Gerência de Serviço de Urgência e Emergência

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1133 Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov./Dez. 2013 GERÊNCIA DE SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: FORTALEZAS E FRAGILIDADES MANAGEMENT AND EMERGENCY SERVICE EMERGENCY: STRENGTHS AND WEAKNESSES Jarbas Galvão Enfermeiro. Especialista em Administração de Recursos Humanos –UnC/Concórdia-SC. Especialista em Urgência e Emergência e APH- Faculdade Dom Bosco-Joinville-SC. Mestre em Desenvolvimento Regional –FURB.SC. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Regional de Blumenau – FURB/Blumenau-SC. [email protected] RESUMO O serviço de urgência e emergência tem sofrido ao longo dos anos mudanças decorrente do perfil epidemiológico local, com isso, as instituições de saúde são levadas a adaptarem-se as novas demandas. Contudo, essa adaptação pode gerar fortalezas e fragilidades nas unidades de serviço de urgência e emergência, levando gestores a se beneficiarem das fortalezas e se preparem para enfrentar as fragilidades. Esse artigo objetiva conhecer as fortalezas e as fragilidades do serviço de urgência e emergência em instituições de saúde por meio da revisão da literatura de artigos que abordaram o tema no período de 2009 a 2013. Foram pesquisadas as bases de dados LILACS, SCIELO e MEDLINE, considerando artigos em português, descritos pelas palavras chave: enfermagem em emergência, urgência, gerência e emergência. Foram encontrados 30 artigos, separados em dois grupos (fortalezas e fragilidades). Como resultado verificou-se que a gestão participativa, o investimento a educação continuada, a valorização do enfermeiro, comunicação eficiente e ética no ambiente de trabalho são apontados como fortalezas no serviço de urgência e emergência. Em contrapartida, a falta de investimento na adaptação das organizações frente às mudanças no perfil epidemiológico, salários baixos e excesso de carga de trabalhos dos enfermeiros, comunicação ineficiente, intolerância dos médicos e adoecimento do profissional enfermeiro foram apontados como fragilidades do serviço em estudo. Com estes resultados verifica-se que as fortalezas apontadas como ideais para um serviço de saúde não estão, na prática, sendo implementadas nas organizações de saúde como rotina, havendo assim, uma distância dialética entre o discurso e a prática. PALAVRAS-CHAVE: Emergency Nursing. Emergências. Gestão em Saúde. ABSTRACT The urgency and emergency service has suffered changes over the years due to the local epidemiological scenario, and thus, healthcare institutions are leaded to adapt to the new demand. However,this adaptation can generate strengths and weaknesses at service units of urgency and emergency, driving the managers to take advantage of the strengths and be prepared to face the weaknesses. Thus, this article aims to know the strengths and the weaknesses of urgency and emergence’s service in healthcare institutions by reviewing the literature addressed to the topic between 2009 and 2013. The LILACS, SCIELO and MEDLINE databases were researched, considering articles published in Portuguese and described by keywords as nursing in emergency, urgency, management and emergency. It was found 30 articles, separated in two groups (strengths and weaknesses). As results were found that the participative management, continuous education investments, nurse appreciation, efficient communication and ethics at workplace are pointed out as strengths in urgency and emergency’s service. On other hand, the lack of investments in the adaptation of healthcare organization due to changes in epidemiological profile, nurses’ low salaries

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Gerência de Serviço de Urgência e Emergência. Artigo Científico Excelente

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1133 Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 GERNCIA DE SERVIO DE URGNCIA E EMERGNCIA: FORTALEZAS E FRAGILIDADES MANAGEMENT AND EMERGENCY SERVICE EMERGENCY: STRENGTHS AND WEAKNESSES Jarbas Galvo Enfermeiro. Especialistaem Administrao de Recursos Humanos UnC/Concrdia-SC. Especialista em Urgncia e Emergncia e APH- Faculdade Dom Bosco-Joinville-SC. Mestre em Desenvolvimento RegionalFURB.SC.DocentedoCursodeEnfermagemdaUniversidadeRegionaldeBlumenau FURB/Blumenau-SC. [email protected] RESUMO Oserviodeurgnciaeemergnciatemsofridoaolongodosanosmudanasdecorrentedoperfil epidemiolgicolocal,comisso,asinstituiesdesadesolevadasaadaptarem-seasnovas demandas.Contudo, essa adaptao pode gerar fortalezas e fragilidades nas unidades de servio de urgnciaeemergncia,levandogestoresasebeneficiaremdasfortalezasesepreparempara enfrentarasfragilidades.Esseartigoobjetivaconhecerasfortalezaseasfragilidadesdoserviode urgnciaeemergnciaeminstituiesdesadepormeiodarevisodaliteraturadeartigosque abordaramotemanoperodode2009a2013.ForampesquisadasasbasesdedadosLILACS, SCIELOeMEDLINE,considerandoartigosemportugus,descritospelaspalavraschave: enfermagemememergncia,urgncia,gernciaeemergncia.Foramencontrados30artigos, separadosemdoisgrupos(fortalezasefragilidades).Comoresultadoverificou-sequeagesto participativa,oinvestimentoaeducaocontinuada,avalorizaodoenfermeiro,comunicao eficienteeticanoambientedetrabalhosoapontadoscomofortalezasnoserviodeurgnciae emergncia.Emcontrapartida,afaltadeinvestimentonaadaptaodasorganizaesfrentes mudanas no perfil epidemiolgico, salrios baixos e excesso de carga de trabalhos dos enfermeiros, comunicaoineficiente,intolernciadosmdicoseadoecimentodoprofissionalenfermeiroforam apontadoscomofragilidadesdoservioemestudo.Comestesresultadosverifica-sequeas fortalezasapontadascomoideaisparaumserviodesadenoesto,naprtica,sendo implementadas nas organizaes de sade como rotina, havendo assim, uma distncia dialtica entre o discurso e a prtica. PALAVRAS-CHAVE: Emergency Nursing. Emergncias. Gesto em Sade. ABSTRACT Theurgencyandemergencyservicehassufferedchangesovertheyearsduetothelocal epidemiologicalscenario,andthus,healthcareinstitutionsareleadedtoadapttothenewdemand.However,thisadaptationcangeneratestrengthsandweaknessesatserviceunitsofurgencyand emergency,drivingthemanagerstotakeadvantageofthestrengthsandbepreparedtofacethe weaknesses.Thus,thisarticleaimstoknowthestrengthsandtheweaknessesofurgencyand emergencesserviceinhealthcareinstitutionsbyreviewingtheliteratureaddressedtothetopic between2009and2013.TheLILACS,SCIELOandMEDLINEdatabaseswereresearched, consideringarticlespublishedinPortugueseanddescribedbykeywordsasnursinginemergency, urgency,managementandemergency.Itwasfound30articles,separatedintwogroups(strengths andweaknesses).Asresultswerefoundthattheparticipativemanagement,continuouseducation investments,nurseappreciation,efficientcommunicationandethicsatworkplacearepointedoutas strengthsinurgencyandemergencysservice.Onotherhand,thelackofinvestmentsinthe adaptationofhealthcareorganizationduetochangesinepidemiologicalprofile,nurseslowsalaries 113$ Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 andworkoverload,inefficientcommunication,physiciansintoleranceandnursessicknesswere pointed out asweaknesses in the serviceunder study. Underthese considerations, it is realizedthat thestrengthsconsideredasidealforhealthcareservicesarenot,inpractice,implementedin healthcareorganizationsasaroutine,existingadialecticdistancebetweenthespeechandthe practice. KEYWORDS: Emergency Nursing. Emergencies. Health Management. INTRODUAO Historicamente,asfunesdoshospitaisrefletiamsuamissocomo instituiescaritativaspararefgio,penso,ouinstruodosnecessitados,idosos, enfermosoupessoasjovens.Eletinhapoucoaofereceralmdeatenode protegeredosserviosdeenfermagemparaconsolo(GOS,2004;SANGLARD, 2007).A partir da analise histrica documental, percebe-se que ao longo dos tempos ainstituiohospitalaradotouodesenvolvimentodeprticadenaturezacurativa com a concentrao de tecnologias e na aquisio de informaes sobre fisiologia e etiopatogeniasdasdiferentesafeces,aliadasaoconfortoepraticidadedas instalaes fsicas do hospital (GOS, 2004; SANGLARD, 2007). Comaevoluodocenrioepidemiolgico,doaumentodasdoenas degenerativas e crnica, da exploso da violncia urbana e do aumento vertiginoso dosacidentes,oshospitaispassaramaenfrentarumanovarealidadenaformade atendimento.Assim, as dcadas de 70 e 80 foram marcadas no quadro da gesto dos sistemas de sade pela profunda evoluo no conceito de unidade hospitalar e osetordoserviodeurgnciaeemergnciafoiconsideradoaentradamais importantedeumhospitaleestruturaderefernciaparaatendimentorpido.Este novoconceitoexigiuumaatenodiferenciadanoquetangeaestruturafsica, tecnolgicaederecursoshumanos,assegurandoumatendimentoeateno qualificada aos pacientes graves (CALIL, 2007; BITTAR, 1996; DESLANDES, 2008). Noentanto,emfunodoserviodeurgnciaeemergncianolimitara quantidadedeatendimentos,doatendimentonaredeprimariaestarcentradoem especialidademdicaedodescasodogovernocomasade,muitoshospitaisna atualidadeencontram-secomumaestruturaprecria,inadequadaeburocratizada, sendo o servio de urgncia e emergncia alvo constante de crticas (BERTI, 2010; PAIVA, 2010).Istosignifica dizerquerequerdogestorum gerenciamentocom experincia, envolvimento,habilidadeseplanejamento,umavezqueoserviodevebuscaro equilbrioatravsdodesenvolvimentoehabilidadescommecanismosgerenciais quepermitamautilizaodospoucosrecursosdisponveiscommximode eficincia, eficcia e efetividade possveis.Assim, o enfermeiro que atua nessa unidade precisa avaliar e estar atento no seupapelcomogestoridentificandoeapontandooscaminhosparafavorecerum processodemudana,tornandoosetormaisfuncional,atendimentosmaisgeis, minimizandooestresseentreosprofissionais,eaumentandoassimosnveisde satisfao dos clientes (KURCGANT, 2010). Nesse sentido, o gerenciamento dos cuidados de enfermagem passou a exigir maisconhecimento,responsabilidade,competnciaeformaoadequada,face 113% Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 sadeebem-estardapopulaoquecobramaisparticipaoeeficinciado atendimento (MONTEZZELI; PERES; BERNARDINO, 2011).Destaforma,confereaimportnciadeconhecerasfortalezasefragilidades na gerncia de servio de urgncia e emergncia frente a constantes mudanas que seestabelecemnumainstituiohospitalar,apartirdeumarevisodaliteratura,a fimdeauxiliaroenfermeironagestodosservioseadaptaodaorganizao hospitalar para o enfrentamento das mudanas do cenrio epidemiolgico. METODOLOGIA Trata-sedeumapesquisadescritiva,exploratria,deabordagemqualitativa. A proposta da reviso da literatura compartilhar resultados de outros estudos que esto prximos ou do sustentao ao estudo a ser desenvolvido.AsbasesdedadosusadasparaabuscanaliteraturaenglobouGoogle Acadmico,LILACSLiteraturaLatino-americanaemCinciasdaSade, SciELOeMEDLINE.Ostermosdebuscaforamenfermagemememergncia,enfermagem,emergncia,urgncias,gerenciaeacombinaoentreeles. Foram considerados os artigos publicados em portugus nos anos 2009 a 2013. A partir da leitura dos resumos, foi excluda toda produo duplicada, cartas, editoriais,relatriosepidemiolgicoseoutrosestudosquenocorrespondiamao escopo da reviso, ou seja, no estavam relacionados diretamente com o objeto de estudoemquesto.Sendoassim,porfim,foramselecionados30estudospara anlise do contedo. Combasenosresultadosdescritosnosestudosselecionados,osresultados destapesquisaforamorganizadosapartirdeduasvertentes:a)Fortalezasna gernciadeServiodeUrgnciaeEmergncia;eb)Fragilidadesnagernciade Servio de Urgncia e Emergncia. RESULTADOS E DISCUSSO NaavaliaodolevantamentobibliogrficonabasededadosLILACS LiteraturaLatino-americanaemCinciasdaSade,SciELOeMEDLINE,foram encontrados665artigos,osquaisforampesquisadospormeiodosdescritores cadastradosnoDescritoresemcinciasdasade(DeSC)fazendoreferncia enfermagem em emergncia, enfermagem,emergncia, urgncias, gerencia.Foram ainda consideradas a combinao de descritores no mesmo artigo tais como enfermagem+emergncia,enfermagem+urgnciaegerencia+enfermagem. Dos 665 artigos,foi feita uma seleo considerando artigos publicados entre 2009 a 2013,emlnguaportuguesaedeacessogratuitoaoartigocompleto.Apsesta seleo 104 artigos apresentaram potenciais para a proposta do estudo.Foram feitas leituras previas nos resumos dos 104 artigos e destes, 74 foram excludosporcentrarememoutrasunidadesdohospitalenoemnonaunidade de urgncia e emergncia, foco desse estudo. Os30artigosrestantesforamclassificadosemgruposqueidentificavamas fortalezaseasfragilidadesdagerenciadoserviodeurgnciaeemergncia.A descrio desses dois grupos segue separada em tpicos. 1136 Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 Fortalezas na gerncia de servio de urgncia e emergncia Oambientecompetitivoemqueasorganizaesdesadeestoinseridas temlevadooenfermeiroaseadaptarasnovastendnciasetecnologiasafimde manterouelevaraqualidadenoatendimentoaocliente,principalmentenoquese refere s mudanas do cenrio epidemiolgico.Dentre as adaptaes est a busca daavaliaodenovosrecursostecnolgicos,desenvolvimentodecompetncias, habilidadeseatitudes,quesimbolizamaqualificaodepessoal,gestodo conhecimentoadquiridoparasuaaplicaoemdiferentescontextos(RUTHES; CUNHA,2009),recrutamentodepessoalespecializadoparadesempenharfunes quedemandammaiorcomplexidadeeamanutenodonmeroidealde profissionaisnos setores (LIMA; KURGANCT, 2009). Paraessasadaptaessugere-seodesenvolvimentodeumlderque apresentequalidadesvoltadasgestoparticipativa,deassociaodointeresse pessoal do enfermeiro ao coletivo, dotado de competncia tcnica, que estimule as relaes interpessoais e articule o trabalho em equipe (MOURA et al., 2010).Adicionalmenteapromoodeumambientequesejapropcioparao desenvolvimentodotrabalhoequegeresatisfaoaoenfermeiropodecontribuir para a acelerao do processo de adaptao aos estmulos externos e internos. De acordocomosestudosdeMelo,BarbosaeSouza(2011),agestoparticipativa contribuiparaageraodesseambientepormeiodavalorizaodotrabalhodo enfermeiro,inserodoenfermeironosprocessosdecisrios,estabelecimentode umplanodecargosesalrioseapoioaeducaocontinuada(MELO;BARBOSA; SOUZA, 2011).Nessesentido,ressalta-sequeaadaptaodocorpodeenfermagem,por meiodagestodoconhecimento,derecursoshumanosedeoutrasatividades laboraispertencentesaoenfermeiroinfluenciadapelaorganizaodotrabalho institucionalizadapelaculturaorganizacional.Estaadaptao,baseadaem elementosculturaisdaorganizaodesadeconsideraacondutahumana,as relaesinterpessoais,osistemadecomunicaoeahierarquianosprocessos decisrioscomofatoresdeordemprticaeeficincianaexecuodasatividades relacionadasaoatendimento.Aadesodoenfermeiroaoselementosculturais organizacionais d suporte ao enfrentamento das adversidades e incertezas laborais condizentes as complexidades do ambiente hospitalar (PROCHNOW et al., 2011). Dentre os elementos culturais citados, destaca-se o sistema de comunicao comoumdosmaisrelevantesparagestoeminstituiesdesade,umavezque estesistemapodepropiciaroentendimentoclaroeefetivodasdiretrizes,tomadas dedeciseseprocedimentosrelacionadosaoatendimentodepacientesnos servios de urgncia e emergncia e estabelece a dinmica do processo do trabalho doenfermeiro.Acomunicaoeficienteestimulaatrocadeopiniesdentroda equipe multiprofissionaleestabelecerelaesdeconfianainterpessoal(SANTOS; BERNARDES, 2010). Associada a um sistema de comunicao eficiente e aos elementos culturais organizacionaisaticaapresenta-secomobaseparaaboaconduta,integridadee compromisso do enfermeiro para com a sua equipe e no seu processo de trabalho. 113& Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 Oexercciodaticadesenvolveempatiaehumanizaoambiente(GUERRAetal., 2011; TREVIZAN et al., 2009). Nessesentido,aticaeaeducaocontinuadavemauxiliarnaconstruo deumambientesaudvelparaoexercciodaprofisso,comofacilitadorasdas relaesinterpessoaisminimizandoosofrimentopsquicoegeradorasde conhecimentoqueseropercebidosnospelospacientesmasportodosos envolvidosnoprocessodocuidado.Aticaaindalevaaoentendimentodo compromisso que o enfermeiro tem no cuidado com o paciente e de sua interligao e interdependncia com este, uma vez que o paciente e o trabalho do enfermeiro, de forma geral, no podem ser analisados separadamente (BECK, 2010). Alemdacompetitividadeentreasorganizaesdesadecomofontede estimulo para adaptao do processo de trabalho e da qualificao do enfermeiro, a mudanadocenrioepidemiolgicopodesugeriralteraesnaestrutura organizacionalparaprovermelhoratendimentosnovasdemandas.O enfrentamento as nova demandas possibilita a identificao de problemas de ordem estrutural e prtica que podem ser resolvidas por meio de um novo planejamento e elaborao de estratgias para otimizar o atendimento. Nesse sentido a adaptao e readaptao das estruturas hospitalares e da qualificao do enfermeiro aumentam aprestezaeprecisodetratamentooferecidosaospacientes(COELHOetal., 2010). Fragilidades na gerncia de servio de urgncia e emergncia Emboraestudossugiramqueaadaptaodoenfermeiroemtermosde praticasgerenciaisfrenteasoscilaeseexignciasdomercadosejaconsiderada umpontofavorvelnagestodeserviosdeurgnciaeemergncia(RUTHES; CUNHA, 2009),outros estudos apontam que mesmo com benefcios considerveis oriundos desta adaptao no h evidencias sobre o investimento das organizaes desadenaqualificao,preparo,gestodoconhecimentoedecompetnciasdo enfermeiroparaelevaraqualidadedoservioprestadoeatingirosobjetivos organizacionais (RUTHES; CUNHA, 2009).Em termos de liderana verifica-se que no h um relacionamento direto entre a chefia e equipe de enfermagem o que gera inseguranaaoscomponentesdessaequipepornosaberemosplanosfuturose nem o que se espera deles (STRAPASSON; MEDEIROS, 2009). Alemdessesagravantesprovocadosporproblemasdegesto,percebe-se ainda por meios dos estudos de Montezelli, Peres e Bernardino (2010, 2011), que os hospitaisnoestoadaptadosarealidadedocenrioepidemiolgicoequeo processodetrabalhodoenfermeirosegueumaorientaovoltadaadministrao cientifica clssica, em que, o enfermeiro fica limitado a execuo de tarefas que no lhe permitem ter autonomia ou criatividade. Neste ambiente o enfermeiro levado a escolherentreaexecuodepraticastcnicasoudegesto,jqueosistema institucionalizado no lhe permite desenvolver competncias mltiplas, o que gera a superespecializaoemumareaedeficinciaemoutra.Outroagravantenesse contextoavisodequeoenfermeirossetornaprodutivopormeiodo desempenhodetarefaspraticas,enquantoastarefasdegestosovistascomo uma pseudo enfermagem (MOTEZELLI; PERES; BERNARDINO, 2010, 2011).113' Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 Alemdessesfatoresacomunicaopodeinterferirnarotinadetrabalhodo enfermeiroumavezqueestapodesertransmitidacomfaltadeclarezae objetividade, que pode influenciar a equipe de trabalho, o atendimento ao paciente e prestao de informaes aos familiares (RUTHES; FELDMAN; CUNHA, 2010). Esta comunicaoineficientepodeacarretarproblemasdeinsatisfaoemqualidade da assistncia prestada (SANTOS; BERNARDES, 2010). Umdosmotivosrelacionadosacomunicaoineficienteadesunioda equipe de trabalho devido ao no desprendimento dos interesses pessoais em favor docoletivo.Adesuniogeraproblemasderelacionamentoentreosmembrosda equipe e com a chefia, insatisfao com o ambiente de trabalho, sofrimento psquico e prestao de um servio de m qualidade (ANDRADE et al., 2009; SANTOS et al., 2011).Alemdainsatisfaogeradapelacomunicaoineficiente,htambma insatisfaocomascondiesdetrabalho,aqualpodeserdescritapelafaltade recursos para desempenhar as tarefas, baixos salrios, desvalorizao da profisso, sobrecargadetrabalho,desorganizaodoservioefaltadeseguranae salubridade(FURTADO;ARAUJOJUNIOR,2010;MELO;BARBOSA;SOUZA, 2011; MOSCHEN; MOTTA, 2010).Estainsatisfaopodeserpercebidapelopacientecomonocuidado,ou seja,oenfermeirotransfereasresponsabilidadesparaoutrosprofissionais,no valorizaossinaisecomunicaonoverbalevalorizaatecnologiadura,no priorizaatendimentoaosidosos,demonstrafaltadepacincia,respeitoeagede formagrosseira,friaeinsensvel(BAGGIOetal.,2010;BAGGIO;CALLEGARO; ERDMANN, 2011).Pode-seaindacitarcomoumadasfragilidadesnodesempenhodastarefas deenfermagemadedicaoaatividadesassociadas(HAUSMANN;PEDUZZI, 2009).DeacordocomosestudosdeGarciaeFugolin(2010),12%dajornadade trabalhodoenfermeirodedicadoaodesempenhodeatividadesassociadas,as quaispoderiamsermigradasparaumoficialadministrativo,ouseja,oenfermeiro teriamaistempoparasededicaragerenciadocuidadoaumentandoassimsua produtividade (GARCIA; FUGOLIN, 2010). Todoestecenriodeproblemasnoambientedetrabalhoanteriormente descritos assim como a superlotao da unidade e as restries do sistema pblico desade,impacinciadosmdicos,podedesencadearoadoecimentodos profissionais,comoporexemplooestressefsicoepsquico(DALPAI;LAUTER, 2009, 2011; DALRI; ROBAZZI; SILVA, 2010; FARIAS et al., 2011).Sendo assim os enfermeirosutilizamestratgiasdeenfrentamentoaestasfragilidades,adotando atitudesdedespersonalizaopormeiodafriezaedistanciamentonoatendimento ou humor no ambiente de trabalho (DAL PAI; LAUTER, 2009; 2011; FARIAS et al., 2011). CONSIDERAES FINAIS Apartirdeumarevisodaliteratura,buscou-seconhecerasfortalezaseas fragilidadesdagerenciadoserviodeurgnciaeemergncianas organizaesde sade.113( Revista Enfermagem Integrada Ipatinga: Unileste, V. 6 - N. 2 - Nov.!e". 2#13 Comofortaleza,foiidentificadaqueaadaptaodoenfermeiropormeiode qualificaoedesenvolvimentodecompetncias,habilidadeeatitudesemfuno dosurgimentodenovastcnicasetecnologias,assimcomoareestruturaodo sistemahospitalaremfunodonovocenrioepidemiolgicoedacompetitividade entreasorganizaesdesadepodemlevaraprestaodeserviosauma qualidade superior.Outra fortaleza est relacionada gesto participativa, em que a incluso do enfermeironoprocessodecisrio,sistemadecomunicaoeficiente,estimuloa educaocontinuadaedemonstraodaticanoambientedetrabalhopodelevar aomaiorcomprometimentodoenfermeironoatendimentoaopaciente.Alemdisto, oselementosculturaisorganizacionaispodemsubsidiaroenfermeirono enfrentamento nas complexidades dos atendimentos.Por outro lado, verificou-se em estudos empricos que os maiores fragilidades nogerenciamentodeurgnciaeemergnciaestorelacionadasfaltade investimentoeemqualificao,adaptaodaorganizaodesadefrenteao cenrio epidemiolgico, grande distncia de poder entre chefia e equipe de trabalho, promovendo comunicao verticalizada e ineficiente. No se pode negligenciar que as condies de trabalho como baixos salrios, faltadeseguranaesalubridade,associadoscomaintolernciadosmdicos, superlotaoeestressenosatendimentospodemprovocaroadoecimentodos profissionais. Comessasconsideraesverifica-sequeospontosfavorveisoufortalezas dagerenciadaunidadedeurgnciaeemergncia,citadosnaliteraturacomo ferramentasdeaprimoramentosdaprestaodeserviosso,contudo,pontos frgeis evidenciados na prtica.Assim, h um discurso divergente entre o percebido como ideal ou fortaleza e o existente nas estruturas hospitalares.Em suma, acredita-se que as divergncias entre o ideal no gerenciamento de serviosdeurgnciaeemergnciaearealidadepercebidanosambientes hospitalaresestorelacionadasspolticasderecursoshumanosfalhase qualificao dos gestores baseada nos modelos da administrao, em que o foco no resultado e na produtividade se tornam elementos essenciais da gesto e os fatores ambientaisehumanossetornamcoadjuvantesnoprocessodetrabalhodo enfermeiro.

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