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Gestão de Riscos – Aplicações Civis e Militares 1 Guilherme A D Pereira – Analista de Sistemas & Métodos; MSc - CFMO-2544-80 Especialista em Modelagem Dinâmica – Pesquisador CEPHiMEx – Colaborador Emérito do Exército – Titular do IGHMB

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Gestão de Riscos – Aplicações Civis e Militares

1 Guilherme A D Pereira – Analista de Sistemas & Métodos; MSc - CFMO-2544-80

Especialista em Modelagem Dinâmica – Pesquisador CEPHiMEx – Colaborador Emérito do Exército – Titular do IGHMB

Gestão de Riscos – Aplicações Civis e Militares

2 Guilherme A D Pereira – Analista de Sistemas & Métodos; MSc - CFMO-2544-80

Especialista em Modelagem Dinâmica – Pesquisador CEPHiMEx – Colaborador Emérito do Exército – Titular do IGHMB

Gestão de Riscos

O que é? Para que serve? Quais as suas aplicações Civis e Militares?...

Há algum tempo atrás, discorri, na REB-152/2016-Edição Especial, sobre o uso de Modelagem

e Simulação Matemática em Planejamento Logístico Civil e Militar.

Esta é uma área da Informática Aplicada a que venho me dedicando desde 1975 e na qual, a

partir de 1997, passei a deter o Título de “Notória Especialidade” nos termos da Lei Federal

8.666.

A Modelagem e Simulação Matemática é uma ferramenta vital para o Planejamento eficiente

de Grandes Projetos Civis e Militares e, conseqüentemente, para a Gestão de seus Riscos.

Mas... O que é, afinal, Gestão de Riscos?

É um termo que ganhou fama notadamente dentro do Mercado Financeiro e, em vista disso,

passou a ser identificado como uma forma de Análise de Risco de Investimentos, mas esta é

apenas uma das miríades de aplicações desta técnica de antevisão e prevenção de problemas

com o uso de ferramentas informatizadas desenvolvidas para este específico fim.

O que possibilitou o desenvolvimento destas ferramentas foi a criação de Notações

Matemáticas e de suas correspondentes Linguagens de Simulação a partir da década de 1960

do Século XX. Seus primórdios, contudo, datam do Século XIX quando da criação da Teoria das

Probabilidades por Pierre Laplace e seu aperfeiçoamento Topológico por Jules Henri Poincaré.

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O desenvolvimento desta nova notação matemática, como tem sido praxe ao longo da

história, permitiu o estabelecimento de uma nova Teoria Física, a Mecânica Quântica com seu

esquizofrênico leque de “probabilidades” (já no início do Século XX), da mesma forma como o

Cálculo Diferencial-Integral desenvolvido por Newton nos idos do Século XVII, permitiu a

evolução do Cálculo em Engenharia e do desenvolvimento da Teoria da Gravitação Universal.

Nas décadas de 1960 e 1970, evoluiu uma nova notação matemática e topológica, a Teoria do

Caos e seu “Efeito Borboleta” (enunciado por Edward Lorenz) e sua Geometria Fractal (de

Benoit Mandelbrot) que, revolucionou a precisão dos Modelos Matemáticos de Simulação,

permitindo-os alcançar, até, 99% de confiabilidade em seus resultados (Mas a um custo ainda

muito alto e de grande complexidade matemática. A maioria dos Modelos Estocásticos

trabalha com 95% de precisão em média) e que aponta, ainda, para a possibilidade de solução

do “Santo Graal” da Física, a TCU – Teoria do Campo Unificado, o sonho de Einstein de

encontrar a Equação do Todo ou, como denominada por muitos, “Equação de Deus”!...

Voltando às aplicações mais corriqueiras de nosso dia a dia, a Gestão de Riscos abrange um

enorme leque de aplicações, em especial nos Setores de Infra-Estrutura, Transportes e

Logística, assim como em Estudos Militares Táticos e Estratégicos, nos quais o RISCO e a

variável ACASO são um fantasma eternamente presente.

Os estudos matemáticos nesse campo foram reunidos numa técnica denominada Pesquisa

Operacional – PO, criada para aplicações militares, mais especificamente para equacionar o

imenso trabalho logístico que precedeu o Dia “D” e que foi brilhantemente definida pelo

“Futurólogo” e autor de Ficção Científica Arthur C. Clarke como a “Arte de Vencer Guerras sem

Lutar”!...

Com o advento dos Computadores Digitais, esta técnica atingiu seu “Estado da Arte” a partir

da década de 1960 como já referenciado anteriormente. Nos anos 1950 e 1960 lançou-se mão

da Linguagem FORTRAN (Fórmula Translator), mas, a partir de 1964, a IBM desenvolveu o

GPSS (General Purpose Simulation System), primeira linguagem de informática específica para

aplicações de PO.

Com o advento dos microcomputadores, uma nova versão, o GPSS/PC surgiu nos anos 1980, já

dotada de capacidade de representação gráfica (animação) 2D, seguida pelo ARENA, pelo

PROMODEL, pelo AUTOMODEL e pelo SIMUL8. A partir dos anos 2000 surge o ANYLOGIC que

disputa com o SIMUL8 o mérito da facilidade de uso e aplicação.

Hoje, ARENA, PROMODEL, SIMUL8 e ANYLOGIC disputam um mercado crescente em países do

1º mundo da Comunidade Européia, China, Rússia e Japão, além, é claro dos Estados Unidos da

América, tanto no que de refere a planejamento civil quanto militar.

No Brasil, infelizmente, onde é tradição não se planejar nada nem de curto, nem de médio,

que dirá de longo prazo, estas ferramentas permanecem quase desconhecidas, apesar de

pessoas como eu lidarem com elas há mais de 40 anos!

A maioria dos Usuários destas ferramentas e técnicas são empresas estatais de grande porte como a Petrobras, Sistemas Metro-Ferroviários, Portos e Aeroportos, Sistemas de Concessões Rodoviárias, e suas empresas de apoio, na sua maioria, empreiteiras, contratadas e consultoras, prestadoras de serviço.

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A partir de 2008, o BNDES passou a exigir a construção de modelos matemáticos de simulação para obtenção de seu aval frente a empréstimos junto ao BIRD e ao BID. Uma exigência daquelas duas Entidades Internacionais de Fomento.

A resistência das empresas brasileiras de pequeno, médio e, mesmo, grande portes, no uso de tais ferramentas, ainda consideradas um “Luxo Caro”, é conseqüência, infelizmente, da absoluta ignorância. Dificilmente a construção de um Modelo sofisticado de Simulação, incluindo a representação 3D do Projeto a ser simulado ultrapassa os 0,5% do custo do planejamento do Projeto (Não de sua execução que é muito maior). Por outro lado, estes modelos conseguem identificar com precisão gargalos de sub-dimensionamento, assim como o super-dimensionamento de equipamentos.

Eu, mesmo, já lancei mão destas técnicas para o dimensionamento de Sistemas Metroviários (RJ e SP), Sistemas Ferroviários (RFFSA, Supervia e Vale), Aeroportos (Guarulhos, Galeão, Confins), Portos (Sepetiba, Tubarão, Praia Mole, Complexo Pré-Sal de Itaguaí) e Sistemas Concedidos Rodoviários (RJ, SP, PR e RS). Meu último grande trabalho de Gestão de Riscos foi a análise do Projeto da Linha-6SP no biênio 2013-2014 (Depois, como um dos efeitos negativos da “Lavajato”, que foi a paralisação dos grandes projetos governamentais este tipo de estudo foi praticamente interrompido. Claro que isso não foi culpa da operação “Lavajato” e sim da corrupção atuante no setor, mas como nosso processo judicial é extremamente lento, é mais um preço que o país paga e tem que ser posto na conta dos corruptos de plantão!).

Voltando ao caso do Projeto da Linha-6 do Metrô de São Paulo, em 45 dias, a um custo líquido de R$ 60 mil reais (R$ 80 mil brutos – impostos, etc), utilizando um Modelo Determinístico de minha autoria, consegui a retirada de 17 escadas rolantes que estavam super-dimensionadas, resultando num economia de R$ 17 milhões no Projeto, sem contar a supressão e o redimensionamento das linhas de torniquetes espalhadas por diversas das 15 estações integrantes do sistema analisado (25 linhas), uma economia quase equivalente de recursos. O Modelo Estocástico que se seguiu, executado num prazo de 6 meses, a um custo líquido de R$ 240 mil (R$320 mil brutos) resultou numa economia adicional de US$ 200 milhões (~R$ 792 milhões), antes que um único buraco fosse cavado, que um trilho, sequer, fosse implantado. O que isso significa em termos de Relação Custo x Benefício? Os modelos custaram 0,048% do que foi economizado! Isso é Simulação Matemática, isso é Gestão de Riscos!

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No âmbito Militar, no período compreendido entre 1986 e 1990, desenvolvi uma série de

estudos de simulação apresentados ao extinto EMFA com foco na determinação das

conseqüências de um confronto NBC (QBN), considerando cenários severos com mais de 3

mil megatons detonados em todos os tipos de situações estratégicas, em ambos os

hemisférios. O principal resultado destes estudos foi a determinação de uma faixa de Fallout

(precipitação radioativa) mínimo e de resfriamento climático mínimo em função de eventuais

cenários de Inverno Nuclear (Vide Relatório TTAPS de 1984 e seus contrapontos). Destes

estudos, resultou uma proposta encaminhada ao EMFA para a utilização do Projeto Calha

Norte em associação com o Projeto Rondon para a criação, na região compreendida entre o

Sul da Amazônia e o Norte do Cerrado, de um sistema de núcleos de sobrevivência capazes de

abrigarem perto de 1 milhão de pessoas a um custo de implantação e manutenção mínimos

com a implantação de pontos de apoio que ainda contribuiriam para a integração nacional.

Em 2012, já aposentado, efetuei uma revisão do Projeto em tela com o uso de ferramentas

mais modernas e potentes como o SIMUL8. Os resultados foram encaminhados ao EB em 2016

e ao MD em 2017, estando sob análise deste último.

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Um modelo de apresentação foi implementado em SIMUL8 (2013), descrevendo o

deslocamento de uma divisão mecanizada ao longo de 5 dias (podendo ser, este prazo,

estendido a critério dos analistas) de operação ininterrupta, deslocando-se após as ordens do

QG e chegando à Linha de Frente. Este modelo matemático de simulação foi apresentado em

curso por mim ministrado no CEPHiMEx (2013-2015; ref DPHCEx/CEPHiMEx OS-08/2013),

versando sobre as aplicações de Modelagem, Simulação e Multimídia 2D e 3D, e encontra-se à

disposição em DVD Multimídia naquela instituição.

O que se pode fazer, realmente, com Gestão de Riscos?

Em termos Civis:

1-Aumentar a eficiência na elaboração de novos projetos e na revisão e aperfeiçoamentos de

processos produtivos já implantados.

2-Diminuir sensivelmente custos de implantação e produção.

3-Diminuir a ocorrência de acidentes em sistemas de Logística, Transportes e Infra estrutura,

minorando perdas materiais e salvando vidas.

Tudo isso pode ser feito em empresas públicas ou privadas de pequeno, médio e grande

portes. Na maioria dos casos, com o uso de Modelos Determinísticos simples, como no caso de

Mariana, mais uma questão de monitoramento permanente do que de elaboração de Modelos

Estocásticos e Dinâmicos complexos, e, mesmo, com a utilização de simples Regras de Três

como no caso da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria que poderia ter sido evitada se a

fiscalização cumprisse seu papel utilizando controles simples de Taxas de Ocupação.

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Especialista em Modelagem Dinâmica – Pesquisador CEPHiMEx – Colaborador Emérito do Exército – Titular do IGHMB

Cumpre deixar registrado que, ao longo de meus mais de 40 anos de carreira participei,

coordenei, gerenciei a maioria dos grandes levantamentos de campo e criação de modelos

matemáticos realizados neste país, tendo, no ERJ, sido parte da equipe que gerenciou o PIT-

Metrô, o PTM, o PET e o PDTU, como responsável pelos levantamentos de campo, criação de

matrizes de viagens, determinação de caminhos de impedância mínima, modelos de alocação

e modelos matemáticos de simulação Determinísticos, Estocásticos e Dinâmicos (2D e 3D), ou

seja, tenho pleno conhecimento e controle de todas as etapas do processo, tanto do ponto de

vista teórico quanto das aplicações práticas. Infelizmente contam-se nos dedos os profissionais

no Brasil que tiveram a sorte de acumular esta experiência; meia dúzia de “Homens Banda”.

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Especialista em Modelagem Dinâmica – Pesquisador CEPHiMEx – Colaborador Emérito do Exército – Titular do IGHMB

Em termos Militares: As aplicações são as mais diversas, não apenas no que se refere a

Modelos de Simulação aplicados a planejamento Tático de Campo e Estratégico (Jogos de

Guerra), mas igualmente na análise de processos Logísticos e de Infra Estrutura, fundamentais

no deslocamento de unidades durante uma guerra, em especial na moderna Combinação de

Armas. O uso de modelos em planejamento militar é tão antigo quanto a própria guerra,

simplesmente, as modernas ferramentas de computação gráfica, animação e simulação os

tornaram tão próximos da realidade que chegaram a cunhar o termo “Realidade Virtual”.

Hoje, a reprodução dos eventos em um campo de batalha é tão perfeita que é possível criar-

se “avatares” individualizados homem a homem e conferir a estes “personalidade” de forma a

tornar possível avaliar-se o comportamento de Comandantes quando confrontados com

situações inesperadas durante uma manobra ou combate.

Este tipo de Modelos de Simulação é diferente dos simuladores nos quais são treinados

Oficiais e soldados na operação de seus equipamentos, um processo com características mais

analógicas.

No caso de Modelos Estocásticos e Dinâmicos Lineares é possível avaliar-se o desempenho de

unidades completas, ainda que detalhadas homem a homem, veículo a veículo, incluindo-se a

variável acaso de forma aleatória para analisar-se todo um elenco de possibilidades e as

diversas soluções encontradas por Oficiais Comandantes na simulação do calor da batalha.

Esta técnica vem sendo utilizada de muito por todas as forças militares do 1º mundo,

permitindo a avaliação de cenários realistas, otimistas e pessimistas com extrema precisão,

reforçando com aplicações práticas o comportamento da tropa, diminuindo,

substancialmente, os custos, pois uma vez analisados os cenários de atuação de forma virtual,

apenas os exercícios reais com as manobras mais promissoras ou mais delicadas precisam ser

executados.

Do ponto de vista Logístico estes modelos são fundamentais para o planejamento e a

simulação do deslocamento dos “trens de armamento e de combate” em campo, levando em

consideração as condições de vias de acesso principais e alternativas que serão percorridas

pelas tropas (Aéreas, Marítimas e Terrestres) até atingirem seus objetivos de engajamento.

Nada substitui a prática, mas a simulação pode tornar os exercícios práticos extremamente

mais eficientes, dentro de uma relação Custo x Benefício imbatível.

Sempre surgem as perguntas: Quão complicada é a implementação desta técnica? Qual o seu

custo? Quais as dificuldades de treinamento? Qual o grau de customização das ferramentas?

Em 2013, quando preparava o material para o Curso M3H (OS-08/2013/DPHCEx/CEPHiMEx),

fiz uma consulta aos principais fornecedores de softwares especialistas (ARENA, PROMODEL,

SIMUL8). Das empresas consultadas à época, apenas a Simulate (SIMUL8) mostrou-se

interessada em produzir uma versão do software customizada para Português, mas acredito

que outras possam se interessar em fazê-lo se um contrato com as três Forças Armadas via MD

vier a ser postulado.

O custo de uma versão atualizada de uma ferramenta como o SIMUL8 gira em torno de US$ 8 mil (Já custou metade disso há 5 anos atrás quando procuravam ganhar mercado. Na época, o

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custo das ferramentas concorrentes era em torno de 30 mil dólares. Por outro lado, o ANYLOGIC vem sendo fornecido gratuitamente em sua versão mais simples, ainda que completa, pela Universidade de São Petesburgo, com o mesmo objetivo de conquistar mercados.).

Eu pergunto; qual o custo de 1 único caça Rafalle? De um submarino Nuclear? De um único carro de combate Leopard 1A5? De um único projétil “Flecha”? De um único míssil Ar-Ar? Será que investir numa ferramenta que pode otimizar o uso de todos estes equipamentos não vale à pena?

Recordando; em 1985 eu já acumulava 10 anos de experiência nesse setor e desenvolvia com ferramentas extremamente primitivas como o GPSS (primitivas em relação ao que temos hoje) modelos de simulação de cenários de Guerra Nuclear!...

Esta é uma de minhas maiores preocupações. Durante as décadas de 1960 a 1990 em especial, investiu-se muito em seu uso no Setor de Transportes. Hoje, a maioria dos técnicos que trabalharam nestes projetos ou já se foram ou estão na casa dos 60 a 80 anos! E, embora estas ferramentas ainda continuem sendo ensinadas em cursos de pós-graduação, em especial em Transportes, no IME, no ITA, na UFRJ, na USP, muito poucos destes novos profissionais terão, a curto prazo, a oportunidade de utilizar este conhecimento em aplicações práticas. Nossa memória está se perdendo e, com isso, um Know-How insubstituível. Foi desta preocupação que surgiu o Curso M3H.

Outra preocupação sempre presente na análise de riscos quando da elaboração de projetos, é a complexidade do processo licitatório brasileiro normatizado pela Lei Federal 8.666.

Esta Lei, criada com o objetivo de “moralizar” o processo licitatório, na verdade tornou-se o seu maior fator de indução à corrupção e precisa ser urgentemente revista e simplificada.

Qualquer processo de licitação, normal, no Brasil, pode levar até um ano e meio da promulgação do Edital à Praça até a assinatura do contrato com o vencedor. Quando algum agente perdedor impetra um recurso, o processo pode estender-se ao ponto de chegar a 5 anos e a licitação perder a validade. Tudo isso propicia a criação de “dificuldades” para a venda de ”facilidades”, estimulando a corrupção endêmica neste país.

É preciso ficar claro que o processo licitatório envolve, invariavelmente, 4 componentes; o componente Técnico, o Financeiro, o Jurídico e o Político. Basta que um destes componentes apresente qualquer tipo de problema para que todo o processo resulte em fracasso. Normalmente, o grande causador de problemas é o componente Político, infelizmente.

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Eu costumo exemplificar esse problema como se o projeto se apoiasse em cima de uma mesa

de 4 pernas, cada uma representando um componente. Como é fácil de deduzir, a perda de

uma das “Pernas” é suficiente para que o projeto “desabe”!...

Em síntese, a função primordial da Gestão de Riscos é analisar, com precisão, SEMPRE, “O

PIOR CENÁRIO” e propor SOLUÇÕES para superá-lo!

Um verdadeiro “Gestor de Riscos” não pode dar-se ao LUXO de ser OTIMISTA, assim como não

pode deixar-se levar pelo pessimismo frente à crueza de alguns dos cenários estudados. Ele

precisa ser imparcial, REALISTA, movido por um saudável ceticismo científico que lhe permita

atingir, sempre, o máximo de EFICIÊNCIA!

É preciso pesquisar para conhecer, conhecer para compreender, compreender para

solucionar! Tendo-se, sempre, em mente o velho adágio; “É melhor prevenir do que

remediar”!... Precisamos parar de “fechar a porteira” depois que os bois já fugiram, um velho e

nefasto hábito neste país...

A decisão é nossa. Podemos investir em tecnologia e nos igualarmos (Por que não

superarmos?) às mais competitivas nações ou continuarmos sendo o ETERNO “País do Futuro”

sujeito às imposições das POTÊNCIAS do Presente!

----------xxx---------- GADP-05/01/2018

Guilherme A D Pereira Analista de Sistemas & Métodos; MSc – CFMO-2544-80

Especialista em Modelagem Dinâmica – Detentor de “Notória Especialidade” Pesquisador Associado CEPHiMEx – Colaborador Emérito do Exército – Titular do IGHMB

Referências:

1- Logística e Simulação – Uma Parceira de Sucesso – REB-152- 2016 – Edição Especial

2- A Guerra Nuclear – Um Fantasma do passado ou um Pesadelo para p futuro? – Revista

do IGHMB – 2017 – No 76

3- Dezenas de Artigos do Autor com suas Bibliografias, disponíveis em seu Perfil do

Linkedin e em sua Página de Usuário na Wikipédia (Consultar via Google “Guilherme A

D Pereira Linkedin” e/ou “Guilherme A D Pereira Wikipédia”)

4- Curso M3H OS-08/2013-DPHCEx/CEPHiMEx – Módulo III

5- Maiores informações conectar o Autor via e-mail [email protected]