos só vai ser possível no momento em que o Brasil passa a
possuir uma base industrial sólida. Assim, no final do século XIX e nas primeiras
décadas do século XX, em torno de 1890 a 1930, devemos levar em consideração
a representatividade do proletariado industrial no contexto da população brasileira.
No início do século XX, oitenta por cento da população brasileira
habitava o campo evidenciando fraco poder de pressão do proletariado. Numa
economia, fundamentalmente agrícola, era muito pequeno o percentual das
atividades econômicas urbanas. Porém, segundo Gil (op. cit: 38), "a despeito da
pouca representatividade do proletariado na vida nacional, pode-se dizer que esse
período conheceu momentos de notável efervescência trabalhista”.
No período a partir da Primeira Guerra Mundial a administração de
pessoal começa a desenvolver-se tendo como pano de fundo os movimentos
sindicais daquela época fruto dos novos padrões de relacionamento entre
operários e patrões.
Outra variável que atuou no desenvolvimento da administração de
pessoal, ou seja, a modificação do papel do estado nos processos de produção,
desde a crise de 1929, alterando planos de benefícios e segurança no trabalho,
além do relacionamento com empresas e sindicatos.
É a partir das décadas de 40 e 50 que a intervenção do Estado nas
relações trabalhistas se acentua imprimindo às empresas a necessidade de
ampliação das funções de recursos humanos. Também a importância crescente
que foi sendo dada ao recrutamento e treinamento, durante a segunda guerra
25
mundial, aliada as novas descobertas oriundas das ciências do comportamento
humano, em especial a sociologia e a psicologia, cobrou dos antigos
departamentos de pessoal modificações que compatibilizassem suas tarefas à
nova realidade vigente.
Finalmente, durante as décadas de 60 e 70, a promulgação de leis a
respeito de segurança, saúde e pensões, visando eliminar discriminações nos
empregos, nas questões relativas a sexo, cor, religião, idade e origem dos
empregados, foi fazendo com que os departamentos de pessoal fossem cada vez
mais valorizados dentro das estruturas organizacionais.
Já no Brasil, as iniciativas no sentido de adotar as inovações norte-
americanas à realidade das nossas organizações encontraram muitas dificuldades
entre elas cabe destacar as seguintes: as relações entre empregados e
empregadores eram muito distintas, assim como a cultura organizacional das
empresas e as condições sócio-econômicas e políticas.
Neste sentido, Bertero (1982), esclarece que o desenvolvimento da
área de recursos humanos nos Estados Unidos foi muito mais uma conseqüência
do crescimento e organização do movimento operário do que dos esforços das
pessoas da área.
Na fase tecnicista assiste-se a uma importação de diversas técnicas
e conceitos de administração de pessoal, oriundos dos países desenvolvidos e a
crescente substituição do então denominado chefe de pessoal pelo administrador
de pessoal. É neste período que a Administração de Pessoal passa a ter uma
nova e maior dimensão, pois métodos como a descrição de cargos, a avaliação de
desempenho e a pesquisa salarial, entre outros, passam a fazer parte do
vocabulário desta função. (Albuquerque, op. cit.)
A denominada fase administrativa, coloca a Administração de
Pessoal como uma função integrante e enraizada nas empresas brasileiras, nas
quais o administrador de pessoal é substituído pelo gerente de Relações
Industriais, como acontecia nas empresas norte-americanas, ou pelo gerente de
Recursos Humanos. De acordo com Cordeiro, Balcão e Guilguer (op. cit.), este
período é caracterizado pela importância do contexto legal, norteando as
26
atividades de pessoal, assim como, pela utilização crescente de moderna
tecnologia de pessoal.
As políticas de Recursos Humanos vão variar de empresa para
empresa, dependendo das necessidades e filosofia de atuação de cada
organização voltada ao desenvolvimento de carreiras. Na verdade,
elas se constituem em diretrizes fundamentais ou guias para ação,
que "procuram condicionar o alcance dos objetivos e o desempenho
das funções de pessoal" (Chiavenato, 1996: 90).
Dentro deste contexto, a autora reforça o caráter permanente das
políticas, bem como, que estes estarão sempre presentes na formulação de
qualquer iniciativa ou ação voltadas para a gestão de Recursos Humanos.
Para Chiavenato (op. cit.) os princípios técnicos e administrativos,
preconizados pela organização são comunicados de forma clara e completa pelas
políticas, as quais delimitarão também o universo dentro da qual decisões são
tomadas, norteando a elaboração de normas, procedimentos, padrões, programas
e atividades.
4.1- Desenvolvimento de Carreiras
Desenvolvimento profissional e de carreira são programas ou ações
complementares que compartilham significados e finalidades. Deste modo e,
segundo Cornish (1988), "milhares de trabalhadores estão vivenciando um
"choque" em suas as carreiras profissionais pois as ocupações e os processos de
trabalhos estão se transformando radicalmente".
Os profissionais especializados estão modificando sua maneira de
sentir, pensar e agir com relação às suas carreiras. Não almejam apenas e tão
somente, alcançar posições de destaque na hierarquia organizacional, objeto de
desejo e luta dos "carreiristas convictos". As preocupações profissionais de
indivíduos denominados "new careerists", estão, agora, centradas na valorização
27
e conquista de melhorias no estilo e na qualidade de vida pessoal e profissional,
na obtenção de maior liberdade de criação e autonomia individual no trabalho, na
segurança emanada da função (não necessariamente do poder formal associado
aos cargos), em maiores possibilidades de atualização buscadas por si próprios,
no desenvolvimento de espírito empreendedor e na busca por desafios e
realizações (Simonsen, 1997).
Profissionais nas organizações, exigências do mercado, novos
tempos, formações diversificadas, inserção em realidades e contextos
organizacionais estratégicos, ensejam um conjunto de preocupações associados
aos conceitos básicos do fluxo da informação, a partir do paradigma sistêmico,
fazendo-se necessária, a integração de recursos, linguagens, padrões e
classificação de ocupações. Porém, pode-se levar em consideração que as
"ocupações individuais, dentro do campo do desenvolvimento são, até certo ponto,
únicas e podem resistir a um alto grau de padronização" (Motta, op. cit.).
A modernização de papéis e funções nas profissões suscitam a
premência de avaliação, alteração, atualização e unificação de competências das
carreiras, para que se amplie o elenco de atividades onde possa atuar sem "fugir"
de sua área de formação e competência iniciais.
As tendências e as efetivas mudanças ocorridas nas organizações
são propícias ao desenvolvimento de estilos de liderança de talentos, a chamada
"liderança interativa" (encorajamento à participação e à divisão do poder), assim
como beneficiam a entrada de jovens profissionais no mercado, favorecendo o
desenvolvimento de estilos de liderança transparentes e/ou aderentes aos estilos
gerenciais das empresas.
Um outro aspecto da implementação de carreiras nas organizações,
dar-se-ia através de acompanhamento sistemático e especializado dos
profissionais, pela utilização de tutoria e tutores. A tutoria é uma técnica
socialização de indivíduos utilizada no desenvolvimento de líderes empresariais e
que está sendo aplicada na orientação de carreiras profissionais.
A ausência de planos ou planejamento estratégico nas empresas, se
apresentam, muitas vezes, como restrição aos propósitos de seguir o pensamento
28
e a prática proativas. Porém, o profissional há que arranjar uma forma cotidiana de
contemplar a filosofia do planejamento estratégico.
No passado, um justo dia de trabalho era recompensado por um
justo pagamento diário. A relação era a seguinte: se você fosse leal, trabalhasse
duro e obedecesse as ordens, a empresa, em troca, lhe ofereceria um trabalho
seguro e aumento de salário que de certa forma gerava uma certa segurança
financeira. Hoje o novo contrato de trabalho está inserido dentro de uma nova
formatação. O que se busca é uma associação mutuamente proveitosa entre
empresa e colaboradores. A nova regra é a seguinte: se você desenvolve
continuamente suas habilidades, aplica-as de modo que possa ajudar a
companhia a ter sucesso, se você efetivamente agrega valor ao negócio, a
empresa apoiará o seu desenvolvimento, propiciará um local de trabalho
desafiante e lhe recompensará pela suas contribuições. Esta é a nova regra do
jogo.
Na verdade a palavra emprego está em extinção, bem como quase
tudo o que dela decorre. Hoje o que devemos buscar é um trabalho. Antigamente
o importante era você ter um emprego para toda vida. Hoje o que importa é você
ser empregável pela vida toda. Daí a importância de investirmos constantemente
na nossa carreira, com ou sem subsídios por parte da empresa, não importa. O
que importa mesmo é que hoje o novo conceito de carreira diz que é mais
importante você ser empregável do que ter um emprego e portanto, parar de
estudar e de se atualizar é parar no tempo.
O sucesso da empresa está diretamente ligado a seu pessoal, seu
principal ativo, responsável pelo aumento da qualidade de seus produtos e
serviços, responsável no mercado pela sua competitividade.
As organizações de alta performance, além de manterem pessoas
com alta taxa de empregabilidade, também visam construir e manter equipes
sinérgicas e competentes aliadas aos seus talentos criativos. A garantia e o
aprimoramento da profissão devem acontecer por obra e graça do próprio
profissional, o elemento vivo a encetar as mudanças e o detentor principal do
29
compromisso político e social da profissão, tendo apoio da organização.
(Simonsen, op. cit.)
Os três maiores fatores que propiciam as mudanças são os avanços
tecnológicos, as pessoas e o espírito ou sentido de competição. Assim, é preciso
apelar para todos eles.
O distanciamento profissional da classe faz com que o compromisso
político-social seja pouco entendido. É por meio de seu trabalho, da visão que tem
de si mesmo, de sua identidade social e de categoria, que o agente reconhece o
mundo tal como ele é, e que lhe dá o sentido da posição a marcar, sustentar
respeitar e fazer respeitar.
Porque não se pensar e propor carreiras que possam conciliar as
questões familiares e profissionais dimensionadas de forma a integrar essas
peculiaridades, através da criação de empregos com menos horas semanais de
trabalho, que valorizem a flexibilidade, a responsabilidade, a competência e a
qualidade. A experiência mostra que a produtividade não é decorrência direta do
número de horas que um funcionário permanece na organização. (Simonsen, op.
cit.)
Competir na era do capital humano exige muito trabalho, esforço e
determinação, o ser humano com toda a sua potencialidade, é a figura principal na
formatação destes novos tempos e efetivamente pode fazer a diferença no sentido
de construir não só empresas mais ágeis e lucrativas, mas também e
principalmente um mundo justo e humano pois só assim terá valido à pena ter
vivido estes novos tempos em que o capital humano é personagem principal das
organizações.
4.2 - Talentos e Carreiras
Empresas dispostas a buscar novas alternativas, numa clara
evidência de que pretendem renovar, de que pretendem oxigenar suas fronteiras,
encontrarão pela frente grandes desafios, entre eles, saber como será aproveitada
30
e valorizada a capacidade pensante dos seus talentos humanos. Este será um
desafio que, adequadamente administrado, deverá provocar grandes
transformações nas organizações, pois modificará o papel do indivíduo no
ambiente de trabalho. Com isto o relacionamento entre empregado e patrão
sofrerá alterações, já que o local de trabalho não será mais o mesmo (Pinchot,
1994).
Além do esforço citado, as empresas precisarão reunir energias para
enfrentar outras situações como: a concorrência global; mudanças de hábitos dos
clientes, segmentação dos mercados, meio ambiente. São imposições que estão
acontecendo em todo o mundo e qualquer empresa que pretenda se modernizar e
buscar novos horizontes, até mesmo para se manter no mercado, terá que encarar
todas estas mudanças. Ressalta Simonsen (op. cit.) que para poder atender estas
complexas e rápidas alterações, é preciso criar organizações que sejam velozes,
flexíveis, criativas, multidimensionais e inteligentes.
Organizações com estas características precisam cada vez menos
de comandantes e planejadores profissionais, passam a operar em equipes, onde
o planejamento, a coordenação, a autoridade e a responsabilidade são divididos
entre todos, de forma que o sucesso ou o fracasso passa do individual para ser
distribuído entre os membros da equipe. O valor atribuído à equipe, pressupõe o
valor cognitivo do homem, pois pensar e agir são duas das principais
características do ser humano. Negar a reflexão e ação, seria o mesmo que
arrancar das pessoas o seu maior valor intrínseco, o amor próprio.
Entender e acreditar nestas particularidades inerentes à espécie
humana, fará com que o dirigente compreenda com mais facilidade as qualidades
do ser humano, enxergando o homem interna e externamente, ou seja, no seu
todo. Com estas observações e com a percepção e a visão destes atributos,
espera-se, ajam os novos dirigentes, colocando-se em posição de vanguarda,
desenvolvendo uma organização inteligente, onde o comprometimento e a
perseverança são impulsionados pela vontade de introduzir mudanças que
ofereçam oportunidades às pessoas de modificarem suas vidas. Isto propõe uma
organização diferente, que compete em uma perspectiva de causar impacto.
31
O aproveitamento do potencial humano na organização, por sua
complexidade, requer do dirigente muita psicologia e capacidade aglutinadora. Os
papéis nas organizações são executados por seres humanos. Residem aí
algumas conseqüências, a saber: pessoas variam em inteligência e capacidade de
assimilação, o que refletirá no desempenho e como forma de desvios
organizacionais; os indivíduos desempenham outros papéis fora do seu local de
trabalho, família, atividades comunitárias, complementação educacional - com isto
o seu envolvimento é parcial, segmentado. Conseqüentemente a pessoa tende a
ser o produto de seu meio, já que não é uma máquina, correspondentemente, seu
desempenho na organização é afetado. É evidente que diante destas afirmações,
torna-se ainda mais importante o valor gratificante do trabalho, o valor da
inteligência humana, a satisfação e o bem estar do homem no ambiente produtivo.
Seria esta uma forma motivadora de reduzir as preocupações externas do
indivíduo, para que ele possa se dar por inteiro no desempenho de suas
atividades na organização. A propósito todo o tempo disponível para atender e
debater os problemas pessoais dos subordinados, é encarado por estes como
muito importante, desde é claro, que o interesse do patrão seja autêntico e não
uma intromissão nas suas vidas particulares.
Como se vê, em locais onde há compreensão do ser humano, além
das pessoas trabalharem com muito mais satisfação, o relacionamento cresce e a
organização melhora seu clima. Não obstante, para obter progressos na melhora
do clima organizacional é preciso muita paciência, tempo e competência, pois os
resultados são a longo prazo. É um processo de aprendizado, e como se sabe,
todo processo de aprendizado leva tempo.
Para Drucker (1992) , o trabalho com inteligência e conhecimento faz
perguntas do tipo: Qual é a tarefa? O que estamos tentando conseguir? Por que
fazer tudo isto? Portanto, não basta alcançar melhor desempenho, menos custo,
ganhos de produtividade ou equipamentos modernos, é necessário também e
principalmente ter pessoas que saibam e possam questionar, pessoas que
estejam motivadas e estimuladas a usarem suas capacidades mentais, pessoas
que saibam não só fazer perguntas, mas principalmente respondê-las. Nunca é
32
demais lembrar que a organização não deve economizar esforços no sentido de
empreender ações contínuas de aprendizado. Estão aí os japoneses com suas
enormes lições de perenidade educacional. Este cuidado é de extrema
importância, na medida que pessoas com ensinamentos permanentemente
renovados e aperfeiçoados, conseguem organizar melhor suas idéias assim como
continuam motivando-se na busca de novas alternativas, tanto do ambiente de
trabalho, quanto na qualidade do seu serviço, e na busca de novas perspectivas
de crescimento profissional.
A Administração de Carreiras estimula e oferece metodologia para o
planejamento individual da carreira e estruturação do desenvolvimento
profissional, além de subsidiar, com conceitos e ferramentas, o gerenciamento de
RH de forma estratégica nas empresas, para ele, as pessoas se comprometem
com determinada organização quando percebem que ela agrega valor ao seu
trabalho, tanto na remuneração como na própria experiência profissional. E a
empresa precisa criar uma ponte entre suas expectativas e a das pessoas. O
instrumental de carreira integra várias preocupações e dá consistência a práticas
de desenvolvimento, remuneração, valorização, que geralmente se encontram
dispersas.
33
CAPÍTULO V - CAPITAL HUMANO
Schein (1982), afirma que o indivíduo, sozinho, é incapaz de satisfazer
todos os seus desejos e necessidades; então, o homem, devido às suas
limitações, necessita interagir com outros. Desta forma, reconhece que a
organização é o instrumento através do qual os indivíduos atingem seus objetivos
e satisfazem seus desejos e necessidades.
Nas teorias administrativas examinadas, observa-se, de uma maneira
geral, uma hegemonia de valores econômicos em detrimento de valores
humanistas. O homem é considerado como mais um recurso organizacional para
maximizar o lucro e minimizar os custos e mensurado pela sua produção ou
resultado final. Há a busca do resultado através do homem, mas sem o homem.
A evolução da teoria organizacional mostra a organização,
basicamente, de um ponto de vista interno, como sistema fechado e baseada na
concepção de que as variáveis internas são as determinantes do seu sucesso.
Os modelos organizacionais tradicionais são, de uma maneira geral,
pesados e lentos, gerando fortes resistências à inovação. Foi necessário uma
evolução nas teorias administrativas, que conduzisse, no que se refere às
mudanças, para conseguir antepor um modelo aberto, mais ágil e flexível, e
conceber uma organização verdadeiramente moderna.
Chanlat (1993), observou que as pesquisas sobre o homem na
organização são dispersas, devido a ausência de uma linha diretiva. Há, nas
empresas, uma alta sofisticação nas atividades, mas longe dos interesses das
pessoas, porque há uma aceitação incondicional dos modelos das ciências
exatas. Há uma preocupação com rentabilidade, eficácia da organização que
absorve todas as atenções. Nesta situação, o homem é considerado como uma
simples engrenagem ou recurso para se atingir essa eficácia. Este enquadramento
34
do homem conduz a sofrimentos (desvalorização do ser humano) no ambiente de
trabalho, permitindo imensuráveis desperdícios econômicos, contrariando a
própria eficácia organizacional.
O referido autor reforça que é preciso reintroduzir a pessoa em seu
devido lugar no trabalho para reabilitar o ponto de vista do sujeito, seu desejo e a
contribuição do trabalho para realização do seu ser. Esta posição em relação às
dimensões do indivíduo na organização torna necessário um modo de pensar
interdisciplinar e uma preocupação com a ética. Nossa sociedade sofre inúmeras
transformações econômicas, sociais políticas e culturais, como: ascensão da
racionalização, acumulação do capital, hegemonia econômica, desenvolvimento
do individualismo, obsessão do progresso, urbanização e explosão tecnológica ao
mesmo tempo, houve uma proliferação de organizações, objeto de estudo,
pesquisa e reflexão.
As ciências humanas, bem como as do comportamento
organizacional, têm sido submetidas às leis da divisão intelectual do trabalho,
acarretando uma imagem fragmentada do ser humano, conduzindo vários
pesquisadores ao reducionismo, ao imperalismo biológico, psicológico ou
sociológico e, no campo organizacional, ocultando grande número de dimensões
humanas. Com isso, o comportamento organizacional desenvolveu-se para
melhorar a produtividade e não desenvolveu uma concepção do ser humano como
indivíduo.
O ser humano é muito mais complexo; é preciso restituir sua unidade e
suas dimensões esquecidas, através de uma antropologia da organização, para
reagrupar o conjunto de conhecimentos existentes sobre o ser humano, propondo
deslocar o objeto de estudo sobre o fator humano a partir dos conhecimentos
desenvolvidos, colocando em cena as relações com o meio ambiente que
interagem com a organização (Chanlat, op. cit.).
Uma característica da espécie humana é pensar e agir. A reflexão e
a ação é o primeiro sistema de sinalização da humanidade concreta. O segundo
sistema é a linguagem e o pensamento consciente, pois estabelece nossa
singularidade enquanto espécie e enquanto indivíduo; é a base de todas as
35
transformações sociais e de todos os desenvolvimentos que se conhece hoje nas
ciências.
Chanlat (op. cit.) enfatiza que o homem é um ser de desejo, de pulsão
e de relação, através da qual vê seu desejo e sua existência reconhecidos ou não.
A realidade social transforma-se em suporte da realidade psíquica. É através do
outro (modelo, objeto, sustentação ou adversário) que ele se constitui e se
reconhece. Todo ser humano está inserido no espaço e no tempo, dimensões
inseparáveis.
O tempo marca nossas atividade individuais e coletivas, bem como
nossas relações com o cosmo, porém o tempo de uns não é o mesmo tempo de
outros, pois é função de cada sociedade. O espaço nos envia aos lugares
pessoais e sociais ligados às nossas especialidades. Viemos de um lugar,
desenvolvemo-nos em um meio particular, ocupamos um lugar profissional em
determinada organização e desapareceremos em algum lugar.
Segundo Clegg (apud: Chanlat, 1996, op. cit.), as ciências humanas
tendem separar a pessoa do ator. Os termos organização e ação estão sempre
ligados. A ação na organização esta orientada para um fim determinado. Na
organização, a ação é concreta entre numerosas subjetividades, no indivíduo, em
uma única subjetividade. O poder intervém na hierarquia, na linguagem, na
dominação e no simbólico. A obediência é central na construção do poder
organizacional.
O autor acrescenta que as regras reconhecem a ação que as refletem.
As regras exigem interpretações, normalmente ambíguas, porém, elas jamais
oferecem suas próprias interpretações.
Estabelecer regras é uma atividade de poder que se concretiza com a
ação. O poder é uma ação relacionada com a autoridade que a delega que se
efetiva através das regras que comportam liberdade. A liberdade de escolher
exige disciplina. Esta regulamenta a avaliação interna e estabelece os deveres,
que Foucault chamou de “práticas disciplinares”.
36
Taylor, Fayol e outros que contribuíram para racionalizar a
organização pouco preocuparam-se com o conflito. O conflito era considerado
como um mal porque afetava negativamente a eficiência.
Então adotaram mecanismos para minimizá-lo, tais como: definição
das tarefas, das regras e dos métodos para despersonalizar a execução do
trabalho; redução das interfaces entre as tarefas para eliminar a fonte de
frustração dos conflitos; concentração do poder para reduzir o nível de
ambigüidade.
Nas Relações Humanas, o comportamento humano no trabalho não
tem origem apenas no econômico-racional, mas na dimensão psicossocial. A
dinâmica de grupo mostra as normas e valores sociais que influenciam o
comportamento. Percebe-se uma divergência entre os objetivos individuais e
organizacionais, causando conflito.
Esta abordagem considera o conflito essencialmente mau, porque
prejudica a colaboração que deve fazer parte do comportamento humano na
organização, reduzirá o conflito à medida que a organização permitir que cada
trabalhador divulgue suas preocupações e participe nas tomadas de decisões.
5.1- Capital Intelectual
Nos últimos anos podemos observar uma verdadeira avalanche da
produção intelectual abordando temas como Reengenharia, Downsizing, Custeio
Baseado em Atividades (ABC), Balanced Scorecard, tudo isto criado a partir do
conhecimento.
Pode-se afirmar que o conhecimento é fator mais importante da vida
econômica, a matéria-prima com a qual geramos riqueza e bem-estar. O
conhecimento é mais valioso e poderoso do que qualquer mega indústria ou
mesmo volumosas contas bancárias.
O capital intelectual constitui a matéria intelectual - informação,
conhecimento, experiência - que pode ser utilizado para gerar riqueza. O
37
conhecimento - seu uso eficazmente, gerência e manutenção - tem que ser levado
a sério pelo profissional que deseja fazer mais por sua carreira independente do
posto ou profissão que tenha.
Uma das maneiras de proteger o capital Intelectual é registrar a
propriedade industrial, ou seja, efetuar um registro formal e legal de propriedade
de patentes, de desenhos, das marcas, etc.
Incentivar o pensamento criativo e inovador, compartilhar
internamente as inovações tecnológicas e os conhecimentos adquiridos, cultivar e
proteger o capital intelectual, estabelecendo metas e indicadores.
Nem um grande investimento em tecnologia não é o que garante o
sucesso de um projeto de gestão do conhecimento, mas sim a profunda
transformações dos processos, das pessoas e dos meios de produção.
Com isto a empresa passa à explicar ao colaborador para observar o
trabalho do outro, o observador talentoso acaba por aperfeiçoar e desenvolver
novos métodos para a realização das tarefas. A metodologia propulsora dessa
modalidade é conhecida em inglês por stick (no sentido de cola), por gerar
aderência ao projetos da companhia. Revista Banas Qualidade (2001: 48).
E mesmo assim para ser vital para empresa é necessário que este
conhecimento além de tudo seja dinâmico e sempre atualizado e inovador não
durará para sempre.
O poder não está em deter o conhecimento, mas em disseminá-lo.
Quanto mais informação você divide com os outros, maior o seu retorno.
A gestão do conhecimento procura acumular o capital intelectual que
criará competências essenciais exclusivas e produzirá resultados melhores. Usos
mais comuns:
· Melhorar o custo e a qualidade dos produtos e dos serviços
existentes;
· Reforçar e ampliar as atuais competências da companhia pela
administração do ativo intelectual;
· Estimular a inovação mais rápida e ainda mais lucrativa de
novos produtos.
38
CONCLUSÃO
Estamos numa época de nos acostumarmos com a era digital e com
a Internet em particular. É uma época de experiências, antes de tudo. Quanto
mais experiências, melhor. Quanto mais diversas forem as experiências, maiores
serão as chances de acharmos o melhor rumo para o futuro.
Nesta direção é muito importante que a sociedade, através dos seus
poderes regulamentadores, acolha e incentive a maior diversidade de experiências
buscando dentre elas a melhor. Apenas os valores éticos devem limitar a
diversidade destas experiências. A opção propriamente dita deve ser deixada para
os mecanismos naturais da evolução. E é possível copiar os equipamentos,
produtos e procedimentos dos concorrentes, mas não seu capital intelectual e ele
assim se torna sua maior vantagem competitiva.
Verifica-se que nas últimas décadas vieram ocorrendo mudanças na
sociedade que ora culminam num processo de globalização mundial, com rápido
avanço das tecnologias de produção, informática e de telecomunicação, assim
como em outras transformações que sugerem novas formas de percepção e
interpretação da sociedade como um todo.
Esse período de gradativas mudanças na economia mundial vem
sendo apontado por muitos estudiosos do assunto como o período de transição de
uma Sociedade Industrial para uma Sociedade do Conhecimento, pois aos demais
recursos existentes, e até então valorizados e utilizados na produção - terra,
capital e trabalho, junta-se o conhecimento, alterando, principalmente, a estrutura
econômica das nações e, sobretudo, a forma de valorizar o ser humano.
A aplicação do conhecimento vem impactando, sobremaneira, o
valor das organizações, pois a materialização da utilização desse recurso, mais as
tecnologias disponíveis e empregadas para atuar num ambiente globalizado,
produzem benefícios intangíveis que agregam valor às mesmas.
39
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WOOD JÚNIOR, T. Mudança organizacional: aprofundando temas atuais em
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41
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS.............................................................................................03
DEDICATÓRIA.......................................................................................................04
RESUMO................................................................................................................05
SUMÁRIO...............................................................................................................06
INTRODUÇÃO........................................................................................................07
CAPITULO I
HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO..........................................................................08
CAPÍTULO II
DIFERENCIAL COMPETITIVO EM ADMINISTRAÇÃO.........................................10
2.1 Cultura Organizacional.....................................................................................12
CAPÍTULO III
GESTÃO EMPRESARIAL......................................................................................16
3.1 A Organização..................................................................................................17
CAPÍTULO IV
RECURSOS HUMANOS E ORGANIZAÇÃO DE CARREIRAS.............................24
4.1 Desenvolvimento de Carreiras.........................................................................26
4.2 Talentos e Carreiras.........................................................................................29
CAPÍTULO V
CAPITAL HUMANO................................................................................................33
5.1 Capital Intelectual.............................................................................................36
CONCLUSÃO.........................................................................................................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................39
ÍNDICE....................................................................................................................41