Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

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EDSON MESQUITA DA COSTA NETO Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de Software: Uma Alternativa ao Gerenciamento Tradicional Trabalho apresentado ao curso MBA em Gerenciamento de Projetos, Pós-Graduação lato sensu, da Fundação Getulio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerenciamento de Projetos. ORIENTADOR: ARNALDO LYRIO BARRETO Salvador Junho / 2018

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EDSON MESQUITA DA COSTA NETO

Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de Software:

Uma Alternativa ao Gerenciamento Tradicional

Trabalho apresentado ao curso MBA em

Gerenciamento de Projetos, Pós-Graduação lato

sensu, da Fundação Getulio Vargas como

requisito parcial para a obtenção do Grau de

Especialista em Gerenciamento de Projetos.

ORIENTADOR: ARNALDO LYRIO BARRETO

Salvador

Junho / 2018

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II

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

PROGRAMA FGV MANAGEMENT

MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O Trabalho de Conclusão de Curso

Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de Software: Uma Alternativa ao

Gerenciamento Tradicional

elaborado por Edson Mesquita da Costa Neto

e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gerenciamento de Projetos, foi

aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível

de especialização do Programa FGV Management.

Salvador, 27/06/2018

André Barcaui

Coordenador Acadêmico Executivo

Arnaldo Lyrio Barreto

Professor Orientador

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III

TERMO DE COMPROMISSO

O aluno Edson Mesquita da Costa Neto, abaixo assinado, do curso de MBA em Gerenciamento

de Projetos, Turma (número da turma) 36 do Programa FGV Management, realizado nas

dependências da FGV Salvador, no período de 14/10/16 a 12/05/18, declara que o conteúdo do

Trabalho de Conclusão de Curso intitulado Gerenciamento Ágil de Projetos de

Desenvolvimento de Software: Uma Alternativa ao Gerenciamento Tradicional é autêntico,

original e de sua autoria exclusiva.

Salvador, 27/06/2018

Edson Mesquita da Costa Neto

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IV

RESUMO

As dificuldades apresentadas para o gerenciamento de projetos de desenvolvimento de software

SCADA, trazem a necessidade de novas práticas e métodos para atender de forma satisfatória

os projetos deste ambiente. As áreas voltadas a tecnologia da informação e engenharia são as

que mais utilizam metodologias para gestão, contudo os projetos que apresentam problemas de

escopo mal definido e mudanças de escopo constantes, características inerentes ao

desenvolvimento de software, continuam apresentando índices de insucesso bem elevados.

Com maior foco no desenvolvimento e satisfação do cliente, a abordagem ágil, embasada em

princípios que visam a simplificação do processo de gerenciamento, surge como uma boa

alternativa. Isto se dá pela redução da burocracia defendida pelo método tradicional e,

principalmente, pela capacidade de se adaptar de forma mais suave para absorção de mudanças

no escopo, mesmo quando essas acontecem no final do projeto. O Scrum, prática ágil mais

utilizada atualmente, busca maior aproximação com o cliente, para que desta forma o mesmo

obtenha o que realmente necessita e deseja, e assim, aumentar a taxa de sucesso desses projetos.

Comparando a proposta de gerenciamento das duas abordagens (tradicional e ágil), a diferença

mais notória é visualizada no planejamento. Enquanto a abordagem tradicional objetiva

planejar detalhadamente a execução de todo projeto, a abordagem ágil visa realizar o

planejamento por partes, priorizando o que será executado nas próximas duas ou quatro

semanas, de forma sucessiva e constante. Além do planejamento, a cultura ágil necessita de

mudanças organizacionais, que costuma agregar valor, mas também pode se tornar uma barreira

para implantação, isso porque, essa cultura “dilui” o poder dos superiores e dar mais poder e

responsabilidade para a equipe de desenvolvimento. A literatura e estudos obtidos para o

desenvolvimento do trabalho, evidenciam que os projetos dessa natureza obtêm maior taxa

sucesso, quando utilizam o gerenciamento ágil.

Palavras-Chave: Projetos; Gerenciamento; Gerenciamento ágil de projetos; Scrum; SCADA.

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V

ABSTRACT

The difficulties presented for the management of SCADA software development projects bring

the need for new practices and methods to satisfactorily fulfill the projects of this environment.

The areas that focus on information technology and engineering are those that most use

management methodologies, however, projects that present problems of poorly defined scope

and constant changes of scope, characteristics inherent in software development, continue to

present very high failure rates. With a greater focus on customer development and satisfaction,

the agile approach, based on principles aimed at simplifying the management process, emerges

as a good alternative. This is due to the reduction of the bureaucracy defended by the traditional

method and, mainly, by the ability to adapt more smoothly to absorb changes in the scope, even

when these happen at the end of the project. Scrum, the most agile practice currently used, seeks

greater rapprochement with the client, so that it can get what it really needs and want, and thus,

increase the success rate of these projects. Comparing the management proposal of the two

approaches (traditional and agile), the most notorious difference is visualized in planning.

While the traditional approach aims to plan in detail the execution of every project, the agile

approach aims to carry out the planning in parts, prioritizing what will be executed in the next

two or four weeks, in a successive and constant way. In addition to planning, agile culture

requires organizational changes, which usually add value, but can also become a barrier to

implementation, because this culture "dilutes" the power of superiors and gives more power

and responsibility to the development team. The literature and studies obtained for the

development of the work, show that the projects of this nature obtain a greater success rate,

when they use the agile management.

Keywords: Projects, Management, Agile project management, Scrum, SCADA.

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VI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Layout Sistema SCADA .......................................................................................... 11

Figura 2 - Centro Operacional - SCADA ................................................................................. 12

Figura 3 - Arquitetura Sistema SCADA ................................................................................... 13

Figura 4 - Interfaces para o Usuário - SCADA ........................................................................ 14

Figura 5 - Representação Genérica de um Ciclo de Vida do Projeto ....................................... 18

Figura 6 - Componentes-chave do Guia PMBOK .................................................................... 20

Figura 7 - Valores do Manifesto Ágil ....................................................................................... 29

Figura 8 - Princípios do Scrum ................................................................................................. 32

Figura 9 - Papéis do Scrum ...................................................................................................... 35

Figura 10 - Artefatos do Scrum para Sprint ............................................................................. 38

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Comparação Áreas de Conhecimento - Abordagens Tradicional e Ágil ............... 51

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VII

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 11

2.1. Software SCADA (Supervisory Control and Data Aquisition) ............................. 11

2.2. Gerenciamento tradicional de projetos (PMBOK GUIDE) ................................... 14

2.2.1. PMI e PMBOK ............................................................................................. 14

2.2.2. Projetos ......................................................................................................... 15

2.2.3. Gerenciamento de projetos ........................................................................... 16

2.2.4. Papel do gerente de projetos (GP) ................................................................ 17

2.2.5. Ciclo de vida do projeto ............................................................................... 17

2.2.6. Áreas do conhecimento em gerenciamento de projetos ............................... 18

2.2.7. Grupos de processos de gerenciamento de projetos ..................................... 19

2.2.7.1. Grupo de processos de iniciação ............................................................. 21

2.2.7.2. Grupo de processos de planejamento ...................................................... 22

2.2.7.3. Grupo de processos de execução ............................................................. 24

2.2.7.4. Grupo de processos de monitoramento e controle................................... 26

2.2.7.5. Grupo de processos de encerramento ...................................................... 27

2.3. Metodologia ágil de gerenciamento ...................................................................... 28

2.3.1. Definições ..................................................................................................... 28

2.3.2. Manifesto ágil de desenvolvimento de software .......................................... 28

2.3.3. Métodos ágeis de desenvolvimento de software .......................................... 30

2.4. Scrum ..................................................................................................................... 30

2.4.1. Origem .......................................................................................................... 30

2.4.2. Valores e princípios ...................................................................................... 31

2.4.3. Definição ...................................................................................................... 33

2.4.4. Papéis (equipe) ............................................................................................. 34

2.4.4.1. Time Scrum ............................................................................................. 35

2.4.4.2. Dono do produto (product owner) ........................................................... 36

2.4.4.3. Scrum master ........................................................................................... 37

2.4.5. Artefatos ....................................................................................................... 38

2.4.5.1. Backlog do produto .................................................................................. 39

2.4.5.2. Backlog da Sprint .................................................................................... 39

2.4.5.3. Definição de pronto ................................................................................. 40

2.4.5.4. Incremento do produto............................................................................. 41

2.4.6. Eventos ......................................................................................................... 41

2.4.6.1. Sprint ....................................................................................................... 42

2.4.6.2. Planejamento da Sprint ............................................................................ 43

2.4.6.3. Reunião diária .......................................................................................... 44

2.4.6.4. Revisão da Sprint ..................................................................................... 45

2.4.6.5. Retrospectiva da Sprint ............................................................................ 46

3. ANÁLISE DE TÓPICOS MAIS RELEVANTES .......................................................... 47

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VIII

3.1. Gerenciamento de projetos de desenvolvimento de software SCADA ................. 47

3.2. Gerente de projetos e Scrum master ...................................................................... 47

3.3. Gerenciamento do ciclo de vida dos projetos ........................................................ 48

3.3.1. Iniciação ....................................................................................................... 48

3.3.2. Planejamento ................................................................................................ 49

3.3.3. Execução ...................................................................................................... 49

3.3.4. Monitoramento e controle ............................................................................ 49

3.3.5. Encerramento ............................................................................................... 50

3.4. Gerenciamento das áreas do conhecimento em gerenciamento de projetos .......... 50

3.5. Benefícios .............................................................................................................. 52

3.6. Barreiras de entrada para abordagens ágeis ........................................................... 54

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 55

5. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 56

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1. INTRODUÇÃO

Percebe-se que a área de tecnologia da informação e engenharia, setores que mais possuem

projetos de desenvolvimento de software, são as áreas que mais utilizam metodologias de

gerenciamento de projetos (PMI, 2014).

Contudo, a utilização de metodologias não garante o sucesso dos projetos, de acordo com o

Standish Group (2016), no período de 2011 a 2015, em média, menos de 30% dos projetos de

desenvolvimento de software podem ser considerados bem-sucedidos.

Segundo o PMI (2014), 58,5% dos projetos têm problemas de escopo mal definido e 54,2% têm

problemas com mudanças de escopo constantes. Sendo que estes pontos, são características

inerentes aos projetos de desenvolvimento de software.

Apesar da maior atenção e dedicação para o gerenciamento de projeto por parte das áreas

voltadas a tecnologia, os índices de insucesso continuam elevados. Jeff Sutherland (2014)

defende que investir demais no planejamento, tentando restringir mudanças e adivinhar o

imponderável, não é muito efetivo, já que o cenário planejado nunca vira realidade.

Mais que a metade dos projetos têm problemas de escopo mal definido ou com mudanças de

escopo constantes, segundo o PMI (2014). Como indicado anteriormente, em grande parte dos

projetos de desenvolvimento de software, os requisitos estão sujeitos a frequentes alterações de

escopo durante o projeto.

Além disso, conforme Standish Group (2016), comparando os resultados obtidos por projetos

de desenvolvimento de software no período de 2011 a 2015, foi constatado que os projetos que

utilizaram métodos ágeis obtiveram maior taxa de sucesso quando comparados aos projetos

conduzidos de forma tradicional.

Em vista que as metodologias ágeis absorvem as mudanças de requisitos, mesmo que estas

ocorram próximo ao final do projeto (BECK, 2001), essas surgem como uma boa proposta para

gerenciar os projetos de desenvolvimento de software SCADA. E como o Scrum é a

metodologia ágil mais utilizada no mundo, segundo Version One (2017), terá maior enfoque

neste trabalho.

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10

Este trabalho está delimitado a projetos de desenvolvimento de software SCADA. Em geral,

estes possuem muitas incertezas e estão suscetíveis a mudanças durante a execução dos

mesmos.

Para efeito deste trabalho, será realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema. Além disso,

será realizada uma análise comparativa entre o gerenciamento ágil e tradicional evidenciando

qual destes é mais efetivo para o gerenciamento de projetos de desenvolvimento de software.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo geral realizar um estudo comparativo entre

gerenciamento de projetos ágil e tradicional, gerando subsídios para identificação do método

mais apropriado para o gerenciamento de projetos de desenvolvimento de software.

De modo a alcançar este objetivo geral, o trabalho abordará os seguintes objetivos específicos:

• Estudo geral sobre gerenciamento de projetos tradicional (PMBOK);

• Estudo geral sobre metodologias ágeis de gerenciamento;

• Estudo mais aprofundado sobre a metodologia ágil mais utilizada no gerenciamento de

projetos;

• Realizar uma análise comparativa entre o gerenciamento de projetos tradicional e ágil.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Software SCADA (Supervisory Control and Data Aquisition)

Os softwares SCADA (Supervisory Control and Data Aquisition), também conhecidos como

Sistemas Supervisórios, têm o propósito de representar o comportamento de um processo de

forma gráfica, tornando-se assim, uma interface objetiva entre um operador e o processo

(URZÊDA, 2006).

Segundo Boyer (2004, p.9), “SCADA é a tecnologia que permite ao usuário coletar dados de

uma ou mais instalações à distância e enviar instruções de controle limitadas para essas

instalações”. Desta forma, não se faz necessário que um operador permaneça ou se desloque

constantemente para locais ou insalubres, quando essas instalações remotas estiverem operando

normalmente, conforme pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 - Layout Sistema SCADA

FONTE: HI TECNOLOGIA (2018)

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12

Um sistema SCADA é composto de hardware e software. O hardware principal é formado por

terminais remotos, CLP (Controlador Lógico Programável) ou UTR (Unidade Terminal

Remota), e dispositivos de campo, atuadores e sensores. Estes em conjunto obtêm dados em

tempo real do processo e transmitem esses dados a uma estação principal por meio de um

sistema de comunicação (BAILEY, 2003).

A estação principal contempla o software SCADA (ver Figura 2), o qual exibe os dados

adquiridos no processo e permite que o operador monitore e execute tarefas de controle remoto.

Os dados obtidos possibilitam a otimização da operação do processo. Além disso, o processo

se torna mais eficiente, confiável e é operacionalizado de forma mais segura (BAILEY, 2003).

Figura 2 - Centro Operacional - SCADA

FONTE: SIAUTEC (2018)

Para o funcionamento correto de um sistema SCADA, a automação deve ser empregada no

processo, possibilitando a comunicação com os equipamentos de campo. Desta forma, o

operador consegue visualizar as informações na interface gráfica, de modo a exibir a evolução

do estado dos dispositivos e do processo controlado, permitindo informar anomalias, sugerir

medidas a serem tomadas ou reagir automaticamente, bem como registrar todas as condições

em bancos de dados (SILVA, 2005).

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Figura 3 - Arquitetura Sistema SCADA

FONTE: SILVA (2005)

Segundo Urzêda (2006), O software SCADA em geral apresenta funções especificas para cada

processo. Entretanto, existem funções básicas que estão diretamente ligadas ao conceito de

supervisão, as quais estão disponíveis em praticamente todos os Sistemas Supervisórios, são

elas:

• Visualização Gráfica

• Informação e Registro de Alarmes

• Verificação do Status do Processo

• Execução de Comandos para o Processo

Atualmente, os sistemas de automação industrial, através dos avanços tecnológicos (de

computação e comunicação), proporcionam otimizar a monitoração e o controle dos processos

industriais, efetuando coleta de dados mesmo em ambientes mais complexos, e apresentando-

os de modo amigável para o operador, seja numa interface própria, mensagens via e-mail,

celular, entre outros, como pode ser visto na Figura 4 (SILVA, 2005).

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Figura 4 - Interfaces para o Usuário - SCADA

FONTE: ELIPSE SOFTWARE (2018)

2.2. Gerenciamento tradicional de projetos (PMBOK GUIDE)

2.2.1. PMI e PMBOK

O Project Management Institute (PMI), fundado em 1969 por James R. Snyder, Eric Jenett, J.

Gordon Davis, E.A. “Ned” Engman e Susan Gallagher, foi criado com o objetivo principal de

criar um meio para os gerentes de projeto se associarem, compartilharem informações e

discutirem problemas comuns (PMI, 2018).

Segundo Luiz (2017), o PMI é considerado a organização mais reconhecida em termos de

promoção de práticas de gerenciamento. Além disso, outro ponto importante é o

reconhecimento como um desenvolvedor de padrões American National Standards Institute

(ANSI) e ser a primeira organização do segmento a ter seu programa de certificação

reconhecido pela International Organization for Standardization (ISO) 9001.

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Atualmente, o PMI é considerado a maior associação sem fins lucrativos do mundo para

profissionais de gerenciamento de projetos, com mais de meio milhão de associados e de

Profissionais Certificados em 185 países (PMI BRAZIL, 2018).

Como dito, o PMI busca o estabelecimento de boas práticas de gerenciamento, e até o presente

momento, sua contribuição mais expressiva direcionada ao assunto é um guia contemplando

estas práticas, o Project Management Body of Knowledge (PMBOK). Devido a utilização

difundida e aceitação internacional, este guia representa o modelo de gerenciamento tradicional

de projetos.

2.2.2. Projetos

Segundo o PMI (2017, p.4), “projeto é um esforço temporário empreendido para criar um

produto, serviço ou resultado único”. Diante dessa afirmativa, a primeira característica de um

projeto, a temporariedade do empreendimento, indica que, diferentemente dos processos

operacionais (repetitivos), os projetos devem ter um encerramento. Contudo, esta afirmação

não implica que esta duração deva ser curta, um projeto pode ter duração de um dia ou dez anos,

por exemplo.

Outro ponto importante é quanto a exclusividade do resultado do projeto. Esta, segundo PMI

(2017), refere-se apenas as características principais do resultado, ou seja, a repetição pode estar

presente em algumas atividades do projeto.

De forma similar ao PMI, Vargas (2008) afirma que projeto é um empreendimento sem

repetição, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim,

como foco em atingir um objetivo claro, num prazo pré-definido, com custos, recursos e

parâmetros de qualidade especificados.

Vargas (2009) considera ainda que os projetos atingem todos os níveis da organização,

envolvem uma quantidade variável de pessoas (desde pequenos grupos a milhares) e tempo

(desde menos de um dia a vários anos). Os projetos ainda, costumam extrapolar as fronteiras

da organização, envolvendo fornecedores, clientes, parceiros e governo, e muitas vezes, buscam

alcançar os objetivos estratégicos da organização.

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Camargo (2014) afirma ainda que, apesar do PMBOK ter maior foco para projetos de grande

porte, os projetos menores devem ser gerenciados seguindo princípios similares para que toda

a organização de projetos da empresa trabalhe de forma consistente.

Segundo PMI (2017), o encerramento do projeto é identificado na ocorrência de pelo menos

uma das seguintes situações:

• Os objetivos do projeto foram alcançados;

• Os objetivos não serão ou não poderão ser cumpridos;

• Os recursos estão esgotados ou não estão mais disponíveis para alocação ao projeto;

• A necessidade do projeto não existe mais;

• O projeto é finalizado por motivo legal ou por conveniência.

2.2.3. Gerenciamento de projetos

Segundo o PMI (2017, p.10), “gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos,

habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus requisitos”.

Seguindo o mesmo raciocínio, para Vargas (2008), o gerenciamento de projetos é um conjunto

de ferramentas gerenciais, e estas possibilitam que a empresa desenvolva habilidades para o

controle de eventos não repetitivos, únicos e complexos, considerando o tempo, custo e

qualidade.

Em geral, o gerenciamento de projetos pode ser aplicado a qualquer situação onde exista um

empreendimento que foge ao operacional (rotineiro) na empresa. Além disso, se o

empreendimento é único e pouco familiar, a atividade de gerenciamento de projetos deve ser

intensificada, já que o sucesso da gestão de um projeto está intimamente ligado ao sucesso com

que as atividades são identificadas e realizadas (VARGAS, 2009).

Por fim, segundo PMI (2017), o gerenciamento de projetos é realizado através da aplicação e

integração apropriadas dos processos de gerenciamento de projetos identificados para o projeto,

e esta aplicação apropriada é responsabilidade do gerente de projeto (GP).

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17

2.2.4. Papel do gerente de projetos (GP)

“O gerente de projetos é a pessoa designada pela organização executora para liderar a equipe

responsável por alcançar os objetivos do projeto” (PMI, 2017, p.552).

Conforme PMI (2017), além das habilidades técnicas específicas e gerais de gerenciamento

necessárias para o projeto, os gerentes de projetos devem possuir no mínimo os seguintes

atributos:

• Conhecimento sobre gerenciamento de projetos, o ambiente de negócios, aspectos

técnicos e outras informações necessárias para administrar o projeto com eficácia;

• Habilidades necessárias para liderar com eficácia a equipe do projeto, coordenar o

trabalho, colaborar com as partes interessadas, solucionar problemas e tomar decisões;

• Capacidades para desenvolver e administrar escopo, cronogramas, orçamentos,

recursos, riscos, planos, apresentações e relatórios;

• Outros atributos necessários para gerenciar o projeto com sucesso, como personalidade,

atitude, ética e liderança.

O PMI (2017) cita ainda que os gerentes de projetos devem apoiar-se em habilidades

interpessoais, a exemplo de liderança, motivação, comunicação e influência, para realizar o

trabalho esperado, através da equipe e de outras partes interessadas.

Um aspecto importante de sucesso é a satisfação das partes interessadas, principalmente das

partes mais relevantes. Além disso, para ter sucesso, o gerente do projeto deve cumprir os

objetivos do projeto, requisitos de projeto e produto, e para isso a capacidade de adaptar a

abordagem do projeto, o ciclo de vida e os processos de gerenciamento de projetos se fazem

muito importante (PMI, 2017).

2.2.5. Ciclo de vida do projeto

“Todo projeto pode ser subdividido em determinadas fases de desenvolvimento. O

entendimento dessas fases permite ao time do projeto um melhor controle do total de recursos

gastos para atingir as metas estabelecidas” (VARGAS, 2009, p.28).

Conforme pode ser visto na Figura 5, esse conjunto de fases é conhecido como ciclo de vida.

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Figura 5 - Representação Genérica de um Ciclo de Vida do Projeto

FONTE: PMI (2017)

Esse ciclo fornece a estrutura básica para o gerenciamento do projeto. Segundo PMI (2017),

esta estrutura se aplica a qualquer projeto, independentemente do seu contexto ou área de

atuação. As fases desse ciclo podem ser sequenciais, iterativas ou sobrepostas. Outro quesito

importante sobre o ciclo de vida é a possibilidade de avaliar uma série de similaridades que

podem ser encontradas em outros os projetos (VARGAS, 2009).

2.2.6. Áreas do conhecimento em gerenciamento de projetos

O PMI (2017) define que as áreas de conhecimento são áreas de especialização que costumam

ser aplicadas no gerenciamento de projetos. Uma área de conhecimento é um conjunto de

processos associados com um tema específico em gerenciamento de projetos. Atualmente, são

contempladas dez áreas de conhecimento, as quais são utilizadas na maior parte dos projetos,

são elas:

• Gerenciamento da integração do projeto: Processos e atividades para identificar, definir,

combinar, unificar e coordenar os vários processos e atividades de gerenciamento dentro

dos Grupos de Processos;

• Gerenciamento do escopo do projeto: Processos necessários para assegurar que o

projeto inclui todo o trabalho necessário, e apenas o necessário, para terminar o projeto

com sucesso;

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• Gerenciamento do cronograma do projeto: Processos necessários para gerenciar o

término dentro do prazo do projeto;

• Gerenciamento dos custos do projeto: Processos envolvidos em planejamento,

estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos custos, de modo

que o projeto possa ser terminado dentro do orçamento aprovado;

• Gerenciamento da qualidade do projeto: Processos para incorporação da política de

qualidade da organização com relação ao planejamento, gerenciamento e controle dos

requisitos de qualidade do projeto e do produto para atender as expectativas das partes

interessadas;

• Gerenciamento dos recursos do projeto: Processos para identificar, adquirir e gerenciar

os recursos necessários para a conclusão bem-sucedida do projeto;

• Gerenciamento das comunicações do projeto: Processos necessários para assegurar que

as informações do projeto sejam planejadas, coletadas, criadas, distribuídas,

armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas e dispostas de

maneira oportuna e apropriada;

• Gerenciamento dos riscos do projeto: Processos de condução de planejamento,

identificação e análise de gerenciamento de risco, planejamento de resposta,

implementação de resposta e monitoramento de risco em um projeto;

• Gerenciamento das aquisições do projeto: Processos necessários para comprar ou

adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do projeto;

• Gerenciamento das partes interessadas do projeto: Processos necessários para identificar

todas as pessoas ou organizações impactadas pelo projeto, analisando as suas

expectativas e o impacto das partes interessadas no projeto, e desenvolvendo estratégias

de gerenciamento apropriadas para o engajamento eficaz das partes interessadas nas

decisões e execução do projeto.

2.2.7. Grupos de processos de gerenciamento de projetos

Conforme indicado na Figura 6, o ciclo de vida do projeto é gerenciado através da execução de

uma série de atividades de gerenciamento de projeto, conhecidas como processos de

gerenciamento de projetos, os quais são agrupados nos denominados grupos de processos (PMI,

2017).

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Figura 6 - Componentes-chave do Guia PMBOK

FONTE: PMI (2017)

Cada processo possui uma ou mais entradas, que através de técnicas e ferramentas de

gerenciamento de projetos adequadas, dão origem uma ou mais saídas. Sendo que estas saídas

representam as entregas ou resultados do projeto (PMI, 2017).

Segundo PMI (2017), um Grupo de Processos de Gerenciamento de Projetos é um agrupamento

lógico de processos de gerenciamento de projetos para atingir os objetivos específicos do

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projeto. Atualmente, os processos de gerenciamento de projetos são agrupados em cinco

grupos:

• Grupo de Processos de Iniciação;

• Grupo de Processos de Planejamento;

• Grupo de Processos de Execução;

• Grupo de Processos de Monitoramento e Controle;

• Grupo de Processos de Encerramento.

2.2.7.1. Grupo de processos de iniciação

A iniciação começa a partir do momento em que o projeto é selecionado, seja qual for

necessidade (interna, estratégica ou de mercado), que culminou na aprovação do projeto, deve

haver um plano de negócios que justifique o investimento no projeto e deixe claro quais os

benefícios esperados com a implantação do mesmo (CAMARGO, 2014).

O objetivo principal deste grupo de processos é alinhar as expectativas das partes interessadas

com o objetivo do projeto, informar a essas partes sobre o escopo e os objetivos, bem como

discutir como sua participação pode ajudar a garantir que suas expectativas sejam realizadas

(PMI, 2017).

Segundo Camargo (2014), a iniciação se caracteriza basicamente pela criação do Termo de

Abertura. Esse documento é de extrema importância, pois formaliza o início dos trabalhos em

um determinado projeto e registra as primeiras informações sobre o mesmo, contextualizando

suas necessidades principais.

Segundo PMI (2017), o projeto é autorizado oficialmente e o gerente do projeto é autorizado a

aplicar recursos organizacionais às atividades do projeto somente quando o termo de abertura

do projeto é aprovado. Dessa forma, somente projetos que estão alinhados com os objetivos

estratégicos da organização são autorizados, e os benefícios e as partes interessadas são

considerados desde o início do projeto.

Conforme PMI (2017), os processos contemplados neste grupo são:

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22

• Desenvolver o termo de abertura do projeto (TAP): Processo de desenvolver um

documento que formaliza a existência de um projeto e fornece ao GP a autoridade

necessária para aplicar recursos organizacionais às atividades do projeto;

• Identificar as partes interessadas: Processo de identificar regularmente as partes

interessadas do projeto, analisar e documentar informações relevantes sobre seus

interesses, envolvimento, interdependências, influência e impacto potencial no sucesso

do projeto.

2.2.7.2. Grupo de processos de planejamento

Este grupo contempla os processos necessários para definir o escopo total do esforço,

estabelecer e refinar os objetivos, e desenvolver o curso de ação necessário para alcançar esses

objetivos. São os processos desse grupo que desenvolvem os componentes do plano de

gerenciamento do projeto e os documentos do projeto usados para realizar o projeto (PMI,

2017).

Um ponto importante a ressaltar é que, à medida que mais informações ou características do

projeto são coletadas e entendidas, ou na ocorrência de mudanças significativas, pode ser

necessário uma revisão no planejamento inicial. Esta verificação constante do plano de

gerenciamento de projetos é denominada elaboração progressiva, que indica que o

planejamento e a documentação são atividades iterativas ou contínuas (PMI, 2017).

Segundo o PMI (2017), a versão aprovada do plano de gerenciamento do projeto, resultado de

todos os planos gerados, é considerada uma linha de base. Esta linha de base serve

principalmente para os processos de Monitoramento e Controle, para avaliar o desempenho do

projeto.

Conforme PMI (2007), os processos contemplados neste grupo são:

• Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto: Processo de definição, preparação e

coordenação de todos os componentes do plano e a consolidação em um plano de

gerenciamento integrado do projeto:

Page 23: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

23

• Planejar o gerenciamento do escopo: Processo de criar um plano de gerenciamento do

escopo do projeto e produto, que documenta como tal escopo será definido, validado e

controlado:

• Coletar os requisitos: Processo de determinar, documentar e gerenciar as necessidades

e requisitos das partes interessadas a fim de cumprir os objetivos:

• Definir o escopo: Processo de desenvolvimento de uma descrição detalhada do projeto

e do produto;

• Criar a estrutura analítica do projeto (EAP): Processo de subdivisão das entregas e do

trabalho do projeto em componentes menores e mais facilmente gerenciáveis;

• Planejar o gerenciamento do cronograma: Processo de estabelecer as políticas, os

procedimentos e a documentação para o planejamento, desenvolvimento,

gerenciamento, execução e controle do cronograma do projeto;

• Definir as atividades: Processo de identificação e documentação das ações específicas

a serem realizadas para produzir as entregas do projeto;

• Sequenciar as atividades: Processo de identificação e documentação dos

relacionamentos entre as atividades do projeto;

• Estimar as durações das atividades: Processo de estimativa do número de períodos de

trabalho que serão necessários para terminar atividades específicas com os recursos

estimados;

• Desenvolver o cronograma: Processo de analisar sequências de atividades, durações,

necessidades de recursos e restrições de cronograma para criar o modelo de cronograma

para execução, monitoramento e controle do projeto;

• Planejar o gerenciamento dos custos: Processo de definir como os custos do projeto

serão estimados, orçados, gerenciados, monitorados e controlados;

• Estimar os custos: Processo de desenvolvimento de uma estimativa dos recursos

monetários necessários para executar o trabalho do projeto;

• Determinar o orçamento: Processo de agregação dos custos estimados de atividades

individuais ou pacotes de trabalho para estabelecer uma linha de base dos custos

autorizada;

• Planejar o gerenciamento da qualidade: Processo de identificação dos requisitos e/ou

padrões de qualidade do projeto e suas entregas, e de documentação de como o projeto

demonstrará conformidade com os requisitos e/ou padrões de qualidade;

Page 24: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

24

• Planejar o gerenciamento dos recursos: Processo de definir como estimar, adquirir,

gerenciar e utilizar recursos físicos e de equipe;

• Estimar os recursos das atividades: Processo de estimar recursos da equipe, o tipo e as

quantidades de materiais, equipamentos e suprimentos necessários para realizar o

trabalho do projeto;

• Planejar o gerenciamento das comunicações: Processo de desenvolver uma abordagem

e um plano adequados para atividades de comunicação do projeto, com base nas

necessidades de informação de cada parte interessada ou grupo, de ativos

organizacionais disponíveis e nas necessidades do projeto;

• Planejar o gerenciamento dos riscos: Processo de definição de como conduzir as

atividades de gerenciamento dos riscos de um projeto;

• Identificar os riscos: Processo de identificação dos riscos individuais do projeto, bem

como fontes de risco geral do projeto, e de documentar suas características;

• Realizar a análise qualitativa dos riscos: Processo de priorização de riscos individuais

do projeto para análise ou ação posterior, através da avaliação de sua probabilidade de

ocorrência e impacto, assim como outras características;

• Realizar a análise quantitativa dos riscos: Processo de analisar numericamente o efeito

combinado dos riscos individuais identificados no projeto e outras fontes de incerteza

nos objetivos gerais do projeto;

• Planejar as respostas aos riscos: Processo de desenvolver alternativas, selecionar

estratégias e acordar ações para lidar com a exposição geral de riscos do projeto, e tratar

os riscos individuais do projeto;

• Planejar o gerenciamento das aquisições: Processo de documentação das decisões de

compras do projeto, especificando a abordagem e identificando vendedores em

potencial;

• Planejar o engajamento das partes interessadas: Processo de desenvolvimento de

abordagens para envolver as partes interessadas do projeto, com base em suas

necessidades, expectativas, interesses e potencial impacto no projeto.

2.2.7.3. Grupo de processos de execução

Este grupo de processos envolve coordenar recursos, gerenciar o engajamento das partes

interessadas, e integrar e executar as atividades do projeto em conformidade com o plano de

gerenciamento do projeto a fim de cumprir os requisitos do projeto (PMI, 2017).

Page 25: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

25

Segundo PMI (2017), os processos desse grupo podem gerar solicitações de mudança, e caso

aprovadas, estas solicitações podem impactar em um ou mais processos de planejamento,

resultando em modificações no plano de gerenciamento, nos documentos do projeto e

possivelmente constituindo novas linha de base.

Conforme PMI (2007), os processos contemplados neste grupo são:

• Orientar e gerenciar o trabalho do projeto: Processo de liderança e realização do trabalho

definido no plano de gerenciamento do projeto e implementação das mudanças

aprovadas para atingir os objetivos do mesmo;

• Gerenciar o conhecimento do projeto: Processo que utiliza conhecimentos existentes e

novos para alcançar os objetivos do projeto e contribui para a aprendizagem

organizacional;

• Gerenciar a qualidade: Processo de transformar o plano de gerenciamento da qualidade

em atividades da qualidade executáveis que incorporam no projeto as políticas de

qualidade da organização;

• Adquirir recursos: Processo de obter membros da equipe, instalações, equipamentos,

materiais, suprimentos e outros recursos necessários para concluir o trabalho do projeto;

• Desenvolver a equipe: Processo de melhoria de competências, da interação da equipe e

do ambiente da equipe para aprimorar o desempenho do projeto;

• Gerenciar a equipe: Processo de acompanhar o desempenho dos membros da equipe,

fornecer feedback, resolver problemas e gerenciar mudanças para otimizar o

desempenho do projeto;

• Gerenciar as comunicações: Processo de assegurar a coleta, criação, distribuição,

armazenamento, recuperação, gerenciamento, monitoramento e disposição final das

informações do projeto de forma oportuna e adequada;

• Implementar respostas aos riscos: Processo de implementar planos acordados de

resposta aos riscos;

• Conduzir as aquisições: Processo de obtenção de respostas de vendedores, seleção de

um vendedor e adjudicação de um contrato;

• Gerenciar o engajamento das partes interessadas: Processo de se comunicar e trabalhar

com as partes interessadas para atender suas necessidades e expectativas, lidar com

questões e promover a participação das partes interessadas adequadas.

Page 26: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

26

2.2.7.4. Grupo de processos de monitoramento e controle

Segundo PMI (2017), este grupo de processo consiste dos processos necessários para

acompanhar, analisar e ajustar o progresso e o desempenho do projeto. Nesse contexto,

monitorar representa a coleta e divulgação dos dados de desempenho do projeto, enquanto

controlar é realizar a comparação do desempenho real com o planejado, recomendando ações

corretivas quando necessário.

O objetivo das ações deste grupo de processos é, basicamente, através do acompanhamento

periódico das atividades, identificar possíveis desvios e corrigi-los de maneira que o impacto

no projeto seja o menor possível.

Conforme PMI (2007), os processos contemplados neste grupo são:

• Monitorar e controlar o trabalho do projeto: Processo de acompanhamento, análise e

relato do progresso geral para atender aos objetivos de desempenho definidos no plano

de gerenciamento do projeto;

• Realizar o controle integrado de mudanças: Processo de revisar todas as solicitações de

mudança, aprovar as mudanças e gerenciar as mudanças nas entregas, ativos de

processos organizacionais, documentos do projeto e no plano de gerenciamento do

projeto, além de comunicar a decisão sobre os mesmos. Este processo revisa todas as

solicitações de mudança em documentos do projeto, nas entregas ou no plano de

gerenciamento do projeto e determina a resolução das solicitações de mudança;

• Validar o escopo: Processo de formalização da aceitação das entregas concluídas do

projeto;

• Controlar o escopo: Processo de monitorar o status do projeto e o escopo do produto e

gerenciar mudanças feitas na linha de base do escopo;

• Controlar o cronograma: Processo de monitorar o status do projeto para atualizar o

cronograma do projeto e gerenciar mudanças na linha de base do mesmo;

• Controlar os custos: Processo de monitoramento do andamento do projeto para

atualização no seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base de

custos;

• Controlar a qualidade: Processo de monitorar e registrar resultados da execução de

atividades de gerenciamento da qualidade para avaliar o desempenho e garantir que as

saídas do projeto sejam completas, corretas e atendam as expectativas do cliente;

Page 27: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

27

• Controlar os recursos: Processo de garantir que os recursos físicos designados e

alocados ao projeto estão disponíveis conforme planejado, bem como monitorar a

utilização planejada versus utilização real de recursos e executar ação corretiva

conforme necessário;

• Monitorar as comunicações: Processo de garantir que as necessidades de informação do

projeto e de suas partes interessadas sejam atendidas;

• Monitorar os riscos: Processo de monitorar a implementação de planos acordados de

resposta aos riscos, rastrear riscos identificados, identificar e analisar novos riscos, e

avaliar a eficácia do processo de risco ao longo do projeto;

• Controlar as aquisições: Processo de gerenciar relacionamentos de aquisições,

monitorar o desempenho do contrato, fazer alterações e correções conforme apropriado,

e encerrar contratos;

• Monitorar o engajamento das partes interessadas: Processo de monitorar as relações das

partes interessadas do projeto e adaptação de estratégias para engajar as partes

interessadas através da modificação de planos e estratégias de engajamento.

2.2.7.5. Grupo de processos de encerramento

O processo de encerramento pode ser resumido em um fechamento administrativo do projeto,

que irá também deixar registros para projetos futuros. Este fechamento exige do gerente de

projeto uma atenção a integração das diversas áreas de conhecimento do projeto, já que tudo

tenha deve ser concluído, sem pendências (CAMARGO, 2014).

Segundo PMI (2017), este grupo de processos contempla apenas um processo, necessário para

encerrar formalmente e adequadamente um projeto, fase ou contrato. Contudo, apesar de haver

apenas um processo, as organizações podem ter procedimentos próprios associados ao

encerramento do projeto, fase ou contrato.

Conforme PMI (2007), o processo contemplado neste grupo o encerrar o projeto ou fase. Este

processo é responsável por finalizar todas as atividades do projeto, fase ou contrato.

Page 28: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

28

2.3. Metodologia ágil de gerenciamento

2.3.1. Definições

O nome “ágil” foi escolhido para representar um movimento que surgiu em meados dos anos

90 em resposta aos métodos pesados para o gerenciamento de desenvolvimento de software que

predominavam na época (SABBAGH, 2013).

Seguindo este pensamento, Conforto (2009, p.36) definiu que “o gerenciamento ágil de projetos

é uma abordagem fundamentada em um conjunto de princípios, cujo objetivo é tornar o

processo de gestão de projetos simples, flexível e iterativo”. Além disso, o gerenciamento ágil

busca adaptar as práticas de gerenciamento existentes para aplicação em ambientes dinâmicos,

com elevados níveis de incertezas e complexidade.

Nota-se que o gerenciamento de projetos através de metodologias ágeis, possui algumas

características fortes, como a necessidade de flexibilidade e habilidade para absorver mudanças

durante o ciclo de vida do projeto e o enfoque mais humanista, apoiado com o desenvolvimento

da equipe de projeto, a valorização do aprendizado contínuo, valorizando mais os indivíduos

que as técnicas e processos de gestão de projetos (CONFORTO, 2009).

Em resumo, para ser “ágil”, um determinado método, metodologia ou framework, deve seguir

os princípios e valores contidos no Manifesto Ágil de Desenvolvimento de Software.

2.3.2. Manifesto ágil de desenvolvimento de software

No ano de 2001, numa estação de esqui das montanhas de Wasatch, em Utah, dezessete

especialistas em projetos de desenvolvimento de software se encontraram e discutiram a

necessidade de uma alternativa aos processos de desenvolvimento de software, os quais eram

pesados e burocráticos. Deste encontro, nasceu o manifesto ágil de desenvolvimento de

software (HIGHSMITH, 2001).

Segundo Beck (2001), nesse manifesto, os autores informam que estão descobrindo, de forma

conjunta, as melhores maneiras para o desenvolvimento de softwares. Deste trabalho, eles

frisaram quatro valores, os quais podem ser observados na Figura 7.

Page 29: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

29

Figura 7 - Valores do Manifesto Ágil

FONTE: ASR(2018)

Segundo Beck (2001), mesmo havendo valor nos itens à direita, os itens à esquerda são mais

valorizados. Sendo assim, pode-se observar que a relação interpessoal é mais valorizada que a

burocracia, atender os anseios do cliente se torna fundamental.

Além dos valores supracitados, Beck (2001) divulgou também os doze princípios do manifesto:

• “Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente através da entrega contínua e adiantada

de software com valor agregado.”

• “Mudanças nos requisitos são bem-vindas, mesmo tardiamente no desenvolvimento.

Processos ágeis tiram vantagem das mudanças visando vantagem competitiva para o

cliente.”

• “Entregar frequentemente software funcionando, de poucas semanas a poucos meses,

com preferência à menor escala de tempo.”

• “Pessoas de negócio e desenvolvedores devem trabalhar diariamente em conjunto por

todo o projeto.”

• “Construa projetos em torno de indivíduos motivados. Dê a eles o ambiente e o suporte

necessário e confie neles para fazer o trabalho.”

• “O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para e entre uma equipe de

desenvolvimento é através de conversa face a face.”

Page 30: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

30

• “Software funcionando é a medida primária de progresso.”

• “Os processos ágeis promovem desenvolvimento sustentável. Os patrocinadores,

desenvolvedores e usuários devem ser capazes de manter um ritmo constante

indefinidamente.”

• “Contínua atenção à excelência técnica e bom design aumenta a agilidade.”

• “Simplicidade, a arte de maximizar a quantidade de trabalho não realizado, é essencial.”

• “As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de equipes auto-organizáveis.”

• “Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como se tornar mais eficaz e então

refina e ajusta seu comportamento de acordo.”

Existem diversas práticas ágeis sendo aplicadas e desenvolvidas para o gerenciamento de

projetos desde o manifesto, dentre elas o Scrum, o qual segundo PMI (2014), é a metodologia

ágil mais utilizada para o gerenciamento de projetos e foco deste trabalho.

2.3.3. Métodos ágeis de desenvolvimento de software

Ao longo dos anos, diversos métodos ágeis foram desenvolvidos e implantados. Dentre os

principais, podem ser citados: Extreme Programming, Scrum, Dynamic Systems Development

Method, Adaptative Software Development, Crystal Method, Feature-Driven Development e

Lean Development (DIAS, 2005).

Devido ao Scrum ser a prática ágil mais utilizada no gerenciamento de projetos, dados de

Standish Group (2016), esta abordagem tem maior destaque neste trabalho.

2.4. Scrum

2.4.1. Origem

Com base em estudos de caso de diversas industrias, em meados dos anos 80, Hirotaka

Takeuchi e Nonaka Ikujiro definiram uma abordagem para o desenvolvimento de produtos,

denominada de abordagem holística. Esta abordagem propõe que o desenvolvimento do

produto não deve ser como uma sequência de eventos, mas sim semelhante ao jogo de rugby,

em que o time trabalha em conjunto, como uma unidade (SCRUMstudy, 2017).

Page 31: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

31

O primeiro time de Scrum foi criado por Jeff Sutherland em 1993, quando Jeff Sutherland

trabalhava numa empresa de software, a Easel Corporation. Por acreditar que o modo de

gerenciar projetos de software na época estava “quebrado”, o mesmo aplicou uma outra

abordagem no projeto mais crítico da organização, o Scrum. Os resultados obtidos com este

novo modelo foram expressivos (SUTHERLAND, 2014).

Em 1995, Jeff Sutherland apresentou o primeiro time de Scrum a Ken Schwaber, na época CEO

da empresa Advanced Development Methods, que estava focado em abordagens empíricas para

o desenvolvimento de software, e com a similaridade de ideias, ambos trabalharam juntos para

criar uma dentição formal do Scrum, apresentada na conferência Object Oriented

Programming, Systems, Languages & Applications (OOPSLA) em Austin, Texas, nesse mesmo

ano (SABBAGH, 2013).

Já em 2001, Jeff Sutherland e Ken Schwaber foram signatários do manifesto ágil. Como dito

anteriormente, esse manifesto deu início ao chamado movimento ágil, do qual Scrum faz parte.

Segundo Sabbagh (2013), nesse mesmo ano, Ken Schwaber publicou o primeiro livro a

descrever o framework Scrum, o Agile software Development with Scrum.

2.4.2. Valores e princípios

Segundo SCRUMstudy (2017), os princípios do Scrum são as diretrizes fundamentais para a

aplicação do framework e devem obrigatoriamente serem usados em todos os projetos Scrum.

Os seis princípios do Scrum são:

• Controle de processos empíricos: Esse princípio enfatiza a filosofia central do Scrum;

• Auto-organização: Esse princípio está focado nos colaboradores atuais de uma

organização, que entregam um maior valor quando são auto-organizados e isto resulta

em times mais satisfeitos e produtivos;

• Colaboração: Esse princípio concentra-se nas três dimensões básicas relacionadas com

o trabalho colaborativo (consciência, articulação e apropriação). Dessa forma, defende

que o gerenciamento de projetos é um processo de criação de valor compartilhado, com

times trabalhando e interagindo em conjunto para atingirem melhores resultados;

• Priorização baseada em valor: Esse princípio destaca o foco do Scrum em entregar o

máximo de valor de negócio possível, durante todo o projeto;

Page 32: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

32

• Time-boxing: Esse princípio descreve como o tempo é considerado uma restrição

limitada em Scrum e como ele é usado para ajudar a gerenciar o planejamento e

execução do projeto com eficácia;

• Desenvolvimento iterativo: Esse princípio define o desenvolvimento iterativo e enfatiza

como administrar melhor as mudanças e criar produtos que atendam às necessidades do

cliente.

Figura 8 - Princípios do Scrum

FONTE: SCRUMstudy (2017)

Já os cinco valores do Scrum são: foco, coragem, franqueza, compromisso e respeito (SCRUM

ALLIANCE, 2016):

• Foco: Porque nos concentramos em apenas algumas coisas de cada vez, trabalhamos

bem juntos e produzimos um excelente trabalho. Nós entregamos itens valiosos mais

cedo;

• Coragem: Por trabalharmos em equipe, nos sentimos apoiados e temos mais recursos à

nossa disposição. Isso nos dá coragem para enfrentar maiores desafios;

• Abertura: Enquanto trabalhamos juntos, expressamos como estamos fazendo, o que está

em nosso caminho e nossas preocupações para que possam ser abordados;

• Comprometimento: Porque temos grande controle sobre nosso próprio destino, estamos

mais comprometidos com o sucesso;

Page 33: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

33

• Respeito: À medida que trabalhamos juntos, compartilhando sucessos e fracassos,

passamos a respeitar uns aos outros e a nos ajudar mutuamente a sermos dignos de

respeito.

É possível observar que os valores e princípios do Scrum se assemelham aos descritos sobre

Metodologias Ágeis pelo Manifesto Ágil, o que evidencia que o Scrum é uma abordagem Ágil.

2.4.3. Definição

O Scrum é um framework para gestão de projeto, e não uma metodologia ou um conjunto de

processos, ou seja, uma estrutura básica que pretende servir de suporte e guia para a construção,

que não define práticas específicas e detalhadas a serem seguidas (SABBAGH, 2013).

Carvalho (2012) também sugere que este método não requer ou fornece qualquer técnica

específica para o desenvolvimento, apenas estabelece conjuntos de regras e práticas gerenciais

que devem ser adotadas para conduzir um projeto.

Seguindo o mesmo pensamento, Schwaber (2017) define Scrum como um framework estrutural

dentro do qual você pode ser empregado vários processos e técnicas. O Scrum deixa claro a

eficácia relativa de suas práticas de gerenciamento de produto e técnicas de trabalho, de modo

que você possa melhorar de forma contínua o produto, o time e o ambiente de trabalho.

Sendo assim, o Scrum entende que as práticas necessárias para o sucesso do projeto são muito

específicas para cada contexto. Sendo assim, não existe um passo-a-passo que funcione para

qualquer situação. A ideia é que a partir dos papéis, eventos, artefatos e regras, as pessoas

possam avaliar, adquirir e desenvolver um conjunto de práticas que melhor lhe servirão. Esse é

um trabalho contínuo de descoberta, inspeção e adaptação (SABBAGH, 2013).

Schwaber (2017) afirma ainda que o Scrum é fundamentado nas teorias empíricas de controle

de processo, ou seja, o conhecimento é obtido da experiência e de tomada de decisões baseadas

no que já é conhecido. Esta abordagem é apoiada por três pilares:

• Transparência: Aspectos significativos do processo devem estar visíveis aos

responsáveis pelos resultados;

Page 34: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

34

• Inspeção: Os usuários devem, frequentemente, inspecionar os artefatos do Scrum e o

progresso em direção ao objetivo da Sprint buscando detectar variações indesejadas;

• Adaptação: Se um inspetor determina que um ou mais aspectos de um processo desviou

para fora dos limites aceitáveis, o processo ou o material sendo produzido deve ser

ajustado.

O Scrum é livre, mas apesar disso, os papéis, eventos, artefatos e regras são imutáveis, e embora

seja possível implementar somente partes do Scrum, o resultado não é Scrum. Scrum existe

somente na sua totalidade e funciona bem como um suporte para outras técnicas, metodologias

e práticas (SCHWABER, 2017).

2.4.4. Papéis (equipe)

Um dos pontos importantes do Scrum é com relação ao tamanho da equipe. Diversos autores

afirmam que a dinâmica da equipe só funciona bem em grupos pequenos. Schwaber (1995)

defende que cada equipe não deve possuir mais de seis membros, podendo haver várias equipes

em um projeto. Já Sutherland (2014) afirma que o número ideal é sete, concedendo uma

variação de duas pessoas a mais ou a menos. Sem fugir muito dos outros autores, o

SCRUMStudy (2017) declara que o tamanho ideal é de seis a dez membros.

Ainda segundo Sutherland (2014), dados indicam que se a equipe tiver mais do que nove

pessoas, a velocidade costuma cair, inclusive o mesmo relata que já viu equipes de três

membros atingirem alto nível de funcionamento, ou seja, chega um ponto que mais recursos

tornam a equipe mais lenta.

Segundo o SCRUMstudy (2017), entender os papéis definidos e suas responsabilidades em um

projeto Scrum é o primeiro passo, e talvez o mais importante, para garantir o sucesso na

implementação. Como pode ser observado na Figura 9, a equipe é composta pelo dono do

produto (Product Owner), Scrum master e time Scrum (ou time de desenvolvimento).

Page 35: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

35

Figura 9 - Papéis do Scrum

FONTE: SCRUMstudy (2017)

2.4.4.1. Time Scrum

Também conhecido como time de desenvolvimento, o time Scrum é responsável pelo

desenvolvimento do produto, serviço ou de outro resultado. Trata-se de um grupo

multidisciplinar de indivíduos que trabalham no backlog da Sprint para criar as entregas para o

projeto (SCRUMSTUDY, 2017).

Segundo Sabbagh (2017, p.81), “a partir das prioridades definidas pelo product owner, o time

de desenvolvimento gera, em cada Sprint, um incremento do produto pronto, de acordo com a

definição de pronto, e que significa valor visível para os clientes do projeto”.

O trabalho de desenvolvimento do produto é gerenciando pelo próprio time Scrum. A equipe

planeja o trabalho, determina tecnicamente como o produto será desenvolvido e acompanha seu

progresso. Para que isso funcione, a equipe deve ter autoridade sobre suas decisões e, ao mesmo

tempo, responsabilidade pelos resultados (SABBAGH, 2013).

Page 36: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

36

Seguindo o Raciocínio, Schwaber (2017), afirma que a equipe é totalmente responsável pelo

desenvolvimento da funcionalidade, ou seja, as equipes são autogeridas, auto-organizadas e

multifuncionais. Sendo assim, o time é responsável por descobrir como transformar o backlog

do produto em um incremento, gerenciando seu próprio trabalho para isso.

Times multifuncionais tendem a possuir as competências necessárias para executar o trabalho

sem depender de outros que não fazem parte da equipe. Dessa forma, o time é projetado para

aperfeiçoar a flexibilidade, criatividade e produtividade (SCHWABER, 2017).

Times Scrum entregam produtos de forma iterativa e incremental, maximizando as

oportunidades para feedback. Entregas incrementais de produto pronto garantem que uma

versão potencialmente funcional do produto do trabalho esteja sempre disponível

(SCHWABER, 2017).

2.4.4.2. Dono do produto (product owner)

O dono do produto representa os interesses dos stakeholders para o time Scrum. Sendo assim,

esse é responsável por garantir uma comunicação clara sobre requisitos de funcionalidade do

produto ou serviço, os critérios de aceitação (definição de pronto), e o cumprimento desses

critérios, a entrega de valor (SCRUMSTUDY, 2017).

O dono do produto obtém o financiamento do projeto, criando os requisitos gerais iniciais do

projeto, os objetivos de retorno do investimento e os planos de liberação. A lista de requisitos

é chamada de backlog do produto, e o dono do produto deve garantir que a funcionalidade que

entregue mais valor seja produzida primeiro, enfileirando os requisitos mais valiosos para a

próxima iteração (SCHWABER, 2007).

Este membro do time além de representar o cliente (interno ou externo), necessita conhecer

muito bem as regras e objetivos de negócios do cliente, de forma que ele possa priorizar as

funcionalidades do produto de forma correta, bem como esclarece qualquer dúvida que o time

possa ter em relação a essas funcionalidades (CARVALHO, 2012).

O dono do produto deve manter um contato frequente com os clientes e demais partes

interessadas ao longo de todo o projeto, desta forma o mesmo consegue fazer o levantamento

Page 37: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

37

correto dos objetivos ou necessidades de negócios mais prioritárias do produto em cada

momento (SABBAGH, 2013).

O dono do produto pode fazer o trabalho acima, ou delegar para o time de desenvolvimento

fazê-lo. No entanto, independente da opção, ele continua sendo o responsável pelos trabalhos.

Outro ponto importante é que o dono do produto é um indivíduo e não um comitê. Ou seja, para

que esse membro tenha sucesso, toda a organização deve respeitar as decisões tomadas por ele.

Essas decisões são visíveis no conteúdo e na priorização do backlog do produto. As prioridades

podem até ser tratadas com o mesmo, mas ninguém pode forçar o time de desenvolvimento a

trabalhar em um diferente conjunto de requerimentos (SCHWABER, 2017).

2.4.4.3. Scrum master

O Scrum master é o "líder servidor" do time, sua função é basicamente facilitar a interação do

time, agindo como motivador e mentor. O Scrum master também é responsável por garantir

que o time tenha um ambiente de trabalho produtivo, removendo qualquer impedimento e

protegendo o time de influências externas, para dessa forma maximizar o valor criado

(SCRUMSTUDY, 2017).

De forma similar, Shuterland (2014, p.39) diz que o Scrum master “não era um gerente, e sim

um líder da equipe, algo entre um capitão e um treinador”, ou seja, a função do Scrum master

não é dar ordens ou delegar, mas sim potencializar o trabalho, motivar os membros e encontrar

soluções para os impedimentos que surjam.

Para que não existam impedimentos para o desenvolvimento durante a Sprint, o Scrum master

interage com os membros da equipe na reunião diária para obtê-los. Com já dito, remover os

obstáculos apontados é seu dever, de modo que os desenvolvedores se concentrem apenas nas

questões técnicas (CARVALHO, 2012).

Outra responsabilidade do Scrum master é manter o processo Scrum, ou seja, ensinar a todos

os envolvidos no projeto, principalmente recém-chegados, como proceder para que ele se

encaixe na cultura de uma organização e ainda forneça os benefícios esperados, bem como

garantir que todos sigam as regras e práticas definidas (SCHWABER, 2007).

Page 38: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

38

2.4.5. Artefatos

Segundo Schwaber (2017, p.14), “os artefatos do Scrum representam o trabalho ou o valor para

o fornecimento de transparência e oportunidades para inspeção e adaptação”. Esses artefatos

são como processos, projetados para maximizar a transparência das informações, de forma que

todos tenham o mesmo entendimento dos artefatos.

A transparência é de suma importância, já que as decisões de otimização de valor e o controle

de riscos são tomadas com base na percepção do estado dos artefatos. Em caso desses artefatos

não serem completamente transparentes, estas decisões podem ser falhas, valores podem

diminuir e riscos podem aumentar (SCHWABER, 2017).

Como pode ser visto na Figura 10, originalmente, o Scrum define o uso de quatro artefatos: O

backlog do produto, o backlog da Sprint, a definição de pronto e o incremento do produto

(SABBAGH, 2013).

Figura 10 - Artefatos do Scrum para Sprint

FONTE: ASR (2018)

Page 39: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

39

2.4.5.1. Backlog do produto

No Scrum, o dono do produto, responsável pelo backlog do produto, busca através de reuniões

com todas as partes interessadas, identificar todas as necessidades do negócio e as

funcionalidades necessárias que devem ser desenvolvidas. Dessa forma, o backlog do produto

é uma lista de funcionalidades, ordenadas por prioridade, que provavelmente serão

desenvolvidas durante o projeto (CARVALHO, 2012).

Sabbagh (2013) reafirma que o backlog do produto é uma lista de tudo o que se acredita que

será desenvolvido pelo time de desenvolvimento no decorrer do projeto. Isso porque, esta lista

pode ser, e possivelmente será, atualizada, já que essa lista é ordenada de acordo com a

importância para os clientes do projeto, e o feedback, torna essa lista maior e mais completa.

Para Schwaber (2017), essa lista é a única origem dos requisitos para qualquer mudança a ser

feita no produto. Ou seja, essa lista nunca está completa. As primeiras Sprints estabelecem os

requisitos iniciais, a evolução do produto e o ambiente no qual ele será utilizado tornam o

backlog do produto dinâmico, um artefato vivo, mudando sempre para identificar o que o

produto necessita para ser mais apropriado, competitivo e útil.

“O product backlog é a única fonte de trabalho a ser realizado no produto pelo time de

desenvolvimento. Esse trabalho também inclui as correções de problemas encontrados no

sistema” (SABBAGH, 2013, p.112).

2.4.5.2. Backlog da Sprint

Segundo Schwaber (2017, p.15), “o backlog da Sprint é um conjunto de itens do backlog do

produto selecionados para a Sprint, juntamente com o plano para entregar o incremento do

produto e atingir o objetivo da Sprint”. Basicamente o backlog da Sprint é a previsão de quais

funcionalidades serão entregues no próximo incremento.

A definição do backlog da Sprint acontece durante a reunião de planejamento da Sprint. E torna

visível todo o trabalho que o time de desenvolvimento identifica como necessário para atingir

o objetivo dessa Sprint (CARVALHO, 2012).

Page 40: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

40

Um ponto importante é que somente o time de desenvolvimento pode alterar o backlog da Sprint

durante a Sprint. Isso ocorre na percepção de que um novo trabalho é necessário ou quando

elementos planejados são considerados desnecessários. Estes itens demonstram uma imagem

em tempo real do trabalho que o time planeja completar durante a Sprint (SCHWABER, 2017).

Essa lista de itens é escolhida pelo time de desenvolvimento e negociada com o dono do produto

no planejamento da Sprint, contemplando os itens prioritários do backlog do produto. Para

construí-la, o time busca obter detalhes suficientes e necessários com o dono do produto para

ser capaz de escolher uma quantidade de itens que preencha sua capacidade de trabalho em uma

Sprint (SABBAGH, 2013).

Durante a Sprint, por vezes, o total do trabalho remanescente dos itens do backlog da Sprint é

verificado, com o objetivo de monitorar o total do trabalho restante pelo menos a cada reunião

diária, desta forma é possível projetar a probabilidade de alcançar o objetivo da Sprint, e o time

de desenvolvimento pode gerenciar o seu próprio progresso (SCHWABER, 2017).

2.4.5.3. Definição de pronto

A definição de pronto para o time Scrum é usada para assegurar quando o trabalho está

finalizado no incremento do produto. Sendo assim, o propósito do time de desenvolvimento é

entregar ao final de cada Sprint incrementos de funcionalidades potencialmente liberáveis que

aderem à definição atual de pronto (SCHWABER, 2017).

A responsabilidade de aceitar a funcionalidade como pronta é do dono do produto. A definição

de pronto é um acordo formal entre dono do produto e time de desenvolvimento, o qual estipula

o que é necessário para se considerar que um trabalho realizado durante a Sprint está aprovado.

São, portanto, critérios definidos em conjunto para garantir a transparência do que está sendo

realizado e entregue (SABBAGH, 2013).

Após a entrega de um incremento, este é adicionado aos incrementos anteriores e testado, de

forma a garantir que todos os incrementos funcionam juntos. Acredita-se que com o

amadurecimento do time, a definição de pronto inclua critérios mais rigorosos de qualidade.

Quando esses novos critérios são aplicados, pode ser constatada a descoberta de trabalho a ser

realizado em incrementos considerados prontos anteriormente (SCHWABER, 2017).

Page 41: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

41

2.4.5.4. Incremento do produto

O incremento é a soma de todos os itens completos do backlog do produto durante a Sprint. Ao

final de cada Sprint, um novo incremento deve estar pronto. Um incremento é uma parte

principal inspecionável de trabalho. O time de desenvolvimento deve sempre disponibilizar um

incremento na condição de ser utilizado, independente da liberação ou não do mesmo pelo dono

do produto (SCHWABER, 2017).

Reforçando, Sabbagh (2013) afirma que é esperado um incremento do produto entregável

sempre, de forma que o dono do produto possa decidir por fazer um lançamento para os clientes

do projeto ao final da Sprint. No entanto, o dono do produto pode optar por acumular alguns

incrementos do produto para posteriormente fazer o lançamento.

A opção de não entregar o incremento ao final da Sprint, pode ser pelo fato do mesmo não

representar valor suficiente para ser utilizado por seus usuários, ou ainda representar valor

suficiente, mas os clientes podem não conseguir absorver com tanta frequência as mudanças,

ou mesmo por questões políticas, burocráticas ou técnicas (SABBAGH, 2013).

2.4.6. Eventos

Os eventos prescritos no Scrum são utilizados para criar uma padronização, regularidade e

minimizar a necessidade de reuniões não definidas. Todos os eventos são eventos time-boxed,

ou seja, todos possuem uma duração máxima estipulada. Para a Sprint sua duração é fixa e não

pode ser reduzida e nem aumentada. Os demais eventos não possuem duração mínima, e podem

ser finalizados quando o propósito do evento é alcançado, evitando desperdícios no processo

(SCHWABER, 2017).

Vale ressaltar que todos os eventos representam uma oportunidade de inspecionar e adaptar

algo. Os eventos são projetados para permitir uma transparência e inspeção criteriosa a qualquer

momento. Sendo assim, falhas na implantação de qualquer um destes eventos resultará na

redução da transparência e consequentemente na perda de oportunidades de inspecionar e

adaptar (SCHWABER, 2017).

Page 42: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

42

“Os eventos do Scrum são o próprio ciclo de desenvolvimento, chamado de Sprint, e as reuniões

ou cerimônias realizadas durante o ciclo, que são: Planejamento da Sprint, reunião diária,

revisão da Sprint e retrospectiva da Sprint” (SABBAGH, 2013, p.193).

2.4.6.1. Sprint

Segundo Schwaber (2017, p.8), “o coração do Scrum é a Sprint, um time-boxed de um mês ou

menos, durante o qual um pronto, incremento de produto potencialmente liberável é criado”.

As Sprints têm durações fixadas, normalmente, entre 2 e 4 semanas. Uma nova Sprint sempre

inicia imediatamente após a finalização da última.

Cada Sprint pode ser tratada como um pequeno projeto. A duração limitada a um mês busca

eliminar alguns possíveis problemas, por exemplo a definição do que será realizado pode

mudar, a complexidade pode aumentar e o risco pode crescer. A ideia é que dessa forma, as

Sprints possibilitem maior previsibilidade, o que garante a inspeção e adaptação do progresso

em direção à meta, bem como limita o risco do custo a um mês (SCHWABER, 2017).

Como qualquer projeto, as Sprints são utilizadas para alcançar algo, nesse caso, a meta da

Sprint. Os itens a serem desenvolvidos durante a Sprint são os mais importantes para aquele

momento, negociados e selecionados de forma a fazerem sentido juntos. Cada Sprint tem uma

meta do que é para ser realizado, um plano previsto que irá guiar o trabalho e o produto

resultante (SABBAGH, 2013).

Como dito, a meta da Sprint é um objetivo definido durante a reunião de planejamento da Sprint.

Esta tem o propósito de fornecer ao time de desenvolvimento alguma flexibilidade a respeito

da funcionalidade que será entregue ao final da Sprint, bem como uma direção sobre o porquê

de estar construindo o incremento, incentivando ao time trabalhar em conjunto ao invés de

buscarem iniciativas separadas (SCHWABER, 2017).

Em algumas condições, uma Sprint pode ser cancelada antes do término do time-boxed. Assim,

a Sprint pode ser cancelada se o objetivo da mesma se tornar obsoleto, ou se ela não faz mais

sentido às dadas circunstâncias, seja por uma mudança na direção da organização, ou até mesmo

mudança nas condições do mercado e/ou das tecnologias (SCHWABER, 2017).

Page 43: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

43

Segundo Schwaber (2017), somente o dono do produto possui a autoridade para cancelar uma

Sprint, embora ele possa sofrer influência das partes interessadas, do time de desenvolvimento

ou do Scrum master para tal. Quando a Sprint é cancelada, qualquer item de backlog do produto

completado e antes definido como pronto deve ser revisado.

2.4.6.2. Planejamento da Sprint

Conforme já visto, o planejamento de um ciclo de desenvolvimento, ou seja, de uma Sprint, é

realizado na reunião de planejamento da Sprint. Esta reunião é realizada no primeiro momento

do primeiro dia da Sprint (SABBAGH, 2013).

Esse planejamento conta com a participação obrigatória do dono do produto e dos membros do

time de desenvolvimento. Eles decidem de forma colaborativa o que será desenvolvido e qual

a meta desse Sprint. Todos os membros do time possuem igual poder de opinião e decisão. Essa

reunião também conta com a participação do Scrum master, o qual atua como um facilitador

(SABBAGH, 2013).

O Scrum master garante que o evento ocorra e que os participantes entendam seu propósito,

bem como ensina o time Scrum a manter-se dentro dos limites do time-box. Quando a Sprint

tem duração de um mês, o time-boxed do planejamento da Sprint é oito horas. Para Sprints

menores, este evento é usualmente menor (SCHWABER, 2017).

Enquanto, o dono do produto debate o objetivo que a Sprint deve realizar e os itens de backlog

do produto que, se completados durante a Sprint, atingirão o objetivo da mesma. O time de

desenvolvimento trabalha para prever quais funcionalidades serão desenvolvidas durante a

Sprint, define o número de itens selecionados do backlog do produto e avalia o que pode ser

completado ao longo dessa Sprint (SCHWABER, 2017).

Além disso, no final do planejamento da Sprint, o time de desenvolvimento deve explicar ao

dono do produto e ao Scrum master como pretende trabalhar para alcançar o objetivo da Sprint

e criar o incremento previsto (SCHWABER, 2017).

Page 44: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

44

2.4.6.3. Reunião diária

A reunião diária facilita a auto-organização do time de desenvolvimento e, assim, sua realização

é de grande importância. Esta tem por objetivos proporcionar maior visibilidade ao trabalho

realizado e a realizar, promover a comunicação sobre esse trabalho, identificar quais obstáculos

atrapalham ou atrapalharam o desenvolvimento desde a última reunião. Sendo, o resultado

dessa um plano informal para o trabalho do time até a próxima reunião (SABBAGH, 2013).

Segundo Schwaber (2017), a estrutura básica da reunião pode ser definida por três perguntas:

• O que eu fiz ontem que ajudou a atingir a meta da Sprint?

• O que eu farei hoje para ajudar a atingir a meta da Sprint?

• Eu vejo algum obstáculo que impeça a mim ou o time no atingimento da meta da Sprint?

No entanto, a reunião diária não deve ser vista como forma de prestar contas a uma gerência,

mas sim como formalização do comprometimento com o resto da equipe. Dessa forma, todos

os membros do time conhecem as metas e o andamento do trabalho cada integrante, bem como

os impedimentos (riscos) que podem atingir ao membro ou ao time como todo (CARVALHO,

2012).

Como o próprio nome sugere, esta reunião é realizada em todos os dias da Sprint. Ela possui

um time-boxed de 15 minutos e ocorre com o time de desenvolvimento, para que o mesmo

planeje o trabalho para as próximas 24 horas. Assim, a colaboração e a performance do time

são otimizadas através da inspeção do trabalho desde a última reunião e da previsão do próximo

trabalho da Sprint (SCHWABER, 2017).

Essa reunião é interna e o time de desenvolvimento é responsável por conduzi-la. Se outros

estiverem presentes, o Scrum master deve garantir que eles não interfiram na reunião. Dentre

os benefícios, essas reuniões melhoram a comunicação, eliminam outras reuniões, identificam

e removem impedimentos para o desenvolvimento e promovem rápidas tomadas de decisão,

tornando-a um evento chave para inspeção e adaptação (SCHWABER, 2017).

Page 45: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

45

2.4.6.4. Revisão da Sprint

A revisão da Sprint tem por objetivo obter o feedback dos clientes do projeto e demais partes

interessadas sobre o incremento do produto produzido. O time de desenvolvimento e dono do

produto trabalham em conjunto, com a facilitação do Scrum master, para demonstrar o trabalho

pronto. O que a torna uma reunião de inspeção e adaptação do produto (SABBAGH, 2013).

Esta é uma reunião informal, que busca, através da apresentação do incremento, motivar e obter

feedback, bem como promover a colaboração. Já que, com base nesse incremento e em qualquer

mudança no backlog do produto observada durante a Sprint, os participantes colaboram nas

próximas coisas que podem ser feitas para otimizar valor (SCHWABER, 2017).

Segundo Schwaber (2017), esta reunião tem duração máxima de 4 horas para uma Sprint de um

mês. Para Sprints menores, este evento é usualmente menor. A revisão da Sprint inclui os

seguintes elementos:

• O dono do produto esclarece quais itens do backlog do produto foram “prontos” e quais

não foram prontos;

• O time de desenvolvimento discute o que foi bem durante a Sprint, quais problemas

ocorreram dentro da Sprint, e como estes problemas foram resolvidos;

• O time de desenvolvimento demonstra o trabalho que está pronto e responde as questões

sobre o incremento;

• O grupo todo colabora sobre o que fazer a seguir, e é assim que a revisão da Sprint

fornece valiosas entradas para o planejamento da Sprint subsequente;

• Revisão de como o mercado ou o uso potencial do produto pode ter mudado e qual é a

coisa mais importante a se fazer a seguir;

• Revisão da linha do tempo, orçamento, potenciais capacidades, e mercado para a

próxima versão esperada de funcionalidade ou de capacidade do produto.

Ao final deste evento, o backlog do produto está revisado com os prováveis itens para a próxima

Sprint (SCHWABER, 2017).

Page 46: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

46

2.4.6.5. Retrospectiva da Sprint

A retrospectiva da Sprint ocorre depois da revisão da Sprint e antes do planejamento da próxima

Sprint. Nela, o time Scrum inspeciona a Sprint que está se encerrando, identificam o que foi

satisfatório, e que por essa razão pode ser mantido na próxima, e o que pode melhorar, buscando

encontrar as causas raízes dos problemas, bem como definir formas práticas para aplicar as

melhorias (SABBAGH, 2013).

Seguindo a mesma linha, Schwaber (2017) define que o propósito da retrospectiva da Sprint é

inspecionar como a última Sprint foi em relação às pessoas, aos relacionamentos, aos processos

e às ferramentas, bem como identificar e ordenar os principais itens que foram bem e as

potenciais melhorias, e por fim criar um plano para implementar melhorias no modo que o time

de desenvolvimento faz seu trabalho.

Esta é uma reunião de no máximo três horas para uma Sprint de um mês. Para Sprint menores,

este evento é usualmente menor (SCHWABER, 2017).

Ao final da retrospectiva da Sprint, as melhorias devem ter sido identificadas, e a implantação

dessas melhorias na próxima é a forma de adaptação à inspeção que o time faz a si próprio. No

Scrum, as melhorias devem ser implementadas a qualquer momento, no entanto a retrospectiva

da Sprint fornece uma oportunidade formal focada em inspeção e adaptação (SCHWABER,

2017).

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47

3. ANÁLISE DE TÓPICOS MAIS RELEVANTES

3.1. Gerenciamento de projetos de desenvolvimento de software SCADA

Como dito no capítulo anterior, o ambiente de desenvolvimento de software SCADA é repleto

de incertezas e mudanças, cujos os requisitos estão sujeitos a frequentes alterações durante todo

o desenvolvimento até a entrega final do produto. Isso para atender às solicitações de prováveis

novas demandas, seja devido a tecnologia utilizada tornar-se obsoleta ou até uma mudança no

planejamento estratégico do cliente.

Seguindo essa linha, Dias (2005) defende que o gerenciamento desses projetos deve ter um

tratamento diferenciado, tendo em vista que estes normalmente possuem um elevado grau de

incertezas iniciais, dificultando o detalhamento do escopo e, consequentemente, a elaboração

de um planejamento consistente. Além disso, diversas inclusões são constantes durante o

desenvolvimento, e neste cenário, ciclos rápidos de especificação, teste, validação e

implantação podem produzir resultados mais vantajosos que o desenho e o planejamento

integral de todo o projeto.

Sendo assim, sempre que possível, o gerenciamento ágil de projetos será comparado ao

tradicional nesse contexto.

3.2. Gerente de projetos e Scrum master

De acordo com Eder (2012), o papel exercido pelo GP no gerenciamento tradicional é

fundamental e essencial para execução de qualquer projeto, tendo em vista que ele é responsável

pelo controle do projeto, cuidando das atualizações necessárias, realizando reuniões formais,

entre outros. Nesse caso, somente o GP tem a visão geral do projeto. Já o Scrum master,

segundo Sliger (2011), tem uma função mais voltada a liderança, ou seja, ele tem a função de

facilitar o desenvolvimento da equipe, seja removendo obstáculos, intermediando discussões

dentro da equipe ou sendo o intermediário para os externos a equipe;

Seguindo esta mesma linha, Dias (2005), afirma que o estilo de condução de projetos tem

grande diferença. O GP adota um estilo baseado em comando e controle, ou seja, uma gestão

individual que favorece a especialização nesse segmento. De forma diferente, o Scrum master

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48

tem um estilo focado na liderança e colaboração, cuja a distribuição de papeis e equipes auto-

organizadas, encorajam o intercâmbio de papéis e o desenvolvimento de todo o time.

Quando ocorre a mudança da abordagem, da tradicional para ágil, muitas vezes o GP se torna

Scrum master. Contudo, cada caso deve ser analisado, a exemplo, um gerente que atua num

determinado segmento por muito tempo, a ponto de se tornar um especialista em determinado

assunto, pode ser melhor posicionado como dono do produto. Outra possibilidade, é que caso

o GP esteja liderando uma equipe muito grande, este pode permanecer exercendo essa função,

concentrando-se nas tarefas gerais do projeto, e transformar a atual equipe em times Scrum,

cada time com o seu Scrum master. Dessa forma, o GP poderia auxiliar os Scrum masters

(SLIGER, 2011).

3.3. Gerenciamento do ciclo de vida dos projetos

Segundo Dias (2005), o gerenciamento tradicional dá ênfase ao planejamento detalhado do

projeto e nos processos estruturados para monitoramento e controle. Enquanto o gerenciamento

ágil foca na execução, preterindo o planejamento detalhado, visando à entrega constante e

rápida de valor ao cliente, o controle para adaptação, o qual permite alterações substanciais de

escopo, absorvendo de forma mais suave as mudanças de requisitos. Dessa forma, pode-se fazer

uma correlação do gerenciamento do ciclo de vida para ambos os métodos.

3.3.1. Iniciação

Na iniciação, não são apresentadas diferenças tão relevantes. No gerenciamento tradicional,

esta etapa contempla a formalização e autorização de um novo projeto ou fase, bem como a

definição preliminar do escopo do projeto. Por outro lado, o gerenciamento ágil, inicia o projeto

ou fase determinando a visão do produto e o escopo inicial do projeto (DIAS, 2005).

Na mesma linha de raciocínio, Udo e Koppensteiner (2003) afirmam que, com base no

PMBOK, a abordagem tradicional tem como foco obter aprovação formal para iniciar um novo

projeto ou a próxima fase do projeto, com ênfase na identificação das partes interessadas e de

suas necessidades, objetivos e expectativas para o projeto, enquanto as abordagens ágeis

começam descrevendo como os requisitos são coletados e priorizados (UDO;

KOPPENSTEINER, 2003).

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49

3.3.2. Planejamento

As distinções mais significativas começam no planejamento. Segundo Eder (2012), na

abordagem ágil, “o plano” é realizado sucessivas vezes, com um grau menor de detalhe, com

priorização nas entregas mais importantes segundo os requisitos do cliente/mercado. No Scrum,

isso é evidenciado através do backlog do produto. Enquanto no tradicional, o plano é realizado

com grande detalhamento desde o início do projeto ou em ondas sucessivas (fases), sendo

reavaliado sempre que necessário.

Seguindo a mesma linha, Udo e Koppensteiner (2003) afirmam que esta etapa no gerenciamento

ágil, contrapondo o planejamento integral e detalhado da abordagem tradicional, contempla o

desenvolvimento de um plano inicial, sem grande detalhamento, seguido por planejamentos

individuais a cada iteração. Este último, fazendo referência ao Scrum, correspondem ao

planejamento da Sprint, o qual determina o backlog da Sprint.

3.3.3. Execução

Segundo Dias (2005), a etapa de execução, para o gerenciamento tradicional, resume-se em

executar tudo o que consta no plano de projeto. De forma diferente, a abordagem ágil busca

através da exploração entregar as funcionalidades e/ou produtos previstos no ciclo, com

objetivo de entregar valor em todo ciclo. O Scrum define esta etapa como Sprint, e esta tem por

objetivo entregar o que foi definido no planejamento da mesma.

3.3.4. Monitoramento e controle

Na abordagem ágil, o controle é feito de forma mais transparente, cuja a comunicação face-a-

face é incentivada entre os profissionais envolvidos no projeto, e a medição de progresso é

orientada para resultados, sendo estes normalmente tangíveis, a exemplo de protótipos e

funcionalidades. Já a abordagem tradicional foca no plano de projeto, ou seja, o plano é

encarado como base fundamental do projeto, descrevendo exatamente o que deve ser realizado

e como. Essa postura, em muitos casos, faz com que diversas variáveis que podem impactar no

desenvolvimento de um novo produto ou serviço sejam desprezadas (EDER, 2012).

Dias (2005) fez uma análise similar, e afirma que o monitoramento e controle, do

gerenciamento tradicional, enfatiza o controle do progresso dos trabalhos, bem como no

Page 50: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

50

gerenciamento de mudanças para minimizar os impactos no projeto. Enquanto, o gerenciamento

ágil visa a adaptação, ou seja, a revisão dos resultados entregues e abertura para adaptações do

escopo, visando o atendimento aos possíveis novos requisitos.

Eder (2012) afirma que, na abordagem tradicional, os desvios no plano do projeto são

identificados de modo que ações sejam aplicadas para que os trabalhos voltem a ficar de acordo

com o plano. Estas alterações de escopo são evitadas, tendo em vista que resultam na

reavaliação de todo o plano do projeto, sem a participação ativa do cliente, podendo resultar em

erros ou problemas que somente serão identificados nas fases finais do projeto, retrabalho.

Diminuindo o foco no plano inicial, a abordagem ágil objetiva identificar as mudanças

necessárias para absorvê-las quando indicarem benefícios para o projeto. De certa forma, essa

postura possibilita antecipar possíveis riscos e entregar maior valor ao cliente. Outro ponto de

destaque é que no gerenciamento ágil, as alterações acontecem através de decisões e mudanças

orientadas pela priorização e com participação ativado cliente (EDER, 2012).

No Scrum, seguindo o que foi dito para a abordagem ágil, a reunião diária, revisão da Sprint,

bem como retrospectiva da Sprint são eventos utilizados para monitorar e controlar o projeto.

3.3.5. Encerramento

O encerramento é tratado de forma semelhante em ambas as abordagens de gerenciamento. O

objetivo desta etapa é buscar a formalização do aceite final do projeto (ou fase) para o

gerenciamento tradicional, ou iteração para gerenciamento ágil. Uma diferença é quanto a

formalização no encerramento do contrato, enquanto este é enfatizado na abordagem

tradicional, a abordagem ágil coloca a colaboração do cliente sobre a negociação do contrato.

Em muitos casos, os contratos formais desempenham um papel menos importante (UDO;

KOPPENSTEINER, 2003).

3.4. Gerenciamento das áreas do conhecimento em gerenciamento de projetos

Conforme pode ser visualizado no quadro a seguir, pode-se realizar também um paralelo com

as áreas de conhecimento do gerenciamento tradicional.

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51

Quadro 1 - Comparação Áreas de Conhecimento - Abordagens Tradicional e Ágil

Áreas de

Conhecimento Abordagem Tradicional Abordagem Ágil

Integração Garante que todos os elementos dos projetos

são devidamente coordenados.

A necessidades de uma coordenação formal

é limitada devido a redução da utilização de

processos.

Escopo

Garante que o projeto contemple somente o

trabalho requerido para a finalização do

mesmo de forma bem-sucedida. Foco em

definir e controlar o que está ou não está no

projeto.

O escopo é fixo somente no decorrer das

interações. Não é necessário um controle

formal do escopo.

Cronograma

Foco em definir (e estimar) as atividades para

elaboração do cronograma e no controle do

mesmo para garantir a finalização do projeto

no prazo.

O prazo é fixado apenas por iteração. Foco na

entrega de valor (funcionalidades) o mais

rápido possível. No geral, o cronograma é

baseado em funcionalidades e não em

atividades.

Custos

Determina o orçamento do projeto baseado

nos recursos necessários para o projeto, bem

como controla-lo para garantir que o projeto

seja completamente finalizado dentro do

orçamento aprovado.

Determina o orçamento baseado nas

funcionalidades requeridas. Os recursos, as

funcionalidades e os prazos são balanceados,

e o custo é mensurado por atraso.

Qualidade

Garante que o projeto atenda de forma

satisfatória às necessidades para as quais foi

concebido. Foco na conformidade dos

requisitos.

Os critérios de sucesso do projeto são

definidos pelo cliente, o qual apresenta seu

feedback após cada iteração. Foco na

execução do propósito ou na adequação para

uso.

Recursos

humanos

Processos para tornar mais efetivo a

utilização de todos os envolvidos no projeto.

Foco no time e não no indivíduo. Incentivos

são baseados na produtividade do grupo.

Comunicações

Garante a geração oportuna e apropriada,

coleta, disseminação, armazenamento e

disposição final da informação do projeto.

Foco na eliminação de desperdício, sem

recursos, documentação ou papelada

desnecessária. E acesso aberto a informação

para todos os envolvidos.

Riscos Foco em identificar, analisar e responder aos

riscos do projeto.

Cada método ágil trata gerenciamento de

riscos de maneira diferente, não havendo um

padrão para esta abordagem.

Aquisições

Foco na aquisição de bens e serviços, de fora

da organização executora, para alcançar o

escopo de projetos. Baseado em contratos,

boas práticas, processos e procedimentos.

Seguem melhores princípios para aquisição

de bens e serviços por meio de contratos

colaborativos.

FONTE: ADAPTADO DE DIAS (2005)

Page 52: Gerenciamento Ágil de Projetos de Desenvolvimento de ...

52

A área de conhecimento referente as partes interessadas não foi contemplado no quadro, devido

ao fato que, sem muitas diferenças, ambas abordagens buscam identificar e gerenciar as partes.

O método ágil inclusive, foca completamente no cliente e na equipe de desenvolvimento, duas

das principais partes interessadas do projeto.

3.5. Benefícios

Para Ricardo Vargas (2009), dentre os principais benefícios do gerenciamento tradicional,

podem-se destacar os seguintes: Evitar surpresas durante a execução dos trabalhos; Antecipar

as situações desfavoráveis que poderão ser encontradas, para que ações preventivas e corretivas

possam ser tomadas antes que essas situações se consolidem como problemas; Aumentar o

controle gerencial de todas as fases a serem implementadas devido ao detalhamento ter sido

realizado. Contudo, levando em consideração o ambiente de projetos de desenvolvimento de

software, a princípio, estes benefícios não são tangíveis, já que as surpresas e situações

desfavoráveis (mudanças) aparecerão em todos os projetos, e o controle gerencial de todas as

fases devido ao detalhamento torna-se infactível.

Dados do Standish Group (2016) revelam que a taxa de sucesso para projetos grandes é muito

inferior quando comparado a projetos menores. O Scrum busca justamente aumentar a

possibilidade de sucesso, “quebrando” o projeto em projetos menores (Sprint), com duração de

duas a quatro semanas. Além disso, somente 61% das funcionalidades previstas eram de fato

implementadas e a média de utilização do usuário final era de somente 16%. A cooperação

entre cliente e o time Scrum, com maior presença e influência do cliente no desenvolvimento,

tendem a melhorar estes números.

Os benefícios oriundos da utilização do Scrum podem ser percebidos em toda a hierarquia da

empresa. Os diretores, devido aos ciclos curtos de desenvolvimento e a flexibilidade na

alteração de requisitos, têm facilidade para adaptar o projeto de acordo com decisões que

envolvam, por exemplo, o plano estratégico da empresa, oscilações do mercado, bem como o

posicionamento dos concorrentes. Os gerentes por sua vez obtêm ganho, por exemplo, com a

redução do risco de planejamento e execução, tendo em vista que a estratégia da abordagem

ágil evita que mudanças de escopo causem surpresas no fim do projeto, ou que dificuldades na

implementação sejam anunciadas somente próximo da data de entrega (BASSI FILHO, 2008).

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53

Ainda segundo Bassi Filho (2008), a equipe de desenvolvimento é beneficiada devido as

abordagens ágeis serem centradas no desenvolvimento, ou seja, a opinião especializada passa a

ter maior importância para o projeto, o trabalho deixa de ser um processo onde cada um executa

uma tarefa de forma mecânica e a equipe mantém seu foco no que mais gosta, na

implementação.

Os clientes, diante do contato antecipado e constante com o software, absorvem o que está

sendo produzido com um nível de detalhamento elevado, e com base no conhecimento

adquirido durante o projeto, as funcionalidades podem ser melhoradas ou adaptadas. Por fim,

os usuários beneficiam-se porque podem usar o software de forma antecipada e com

disponibilização periódica de novas funcionalidades, dessa forma, a opinião e dificuldades do

usuário são relatadas a tempo de influenciar o desenvolvimento do restante do sistema (BASSI

FILHO, 2008).

Outro ponto de destaque, é com relação ao comprometimento e motivação da equipe de

desenvolvimento. Como a equipe é auto-gerenciável, cada membro da equipe recebe uma

responsabilidade, e isso eleva sua autoestima, pois significa que o resto da equipe acredita que

ele é capaz de realizar a tarefa e que a mesma será bem executada. Este comprometimento é

obtido quando o membro percebe que é o responsável pelo sucesso da execução. Contudo, para

que seja efetivo, a equipe precisa confiar na sua capacidade e oferecer apoio, caso necessário

(BASSI FILHO, 2008).

O estudo de Oliveira (2014) mostra que desde os estágios inicias, os metodos ageis adotam

atividades que garatem a qualidade do resultado. Atividades frequentes inerentes do Scurm no

processo de desenvolvimento, como planejamento da Sprint, reunião diária, revisão e

retrospectiva da sprtint atuam direatamente na melhoria de qualidade, identificação e mitigação

de riscos dos projetos.

Outro ponto de destaque desse estudo, é com relação ao comprometimento do time de

desenvolvimento. Percebeu-se também que os praticantes de métodos ágeis são entusiastas do

método, ou seja, possuem maior interesse em promover o resultado dos trabalhos e demonstram

total confiança na qualidade de seus produtos. É importante que todas as pessoas envolvidas

em um projeto de desenvolvimento de software saibam os benefícios do processo que está sendo

utilizado (OLIVEIRA, 2014).

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54

Eder (2012) afirma ainda que, ao analisar a abordagem tradicional, o termo entregar valor para

o cliente também é citado. Contudo, a entrega de valor não é tratada da mesma forma, já que

existem dificuldades em antecipar atividades e até mesmo o fato do planejamento ser pouco

flexível, não absorvendo mudanças no decorrer do projeto.

3.6. Barreiras de entrada para abordagens ágeis

A implantação de uma abordagem ágil para o gerenciamento de projetos encontra muitas

barreiras e críticas. O Scrum, muito aceito na indústria de software, sofre oposições grandes

defendidas por acadêmicos mais tradicionais. Gregório (2007) afirma que dentre os pontos

fracos dessa abordagem, a falta de escalabilidade para equipes grandes e a necessidade da

mudança de cultura da instituição, são as principais.

Entretanto, contrapondo o que alguns acadêmicos alegam, dados do Standish Group (2016),

comprovam que a utilização dos métodos ágeis, mesmo quando utilizados em projetos de

grandes dimensões, são mais efetivos que os tradicionais. Com relação a segunda crítica, esta

procede, já que a implantação do Scrum necessita de mudanças na cultura da gestão de projetos.

Vale ressalta, que conforme visto na seção 3.5, esta cultura também gera benefícios.

Bassi Filho (2012) concorda que a principal diferença encontrada nos métodos ágeis é a cultura

ágil. E como dito, agrega benefícios, mas pode tornar-se uma grande barreira para

implementação de uma abordagem nova. Principalmente tendo em vista que em diversas

organizações, as hierarquias se apoiam no conceito de chefe e subordinados, e as práticas ágeis

buscam ceder mais poder para a equipe, o que pode não ser bem visto pelos atuais “chefes”.

Outra questão é que uma relação de poder forte, tende a inibir os colaboradores de posições

inferiores a opinar.

Oliveira (2014) afirma ainda que após a mudança da abordagem tradicional para a abordagem

ágil, alguns funcionários podem sair da empresa por questão de adaptação. Contudo, esta

situação deve ser tratada como uma evolução natural e suave, tendo em vista que quando

implantada corretamente, acarretará em maiores ganhos do que em perdas.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido a globalização, avanços constantes da tecnologia e concorrência elevada, é notório que

o ambiente atual dos projetos de desenvolvimento de software SCADA apresente um

dinamismo muito grande, com alta imprevisibilidade e com grande propensão a mudanças

durante todo o projeto. Portanto, buscar metodologias alternativas que possuam flexibilidade

para se adaptar e absorver as mudanças de forma mais fluida, torna-se fundamental para a

sobrevivência das organizações.

Nesse contexto, a rigidez inerente a abordagem tradicional de gerenciamento acaba não

atendendo a atual demanda de forma satisfatória, sendo imprescindível novas ideias para

projetos em ambientes mais complexos.

Além disso, nesses casos, a metodologia empregada pode muito bem ser o fator mais importante

na determinação da probabilidade de sucesso, e tendo em vista que produzir sistemas em

circunstâncias que mudam rapidamente, as vezes sob circunstâncias caóticas, os métodos ágeis

surgem como uma boa opção. Nessa linha, o Scrum, metodologia ágil mais utilizada

atualmente, apresenta uma abordagem adequada a esses projetos, com alto grau de tolerância a

mudanças.

Todavia, as metodologias ágeis sofrem algumas críticas de estudiosos mais tradicionais,

principalmente argumentando que a mudança de cultura da organização, necessária para

implantar a nova abordagem, é uma grande barreira. Contudo, conforme visto no trabalho, a

cultura ágil apresenta possibilidades grandiosas de melhorias no processo de desenvolvimento

e na taxa de sucesso dos projetos, minimizando os impactos oriundos da sua cultura.

Também é consenso entre os autores pesquisados que se deve fazer uma análise antes da

implantação de uma abordagem ágil. Deve-se considerar sempre os aspectos organizacionais e

culturais, bem como o contexto externo no qual o projeto está inserido, para desta forma

selecionar o modelo de gerenciamento de projetos mais adequado, tradicional ou ágil.

Por fim, é perceptível que a depender do projeto, uma abordagem pode ser mais adequada do

que outra, mas tudo indica que o gerenciamento ágil é mais adequado para projetos de

desenvolvimento de software SCADA.

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5. REFERÊNCIAS

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