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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical GEOQUÍMICA ELEMENTAR E FORMAS DE FERRO E MANGANÊS EM SOLOS DO PANTANAL NORTE MATOGROSSENSE ELAINE DE ARRUDA OLIVEIRA CORINGA C U I A B Á - MT 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

GEOQUÍMICA ELEMENTAR E FORMAS DE FERRO E

MANGANÊS EM SOLOS DO PANTANAL NORTE

MATOGROSSENSE

ELAINE DE ARRUDA OLIVEIRA CORINGA

C U I A B Á - MT

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

GEOQUÍMICA ELEMENTAR E FORMAS DE FERRO E

MANGANÊS EM SOLOS DO PANTANAL NORTE

MATOGROSSENSE

ELAINE DE ARRUDA OLIVEIRA CORINGA

Química

Orientador: Prof. Dr. EDUARDO GUIMARÃES COUTO

Tese apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Doutor em Agricultura Tropical.

C U I A B Á - MT

2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

C798a Coringa, Elaine de Arruda Oliveira. Geoquímica elementar e formas de ferro e manganês

em solos do Pantanal Norte Mato-grossense. / Elaine de Arruda Oliveira Coringa. – Cuiabá, 2011.

224f.: color.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Guimarães Couto.

Co-orientador: Prof. Dr. Pablo Vidal Torrado.

Tese (Doutorado em Agricultura Tropical) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade Federal de Mato Grosso.

1. Geoquímica do ferro e manganês – tese. 2. Solo

hidromórficos (solos do Pantanal) – tese. 3. Óxidos de ferro – tese. I. Couto, Eduardo Guimarães. II. Torrado, Pablo Vidal. III. Título.

CDU: 550.4.01+553.31/.32:631.4(817.2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Título: GEOQUÍMICA ELEMENTAR E FORMAS DE FERRO E MANGANÊS

EM SOLOS DO PANTANAL NORTE MATOGROSSENSE

Autora: ELAINE DE ARRUDA OLIVEIRA CORINGA

Orientador: Dr. EDUARDO GUIMARÃES COUTO

Aprovada em 18/04/11

Comissão Examinadora:

____________________________

Profª Drª Oscarlina L. S. Weber

(FAMEV/UFMT)

___________________________

Profª Drª Rúbia Ribeiro Viana

(ICET/UFMT)

_________________________

Prof. Dr. Pablo Vidal-Torrado

(Esalq/USP)

_________________________

Prof. Dr. Luis Reynaldo F. Alleoni

(Esalq/USP)

___________________________

Prof. Dr. Eduardo Guimarães Couto

(FAMEV/UFMT)

(orientador)

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai Pedro Alexandre (in memoriam),

pelos valiosos ensinamentos e pelo exemplo de vida, sempre comigo.

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AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária e à Universidade

Federal de Mato Grosso pela formação proporcionada;

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato

Grosso (IFMT), que possibilitou a realização do curso de doutorado;

Ao professor e orientador Dr. Eduardo Couto, pela amizade e

orientação dispensada durante todos os momentos do curso;

Ao professor Dr. Pablo Vidal Torrado pela co-orientação neste

trabalho e pelos ensinamentos.

Ao professor Deocleciano Bittencourt Rosa, pelo auxílio nas

interpretações dos resultados geoquímicos, e pela amizade de longa data.

Ao colega Raphael Beirigo, pela disponibilidade e auxílio no

encaminhamento dos resultados de caracterização dos solos, e pela

convivência na ESALQ.

Aos bolsistas do IFMT (Clebson, Érica, Tatiane, Daniely) e da UFMT

(Arthur e Maíra) pelo auxílio na realização das longas análises geoquímicas

e mineralógicas dos solos.

Ao Laboratório Multiusuário em Técnicas Analíticas (LAMUTA) do

Departamento de Recursos Minerais da Universidade Federal de Mato

Grosso (UFMT) pela realização das análises de Fluorescência de Raios X.

À minha família, pelo auxílio nos momentos de maior dedicação ao

curso de doutorado e à confecção da tese.

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GEOQUÍMICA ELEMENTAR E FORMAS DE FERRO E MANGANÊS E M

SOLOS DO PANTANAL NORTE MATOGROSSENSE

RESUMO – A caracterização e análise geoquímica de solos permitem

compreender os processos de migração, dispersão e concentração de

elementos químicos no perfil, embasando a correlação dos seus atributos

com as classes de solos formados, o que possibilita inferências acerca da

sua gênese. A exploração geoquímica dos óxidos de ferro e de manganês é

importante devido à sua participação na adsorção de nutrientes, poluentes e

nos processos redox que ocorrem em solos de áreas úmidas como o

Pantanal Norte Matogrossense, e que afetam a concentração, o

comportamento químico e a biodisponibilidade de elementos traço nesse

ambiente, além de conferirem feições redoximórficas específicas na matriz

dos solos. Esta pesquisa teve por objetivo caracterizar e interpretar a

composição geoquímica total de elementos maiores e menores nos solos,

bem como avaliar a distribuição das formas extraíveis de ferro e de

manganês e suas relações em classes de solos representativos do Pantanal

Norte Matogrossense, na sub-região de Barão de Melgaço (MT). Os solos

subdividiram-se em dois tipos geoquímicos: um composto por solos de

textura arenosa a franco-arenosa com teores relativamente elevados de

SiO2 e predominância de caulinita e quartzo, com menor teor de bases e

elementos traço; outro composto por solos de textura mais argilosa,

geoquimicamente heterogêneos e com conteúdos significativos de minerais

2:1, Al2O3, óxidos de Fe e Mn, bases e elementos traço. A geoquímica do

ferro e do manganês, da maioria dos solos, foi representada

quantitativamente pela sequência: formas de maior grau de cristalinidade >

formas complexadas com a matéria orgânica > formas de baixa

cristalinidade. Observou-se que influência da matéria orgânica nas formas

de Fe e Mn é significativa, mesmo em solos com baixo teor de carbono

orgânico total, e apesar das condições redutoras sazonais, a preservação

dos óxidos de Fe Mn bem cristalizados em profundidade pode ser atribuída

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às feições redoximórficas dos solos. As formas geoquímicas do Mn não

seguiram o padrão de distribuição em profundidade observado para o Fe,

sugerindo maior mobilidade do Mn independente do teor de argila. As formas

de Fe e Mn de baixa cristalinidade predominaram na camada superficial dos

solos devido à alternância das condições de oxidação e de redução que

dificultaram o processo de cristalização dos minerais de Fe e Mn, aliadas à

presença da matéria orgânica.

Palavras-chave: óxidos de ferro, geoquímica, solos hidromórficos.

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ELEMENTAL GEOCHEMISTRY AND FORMS OF IRON AND

MANGANESE IN SOILS OF THE NORTHERN PANTANAL

MATOGROSSENSE

ABSTRACT - The characterization and geochemical analysis of soils allow

us to understand the processes of migration, dispersal and concentration of

chemical elements in the profile, supporting the correlation of its attributes

with the classes of soils formed, which allows inferences about its genesis.

Exploration geochemistry of iron and manganese oxides is important

because of their participation in the adsorption of nutrients, pollutants and the

redox processes that occur in soils of wetlands as the North Pantanal of Mato

Grosso, and affecting the concentration, the chemical behavior and

bioavailability of trace elements in this environment, besides giving specific

redoximorphics features in the matrix of soils. This research aims to

characterize and interpret the geochemical composition of total major and

minor elements in soils and to assess the distribution of forms of extractable

iron and manganese and its relations in representative soil classes of the

northern Pantanal of Mato Grosso, in the sub-region Barão de Melgaço (MT).

The soils are subdivided into two geochemical types: one composed of sandy

soils to sandy loam with relatively high levels of SiO2 and predominance of

kaolinite and quartz, with lower levels of trace elements and bases, and

another composed of soil texture clay, geochemically heterogeneous and

significant content of 2:1 clay minerals, Al2O3, Fe and Mn oxides, alkalis and

trace elements. The geochemistry of iron and manganese of the majority of

the soils was quantitatively represented by the following: forms of higher

degree of crystallinity > forms complexed with organic matter > forms of low

crystallinity. It was observed that the influence of organic matter in the forms

of Fe and Mn is significant even in soils with low organic carbon, and despite

the seasonal reducing conditions, the preservation of Mn and Fe oxides

crystallized in depth can be attributed to soil redoximorphics features. The

geochemical forms of Mn did not follow the pattern of depth distribution

observed for Fe, suggesting greater mobility of the Mn independent of clay

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content. The forms of Fe and Mn amorphous predominated in the surface

layer of soils due to alternating conditions of oxidation and reduction that

hindered the process of crystallization of minerals of Fe and Mn, together

with the presence of organic matter.

Keywords: iron oxides, geochemistry, wetlands.

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LISTA DE FIGURAS

Página

1 Sub-regiões do Pantanal e Bacia do Alto Paraguai, com inserção da RPPN SESC Pantanal, segundo Silva e Abdon (1998)............................ 24

2 Principais classes de solos identificados no Pantanal brasileiro .......... 27

3 Localização do Pantanal matogrossense e da área de estudo, a Reserva Particular do Patrimônio Natural do Serviço Social do Comércio (RPPN SESC Pantanal), Barão de Melgaço-MT ..................... 36

4 Mapa da RPPN SESC Pantanal Barão de Melgaço com as fitofisionomias e a localização dos 20 perfis amostrados (numerados) ... 39

5 Classe textural e granulometria dos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B) dos perfis da RPPN SESC Pantanal.......................... 47

6 Teor de argila total nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B) dos perfis da RPPN SESC Pantanal................................................... 48

7 Teor de carbono orgânico total (COT) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B) dos perfis da RPPN SESC Pantanal....................... 49

8. Perfis dos Planossolos ......................................................................... 51

9 Perfis dos Plintossolos........................................................................... 52

10 Perfis dos Neossolos........................................................................... 53

11 Perfis de Cambissolos ........................................................................ 54

12 Perfis de Gleissolos.............................................................................. 55

13 Perfis de Luvissolos……………………………………………………….. 57

14. Relação entre os teores totais de sílica e os óxidos de ferro e de alumínio nas amostras analisadas ........................................................... 68

15 Relação entre o teor médio de silte e de manganês (MnO2) nos solos da RPPN SESC Pantanal ............................................................... 77

16 Análise de Componentes Principais (ACP) dos teores médios de elementos (óxidos) dos solos da RPPN SESC Pantanal, por perfil (n = 20) (A) variáveis componentes; (B) grupos de perfis................................ 88

17 Análise de Componentes Principais (ACP) dos teores dos elementos (óxidos) no horizonte A dos solos da RPPN SESC Pantanal, por perfil (n = 20); (A) variáveis componentes; (B) grupos de perfis........................ 91

18 Variação dos resultados da extração seletiva do ferro nos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 113). ............................................................. 97

19 Distribuição do teor de Fe2O3 (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal............... 98

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Página

20 Distribuição do teor de Fedcb (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal............... 99

21 Teores de ferro associados aos óxidos bem cristalizados (Fecristalino) em subsuperficie nos solos da RPPN SESC Pantanal ............................ 100

22 Distribuição do teor de Feox (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.................. 101

23 Grau de reatividade dos óxidos de ferro nos horizontes superficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal.. ...................................................... 103

24 Distribuição do teor de Fehi (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.................. 104

25 Distribuição do teor de Fepi (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.................. 105

26 Variação dos resultados da extração seletiva do manganês nos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 113)................................................. 107

27 Distribuição do teor de MnO2 total (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal......... 108

28 Distribuição do teor de Mndcb (mg kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal......... 109

29 Teores de manganês ligado aos óxidos bem cristalizados (Mncristalino) em subsuperficie nos solos da RPPN SESC Pantanal ............................ 110

30 Distribuição do teor de Mnox (mg kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal......... 111

31 Distribuição do teor de Mnhi (mg kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal............... 113

32 Distribuição do teor de Mnpi (mg kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal............... 114

33 Gráfico ACP do conjunto dos dados do horizonte A na projeção dos componentes 1 e 2, após a rotação Varimax. (A) variáveis componentes; (B) grupos de perfis (perfil/classe)..................................... 119

34 Gráfico ACP do conjunto dos dados do horizonte B (ou C) na projeção dos componentes 1 e 2, após a rotação Varimax. (A) variáveis componentes; (B) grupos de perfis (perfil/classe)..................................... 124

35 Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Planossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)........................ 129

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36 Relações entre o teor de carbono orgânico total e o ferro extraível em pirofosfato de sódio (A) e oxalato de amônio (B) nos horizontes dos Planossolos Háplicos (perfis P04 e P43) e Nátrico (perfil P09) da RPPN SESC Pantanal. .......................................................................... 131

37 Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Planossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). .............................................................................................. 135

38 Relação entre o teor de manganês extraível em ditionito de sódio e associado aos óxidos cristalinos e o manganês total nos horizontes dos Planossolos da RPPN SESC Pantanal (n = 24).............................. 136

39 Relações entre o teor de carbono orgânico total e o manganês extraível em pirofosfato de sódio e oxalato de amônio nos horizontes dos Planossolos da RPPN SESC Pantanal........................................... 138

40 Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Plintossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)................. 141

41 Relação entre o teor de ferro extraível em ditionito de sódio e associado aos óxidos cristalinos e o ferro total nos horizontes dos Plintossolos da RPPN SESC Pantanal (n =25)...................................... 142

42 Distribuição da relação Fedcb/Argila nos horizontes dos Plintossolos da RPPN SESC Pantanal. ..................................................................... 143

43 Distribuição do teor de Fe extraível (g kg-1) com a profundidade dos Plintossolos da RPPN SESC Pantanal. .......................................... 150

44 Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Plintossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). ............................................................................................. 154

45 Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Cambissolos Flúvicos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). 155

46 Relação entre o teor de ferro extraível em ditionito de sódio e associado aos óxidos cristalinos e o ferro total nos horizontes dos Cambissolos Flúvicos da RPPN SESC Pantanal (n = 29)...................... 158

47 Distribuição do teor de Fe extraível (g kg-1) com a profundidade dos Cambissolos Flúvicos da RPPN SESC Pantanal............................ 159

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Página

48 Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Cambissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). .............................................................................................. 161

49 Relação entre o teor de manganês extraível em ditionito de sódio e o manganês total nos horizontes dos Cambissolos Flúvicos da RPPN SESC Pantanal (n = 29). ...................................................................... 165

50 Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Neossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)...................... 168

51 Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Neossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal) ............................................................................................... 170

52 Relação entre o teor de manganês extraível em pirofosfato de sódio (Mnpi) e o carbono orgânico total dos perfis de Neossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal) (n = 16)....... 171

53 Relação entre o teor de manganês extraível em oxalato e em hidroxilamina nos perfis dos Neossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal) (n = 16).......................................... 174

54 Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Gleissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)..................... 175

55 Relação entre o teor de ferro total (Fet) e ferro extraível em ditionito de sódio (Fedcb) nos Gleissolos da RPPN SESC Pantanal (n = 10). ......................................................................................................... 176

56 Relação entre o Fecristalino e o ferro total (Fet), argila e grau de reatividade dos Gleissolos da RPPN SESC Pantanal (n = 10).............. 178

57 Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Gleissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). .............................................................................................. 183

58 Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Luvissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)...................... 184

59 Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Luvissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). .............................................................................................. 186

60 Distribuição dos teores de manganês extraível associado às formas reativas do solo (Mnox + Mnhi) dos Luvissolos da RPPN SESC Pantanal. ................................................................................................ 193

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LISTA DE TABELAS

Página

1 Classificação dos solos da RPPN SESC Pantanal, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação (Embrapa, 2006)............................ 40

2 Composição mineralógica estimada da fração argila dos horizontes subsuperficiais dos solos da RPPN e sua ordem de predominância..... 50

3 Média (Med), desvio padrão (dp), concentração (g kg-1) mínima (Min) e máxima (Max) dos elementos maiores (óxidos) nos solos da RPPN SESC Pantanal e a variação correspondente em outros solos.. 60

4 Concentração dos elementos maiores (óxidos totais) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal............................................................................ 62

5 Coeficiente de correlação de Pearson (r) calculado entre os teores elementos maiores (óxidos) e os teores de areia, silte e argila das amostras em estudo (n = 113; p<0,05). ................................................ 69

6 Teores totais de elementos traço (óxidos) nos horizontes superficiais e subsuperficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal....... 72

7 Matriz de correlações de Pearson e parâmetros estatísticos descritivos dos teores médios dos elementos traço no perfil e alguns atributos dos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 20, p < 0,05).......... 74

8 Parâmetros estatísticos descritivos dos teores dos elementos maiores e menores nos horizontes dos solos da RPPN SESC Pantanal. ................................................................................................ 84

9 Matriz de correlação de Pearson das variáveis utilizadas na ACP (resultados médios dos perfis) (n = 20, p<0,05).................................... 87

10 Contribuição de cada variável, baseada na correlação, para os dois primeiros componentes principais dos elementos (óxidos) nos solos da RPPN SESC Pantanal, por perfil (n = 20)................................ 87

11 Matriz de correlação de Pearson das variáveis utilizadas na ACP (resultados do horizonte A) (n = 20, p<0,05).......................................... 92

12 Contribuição de cada variável, baseada na correlação, dos dois primeiros componentes principais da ACP dos elementos (óxidos) nos solos da RPPN SESC Pantanal, no horizonte A (n = 20)....................... 92

13 Concentração de ferro e manganês associada às formas geoquímicas nos horizontes superficiais e subsuperficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal. ..................................................................... 95

14 Matriz de correlação entre as formas extraíveis e total de manganês nos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 113; p<0,05)........ 113

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Página

15 Matriz de correlação das frações extraíveis de Fe e Mn e as principais propriedades dos horizontes superficiais dos solos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)...................... 117

16 Matriz componente dos teores extraíveis de Fe e Mn e algumas propriedades dos horizontes superficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal ................................................................................................. 118

17 Matriz de correlação das frações extraíveis de Fe e Mn e as principais propriedades dos horizontes subsuperficiais dos solos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)...................... 122

18 Matriz componente dos teores extraíveis de Fe e Mn e algumas propriedades dos horizontes subsuperficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal. ..................................................................................... 123

19 Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Planossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). ....................................................................... 128

20 Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Planossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)……......................................... 134

21 Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Plintossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). ....................................................................... 140

22 Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Plintossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). ............................................. 149

23 Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Cambissolos Flúvicos do Pantanal Norte-matogrossense (RPPN SESC Pantanal)................................................ 153

24 Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Cambissolos Flúvicos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)................................................ 160

25 Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Neossolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). ....................................................................... 164

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Página

26 Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Neossolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)................................................ 169

27 Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Gleissolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). ....................................................................... 173

28 Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Gleissolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)............................................... 179

29 Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Luvissolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal). ....................................................................... 182

30 Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Luvissolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)................................................ 185

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SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO................................................................................... 20

2. REVISÃO DE LITERATURA........................... ................................... 23

2.1 O Pantanal Matogrossense e seus solos....................................... 23

2.2 A biogeoquímica do ferro e do manganês....................................... 28

2.3 Formas de ferro e de manganês em solos....................................... 30

2.4 Análise geoquímica de metais em solos e sedimentos................... 32

3 MATERIAL E MÉTODOS............................... ..................................... 35

3.1 Área de estudo................................................................................. 35

3.1.1 Localização........................................................................ 35

3.1.2 Clima.................................................................................. 37

3.1.3 Vegetação, feições geomórficas e solos predominantes.... 37

3.1.4 Amostragem e classificação dos solos............................... 38

3.2 Caracterização dos solos................................................................. 41

3.3 Análise geoquímica de elementos totais.......................................... 41

3.4 Dissolução seletiva das formas de ferro e manganês...................... 42

3.4.1 Fração ligada aos oxihidróxidos de ferro e manganês

(redutível)..................................................................................... 42

3.4.2 Fração ligada à matéria orgânica (oxidável)....................... 44

3.5 Análise estatística............................................................................. 45

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................... ............................... 46

4.1 Características gerais dos solos....................................................... 46

4.1.1 Planossolos......................................................................... 51

4.1.2 Plintossolos......................................................................... 52

4.1.3 Neossolos........................................................................... 53

4.1.4 Cambissolos........................................................................ 54

4.1.5 Gleissolos............................................................................ 55

4.1.6 Luvissolos....................................................................... 56

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19

Página

4.2 Geoquímica elementar dos solos..................................................... 58

4.2.1 Elementos maiores (Si, Al, Fe, K, Mg, Ca, Ti, S, P)............ 58

4.2.2 Elementos traço.................................................................. 71

4.2.3 Interpretação estatística da composição geoquímica dos

solos............................................................................................. 83

4.3 Geoquímica do ferro e do manganês............................................... 94

4.3.1 Dissolução seletiva do ferro e do manganês ..................... 94

4.3.2 Relações entre as formas de ferro e manganês e as

propriedades dos solos por Análise de Componentes

Principais...................................................................................... 116

4.3.3 Geoquímica do Fe e Mn nos Planossolos.......................... 127

4.3.4 Geoquímica do Fe e Mn nos Plintossolos........................... 139

4.3.5 Geoquímica do Fe e Mn nos Cambissolos........................ 152

4.3.6 Geoquímica do Fe e Mn nos Neossolos............................ 163

4.3.7 Geoquímica do Fe e Mn nos Gleissolos............................ 172

4.3.8 Geoquímica do Fe e Mn nos Luvissolos............................ 181

5 CONCLUSÕES................................................................................... 187

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................... ............................ 189

APÊNDICE A – Resultados da caracterização química d os solos

do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal )............. 208

APÊNDICE B – Resultados das análises geoquímicas

elementares (óxidos totais) dos elementos maiores d os solos do

Pantanal Norte Matogrossense…………………………………………. 214

APÊNDICE C – Resultados da caracterização física do s solos do

Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).. ................. 220

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1. INTRODUÇÃO

As concentrações dos elementos nos solos refletem a

composição do material de origem e os efeitos do intemperismo, dos

processos biológicos e das condições de oxidação e redução no sistema

solo, particularmente importantes em solos de áreas úmidas como o

Pantanal Norte Matogrossense.

Esses solos mantêm uma estreita relação com os tipos de

sedimentos que foram depositados durante a sua gênese, e que deram

origem a uma diversidade de solos, cuja morfologia reflete as condições

do regime hídrico de cada microambiente por meio dos processos

redoximórficos atuantes.

Por isso, a análise geoquímica dos solos do Pantanal Norte

Matogrossense em conjunto com os atributos físicos, químicos e

mineralógicos torna-se uma ferramenta importante para a compreensão

dos processos de migração, dispersão e concentração de elementos

químicos no solo, permitindo a correlação com as classes de solos

formados, possibilitando inferências acerca da sua gênese.

Os óxidos hidratados de ferro e de manganês são de particular

interesse na exploração geoquímica, pois participam de várias reações

nos solos e sedimentos, sendo importantes não somente na adsorção de

nutrientes e poluentes, como nos processos redox que ocorrem em solos

de áreas úmidas, os quais afetam a concentração das espécies

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químicas, o comportamento químico, disponibilidade e toxicidade de

elementos traço para o ambiente, além de conferirem feições

redoximórficas específicas na matriz dos solos.

Nas últimas décadas, diversos autores têm relacionado os óxidos

de ferro e de manganês com os fatores ambientais e processos

pedogenéticos, principalmente pela determinação de suas formas

geoquímicas, que são associações entre o elemento e os componentes

orgânicos e inorgânicos da fase sólida do solo. Em função dessa

associação, a caracterização desses minerais no perfil é fundamental na

reconstrução da gênese do solo.

A heterogeneidade regional do Pantanal impõe características

pedogenéticas diferenciadas, com ocorrência de processos distintos

influenciados, sobretudo, pelo relevo e pela intensidade e duração do

hidromorfismo. Assim, considerando ambientes geomórficos complexos

como este, a exploração geoquímica elementar e a determinação das

formas de ferro e manganês nos solos podem ser relevantes para a

compreensão da pedogênese e das propriedades dos diferentes solos da

parte norte do Pantanal Matogrossense.

Por essa razão, o objetivo geral desta tese foi caracterizar e

interpretar a composição geoquímica total de elementos maiores e

menores nos solos, bem como avaliar a distribuição das formas

extraíveis de ferro e de manganês e suas relações em classes de solos

representativos do Pantanal Norte Matogrossense, na sub-região de

Barão de Melgaço (MT).

As hipóteses que nortearam este trabalho foram:

(1) quantidade e a distribuição dos elementos químicos nos solos do

Pantanal são afetadas pelo hidromorfismo e a magnitude dessa alteração

depende dos teores e formas geoquímicas de ferro e de manganês, da

matéria orgânica e do grau de cristalinidade dos óxidos de ferro;

(2) A variabilidade dos ambientes e das características dos solos

hidromórficos do Pantanal Norte Matogrossense implicam graus

diferentes de pedogênese e de padrões de distribuição das formas

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geoquímicas do ferro e do manganês, mesmo em solos de mesma

classe;

Como objetivos específicos, incluem-se:

- Caracterizar os solos de diversas classes, localização e feições

geomorfológicas na região estudada, permitindo a verificação e a

compreensão das variações na sua composição geoquimica elementar,

resultantes da interação entre os solos e seus ambientes de ocorrência;

- Determinar a distribuição do Fe e Mn nas formas de óxidos cristalinos e

mal cristalizados e complexos organometálicos em solos representativos

do Pantanal Norte Matogrossense, empregando suas relações como

índices de evolução pedogenética;

- Identificar semelhanças geoquímicas com relação ao ferro e ao

manganês e à composição elementar nos solos, com vistas à

interpretação das diferenças pedogenéticas entre os solos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O Pantanal Matogrossense e seus solos

As áreas úmidas (wetlands) estão entre os ecossistemas mais frágeis

e ameaçados da Terra em função das atividades humanas (Gopal e Junk,

2000). Constituem grandes extensões de terras cobertas por águas rasas,

naturais ou artificiais, temporárias ou permanentes, estacionárias ou

correntes, doces, salobras ou salgadas, incluindo estuários, manguezais e

pântanos (Alho e Gonçalves, 2005).

Essas áreas constituem um elemento fundamental da paisagem em

virtude do seu papel único na regulação dos ciclos biogeoquímicos globais

incluindo o aquecimento global, o seqüestro de carbono e a qualidade das

águas (Reddy e DeLaune, 2008). Diferente de outras áreas úmidas, o

Pantanal é uma planície intermitente e sazonalmente inundada, pertencente

à categoria das áreas úmidas temporárias, sujeito ao ciclo anual de

inundações e secas (Junk et al. 1989).

O Pantanal Matogrossense está localizado na porção de menor

altitude da Bacia do Alto Paraguai, próxima ao centro geográfico da América

do Sul, representa uma das maiores extensões de áreas alagáveis do

mundo, sendo reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Reserva da Biosfera, no

ano 2000 (Beirigo et al., 2010).

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24

Localiza-se entre os biomas da Amazônia, o Chaco, o Cerrado e

Floresta Atlântica (Ab' Saber, 1988), constituído pelas sub-regiões:

Paiaguás, Nhecolândia, Barão de Melgaço, Poconé, Nabileque, Cáceres,

Paraguai, Aquidauana, Miranda, Porto Murtinho e Abobral, sendo 65% da

sua superfície no Estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso

(Silva e Abdon, 1998) (Figura 1).

FIGURA 1. Sub-regiões do Pantanal e Bacia do Alto Paraguai, com inserção da RPPN SESC Pantanal, segundo Silva e Abdon (1998) e (Cordeiro, 2004).

O clima do Pantanal é predominantemente tropical com

características de continentalidade e diferenças marcantes entre as estações

seca e chuvosa (Hasenack et al., 2003). A temperatura média anual é

aproximadamente 25ºC, com mínima de 15ºC e máxima 34ºC. A

precipitação média anual mínima é de 1.000 mm no Centro-Oeste da região

e até de 1.600mm na borda mais elevada.

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25

O clima da área não apresenta uniformidade, com tipo climático

tropical de estações contrastadas, com o ano dividido em duas estações

quanto às precipitações pluviométricas, com seis meses chuvosos e seis

meses quentes e variações de extremos quentes a frios secos. O processo

de inundação sazonal do Pantanal é dividido em quatro fases: enchente,

cheia, vazante e seca (Prado et al. 1994), com cinco tipos de inundação:

mínima, comum, média, extraordinária e excepcional (Ponce,1995).

A estação das chuvas tem seu início geralmente no mês de setembro

chegando até o mês de abril. Os meses de dezembro a março, relativos ao

verão, se caracterizam pelo aumento acentuado nas chuvas regionais, onde

80% delas caem durante esse breve espaço de tempo. Segundo Maitelli

(2005), a pluviometria média anual da região é de 1.700 mm, com uma

máxima mensal de 15 mm a 300 mm aproximadamente, e uma mínima

mensal de 20 mm a 50 mm, durante a estação seca. Nesse contexto, Assine

(2003) classifica o Pantanal Matogrossense como uma planície alagável

(wetland) com extensa e prolongada inundação sazonal de janeiro a junho,

com inundação máxima em meses distintos e em diferentes compartimentos

geográficos da planície.

A hidrologia das áreas úmidas é definida pelo hidroperíodo

(profundidade, duração e freqüência de inundação e saturação do solo),

hidrodinâmica (direção e velocidade do movimento da água) e fonte de água

(água superficial ou subterrânea). Esses fatores controlam as características

biogeoquímicas dos solos, incluindo suas propriedades físicas, químicas e

biológicas, produtividade das comunidades bióticas e a qualidade da água

(Reddy e DeLaune, 2008).

A paisagem do Pantanal Matogrossense apresenta uma

heterogeneidade espacial relacionada com a diversidade das características

geomorfológicas, tipos de inundação e de solos. Como resultado, possui

grande variedade de habitats, como: campos (áreas de cerrado plano

sazonalmente inundadas, classificadas em campos limpos, campos sujos e

campos de murunduns), cordilheiras e capões (paleodiques remanescentes

cobertos por floresta, atingindo 1 metro acima do nível médio de inundação),

diques e terraços (deposições de sedimentos recentes cobertos por floresta)

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e landis (canais rasos sazonais nos campos de murunduns com estreita

relação com o lençol freático, cobertas de floresta) (Nunes da Cunha, et al.,

2006). As feições geomórficas (formas de relevo) identificadas na área de

estudo (RPPN SESC Pantanal) foram: Cordilheiras, Vazantes, Murundus,

Terraços Fluviais, Planícies Fluviais, Diques Marginais, Baías e Corixos,

detalhadas em Beirigo et al. (2010).

O Pantanal Matogrossense pode ser caracterizado como uma grande

e complexa planície de coalescência detrítico-aluvial (Ab’ Saber, 1988), cujo

embasamento geológico é formado por rochas do período Pré-Cambriano

Inferior a Médio com afloramentos em áreas distintas, seguido de rochas

metassedimentares do Grupo Aguapeí, do Pré-Cambriano Superior,

composto pelas Formações Fortuna, Vale da Promissão e Morro Cristalino.

(Del’Arco et al., 1982). A área e suas circunvizinhanças são constituídas por

um conjunto litológico que evidenciam episódios deposicionais do período

Terciário até os dias atuais, representado por rochas pertencentes às

Coberturas Detrito-Lateríticas do período Terciário e pela Formação

Pantanal e Aluviões recentes, do período Quaternário (Bittencourt Rosa et

al., 2002; Pinto et al., 2002).

Como conseqüência, os solos do Pantanal Matogrossense mantêm

uma estreita relação com os tipos de sedimentos que foram depositados ao

longo do período Quaternário (Fortunatti e Couto, 2004). O material de

origem dos solos é formado por sedimentos arenosos, siltico-arenosos,

argilo-arenosos e arenoconglomeráticos semiconsolidados a consolidados

da Formação Pantanal, que compuseram uma diversidade de solos com

mineralogia rica em minerais de argila 2:1, cuja morfologia reflete as

condições do regime hídrico de cada microambiente (Assine e Soares,

2004). Desta forma, Planossolos, Plintossolos, Gleissolos, Cambissolos

Flúvicos, Luvissolos, Neossolos Flúvicos e Quartzarênicos são, em grande

maioria, afetados por processos redoximórficos (Figura 2). Isso ocorre

porque a inundação altera o equilíbrio dos elementos no solo e causa

decréscimo no potencial eletroquímico ou potencial redox (Eh), propiciando a

alternância nas condições de redução e oxidação dos óxidos de ferro e

manganês (Lima et al., 2005).

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27

FIGURA 2. Principais classes de solos identificados no Pantanal brasileiro (Santos et al., 1997).

Dessa forma, as características morfológicas dos solos mais

influenciadas pelo processo redox são a solubilidade dos óxidos de ferro e a

cor do perfil, conferindo-lhes os mosqueados marrom, cinza, azul, preto e

amarelo, freqüentemente observados em solos hidromórficos (Fanning e

Fanning, 1989). Beirigo et al. (2010) relatam que os solos do Pantanal

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Matogrossense (com exceção de algumas áreas que são inundadas com

baixa freqüência) são submetidos ao processo de gleização com intensidade

variável, possuindo cores cinzentas de baixo croma e alto valor em todo ou

em algumas partes do perfil, como verificado nos Gleissolos, Plintossolos e

Planossolos.

Nesse contexto, o solo é o principal componente do ecossistema

impactado pelos ciclos de umedecimento e secagem, cujos efeitos incluem a

disponibilidade de nutrientes, agregação, decomposição da matéria orgânica

e comunidades microbianas (Zou et al., 2009).

2.2 A Biogeoquímica do ferro e do manganês

Os ciclos biogeoquímicos do ferro e do manganês envolvem várias

reações de oxidação e redução mediadas por uma variedade de grupos

microbianos, além de reações abióticas (Brown et al., 1998).

O oxigênio é o aceptor de elétrons preferencial para as bactérias

oxidarem a matéria orgânica; entretanto, em ambientes naturais inundados

onde o O2 não está disponível, o aceptor mais comum é o Fe (III) devido à

sua disponibilidade e abundância no meio (Kögel-Knabner et al, 2010). Além

do Fe (III), os microorganismos anaeróbios presentes no solo também

utilizam o NO3-, o Mn (IV) e o SO4

-2 como receptores de elétrons em sua

respiração (Favre et al., 2002).

O potencial redox (Eh) crítico para a redução do Fe (III) e sua

conseqüente dissolução é de 100 mV a pH 7 (Kögel-Knabner et al, 2010).

Todavia, solos diferentes possuem potenciais redox variados para a

transformação do ferro, porque as fases minerais dos solos são complexas e

a presença de substâncias orgânicas dissolvidas pode ampliar as condições

redutoras do solo (Fiedler et al., 2007).

A redução do Mn (IV) ocorre a valores de Eh maiores que do Fe (III)

(geralmente entre 200 e 300 mV, segundo Sousa et al. (2009), podendo ser

mobilizado até mesmo em ambiente ligeiramente reduzido;

conseqüentemente, ocorre acúmulo de Mn (II) em Eh mais elevado do que o

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Fe (II), sugerindo que a redução do Mn (IV) precede o Fe (III) (Neaman et

al., 2004).

Com a redução dos compostos do solo pela inundação, o pH de solos

ácidos aumenta, assim como os teores de Fe2+ e Mn2+ em solução (Lima et

al., 2005). Quando o pH dos solos atinge valores próximos a 6,5-7,0,

estabelecem-se condições para a re-oxidação do Fe2+ por reações químicas

e microbiológicas (Liesack et al., 2000). A rápida oxidação do Fe2+ leva a

alterações na força iônica da solução do solo, cujo produto dessa oxidação

incipiente geralmente é a ferrihidrita (Thompson et al., 2006) e/ou a

lepidocrocita (Boivin et al., 2004).

A matéria orgânica do solo influencia a dinâmica do ferro e do

manganês, tanto por seu efeito inibidor do processo de cristalinidade dos

óxidos (Jansen, 2004), quanto por sua atuação como fonte de energia para

os microorganismos responsáveis pela redução microbiana dos compostos

oxidados. Elevadas concentrações de matéria orgânica favorecem a

formação de complexos de Fe (III) solúveis e suportam a formação da

ferrihidrita (Rancourt et al., 2005).

Lima et al. (2005) observaram que a concentração de Fe (II) foi maior

nos horizontes superficiais do que nos subsuperficiais provavelmente devido

aos teores mais elevados de matéria orgânica, e conseqüentemente, de

formas menos cristalinas de óxidos de ferro nos horizontes superficiais, que

são mais facilmente reduzidas. Portanto, a redução microbiológica de óxidos

de ferro pode ser influenciada pelo grau de cristalinidade e pela superfície

específica dos mesmos, com redução preferencial de ferrihidrita e

lepidocrocita (Petruzzelli et al., 2005).

Por outro lado, não apenas os óxidos e hidróxidos de ferro de baixa

cristalinidade ou finamente particulados podem ser reduzidos por

microrganismos, mas também aqueles de elevada cristalinidade como

goethita, magnetita e hematita (Zachara et al., 1998; Fredrickson et al., 1998;

Dong et al., 2000).

A mobilização do ferro durante o período de inundação também leva à

sua segregação e formação de zonas enriquecidas nesse elemento,

formando concreções macroscópicas e nódulos variáveis quanto ao

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diâmetro e formato (Vepraskas e Faulkner, 2001; Van Bodegom et al., 2003;

D´Amore et al., 2004).

2.3 Formas de ferro e de manganês em solos

O ferro e o manganês ocorrem nos solos em uma variedade de

formas, tais como: minerais silicatados primários e secundários,

oxihidróxidos de diferentes graus de cristalinidade e complexos

organometálicos (Wiederhold et al., 2007). As diversas condições

ambientais em que os óxidos de ferro e de manganês podem estar inseridos

influem não só na formação dos diferentes tipos de óxidos, mas também nas

variações mineralógicas indicativas de condições pedogenéticas específicas

(Kämpf e Curi , 2000; Bigham et al., 2002; Silva Neto et al., 2008).

Em solos bem drenados, os óxidos de ferro (e de manganês)

apresentam alta estabilidade termodinâmica e baixa solubilidade, persistindo

no solo por longo período (Schwertmann e Taylor, 1989). Porém, aportes de

matéria orgânica, aumento do grau de umidade do solo e da atividade

microbiana podem favorecer a dissolução redutiva e mobilização dos óxidos

de ferro e de manganês no solo, por meio de reações de redução e de

complexação, dependendo da intensidade das chuvas e temperatura (Kämpf

e Curi, 2000).

Os tipos de óxidos de ferro refletem os processos pedogenéticos que

ocorrem sob intensidades específicas dos fatores de formação do solo.

Assim, em ambientes mais oxidantes predominam óxidos de ferro cristalinos

como a goethita (α-FeOOH), a hematita (α-Fe2O3) e a magnetita (Fe3O4),

que apresentam melhor ordenação cristalina e menor área superficial

específica; ambientes sob influência da umidade e matéria orgânica, como

os solos hidromórficos, favorecem a formação de óxidos de ferro menos

cristalinos como a ferrihidrita (Fe5(OH)8.4H2O), de maior área superficial

específica (Kämpf e Curi, 2000). Já a lepidocrocita (γ-FeOOH) é comum em

solos imperfeitamente drenados sob climas temperados onde as condições

anaeróbias desenvolvem-se sazonalmente (Smeck et al., 2002). Entretanto,

a cristalinidade da lepidocrocita é sensível ao potencial redox, à

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concentração de sílica, cloretos e pH (Schwertmann e Taylor, 1989; Taylor,

1984), e é geralmente observada em solos hidromórficos ácidos onde, em

alguns casos, pode ser produto do intemperismo da pirita (FeS2) (Pawluk,

1973).

Wahid e Kamalam (1993) estudaram a dissolução redutiva de

compostos amorfos e cristalinos de Fe(III) em solos de áreas úmidas da

Índia e concluíram que os óxidos mal cristalizados são mais facilmente

reduzidos microbiologicamente sob condições anaeróbias que os óxidos

cristalinos. Exemplos de alterações na formação e cristalinidade dos óxidos

de ferro em decorrência das condições ambientais são relatados por Inda

Júnior (2002), Zanelli et al. (2007) e Silva Neto et al. (2008). As variações no

regime hídrico dos solos afetam as condições de oxidação-redução, que

associadas com elevados teores naturais de matéria orgânica podem

determinar condições favoráveis à formação de compostos de baixa

cristalinidade (Kämpf, 1988).

Os óxidos de ferro de baixa cristalinidade são quimicamente mais

reativos que as formas mais cristalinas, e por isso, condições moderadas de

redução são requeridas para a sua dissolução (Hall, 1998). O grau de

reatividade dos óxidos de ferro tem sido avaliado pela relação Feoxa/Fedcb

(Fe extraído dos óxidos mal cristalizados com oxalato ácido de amônio / Fe

extraído dos óxidos cristalinos com tampão ditionito-citrato-bicarbonato)

(Cornell e Schwertmann, 1996; Kämpf e Curi, 2000; van Bodegom et al.,

2003; Silva Neto et al., 2008).

Devido à similaridade entre os raios iônicos do ferro e do manganês, o

Mn4+ pode substituir o Fe3+ em minerais silicatados, e em menor extensão,

nos óxidos (como goethita, lepidocrocita, hematita, ferridrita e maghemita)

(Gilkes e Mckenzie, 1988). O comportamento complexo do manganês, tanto

do ponto de vista mineralógico quanto químico, resulta na formação de um

grande número de óxidos e hidróxidos, os quais darão origem a uma série

contínua de composições diferentes quanto ao arranjamento cristalino

(Borkert, 1988).

Ao contrário dos outros metais, o manganês não se limita à fração de

argila do solo. Analisando o teor de ferro e manganês na fração argila de

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32

Argissolos com diferentes graus de hidromorfismo, Vodyanitskii (2009)

encontrou que o teor de ferro na fração argila dos solos é elevado

(57 a 69%), enquanto que a distribuição do manganês na fração argila

atinge, em média, 16 a 20% do seu conteúdo total no solo. Segundo o autor,

isto resulta de duas características específicas do manganês: a primeira, os

silicatos de manganês são escassos em solos e a segunda, os óxidos de

manganês não estão associados aos aluminossilicatos, ao contrário do ferro.

No entanto, os óxidos de manganês estão concentrados nas frações areia e

silte em função do baixo ponto de carga zero (PCZ). Sabe-se que os

aluminossilicatos formam a maior parte da fração argila e são negativamente

carregados; a carga negativa das partículas dos óxidos de manganês causa

repulsão entre as superfícies dos óxidos e dos aluminossilicatos, impedindo

sua concentração na fração argila.

Os óxidos de manganês têm elevada capacidade de adsorção por

metais traço, incluindo oxiânions (molibdato, fosfato, seleneto, arseniato) e

cátions hidrolisados (Cu2+, Co2+, Cr+3, Ni2+, Pb2+, Zn2+) (Latrille et al., 2001).

Muitas publicações relacionaram o acúmulo de elementos traço em

nódulos de ferro e principalmente de manganês como os principais

responsáveis por controlar a mobilidade dos elementos-traço no ambiente e

sua disponibilidade para as plantas (Timofeeva, 2008; Cornu et al., 2009;

Tan et al., 2010; Stockdale et al., 2010; Loomer et al., 2011). La Force et al.

(2002) reiteraram as propriedades superficiais dos óxidos e hidróxidos de

manganês, como elevada área superficial (próxima de 200 m2.g-1), baixo

PCZ (< 3) e alta reatividade, classificando-os como os mais poderosos

oxidantes encontrados na natureza.

2.4 Análise geoquímica de metais em solos e sedimen tos

Os estudos de gênese dos solos, com ênfase na geoquímica dos

elementos presentes, constituem uma ferramenta necessária para a

classificação e levantamento pedológico, possibilitando inferências acerca

dos atributos físicos, químicos e mineralógicos desses solos (Lacerda et. al

2000).

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33

Além disso, a análise geoquímica procura estabelecer relações entre

os solos e as potenciais fontes dos elementos (naturais ou antropogênicas)

por meio da determinação da concentração de elementos maiores e

elementos-traço, permitindo estimar e quantificar o fluxo de elementos

durante o intemperismo, o processo de lixiviação, e os ganhos e perdas em

relação ao material de origem (Chadwick, et al, 1990), sendo importante

indicador dos processos hidrogeoquímicos de transporte ocorridos durante o

intemperismo.

A quantificação dos elementos químicos no ambiente pode ser feita

nas mais variadas amostras (solos, sedimentos, águas superficiais e

subterrâneas), que depois de tratadas, são submetidas a ataques químicos

ou extrações que variam conforme a forma de ocorrência ou especiação do

elemento químico na amostra sob análise (Licht, 2001). Além dos métodos

químicos, métodos instrumentais como a Fluorescência de Raios X são

utilizados para determinar o teor total dos elementos em varios tipos de

matrizes (material geológico, biológico, resíduos industrais, solos e

sedimentos) (Trevizam, 2005), sem necessidade de digestão química da

amostra, como na maioria dos métodos químicos convencionais (Abreu

Júnior et al., 2009).

A dissolução seletiva é um dos métodos que pode ser utilizado para

estimar a quantidade dessas substâncias, especialmente as espécies de

ferro, alumínio e manganês em solos e sedimentos (Abreu Júnior et al.,

2009). Essa técnica é aplicável a estudos mineralógicos, de pedogênese, de

classificação e do comportamento físico e químico do solo (Inda Júnior e

Kämpf, 2003; Ibraimo et al., 2004; Fritsh et al.,2007; Correa et al., 2008;

Igwe et al., 2010).

Sua ação está baseada no uso de reagentes ácidos, alcalinos,

redutores ou complexantes (ditionito de sódio, oxalato de amônio, cloridrato

de hidroxilamina, peróxido de hidrogênio, pirofosfato de sódio, dentre outros)

para dissolver seletivamente fases minerais de graus de cristalinidade

diferentes (Chao, 1984; Hall e Pelchat, 1999; La Force e Fendorf, 2000;

Filgueiras et al., 2002; Rao et al., 2008; Hass e Fine, 2010). Entretanto,

García-Rodeja et al. (2004) afirmam que a utilidade desse método é limitada

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34

devido à existência de componentes com variados graus de cristalinidade na

maioria dos solos.

O ditionito de sódio, por exemplo, é um extrator efetivo de metais

ligados aos óxidos pedogênicos sem discriminação de fases (Mehra e

Jackson, 1960; Farmer et al., 1983), mas extrai parcialmente

aluminossilicatos não cristalinos e gibbsita.

O ferro extraído por oxalato ácido de amônio relaciona-se à

dissolução total ou parcial de ferrihidrita, lepidocrocita, maghemita e

magnetita (Farmer et al., 1983), além do elemento complexado à matéria

orgânica (McKeague et al., 1971), o que complica a interpretação do

conteúdo do metal extraído em alguns solos (Baril e Bitton, 1969).

Para avaliar os dados geoquímicos produzidos pela análise química

de muitas amostras de solo é essencial utilizar procedimentos estatísticos

que identifiquem grupos de elementos de comportamento similar, e

conseqüentemente, amostras de solos de composição geoquímica

semelhante (Prakongkep et al., 2008).

A análise fatorial é adequada para avaliação de dados geoquímicos

multielementares (Dantu, 2010; Bockheim e Gennadiyev, 2010), permitindo a

interpretação dos processos que afetam os dados geoquímicos.

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35

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo

3.1.1 Localização

Este estudo foi realizado no Pantanal de Barão de Melgaço, MT, sub-

região do Pantanal Matogrossense, por constituir a terceira sub-região do

Pantanal em extensão, com cerca de 13,2% da área total do Pantanal Norte

Matogrossense, cobrindo 18.500 km2, agregando os municípios de Itiquira,

Barão de Melgaço e Santo Antonio do Leverger (Silva e Abdon, 1998).

A área de estudo foi a Reserva Particular do Patrimônio Natural do

Serviço Social do Comércio (RPPN SESC Pantanal), situada entre os rios

Cuiabá e São Lourenço (Figura 3). A RPPN SESC Pantanal é uma área de

106.644 hectares, inserida na sub-região do Pantanal de Barão de Melgaço,

entre os paralelos 16º a 17º S e meridianos 56º a 57º W (Beirigo et al.,

2010).

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FIGURA 3. Localização do Pantanal matogrossense e da área de estudo, a Reserva Particular do Patrimônio Natural do Serviço Social do Comércio (RPPN SESC Pantanal), Barão de Melgaço-MT (extraído de Ferreira Júnior, 2009).

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37

3.1.2 Clima

O clima é Aw-tropical úmido, segundo classificação de Köppen

(1948), a 100 a 150 metros de altitude, com precipitação média anual entre

1.100 e 1.200 mm (com oito meses de déficit hídrico) e temperatura média

de 22 a 32ºC com temperaturas mais amenas associadas às florestas (cerca

de 21º C) (Hasenack, 2003).

A inundação no Pantanal Norte Matogrossense é resultante do regime

de chuvas locais, regionais e da variação no nível dos principais rios que

drenam a planicie pantaneira, fazendo com que a hidrologia local seja

complexa e variável de lugar para lugar (Hamilton et al., 1996). As

inundações sazonais anuais coincidem com a estação chuvosa que se inicia

em outubro e vai até abril, e o periodo de vazante coincide com a estação

seca, de maio a setembro (Nunes da Cunha e Junk, 2006).

3.1.3 Vegetação, feições geomórficas e solos predom inantes

São reconhecidas sete fisionomias vegetais na área de estudo:

Cerrado stricto sensu, Cerradão, Cambarazal, Campo com Murunduns,

Floresta Estacional com Acuri, Campo e outras (Hasenack, 2003). As feições

geomórficas identificadas por Beirigo et al. (2010) na RPPN SESC Pantanal

foram: Cordilheiras, Vazantes, Murundus, Terraços Fluviais, Planícies

Fluviais, Diques Marginais, Baías e Corixos.

De acordo com esses autores, as cordilheiras constituem as posições

mais elevadas da paisagem, onde a inundação ocorre somente em eventos

excepcionais, geralmente associadas aos Planossolos e Luvissolos. As

vazantes são campos de inundação sazonal inseridos entre cordilheiras

(Franco e Pinheiro, 1982) e entre os murundus, sujeitas à variação do lençol

freático que causa oscilações nas condições de oxirredução dos solos,

originando solos distróficos e com alta saturação por alumínio, como os

Plintossolos.

Os campos de murunduns apresentam pequenas elevações de forma

côncava, de 1 a 1,5 metro de altura, em relação aos campos de inundação

sazonal (Furley, 1986), geralmente associados aos Plintossolos. Os terraços

fluviais constituem antigas planícies fluviais sujeitas a inundações periódicas

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38

ou áreas não mais inundáveis (Schoeneberger et al., 2002), onde

predominam os Cambissolos Flúvicos e Plintossolos.

As planícies de inundação são áreas planas que ocorrem lateralmente

aos cursos d’água, sujeitas a inundações permanentes ou periódica, onde os

processos de sedimentação são ativos e ocorrem concomitantemente aos

processos de formação de solos. Na RPPN SESC Pantanal, são observadas

nas planícies fluviais dos Rios Cuiabá e São Lourenço os Neossolos

Flúvicos, Cambissolos Flúvicos e Gleissolos (Beirigo et al., 2010).

3.1.4 Amostragem e classificação dos solos

A partir do levantamento detalhado realizado por Beirigo et al. (2010),

foram selecionados vinte perfis para análise geoquímica dos solos, situados

em posições distintas na paisagem (Figura 4), e que representaram os

principais solos do Pantanal Norte Matogrossense.

Os Planossolos selecionados para este estudo ocorrem geralmente

nas cordilheiras, enquanto que os Plintossolos estão mais distribuídos na

RPPN, principalmente nas cordilheiras, campos de inundação sazonal,

vazantes, planícies fluviais e baías.

Os Cambissolos Flúvicos são encontrados nos terraços fluviais do Rio

São Lourenço e diques marginais do Rio Cuiabá, juntamente com os

Neossolos Flúvicos. Os Gleissolos ocorrem principalmente nas planícies de

inundação do Rio Cuiabá, enquanto que os Luvissolos nos terraços fluviais

do rio São Lourenço (Beirigo et al., 2010).

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FIGURA 4. Mapa da RPPN SESC Pantanal Barão de Melgaço com as fitofisionomias e a localização dos 20 perfis amostrados (numerados) (extraído de Beirigo et al., 2010).

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Para este estudo, os solos amostrados foram reunidos em seis grupos

para melhor visualização da distribuição geoquimica do ferro e manganês e

da variação nos seus atributos físicos e químicos.

O agrupamento foi feito levando-se em consideração as

características físicas e químicas de cada classe de solo. Os grupos foram

assim constituídos: 1 – Planossolos (perfis P04, P09, P13, P19 e P43); 2 –

Cambissolos (perfis P05, P06, P34 e P37); 3 – Neossolos (perfis P21, P30 e

P42); 4 – Plintossolos (perfis P14, P26, P27 e P31); 5 – Luvissolos (perfis

P16 e P28); 6 – Gleissolos (perfis P33 e P38).

Com base na interpretação das análises químicas, físicas e na

descrição morfológica para fins de levantamento de solos, os perfis foram

classificados até o quarto nível categórico (subgrupos), de acordo com o

Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) (Embrapa, 2006)

apresentados na Tabela 1.

TABELA 1. Classificação dos solos da RPPN SESC Pantanal, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação (Embrapa, 2006). Perfil Sigla do solo Classificação SIBCS

P34 CYve Cambissolo Flúvico eutrófico gleissólico

P37 CYve Cambissolo Flúvico eutrófico gleissólico

P05 CYbe Cambissolo Flúvico eutrófico típico

P06 CYbe Cambissolo Flúvico eutrófico típico

P38 GXal Geissolo Háplico alumínico neofluvissólico

P33 GXal Gleissolo Háplico alumínico típico

P16 TCp Luvissolo Crômico pálico típico

P28 TXp Luvissolo Háplico pálico típico

P42 RYve Neossolo Flúvico eutrófico gleissólico

P21 RQg Neossolo Quartzarênico hidromórfico neofluvissólico

P30 RQg Neossolo Quartzarênico hidromórfico plíntico

P13 SXa Planossolo Háplico alumínico gleissólico

P43 SXd Planossolo Háplico distrófico plíntico

P04 SXe Planossolo Háplico eutrófico arênico

P19 SXe Planossolo Háplico eutrófico arênico

P09 SNo Planossolo Nátrico órtico arênico

P31 FTd Plintossolo Agilúvico distrófico espessarênico

P14 FTal Plintossolo Argilúvico alumínico gleissólico

P27 FTe Plintossolo Argilúvico eutrófico gleissólico

P26 FFlf Plintossolo Pétrico litoplíntico êndico

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3.2 Caracterização geral dos solos

As análises físicas e químicas para fins de levantamento de solos

foram realizadas em amostras de TFSA (terra fina seca ao ar) dos

horizontes de cada perfil, no Laboratório de Solos do Departamento de

Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

(ESALQ/USP). Todas as análises de caracterização e a metodologia

empregada estão descritas na publicação “Solos da Reserva Particular do

Patrimônio Natural SESC Pantanal” (Beirigo et al., 2010).

As análises mineralógicas foram realizadas por Difratometria de

Raios-X da fração argila dos horizontes subsuperficiais diagnósticos B ou C

dos solos, em lâminas orientadas montadas após oxidação da matéria

orgânica, desferrificação das amostras com ditionito-citrato-bicarbonato,

saturação com K e aquecimento em mufla a 110º e 550ºC por 2 horas, e

saturação com Mg e solvatação em etilenoglicol (Mehra e Jackson, 1960;

Moore e Reynolds, 1989). As leituras foram efetuadas em difratômetro de

Raios X, com energia de irradiação 40 KV e 30 mA, intervalo de varredura

de 2° a 45° (2 θ), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

3.3 Análise geoquímica de elementos totais

Os teores totais dos elementos químicos na forma de óxidos foram

determinados por Espectrometria de Fluorescência de Raios X (FRX), em

um Espectrômetro de Raios-X por Dispersão em Energia (Shimadzu EDX-

700HS) equipado com tubo de ródio (Rh), detector de Si (Li), e rotina de

análise semi-quantitativa (por parâmetros internos fundamentais)

implementada por meio do programa EDX-Software. As medidas foram

feitas em vácuo, com tempo de aquisição de 200 s por canal analítico e feixe

de 10 mm de diâmetro. Foram determinados os elementos maiores (Si, Al,

Fe, Ca, Mg, K) e os elementos menores ou traço (Mn, P, S, Cu, Zn, Ti, Ni,

Cr, Zr, V, Sr, Sn, Y, Rb, Ba) na TFSA de todos os horizontes dos perfis.

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As análises geoquímicas por FRX foram realizadas no Laboratório

Multi-Usuário em Técnicas Analíticas (LAMUTA) do Departamento de

Recursos Minerais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

3.4 Dissolução seletiva das formas de ferro e manga nês

A determinação dos teores de ferro e manganês associados às

formas geoquímicas nos solos foi realizada, em duplicata, em amostras de

todos os horizontes dos 20 perfis, totalizando 113 amostras.

A metodologia empregada foi a dissolução seletiva (ou extração

simples), onde a cada porção de amostra foi adicionado um reagente

específico para determinada fração, em cujo extrato diluído foi determinada

a concentração do elemento (ferro ou manganês) na forma de óxidos, após

a multiplicação pelo fator de diluição e fator gravimétrico adequados.

Os protocolos analíticos basearam-se em Pansu e Gautheyrou (2006)

e Carter e Gregorich (2008). A determinação das concentrações de ferro e

manganês nos extratos foi realizada por Espectrofotometria de Absorção

Atômica em equipamento da marca Varian modelo SpectrAA-240 com

chama ar-acetileno, do Laboratório de Solos da Faculdade de Agronomia e

Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso.

As frações extraíveis de ferro e manganês obtidas de acordo com o

reagente extrator empregado são descritas a seguir.

3.4.1 Fração associada aos oxihidróxidos de ferro, manganês e

alumínio (fração redutível)

O extrator utilizado para determinar a quantidade de ferro e manganês

associada aos oxihidróxidos contém um agente redutor e um agente

complexante, em que o cloridrato de hidroxilamina, o oxalato ácido de

amônio e o ditionito de sódio são os reagentes mais empregados (Gleyzes et

al., 2002).

Neste estudo, os oxihidróxidos foram separados em três componentes,

de acordo com os extratores utilizados: oxihidróxidos de manganês,

oxihidróxidos de ferro e manganês de baixa cristalinidade e oxihidróxidos de

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ferro e manganês bem cristalizados. Para a separação desses tipos de

oxihidróxidos foram empregados extratores específicos com concentração e

condições de extração (pH, tempo de agitação e temperatura) pré

determinados:

a) Fe e Mn associados aos óxidos bem cristalizados (Fedcb e Mndcb): foram

extraídos com solução tampão ditionito-citrato-bicarbonato de sódio a

75ºC, segundo o método proposto por Mehara e Jackson (1960), que

consiste em tratar 1,0 g de amostra de TFSA com 40 mL de citrato de

sódio 0,3 mol L-1 e 5 ml de bicarbonato de sódio 0,3 mol L-1, em banho-

maria a 75ºC, com adição de 1,0 g de ditionito de sódio em pó. Essa

extração foi repetida por três vezes. Courchesne e Turmel (2006) relatam

que o extrator ditionito de sódio cria um ambiente redutor e dissolve os

óxidos metálicos, enquanto o citrato de sódio complexa os metais

dissolvidos e tampona a solução a um pH próximo de 7,0, a fim de evitar

a precipitação de sulfetos. Segundo Gleyzes et al. (2002), o ditionito de

sódio é um forte agente redutor que pode dissolver óxidos de Fe bem

cristalizados em pH 7 a 8.

b) Fe e Mn associados aos óxidos mal cristalizados ou de baixa

cristalinidade (Feox e Mnox): extraídos com solução de oxalato ácido de

amônio 0,2 mol.L-1 (reagente TAMM) no escuro, segundo o método

proposto por McKeague (1967), que consiste em tratar 0,5 g de TFSA

com 50 mL de reagente TAMM, com posterior agitação por 12 horas no

escuro. Esse reagente age por meio da sua elevada capacidade

complexante do ferro e baixas propriedades redutoras (Gleyzes et al.,

2002), sendo específico para fases amorfas de ferro e com baixo grau de

cristalinidade.

c) Fe e Mn associados aos oxihidróxidos de manganês (Fehi e Mnhi): 1,0 g

de TFSA foi extraída com 40 mL de solução de cloridrato de

hidroxilamina 0,1 mol.L-1 em HNO3 0,01 mol.L-1 pH=2, sob agitação por

30 minutos a temperatura ambiente, segundo o método proposto por

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Chao (1972). A hidroxilamina é um agente redutor capaz de dissolver

diferentes óxidos metálicos de acordo com o pH, concentração, tempo

de extração e temperatura empregados (Gleyzes et al., 2002), e as

condições de tempo e temperatura utilizadas neste estudo podem

dissolver seletivamente os óxidos de manganês, minimizando a extração

do ferro (< 5%) (Rao et al., 2008).

Após a determinação das frações extraíveis de Fe nos solos, foram

calculadas relações entre essas frações, tais como:

- Feox/Fedcb : usada como índice qualitativo do grau de cristalinidade dos

óxidos (Blume e Schwertmann, 1969; Kämpf, 1988).

- Fedcb /Fet: indica a reserva do elemento ferro em outros grupos de

minerais que, por meio da ação do intemperismo, pode ser liberada da

estrutura cristalina e, eventualmente, transformar-se em óxidos (Cornell e

Schwertmann, 1996).

- (Fedcb -Feox): indica o teor de Fe associado aos óxidos bem cristalizados

(Fecristalino), provavelmente a goethita e a hematita (Arduino et al., 1986).

3.4.2 Fração associada à matéria orgânica (fração o xidável)

Constituiu a fração do ferro e do manganês ligada à matéria orgânica na

forma de complexos organometálicos (Fepi, Mnpi). A extração de 0,3 g de

TFSA com 30 mL de solução de pirofosfato de sódio 0,1 mol.L-1 pH = 10 foi

realizada sob agitação por 16 horas à temperatura ambiente, segundo o

método proposto por McKeague et al. (1971). O pirofosfato de sódio

promove a dispersão de colóides orgânicos em meio alcalino; entretanto, em

pH 10 alguns autores relatam que os óxidos mal cristalizados também são

extraídos, em algum grau (Miller et al., 1986; Shuman, 1988; Beckett, 1989;

Gleyzes et al., 2002).

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45

3.5 Análise estatística

A estatística descritiva dos resultados (média, mediana, desvio

padrão, coeficiente de variação) foi utilizada como uma primeira abordagem

na análise geoquímica dos solos. As análises dos histogramas de freqüência

dos teores dos metais, teste de assimetria e curtose e testes Kolmogorov-

Smirnof auxiliaram na avaliação do tipo de distribuição estatística dos dados

geoquímicos.

Para avaliação da relação entre os elementos estudados, utilizaram-

se correlações de Pearson e Análise de Componentes Principais (ACP), que

permitiram identificar os componentes responsáveis pela variação total dos

dados e os grupos de variáveis explicativas dessas variações. Nessa

análise, fatores principais que respondem pela maior parte da variabilidade

de todas as variáveis foram identificados, decompondo-se a matriz de

correlação ou covariância. Foi utilizada a matriz de correlação, uma vez que,

naturalmente, os teores ocorrem em magnitudes diferentes para cada

elemento.

Os resultados geoquímicos dos solos foram estatisticamente

analisados, utilizando o programa estatístico XLSTAT 2011.1.01 (Addinsoft).

A espacialização dos dados foi realizada com o software Surfer 8.0 usando a

interpolação por krigagem.

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46

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Características gerais dos solos

A partir da caracterização dos solos realizada por Beirigo et al. (2010),

as variáveis explicativas do comportamento geoquímico dos solos,

agrupados por classe, são apresentadas e discutidas sucintamente. Os

resultados completos (em todos os horizontes dos perfis) das caracteristicas

físicas e químicas dos solos estão nos Apêndices 1 e 3.

Quanto à classe textural, os solos analisados distribuem-se de acordo

com a Figura 5. Nos horizontes superficiais (A) de todos os perfis, a classe

textural predominante é franco-arenosa a areia franca, principalmente nos

Planossolos, Plintossolos, Gleissolos e Neossolos. Nos Cambissolos,

apenas um perfil tem textura argilosa em superfície, e os dois perfis de

Luvissolos são argilosos no horizonte A (Figura 5A).

A classe textural do horizonte B (ou C) varia de franco argilo-arenosa

a muito argilosa nos Luvissolos, Gleissolos e Cambissolos. Somente um

perfil de Planossolo e os dois Neossolos Quartzarênicos são de classe

textural areia franca e areia nos horizontes B e C, respectivamente. O

Neossolo Flúvico destaca-se por ser o único perfil de classe textural franco-

siltosa em profundidade (Figura 5B). Os solos da RPPN SESC Pantanal

caracterizam-se, portanto, em sua maioria, pela presença de horizonte B

textural, onde a baixa permeabilidade dos horizontes Bt favorece a

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47

inundação quando esses solos ocorrem nas posições mais baixas da

paisagem.

FIGURA 5. Classificação textural e granulometria dos horizontes

superficiais (A) e subsuperficiais (B) dos perfis da RPPN SESC Pantanal.

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48

A distribuição da fração argila nos horizontes superficiais (Figura 6A)

segue um padrão de distribuição semelhante no Gleissolo Háplico (perfil

P33), Cambissolo Flúvico (perfil P34) e Luvissolo Háplico (perfil P28), com

teores acima de 64%. Esses perfis ocorrem na planície de inundação e

diques marginais do Rio Cuiabá (Gleissolo e Cambissolo) e nos terraços

fluviais do Rio São Lourenço (Luvissolo). São solos eutróficos (exceto o

Gleissolo) com evidências de processos redoximórficos indicados por cores

variegadas, mosqueados e nódulos (Beirigo et al., 2010).

FIGURA 6. Teor de argila total (%) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B) dos perfis da RPPN SESC Pantanal.

(A)

(B)

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49

(A)

(B)

Nos horizontes subsuperficiais (Figura 6B), os teores de argila

continuam sendo predominantes no Gleissolo (P33), Cambissolo (P34) e

Luvissolo (P28), além do Cambissolo (perfil P37) e, em menor proporção, no

Planossolo Argilúvico (perfil P27). Cabe ressaltar que, em profundidade, os

teores de argila são maiores, exceto nos Neossolos Quartzarênicos (RQg) e

Planossolo Háplico eutrófico (SXe). A baixa permeabilidade dos horizontes

subsuperficiais (Bt) favorece a inundação, quando esses solos ocorrem nas

posições mais baixas da paisagem.

Quanto ao conteúdo de carbono orgânico total (COT), sua distribuição

nos perfis mostra que, em superfície, o Cambissolo Flúvico sob mata ripária

(perfil P37) apresenta COT maior que 80 g kg-1, seguido do Gleissolo (perfil

P33, COT > 65 g kg-1), Luvissolo Háplico (perfil P28, COT > 35 g kg-1) e

Plintossolo Pétrico (perfil P26, COT > 20 g kg-1) (Figura 7A).

FIGURA 7. Teor de carbono orgânico total (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B) dos perfis da RPPN SESC Pantanal.

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50

Em subsuperficie, o COT é maior que 12 g kg-1 no Neossolo Flúvico

sob mata ripária (perfil P42), seguido dos Cambissolos Flúvicos (P34 e P37),

denotando a influência do caráter flúvico no acúmulo de carbono em

profundidade nesses perfis, herdado dos processos de sedimentação

atuantes.

A fração argila dos horizontes subsuperficiais diagnósticos de alguns

perfis apresenta perfil mineralógico semelhante, constituído basicamente por

caulinita, mica (ilita) e algumas ocorrências de menor intensidade de

minerais 2:1 expansivos como a esmectita (Sme) (e possivelmente

interestratificados mica-vermiculita) e vermiculita com hidróxi entrecamadas

(VHE) (Tabela 2), nessa ordem, cuja estimativa se deu pela intensidade dos

picos nos difratogramas (não apresentados).

TABELA 2. Composição mineralógica estimada da fração argila dos horizontes subsuperficiais dos solos da RPPN e sua ordem de predominância.

1Kln (caulinita), em negrito por estar em maior proporção na fração argila dos solos; Sme (esmectita); Ilt (mica / ilita); VHE (vermiculita com hidróxi-Al entrecamadas)

As características particulares de cada classe de solo representativa

da RPPN SESC Pantanal são necessárias para a compreensão do

comportamento geoquímico dos solos, e por isso são apresentadas e

discutidas a seguir.

Predominância dos minerais 1 Solo Perfil Kln Ilt VHE Sme

FFlf P26 +++ - +++ SXe P19 ++++ - -

CYbe P06

+++++ +++++ +++++ +++ - ++

FTal P14 +++ ++++ - TCp P16 +++ - +++ GXal P33

++++ ++++ ++++ ++ +++ -

RYve P42 ++++ ++ + SXe P04 ++++ + - FTd P31

+++ +++ +++ + - -

CYve P37 ++++ - ++ SXa P13 + - + SXd P43

++ ++ ++ ++ ++ -

GXal P38 ++ - - CYbe P05

+ + + - -

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51

4.1.1 Planossolos

A classe dos Planossolos constitui a ordem de solo mais

representativa na RPPN, e estão presentes nas fisionomias vegetais de

Floresta Estacional Semidecidual com Acuri, Cerradão e Cerrado stricto

senso, geralmente associados à feição geomórfica Cordilheiras, na posição

mais elevada da paisagem.

Foram utilizados cinco perfis de Planossolos (Figura 8), cujas

características morfológicas marcantes são a presença de transição abrupta,

o grau de desenvolvimento forte dos agregados dos horizontes

subsuperficiais e evidências de processos de redução, com segregação de

ferro.

FIGURA 8. Perfis dos Planossolos estudados. (a) perfil P04 (SXe – Planossolo Háplico eutrófico arênico); (b) perfil P09 (SNo – Planossolo Nátrico órtico arênico); (c) perfil P13 (SXa – Planossolo Háplico alumínico gleissólico); (d) perfil P19 (SXe – Planossolo Háplico eutrófico arênico); (e) perfil P43 (SXd – Planossolo Háplico distrófico plíntico).

(b) (c)

(d) (e)

(a)

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Os Planossolos possuem argila de atividade baixa (Tb) na maioria dos

perfis, exceto no Planossolo Nátrico (P09). O teor de carbono orgânico é

considerado médio nos horizontes superficiais dos perfis P19 (SXe) e P13

(SXa) e elevado no perfil P43 (SXd), decrescendo em profundidade.

Apresentam reação fortemente ácida a neutra no horizonte A e fortemente

ácida a moderadamente alcalina no B. O Ca2+ e Mg2+ dominaram os sítios

de troca dos solos, com predomínio do íon Mg2+ em relação ao Ca2+ e

aumento gradativo de seus teores com a profundidade.

São solos predominantemente cauliníticos, com presença significativa

de mica (ilita) na fração argila. Somente o perfil P13 (SXa) possui esmectita,

enquanto que os outros perfis apresentam traços de VHE (vermiculita com

hidróxi-Al entrecamadas), conforme descrito na Tabela 2, com exceção do

perfil P19.

4.1.2 Plintossolos

Os Plintossolos ocorrem nas feições geomórficas Vazantes,

Cordilheira, Planícies Fluviais e Baías, associadas às fisionomias vegetais

de Cerrado stricto senso, Floresta Estacional Semidecidual com Acuri,

Cambarazal, Pirizal e Pimental, respectivamente, cujas áreas estão sujeitas

à inundação sazonal e/ou flutuação do nível do lençol freático, sendo

selecionados quatro perfis para a análise geoquímica (Figura 9).

FIGURA 9. Perfis dos Plintossolos estudados. (a) perfil P26 (FFlf – Plintossolo Pétrico litoplíntico êndico); (b) perfil P14 (FTa – Plintossolo Argilúvico alumínico gleissólico); (c) perfil P31 (FTd – Plintossolo Argilúvico distrófico espessarênico); (d) perfil P27 (FTe – Plintossolo Argilúvico eutrófico gleissólico).

(a) (b) (c) (d)

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53

A maioria dos Plintossolos tem caráter argilúvico, com exceção do

perfil P26, um Plintossolo Pétrico, cujas concreções lateríticas podem

representar antigos níveis hidromórficos com plintita, convertidos em

petroplintita provavelmente pela mudança de nível do lençol freático.

A fertilidade natural desses solos é baixa (saturação por bases

variando de 6 a 39% nos horizontes B), com grande parte de sua CTC

ocupada com alumínio trocável (Apêndice 1). O teor de COT é maior nos

horizontes superficiais e decrescente em profundidade, cujo perfil P26 (FFlf)

possui maior teor (31,9 g kg-1) devido à presença de horizonte orgânico (O),

sob a fitofisionomia Cambarazal.

A mineralogia da fração argila dos Plintossolos é composta por

caulinita e mica (ilita), com presença de esmectita (perfil P26) e VHE (P26 e

P14) (Tabela 2).

4.1.3 Neossolos

Foram selecionados um Neossolo Flúvico e dois Neossolos

Quartzarênicos (Figura 10) para as determinações. Os Neossolos Flúvicos

que ocorrem na área de estudo são formados a partir de sedimentos

aluviais, com camadas estratificadas sem relação pedogenética entre si, e

os Neossolos Quartzarênicos têm textura arenosa em todo perfil e

distribuição errática das frações de areia.

FIGURA 10. Perfis dos Neossolos estudados. (a) perfil P42 (RYve – Neossolo Flúvico Tb eutrófico gleissólico); (b) perfil P30 (RQg – Neossolo Quartzarênico hidromórfico plíntico; (c) perfil P21 (RQg – Neossolo Quartzarênico hidromórfico neofluvissólico).

(a) (b) (c)

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54

Os perfis possuem maiores teores de carbono orgânico nos

horizontes superficiais, variando de 16,2 g kg-1 a 21,5 g kg-1 (Apêndice 1).

Com relação às bases trocáveis, os Neossolos Quartzarênicos apresentam

teores de Ca2+ e Mg2+ menores que o Neossolo Flúvico, o que pode estar

relacionado ao maior teor de silte e argila deste último, principalmente

abaixo dos 30 cm (horizontes C e 2C). Consequentemente, o Neossolo

Flúvico possui maior CTC a pH 7 e saturação por bases devido à natureza

dos sedimentos depositados, ricos em bases trocáveis. A mineralogia da

fração argila dos Neossolos é caulinítica, com presença de mica e traços de

esmectita e VHE somente no Neossolo Flúvico (perfil P42) (Tabela 2).

4.1.4 Cambissolos

O caráter flúvico dos Cambissolos selecionados para estudo

evidencia a influência de sedimentos de natureza aluvionar, representado

por alterações na distribuição de carbono e de textura, dentro dos 120 cm a

partir da superfície do solo, normalmente com mudança textural abrupta

entre um ou mais horizontes ao longo do perfil (Embrapa, 2006). Ocorrem

associados ao terraço fluvial do Rio São Lourenço e diques marginais do Rio

Cuiabá, sob fisionomia vegetal Floresta Estacional Semidecidual com Acuri e

Mata Ripária, respectivamente, sendo selecionados quatro perfis de

Cambissolos Flúvicos (Figura 11).

FIGURA 11. Perfis de Cambissolos estudados. (a) perfil P05 (CYve - Cambissolo flúvico Ta eutrófico típico); (b) perfil P06 (CYve - Cambissolo flúvico Ta eutrófico típico); (c) perfil 34 (CYbe - Cambissolo Flúvico Tb eutrófico gleissólico); (d) perfil P37 (CYbd - Cambissolo Flúvico Tb distrófico gleissólico).

(b) (a) (c) (d)

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55

Esses solos apresentam distribuição granulométrica irregular em

profundidade, predominando a classe textural franco arenosa a argilosa nos

horizontes superficiais e franco argilo-arenosa a muito argilosa nos

horizontes diagnósticos subsuperficiais (Figura 5). Os valores de pHágua são

maiores que 4,5 para todos os Cambissolos, chegando a 7,0 e 7,2 no

horizonte C dos perfis P06 (CYve) e P34 (CYbe), provavelmente devido à

alta saturação por magnésio nesses perfis (Apêndice 1).

A maioria dos Cambissolos Flúvicos é caracterizada pela elevada

fertilidade natural e caráter eutrófico (exceto o perfil P37, de caráter

distrófico), com altos valores para a soma e saturação por bases. Os

Cambissolos com horizonte glei (perfis P34 e P37) possuem maiores teores

de Al3+ trocável em subsuperfície e maiores teores de carbono orgânico no

horizonte A (124,1 e 81,2 g kg-1), em função da presença de horizonte

orgânico (O). Possuem mineralogia semelhante, composta por caulinita >

mica (ilita), e menor presença de esmectita nos perfis P37 e P06 (Tabela 2).

4.1.5 Gleissolos

Os Gleissolos estudados pertencem à subordem Háplicos e ocorrem

nas fisionomias vegetais de Espinheiro, Cambarazal e Mata Ripária. Foram

selecionados dois Gleissolos Háplicos alumínicos, sendo um com caráter

neofluvissólico, herdado do processo de sedimentação (Figura 12).

FIGURA 12. Perfis de Gleissolos estudados. (a) perfil P33 (GXa – Gleissolo Háplico alumínico típico); (b) perfil P38 (GXa – Gleissolo Háplico alumínico neofluvissólico).

(a) (b)

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56

A morfologia do perfil P33 revela o caráter vértico, com superfícies de

fricção e fendas verticais, estrutura com grau de desenvolvimento forte e do

tipo paralelepipédica, consistência seca extremamente dura e úmida

extremamente firme (Embrapa, 2006).

Os Gleissolos possuem textura variando de argilosa a muito argilosa

em subsuperficie (Figura 5), de baixa atividade (Tb); segundo Campos et al.

(2003), a textura mais argilosa predominante nos Gleissolos pode dificultar o

processo de desferrificação, retardando a perda de ferro por lixiviação,

contribuindo para que esses solos sejam ricos em ferro e manganês.

A acidez é elevada, conforme os baixos valores do pHágua e pHKCl

desses solos (Apêndice 1). Possuem teores elevados de COT em superfície,

principalmente no horizonte A do perfil P33 (88,7 g kg-1), em razão da

presença de horizonte orgânico (O). O teor e a saturação por alumínio são

maiores no perfil P33 e crescentes em profundidade. Valores elevados de

Al3+ trocável em solos de várzea também foram obtidos por Lima et al.

(2005), no Alto Solimões.

Sua mineralogia é composta principalmente por caulinita, com traços

de mica (ilita) nos dois perfis, e de VHE no perfil P33 (Tabela 2).

4.1.6 Luvissolos

Os Luvissolos estudados ocorrem sob as fisionomias vegetais

Floresta Estacional Semidecidual com Acuri, Floresta Estacional Decidual

com bambu e Tabocal (Figura 13).

O caráter pálico dos Luvissolos indica desenvolvimento excessivo,

onde a espessura do solum (A + B, exceto BC) é geralmente maior que 80

cm (Embrapa, 2006); nesses solos, a espessura do solum até o horizonte B

variou de 138 a 150 cm.

São solos eutróficos (saturação por bases média de 87% no horizonte

B), com predomínio de íons Ca2+ e Mg2+ no complexo sortivo, textura franco

argilosa e argilosa (Figura 5), com reação moderadamente ácida a

praticamente neutra (Apêndice 1).

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57

FIGURA 13. Perfis de Luvissolos estudados. (a) perfil P16 (TCp - Luvissolo Crômico pálico típico); (b) perfil P28 (TXp - Luvissolo Háplico pálico típico).

Os teores de COT são maiores nos horizontes superficiais (média de

32,8 g kg-1 no horizonte A), e o teor de fósforo é considerado elevado para

os perfis, especialmente no P16, cuja média é de 80,6 mg kg-1 (Apêndice 1).

Características químicas similares têm sido registradas para outros

Luvissolos no Nordeste do Brasil (Araújo Filho et al., 2000; Oliveira et al.,

2009; Diniz Filho et al., 2009) e devem estar diretamente relacionados à

maior quantidade de minerais primários, principalmente plagioclásios e

micas, presentes nas frações areia e silte desses solos. Neste estudo, os

Luvissolos apresentam mineralogia composta por caulinita > mica e

esmectita (Tabela 2).

(a) (b)

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58

4.2 Geoquímica Elementar dos Solos

A geoquímica possibilita entender a fertilidade natural do solo e

avaliar o seu potencial de contaminação no futuro, além de fornecer subsídio

para compreender a mobilização e redistribuição dos elementos durante o

intemperismo do solo (Thanachit et al., 2006).

A composição química do solo reflete suas condições redox e a

retenção e movimento da água no solo, que constituem processos dinâmicos

particularmente importantes em solos hidromórficos como do Pantanal

Matogrossense. O efeito desses processos na geoquímica dos solos pode

manifestar-se inicialmente pela redistribuição dos elementos químicos dentro

da matriz do solo, entre os horizontes do perfil e, finalmente, entre solos

dentro da paisagem (Prakongkep et al., 2008).

Nesse sentido, os teores totais dos elementos na forma de óxidos

obtidos por Espectrometria de Fluorescência de Raios X (FRX) são

discutidos, agrupados pela proporção de ocorrência nos solos do Pantanal

Norte Matogrossense.

4.2.1 Elementos maiores (Si, Al, Fe, K, Mg, Ca, Ti, S, P)

Os elementos que ocorrem em maior proporção em todos os solos

estudados são: Silício (SiO2), Alumínio (Al2O3), Ferro (Fe2O3), Potássio

(K2O), Magnésio (MgO), Titânio (TiO2), Cálcio (CaO), Enxofre (SO3) e

Fósforo (P2O5).

Os resultados da análise química para os elementos maiores (óxidos)

dos 20 perfis da RPPN SESC Pantanal encontram-se nas Tabelas 3

(variação nos perfis) e 4 (horizontes pedogenéticos A e B ou C). Os

resultados completos por horizonte e perfil estão no Apêndice 2.

O silício e o alumínio são os elementos que predominam em todos os

solos, variando seus teores de 540,2 a 947,2 g kg-1 e de 28,4 a 308,7 g kg-1,

respectivamente (Tabela 3). Esses elementos também são abundantes nos

solos de várzea estudados por Prakongkep et al. (2008), cujos teores

variaram de 84 a 467 g kg-1 (SiO2) e 3,7 a 132 g kg-1 (Al2O3) e por Furquim

et al. (2010) nos solos do Pantanal da Nhecolândia (MS), com teores

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59

variando de 493,1 a 628,7 (SiO2) e 35,0 a 227,6 (Al2O3).

A distribuição dos elementos maiores é controlada principalmente

pelo conteúdo relativo de minerais na fração argila dos solos: teores

elevados de SiO2, Al2O3 e K2O geralmente estão relacionados com clorita e

ilita em abundância, pois o Si, Al e K são mais facilmente retidos na estrutura

desses minerais (Setti et al., 2004). Em particular, a ilita é um importante

carreador de K2O em sedimentos (Wedepohl, 1978); por outro lado, Fe2O3 e

MgO estão relacionados a solos ricos em esmectita autigênica (Setti et al.,

2001). Todos os solos da RPPN possuem caulinita, mica (ilita) e traços de

esmectita e VHE na fração argila (Tabela 2).

Outros elementos ocorrem em menores concentrações nos solos: Fe

(1,6 a 123,3 g kg-1), K (4,1 a 38,1 g kg-1), Mg (0,0 a 16,9 g kg-1), Ca (0,0 a

12,6 g kg-1), Ti (0,0 a 14,5 g kg-1), S (0,0 a 5,4 g kg-1) e P (0,0 a 6,6 g kg-1)

(Tabela 3). Dentre as bases, o K é o que apresenta teores mais elevados,

em todos os solos.

De acordo com a Tabela 3, as concentrações médias de Al, Fe, Ti e

Mg dos solos da RPPN são comparáveis a solos de outras áreas, isto é,

situam-se dentro do intervalo dos valores publicados. Entretanto, a

concentração média de K e Ca são menores que dos solos semelhantes da

Coréia (Lee, 2006) e do Pantanal de Nhecolândia, Mato Grosso do Sul

(Furquim et al., 2010); somente a concentração do Si está acima dos valores

encontrados na literatura. De modo geral, a concentração máxima dos

elementos nos solos da RPPN é superior à encontrada em outros solos

sujeitos à inundação da Coréia (Lee, 2006), da Tailândia (Prakongkep et al.,

2008) e no Pantanal da Nhecolândia (Furquim et al., 2010) (Tabela 3).

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TABELA 3. Média (Med), desvio padrão (dp), concentração (g kg-1) mínima (Min) e máxima (Max) dos elementos maiores (óxidos) nos solos da RPPN SESC Pantanal e a variação correspondente em outros solos.

Solos da RPPN SESC Pantanal (n = 113)

Solos de várzea da Tailândia 1 (n = 146)

Solos de várzea da Coréia 2 (n = 16)

Solos do Pantanal de Nhecolândia 3

(n = 18) Elemento

Min Max Med ±±±± dp Min Max Min Max Min Max Med

Si 540,2 957,2 749,2 ± 85,2 84,0 467,0 608,0 703,0 493,1 628,7 574,0 Al 28,4 308,7 165,3 ± 54,7 3,7 132,0 135,0 198,0 35,0 227,6 150,0 Fe 1,6 123,3 42,5 ± 21,4 2,1 67,3 37,0 71,0 33,3 106,4 75,0 K 4,1 38,1 20,2 ± 5,7 nd* 24,3 27,0 44,0 10,4 51,5 32,0 Ti nd* 14,5 8,3 ± 2,8 0,9 7,9 7,0 9,0 Mg nd* 16,9 8,0 ± 4,0 nd* 9,6 6,0 12,0 1,3 15,0 3,5 Ca nd* 12,6 0,9 ± 1,1 nd* 276,0 3,0 7,0 0,6 20,0 3,0 S nd* 5,4 2,0 ± 0,6 nd* 21,2 P nd* 6,6 0,7 ± 0,9 0,006 0,36

*não detectável 1Concentração total dos elementos nos horizontes de solos de várzea não contaminados na Tailândia (n = 146), por fluorescência de raios X (Prakongkep et al., 2008); 2Concentração total dos elementos nos horizontes de solos de várzea próximos a rejeitos de mina na Coréia (n = 16), por fluorescência de raios X (Lee, 2006); 3Concentração total dos elementos na fração argila fina de solos do Pantanal de Nhecolândia-MS por ICP-MS (Furquim et al., 2010).

60

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61

4.2.1.1 Variação da composição química com a profun didade e

entre perfis

As concentrações dos elementos variaram verticalmente nos perfis,

conforme a distribuição nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B

ou C) (Tabela 4).

Nos solos da RPPN SESC Pantanal observa-se que, à medida que o

material de origem é alterado nos horizontes subsuperficiais, ocorrem perdas

dos teores de SiO2, CaO, P2O5 nos horizontes inferiores e aumento relativo

de Fe2O3, Al2O3 e TiO2, principalmente nos solos de cordilheira (Planossolos

e Luvissolos), corroborando Ferreira et al. (2010). A exceção está nos

Neossolos Quartzarênicos hidromórficos e alguns Cambissolos Flúvicos,

onde a intemperização é mais lenta e o processo de deposição de

sedimentos é mais ativo, pois se situam em terraços e planícies fluviais dos

rios São Lourenço e Cuiabá e nos diques marginais.

Esse comportamento geoquímico observado na maioria dos perfis

analisados da RPPN reflete, provavelmente, o processo pedogenético e o

grau de evolução dos solos com horizonte B textural (Planossolos,

Luvissolos, Plintossolos Argilúvicos), caracterizado por perda moderada de

sílica, enriquecimento relativo moderado de Al e Fe e lixiviação de bases.

As magnitudes dos teores dos elementos maiores (óxidos)

constituintes ao longo dos perfis mostram-se compatíveis à composição

química dos seus materiais originais, formado por sedimentos arenosos,

silticoarenosos, argiloarenosos e arenoconglomeráticos semiconsolidados a

consolidados, da Formação Pantanal, sendo a grande maioria dos solos

afetados por processos redoximórficos.

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TABELA 4. Concentração dos elementos maiores (óxidos totais) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

SiO2 Al 2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO 2 CaO SO3 P2O5 Perfil / solo Horiz.

g kg-1

A 868,4 95,6 11,4 13,1 nd 7,3 nd 3,0 nd P04-Planossolo háplico eutrófico arênico Btn 638,3 235,4 82,3 19,6 12,3 7,6 nd 1,2 nd A1 815,6 115,5 20,9 20,2 7,0 6,4 6,2 2,6 3,9 P05-Cambissolo flúvico eutrófico típico Bi 824,9 114,3 17,9 22,9 5,9 7,0 nd 2,4 3,4

A1 761,7 145,6 35,5 23,8 7,8 9,4 8,2 2,2 3,3 P06-Cambissolo flúvico eutrófico típico Bi2 733,4 179,6 40,0 24,5 10,0 7,6 nd 1,8 nd A 868,1 85,8 12,2 14,4 4,0 9,8 0,6 2,6 nd P09-Planossolo nátrico órtico arênico

Btg2 742,0 176,4 39,6 20,8 10,4 7,4 nd 1,6 nd A 902,3 71,0 7,0 11,6 nd 3,5 nd 2,7 nd P13-Planossolo háplico alumínico gleissólico Btg 659,5 246,7 56,8 13,9 10,0 9,6 nd <l.d nd A 807,2 139,8 20,9 14,5 6,0 6,9 nd 2,3 nd P14-Plintossolo argilúvico alumínico gleissólico

Btfg 733,2 198,1 35,7 15,0 9,7 6,2 nd 1,9 nd A 741,5 153,3 38,8 26,1 11,5 9,8 8,9 2,4 4,7 P16-Luvissolo crômico pálico típico Bt 655,9 210,7 73,7 29,9 13,4 10,9 nd 1,7 3,0

A 852,2 101,3 15,8 20,5 nd 5,7 0,7 2,1 nd P19-Planossolo háplico eutrófico arênico Btg1 682,0 216,0 53,6 24,2 12,3 9,0 nd 1,5 nd A 743,7 172,6 35,1 24,3 9,1 8,0 nd 2,6 3,3 P21-Neossolo quartzarênico hidromórfico neofluvissólico C 934,3 39,5 12,3 7,1 nd 1,9 nd 3,2 nd

A 678,4 227,2 49,1 15,8 7,7 10,9 nd 2,4 6,6 P26-Plintossolo pétrico litoplíntico êndico Bfg2 700,5 211,8 39,6 22,6 12,3 10,6 nd 1,7 nd

A 734,9 178,5 25,1 22,5 8,5 12,0 6,3 3,9 4,6 P27-Plintossolo argilúvico eutrófico gleissólico 2Bf 586,0 240,3 123,3 23,8 11,6 12,3 nd 1,4 nd

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Continuação

SiO2 Al 2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO 2 CaO SO3 P2O5 Perfil / solo Horiz. g kg -1

A 753,7 150,3 32,7 24,1 8,2 8,6 12,6 2,5 4,8 P28-Luvissolo háplico pálico típico Bt2 653,7 237,3 47,8 27,3 14,3 9,8 nd 1,3 nd

A 854,2 105,2 9,4 17,2 nd 7,4 nd 2,9 2,4 P30-Neossolo quartzarênico hidromórfico plíntico C2 917,2 43,1 6,7 10,0 nd 1,7 nd 5,4 nd A 920,5 58,8 6,0 5,7 nd 5,2 nd 3,1 nd P31-Plintossolo argilúvico distrófico espessarênico

Btfg2 675,2 246,4 38,8 17,9 10,1 8,7 nd 1,4 nd A1 637,7 235,1 77,5 21,6 12,3 9,4 3,4 0,9 nd P33-Gleissolo háplico alumínico típico Bg2 601,1 246,4 110,3 13,5 10,3 9,3 2,9 0,8 nd A 632,0 248,9 50,0 36,4 16,9 10,4 nd 1,5 nd P34-Cambissolo flúvico eutrófico gleissólico

Big 651,7 222,2 59,5 34,5 15,6 10,8 nd 1,4 nd A 612,1 238,5 61,0 38,1 15,6 13,4 11,3 5,4 2,9 P37-Cambissolo flúvico eutrófico gleissólico

Big 669,0 219,2 51,4 31,6 13,9 11,7 nd 1,6 nd

A 656,3 225,2 52,8 27,9 13,0 11,3 6,5 2,7 2,6 P38-Gleissolo háplico alumínico neofluvissólico Bgf2 730,8 198,1 25,9 20,2 10,0 12,3 nd 1,6 nd A 670,2 225,6 53,9 25,6 10,8 14,5 nd 1,4 nd P42-Neossolo flúvico eutrófico gleissólico C 667,9 211,2 71,4 24,6 8,1 13,5 nd 2,0 nd A 645,6 231,2 65,7 25,6 14,4 9,6 4,3 1,3 nd

P43-Planossolo háplico distrófico plíntico Btn 681,1 237,9 36,5 19,5 12,3 10,4 nd 1,4 nd

nd = não detectável

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a) SiO2

Em todos os solos analisados, o teor de SiO2 é maior que o Al2O3 e o

Fe2O3 (Tabela 4), com maiores valores nos Neossolos Quartzarênicos e no

horizonte A dos Planossolos Háplicos, Plintossolos Argilúvico e Luvissolos.

O SiO2 em maiores concentrações nos horizontes superficiais mais

intemperizados contraria a seqüência normal de intemperismo, visto que o

silício é um elemento móvel que sai do sistema no decorrer desse processo

(Moreira e Oliveira, 2008). Segundo esses autores, a perda de minerais mais

facilmente translocados e o conseqüente aumento da concentração relativa

de quartzo nos horizontes superficiais justificaria esse comportamento.

A contribuição de materiais de fontes externas parece ser o motivo

mais provável da ocorrência de SiO2 (e outros elementos móveis) nos

horizontes superficiais dos solos em estudo, proveniente das águas de

percolação saturadas em SiO2 e também pela presença de sedimentos e

minerais silicosos como quartzo. Por isso, a mudança verificada na

distribuição da sílica no horizonte Bt dos Planossolos, Plintossolos e

Luvissolos pode ser explicada tanto pelo esgotamento gradativo dos

minerais primários pela intemperização, determinando as perdas da sílica

móvel (silicatos) e concentrando a silica imóvel (quartzo), quanto por

concentração relativa ou aporte externo (Moreira e Oliveira, 2008).

b) Fe2O3, Al 2O3 e TiO2

Os teores de Fe2O3 e Al2O3 são maiores nos horizontes B da maioria

dos solos (Tabela 4), mostrando uma distribuição geoquímica esperada para

elementos pouco móveis.

Os Gleissolos e Luvissolos possuem maiores teores de Al2O3 e Fe2O3

cuja magnitude aumenta com a profundidade do perfil (Tabela 4). Com

relação ao ferro, sua distribuição nos solos pode estar relacionada à

presença de formas mais cristalinas de óxidos de ferro (Lima et al., 2005) e

nódulos de ferro e manganês (Humphries et al., 2010) nos horizontes de

subsuperfície, e à perda de ferro associadas a períodos de redução (comum

em ambientes mal drenados como o Pantanal Matogrossense) nos

horizontes superficiais, onde o ferro na forma reduzida torna-se bastante

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solúvel e passível de ser lixiviado.

Há variação significativa nos teores de Fe2O3 entre os horizontes A e

Bt dos Planossolos com diminuição do teor de Fe em superfície, o que pode

estar relacionado às perdas por dissolução redutiva do ferro e aos baixos

teores de argila nesses horizontes.

Os teores de TiO2 pouco variam com a profundidade dos perfis da

RPPN (Tabela 4), com valores mais expressivos nos Cambissolos Flúvicos,

Gleissolos e Plintossolos. O maior teor de TiO2 na faixa de 14,5 g kg-1 é

observado no perfil P42 no horizonte A, correspondente a um Neossolo

Flúvico. O titânio é um cátion tetravalente que se cristaliza dentro de

silicatos, fosfatos e minerais oxídicos, sendo muito resistente ao

intemperismo, persistindo e acumulando nos solos. O enriquecimento em

quartzo nos solos em estudo pode estar contribuindo para a distribuição do

titânio nos perfis, onde grãos de quartzo são distribuídos na matriz do solo

juntamente com os grãos de ilmenita (FeTiO3) ou Rutilo (TiO2).

c) K2O, CaO e MgO

Os teores de K2O são maiores que CaO e MgO em todos os solos

(Tabela 4), e aumentam com a profundidade, tal como o MgO. Os maiores

valores são verificados nos Luvissolos e Cambissolos Flúvicos, de acordo

com a mineralogia da fração argila com presença de mica (Tabela 2),

considerando que o K está presente na estrutura desses minerais.

Ao estimar a percentagem de ilita nos solos a partir dos dados de K2O

(Ilita = 10.K2O) assumindo que todo o K está presente como muscovita

(Jackson, 1974), os maiores valores são encontrados nos perfis P16

(33,3%) e P28 (31,8%) (ambos Luvissolos) e P34 (31,6%) e P37 (30,1%)

(ambos Cambissolos), justificando a afirmação acima.

Os teores de MgO são superiores ao de CaO nos solos estudados, tal

como observado por Furquim et al. (2010) em solos do Pantanal de

Nhecolândia (MS). Considerando que os solos são ricos em micas, os

maiores teores de MgO estão relacionados à presença de mica, confirmada

pelas relações entre o MgO e os teores de K2O e Fe2O3 (r = 0,87 e 0,82,

respectivamente).

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Os teores de CaO são mais elevados nos horizontes superficiais

(Tabela 4), sendo que na maioria dos perfis sua concentração não é

detectável no horizonte B/C, principalmente nos Plintossolos, Planossolos e

Neossolos Quartzarênicos. Esses teores baixos em CaO demonstram o

transporte do elemento pelas águas de percolação nos solos citados.

Marques et al. (2004a) e Moreira e Oliveira (2008) também

constataram o enriquecimento de CaO em horizontes superficiais de solos

sob vegetação de floresta, onde a ciclagem de nutrientes é mais intensa do

que a vegetação sob Cerrado. Os perfis sob vegetação de floresta (Figura 3)

possuem teores de carbono e matéria orgânica relativamente elevados nos

horizontes superficiais (Apêndice 1), aumentando os teores de Ca, Mg e P

nesses horizontes devido à ciclagem biogeoquímica mais intensa. Isso pode

ser constatado pelos coeficientes de correlação linear (Pearson) positivos e

significativos entre as variáveis e o carbono orgânico total nos horizontes A

dos solos da RPPN (r = 0,67, 0,65 e 0,57 para o K2O, CaO e MgO,

respectivamente, p<0,05).

Esse acúmulo do CaO nos horizontes superficiais é particularmente

pronunciado nos perfis P28 (Luvissolo Háplico) e P37 (Cambissolo Flúvico),

sob Floresta Estacional com bambu e Mata Ripária, respectivamente.

d) P2O5 e SO3

Os maiores teores de P2O5 (Tabela 2), especialmente nos horizontes

superficiais (Tabela 4), são devido à biociclagem desse elemento nos solos

eutróficos, conforme correlação positiva com o carbono orgânico no

horizonte A (r = 0,45, p<0,05).

Couto e Oliveira (2008) afirmam que o teor total de fósforo nos solos

do Pantanal de Poconé (MT) (valores médios de 1,2 g kg-1) é muito

significativo, cerca de duas vezes maior que o valor médio encontrado em

solos brasileiros (Resende et al., 2002), e representa cerca de 3,12 t ha-1 de

P2O5 na camada superficial (20 cm), considerando a densidade do solo igual

a 1,3 kg dm-3.

Nos solos da RPPN o maior teor de P2O5 é de 6,6 g kg-1 no

Plintossolo Pétrico (perfil P26) e de 4,7 g kg-1 nos Luvissolos, sendo que em

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muitos horizontes o teor de fósforo total não é detectável. Isso pode ser

explicado pelas mudanças nas características químicas do solo resultantes

das reações redox em áreas úmidas, que influenciam a solubilidade e

mobilização do fósforo no solo (Guilherme et al., 2000; Lima et al., 2005;

Ranno et al., 2007), além da natureza do material de origem.

O maior teor de P2O5 no Plintossolo Pétrico sugere uma associação

entre o fósforo total e os óxidos de ferro de baixa cristalinidade (extraídos

com oxalato de amônio, Feox) presente nas plintitas e petroplintitas, e

confirmada pela correlação positiva e significativa entre as variáveis no perfil

(r = 0,79, p<0,05). Os óxidos de Fe, recentemente precipitados e menos

cristalinos, podem ser mais ativos na readsorção dos fosfatos do que os

compostos férricos presentes antes da inundação (Koski-Vähälä et al.,

2001).

O SO3 tem maior teor no horizonte C do Neossolo Quartzarênico

(perfil P30) e horizonte A do Cambissolo Flúvico (perfil P37), sendo maior

nos horizontes superficiais da maioria dos solos, em função da cobertura

vegetal, conforme correlação significativa com o carbono orgânico total no

horizonte A (r = 0,56, p<0,05).

Em síntese, a distribuição geoquímica dos elementos mostra que o

primeiro grupo de constituintes móveis refere-se ao Mg e Ca que são

rapidamente mobilizados, fixando-se nos horizontes superficiais em função

principalmente da ciclagem vegetal. Segue-se o K, que também é mobilizado

e transportado com menor intensidade devido à sua fixação na estrutura das

ilitas que compõem a mineralogia da fração argila dos solos (dados não

apresentados). O Si é mais lentamente transportado e enriquecido nos

horizontes superficiais pelo aporte de material sedimentar rico em quartzo.

Em seguida, o Al e Fe são os elementos menos móveis, visto que o Al3+

imobiliza-se sob pH 4,5 a 9,5 e o Fe3+ em condições oxidantes, além de

estar segregado nos nódulos e mosqueados na maioria dos perfis.

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4.2.1.2 Relações específicas entre os elementos mai ores

Na Tabela 5 estão apresentadas as correlações de Pearson entre os

teores dos elementos nos solos da RPPN, em todos os horizontes (n = 113).

Um elevado coeficiente de correlação sugere um comportamento

geoquímico semelhante e/ou fontes de material em comum desses

elementos.

As maiores concentrações de SiO2 ocorrem nos Neossolos e nos

Planossolos (Tabela 4) e seu teor varia diretamente com o teor de areia e

inversamente com o teor de argila (Tabela 5). Esses resultados corroboram

a relação Si/Al mais alta nos Neossolos (Si/Al = 8,5) e Planossolos (Si/Al =

5,6). A correlação negativa entre a os teores de SiO2 e de Fe2O3 e Al2O3

ilustra esse fato (Figura 14).

FIGURA 14. Relação entre os teores totais de sílica e os óxidos de ferro e de alumínio nas amostras analisadas (n = 113; p<0,05).

Os elementos analisados tendem a se concentrarem no horizonte B

(exceto o Si), o que sugere uma relação com a argila ou com o ferro,

confirmada pelas correlações positivas e significativas entre o teor dos

elementos maiores e os óxidos de ferro e argila total (Tabela 5), conforme

constatado Pérez et al. (1997) em solos brasileiros.

y = 812,36e-0,0739x

R2 = 0,8016

0

5

10

15

20

40 50 60 70 80 90 100

SiO2 (%)

Fe

2O3

(%)

y = 610,87e-0,0498x

R2 = 0,8966

0

10

20

30

40

50

40 50 60 70 80 90 100

SiO2 (%)

Al 2

O3

(%)

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TABELA 5. Coeficiente de correlação de Pearson (r) calculado entre os teores elementos maiores (óxidos) e os teores de areia, silte e argila das amostras em estudo (n = 113; p<0,05). Variáveis SiO 2 Al 2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO 2 CaO SO3 P2O5 Areia Silte Argila Carbono

Al2O3 -0,98 1,00 - - - - - - - - - -

Fe2O3 -0,88 0,82 1,00 - - - - - - - - -

K2O -0,73 0,70 0,51 1,00 - - - - - - - -

MgO -0,92 0,91 0,73 0,83 1,00 - - - - - - -

TiO2 -0,76 0,76 0,60 0,68 0,69 1,00 - - - - - -

CaO -0,14 0,10 0,06 0,28 0,18 0,14 1,00 - - - - -

SO3 0,69 -0,70 -0,65 -0,38 -0,62 -0,47 0,17 1,00 - - - -

P2O5 -0,10 0,07 -0,01 0,31 0,16 0,15 0,49 0,15 1,00 - - -

Areia 0,65 -0,64 -0,60 -0,51 -0,64 -0,56 -0,07 0,55 0,02 1,00 - -

Silte -0,40 0,38 0,36 0,43 0,43 0,47 0,03 -0,31 0,11 -0,70 1,00 -

Argila -0,62 0,62 0,58 0,42 0,60 0,47 0,08 -0,54 -0,09 -0,92 0,36 1,00

Carbono -0,25 0,23 0,12 0,42 0,23 0,33 0,69 0,26 0,50 -0,03 0,07 0,01 1,00 Os valores em negrito são diferentes de 0 com um nível de significância alfa=0,05

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O K2O relaciona-se positivamente com os teores de MgO, Al2O3, TiO2

e Fe2O3 e negativamente com o teor de SiO2 (Tabela 5), sugerindo uma

possível convergência mineralógica associada a um mineral secundário,

onde o K fica mantido na estrutura de minerais como a ilita (Horbe et al.,

2007). Como o K2O não se correlaciona significativamente com o K+ trocável

(Apêndice 1) (r = 0,26), é provável a participação desse elemento na mica

(ilita) e esmectita, constituintes da fração argila desses solos.

A influência da biociclagem da matéria orgânica no acúmulo dos

óxidos dos elementos Ca, K e P é confirmada nos solos da RPPN pela

correlação positiva e significativa com o carbono orgânico total (Tabela 5).

Correlação positiva e significativa também é verificada entre o Al2O3, o

Fe2O3 (r = 0,82) e o TiO2 (r = 0,76) (Tabela 5), indicando que esses

elementos estão concentrados nos horizontes subsuperficiais da maioria dos

solos analisados, concordante com os teores de argila.

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4.2.2 Elementos traço

O termo “elemento traço” é usado para definir metais catiônicos e

aniônicos que normalmente estão presentes em baixas concentrações no

ambiente, usualmente menor que 1,0 g kg-1 (Sparks, 1995). De acordo com

a definição acima, os elementos Mn, Zr, Sr, Rb, Zn, Cr, Ni, V e Y

determinados nos perfis dos solos da RPPN SESC Pantanal são

considerados elementos traço, e são discutidos neste subitem.

4.2.2.1 Concentração dos elementos traço nos perfis

As concentrações de elementos traço de maior ocorrência nos

perfis dos solos da RPPN SESC Pantanal estão listadas na Tabela 6, em

superfície (horizonte A) e subsuperfície (média dos horizontes

subsuperficiais B ou C).

Os teores dos elementos traço, encontrados nos solos em estudo,

são geralmente explicados pelos processos de intemperismo de minerais

primários que são herdados da rocha ou transportados de outros locais

(Chandrajith et al., 2005).

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TABELA 6. Teores totais de elementos traço (óxidos) nos horizontes superficiais e subsuperficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal.

MnO2 ZrO2 V2O5 SrO NiO Rb2O ZnO Y2O3 Cr2O3 Perfil / Solo Horiz.

mg kg-1 P04-Planossolo Háplico eutrófico arênico A 400 600 nd nd nd nd nd nd nd B 400 400 n nd dn 130 nd nd 570 P05-Cambissolo Flúvico eutrófico típico A 630 80 nd 80 nd 70 110 nd nd B 150 100 nd 70 170 80 nd nd 530 P06-Cambissolo Flúvico eutrófico típico A 1.200 880 nd 125 nd 110 160 65 nd B 180 900 nd 90 nd 100 110 50 460 P09-Planossolo Nátrico órtico arênico A 970 1.000 nd nd nd nd nd nd 300 B 960 450 nd nd nd 130 130 nd nd P13-Planossolo Háplico alumínico gleissólico A 300 500 nd nd 100 nd nd nd nd B 150 550 nd nd nd 90 nd nd 560 P14-Plintossolo Argilúvico alumínico gleissólico A 400 550 230 nd nd nd nd nd nd B Nd 430 nd 80 nd 90 nd nd nd P16-Luvissolo Crômico pálico típico A 1.500 800 nd 130 nd 100 150 nd 260 B 600 250 nd 130 nd 120 nd 70 650 P19-Planossolo Háplico eutrófico arênico A 800 1.000 nd 0,0 nd 70 nd nd nd B 200 850 550 180 nd 100 nd nd nd P21-Neossolo Quartzarênico hidromórfico neofluvissólico A 500 600 nd nd 130 80 90 110 nd C 50 500 120 70 nd 80 nd nd 690 P26-Plintossolo Pétrico litoplíntico êndico A 610 600 nd nd nd 110 120 50 nd B 50 300 350 100 nd 100 nd 70 nd P27-Plintossolo Argilúvico eutrófico gleissólico A 800 500 480 130 nd 130 160 nd nd B 40 320 310 120 nd 120 110 70 390 P28-Luvissolo Háplico pálico típico A 1.700 500 250 110 nd 80 150 nd nd B 230 330 310 130 nd 140 nd 70 320

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73

Continuação

MnO2 ZrO2 V2O5 SrO NiO Rb2O ZnO Y2O3 Cr2O3 Perfil / Solo Horiz.

mg kg-1

P30-Neossolo Quartzarênico hidromórfico plíntico A 550 nd nd nd nd 50 nd nd nd C 190 120 nd nd nd nd nd nd 810 P31-Plintossolo Argilúvico distrófico espessarênico A nd 389 nd nd nd nd nd nd nd B 430 330 370 nd nd 80 nd nd 480 P33-Gleissolo Háplico alumínico típico A 800 nd 670 nd nd 190 nd 90 nd B 250 230 550 120 nd 200 nd 80 390 P34-Cambissolo Flúvico eutrófico gleissólico A 480 400 nd 70 nd 270 160 nd nd B 700 550 nd 70 nd 120 130 70 380 P37-Cambissolo Flúvico eutrófico gleissólico A 400 nd 160 70 nd 110 nd nd nd B 850 840 Nd nd nd nd 120 70 480 P38-Gleissolo Háplico alumínico neofluvissólico A 650 nd 340 100 530 230 nd 60 nd B 90 530 420 90 nd 160 nd 70 nd P42-Neossolo Flúvico eutrófico gleissólico A 1.910 700 nd nd nd nd nd nd nd C 1.850 700 nd 150 nd 150 130 60 nd P43-Planossolo Háplico distrófico plíntico A 700 nd nd nd nd 200 170 70 nd B nd 400 nd nd nd 90 110 50 390 nd = não detectável (abaixo do limite de detecção do método)

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TABELA 7 . Matriz de correlações de Pearson e parâmetros estatísticos descritivos dos teores médios dos elementos traço no perfil e alguns atributos dos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 20, p < 0,05). MnO2 ZrO2 V2O5 SrO NiO Rb 2O ZnO Y2O3 Cr2O3 COT1 Fe2O3 SILTE ARGILA CaO MgO K2O

MnO2 1,0

ZrO2 0,40 1,00

V2O5 0,08 -0,27 1,00

SrO 0,52 -0,32 0,48 1,00

NiO 0,90 0,92 -- -- 1,00

Rb2O 0,29 -0,16 0,55 0,46 -0,82 1,0

ZnO 0,26 -0,18 0,67 0,21 -- 0,62 1,00

Y2O3 -0,05 -0,32 0,49 -0,29 -- 0,63 0,00 1,00

Cr2O3 -0,36 -0,21 -0,77 -0,50 -0,51 -0,64 -0,69 0,16 1,00

COT 0,42 0,08 -0,18 0,31 0,29 0,43 0,21 -0,01 -0,41 1,00

Fe2O3 0,37 -0,14 0,54 0,63 0,69 0,82 0,28 0,64 -0,63 0,52 1,00

SILTE 0,73 0,24 0,16 0,57 0,99 0,50 0,32 -0,18 -0,61 0,65 0,54 1,00

ARGILA 0,01 -0,27 0,54 0,16 -0,16 0,78 0,67 0,70 -0,71 0,46 0,75 0,29 1,00

CaO 0,20 0,02 -0,12 0,66 -- 0,20 0,30 -0,20 -0,20 0,50 0,45 0,76 0,56 1,00

MgO 0,33 -0,18 0,34 0,40 1,00 0,65 0,68 0,72 -0,75 0,72 0,79 0,68 0,80 0,51 1,00

K2O 0,54 0,41 0,10 0,30 0,95 0,49 0,60 0,04 -0,68 0,75 0,59 0,76 0,28 0,60 0,84 1,00 Os valores em negrito são diferentes de 0 com um nível de significância alfa=0,05; 1COT = carbono orgânico total

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Além da natureza do material de origem, outros fatores como o teor e a

composição da fração argila, teor de matéria orgânica e condições físico-

químicas dos solos podem influenciar a concentração de elementos traço

(Fadigas et al., 2002).

As diferenças entre os teores naturais de elementos traço em solos são

atribuídas, principalmente, ao material de origem e a fatores pedogenéticos

(Guilherme et al., 2005; Paye et al., 2010), e por isso, alguns elementos são

enriquecidos enquanto outros são esgotados ao longo da pedogênese. Além

disso, particularmente em solos de áreas úmidas, o enriquecimento dos

elementos se dá principalmente pelo processo de sedimentação devido aos

pulsos de inundação a que estão sujeitos, onde materiais heterogêneos são

acumulados. Portanto, a influência da pedogênese no teor dos elementos

não é facilmente detectada nos solos da RPPN, considerando-se que os

teores médios variam entre as amostras de solos de classes diferentes e

também entre solos pertencentes a uma mesma classe (Tabela 6). Amaral

Sobrinho et al. (1997) e Fadigas et al. (2006) justificam essa variação em

função das propriedades químicas e físicas inerentes a cada perfil.

Dos elementos analisados, alguns são encontrados em todos os solos

da RPPN (Mn, Zr e Rb) enquanto outros são detectados somente em alguns

solos (Sr, Y, Cr, V, Ni, Zn) (Tabela 6), e elementos raros ocorrem isolados

em alguns horizontes de poucos perfis (Sm, Cs, W, Ag, Co, Cu, Sn, Eu)

(dados não apresentados). Todavia, concentrações abaixo do limite de

detecção do método podem estar relacionadas à menor ocorrência desses

elementos na natureza aliada às condições ácidas e moderadamente ácidas

da maioria dos solos da RPPN. Nessas condições, a mobilidade desses

elementos e as perdas por lixiviação podem ser determinantes para os

baixos teores no solo, conforme ressaltado por Paye et al. (2010).

A seguir, são discutidas as variações dos elementos traço nos solos

separadamente, em função da sua geoquimica particular e relaçoes

específicas com outras propriedades dos solos.

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a) Manganês (MnO 2)

Os teores médios de manganês dos solos da RPPN SESC Pantanal

geralmente são maiores que de outros solos semelhantes, variando de 0,0 a

1.910 mg kg-1 (média de 596,6 ± 497,1 mg kg-1) (Tabela 6). Em solos de

áreas alagadas da Tailândia, Prakongekep et al. (2008) encontraram teores

de manganês variando entre 30 a 3.300 mg kg-1 (média de 340 mg kg-1).

Outros autores também encontraram valores menores em solos de áreas

inundadas, em média 390 mg kg-1 (Wang et al., 2003; Chandrajith et al.,

2005).

O teor de MnO2 é menor nos Plintossolos e Gleissolos, e por ser um

elemento móvel, é facilmente transportado no perfil desses solos

hidromórficos. Os maiores valores são encontrados nos perfis P42

(Neossolo Flúvico) e P16 (Luvissolo Crômico). De modo geral, os solos com

caráter eutrófico (perfis P04, P06, P19, P34, P37, P42) têm maiores teores

de manganês comparativamente aos solos com caráter distrófico ou

alumínico (Tabela 6), em função do hidromorfismo desses solos.

Os óxidos de manganês são fortemente influenciados pelo potencial

redox, facultando a essas espécies químicas um alto grau de mobilidade em

condições anóxicas, uma vez que os íons deslocados a um novo equilíbrio

podem ser lixiviados para as camadas inferiores do solo ou solubilizados na

água (Hylander et al., 2000). Entretanto, quando retomadas as condições

oxidantes, o manganês volta a precipitar na forma de óxihidróxidos.

A distribuição do manganês nos solos da RPPN não segue a

distribuição em profundidade observada para o ferro, sugerindo que o

movimento e a distribuição do manganês nesses solos pode ser

independente da argila no perfil, consistente com a ausência de correlação

entre argila e MnO2 (Tabela 7).

O manganês é mais móvel que o ferro, e por isso está sujeito a uma

distribuição mais ampla e independente do teor de argila do que o ferro

(Agbenin, 2003). Por outro lado, o elemento apresenta correlação positiva e

significativa com o teor de silte dos solos (r = 0,73), indicando,

possivelmente, a presença de nódulos de manganês nessa fração

granulométrica (Figura 15, Tabela 7).

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FIGURA 15. Relação entre o teor médio de silte e de manganês

(MnO2) nos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 20, p<0,05).

b) Zircônio (ZrO 2) e relações de descontinuidades no material de

origem

Os teores de zircônio nos solos da RPPN estão entre 0,0 a 1.000,0

mg kg-1 (média de 454,5 ± 287,1 mg kg-1) (Tabela 6), com maiores valores

nos solos menos intemperizados (Cambissolos Flúvicos, Planossolo Nátrico

e Neossolo Flúvico), sendo que nos Plintossolos, Gleissolos e Planossolo

com caráter plíntico seus teores são menores.

A grande estabilidade desse elemento se deve à sua alta valência e

seu forte campo elétrico, fazendo com que ele retenha os oxigênios

firmemente e com isso seja resistente ao intemperismo (Moniz,1972). Por

isso, seus teores são maiores em solos sujeitos a encharcamentos

periódicos como os Cambissolos e Neossolos Flúvicos, devido ao

intemperismo mais lento a que são submetidos; nos Plintossolos e

Gleissolos, que são relativamente mais intemperizados, o seu teor é menor.

Comparativamente a outros solos de áreas alagadas, o teor de Zr nos

solos da RPPN é maior (média de 168 mg kg-1 de Zr em solos inundados do

Sri Lanka, obtido por Chandrajith et al. (2005)), e comparável aos teores

encontrados em solos de áreas bem drenadas originados de basalto (por

Thanachit et al., 2006) (média de 537± 22 mg kg-1) e Marques et al. (2004b)

(média de 467 ± 80 mg kg-1)). Isso demonstra que as variações encontradas

devem estar mais associadas ao material de origem (sedimentos).

Vários autores têm utilizado marcadores geoquímicos para

y = 0,0343x - 0,1713

R2 = 0,5388

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

Silte (%)

MnO

2 (%

)

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caracterização de formações superficiais e investigação da gênese de seus

materiais (Cooper et al., 2002; Touni et al., 2003; Silva et al., 2004). Os

elementos Zr e Ti têm sido utilizados para indicar a ocorrência de

descontinuidade litológica e de sedimentação de material alóctone no perfil

de intemperismo (Moreira e Oliveira, 2008).

Taylor e Enggleton (2001) afirmam que a relação entre os elementos

zircônio e o titânio pode ser utilizada para essa aferição (%ZrO2/%TiO2),

multiplicando-se o resultado por 102 a fim de não obter números muito

baixos e permitir comparações.

Ao se aplicar essa relação nos solos da RPPN, a maioria dos perfis

tem valores variáveis entre os horizontes (aumentando ou diminuindo com a

profundidade), com maior porcentual de desvio de valor atingido entre um

horizonte e outro (Apêndice 2). A exceção é o perfil P42 (Neossolo Flúvico),

cujos valores Zr/Ti se mantiveram praticamente constantes no perfil,

variando apenas 4%, em função da sedimentação mais homogênea na fonte

de sedimentos desse solo.

Diversos critérios têm sido propostos na literatura com vistas à

identificação de descontinuidades que possam atestar a presença de

materiais transportados utilizando a relação entre esses elementos. Maynard

(1992) propõe que se a relação Zr/Ti tiver um desvio maior que 100% a partir

da rocha original, para materiais muito intemperizados, provavelmente há a

presença de algum material alóctone. Para sugerir sedimentação de material

alóctone associada com um acréscimo de material de outras origens é

preciso identificar mudança abrupta e aumento dos valores da razão Zr/Ti

em direção ao topo do solo (Touni et al., 2003).

Os valores da relação Zr/Ti dos solos da RPPN (Apêndice 2) levam a

crer que os perfis tem origem alóctone, sendo verificada mudança abrupta

entre horizontes da maioria dos perfis, com desvios maiores que 100%,

indicando descontinuidades geoquímicas nítidas que refletem materiais de

origem diferentes e, conseqüentemente, o seu transporte.

Schaetzl (1998) alerta para o fato de serem necessários vários

parâmetros para discriminar com segurança a presença de descontinuidade

litológica. Silva e Vidal-Torrado (1999) também questionam sobre a

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identificação de descontinuidades, pois as translocações e transformações

dentro do perfil podem mascarar e confundir as evidências. Por isso, outras

evidências são necessárias para confirmar a interpretação de

descontinuidade litológica, como a razão entre a areia fina (AF) e areia total

(AT). Quando ocorre descontinuidade litológica, são verificadas variações

acentuadas dessas relações ao longo do perfil do solo (Silva et al., 2004).

Nos solos da RPPN, a relação AF/AT tem distribuição uniforme e similar

somente em 2 perfis estudados (Apêndice 3), sendo eles o P16 e o P28,

ambos Luvissolos, indicando ausência de descontinuidade por sedimentação

de material nesses perfis.

c) Elementos monovalentes (Rb 2O) e divalentes (SrO, ZnO e NiO)

O SrO e o Rb2O são encontrados em todos os solos da RPPN,

variando seus teores de 0,0 a 180 mg kg-1 e de 0,0 a 270 mg kg-1,

respectivamente (Tabela 6). Os Gleissolos têm maiores concentrações de

Rb2O enquanto que o Neossolo Flúvico (perfil P42), os Luvissolos (perfis

P16 e P28) e o Plintossolo Argilúvico, que ocorre na lagoa intermitente da

RPPN (perfil P27), têm maiores teores de SrO.

Os teores médios de Rb2O e SrO dos solos da RPPN são maiores que

os encontrados em solos inundados da Tailândia por Prakongkep et al.

(2008) (25 e 19,7 mg kg-1, respectivamente) e em solos do Cerrado brasileiro

por Marques et al. (2004b) (14 ± 32 e 9 ± 8 mg kg-1, respectivamente), e

concordantes com os teores em solos superficiais do mundo (33 a 279 mg

kg-1 para o Rb e 87 a 210 mg kg-1 para o Sr), citados por Kabata-Pendias e

Pendias (2001).

Marques et al. (2004b) afirmam que esses elementos divalentes e

monovalentes são perdidos durante longos períodos de intemperismo por

uma série de razões: não podem ser incorporados na estrutura da caulinita,

gibbsita, goethita ou hematita sem produzir um desequilibrio de cargas,

portanto, tendem a ser excluídos da maioria dos minerais em solos

altamente intemperizados; embora possam ser adsorvidos pelos óxidos de

ferro, sua adsorção é dependente do pH e é fraca em pH < 6,0, comum em

solos tropicais; apesar de poderem ser incorporados nos oxihidróxidos de

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manganês (Mn4+, Mn3+) ou ser adsorvidos sobre eles, os óxidos de Mn não

são estáveis em ambientes mal drenados, podendo sofrer redução e

conseqüente liberação desses elementos.

Como resultado, observa-se que apenas o Rb e o Zn correlacionam-se

com os teores de argila e óxidos de ferro dos solos da RPPN (Tabela 7), ao

contrário do Sr e Ni, corroborando as afirmações dos autores acima citados.

Esses elementos também se correlacionam com o teor de K2O, MgO e, em

menor grau, com CaO, devido ao comportamento geoquímico semelhante

entre eles (Tabela 7).

O NiO é detectado apenas em três perfis da RPPN (P05, P21 e P13,

Tabela 6) com valores acima de 100 mg kg-1, considerados superiores aos

encontrados na literatura para solos de áreas inundadas (Chandrajith et al.,

2005; Lee, 2006; Prakongkep et al., 2008; Du Laing et al., 2009).

A ocorrência desse óxido está ligada à fração silte dos solos, a julgar

pela correlação muito significativa entre as variáveis (Tabela 7). Sultan e

Shazili (2009) estudaram as propriedades que influem na distribuição

geoquimica de metais pesados em solos tropicais da Malásia, e observaram

que a textura do solo, particularmente as frações tamanho silte, exercem

controle sobre a concentração dos elementos.

Os teores de NiO nesses perfis estão fortemente relacionados aos de

MnO2 (Tabela 7), evidenciando o papel dos óxidos de manganês na

adsorção e controle da disponibilidade/toxicidade de elementos traço em

solos e sedimentos, conforme já relatado na literatura (McKenzie, 1989; Liu

et al., 2002; Tan et al., 2005; Huang et al., 2011).

Esse elemento também ocorre associado a óxidos de ferro e

apresenta forte correlação positiva com o K e o Mg (Tabela 7), tal como

observado por Huang et al. (2009) em solos com B textural na China.

Segundo os autores, isso mostra que o Ni pode coexistir principalmente com

o K e o Mg provavelmente por substituição isomórfica com Fe na estrutura

cristalina dos filossilicatos, ou estar sendo adsorvido sobre sua superfície na

matriz do solo.

A liberação de elementos traço em solos de áreas úmidas é motivo de

preocupação ambiental devido ao risco em potencial de contaminação das

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águas superficiais (Grybos et al., 2007). Nesses solos, a mobilidade do

elemento traço depende do Eh e do pH, tanto quanto da matéria orgânica e

dos oxihidróxidos de Fe e Mn.

Os autores afirmam que os solos das áreas úmidas, em especial, são

ricos em ferro e manganês, e podem estabilizar elementos traço por

adsorção ou co-precipitação com seus oxihidróxidos, sob condições

oxidantes; por outro lado, se os solos tornam-se reduzidos, os elementos

traço são liberados na solução do solo por dissolução redutiva dos

óxihidróxidos de Fe e Mn mediada por bactérias. Dessa forma, quando solos

de áreas úmidas como do Pantanal Norte Matogrossense são inundados, as

mudanças nas condições ambientais (pH, Eh) causam variações na

biodisponilidade dos metais (Caetano, 2003; Lee, 2006). Nesse caso, os

óxidos de manganês são mais instáveis que os óxidos de ferro, pois sua

dissolução se inicia em potencial redox maior que o do ferro (dependendo do

pH) (Hall, 1998).

Com relação ao ZnO, os maiores teores estão no Luvissolo Háplico

(perfil P28) e Cambissolo Flúvico (perfil P34), em média 150 mg kg-1. Os

demais perfis apresentam teores de ZnO maiores que 100 mg kg-1, exceto

em alguns Planossolos, Plintossolos e Neossolos Quartzarênicos, onde a

concentração não é detectável (Tabela 6). Essa distribuição nos solos

parece estar de acordo com o teor da argila nos solos (maior nos Luvissolos

e Cambissolos), como mostra a relação positiva entre as variáveis (Tabela

7). Esses solos são pouco intemperizados e possuem argila de atividade

alta, além de mineralogia composta por minerais 2:1, o que lhes confere

altos valores de CTC (Apêndice 1), favorecendo a retenção de Zn nesses

solos.

As concentrações de ZnO encontradas nos solos da RPPN (média de

129,2 mg kg-1) ultrapassam os valores determinados por Prakgonkep et al.

(2008) e Chandrajith et al. (2005) em solos semelhantes não contaminados.

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d) Elementos trivalentes (V 2O5, Y2O3 e Cr2O3)

A ocorrência desses elementos nos solos da RPPN segue a

distribuição dos teores médios nos perfis: Cr > V > Y (Tabela 7), onde o

cromo varia de 320 a 810 mg kg-1 (excetuando-se os solos onde não foi

detectado), ultrapassando os percentuais obtidos em outros estudos com

solos de áreas úmidas não contaminadas e contaminadas (valor máximo de

cromo de 516 mg kg-1 nos solos da Tailândia; 59,0 mg kg-1 nos solos da

Coréia; 132 mg kg-1 nos solos da Bélgica e 221 mg kg-1 em solos superficiais

do mundo), de acordo com os dados obtidos por Prakongkep et al. (2008),

Lee (2006), Du Laing et al. (2009), Kabata-Pendias e Pendias (2001),

respectivamente.

Esses elementos geralmente tendem a correlacionarem positivamente

com o teor de argila e de ferro dos solos, tal como observado por

Prakongkep et al. (2008) em solos inundados na Tailândia. Segundo

Marques et al. (2004b), os elementos trivalentes que possuem raio iônico ≤

0,09 nm podem ser incorporados dentro dos sitios octaédricos da caulinita,

gibbsita, goethita e hematita, que ocorrem na fração argila, porque não

causam desequilibrio de cargas e possuem raio iônico similar ao do Al e Fe.

Neste estudo, somente o Y e o V apresentam correlação significativa

com o teor de argila e Fe2O3 (Tabela 7), indicando que essa associação se

deve à ocorrência desses elementos nas estruturas dos minerais de argila e

dos óxidos.

O Cr não se correlaciona positivamente com nenhum outro elemento

nos solos da RPPN, sendo encontrado em maior quantidade nos solos de

textura média a arenosa, conforme correlação negativa com as frações mais

finas (Tabela 7). Entretanto, Fadigas et al. (2002) encontraram correlações

positivas e significativas entre os teores de Cr e Fe (r = 0,68) e Cr e argila (r

= 0,59) em diversos solos brasileiros.

Teores elevados de Cr são encontrados nas amostras dos solos da

RPPN, variando de 260 a 810 mg kg-1 (considerando somente as amostras

com teores acima do limite de detecção do método). Embora os métodos de

determinação sejam diferentes, os valores encontrados estão muito acima

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do valor de referência previsto pela Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental (CETESB, 2005), que é de 40 mg Cr kg-1 para solos

naturais. Com respeito à variação em profundidade, o Cr, tende a se

concentrar no horizonte B da maioria das amostras, tal como observado por

Pérez et al. (1997) em solos brasileiros, entretanto, sem correlação com a

fração argila.

4.2.3 Interpretação estatística da composição geoqu ímica dos

solos

4.2.3.1 Variabilidade dos resultados geoquímicos

A variabilidade ou a homogeneidade das concentrações dos elementos

maiores e menores nos solos da RPPN SESC Pantanal podem ser

estimadas, pelo menos em parte, pelo cálculo e interpretação do coeficiente

de variação (CV). Esse parâmetro também foi utilizado em estudos

geoquímicos de solos representativos da Índia (Dantu, 2010), com o mesmo

objetivo.

Os parâmetros estatísticos descritivos dos principais elementos

maiores e traço calculados para os solos da RPPN são apresentados na

Tabela 8. Pode-se observar, a partir do coeficiente de assimetria, que os

teores de Fe, Si, Al, K, Ti e S tenderam a apresentar distribuição simétrica.

Contudo, as distribuições das variáveis Ca, Mn e P tenderam a ser

positivamente assimétricas, visto que altos valores de assimetria e testes

significativos de Kolmogorov-Smirnov (teste de normalidade) (K-S)

evidenciaram uma distribuição diferente da normal. Adicionalmente, esses

metais apresentaram os maiores valores de coeficiente de variação e de

curtose. Em prospecções geoquímicas, valores altos de assimetria, curtose

e desvio-padrão dos dados indicam a ocorrência de anomalias geoquímicas

(Licht, 1998).

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TABELA 8. Parâmetros estatísticos descritivos dos teores dos elementos maiores e menores nos horizontes dos solos da RPPN SESC Pantanal.

Estatística Fe 2O3 SiO2 Al 2O3 K2O MgO TiO 2 CaO MnO SO3 ZrO2 P2O5 No de observações 113 113 113 113 113 113 113 113 113 113 113 Mínimo 0,16 54,02 2,84 0,41 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Máximo 12,33 95,72 30,87 3,81 1,69 1,45 1,26 0,21 0,54 0,19 0,66 1° Quartil 2,05 67,02 10,82 1,50 0,47 0,62 0,00 0,0 0 0,15 0,04 0,00 Mediana 3,75 74,20 17,09 2,05 0,90 0,85 0,00 0,03 0,20 0,06 0,00 3° Quartil 5,47 83,54 21,92 2,46 1,16 1,06 0,00 0,0 6 0,25 0,07 0,00 Média 4,11 75,41 16,19 2,00 0,79 0,80 0,10 0,04 0,21 0,05 0,08 Variância (n-1) 7,60 109,11 47,41 0,50 0,25 0,12 0,06 0,00 0,01 0,00 0,02 Coeficiente de variação 0,67 0,14 0,43 0,36 0,63 0,42 2,50 1,25 0,43 0,60 1,87 Desvio-padrão (n-1) 2,76 10,45 6,89 0,71 0,50 0,34 0,25 0,05 0,09 0,03 0,15 Assimetria (Pearson) 0,84 0,13 -0,17 -0,16 -0,45 -0,61 2,78 1,39 0,75 0,21 1,75 Curtose (Pearson) 0,23 -0,94 -0,93 -0,25 -1,01 -0,07 7,38 1,57 2,43 1,09 2,07

84

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O coeficiente de variação (CV = desvio padrão/média) indica o grau

de variação dos dados geoquímicos (Licht, 1998): valores de CV menores

que 0,3 indicam distribuição normal ou aproximadamente normal e sugerem

ausência de anomalias (teores mais homogêneos); valores de CV maiores

que 0,8 indicam que a distribuição é fortemente assimétrica

(heterogeneidade nos dados), e sugere anomalias geoquímicas mais

significativas. Por outro lado, uma faixa de valores de CV entre 0,4 e 0,7 não

permite qualquer conclusão.

De acordo com critérios acima, a maior variação é observada para

Ca, Mn e P (CV > 0,8). Esses resultados indicam que esses elementos se

mobilizaram com maior intensidade entre os solos da RPPN, em função das

condições ambientais e das características intrínsecas dos solos.

Outros elementos mostram variação intermediária (0,4 < CV < 0,7)

tais como Al, K, Ti, S, Fe, Mg e Zr. Os elementos considerados residuais (Al,

Fe, Ti) e ligados à estrutura cristalina dos filossilicatos (K, Mg) mostram

menor variação, porém alta, o que pode estar ligada à intensidade do

intemperismo dos solos dessa área úmida.

Somente a sílica apresenta menor variação em sua concentração

entre os perfis da RPPN (CV < 0,3), provavelmente em função do

enriquecimento em quartzo a que os solos estão submetidos, em maior ou

menor grau, dependendo da sua localização.

De forma geral, alguns elementos mostram distribuição e

comportamento geoquímico ou origem similares, conforme observado nas

Tabelas 5 e 7, pelos coeficientes de correlação de Pearson significativos a

5%. Destacam-se as relações entre o Mn e Ni (r = 0,92); o Rb e Fe (r =

0,82); o Ni e K (r = 0,95); o Sr e Ti (r = 0,75), o Y e Mg (r = 0,72); Cr e Si (r =

0,81); Ni e Zr (r = 0,92). Essas relações podem ser explicadas, em parte,

pela ocorrência dos elementos nos solos, associados às frações argila (Zn,

Y, Rb, Al, Fe, Mg), silte (Mn, Ni, K, Ca, Ti), areia fina (Cr, S, Si) e aos óxidos

de ferro (Rb, Mg, Ti) e manganês (Ni, P).

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86

4.2.3.2 Análise de componentes principais (ACP)

Uma exploração dos resultados a partir de quantificações descritivas

tais como médias, desvios padrões e coeficientes de variação conduzem-

nos a resultados simplistas que as observações de campo permitiriam

prever. A análise multivariada é muito mais eficaz em estudos geoquímicos,

conforme comprovada por outros autores em estudos semelhantes

(Thanachit et al., 2006; Prakongkep et al., 2008; Huang et al., 2009;

Bittencourt Rosa, 2009; Burak et al., 2010; Raimondi et al., 2010; Dantu,

2010; Chittamart et al., 2010).

A fim de avaliar as relações e a afinidade entre os elementos e os

grupos de amostras geoquimicamente semelhantes foi realizada a Análise

de Componentes Principais (ACP), com os resultados quantitativos dos

elementos nos perfis da RPPN SESC Pantanal e baseada nas correlações

entre as variáveis (Tabela 9). Com base nesse tratamento estatístico é que

tendências geoquímicas dos solos são discutidas, tanto para os teores

médios dos elementos no perfil quanto nos horizontes superficiais, que

corresponderam ao maior número de amostras com resultados acima do

limite de detecção do método utilizado.

Na análise estatística multivariada do tipo Componente Principal

(ACP) das concentrações médias dos elementos nos perfis dos solos da

RPPN (não incluindo outras propriedades dos solos), os elementos que

melhor definem as características geoquímicas dos perfis estudados são

SiO2, Al2O3, Fe2O3, K2O, MgO, TiO2, SO3 (primeiro componente), ZrO2 e

P2O5 (segundo componente), todos apresentando carga fatorial superior a

0,7. Juntos, esses elementos explicam 75,5 % da variação total dos dados,

sendo 58,05% para o primeiro componente e 17,45% para o segundo

componente (Tabela 10).

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TABELA 9. Matriz de correlação de Pearson das variáveis utilizadas na ACP (resultados médios dos perfis) (n = 20, p<0,05). Variáveis SiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO2 CaO MnO2 SO3 ZrO2 P2O5

SiO2 1 Al2O3 -0,99 1 Fe2O3 -0,96 0,94 1 K2O -0,71 0,67 0,58 1 MgO -0,93 0,91 0,83 0,87 1 TiO2 -0,87 0,88 0,78 0,72 0,80 1 CaO -0,49 0,46 0,41 0,62 0,60 0,34 1 MnO2 -0,29 0,24 0,31 0,55 0,35 0,50 0,16 1 SO3 0,86 -0,87 -0,84 -0,52 -0,76 -0,70 -0,41 -0,15 1 ZrO2 0,09 -0,10 -0,18 0,42 0,09 0,15 0,05 0,40 -0,01 1 P2O5 -0,08 0,02 -0,02 0,43 0,25 0,07 0,61 0,13 0,11 0,22 1 TABELA 10. Contribuição de cada variável, baseada na correlação, para os dois primeiros componentes principais dos elementos (óxidos) nos solos da RPPN SESC Pantanal, por perfil (n = 20).

Variável Componente 1 Componente 2 SiO2 0,97 0,22 Al2O3 -0,96 -0,27 Fe2O3 -0,91 -0,32 K2O -0,84 0,46 MgO -0,96 0,05 TiO2 -0,89 -0,03 CaO -0,60 0,39 MnO2 -0,43 0,44 SO3 0,84 0,32 ZrO2 -0,09 0,70 P2O5 -0,20 0,73

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Analisando o Componente 1 , os elementos Si, Al, Fe, K, Mg, Ti e S

explicam aproximadamente 58% da variação dos dados, sendo que o Al, Fe,

K, Mg e Ti correlacionam-se negativamente e somente o Si e o S estão

positivamente correlacionados, encontrando-se isolados no gráfico da ACP

(Figura 16). No Componente 2 são observadas somente correlações

positivas entre o Zr e P.

FIGURA 16. Análise de Componentes Principais (ACP) dos teores médios de elementos (óxidos) dos solos da RPPN SESC Pantanal, por perfil (n = 20) (A) variáveis componentes; (B) grupos de perfis.

Observações (eixos F1 e F2: 75,50 %)

SXeFTe

CYbd

TCp

CYve

SXe

SXa

RQg

FTdSXd

GXa

FTa

TXp

CYbeRQg

GXa FFlf

SNo

CYve

RYve

-4

-2

0

2

4

-4 -2 0 2 4 6

F1 (58,05 %)

F2

(17,

45 %

)

I

III

II

(A)

(B)

Variáveis (eixos F1 e F2: 75,50 %)

P2O5

ZrO2

SO3

TiO2

MgO

K2O

Fe2O3

Al2O3

SiO2

-1

-0,75

-0,5

-0,25

0

0,25

0,5

0,75

1

-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1

F1 (58,05 %)

F2 (

17,4

5 %

)

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Com base nesses componentes foram definidos três grupos de

amostras, que integrados à análise granulométrica e mineralógica, refletem

três tipos geoquímicos de perfis:

• Grupo I – solos SNo, SXe, RQg, SXe, SXa, FTa, FTd (perfis P09, P19,

P21, P04, P13, P14 e P31, respectivamente): esse grupo é formado pela

maioria dos Planossolos e Plintossolos alumínico e distrófico e Neossolos

Quartzarênicos, onde predomina a textura franco-arenosa a arenosa nos

horizontes superficiais do perfil (Figura 5), possuem menores teores de

ferro, manganês e alumínio, relativamente pobres em bases e elementos

traço, e geoquimicamente semelhantes em relação ao Si e S. Possuem

teores relativamente mais altos de SiO2, em conseqüência da

predominância de quartzo e caulinita.

• Grupo II – solos CYve, CYbd, TCp, TXp e RYve (perfis P06, P37, P16,

P28 e P42, respectivamente): formam esse grupo os Cambissolos

Flúvicos, Luvissolos e Neossolo Flúvico, são solos eutróficos, ricos em

bases e elementos traço, P2O5, óxidos de manganês e minerais

resistentes ao intemperismo (Zr), textura argilosa a franco-siltosa, ricos

em matéria orgânica, com geoquimica semelhante em relação ao K, Mn,

Mg, Ca, Zr e P e mineralogia composta de mica (ilita) e caulinita (dados

não apresentados), com traços de esmectitas. Esses solos ocorrem nas

fitofisionomias Floresta Estacional Semidecidual em Acuri e Bambu e na

Mata Ripária.

• Grupo III – solos CYbe, GXa, SXd, FFlf e FTe (perfis P34, P38, P43 e

P27, respectivamente): formado pelos Plintossolos Pétrico e Argilúvico

eutrófico, Gleissolo, Planossolo distrófico e Cambissolo Flúvico, são

solos com textura mais argilosa que dos outros da mesma classe e

geoquimicamente semelhantes quanto aos teores de Fe, Al e Ti (óxidos),

considerados elementos residuais nos solos e altamente resistentes ao

intemperismo e que fazem parte da estrutura dos óxidos minerais de Fe e

Al.

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Alguns perfis permaneceram isolados dos grupos (outliers), tais como:

CYve (P05), RQg (perfil P30) e GXa (perfil P33), apresentando

características geoquímicas particulares, ditadas pelo regime de

sedimentação/lixiviação aliado aos processos pedogenéticos atuantes

nesses solos.

Em suma, os grupos acima citados refletem dois tipos geoquímicos de

perfis: 1) solos de textura arenosa a areno-argilosa, com teores

relativamente elevados de SiO2 e conseqüente predominância de caulinita e

quartzo, bem como menor teor de bases e elementos traço; 2) solos de

textura mais argilosa, geoquimicamente mais heterogêneos que o grupo

anterior, e se caracterizam por conteúdos significativos de minerais 2:1 (ilita,

esmectita, VHE, dados não apresentados), Al2O3, óxidos de Fe e Mn, bases

e são consequentemente mais férteis e com maior concentração de

elementos traço.

Para complementar esta descrição foi realizada a análise multivariada

tipo Componente Principal (ACP) dos resultados da geoquímica elementar

nos horizontes superficiais (A) dos solos da RPPN, baseando-se nas

correlações de Pearson obtidas (Tabela 11) na tentativa de estabelecer uma

melhor distribuição dos mesmos em termos de constituição nos horizontes

estudados.

Nessa análise somente dois importantes componentes foram

reconhecidos, e juntos exprimem 70% da variância total (Figura 17, Tabela

12).

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FIGURA 17. Análise de Componentes Principais (ACP) dos teores dos elementos (óxidos) no horizonte A dos solos da RPPN SESC Pantanal, por perfil (n = 20); (A) variáveis componentes; (B) grupos de perfis.

Observações (eixos F1 e F2: 69,99 %)

SXe

FTe

CYbd

TCpCYve

SXe

SXaRQg

FTdSXd

GXal

FTa

TXp

CYbe

RQgGXal

FFlfSNo

CYve

RYve

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

F1 (50,88 %)

F2 (

19,1

1 %

)

I

III

II

Variáveis (eixos F1 e F2: 69,99 %)

SiO2

Al2O3

Fe2O3

K2O

MgO

TiO2

CaO

MnO2

SO3

ZrO2

P2O5

-1

-0,75

-0,5

-0,25

0

0,25

0,5

0,75

1

-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1

F1 (50,88 %)

F2

(19,

11 %

)(A)

(B)

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TABELA 11. Matriz de correlação de Pearson das variáveis utilizadas na ACP (resultados do horizonte A) (n = 20, p<0,05). Variáveis SiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO2 CaO MnO SO3 ZrO2 P2O5

SiO2 1 Al2O3 -0,99 1 Fe2O3 -0,95 0,93 1 K2O -0,82 0,77 0,70 1 MgO -0,94 0,90 0,88 0,85 1 TiO2 -0,79 0,78 0,69 0,67 0,73 1 CaO -0,38 0,26 0,34 0,52 0,46 0,34 1 MnO -0,16 0,07 0,16 0,27 0,21 0,22 0,63 1 SO3 0,15 -0,19 -0,29 0,07 -0,13 0,09 0,35 -0,20 1 ZrO2 0,35 -0,35 -0,37 -0,14 -0,27 -0,10 -0,08 0,41 -0,15 1 P2O5 -0,24 0,20 0,11 0,21 0,20 0,28 0,55 0,46 0,35 0,14 1

TABELA 12. Contribuição de cada variável, baseada na correlação, dos dois primeiros componentes principais da ACP dos elementos (óxidos) nos solos da RPPN SESC Pantanal, no horizonte A (n = 20).

Variável Componente 1 Componente 2 SiO2 0,98 0,17 Al2O3 -0,94 -0,26 Fe2O3 -0,92 -0,26 K2O -0,87 0,08 MgO -0,95 -0,1 TiO2 -0,82 0,04 CaO -0,53 0,68 MnO -0,30 0,73 SO3 0,06 0,40 ZrO2 0,29 0,50 P2O5 -0,33 0,72

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O primeiro componente é dominante (51% da variação total dos

dados) e está relacionado positivamente com Si e negativamente com Al,

Fe, K, Mg e Ti). Esse componente é representado no Quadrante III pelos

solos com maiores teores de óxidos de ferro, elementos residuais (Al, Ti, Fe)

e bases (Mg e K) em superfície, tais como Gleissolos, Planossolo Háplico

distrófico, Neossolo Flúvico e Cambissolo Flúvico (perfis P33, P38, P43, P42

e P34), estando intimamente associados às epigenias aluminosas e

ferruginosas dos solos.

Já o pólo positivo do componente 1 (Quadrante I) indica a

predominância da sílica (SiO2), representada pelas silicificações presentes

nas areias e nos cristais quartzosos do horizonte A, onde os Neossolos

Quartzarênicos, Planossolos e Plintossolos são predominantes (perfis P05,

P09, P19, P30, P14, P04, P13 e P31).

O segundo componente representado positivamente pelo Mn e P

determina cerca de 19% da variação dos dados em superfície, sendo

agrupados no Quadrante II os Luvissolos, Cambissolo Flúvico e Plintossolos

Argilúvico eutrófico e Pétrico (perfis P28, P16, P27, P06 e P26). Esse grupo

é caracterizado por solos férteis e ricos em óxihidróxidos de manganês,

associado ao maior teor de fósforo nos horizontes superficiais. Em menor

grau, o S e o Zr também determinam as afinidades geoquímicas entre esses

solos. Dessa forma, esse componente expressa uma pequena presença de

impregnações de sulfatos, fosfatos e carbonatos em face da presença dos

elementos S, P e Ca associados ao cortejo detrítico.

As análises multivariadas demonstram que, embora os solos estejam

sujeitos à inundação sazonal, os processos pedológicos desempenham

importante papel na determinação da composição química dos solos da

RPPN, e não somente os processos deposicionais.

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94

4.3 Geoquímica do ferro e do manganês

As implicações pedogenéticas dos óxidos de ferro e de manganês têm

sido estudadas por muitos pesquisadores (Blume e Schwertmann, 1969;

Fitzpatrick, 1988; Schwertmann, 1985). As diferentes formas de ferro são

determinadas por agentes extratores e correspondem a diferentes ambientes

pedogênicos (McKeague e Day, 1966; Schwertmann, 1985) e idades

relativas do solo (Arduino, 1984).

Por isso, os procedimentos de dissolução seletiva das formas

orgânicas e inorgânicas de ferro e manganês foram utilizados em todos os

horizontes dos solos da RPPN SESC Pantanal, cujos resultados são

discutidos em termos gerais e por classe de solos.

4.3.1 Dissolução seletiva do ferro e do manganês – dados gerais

Os teores de ferro e manganês extraíveis por dissolução seletiva

representam as frações geoquímicas: (1) óxidos de ferro e manganês

cristalinos; (2) óxidos de ferro e manganês de baixa cristalinidade; (3)

complexos organometálicos de ferro e manganês. O ferro e o manganês

totais (Fet, Mnr) determinados por fluorescência de raios X (FRX) também

são apresentados.

Ao analisar os resultados gerais das dissoluções seletivas (Tabela 13),

verifica-se grande variabilidade dos dados em algumas frações, devido à

diversidade das características físicas e químicas dos solos, inclusive entre

os solos pertencentes à mesma classe.

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TABELA 13 . Concentração de ferro e manganês associada às formas geoquímicas nos horizontes superficiais e subsuperficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal.

Teores extraíveis de ferro 2 Teores extraíveis de manganês 2

Fedcb Fepi Feox Fehi Fet Fecristalino Mndcb Mnpi Mnox Mnhi Mn t Mncristalno Perfis /

Classe (SIBCS) 1 Horizontes g kg-1 mg kg-1

P04 - SX A 4,84 1,72 3,56 0,35 11,41 1,28 138,0 160,0 20,0 34,0 400,0 118,0 P04 - SX Btn 11,17 1,18 3,40 0,22 82,31 7,77 389,0 174,0 10,0 39,0 500,0 379,0 P05 - CY A1 7,59 2,69 4,19 0,25 20,87 3,40 425,0 88,5 10,0 20,8 630,0 415,0 P05 - CY 2C 9,52 2,63 5,58 0,38 17,86 3,94 415,0 93,4 5,0 18,8 350,0 410,0 P06 - CY A1 19,66 12,85 6,76 0,69 35,48 12,90 1.110,7 186,8 64,0 73,1 1.200,0 1.046,7 P06 - CY B2 21,52 12,42 4,19 0,64 40,00 17,33 119,0 45,0 0,0 0,9 300,0 119,0 P09 - SN A 10,62 2,69 4,20 0,51 12,20 6,42 702,2 193,4 180,9 51,1 970,0 521,3 P09 - SN Btg2 13,09 2,37 3,93 0,43 39,60 9,16 702,2 183,6 175,2 82,7 750,0 527,0 P13 - SX A 4,45 1,15 0,60 0,15 7,00 3,85 99,0 40,0 22,0 3,0 300,0 77,0 P13 - SX Btg 18,55 11,45 5,47 1,57 56,75 13,08 103,0 42,0 23,0 0,0 300,0 80,0 P14 - FT A 29,32 8,60 4,76 1,56 20,90 24,56 257,1 119,6 105,5 51,5 400,0 151,6 P14 - FT Btfg 31,52 6,99 6,87 0,45 35,71 24,65 30,0 12,0 13,0 0,0 50,0 17,0 P16 - TC A 23,39 12,90 4,11 0,66 38,85 19,28 633,6 245,9 61,8 35,2 1.500,0 571,7 P16 - TC Bt 24,13 13,06 3,38 0,69 73,70 20,75 550,0 200,0 47,5 30,0 800,0 502,5 P19 - SX A 6,68 2,58 0,50 0,09 15,80 6,18 535,0 220,0 100,0 20,0 800,0 435,0 P19 - SX Btg1 19,29 13,55 3,11 0,84 53,62 16,18 300,0 110,0 40,0 0,0 400,0 260,0 P21 - RQ A 11,84 12,85 6,28 0,78 35,12 5,56 100,0 40,0 15,8 0,0 500,0 84,2 P21 - RQ C 6,84 4,81 3,93 0,43 12,28 2,91 107,0 33,8 12,0 0,0 100,0 95,0 P26 - FF A 15,02 6,72 6,82 2,08 49,06 8,19 351,1 93,4 144,8 15,7 610,0 206,3 P26 - FF Bfg2 16,39 2,74 6,28 2,10 39,57 10,11 30,0 10,0 1,5 0,0 50,0 28,5 P27 - FT A 12,42 7,76 3,55 0,67 25,10 8,87 218,6 60,0 27,2 3,1 800,0 191,4 P27 - FT 2Bf 108,56 7,49 5,36 0,62 123,32 103,20 23,0 6,0 0,0 1,6 50,0 23,0 P28 -TX A 26,84 7,53 5,74 0,61 32,67 21,10 550,0 270,0 270,0 68,1 1.700,0 280,0 P28 -TX Bt2 29,87 6,83 5,65 0,53 47,82 24,22 30,0 10,0 10,0 0,0 50,0 20,0

95

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84

Continuação

TABELA 13 . Concentração de ferro e manganês associada às formas geoquímicas nos horizontes superficiais e subsuperficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal.

Teores extraíveis de ferro 2 Teores extraíveis de manganês 2

Fedcb Fepi Feox Fehi Fet Fecristalino Mndcb Mnpi Mnox Mnhi Mn t Mncristalno Perfis /

Classe (SIBCS) 1 Horizontes g kg-1 mg kg-1

P30 - RQ A 1,77 0,50 0,14 0,10 9,40 1,63 576,8 213,1 14,9 8,3 550,0 561,9 P30 - RQ C2 1,94 0,43 0,11 0,08 6,70 1,83 577,0 239,0 3,0 0,0 370,0 574,0 P31 - FT A 1,03 0,88 0,55 0,28 6,00 0,48 95,4 29,8 23,2 0,9 100,0 72,2 P31 - FT Btfg2 13,70 9,19 5,56 0,65 38,78 8,15 496,7 59,0 139,1 17,9 700,0 357,6 P33 - GX A1 27,39 7,90 3,20 0,67 77,50 24,19 576,8 262,2 26,3 42,7 800,0 550,5 P33 - GX Bgv2 28,49 7,63 1,76 0,46 110,34 26,73 288,5 120,0 10,0 25,3 300,0 278,5 P34 - CY A 23,54 6,99 5,22 1,33 50,02 18,32 272,5 110,0 0,0 10,0 480,0 272,5 P34 - CY Big 26,29 5,81 13,33 1,27 59,54 12,96 257,0 111,5 0,0 15,5 460,0 257,0 P37 - CY A 27,48 13,87 6,51 0,98 60,90 20,97 173,6 54,4 0,0 0,6 400,0 173,6 P37 - CY Big 28,60 14,25 11,50 0,74 51,44 17,10 175,6 58,3 2,5 0,8 300,0 173,1 P38 - GX A 17,22 8,39 9,63 0,78 52,80 7,59 608,2 206,5 37,8 41,0 650,0 570,4 P38 - GX Bgf2 17,22 4,19 3,38 0,17 25,90 13,83 64,0 20,0 0,0 0,0 100,0 64,0 P42 - RY A 12,82 3,06 9,81 0,44 68,90 3,00 890,0 209,8 135,1 134,1 1.910,0 754,9 P42 - RY C 17,59 2,37 7,19 0,25 70,40 10,40 430,0 180,3 77,9 55,1 1.870,0 352,1 P43- SX A 9,61 12,15 4,02 1,68 27,45 5,59 95,4 95,4 65,2 17,5 700,0 30,2 P43- SX Btn 8,12 8,60 3,29 0,92 20,94 4,82 87,6 87,6 27,2 16,9 100,0 60,4 Média 18,65 6,79 4,84 0,70 41,60 13,81 339,6 117,4 48,0 23,4 582,5 291,6

Desvio padrão 17,04 4,40 2,88 0,52 27,37 16,44 263,9 80,7 62,5 29,1 481,2 237,0

1 CY: Cambissolo Flúvico; SX: Planossolo Háplico; SN: Planossolo Nátrico; FT: Plintossolo Argilúvico; FF: Plintossolo Pétrico; GX: Gleissolo Háplico; TC: Luvissolo Crômico; TX: Luvissolo Háplico; RQ: Neossolo Quartzarênico; RY: Neossolo Flúvico; 2 Fedcb, Mndcb: extraíveis em ditionito-citrato-bicarbonato; Feox, Mnox: extraíveis em oxalao ácido de amônio; Fepi, Mnpi: extraíveis em pirofosfato de sódio; Fehi, Mnhi: extraíveis em cloridrato de hidroxilamina; Fet, Mnt: total determinado por FRX; Fecristalino, Mncristalino = elemento associado aos óxidos bem cristalizados (dcb – oxa).

96

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97

4.3.1.1 Teores extraíveis de ferro

O teor médio de Fet nos solos da RPPN é igual a 41,6 ± 27,37 g kg-1,

de onde foram extraídos 18,65 ± 17,04 g kg-1 de Fe associado aos óxidos

pedogênicos (Fedcb), 4,84 ± 2,88 g kg-1 de Fe dos óxidos mal cristalizados

(Feox) e 6,79 ± 4,40 g kg-1 de Fe ligado à matéria orgânica (Fepi) (Tabela 13).

Esses valores são semelhantes aos obtidos por Cheng et al. (2009) em

solos de áreas úmidas da China, cujos teores, em Fe2O3, foram: 50,5 g kg-1

de Fet, 13,1 g kg-1 de Fedcb e 3,2 g kg-1 de Feox.

Os valores dos óxidos de ferro extraíveis possuem ampla variação

(Figura 18) condicionada por fatores como o material de origem e a dinâmica

do ferro em função do regime hídrico.

FIGURA 18. Variação dos resultados da extração seletiva do ferro nos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 113).

Com relação ao ferro total (Fet), o Gleissolo (perfil P33) tem maiores

teores (Tabela 13). A distribuição dos teores de Fe2O3 nos horizontes

superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN está na Figura

19, onde nota-se a predominância do óxido no Gleissolo (GXal, P33),

localizado ao norte da RPPN, na planície de inundação do Rio Cuiabá, em

ambas as profundidades.

1,0

108,6

14,2 13,3

1,6

123,3

2,1

0,00,2 0,1

FeTOTAL

FeHIDRO

FeOXAFePIRO

FeDCB

0

20

40

60

80

100

120

140

Formas extraíveis de ferro

Co

nce

ntr

açã

o d

e f

err

o (

g k

g-1

)

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98

FIGURA 19. Distribuição do teor de Fe2O3 (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

Em subsuperfície, a distribuição do Fet é mais abrangente (Figura 19B),

onde o Gleissolo (GXal, P33), Plintossolo Argilúvico eutrófico gleissólico

(FTe, P27) e Planossolo Háplico eutrófico (SXe, P04) apresentam maiores

teores de Fet (acima de 90 g kg-1, Tabela 13).

O Plintossolo (FTe) encontra-se em uma lagoa intermitente num campo

de inundação sazonal, o que favorece a plintização excessiva e,

conseqüentemente, maior possibilidade de migração do ferro para o

horizonte B; o Planossolo (SXe) tem caráter gleissólico nos horizontes

inferiores, também com presença significativa de mosqueados de plintita

nesses horizontes. O Neossolo Flúvico (RY) recebe aportes de sedimentos

(A)

(B)

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99

ricos em ferro e em manganês, provenientes do Rio São Lourenço,

tornando-se enriquecido nesses elementos.

Para o Fedcb (relativo aos óxidos de ferro pedogênicos), observa-se a

mesma tendência do Fet (Tabela 13), de acordo com o teor de argila dos

solos (r = 0,67, p < 0,05), conforme já constatado para o ferro total (r = 0,75,

p < 0,05) nos solos da RPPN.

A distribuição do Fedcb com a profundidade dos perfis é ilustrada na

Figura 20.

FIGURA 20. Distribuição do teor de Fedcb (g kg-1) nos horizontes

superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

Nos perfis ao longo da planície de inundação (GXal e CYve, perfis P33

e P34) e diques marginais do rio Cuiabá (CYve e TXp, perfis P37 e P28) e

(A)

(B)

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100

nas cordilheiras (TCp e FTa, perfis P16 e P14) o Fedcb foi maior que 21,0 g

kg-1 em superfície (Figura 20A, Tabela 13).

Nesses locais, a preservação do ferro cristalino advém da presença de

feições redoximórficas nos solos sujeitos à inundação sazonal, onde os

processos de sedimentação são ativos e ocorrem concomitantemente aos

processos de formação de solos (Beirigo et al., 2010). Em profundidade

(Figura 20B), o Fedcb foi maior no Plintossolo Argilúvico eutrófico (FTe, P27)

localizado em uma lagoa intermitente (baía), tal como observado para o Fet.

A quantidade de óxidos de Fe cristalinos (Fecristalino ) dos solos da

RPPN é estimada pela diferença entre o ferro extraído pelo ditionito de sódio

(Fedcb) e pelo oxalato ácido de amônio (Feox) (Tabela 13).

Nos horizontes subsuperficiais, o perfil P27 (Plintossolo Argilúvico)

apresenta maiores valores de ferro associado aos óxidos cristalinos (103,2 g

kg-1). Em seguida, os perfis P33 (Gleissolo), P28 (Luvissolo) e P14

(Plintossolo Argilúvico) apresentaram teores de Fe cristalino variando de

24,2 a 26,7 g kg-1 (Figura 21), que segundo Kämpf (1988), indica maior grau

de pedogênese nesses perfis.

FIGURA 21. Teores de ferro associados aos óxidos bem cristalizados (Fecristalino) (g kg-1) em subsuperficie nos solos da RPPN SESC Pantanal.

3,9

17,3

9,2

13,1

24,6

20,7

16,2

2,9

10,1

24,2

8,1

13,0

17,1

13,8

10,4

4,8

103,2

7,8

26,7

1,8

P04 - SX

P05 - CY

P06 - CY

P09 - SN

P13 - SX

P14 - FT

P16 - TC

P19 - SX

P21 - RQ

P26 - FF

P27 - FT

P28 -TX

P30 - RQ

P31 - FT

P33 - GX

P34 - CY

P37 - CY

P38 - GX

P42 - RY

P43- SX

Per

fis /

Cla

sses

de

solo

s

Teor de ferro nos óxidos cristalinos (Fe dcb - Feox) nos horizontes subsuperficiais (g kg -1)

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101

(A)

(B)

Esses resultados demonstram que o ambiente redox influencia o teor

de óxidos de ferro de alta cristalinidade, pois nos solos onde a drenagem é

mais restrita (perfis P27, P14 e P33), o teor de Fecristalinio pode ser atribuído à

redução e posterior precipitação do ferro na forma de nódulos de Fe-Mn sob

condições intermitentes de oxidação e redução (Lima et al., 2006). Nesse

caso, o ferro reoxidado precipita na forma de óxido (hematita), oxi-hidróxidos

(goethita e lepidocrocita) e formas de baixo grau de cristalinidade

(ferrihidrita), formando revestimentos, mosqueados e nódulos (plintita)

(Beirigo, 2008).

Os teores de Feox diferem entre os perfis da RPPN (Tabela 13), sendo

maior nos horizontes A do Gleissolo localizado nos diques marginais do Rio

Cuiabá (GXal, P38), e no Neossolo Flúvico (RYve, P42), nos terraços fluviais

do Rio São Lourenço (Figura 22A). Em subsuperficie, o Feox é encontrado

em maior quantidade nos Cambissolos Flúvicos (CYve, perfis P34 e P37),

localizados na planície de inundação do Rio Cuiabá (Figura 22B).

FIGURA 22. Distribuição do teor de Feox (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

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102

Essa distribuição indica que os óxidos de ferro pouco cristalinos

predominam na fase coloidal dos solos em ambientes mal drenados, como

nos solos citados, em função da alternância das condições de oxidação e

redução, que dificultam o processo de cristalização dos minerais de ferro

(Kämpf e Curi, 2000), conferindo maior reatividade química ao solo.

Nos Plintossolos Argilúvicos (FT), Cambissolos Flúvicos (CY) e alguns

Planossolos (SX) os teores de Feox são maiores nos horizontes

subsuperficiais (Tabela 13), discordando Kämpf (1988) que afirma que

elevados teores naturais de matéria orgânica podem favorecer a formação

de compostos de baixa cristalinidade, especialmente no horizonte A. Coelho

e Vidal-Torrado (2003) observaram que os teores de Feox também

aumentaram com a profundidade em perfis plínticos do Grupo Bauru (SP), e

atribuíram esse fato à migração descendente dos compostos amorfos de

ferro (mais móveis) e ao lento envelhecimento desses compostos a baixos

valores de pH (Blume e Schwertmann, 1969) nos horizontes inferiores.

A relação Feox/Fedcb é muito empregada em pedogênese para indicar o

grau de cristalinidade/reatividade dos óxidos de ferro do solo (Kämpf , 1988).

Ochoa et al. (2000) afirmam que quando os valores da relação Feox/Fedcb

superam a uma unidade considera-se que os solos são pouco evoluídos e

que o aumento dessa relação no perfil indica diminuição da cristalinidade

dos óxidos de ferro pedogênicos. Essa relação é, portanto, muito importante

para avaliar a retenção iônica no solo, o transporte coloidal de poluentes, a

sorção de contaminantes, a erosão e a gênese do solo (Shaw, 2001; Igwe et

al., 2010), uma vez que os óxidos de Fe de baixa cristalinidade podem

contribuir significativamente com as propriedades físicas e químicas dos

solos em função da sua elevada área superficial específica, que aumenta

sua capacidade de reação no solo.

Nos solos da RPPN o grau de reatividade dos óxidos de ferro nos

horizontes superficiais varia de 0,08 a 0,77 (Figura 23), com maiores valores

de ferro reativo no Neossolo Flúvico (perfil P42) e Planossolo Háplico (perfil

P04). Esses perfis são formados a partir de sedimentos aluviais do Rio São

Lourenço e situam-se na superfície mais recente, apresentando menor grau

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103

de evolução pedogenética quando comparados aos outros perfis (Feox/Fedcb

= 0,77 e 0,77, respectivamente).

McFadden e Hendricks (1985) estudaram os oxihidróxidos de ferro

pedogênicos em solos formados a partir de sedimentos aluviais recentes no

sul da Califórnia, e concluíram que valores elevados da relação Feox/Fedcb (>

0,50) são atribuídos a um ambiente favorável à precipitação da ferrihidrita

e/ou complexação do ferro com a matéria orgânica. Segundo os autores, a

subseqüente transformação para hematita causa um aumento do

avermelhamento do solo e concomitante diminuição da relação Feox/Fedcb .

FIGURA 23. Grau de reatividade dos óxidos de ferro nos horizontes superficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal.

Silva Neto (2010) acrescenta que a relação Feox/Fedcb também pode

ser utilizada para estimar o grau de hidromorfismo de um solo: quando o

hidromorfismo é expressivo (menor Eh) o solo apresenta maiores valores da

relação Feox/Fedcb, uma vez que nesse ambiente prevalecem óxidos de ferro

menos cristalinos (como a ferrihidrita). Por outro lado, menores valores da

relação Feox/Fedcb decorrem da predominância de óxidos de maior

0,74

0,55

0,34

0,40

0,13

0,16

0,18

0,07

0,53

0,45

0,29

0,21

0,08

0,53

0,12

0,22

0,24

0,56

0,77

0,42

P04 - SX

P05 - CY

P06 - CY

P09 - SN

P13 - SX

P14 - FT

P16 - TC

P19 - SX

P21 - RQ

P26 - FF

P27 - FT

P28 -TX

P30 - RQ

P31 - FT

P33 - GX

P34 - CY

P37 - CY

P38 - GX

P42 - RY

P43- SX

Per

fis/C

lass

e de

sol

o

Grau de reatividade (Fe ox /Fedcb )

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104

(A)

(B)

cristalinidade formados sob condições oxidantes (maior Eh). Isso parece ser

condizente com as condições hidromórficas dos solos na área em estudo.

Pereira e Anjos (1999) também encontraram maiores valores de

Feox/Fedcb em solos formados a partir de sedimentos aluviais no Rio de

Janeiro, refletindo as condições de drenagem impedida, que favoreceram a

redução e solubilização do Fe3+ e impediram a formação dos óxidos

pedogênicos.

O teor de ferro extraído com cloridrato de hidroxilamina (Fehi) dos perfis

da RPPN possui menores valores dentre as formas extraíveis de ferro, uma

vez que esse reagente é mais específico para as formas mal cristalizadas e

amorfas de manganês (Lã et al., 2003). Essa forma de ferro tem correlação

positiva com o Feox (r = 0,51, p<0,05), demonstrando que também é seletivo

para as formas menos cristalinas nesses solos.

FIGURA 24. Distribuição do teor de Fehi (g kg-1) nos horizontes

superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

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105

(A)

(B)

Os maiores teores de Fehi estão no Plintossolo Pétrico (FFlf, perfil

P26), tanto em superfície quanto em subsuperficie (Figura 24A e 24B).

Coelho e Vidal-Torrado (2003) obtiveram maiores resultados de Fehi em

glébulas plínticas e horizontes inferiores de um Plintossolo Pétrico, e

concluíram que os potenciais de oxirredução e as mobilizações atuais do

ferro, provenientes da degradação das glébulas petroplínticas, são os

principais responsáveis pelo maior suprimento de ferro na forma facilmente

redutível nessa camada.

O ferro associado à matéria orgânica na forma de complexos

organometálicos (Fepi) é encontrado em maior quantidade em superfície no

Luvissolo Crômico (TCP, P16), Cambissolo Flúvico (CYve, P37) e no

Planossolo Háplico (SXd, P43) (Figura 25A), com valores acima de 10 g kg-1

(Tabela 13).

FIGURA 25. Distribuição do teor de Fepi (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

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106

Em profundidade (Figura 25B), os Planossolos Háplicos (SXa e SXe,

perfis P13 e P19, respectivamente) e o Luvissolo Crômico (TCp, perfil P16)

apresentaram maiores teores do elemento nessa fração.

Na maioria dos perfis o Fepi é maior em superfície, condizente com a

relação positiva e significativa com o carbono orgânico (r = 0,57, p<0,05) no

horizonte A. Entretanto, em alguns perfis o teor de ferro extraído em

pirofosfato é maior no horizonte B, especialmente nos Planossolos Háplicos

(perfis P13 e P19) e no Plintossolo Argilúvico perfil P31 (Tabela 13),

possivelmente em razão da mobilidade desses compostos organometálicos

atraves do perfil, facilitado pela textura mais arenosa (classe textural areia

franca e areia, Figura 5A) no horizonte A.

Na maioria dos solos da RPPN, o conteúdo médio de Fepi é maior que

o de Feox indicando predomínio das formas organicamente complexadas em

relação às formas inorgânicas de baixa cristalinidade, mesmo em solos onde

o teor de carbono orgânico foi baixo (Apêndice 1). Zanelli et al. (2007)

argumentam que este fenômeno é muitas vezes encontrado em solos ricos

em complexos organometálicos, como os solos das áreas úmidas. Os

complexos organometálicos formados entre os metais e os ácidos húmicos e

fúlvicos são constituídos, em sua maioria, de gupos funcionais carboxílicos

(-COOH), amina (-NH2) e tiol (-SH) (Hall e Pelchat, 1999).

Elevados conteúdos de metais extraíveis em pirofosfato comparado ao

oxalato têm sido relatados por outros autores (Parfitt e Childs , 1988; Kleber

et al., 2005; Zanelli et al., 2007). Entretanto, a eficácia do extrator para as

formas organicamente complexadas é controversa, tendo em vista que o

pirofosfato de sódio pode agir como peptizante e dispersante de partículas

ferruginosas como goethita e ferrihidrita finamente divididas presentes no

solo, superestimando o conteúdo de ferro na fração orgânica (McKeague et

al., 1971; Bascomb e Thanigasalam, 1978; Jeanroy e Guillet, 1984; Parfit e

Childs, 1988; Kaiser e Zech, 1996). Enquanto o pirofosfato de sódio 0,1 mol

L-1 é amplamente adotado em exploração geoquimica, o NaOH 0,5 mol L-1 é

utilizado pela Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (Kersten e

Forstner, 1989) como extrator de complexos organometálicos em solos e

sedimentos, para análises ambientais.

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107

4.3.1.2 Teores extraíveis de manganês

O teor médio de manganês total (Mnt) nos solos da RPPN é igual a

582,5 ± 481,2 mg MnO2 kg-1, de onde foram extraídos 339,6 ± 263,9 mg kg-1

de Mn associado aos óxidos pedogênicos (Mndcb), 48,0 ± 62,5 mg kg-1 de Mn

dos óxidos mal cristalizados (Mnox) e 117,4 ± 80,7 mg kg-1 de Mn ligado à

matéria orgânica (Mnpi), (média geral dos solos). A variação dos teores de

manganês extraível e total está representada na Figura 26.

FIGURA 26. Variação dos resultados da extração seletiva do manganês nos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 113).

Os teores de manganês total (Mnt) nos solos são menores que os de

ferro total, com valores variando de 0,0 a 2.100,0 mg kg-1 (Figura 27), e os

maiores valores estão associados aos horizontes superficiais, exceto no

perfil P31, um Neossolo Quartzarênico (Tabela 13).

Os maiores valores são encontrados no Neossolo Flúvico (perfil P42),

com valores acima de 1.800 mg kg-1 (Tabela 13); além do Neossolo Flúvico,

os Luvissolos (TCp e TXp) e o Cambissolo Flúvico (perfil P06), todos

associados aos terraços fluviais do Rio São Lourenço, também apresentam

teores elevados de manganês total nos horizoontes superficiais (Figura

27A).

9,0

1.149,8

436,0

318,0

134,1

2.100,0

0,00,00,06,0

MnTOTAL

MnHIDRO

MnOXA

MnPIRO

MnDCB

0

500

1000

1500

2000

2500

Formas extraíveis de manganês

Co

nce

ntr

açã

o d

e m

an

gan

ês

(mg k

g-1

)

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108

FIGURA 27. Distribuição do teor de MnO2 total (g kg-1) nos horizontes

superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

Essa distribuição do manganês demonstra que esse elemento é mais

solúvel e móvel que o ferro (McKenzie, 1989; Coelho e Vidal-Torrado,

2000), e por isso, nos solos onde a drenagem é restrita ou impedida, o teor

de manganês total e extraível é baixo, a exemplo dos Plintossolos (perfis

P14, P27 e P31) (Tabela 13). Lima et al. (2006) relatam que os teores totais

de ferro e de manganês são menores nos Plintossolos por caracterizarem

um ambiente de remoção devido às condições de redução temporais, sem

adição de novo material.

A concentração de manganês é mais distribuída na área da RPPN em

superfície, pois nos horizontes subsuperficiais somente o Neossolo Flúvico

apresenta teores significativos do elemento (Figura 27B). Ao contrário do

(A)

(B)

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109

ferro, o manganês difunde-se mais facilmente devido à sua lenta cinética de

oxidação (Otero et al., 2009), portanto, a perda de manganês pode ser

importante nos solos da RPPN.

Observa-se que o teor de Mndcb é maior no horizonte A do Neossolo

Flúvico (RYve, P42), Cambissolo Flúvico (CYve, P06) e Planossolo Nátrico

(SNo, P09) (Figura 28A).

FIGURA 28. Distribuição do teor de Mndcb (g kg-1) nos horizontes

superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

A distribuição do Mndcb em profundidade é semelhante à do horizonte

A (Figura 28B), entretanto, seus teores são menores. Nos solos onde o

Mndcb ocorre em subsuperficie e em quantidades significativas (Neossolo

Flúvico, RYve e Planossolo Nátrico, SNo), a oscilação do período de

inundação dos solos faz com que os valores de Eh favoreçam a mobilização

(A)

(B)

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110

de manganês dos locais mais elevados da paisagem e deposição nos

horizontes inferiores e nos macroporos fissurais e canais desses solos, que

já sofreram a precipitação inicial de ferro (Coelho e Vidal-Torrado, 2000).

Dessa forma, a incorporação de manganês nos oxihidróxidos de ferro

pode ter contribuído para a retenção de manganês em profundidade, nesses

solos. Aliado a isso, a facilidade de deposição do manganês em

subsuperfície se dá pelo processo de sedimentação ainda ativo nesses

solos. No caso do Planossolo Nátrico, a mobilização do manganês é

favorecida pela presença de horizonte superficial franco-arenoso, com

transição abrupta para os horizontes subsuperficiais de textura franco argilo-

arenosa.

Pela diferença entre Mndcb e Mnox, o Neossolo Quartzarênico (perfil

P30) e o Planossolo Nátrico (perfil P09) apresentam a maior parte do

manganês total associada a óxidos cristalinos em profundidade (Tabela 13,

Figura 29).

FIGURA 29. Teores de manganês associados aos óxidos bem cristalizados (Mncristalino) (g kg-1) em subsuperficie nos solos da RPPN SESC Pantanal.

410,0119,0

527,080,0

17,0502,5

260,095,0

28,5

20,0

357,6

257,0173,1

64,0352,1

60,4

574,0

278,5

379,0

23,0

P04 - SX

P05 - CY

P06 - CY

P09 - SN

P13 - SX

P14 - FT

P16 - TC

P19 - SX

P21 - RQ

P26 - FF

P27 - FT

P28 -TX

P30 - RQ

P31 - FT

P33 - GX

P34 - CY

P37 - CY

P38 - GX

P42 - RY

P43- SX

Per

fis /

Cla

sses

de

solo

s

Teor de manganês nos óxidos cristalinos (Mn dcb - Mnox ) nos horizontes subsuperficiais (g kg -1)

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111

Em superfície, os maiores teores de Mncristalino estão no Cambissolo

Flúvico (perfil P06) e Neossolo Flúvico (perfil P42) (Tabela 13),

demonstrando a influência da natureza dos sedimentos na distribuição do

manganês nesses solos com caráter flúvico.

Os maiores teores de manganês ligado aos óxidos de baixa

cristalinidade (Mnox) correspondem aos maiores valores observados na sua

forma cristalina, nos horizontes superficiais dos solos da RPPN (Tabela 13,

Figura 30A). Já nos horizontes subsuperficiais (Figura 30B), além do

Planossolo Nátrico, os teores de Mnox também são maiores no Plintossolo

Argilúvico (FTd, perfil P31) e Neossolo Flúvico (RYve, perfil P42).

FIGURA 30. Distribuição do teor de Mnox (g kg-1) nos horizontes

superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

(B)

(A)

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112

Por analogia ao ferro solúvel em oxalato de amônio, o manganês

extraído com esse reagente pode ser considerado como amorfo (Barral Silva

et al., 1988). O maior teor de Mnox sugere que as condições de Eh e pH não

foram adequadas à completa oxidação e formação de minerais cristalinos de

manganês, ou não houve tempo suficiente para a cristalização.

Tal como para os compostos de ferro, as recentes deposições e

formação de feições redoximórficas são responsáveis pela baixa

cristalinidade dos compostos manganíferos (Coelho e Vidal-Torrado, 2003).

A hidroxilamina extraiu maiores teores de manganês do que o oxalato

de amônio nos Cambissolos Flúvicos (P05, P06 e P34) e Gleissolos (P33 e

P38) (Tabela 13). Isso indica que as formas facilmente redutíveis de

manganês (Mnhi) são consideravelmente superiores às mal cristalizadas

(Mnox), sugerindo que o elemento está pouco cristalinizado e móvel nesses

perfis. Além disso, pode-se dizer que a capacidade redutora do extrator

hidroxilamina sobrepôs-se ao efeito complexante e redutor do oxalato de

amônio ácido, removendo maiores quantidades de Mn de baixa

cristalinidade. Isso está de acordo com Chao e Zhou (1983), que relatam a

similaridade entre o cloridrato de hidroxilamina e o oxalato ácido de amônio

na extração do Mn, e a maior afinidade do primeiro extrator com esse

elemento. Ao contrário do oxalato de amônio, a hidroxilamina não dissolve a

magnetita e pode ser usada como uma alternativa àquele extrator em solos

ricos em magnetita (Ross et al., 1985).

Os maiores teores de manganês extraído com hidroxilamina (Mnhi) do

horizonte A estão no Neossolo Flúvico (perfil P42) (Tabela 13, Figura 31A).

Nesse caso, além dos efeitos da matéria orgânica que retarda ou inibe o

processo de cristalização, percebe-se também o efeito do regime hídrico do

Neossolo, que pode permanecer saturado ou inundado por períodos

prolongados, resultando condições temporariamente redutoras, dificultando

a oxidação e cristalização dos minerais de manganês. Com isso, mantêm-se

teores relativamente elevados de formas de manganês de menor

cristalinidade, especialmente nos horizontes superficiais.

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113

FIGURA 31. Distribuição do teor de Mnhi (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal.

As correlações positivas entre as frações de manganês nos solos da

RPPN (Tabela 14) demonstram a possibilidade de redistribuição do

manganês entre as frações do solo, tendo em vista a baixa seletividade dos

extratores para as formas de manganês.

TABELA 14. Matriz de correlação entre as formas extraíveis e total de manganês nos solos da RPPN SESC Pantanal (n = 113; p<0,05).

Variáveis Mn dcb Mnpi Mnox Mnhi Mn t

Mndcb 1 Mnpi 0,91 1 Mnox 0,62 0,56 1 Mnhi 0,76 0,71 0,56 1 Mnt 0,81 0,80 0,70 0,67 1

(B)

(A)

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114

O teor de manganês extraído com pirofosfato de sódio e associado à

matéria orgânica (Mnpi) é a segunda forma de manganês predominante nos

solos da RPPN (Tabela 13), com maiores valores em superfície. A

distribuição dos teores de Mnpi nos horizontes superficiais e subsuperficiais

está ilustrada na Figura 32.

FIGURA 32. Distribuição do teor de Mnpi (g kg-1) nos horizontes superficiais (A) e subsuperficiais (B ou C) dos solos da RPPN SESC Pantanal

A Figura 32 mostra uma distribuição espacial dos teores de Mnpi, onde

o Gleissolo (GXal, P33), Neossolo Flúvico (RYve, P42), Luvissolos (TCp,

P16 e TXP, P28), Planossolo Háplico (SXe, P19) e Neossolo Quartzarênico

hidromórfico (RQg, P30) têm os maiores valores (acima de 200 mg kg-1) em

superfície (Figura 32A).

A abordagem adotada neste estudo, analisando-se preliminarmente os

horizontes superficiais e subsuperficiais (B ou C) dos perfis da RPPN e,

posteriormente, restringindo a análise a um conjunto menor de amostras de

(A)

(B)

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115

horizontes com características diferenciadas morfologicamente (por classe

de solo), discriminadas pelas técnicas de dissoluções seletivas, permite

comprovar a relativa habilidade e especificidade dos extratores utilizados.

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116

4.3.2 Relações entre as formas de ferro e manganês e as propriedades

dos solos por Análise de Componentes Principais

A fim de determinar as relações existentes entre as diferentes formas

de ferro e de manganês e algumas características físicas e químicas dos

solos estudados, utilizou-se a técnica de análise multivariada por meio da

Análise de Componentes Principais (PCA) a partir da matriz de correlações

significativas entre os parâmetros analisados, para os horizontes superficiais

(A) e subsuperficiais (B ou C).

4.3.2.1 Horizontes superficiais

A partir da matriz de correlação entre as variáveis explicativas da

geoquimica do Fe e Mn nos horizontes superficiais (Tabela 15), observa-se

que o carbono orgânico está diretamente relacionado com os óxidos de Fe

mal cristalizados (Feox) e o Fe extraído com pirofosfato de sódio (Fepi),

indicando que a matéria orgânica influencia na cristalinidade das formas

inorgânicas do ferro dos solos e atua na disponibilidade do elemento pela

formação de compostos organometálicos em superfície (Bera et al., 2005).

A correlação positiva entre a argila e o Fet e Fedcb indica a

mobilização do Fe com a argila, bem como demonstra a predominância dos

óxidos de Fe na mineralogia da fração argila dos solos (Igwe et al., 2010).

As formas extraíveis do Fe também estiveram correlacionadas entre

si, indicando que a maior porcentagem do Fe total do solo é composta pelos

óxidos de ferro pedogênicos (relações positivas entre Fedcb x Fet e Feox x Fet)

em superfície.

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117

TABELA 15 . Matriz de correlação das frações extraíveis de Fe e Mn e as principais propriedades dos horizontes superficiais dos solos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Fedcb Fepi Feox Fehi Fet Mndcb Mnpi Mnox Mnhi COT Areia Silte Argila K+ Ca2+ Mg2+ Al 3+ pH Mn t

Fedcb 1,00

Fepi 0,68 1,00

Feox 0,50 0,49 1,00

Fehi 0,49 0,55 0,44 1,00

Fet 0,66 0,50 0,69 0,38 1,00

Mndcb 0,22 0,04 0,36 -0,23 0,31 1,00

Mnpi 0,30 -0,03 0,13 -0,23 0,27 0,74 1,00

Mnox 0,24 -0,05 0,25 0,15 0,01 0,39 0,48 1,00

Mnhi 0,29 -0,02 0,55 -0,07 0,37 0,74 0,62 0,57 1,00

COT 0,49 0,57 0,51 0,28 0,52 -0,01 -0,02 -0,03 -0,10 1,00

Areia -0,70 -0,43 -0,24 -0,26 -0,51 -0,34 -0,52 -0,18 -0,13 -0,18 1,00

Silte 0,36 0,32 0,21 0,16 0,25 0,52 0,52 0,18 0,17 0,08 -0,64 1,00

Argila 0,67 0,36 0,18 0,24 0,50 0,12 0,35 0,12 0,06 0,19 -0,89 0,23 1,00

K+ 0,20 0,26 0,38 -0,01 0,13 0,19 0,26 0,16 0,06 0,53 -0,09 0,11 0,05 1,00

Ca2+ 0,56 0,64 0,49 0,10 0,53 0,27 0,15 -0,13 0,10 0,81 -0,29 0,15 0,28 0,57 1,00

Mg2+ 0,55 0,46 0,62 0,14 0,67 0,24 0,19 -0,08 0,21 0,78 -0,27 -0,01 0,35 0,63 0,88 1,00

Al3+ 0,28 0,31 -0,04 0,29 0,40 -0,31 -0,11 -0,27 -0,23 -0,09 -0,35 0,05 0,42 -0,37 -0,22 -0,14 1,00

pH -0,41 -0,30 -0,25 -0,29 -0,36 -0,08 -0,08 -0,17 -0,04 -0,05 0,34 -0,13 -0,36 -0,05 0,05 -0,05 -0,45 1,00 -

Mnt 0,33 0,19 0,45 -0,10 0,38 0,73 0,69 0,63 0,79 0,06 -0,32 0,31 0,22 0,25 0,31 0,28 -0,26 -0,12 1,00

117

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118

Todos os teores extraíveis de manganês estão significativamente

correlacionados entre si, indicando que pode haver sobreposições entre as

formas de manganês extraídas por dissolução seletiva nos solos analisados,

nos horizontes superficiais.

O manganês associado aos óxidos cristalinos (Mndcb) e à matéria

orgânica (Mnpi) tem correlação significativa com o teor de silte nos

horizontes A, sugerindo a ocorrência dessas formas de manganês nas

concreções e nódulos superficiais dos solos.

A matriz componente (Tabela 16) das propriedades dos solos e das

frações extraíveis de Fe e Mn nos horizontes A dos solos da RPPN mostra

que 54,6% da variância dos dados é explicada pelos dois primeiros

componentes principais.

TABELA 16. Matriz componente dos teores extraíveis de Fe e Mn e algumas propriedades dos horizontes superficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal

Componente 1

Variável 1 2

Ca2+ 0,95 0,11

Mg2+ 0,92 0,18

COT 0,88 -0,10

K+ 0,68 0,10

Fepi 0,57 -0,06

Feox 0,55 0,48

Mnhi 0,01 0,95 Mnt 0,16 0,87

Mndcb 0,13 0,86 Mnpi 0,03 0,74 Mnox -0,18 0,61 AT -0,16 -0,21

Argila total 0,17 0,08

Fedcb 0,45 0,22

Fehi 0,15 -0,17

pH água 0,09 -0,07

Al3+ -0,24 -0,28

Fet 0,50 0,36 1Método de rotação Varimax com normalização Kaiser

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119

O primeiro componente explica 35,3% da variância total dos dados,

e relaciona-se com as formas reativas de ferro (Fepi, Feox) e o ferro total (Fet)

e sua associação com o carbono orgânico (COT) e cátions básicos (Mg2+,

Ca2+ e K+) dos solos (Tabela 16). Esse componente representa as variáveis

que influem na geoquimica do ferro em superficie.

O segundo componente representa as variáveis responsáveis por

19,3% da variância total dos dados, como as formas geoquímicas do

manganês nos solos (Mndcb, Mnox, Mnhi, Mnpi) e o manganês total dos solos

(Mnt). Isso indica que as formas de manganês seguem o mesmo padrão nos

horizontes superficiais dos solos da RPPN, e essa variação não está

relacionada à fração argila ou areia, e nem ao carbono orgânico dos solos.

As Figuras 33A e 33B mostram o agrupamento das variáveis e dos

solos de acordo com as correlações positivas e significativas com os

componentes principais.

Fe Ditionito

Fe Pirofosfato

Fe Oxalato

Fe Hidroxilamina

Fe Total

Mn Ditionito

Mn Pirofosfato

Mn Oxalato

Mn HidroxilaminaMn Total

pH H2O

COT

K+

Ca2+

Mg2+

Al3+

AT

Arg.total

-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Factor 1 (35%)

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Fact

or 2

(19%

)

Fe Ditionito

Fe Pirofosfato

Fe Oxalato

Fe Hidroxilamina

Fe Total

Mn Ditionito

Mn Pirofosfato

Mn Oxalato

Mn HidroxilaminaMn Total

pH H2O

COT

K+

Ca2+

Mg2+

Al3+

AT

Arg.total

(A)

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120

FIGURA 33. Gráfico ACP do conjunto dos dados do horizonte A na projeção dos componentes 1 e 2, após a rotação Varimax. (A) variáveis componentes; (B) grupos de perfis (perfil/classe).

De acordo com as figuras acima, os solos agrupados pelas

correlações positivas no Componente 1 são semelhantes quanto à

geoquímica do ferro em superfície, cujas formas de ferro estão associadas

aos maiores teores de cátions básicos, argila e carbono orgânico dos

Gleissolos (GX), Plintossolos Argilúvicos (FT) e Pétrico (FF), Cambissolos

Flúvicos (CY), Planossolo Háplico distrófico plíntico (SX) e Neossolo

Quartzarênico hidromórfico neofluvissólico (RQ).

Cabe ressaltar que os teores de carbono orgânico total estão

frequentemente correlacionados com oxihidróxidos mal cristalizados de ferro

em solos de áreas úmidas (Pan et al., 2003). Os oxihidróxidos de ferro

possuem distribuição paralela com o COT nos solos acima citados (Figura

33A), sugerindo a existência do efeito protetor da matéria orgânica do solo

(Cheng et al., 2009).

P43- SX

P42 - RY

P38 - GX

P37 - CY

P34 - CY

P33 - GX

P31 - FT

P30 - RQ

P28 -TX

P27 - FT

P26 - FF

P21 - RQ

P19 - SX

P16 - TC

P14 - FT

P13 - SX

P09 - SNP06 - CY

P05 - CYP04 - SX

-2

-1

0

1

2

3

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

D1 (35 %)

D2

(19

%)

Fedcb, Fepi, Feox, Fet, K+, Ca2+, Mg2+, Argila, COT

Mn d

cb, M

n pi,

Mn h

i, M

n ox,

Mn t

AT

(B)

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121

Os solos localizados no lado negativo do primeiro componente são

desenvolvidos sobre sedimentos de natureza arenosa, e compreendem os

Neossolos Quartzarênicos (RQ), Planossolos Háplicos (SX), Plintossolo

Argilúvico distrófico espessarênico (FT) e Cambissolo Flúvico (CY). Esses

solos são hidromórficos e possuem menores teores de ferro e de manganês

devido à sua natureza redox, que os tornam móveis sob condições redutoras

(Zhang e Gong, 2003).

O Neossolo Flúvico (RY), os Luvissolos (TC e TX), Cambissolo

Flúvico eutrófico (CY) e o Planossolo Nátrico (SN) são similares quanto à

geoquimica do manganês, pois estão localizados sobre o lado positivo do

componente 2. Esses solos são naturalmente férteis e ricos em óxidos de

Mn reativos. O enriquecimento de manganês nesses solos é proveniente dos

processos de sedimentação a que estão sujeitos na área da RPPN,

localizados sob terraços fluviais e planícies de inundação.

4.3.2.2 Horizontes subsuperficiais

Os resultados constantes na matriz de correlação das variáveis

explicativas da geoquímica do Fe e Mn nos horizontes subsuperficiais

(Tabela 17) indicam que a maioria das formas geoquímicas de ferro não se

correlaciona significativamente com as propriedades dos solos, não

permitindo uma afirmação conclusiva acerca do comportamento geoquímico

desse elemento. Somente a fração de ferro ligada aos óxidos pedogênicos

(Fedcb) possui relação positiva, mas pouco significativa, com o teor de argila

total em subsuperficie, enquanto que o Fe associado aos óxidos de baixa

cristalinidade (Feox) varia positivamente com o carbono orgânico total dos

solos.

As formas de manganês correlacionam-se entre si e com o teor de

areia total dos solos. Isso pode estar associado à presença de concreções e

nódulos de Fe-Mn nas frações mais grossas dos solos, onde estão

presentes óxidos de manganês nos mais variados graus de cristalinidade.

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13

TABELA 17 . Matriz de correlação das frações extraíveis de Fe e Mn e as principais propriedades dos horizontes subsuperficiais dos solos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Fedcb Fepi Feox Fehi Fet Mndcb Mnpi Mnox Mnhi Mnt Areia Silte Argila K+ Ca2+ Mg2+ Al3+ pH COT

Fedcb 1,00

Fepi 0,23 1,00

Feox 0,20 0,18 1,00

Fehi 0,05 0,29 0,39 1,00

Fet 0,70 0,21 0,09 0,05 1,00

Mndcb -0,37 -0,25 -0,24 -0,38 -0,04 1,00

Mnpi -0,38 -0,28 -0,30 -0,37 0,05 0,87 1,00

Mnox -0,20 -0,06 -0,09 -0,13 -0,05 0,65 0,35 1,00

Mnhi -0,19 -0,36 -0,07 -0,28 0,20 0,71 0,64 0,72 1,00

Mnt -0,20 -0,17 0,12 -0,23 0,21 0,68 0,66 0,57 0,71 1,00

Areia -0,20 -0,17 0,12 -0,23 0,21 0,68 0,66 0,57 0,71 1,00 1,00

Silte 0,16 -0,04 0,23 0,20 0,30 0,02 0,16 0,16 0,34 0,59 0,59 1,00

Argila 0,40 0,31 0,36 0,19 0,43 -0,32 -0,32 -0,21 -0,16 -0,18 -0,18 0,13 1,00

K+ 0,00 -0,17 -0,08 -0,11 -0,02 0,33 0,16 0,59 0,57 0,10 0,10 -0,13 0,06 1,00

Ca2+ 0,22 0,43 0,12 -0,07 0,26 0,09 0,10 0,01 0,10 0,11 0,11 0,20 0,43 0,25 1,00

Mg2+ 0,09 0,34 0,04 -0,03 0,24 0,19 0,21 0,11 0,17 0,14 0,14 0,06 0,31 0,43 0,87 1,00

Al3+ 0,05 0,23 -0,01 0,43 0,20 -0,38 -0,32 -0,12 -0,19 -0,28 -0,28 0,06 0,37 -0,29 -0,38 -0,49 1,00

pH -0,15 0,02 -0,23 -0,14 0,02 0,52 0,39 0,50 0,60 0,28 0,28 -0,05 -0,18 0,75 0,48 0,62 -0,52 1,00

COT 0,30 0,07 0,41 -0,15 0,25 -0,17 -0,08 -0,24 0,04 0,24 0,24 0,54 0,48 -0,19 0,33 0,11 0,04 -0,21 1,00

122

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123

Segundo Vodyanitskii (2009), os óxidos de manganês não estão

associados aos aluminossilicatos da fração argila, mas estão presentes nas

frações areia e silte devido ao seu baixo ponto de carga zero (PCZ), que

gera cargas negativas, na sua superfície, ao pH do solo. Isso faz com que

haja uma repulsão entre as superfícies dos óxidos de Mn e dos

aluminossilicatos (também com cargas negativas), impedindo sua

concentração na fração argila. Por isso, o Mnt dos solos está positivamente

correlacionado à fração silte, corroborando as afirmações do autor acima

citado.

O manganês ligado aos óxidos de baixa cristalinidade (Mnhi, Mnox)

correlaciona-se com o K+ em subsuperficie, assim como o pH em água, em

função da sua maior reatividade e disponibilidade variável com o pH do solo.

Após a Análise de Componentes Principais dos resultados dos

horizontes B (ou C), 53,7% da variância total dos dados é explicada pelos

dois primeiros componentes principais, de acordo com a Tabela 18.

TABELA 18. Matriz componente dos teores extraíveis de Fe e Mn e algumas propriedades dos horizontes subsuperficiais dos solos da RPPN SESC Pantanal.

Componente 1

Variável 1 2

Mnt 0,96 0,02

Mndcb 0,96 -0,04

Mnhi 0,93 0,06

Mnpi 0,86 0,01

Mnox 0,80 -0,09

Fet 0,27 0,89 Fedcb -0,27 0,85 Al3+ -0,14 0,20

Mg2+ 0,24 0,19

Ca2+ 0,33 0,31

Feox -0,01 0,04

AT -0,11 -0,59

Fehi -0,14 -0,14

Argila total -0,17 0,58 K+ 0,21 0,07

pH água 0,25 -0,09

COT 0,48 0,25

Fepi -0,13 0,13 1Método de rotação Varimax com normalização Kaiser

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124

De acordo com os resultados estatísticos (Tabela 18), o primeiro

componente explica 32,5% da variância total dos dados, e descreve a

matriz geoquimica representada pelas formas de manganês e, em menor

grau, pelo carbono orgânico total, comprovando a associação entre esses

constituintes dos solos da RPPN, em subsuperficie.

O segundo componente representa 21,2% da variância total dos

dados, e é representado pelos óxidos de ferro (Fedcb, Fet) e argila total,

indicando a mobilização dos óxidos de ferro cristalinos e de baixa

cristalinidade com a fração argila dos solos, em subsuperfície, conforme

relatado por Cheng et al. (2009) em solos alagados da China.

A distribuição das variáveis e os respectivos componentes principais

entre os solos analisados estão nas Figuras 34A e 34B.

FeDCB

FePIRO

FeOXAFeHIDRO

FeTOTAL

MnDCBMnPIRO

MnOXAMnHIDRO

MnTOTAL

pH água

COT

K+

Ca2+

Mg2+

Al3+

AT

Arg.total

-0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Factor 1 (33%)

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Fact

or 2

(21%

)

FeDCB

FePIRO

FeOXAFeHIDRO

FeTOTAL

MnDCBMnPIRO

MnOXAMnHIDRO

MnTOTAL

pH água

COT

K+

Ca2+

Mg2+

Al3+

AT

Arg.total

(A)

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125

FIGURA 34. Gráfico ACP do conjunto dos dados do horizonte B (ou C) na projeção dos componentes 1 e 2, após a rotação Varimax. (A) variáveis componentes; (B) grupos de perfis (perfil/classe).

Os resultados evidenciam comportamento similar do Neossolo Flúvico

(RY) e Luvissolo Crômico (TC) quanto aos teores de carbono orgânico e

bases trocáveis, conferindo a esses perfis elevada fertilidade natural. Esses

solos também se relacionam com o Planossolo Nátrico (SN) quanto às

formas geoquimicas de manganês, no primeiro componente principal (Figura

34A), devido aos elevados conteúdos de manganês nesses perfis (Tabela

13).

O segundo componente principal agrupa os solos pelos teores de

ferro associado aos óxidos cristalinos e o ferro total (Figura 34B). Nesse

grupo estão os Gleissolos (GX), Cambissolos Flúvicos (CY), Luvissolo

Háplico (TX) e Plintossolo Argilúvico eutrófico gleissólico (FT), todos com

textura argilosa a muito argilosa em subsuperficie (Figura 5B). Esses solos

apresentam incremento no teor de argila com a profundidade (Apêndice 3), o

que indica translocação da argila do horizonte A para o horizonte B,

P43- SX

P42 - RY

P38 - GX

P37 - CY P34 - CY

P33 - GX

P31 - FT

P30 - RQ

P28 -TX

P27 - FT

P26 - FF

P21 - RQ

P19 - SX

P16 - TC

P14 - FT

P13 - SX P09 - SN

P06 - CY

P05 - CY

P04 - SX

-3

-2

-1

0

1

2

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

D1 (33 %)

D2

(21

%)F

e dcb

, Fe t

, Arg

ila

Mndcb, Mnpi, Mnhi, Mnox, Mnt, COT

AT

(B)

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126

juntamente com os óxidos de ferro. Além disso, apresentam maiores

conteúdos de carbono orgânico em superfície (Apêndice 1), conforme

comprovado pela ACP dos horizontes superficiais (Figura 34B). Esse

componente correlaciona-se negativamente com o teor de areia total dos

solos, que compreendem os Neossolos Quartzarênicos (RQ).

Contudo, os perfis agrupados no centro do gráfico parecem não se

relacionarem com nenhum componente principal significativamente, pois

compreendem solos diversos quanto à textura e teores de Fe e Mn em

subsuperficie. A maioria se enquadra nas classes Planossolo e Plintossolo,

cujos teores de Fe ou de Mn extraíveis e totais não são tão elevados nos

horizontes subsuperficiais (Tabela 13), um reflexo da drenagem deficiente

dos solos. Portanto, esses solos possuem particularidades geoquímicas que

são discutidas a seguir, por classe de solo.

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127

4.3.3 Geoquímica do ferro e do manganês nos Planoss olos

Os Planossolos da RPPN SESC Pantanal foram analisados quanto à

distribuição das formas extraíveis de ferro e manganês em todos os

horizontes dos perfis. Esses solos compõem a maior parte dos solos da

RPPN, e geralmente estão associados às Cordilheiras, na posição mais

elevada da paisagem.

A característica morfológica mais marcante nesses solos é a mudança

textural abrupta, caracterizada pela presença de horizontes superficiais de

textura franco-arenosa, com transição abrupta para horizontes

subsuperficiais de textura mais argilosa. A gênese do gradiente textural pode

ser causada por processos de sedimentação, com a deposição de

sedimentos de textura arenosa sobre outros de textura média e/ou argilosa

(Beirigo et al., 2010) .

Os Planossolos analisados foram classificados como: Planossolo

Nátrico órtico (SNo), Planossolo Háplico distrófico (SXd), Planossolo Háplico

alumínico (SXa) e Planossolo Háplico eutrófico (SXe).

4.3.3.1 Formas de ferro (Fe 2O3)

Os resultados das concentrações de ferro (g kg-1) associadas às

formas extraíveis bem como suas relações e seus parâmetros estatísticos

descritivos estão na Tabela 19. Os óxidos de ferro pedogênicos bem

cristalizados (Fedcb ) predominam nos Planossolos, representando 30,9%

(em média) do ferro total dos solos, de acordo com os valores médios da

relação Fedcb/Fet.(x 100).

Os valores de Fedcb variam entre 4,84 a 18,55 g kg-1 nessa classe de

solo. Beirigo (2008) encontrou valores menores de Fedcb em Planossolos

Nátricos de Barão de Melgaço (MT) (entre 2,09 e 5,31 g kg-1), e Silva Neto

(2010) obteve valores de Fedcb entre 3,0 e 22,3 g kg-1 em Planossolos

Háplicos de Porto Alegre (RS). Bera et al. (2005) encontraram valores

médios de Fedcb de 2,12 e 3,25 g kg-1 em Planossolos da Índia.

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128

TABELA 19. Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Planossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

29,041,358,632,069,219,1CV (%)

2,1114,430,340,973,501,99Desvio padrão

7,2834,950,583,035,0610,40Média

0,270,050,020,199,3567,090,253,451,1012,80135- 165+2Btg

0,260,040,010,169,9585,670,233,501,1013,45112 - 135Btgn

0,300,040,010,147,7782,310,223,401,1811,1790 - 112Btg

0,510,140,040,273,1524,140,193,341,086,4947 - 90EBt

0,650,430,150,661,898,220,213,501,245,3930 - 47E

0,740,310,150,421,2811,410,353,561,724,840 - 30A

P04(SXe)

29,041,358,632,069,219,1CV (%)

2,1114,430,340,973,501,99Desvio padrão

7,2834,950,583,035,0610,40Média

0,270,050,020,199,3567,090,253,451,1012,80135- 165+2Btg

0,260,040,010,169,9585,670,233,501,1013,45112 - 135Btgn

0,300,040,010,147,7782,310,223,401,1811,1790 - 112Btg

0,510,140,040,273,1524,140,193,341,086,4947 - 90EBt

0,650,430,150,661,898,220,213,501,245,3930 - 47E

0,740,310,150,421,2811,410,353,561,724,840 - 30A

P04(SXe)

0,200,150,470,7814,3623,070,813,5610,7417,92100- 150+2Btg

0,160,060,250,3616,1853,620,843,1113,5519,2980 - 100Btg1

0,070,030,110,407,2919,350,090,512,047,8040 - 80E

0,070,030,160,426,1815,800,090,502,586,680 - 40A

P19(SXe)

0,290,100,200,3313,0856,751,575,4711,4518,55140- 180+Btg

0,320,110,260,357,0229,110,873,297,4510,31112 - 140EBtg

0,100,050,120,575,049,800,180,531,135,5740 - 112E

0,110,060,130,594,638,800,150,561,175,1925 - 40AE

0,130,090,160,643,857,000,150,601,154,450 - 25A

P13(SXa)

0,330,080,210,256,9541,490,953,388,5510,3390 – 200+3Cf

0,410,090,240,224,8336,540,923,298,608,1255 – 902Bt

0,310,060,160,198,1863,150,953,6610,1111,8435 -55Bt2

0,350,050,130,146,9077,061,193,669,8410,5620 – 35Bt1

0,420,060,180,155,5965,691,684,0212,159,610 – 20A

P43(SXd)

0,300,100,060,339,1639,600,433,932,3713,09140- 176+Btgn2

0,320,110,070,358,7136,330,454,112,5812,8282 - 140Btgn1

0,370,310,180,847,0613,350,514,112,3711,1740 - 82E

0,400,340,220,876,4212,200,514,202,6910,620 - 40A

P09(SNo)

g kg-1cm

Grau de cristalinidade

Feox/FetFePI/FetFedcb/Fet

Fe cristalinoFetFehiFeoxFepiFedcbProf.Horiz.

Perfil/Solo1

0,200,150,470,7814,3623,070,813,5610,7417,92100- 150+2Btg

0,160,060,250,3616,1853,620,843,1113,5519,2980 - 100Btg1

0,070,030,110,407,2919,350,090,512,047,8040 - 80E

0,070,030,160,426,1815,800,090,502,586,680 - 40A

P19(SXe)

0,290,100,200,3313,0856,751,575,4711,4518,55140- 180+Btg

0,320,110,260,357,0229,110,873,297,4510,31112 - 140EBtg

0,100,050,120,575,049,800,180,531,135,5740 - 112E

0,110,060,130,594,638,800,150,561,175,1925 - 40AE

0,130,090,160,643,857,000,150,601,154,450 - 25A

P13(SXa)

0,330,080,210,256,9541,490,953,388,5510,3390 – 200+3Cf

0,410,090,240,224,8336,540,923,298,608,1255 – 902Bt

0,310,060,160,198,1863,150,953,6610,1111,8435 -55Bt2

0,350,050,130,146,9077,061,193,669,8410,5620 – 35Bt1

0,420,060,180,155,5965,691,684,0212,159,610 – 20A

P43(SXd)

0,300,100,060,339,1639,600,433,932,3713,09140- 176+Btgn2

0,320,110,070,358,7136,330,454,112,5812,8282 - 140Btgn1

0,370,310,180,847,0613,350,514,112,3711,1740 - 82E

0,400,340,220,876,4212,200,514,202,6910,620 - 40A

P09(SNo)

g kg-1cm

Grau de cristalinidade

Feox/FetFePI/FetFedcb/Fet

Fe cristalinoFetFehiFeoxFepiFedcbProf.Horiz.

Perfil/Solo1 Grau de reatividade 1

1Feox/Fedcb

128

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129

A distribuição do ferro entre as frações determinadas por dissolução

seletiva é diferenciada entre os perfis dos Planossolos (Figura 35).

FIGURA 35. Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Planossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

A Bt1 Bt2 2Bt 3Cf

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130

Analisando o teor de ferro total (Fet) nos horizontes B dos Planossolos

(Tabela 19), observa-se que o Planossolo Nátrico (P09) possui o menor teor

(36,33 g kg-1 no horizonte Btgn1) em relação aos outros Planossolos (Tabela

19). O baixo valor de Fet encontrado no Planossolo Nátrico pode estar

relacionado com a sua redução e remoção durante sua gênese

(Schwertmann, 1989).

Verifica-se a semelhança na geoquímica do ferro entre os

Planossolos Háplicos (perfis P43, P13 e P19), onde o teor de ferro ligado à

matéria orgânica (Fepi) é maior que de ferro ligado às formas menos

cristalinas dos óxidos (Feox), e a distribuição das formas extraíveis de ferro

segue a sequência: Fedcb > Fepi > Feox > Fehi (Figura 35).

Isso está de acordo com os maiores valores da relação Fepi/Fet em

relação à Feox/Fet nesses solos (Tabela 19). Maior teor de ferro extraído com

pirofosfato comparado ao oxalato também foi relatado por Kleber et al.

(2005) e Zanelli et al. (2007). De acordo com os últimos autores, a rápida

decomposição da matéria orgânica leva à menor produção de ácidos

húmicos e fúlvicos com subseqüente aumento na proporção de metais em

relação à matéria orgânica, diminuindo a solubilidade dos complexos

organometálicos e promovendo seu enriquecimento relativo na superfície do

solo. Essa hipótese é suportada pela correlação positiva e significativa entre

o Fepi e o teor de carbono orgânico nos perfis P09, P43 e P04 (Figura 36A).

Cabe ressaltar que no perfil P43 (Planossolo Háplico distrófico

plíntico) o teor de ferro ligado à matéria orgânica somado aos óxidos de

baixa cristalinidade (Fepi + Feox) são maiores que o ferro associado aos

óxidos cristalinos (Fedcb), em ambos os horizontes (Tabela 19). Isso se deve,

provavelmente, em função do maior teor de matéria orgânica nesse perfil

(Apêndice 1), que age dificultando a cristalização dos óxidos e promovendo

a complexação do ferro, e da presença de nódulos de ferro (plintita) em

diferentes estádios de evolução e cristalinidade (Schwertann e Taylor, 1989).

Por outro lado, nos Planossolos Nátrico (perfil P09) e Háplico eutrófico

(perfil P04), predominam os óxidos de ferro pedogênicos (Feox + Fedcb).

Esses perfis estão localizados relativamente próximos na RPPN (Figura 3),

sob vegetação Cerrado.

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131

FIGURA 36. Relações entre o teor de carbono orgânico total e o ferro extraível em pirofosfato de sódio (A) e oxalato de amônio (B) nos horizontes dos Planossolos Háplicos (perfis P04 e P43) e Nátrico (perfil P09) da RPPN SESC Pantanal.

Os teores de Feox representam os óxidos de ferro menos cristalinos

(Kämpf, 1988), e sua variação nos Planossolos da RPPN é de 0,51 a 5,47

g kg-1 (média de 3,03 ± 0,97 g kg-1) (Tabela 19). Os maiores valores de Feox

são observados nos horizontes superficiais devido à sua afinidade pela

matéria orgânica, conforme correlação positiva e significativa entre o Feox e

o teor de carbono orgânico total nos perfis P09, P43 e P04 (Figura 36B).

Somente nos perfis P13 (SXa) e P19 (SXe), os teores de Feox são maiores

nos horizontes B (Tabela 19), devido ao teor de Fet.

Esse comportamento também é observado com relação à fração de

ferro ligado à matéria orgânica (Fepi), cuja correlação com o carbono

orgânico foi positiva (Figura 36A). Isso é uma evidência de que nos

Planossolos da RPPN, o Fepi de fato representa principalmente os

complexos organometálicos, embora Parfitt e Childs (1988), usando a

Espectroscopia Mössbauer, sugeriram que o Fepi poderia estar relacionado a

(A)

(B)

Perfil P43 y = 0,2252x + 7,5511

R2 = 0,8148

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0

Carbono orgânico total (g kg -1)

Teo

r de

Fe-

piro

fosf

ato

(g k

g-1

)

Perfil P43y = 0,0428x + 3,1648

R2 = 0,7733

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

Carbono orgânico total (g kg -1)

Teo

r de

Fe-

oxal

ato

(g k

g-1

)Perfil P04 y = 0,1217x + 0,6591

R2 = 0,9773

0,00,20,4

0,60,81,01,21,4

1,61,82,0

2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Carbono orgânico total (g kg -1)

Teo

r de

Fe-

piro

fosf

ato

(g k

g-1

)

Perfil P09 y = 0,0517x + 3,81

R2 = 0,5789

3,0

3,5

4,0

4,5

3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0

Carbono orgânico total (g kg -1)

Teo

r de

Fe-

oxal

ato

(g k

g-1

)

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132

formas particulares de ferro em solos, como goethita e ferrihidrita, que

podem ser dispersas pelo pirofosfato. A relação positiva entre Fepi e o

carbono orgânico também foi observada por Oliveira e Nascimento (2006),

Zanelli et al. (2007) e Igwe et al. (2010).

Kleber et al. (2005) sugerem que em solos ácidos, a matéria orgânica

é preferencialmente protegida pela interação com minerais de baixa

cristalinidade, representada pelo ferro solúvel em oxalato (Feox). Os autores

afirmam que a sorção de matéria orgânica é facilitada pela protonação de

superfícies minerais hidroxiladas, que, por sua vez, são mais abundantes

nas condições de intemperismo freqüentemente encontradas em solos

ácidos, como os Planossolos estudados.

A fração de ferro ligada aos óxidos de baixa cristalinidade

seletivamente extraídos com hidroxilamina (Fehi) é menor que o extraído

com oxalato ácido de amônio (Feox) (Tabela 19), obedecendo a mesma

distribuição nos perfis.

Para estimar o grau de reatividade dos óxidos de ferro, foi empregada

a relação Feox/Fedcb , cuja variação nos Planossolos da RPPN é de 0,03 a

0,34 nos horizontes A e de 0,05 a 0,15 nos horizontes B (Tabela 19). O

maior grau de reatividade dos óxidos de ferro está nos perfis P04 e P43

(Planossolos Háplicos) e no perfil P09 (Planossolo Nátrico), principalmente

em superfície, onde os teores de matéria orgânica são maiores.

Esses resultados são semelhantes aos obtidos por Bera et al. (2005)

em Planossolos da Índia, onde Feox/Fedcb variou de 0,24 a 0,34 nos

horizontes A e de 0,27 a 0,51 nos horizontes B. Beirigo (2008) encontrou

valores entre 0,02 a 0,46 em Planossolos Nátricos de Barão de Melgaço

(MT), enquanto Silva Neto (2010) obteve variação semelhante para

Planossolos Háplicos de Porto Alegre (RS) (0,28 a 0,62 no horizonte A e de

0,04 a 0,59 nos horizontes B). Em todos os Planossolos pesquisados a

relação Feox/Fedcb foi menor que 1, indicando que os óxidos de ferro livres na

maioria dos solos estão em avançado grau de cristalinidade (Mahaney et al.,

1991).

Zanelli et al. (2007) utilizaram a equação Fedcb - Feox para estimar a

quantidade de óxidos de ferro bem cristalizados em solos. Nos Planossolos

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133

da RPPN o teor dos óxidos de ferro bem cristalizados varia de 1,28 a 16,18

g kg-1. Os resultados são maiores nos horizonte Btg do Planossolo Háplico

alumínico (perfil P13) e eutrófico (perfil P19), em virtude da segregação dos

óxidos de ferro da matriz do solo durante o processo de formação da plintita

(Tabela 19). Não foi observada grande diferença no teor de Fecristalino nos

horizontes A e B dos perfis P09 e P43, muito embora o teor de Fet nesses

Planossolos seja diferenciado. Isso significa que a partição do ferro nos

óxidos de baixa cristalinidade e nos complexos organometálicos foi

determinante para o padrão geoquímico desses perfis.

O teor de Fedcb relaciona-se diretamente com o teor de Fet,

principalmente em superfície (r = 0,55, p<0,05), embora abaixo de 40 cm de

profundidade, observa-se um distanciamento entre as variáveis (Tabela 19),

indicando que outras formas de ferro estão presentes na fração argila dos

solos, e contribuem para o conteúdo de Fet.

4.3.3.2 Formas de manganês (MnO 2)

A distribuição do conteúdo de manganês total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina dos Planossolos da RPPN SESC

Pantanal são apresentados na Tabela 20.

As formas extraíveis de manganês nos Planossolos são

predominantemente cristalinas (Mndcb) e associadas à matéria orgânica

(Mnpi), representando 69% e 27% do manganês total, respectivamente, de

acordo com os valores médios da relação Fedcb/Fet.(x 100) e Fepi/Fet.(x 100)

(Tabela 20).

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134

TABELA 20. Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Planossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

64,8117,2118,560,581,9CV (%)

309,2724,5875,0966,35251,44Desvio padrão

477,1320,9863,36109,61306,87Média

0,060,020,250,60630,0040,0010,00160,00380,00135- 165+2Btg

0,070,020,270,65584,0040,0010,00160,00380,00112 - 135Btgn

0,080,020,350,78500,0039,0010,00174,00389,0090 - 112Btg

0,120,030,571,09300,0036,0010,00170,00326,0047 - 90EBt

0,000,000,340,4050,000,000,0017,0020,0030 - 47E

0,080,050,400,35400,0034,0020,00160,00138,000 - 30A

P04(SXe)

0,000,700,200,50100,00nd70,0020,0050,00100- 150+2Btg

0,000,100,280,75400,00nd40,00110,00300,0080 - 100Btg1

0,030,110,210,541000,0030,00110,00210,00535,0040 - 80E

0,020,130,280,67800,0020,00100,00220,00535,000 - 40A

P19(SXe)

0,000,080,140,34300,000,0023,0042,00103,00140- 180+Btg

0,000,220,411,03100,000,0022,0041,00103,00112 - 140EBtg

0,000,200,401,03100,000,0020,0040,00103,0040 - 112E

0,000,220,391,01100,000,0022,0039,00101,0025 - 40AE

0,010,070,130,33300,003,0022,0040,0099,000 - 25A

P13(SXa)

0,010,160,270,86100,001,0016,4027,0085,5090 – 200+3Cf

0,010,170,270,88100,001,0016,9027,2187,6055 – 902Bt

0,010,160,531,07100,001,0016,4052,78107,1635 -55Bt2

0,010,060,090,34300,001,5017,5026,88101,0020 – 35Bt1

0,000,030,090,14700,002,5717,5265,2395,430 – 20A

P43(SXd)

0,110,230,240,94750,0082,72175,17183,57702,22140- 176+Btgn2

0,040,190,160,611160,0051,69215,25186,85702,2282 - 140Btgn1

0,050,190,190,76960,0050,00180,90186,85733,5740 - 82E

0,050,190,200,72970,0051,12180,90193,40702,220 - 40A

P09(SNo)

mg kg-1cmMnhi/Mn tMnox/MntMnpi/Mnt

2Mndcb /Mnt2

Mn tMnhiMnoxMnpiMndcbProf.

Horiz.Perfil/Solo1

64,8117,2118,560,581,9CV (%)

309,2724,5875,0966,35251,44Desvio padrão

477,1320,9863,36109,61306,87Média

0,060,020,250,60630,0040,0010,00160,00380,00135- 165+2Btg

0,070,020,270,65584,0040,0010,00160,00380,00112 - 135Btgn

0,080,020,350,78500,0039,0010,00174,00389,0090 - 112Btg

0,120,030,571,09300,0036,0010,00170,00326,0047 - 90EBt

0,000,000,340,4050,000,000,0017,0020,0030 - 47E

0,080,050,400,35400,0034,0020,00160,00138,000 - 30A

P04(SXe)

0,000,700,200,50100,00nd70,0020,0050,00100- 150+2Btg

0,000,100,280,75400,00nd40,00110,00300,0080 - 100Btg1

0,030,110,210,541000,0030,00110,00210,00535,0040 - 80E

0,020,130,280,67800,0020,00100,00220,00535,000 - 40A

P19(SXe)

0,000,080,140,34300,000,0023,0042,00103,00140- 180+Btg

0,000,220,411,03100,000,0022,0041,00103,00112 - 140EBtg

0,000,200,401,03100,000,0020,0040,00103,0040 - 112E

0,000,220,391,01100,000,0022,0039,00101,0025 - 40AE

0,010,070,130,33300,003,0022,0040,0099,000 - 25A

P13(SXa)

0,010,160,270,86100,001,0016,4027,0085,5090 – 200+3Cf

0,010,170,270,88100,001,0016,9027,2187,6055 – 902Bt

0,010,160,531,07100,001,0016,4052,78107,1635 -55Bt2

0,010,060,090,34300,001,5017,5026,88101,0020 – 35Bt1

0,000,030,090,14700,002,5717,5265,2395,430 – 20A

P43(SXd)

0,110,230,240,94750,0082,72175,17183,57702,22140- 176+Btgn2

0,040,190,160,611160,0051,69215,25186,85702,2282 - 140Btgn1

0,050,190,190,76960,0050,00180,90186,85733,5740 - 82E

0,050,190,200,72970,0051,12180,90193,40702,220 - 40A

P09(SNo)

mg kg-1cmMnhi/Mn tMnox/MntMnpi/Mnt

2Mndcb /Mnt2

Mn tMnhiMnoxMnpiMndcbProf.

Horiz.Perfil/Solo1

134

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135

A distribuição do manganês entre as diferentes frações determinadas

por dissolução seletiva é diferenciada entre os perfis dos Planossolos

(Figura 37).

FIGURA 37. Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Planossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

A Bt1 Bt2 2Bt 3Cf

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136

Analisando os resultados acima, observa-se que os maiores

conteúdos de manganês total (Mnt) estão no Planossolo Nátrico (perfil P09),

enquanto que o Planossolo Háplico alumínico (perfil P13) e o Planossolo

Háplico distrófico plíntico (perfil P43) apresentam menores teores de

manganês total no perfil, o que refletiu nos conteúdos de Mn extraível

(Tabela 20).

De modo geral, o teor do manganês total nos Planossolos da RPPN

SESC Pantanal varia de 50 a 1.160 mg MnO2 kg-1 (média de 477,1 ± 309,3

mg kg-1). Esses valores são semelhantes aos dos Planossolos de Barão de

Melgaço (MT) analisados por Beirigo (2008), cuja variação nos perfis foi de

50 a 1.220 mg MnO2 kg-1.

A variação do manganês entre os horizontes é maior nos perfis P19 e

P04 (Figura 37), ambos Planossolos Háplicos eutróficos arênicos, sugerindo

a lixiviação do manganês e mobilização dentro do perfil, como verificado nos

horizontes E (perfil P04) e 2Btg (perfil P19), que apresentam menores teores

de manganês total e extraível (Tabela 20).

O teor de manganês ligado aos óxidos bem cristalizados (Mncristalino ),

estimado pela diferença Mndcb - Mnox, é maior no Planossolo Nátrico (perfil

P09) (522,01 mg kg-1, média do perfil), cujos teores tendem a aumentar em

profundidade, tal como o Mnt, conforme indicado pela correlação positiva

entre as variáveis (Figura 38).

FIGURA 38. Relação entre o teor de manganês extraível em ditionito de sódio e associado aos óxidos cristalinos e o manganês total nos horizontes dos Planossolos da RPPN SESC Pantanal (n = 24).

y = 0,628x + 3,9225R2 = 0,7971

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

Teor de Mn-total (mg kg -1)

Teo

r de

Mn-

ditio

nito

(mg

kg-1

)

y = 0,4754x + 18,203

R2 = 0,7561

0

100

200

300

400

500

600

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Teor de Mn-total (mg kg -1)

Teo

r de

Mn-

cris

talin

o (M

ndc

b - M

nox

) (m

g kg

-1)

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137

O teor de manganês ligado aos óxidos de baixa cristalinidade foi

obtido pelos extratores oxalato de amônio (Mnox) e cloridrato de

hidroxilamina (Mnhi). Por extraírem formas geoquímicas semelhantes de

manganês, a correlação entre essas variáveis é positiva e significativa (r =

0,67, p<0,05) para os Planossolos da RPPN.

Os teores de Mnox variam de 0,0 a 215,25 mg kg-1 (Tabela 20), com

média de 63,4 ± 75,1 mg kg-1 nos Planossolos em estudo, e são valores

menores que os obtidos por Beirigo (2008) em solos semelhantes na mesma

área (0,0 a 870 mg kg-1).

Segundo Chao e Zhou (1983), a porção realmente reativa é aquela

determinada pelo método da dissolução seletiva com cloridrato de

hidroxilamina. Portanto, a fração Mnhi é denominada de manganês

facilmente redutível, cujos teores variam de 0,0 a 82,72 mg kg-1 nos

Planossolos da RPPN, com maior valor no Planossolo Nátrico (perfil P09) e

Planossolo Háplico eutrófico (perfil P04) (Figura 37, Tabela 20). Esses perfis

também apresentam os maiores teores de ferro ligado aos óxidos de baixa

cristalinidade, sugerindo que os elementos foram recentemente depositados

e não tiveram tempo para cristalizar-se, provavelmente devido às condições

de Eh e pH locais.

A distribuição do manganês ligado à matéria orgânica (Mnpi) é

semelhante nos Planossolos (Tabela 20) e tem menor variação entre os

horizontes. Seus maiores teores são encontrados no Planossolo Nátrico

(P09) e Planossolo Háplico eutrófico (P19), sob vegetação Floresta. Esta

fração do manganês tem relação positiva com o carbono orgânico nos perfis

P09 e P43 (Figura 39A). Comportamento semelhante é observado com o Mn

ligado aos óxidos mal cristalizados (Mnox), cujas correlações com o carbono

são significativas nos perfis P43 e P04 (Figura 39B).

Cabe ressaltar que no perfil P04, um Planossolo Háplico eutrófico, o

conteúdo de manganês associado aos óxidos de baixa cristalinidade foi

extraído em maior quantidade com a hidroxilamina (Mnhi), demonstrando a

seletividade deste extrator para formas mal cristalizadas e amorfas de

manganês nesse solo.

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138

FIGURA 39. Relações entre o teor de carbono orgânico total e o

manganês extraível em pirofosfato de sódio e oxalato de amônio nos horizontes dos Planossolos da RPPN SESC Pantanal.

Perfil P43y = 1,9652x + 19,757

R2 = 0,4096

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Carbono orgânico total (g kg -1)

Teo

r de

Mn-

piro

fosf

ato

(mg

kg-1

)

Perfil P09y = 2,2263x + 175,72

R2 = 0,8086

180,0

182,0

184,0

186,0

188,0

190,0

192,0

194,0

2 4 6 8 10

Carbono orgânico total (g kg -1)

Teo

r de

Mn-

piro

fosf

ato

(mg

kg-1

)

Perfil P43y = 0,0828x + 16,098

R2 = 0,77

15,015,5

16,016,5

17,017,5

18,018,5

19,019,5

20,0

0 5 10 15 20

Carbono orgânico total (g kg -1)

Teo

r de

Mn-

oxal

ato

(mg

kg-1

)

Perfil P04 y = 2,0615x + 0,2211

R2 = 0,4185

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

0 2 4 6 8 10

Carbono orgânico total (g kg -1)

Teo

r de

Mn-

oxal

ato

(mg

kg-1

)

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139

4.3.4 Geoquímica do ferro e do manganês nos Plintos solos

Os teores de ferro e manganês extraídos seletivamente dos

Plintossolos da RPPN foram analisados em todos os horizontes dos perfis.

Dentre os Plintossolos analisados, os mais representativos são os

Argilúvicos, que ocorrem associados às feições geomórficas Vazantes,

Cordilheira, Planícies Fluviais e Baías, associadas às fisionomias vegetais

de Cerrado stricto senso, Floresta Estacional Semidecidual com Acuri,

Cambarazal, Pirizal e Pimental, respectivamente (Beirigo et al., 2010).

Os Plintossolos analisados são classificados como: Plintossolo Pétrico

litoplíntico êndico (FFlf), Plintossolo Argilúvico alumínico gleissólico (FTa),

Plintossolo Argilúvico distrófico espessarênico (FTd) e Plintossolo Argilúvico

eutrófico gleissólico (FTe).

4.3.4.1 Formas de ferro (Fe 2O3)

Os resultados das concentrações de ferro (g kg-1) associadas às

formas geoquímicas bem como suas relações e parâmetros estatísticos

descritivos estão na Tabela 21.

A distribuição das formas de ferro na maioria dos Plintossolos

Argilúvicos segue a seqüência: Fedcb > Fepi > Feoxa > Fehi, com o domínio

dos óxidos de Fe bem cristalizados e associados à matéria orgânica do solo,

corroborando as maiores relações Fedcb/Fet e Fepi/Fet (Tabela 21).

Somente no Plintossolo Pétrico (perfil P26), as formas inorgânicas

bem cristalizadas e de baixa cristalinidade determinaram a geoquímica do

ferro nesse perfil, onde Fedcb > Feox > Fepi > Fehi. A Figura 40 ilustra a

distribuição do ferro nos horizontes dos Plintossolos da RPPN.

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140

TABELA 21. Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Plintossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

119,465,369,740,845,596,2CV (%)

24,2427,460,691,922,7123,41Desvio padrão

20,3041,840,994,715,9524,31Média

0,040,030,090,8874,0987,000,552,837,7176,92110 – 150+5Cgf

0,150,130,300,8315,4822,160,552,836,7118,3168 – 1105C

0,060,050,080,7859,0480,690,513,916,6062,9545 – 684Bf

0,200,110,230,5612,2427,460,503,106,4415,3435 – 453Bf

0,050,040,060,88103,20123,320,625,367,49108,5622 – 352Bf

0,310,150,270,478,5826,420,613,877,2212,4510 – 22AB

0,290,140,310,498,8725,100,673,557,7612,420 – 10A

P27(FTe)

0,430,110,190,257,1250,490,765,479,3512,59175 – 200+Cf

0,370,130,220,359,3542,300,685,479,3014,82160 – 175Btgf3

0,410,140,240,358,1538,780,655,569,1913,70130 – 160Btgf2

0,370,100,160,279,2655,400,655,569,1414,8265 – 130Btgf1

0,510,030,050,060,5417,100,300,570,891,1158 – 65EB

0,500,070,120,140,537,600,250,540,901,0720 – 58E

0,530,090,150,170,486,000,280,550,881,030 – 20A

P31(FTd)

0,190,110,140,6125,2150,900,435,767,2030,97165 – 200+3C

0,210,160,160,7626,5443,980,626,97,0433,44100 – 1652Bfg

0,220,190,200,8824,6535,710,456,876,9931,5250 - 95Btfg

0,160,130,210,8026,3939,151,155,138,1731,5225 - 50AB

0,160,230,411,4024,5620,901,564,768,6029,320 - 25A

P14(FTa)

0,350,240,140,6811,3025,602,146,193,6017,49130 - 175+2Cfg2

0,390,270,150,709,2822,002,066,013,2815,2970 - 1302Cfg1

0,410,310,140,768,5519,011,985,922,7414,4765 - 70BCfg1

0,380,160,070,4110,1139,572,106,282,7416,3925 - 65Bfg2

0,290,060,030,2215,89103,402,116,553,0622,4414 - 25Bfg1

0,450,140,140,318,1949,062,086,826,7215,020 - 14A

P26(FFlf)

g kg -1cm

Grau de cristalinidade

Feox/FetFePI/FetFedcb /Fet

Fe cristalino

FetFehiFeoxFepiFedcbProf.Horiz.Perfil 1

119,465,369,740,845,596,2CV (%)

24,2427,460,691,922,7123,41Desvio padrão

20,3041,840,994,715,9524,31Média

0,040,030,090,8874,0987,000,552,837,7176,92110 – 150+5Cgf

0,150,130,300,8315,4822,160,552,836,7118,3168 – 1105C

0,060,050,080,7859,0480,690,513,916,6062,9545 – 684Bf

0,200,110,230,5612,2427,460,503,106,4415,3435 – 453Bf

0,050,040,060,88103,20123,320,625,367,49108,5622 – 352Bf

0,310,150,270,478,5826,420,613,877,2212,4510 – 22AB

0,290,140,310,498,8725,100,673,557,7612,420 – 10A

P27(FTe)

0,430,110,190,257,1250,490,765,479,3512,59175 – 200+Cf

0,370,130,220,359,3542,300,685,479,3014,82160 – 175Btgf3

0,410,140,240,358,1538,780,655,569,1913,70130 – 160Btgf2

0,370,100,160,279,2655,400,655,569,1414,8265 – 130Btgf1

0,510,030,050,060,5417,100,300,570,891,1158 – 65EB

0,500,070,120,140,537,600,250,540,901,0720 – 58E

0,530,090,150,170,486,000,280,550,881,030 – 20A

P31(FTd)

0,190,110,140,6125,2150,900,435,767,2030,97165 – 200+3C

0,210,160,160,7626,5443,980,626,97,0433,44100 – 1652Bfg

0,220,190,200,8824,6535,710,456,876,9931,5250 - 95Btfg

0,160,130,210,8026,3939,151,155,138,1731,5225 - 50AB

0,160,230,411,4024,5620,901,564,768,6029,320 - 25A

P14(FTa)

0,350,240,140,6811,3025,602,146,193,6017,49130 - 175+2Cfg2

0,390,270,150,709,2822,002,066,013,2815,2970 - 1302Cfg1

0,410,310,140,768,5519,011,985,922,7414,4765 - 70BCfg1

0,380,160,070,4110,1139,572,106,282,7416,3925 - 65Bfg2

0,290,060,030,2215,89103,402,116,553,0622,4414 - 25Bfg1

0,450,140,140,318,1949,062,086,826,7215,020 - 14A

P26(FFlf)

g kg -1cm

Grau de cristalinidade

Feox/FetFePI/FetFedcb /Fet

Fe cristalino

FetFehiFeoxFepiFedcbProf.Horiz.Perfil 1 Grau de reatividade 1

1Feox/Fedcb

140

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141

FIGURA 40. Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Plintossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

O Fedcb varia entre 13,70 (perfil P31) e 108,56 (perfil P27) g kg-1, com

valor médio de 24,31 ± 23,41 g kg-1 nos Plintossolos da RPPN. Lima et al.

(2006) encontraram valores menores de Fedcb em Plintossolo Argilúvico no

Alto Solimões (AM), variando entre 7,03 e 24,13 g kg-1, tal como Anjos et al

(2007) em Plintossolos do Maranhão (1,0 a 17,5 g kg-1). Os baixos teores de

Fedcb e ferro total (Fet) observados no Plintossolo são indicadores da maior

mobilidade do Fe nesse ambiente.

O ferro associado aos óxidos bem cristalizados (Fedcb ) foi extraído em

maior quantidade nos perfis P27 e P14, ambos Plintossolos Argilúvicos com

caráter gleissólico, correspondendo a 88% do Fe total do horizonte 2Bf (perfil

A AB Btfg 2Bfg 3C

A AB 2Bf 3Bf 4Bf 5C 5Cgf

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142

P27) e Btfg (perfil P14) dos solos, segundo a relação Fedcb/Fet (x100) (Tabela

21). A relação Fedcb /Fet indica a reserva do elemento em outros grupos de

minerais que, por meio da ação do intemperismo, pode ser liberado da

estrutura cristalina e, eventualmente, transformar-se em óxidos (Cornell e

Schwertmann, 1996), geralmente associados à plintita, em concreções que

ocorrem predominantemente na fração areia fina.

Esses resultados são concordantes com a maior porcentagem de

ferro cristalino (Fedcb – Feoxa) desses perfis (Tabela 21). Considerando perfis

plínticos, a hematita e a goethita provavelmente são os óxidos de ferro

cristalinos dominantes na fração argila desses solos, e o Fedcb equivale,

portanto, ao ferro extraído desses minerais.

Para o Fedcb (Fe relativo aos óxidos de ferro pedogênicos), observa-

se a mesma tendência ocorrida nos teores de Fet, de acordo com a

correlação positiva e significativa entre as variáveis (Figura 41).

FIGURA 41. Relação entre o teor de ferro extraível em ditionito de sódio e associado aos óxidos cristalinos e o ferro total nos horizontes dos Plintossolos da RPPN SESC Pantanal (n =25).

O maior teor de Fedcb nos horizontes B dos Plintossolos (Figura 40)

pode ser atribuído à maior redução e posterior migração do ferro do

horizonte superficial, seguida de precipitação e segregação no horizonte

subsuperficial formando plintita (Lima et al., 2006). Esse processo ocasiona

teores mais elevados de ferro na parte inferior do perfil, em comparação ao

horizonte superficial, onde a matéria orgânica pode inibir a cristalização dos

óxidos de ferro (Lovley, 1995).

y = 0,6737x - 3,5833

R2 = 0,6361

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Teor de Fe-total (g kg -1)

Teo

r de

Fe-

ditio

nito

(g k

g-1

)

y = 0,6496x - 7,2178

R2 = 0,605

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Teor de Fe-total (g kg -1)

Teo

r de

Fe-

cris

talin

o (g

kg

-1)

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143

Anjos et al. (2007) utilizaram a relação Fedcb/Argila para verificar a

mobilização dos óxidos de ferro cristalinos com a argila no perfil de

Plintossolos. Uma distribuição uniforme nos horizontes indica que a argila e

os óxidos de Fe estão sendo mobilizados conjuntamente no perfil (Blume e

Schwertmann, 1969).

Ao aplicar essa relação nos Plintossolos da RPPN, verifica-se

aumento em profundidade, especialmente nos horizontes plínticos (Figura

42), indicando possível segregação dos óxidos de ferro da matriz do solo

durante o processo de formação da plintita (Rêgo, 1986). Apenas o perfil

P31 apresentou pouca variação do Fedcb/Argila nos horizontes, em função

do menor teor de argila desse perfil.

FIGURA 42. Distribuição da relação Fedcb/Argila nos horizontes dos

Plintossolos da RPPN SESC Pantanal.

O ferro extraído com pirofosfato (Fepi) constitui a segunda maior

fração geoquímica do ferro nos Plintossolos Argilúvicos (Figura 41), cujos

teores variam de 2,74 a 9,19 g kg-1, representando 16 a 22% do Fet (Fepi/Fet

x 100) (Tabela 21).

O Fepi é mais elevado nos horizontes superficiais dos Plintossolos da

RPPN, correlacionando-se significativa e positivamente com o teor de

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

0

10

22

35

45

68

110

Profundidade do perfil (cm)

Fedcb/Argila

P14

P26

P27P31

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144

carbono orgânico somente nos perfis P26 e P14 (r = 0,96 e 0,92, p<0,05,

respectivamente).

Observa-se maior variação dos valores de Fepi entre os horizontes A

e B nos perfis P26 e P31, enquanto que nos perfis P14 e P27, a

variabilidade dos resultados é menor (Tabela 21).

Isso indica diferentes padrões de distribuição do ferro extraído com

pirofosfato nos Plintossolos: no perfil P31, a textura mais arenosa dos

horizontes superficiais permitiu a translocação do Fepi no perfil; no perfil P26,

o horizonte A contém mais Fepi por estar associado ao maior teor de

carbono orgânico (31,9 g kg-1) nesse horizonte.

Por outro lado, o menor teor de carbono orgânico e os valores

próximos de Fepi nos horizontes B dos perfis P14 e P27 sugerem que o

extrato de pirofosfato pode conter formas inorgânicas de baixa cristalinidade

nesses perfis (Jeanroy e Guillet, 1984), que a princípio, seriam extraídas

pelo oxalato. Birnie e Paterson (1991) também encontraram semelhante

comportamento do Fe extraído com pirofosfato em solos imperfeitamente

drenados da Escócia.

O reagente oxalato de amônio em ácido oxálico remove as frações

menos cristalinas dos óxidos de ferro (Feox), que correspondem às frações

quimicamente ativas (Chao e Zhou, 1983). Apesar de alguns autores

indicarem que a ferrihidrita é preferencialmente extraída em oxalato de

amônio (Schwertmann, 1964; Parfitt e Childs, 1988), a presença de

lepidocrocita poderá contrariar essa interpretação, uma vez que também é

solúvel em oxalato (Pawluk, 1972). A ocorrência de lepidocrocita tem sido

relatada em alguns solos livremente drenados (Tarzi e Protz, 1978), mas é

geralmente associada a solos mal drenados, onde sua ocorrência está

associada à hidrólise oxidativa do Fe (II) produzida pelo ciclo redox (Birnie

e Paterson, 1991).

Nos Plintossolos da RPPN, o Feox teve menor variação nos perfis

(CV = 40,8%), com valores entre 5,36 e 6,87 g kg-1 (Tabela 17). Beirigo

(2008) encontrou valores bem menores de Feox (0,06 a 0,79 g kg-1) na

matriz de Plintossolos Argilúvicos no Pantanal de Barão de Melgaço (MT) e

Anjos et al. (2007) relatam teores de Feox de 0,8 a 2,1 g kg-1 em Plintossolos

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145

Argilúvicos em Pinheiros (MA). Lima et al. (2006) observaram teores de Feox

entre 1,17 e 14,43 g kg-1, em Plintossolo Argilúvico do Alto Solimões (AM).

Neste estudo, o conteúdo de ferro associado aos óxidos de baixa

cristalinidade (Feox) é maior no Plintossolo Pétrico (perfil P26),

principalmente no horizonte A, representando, em média, 14,6% do Fet

desse perfil (Feox/Fet x 100, Tabela 21). Isso está de acordo com o maior

teor de carbono orgânico nesse perfil (31,9 g kg-1 no horizonte A), que

dificulta a cristalização dos óxidos de ferro.

Coelho e Vidal-Torrado (2003) encontraram teores menores de Feox

variando entre 0,68 e 1,48 g kg-1 em Plintossolo Pétrico desenvolvido de

arenito da Formação Bauru. Segundo os autores, a presença de

quantidades significativas de Feox no Plintossolo Pétrico pode estar

relacionada com plintita e petroplintita ricas em óxidos de baixa

cristalinidade, provenientes da mobilização recente e deposição do Fe2+

durante a formação das plintitas. Em todos os perfis, os teores de Feox, Fedcb

e Fet são maiores nos horizontes plínticos, evidenciando a relação com a

presença de plintita.

Os horizontes superficiais apresentam maiores teores de Feox em

relação aos horizontes subsuperficiais (plínticos). Com isso, os horizontes

superficiais atuam como fonte de ferro para o processo de plintização que

ocorre nos horizontes subsuperficiais, pois as formas de ferro menos

cristalinas são mais suscetíveis de redução (Burdige, 1993). Segundo

Coelho e Vidal-Torrado (2003), os maiores valores de Feox em superfície

também podem ser atribuídos a materiais recentemente depositados,

evidenciando mecanismos atuais de remobilizações verticais nos perfis.

A relação Feox/Fedcb indica o conteúdo relativo de compostos de ferro

mal cristalizados (Blume e Schwertmann, 1969) e o grau de reatividade dos

óxidos de ferro (Kämpf e Curi, 2000). Nos Plintossolos da RPPN essa

relação obteve valores entre 0,06 e 0,53 (Tabela 21), com maiores valores

no Plintossolo Argilúvico distrófico espessarênico (perfil P31). Variações na

relação Feox/Fedcb foram determinadas por outros autores como Lima et al.

(2006) (Feox/Fedcb = 0,17 a 0,98) e Anjos et al. (2007) (Feox/Fedcb = 0,13 a

0,80), em Plintossolos Argilúvicos.

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146

Na maioria dos Plintossolos da RPPN o grau de reatividade dos

óxidos de ferro (Feox/Fedcb ) é mais elevado nos horizontes superficiais

(Tabela 21), o que indica a influência da matéria orgânica na redução do

grau de cristalização dos óxidos de ferro pedogênicos.

Entretanto, observa-se um aumento do grau de reatividade dos óxidos

de ferro nos horizontes B (nos horizontes Bfg2 do perfil P26, Btfg do perfil P14,

Btgf2 do P31 e 3Bf do P27) em relação ao horizonte subjacente (Tabela 21),

provavelmente devido à migração descendente de compostos amorfos e de

Fe2+ nesses horizontes, bem como o lento envelhecimento desses

compostos a baixos valores de pH dos horizontes B plínticos (Apêndice 1). O

ferro solúvel (Fe2+) e móvel pode reoxidar nesses horizontes, originando

compostos pouco cristalinos (ferrihidrita, por exemplo) (Schwertmann e

Kämpf, 1983).

Os resultados do ferro extraível em hidroxilamina (Fehi) mostram uma

variação de 0,45 a 2,10 g kg-1 nos Plintossolos da RPPN, com maior valor no

horizonte Bfg2 do Plintossolo Pétrico (perfil P26) (Tabela 21). Essa fração de

ferro apresenta correlação significativa com os teores de ferro extraídos com

oxalato ácido de amônio (Feox) (r = 0,60, p<0,05), revelando que esses

extratores removem formas semelhantes de ferro nos Plintossolos, em

particular ligado aos óxidos de baixa cristalinidade ou amorfos.

A Tabela 21 mostra que existem diferenças no Fe total e extraível

(Fedcb+Feox+Fepi) entre os horizontes dos Plintossolos. Nos perfis P14 e P26,

o Fe extraível distribui-se de maneira praticamente uniforme entre os

horizontes (Figura 43), enquanto que nos demais perfis observa-se um

incremento com a profundidade, principalmente nos horizontes Bf, devido à

presença de feições redoximórficas com maior intensidade nesses

horizontes e/ou mobilizações de ferro no perfil.

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147

FIGURA 43. Distribuição do teor de Fe extraível (g kg-1) com a profundidade dos Plintossolos da RPPN SESC Pantanal.

Portanto, a distribuição do Fe extraível é compatível com um ambiente

onde o Fe mobiliza-se dentro do perfil, concentrando-se em locais onde

condições oxidantes são favoráveis à formação de nódulos de Fe-Mn.

Isso está de acordo com Zhang e Ghong (2003), que afirmam que a

inundação sazonal reduz os minerais de ferro e mobiliza o ferro como Fe2+,

onde a subseqüente drenagem e re-oxidação levam à reprecipitação do ferro

como concreções, mosqueados ou nódulos.

Esse ciclo causa rápida diferenciação na distribuição do ferro e do

manganês, e vários processos contribuem para a perda do ferro e outros

elementos em solos de áreas úmidas, incluindo iluviação, redução e

complexação com a matéria orgânica (Gong, 1992). O aporte de novos

materiais via processos de sedimentação podem retardar o processo de

perda dos elementos.

4.3.4.2 Formas de manganês (MnO 2)

A distribuição do conteúdo de manganês total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina dos Plintossolos da RPPN SESC

Pantanal são apresentados na Tabela 22.

Assim como o ferro, o manganês está sujeito às reações de redução e

remoção, resultando em baixos valores deste elemento nos Plintossolos da

RPPN, em todas as frações analisadas. De forma semelhante, os menores

0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0

0

1 0

2 2

3 5

4 5

6 8

1 10

P r o fu n d id a d e d o p e r f i l ( c m )

F e e x t ra í v e l (F e d c b + F e o x + F e p i )

P14

P27 P31

P26

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148

teores de Mn foram observados em um Plintossolo da região do Alto

Solimões (AM), por Lima et al. (2006).

A distribuição das quantidades extraíveis de manganês nos

Plintossolos revela que o manganês dos Plintossolos Argilúvicos é extraído

na seqüência: Mndcb > Mnpi > Mnox > Mnhi (Figura 44), onde o manganês

associado aos óxidos pedogênicos e à matéria orgânica são dominantes

nesses solos. Já no Plintossolo Pétrico (perfil P26), o manganês associado

aos óxidos cristalinos e de baixa cristalinidade (Mndcb e Mnox) é

predominante devido à presença de nódulos de Fe-Mn em diferentes

estádios de cristalização.

Os teores totais de manganês (Mnt) nos Plintossolos estudados

encontram-se entre 50 e 800 mg MnO2 kg-1 (Tabela 22), com maior valor no

horizonte A do Plintossolo Argilúvico eutrófico (perfil P27) e no horizonte Btgf2

do Plintossolo Argilúvico distrófico (perfil P31). Os menores teores de Mnt

estão nos horizontes subsuperficiais do Plintossolo Argilúvico alumínico

(perfil P14).

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149

TABELA 22. Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Plintossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

105,8111,5166,0129,4107,6108,5CV (%)

112,25225,1811,0652,1045,41158,71Desvio padrão

106,09202,006,6740,2542,22146,34Média

0,150,301,40250,00200,001,9530,0060,00280,00110 – 150+5Cgf

0,000,200,189,0050,001,780,0010,009,0068 – 1105C

0,000,200,6030,0050,001,730,0010,0030,0045 – 684Bf

0,000,200,6030,0050,001,610,0010,0030,0035 – 453Bi

0,000,120,4623,0050,001,610,006,0023,0022 – 352Bf

0,000,120,4422,0050,001,610,006,0022,0010 – 22AB

0,030,080,27191,37800,003,0827,2560,00218,620 – 10A

P27(FTe)

0,220,270,80343,74600,0011,46133,38162,26477,13175 – 200+Cf

0,320,401,24369,02400,009,20127,66158,98496,68160 – 175Btgf3

0,200,080,71357,57700,0017,94139,1159,00496,68130 – 160Btgf2

0,250,950,9570,47100,004,6824,9630,4995,4365 – 130Btgf1

0,250,950,9570,47100,000,8824,9630,4995,4358 – 65EB

0,250,950,9570,47100,000,9424,9630,4995,4320 – 58E

0,230,950,9572,18100,000,9423,2429,8395,430 – 20A

P31(FTd)

0,200,200,6020,0050,000,0010,0010,0030,00165 – 200+3C

0,280,200,6016,0050,0025,0014,0010,0030,00100 – 1652Big

0,260,240,6017,0050,000,0013,0012,0030,0050 - 95Btfg

0,240,240,6018,0050,000,0012,0012,0030,0025 - 50AB

0,260,300,64151,56400,0051,52105,50119,65257,060 - 25A

P14(FTa)

0,000,200,6030,0050,000,000,0010,0030,00130 - 175+2Cfg2

0,000,200,6030,0050,000,000,0010,0030,0070 - 1302Cfg1

0,000,200,8040,0050,000,000,0010,0040,0065 - 70BCfg1

0,030,200,6028,5050,000,001,5010,0030,0025 - 65Bfg2

0,500,321,12185,50300,0015,00150,0095,00335,5014 - 25Bfg1

0,240,160,59206,28600,0015,69144,8393,42351,110 - 14A

P26(FFlf)

mg kg -1cm

Mnox/MntMnpi/Mnt2Mndcb /Mn t

2

Mn cristalino

MntMnhiMnoxMnpiMndcbProf.Horiz.Perfil 1

105,8111,5166,0129,4107,6108,5CV (%)

112,25225,1811,0652,1045,41158,71Desvio padrão

106,09202,006,6740,2542,22146,34Média

0,150,301,40250,00200,001,9530,0060,00280,00110 – 150+5Cgf

0,000,200,189,0050,001,780,0010,009,0068 – 1105C

0,000,200,6030,0050,001,730,0010,0030,0045 – 684Bf

0,000,200,6030,0050,001,610,0010,0030,0035 – 453Bi

0,000,120,4623,0050,001,610,006,0023,0022 – 352Bf

0,000,120,4422,0050,001,610,006,0022,0010 – 22AB

0,030,080,27191,37800,003,0827,2560,00218,620 – 10A

P27(FTe)

0,220,270,80343,74600,0011,46133,38162,26477,13175 – 200+Cf

0,320,401,24369,02400,009,20127,66158,98496,68160 – 175Btgf3

0,200,080,71357,57700,0017,94139,1159,00496,68130 – 160Btgf2

0,250,950,9570,47100,004,6824,9630,4995,4365 – 130Btgf1

0,250,950,9570,47100,000,8824,9630,4995,4358 – 65EB

0,250,950,9570,47100,000,9424,9630,4995,4320 – 58E

0,230,950,9572,18100,000,9423,2429,8395,430 – 20A

P31(FTd)

0,200,200,6020,0050,000,0010,0010,0030,00165 – 200+3C

0,280,200,6016,0050,0025,0014,0010,0030,00100 – 1652Big

0,260,240,6017,0050,000,0013,0012,0030,0050 - 95Btfg

0,240,240,6018,0050,000,0012,0012,0030,0025 - 50AB

0,260,300,64151,56400,0051,52105,50119,65257,060 - 25A

P14(FTa)

0,000,200,6030,0050,000,000,0010,0030,00130 - 175+2Cfg2

0,000,200,6030,0050,000,000,0010,0030,0070 - 1302Cfg1

0,000,200,8040,0050,000,000,0010,0040,0065 - 70BCfg1

0,030,200,6028,5050,000,001,5010,0030,0025 - 65Bfg2

0,500,321,12185,50300,0015,00150,0095,00335,5014 - 25Bfg1

0,240,160,59206,28600,0015,69144,8393,42351,110 - 14A

P26(FFlf)

mg kg -1cm

Mnox/MntMnpi/Mnt2Mndcb /Mn t

2

Mn cristalino

MntMnhiMnoxMnpiMndcbProf.Horiz.Perfil 1

149

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150

FIGURA 44. Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos

Plintossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Os óxidos de manganês bem cristalizados (Mndcb ) são formas

geoquímicas dominantes nos Plintossolos da RPPN SESC Pantanal (Figura

44), com valores entre 9,0 a 496,7 mg kg-1 e média de 146,34 ± 158,71 mg

kg-1 nos perfis (Tabela 22), onde o perfil P31 (Plintossolo Argilúvico distrófico

espessarênico) apresenta maiores teores de Mndcb (496,68 mg kg-1 no Btfg2).

Beirigo (2008) encontrou Mndcb variando de 0,0 a 740,0 mg kg-1 em

Plintossolos Argilúvicos de Barão de Melgaço (MT), com maiores valores

nos horizontes superiores, sendo que em muitos horizontes B, o teor de Mn

extraível esteve abaixo do limite de detecção do método.

O manganês extraível se distribui em maior quantidade nos horizontes

superficiais dos Plintossolos, com exceção do perfil P31, um Plintossolo

A AB 2Bf 3Bf 4Bf 5C 5Cgf

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151

Argilúvico eutrófico espessarênico, cujos teores são maiores nos horizontes

B, tal como os teores de Mnt e argila, indicando possível transporte do

elemento até os horizontes inferiores devido à redução e mobilização.

As recentes deposições e formação de feições redoximórficas são

responsáveis pela baixa cristalinidade dos compostos manganíferos (Coelho

e Vidal-Torrado, 2003). Isso reflete nos teores de Mnox e Mnhi dos

Plintossolos, cujos valores variam de 0,0 a 150,0 mg kg-1 (média de 40,25 ±

52,10 mg kg-1) de Mnox e de 0,0 a 51,5 mg kg-1 (média de 6,67 ± 11,06 mg

kg-1) de Mnhi (Tabela 22). Lima et al. (2006) encontraram valores de Mnox

variando de 0,0 a 20,0 mg kg-1, enquanto Coelho e Vidal-Torrado (2003)

obtiveram valores entre 3,63 e 71,69 mg kg-1, ambos em Plintossolos

Argilúvicos.

Os maiores valores de Mnox são encontrados nos horizontes A e Bfg1

do perfil P26 (Plintossolo Pétrico) e horizontes B do perfil P31 (Plintossolo

Argilúvico). Alguns horizontes B e C dos perfis P26 e P27 apresentam teores

de Mnox igual a zero (Tabela 22).

Quanto ao Mnhi, o perfil P14 (Plintossolo Argilúvico) obteve os

maiores valores nos horizontes A e 2Bfg (Figura 44, Tabela 22). Esses teores

podem estar relacionados à presença de nódulos de Fe-Mn compostos de

óxidos de baixa cristalinidade (principalmente no perfil P26 e P14), e por

lixiviação do manganês no perfil, devido ao caráter espessarênico dos

horizontes superiores do perfil P31.

Os teores de manganês associados à matéria orgânica (Mnpi) variam

de 6,0 a 162,26 mg kg-1 (média de 42,22 ± 107,6 mg kg-1) nos Plintossolos

da RPPN (Tabela 22), com maiores valores nos horizontes inferiores do

perfil P31, em função da mobilização do elemento complexado com a

matéria orgânica no perfil, facilitada pela textura arenosa em superfície.

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152

4.3.5 Geoquímica do ferro e do manganês nos Cambiss olos

Os teores de ferro e manganês extraídos seletivamente dos

Cambissolos Flúvicos da RPPN SESC Pantanal foram analisados em todos

os horizontes dos perfis. Esses solos são caracterizados pela distribuição

errática de carbono e de textura dentro de 120 centímetros a partir da

superfície do solo, normalmente com mudança textural abrupta entre um ou

mais horizontes ao longo do perfil, características herdadas dos processos

de sedimentação.

Ocorrem associados ao terraço fluvial do Rio São Lourenço e diques

marginais do Rio Cuiabá, com fisionomia vegetal Floresta Estacional

Semidecidual com Acuri e Mata Ripária, respectivamente (Beirigo et al.,

2010).

Os Cambissolos analisados foram classificados como: Cambissolo

Flúvico Ta eutrófico típico (CYve), Cambissolo Flúvico Tb eutrófico

gleissólico (CYbe) e Cambissolo Flúvico Tb distrófico gleissólico (CYbd).

4.3.5.1 Formas de ferro (Fe 2O3)

A Tabela 23 apresenta os teores de ferro total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina dos Cambissolos, cuja variação entre os

horizontes está ilustrada na Figura 45.

Os óxidos de ferro de alta cristalinidade (Fedcb ), representados

geralmente pela goethita e hematita, predominam na geoquímica do ferro

dos Cambissolos, representando 49,6% (em média) do ferro total (Fedcb/Fet x

100). Os teores de Fedcb variam entre 7,59 e 31,21 g kg-1 nos Cambissolos

da RPPN, com média de 19,94 ± 8,35 g kg-1 (Tabela 23), com maiores

valores nos horizontes inferiores (B ou C).

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153

TABELA 23. Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Cambissolos Flúvicos do Pantanal Norte-matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

47,942,250,251,057,141,8CV (%)

6,3016,940,373,474,658,35Desvio padrão

13,1540,160,746,808,1519,94Média

0,240,190,370,8023,0037,451,127,0913,8230,09150-1807C

0,250,100,190,4122,7873,980,997,6813,8230,46125 - 1506C

0,150,100,230,6317,3832,310,773,087,5520,4695 - 1255C

0,350,160,200,4520,2568,860,9410,9613,5531,2185 -954C

0,220,140,300,6412,3224,700,403,407,3915,7255 - 853C

0,370,170,200,4619,3265,690,8011,1413,4430,4640 - 552C

0,360,200,250,5619,1652,930,7610,5613,3329,7220 - 40C

0,400,220,280,5617,1051,440,7411,5014,2528,603 - 20Big

0,240,110,230,4520,9760,900,986,5113,8727,480 - 3A

P37(CYbd)

0,360,190,110,5317,9352,951,4610,285,9728,22130 - 160+4C

0,410,240,120,5815,6845,571,3810,885,3826,5770 - 130 3Bg

0,480,300,130,6213,7342,481,3312,565,7026,2940 - 70 2Bg

0,510,220,100,4412,9659,541,2713,335,8126,295 - 40Big

0,220,100,140,4718,3250,021,335,226,9923,540 - 5A

P34(CYbe)

0,120,060,270,499,8823,030,671,396,3111,27154 - 210+C

0,180,110,350,6118,0235,880,663,8812,4721,90105 - 154BC

0,190,100,310,5417,3340,000,644,1912,4221,5262 - 105Bi2

0,310,120,240,3914,5654,650,616,5912,9021,1530 - 62Bi1

0,530,220,260,429,8049,700,7010,9812,7920,7817 - 30A2

0,340,190,360,5512,9035,480,696,7612,8519,660 - 17A1

P06(CYve)

0,360,150,120,437,3426,590,354,103,0611,44150 - 180+5C

0,210,110,130,517,9319,640,302,132,5810,07145 - 1504C

0,390,140,100,356,6230,930,334,273,0610,89120 - 1453C

0,260,170,160,646,8314,540,292,412,379,24110 - 1202C2

0,550,160,100,305,0537,740,406,113,7611,17105 - 1102C

0,590,310,150,533,9417,860,385,582,639,5275 - 105Bi

0,620,300,150,493,4318,480,355,532,748,9750 - 75AB

0,600,240,130,403,2720,450,434,872,748,1430 - 50A2

0,550,200,130,363,4020,870,254,192,697,590 - 30A1

P05(CYve)

g kg -1cm

Grau de cristalinidade

Feox/FetFePI/FetFedcb /Fet

Fe cristalinoFetFehiFeoxFepiFedcbProf.Horiz.Perfil

47,942,250,251,057,141,8CV (%)

6,3016,940,373,474,658,35Desvio padrão

13,1540,160,746,808,1519,94Média

0,240,190,370,8023,0037,451,127,0913,8230,09150-1807C

0,250,100,190,4122,7873,980,997,6813,8230,46125 - 1506C

0,150,100,230,6317,3832,310,773,087,5520,4695 - 1255C

0,350,160,200,4520,2568,860,9410,9613,5531,2185 -954C

0,220,140,300,6412,3224,700,403,407,3915,7255 - 853C

0,370,170,200,4619,3265,690,8011,1413,4430,4640 - 552C

0,360,200,250,5619,1652,930,7610,5613,3329,7220 - 40C

0,400,220,280,5617,1051,440,7411,5014,2528,603 - 20Big

0,240,110,230,4520,9760,900,986,5113,8727,480 - 3A

P37(CYbd)

0,360,190,110,5317,9352,951,4610,285,9728,22130 - 160+4C

0,410,240,120,5815,6845,571,3810,885,3826,5770 - 130 3Bg

0,480,300,130,6213,7342,481,3312,565,7026,2940 - 70 2Bg

0,510,220,100,4412,9659,541,2713,335,8126,295 - 40Big

0,220,100,140,4718,3250,021,335,226,9923,540 - 5A

P34(CYbe)

0,120,060,270,499,8823,030,671,396,3111,27154 - 210+C

0,180,110,350,6118,0235,880,663,8812,4721,90105 - 154BC

0,190,100,310,5417,3340,000,644,1912,4221,5262 - 105Bi2

0,310,120,240,3914,5654,650,616,5912,9021,1530 - 62Bi1

0,530,220,260,429,8049,700,7010,9812,7920,7817 - 30A2

0,340,190,360,5512,9035,480,696,7612,8519,660 - 17A1

P06(CYve)

0,360,150,120,437,3426,590,354,103,0611,44150 - 180+5C

0,210,110,130,517,9319,640,302,132,5810,07145 - 1504C

0,390,140,100,356,6230,930,334,273,0610,89120 - 1453C

0,260,170,160,646,8314,540,292,412,379,24110 - 1202C2

0,550,160,100,305,0537,740,406,113,7611,17105 - 1102C

0,590,310,150,533,9417,860,385,582,639,5275 - 105Bi

0,620,300,150,493,4318,480,355,532,748,9750 - 75AB

0,600,240,130,403,2720,450,434,872,748,1430 - 50A2

0,550,200,130,363,4020,870,254,192,697,590 - 30A1

P05(CYve)

g kg -1cm

Grau de cristalinidade

Feox/FetFePI/FetFedcb /Fet

Fe cristalinoFetFehiFeoxFepiFedcbProf.Horiz.Perfil Grau de reatividade 1

1Feox/Fedcb

153

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154

A distribuição do ferro extraível nos Cambissolos Flúvicos, por ordem

de predominância, é: Fedcb > Feox > Fepi > Fehi (nos perfis P05 e P34) e Fedcb

> Fepi > Feox > Fehi (nos perfis P06 e P37) (Figura 45). Essa distribuição

demonstra que os mesmos tipos de Cambissolos diferem entre si quanto à

geoquímica do ferro nos seus horizontes, e que a estratificação inerente ao

caráter flúvico desses solos influencia as formas do ferro encontradas.

Igwe et al. (2010) encontraram padrão de distribuição semelhante à

dos perfis P05 e P34 em Cambissolos do sudeste da Nigéria, onde Fedcb >

Feox > Fepi, enquanto que Zanelli et al. (2007) encontraram formas de ferro

na seqüência Fedcb > Fepi > Feox em Cambissolos no sul da Suíça e norte da

Itália, semelhante à distribuição nos perfis P06 e P37 da RPPN.

FIGURA 45. Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Cambissolos Flúvicos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

A1 A2 AB Bi 2C 2C2 3C 4C 5C A1 A2 Bi1 Bi2 BC C

A Big 2Bg 3Bg 4C

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155

O conteúdo dos óxidos de ferro cristalinos estimado pela diferença

Fedcb - Feoxa é maior nos Cambissolos Flúvicos com horizonte glei (perfis

P34 e P37) (Tabela 23), indicando que a presença de mosqueados

resultantes de segregação de ferro e precipitação na forma de óxidos

contribui para o teor de Fecristalino nesses perfis.

Esses solos ocorrem na planície de inundação do Rio Cuiabá, onde

os processos de sedimentação são ativos e ocorrem concomitantemente aos

processos de formação de solos (Beirigo et al., 2010), com evidências de

redistribuição do ferro e do manganês no perfil dos solos (processos

redoximórficos).

Tanto o Fedcb quanto o Fecristalino dos Cambissolos Flúvicos

correlacionam-se diretamente com o Fet dos solos, conforme Figura 46.

FIGURA 46. Relação entre o teor de ferro extraível em ditionito de sódio e associado aos óxidos cristalinos e o ferro total nos horizontes dos Cambissolos Flúvicos da RPPN SESC Pantanal (n = 29).

Observando os valores de Fedcb e Fecristalino nos perfis (Tabela 23),

constata-se que o aumento coincide com os teores mais elevados de argila

no perfil (Apêndice 3), sugerindo a migração do óxido em conjunto com a

argila, conforme correlação positiva e significativa entre essas variáveis (r =

0,61; p<0,05). A migração do ferro com a argila já foi relatada por outros

autores em solos diversos (Silva Neto et al., 2008; Igwe et al., 2010; Santos

et al., 2010).

A relação Fedcb /Fet dos horizontes B dos perfis P05 e P34 (Tabela 23)

indica que aproximadamente 50% do ferro presente nestes horizontes

apresenta-se sob a forma de óxidos de ferro pedogênicos (Kämpf et al.,

y = 1,7841x + 4,5772

R2 = 0,7729

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Teor de Fe-ditionito (g kg -1)

Teo

r de

Fer

ro to

tal (

g kg

-1)

y = 2,0656x + 13,008

R2 = 0,5907

0

20

40

60

80

100

0 5 10 15 20 25

Teor de Fe-cristalino (g kg -1)

Teo

r de

Fer

ro to

tal (

g kg

-1)

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156

1988). Já os outros perfis apresentam valores menores (0,39 no P06 e 0,44

no P34). Tal comportamento é geralmente associado a um baixo grau de

intemperismo dos solos (Pereira e Anjos, 1999), mas no caso dos

Cambissolos com caráter flúvico, a relação Fedcb/Fet estaria expressando as

características herdadas dos sedimentos da Formação Pantanal.

O teor de ferro dos óxidos de baixa cristalinidade (Feox) é indicativo da

presença de ferrihidrita (Schwertmann et al., 1982), cujos conteúdos variam

de 2,13 a 13,33 g kg-1 nos Cambissolos da RPPN, com média de 6,80 ± 3,47

g kg-1 (Tabela 23). Os maiores valores encontram-se nos horizontes

superficiais, especialmente dos perfis P05 e P06 (ambos Cambissolos

Flúvicos eutróficos), corroborando a relação positiva e significativa com o

carbono orgânico total nesses perfis (r = 0,49, p<0,05).

Nos Cambissolos Flúvicos com horizonte glei (perfis P34 e P37), o

Feox não é maior em superfície como nos outros perfis, indicando que as

fontes do ferro nesta fração podem ser os mosqueados e nódulos ricos em

óxidos de Fe de baixa cristalinidade, provenientes da mobilização recente e

reprecipitação do Fe2+ durante a sua formação em ambiente hidromórfico.

Além disso, esses perfis (P37 e P34) apresentam acúmulo de argila nos

horizontes Bi, favorecendo a mobilização dos óxidos mal cristalizados a essa

profundidade.

O teor de ferro extraído com cloridrato de hidroxilamina (Fehi) também

corresponde às formas menos cristalizadas, e sua variação foi de 0,25 a

1,46 g kg-1 (média de 0,74 ±0,37 g kg-1) nos Cambissolos Flúvicos (Tabela

23). Em função da baixa seletividade do extrator para o ferro, seus valores

representam apenas 1,8%, em média, da distribuição do Fet nos

Cambissolos (Fehi/Fet x 100, Tabela 19), com maior valor também observado

no perfil P34.

O ferro associado à matéria orgânica (Fepi) tem a maior proporção

nos perfis P06 (CYve) e P37 (CYbd), porém, sua distribuição nos horizontes

é heterogênea, em função da estratificação dos perfis flúvicos em relação ao

carbono. Por isso, seu coeficiente de variação (CV) nos Cambissolos foi o

maior (57,1%), com valores variando de 2,37 a 14,25 g kg-1 (média de 8,15

g kg-1) (Tabela 23).

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157

Zanelli et al. (2007) também encontraram teores de ferro extraídos

com pirofosfato de sódio (média de 6,3 g kg-1) superiores ao extraído com

oxalato de amônio (média de 5,8 g kg-1) em Cambissolos órticos, sob três

diferentes tipos vegetacionais. Os autores citam que esse fenômeno é

muitas vezes encontrado em solos ricos em complexos organometálicos, e a

habilidade do pirofosfato de sódio em dissolver parcialmente fases minerais

mal cristalizadas tem sido usada como argumento contra o uso desse

extrator para expressar a quantidade de matéria orgânica complexada com

cátions metálicos (Kaiser e Zeech, 1996).

Neste estudo, o perfil P34 foi o único Cambissolo a apresentar

correlação positiva e significativa entre o Fepi e o carbono orgânico total (r =

0,91, p<0,05), conforme observado por outros autores (Bera et al., 2005;

Thanachit et al., 2006; Zanelli et al., 2007; Igwe et al., 2010), confirmando a

alta especificidade deste extrator para oxihidróxidos organicamente

complexados.

O grau de reatividade dos óxidos de ferro nos Cambissolos Flúvicos

da RPPN (Feox/Fedcb ) varia de 0,12 a 0,62 e são menores nos horizontes B

e C (Tabela 23). Santos et al. (2010) encontraram valores entre 0,12 e 0,91

em Cambissolos Háplicos em Pinheiral (RJ).

Os maiores valores da relação Feox/Fedcb estão na superfície dos

perfis P05 e P06 (0,55 e 0,44, média dos horizontes A1 e A2), compatíveis

com o menor grau de intemperismo dos solos e maiores teores de carbono

orgânico das amostras (Apêndice 1). Esse favorecimento da matéria

orgânica na manutenção dos óxidos de ferro de baixa cristalinidade nos

solos é freqüentemente verificado em outros estudos, com solos distintos e

entre horizontes do mesmo perfil (Dick et al., 2005; Costantini et al., 2006;

Zanelli et al., 2007; Santos et al., 2010).

Contudo, nos perfis P34 e P37 (ambos com caráter gleissólico), a

relação Feox/Fedcb são maiores nos horizontes B, indicando que nesses

horizontes predominam os óxidos de baixa cristalinidade na fração argila.

Elevadas quantidades de Feox são associadas a horizontes que tenham alta

carga dependente de pH e alta capacidade de fixação de P (McKeague e

Day, 1966). Bruun et al. (2010) afirmam que os óxidos de ferro reativos,

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158

extraíveis em oxalato de amônio (Feox), controlam a estabilização do

carbono orgânico em solos tropicais cauliníticos, como os Cambissolos da

RPPN, cuja mineralogia da fração argila é composta por caulinita (Tabela 2).

A distribuição do Fe extraível (Fe dcb+Feox+Fepi) com a profundidade

mostra que os óxidos de ferro pedogênicos e complexados com a matéria

orgânica se distribuem de forma uniforme nos horizontes dos Cambissolos

P05 e P34, enquanto que nos perfis P06 e P37 há uma diminuição do Fe

extraível a partir de 55 cm de profundidade (Figura 47).

FIGURA 47. Distribuição do teor de Fe extraível (g kg-1) com a

profundidade dos Cambissolos Flúvicos da RPPN SESC Pantanal.

Nesse caso, a maior parte do ferro total em profundidade pode estar

associada a minerais silicatados, principalmente caulinita, conforme

observou Melo et al. (2002) em solos e sedimentos do Grupo Barreiras.

Entretanto, nos Cambissolos do Pantanal Norte Matogrossense, a hipótese

mais provável para os baixos teores de Fe extraível nos perfis P06 e P37

seria a deposição de sedimentos pobres em ferro nessa camada.

0 50 100 150 200

0

3

20

40

55

85

95

125

150

Profundidade do perfil

(cm)

Fe extraível (Fe dcb +Feox+Fepi)

P37

P06

P05

P34

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159

4.3.5.2 Formas de manganês (MnO 2)

A distribuição do conteúdo de manganês total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina nos Cambissolos Flúvicos da RPPN

SESC Pantanal é apresentada na Tabela 24.

O manganês extraído por dissolução seletiva seguiu a seqüência:

Mndcb > Mnpi > Mnhi > Mnox (Figura 48), com predominância do manganês

associado aos óxidos bem cristalizados e complexados com a matéria

orgânica.

FIGURA 48. Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Cambissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

A1 A2 AB Bi 2C 2C2 3C 4C 5C A1 A2 Bi1 Bi2 BC C

A Big 2Bg 3Bg 4C

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160

TABELA 24. Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Cambissolos Flúvicos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

74,6074,80107,14217,6779,2180,06CV (%)

272,28441,0621,5973,0394,97319,06Desvio padrão

365,00589,6620,1533,55119,90398,55Média

0,0870,080,28137,86700,009,0061,2057,69199,06150-1807C

0,1510,140,47667,572100,0043,20317,98283,55985,54125 - 1506C

0,0150,110,39185,77500,000,837,4356,71193,2095 - 1255C

0,1420,180,65816,691600,0034,03227,52283,551044,2185 -954C

0,0260,180,62177,51300,000,437,8755,40185,3855 - 853C

0,1420,311,01779,35900,0013,43127,98276,99907,3340 - 552C

0,0490,140,44157,95400,001,5019,6054,41177,5520 - 40C

0,0080,190,59173,06300,000,772,5458,35175,603 - 20Big

nd0,140,43173,64400,000,600,0054,41173,640 - 3A

P37(CYbd

0,0250,200,43480,001.200,0080,0030,00240,00510,00130 - 160+4C

0,0430,180,45247,00600,0025,0025,50110,00272,5070 - 130 3Bg

nd0,230,58288,50500,0015,000,00113,00288,5040 - 70 2Bg

nd0,220,51257,00500,0015,500,00111,50257,005 - 40Big

nd0,220,55272,50500,0010,000,00110,00272,500 - 5A

P34(CYbe)

nd0,150,41123,00300,000,000,0046,00123,00154 - 210+C

nd0,150,40121,00300,000,000,0046,00121,00105 - 154BC

nd0,150,40119,00300,000,900,0045,00119,0062 - 105Bi2

0,0100,110,29110,89400,009,934,1144,00115,0030 - 62Bi1

0,0570,481,281098,45900,0069,1851,35435,981149,8017 - 30A2

0,0530,160,931046,701.200,0073,1363,99186,851110,690 - 17A1

P06(CYve)

nd0,350,94382,50300,0025,000,00105,00282,50150 - 180+5C

nd0,301,38415,00300,0020,000,0090,00315,00145 - 1504C

nd0,421,00400,00200,0020,000,0085,00200,00120 - 1453C

nd0,432,05410,00200,0020,000,0085,00210,00110 - 1202C2

nd0,290,67400,00300,0020,000,0087,00200,00105 - 1102C

0,0130,231,04409,98400,0018,795,0293,42415,0075 - 105Bi

0,0150,221,04409,08400,0018,515,9386,87415,0050 - 75AB

0,0100,170,83410,00500,0018,795,0087,00415,0030 - 50A2

0,0170,150,71415,00600,0020,7710,0088,50425,000 - 30A1

P05(CYve)

mg kg -1cm

Mnox/Mn tMnpi/Mn tMndcb /Mn t

Mn cristalino

MntMnhiMnoxMnpiMndcbProf.Horiz.Perfil

74,6074,80107,14217,6779,2180,06CV (%)

272,28441,0621,5973,0394,97319,06Desvio padrão

365,00589,6620,1533,55119,90398,55Média

0,0870,080,28137,86700,009,0061,2057,69199,06150-1807C

0,1510,140,47667,572100,0043,20317,98283,55985,54125 - 1506C

0,0150,110,39185,77500,000,837,4356,71193,2095 - 1255C

0,1420,180,65816,691600,0034,03227,52283,551044,2185 -954C

0,0260,180,62177,51300,000,437,8755,40185,3855 - 853C

0,1420,311,01779,35900,0013,43127,98276,99907,3340 - 552C

0,0490,140,44157,95400,001,5019,6054,41177,5520 - 40C

0,0080,190,59173,06300,000,772,5458,35175,603 - 20Big

nd0,140,43173,64400,000,600,0054,41173,640 - 3A

P37(CYbd

0,0250,200,43480,001.200,0080,0030,00240,00510,00130 - 160+4C

0,0430,180,45247,00600,0025,0025,50110,00272,5070 - 130 3Bg

nd0,230,58288,50500,0015,000,00113,00288,5040 - 70 2Bg

nd0,220,51257,00500,0015,500,00111,50257,005 - 40Big

nd0,220,55272,50500,0010,000,00110,00272,500 - 5A

P34(CYbe)

nd0,150,41123,00300,000,000,0046,00123,00154 - 210+C

nd0,150,40121,00300,000,000,0046,00121,00105 - 154BC

nd0,150,40119,00300,000,900,0045,00119,0062 - 105Bi2

0,0100,110,29110,89400,009,934,1144,00115,0030 - 62Bi1

0,0570,481,281098,45900,0069,1851,35435,981149,8017 - 30A2

0,0530,160,931046,701.200,0073,1363,99186,851110,690 - 17A1

P06(CYve)

nd0,350,94382,50300,0025,000,00105,00282,50150 - 180+5C

nd0,301,38415,00300,0020,000,0090,00315,00145 - 1504C

nd0,421,00400,00200,0020,000,0085,00200,00120 - 1453C

nd0,432,05410,00200,0020,000,0085,00210,00110 - 1202C2

nd0,290,67400,00300,0020,000,0087,00200,00105 - 1102C

0,0130,231,04409,98400,0018,795,0293,42415,0075 - 105Bi

0,0150,221,04409,08400,0018,515,9386,87415,0050 - 75AB

0,0100,170,83410,00500,0018,795,0087,00415,0030 - 50A2

0,0170,150,71415,00600,0020,7710,0088,50425,000 - 30A1

P05(CYve)

mg kg -1cm

Mnox/Mn tMnpi/Mn tMndcb /Mn t

Mn cristalino

MntMnhiMnoxMnpiMndcbProf.Horiz.Perfil

nd = não detectável

160

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161

Os perfis dos Cambissolos diferem entre si quanto aos teores de

manganês extraível nos seus horizontes (Figura 48), sendo que o perfil P05,

de caráter eutrófico e argila de atividade alta (Ta) apresenta maiores teores

de Mndcb, Mnox e Mnhi no horizonte Bi, enquanto que no perfil P06, com as

mesmas características, o teor de manganês do horizonte Bi foi menor. Os

perfis P34 e P37, ambos com caráter gleissólico, também diferem entre si

quanto aos teores de manganês nos horizontes.

A fração de manganês associada aos óxidos bem cristalizados

(Mndcb ) é predominante nos Cambissolos da RPPN variando de 115,0 a

1.149,0 mg kg-1, diretamente proporcional ao teor de manganês total (Figura

49) representando, em média, 67,6% do manganês total (Mndcb/Mnt x 100)

(Tabela 24).

FIGURA 49. Relação entre o teor de manganês extraível em ditionito de sódio e o manganês total nos horizontes dos Cambissolos Flúvicos da RPPN SESC Pantanal (n = 29).

O manganês ligado à matéria orgânica (Mnpi) totalizou 20,3 % (em

média) do manganês total dos solos (Mnpi/Mnt x 100), indicando participação

significativa desta fração na geoquímica do manganês nos Cambissolos

Flúvicos da RPPN, com valores entre 44,0 e 435,98 mg kg-1 (Tabela 24).

Segundo Moreira et al. (2006), o manganês retido pela matéria

orgânica pode estar associado aos grupos funcionais da mesma na forma de

complexos de esfera externa e interna, dependendo do pH do meio.

A fração de manganês ligada aos óxidos de baixa cristalinidade (Mnox

e Mnhi) representa 5,7 e 3,4% do manganês total dos Cambissolos,

considerando a média dos perfis (Mnox/Mnt x 100 e Mnhi/Mnt x 100, Tabela

y = 1,0943x + 153,52

R2 = 0,6267

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2200

2400

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Teor de Mn-ditionito (mg kg -1)

Teor

de

man

ganê

s to

tal (

mg

kg-1)

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162

24). A variação do manganês associado às formas mal cristalizadas dos

óxidos é de 0,0 a 317,98 mg kg-1 de Mnox e de 0,0 a 80,0 mg kg-1 de Mnhi

(Tabela 24), onde verifica-se que a maior eficiência do cloridrato de

hidroxilamina na extração dessas formas de manganês nos Cambissolos.

O maior teor de Mnox foi encontrado no perfil P37 (Cambissolo Flúvico

distrófico gleissólico) principalmente em profundidade (317,98 mg kg-1 no

horizonte 6C), variando diretamente com os teores de Mnt deste solo (r =

0,99, p <0,05). Somente neste perfil o oxalato de amônio extraiu quantidades

maiores de manganês do que a hidroxilamina. Provavelmente, em função do

maior teor de carbono orgânico neste perfil, o oxalato de amônio removeu

não somente as formas mal cristalizadas de manganês, mas também

quantidades significativas de complexos organometálicos. Segundo Parfitt e

Childs (1988), o oxalato dissolve ambas as formas amorfas e organicamente

complexadas de Fe, Mn e Al, excluindo as formas cristalinas.

Esses resultados indicam o menor grau de intemperismo e a

conseqüente menor cristalização dos óxidos em relação aos outros

Cambissolos, provavelmente devido ao maior teor de carbono orgânico total

dos perfis (Apêndice 1). Esses dados mostram ainda, a maior possibilidade

de redistribuição de manganês entre frações do solo, com prováveis efeitos

nos teores disponíveis, graças à maior disponibilidade do elemento ligado à

fração óxido de ferro amorfo, comparativamente aos óxidos cristalinos

(Nascimento et al., 2002; Oliveira e Nascimento, 2006).

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163

4.3.6 Geoquímica do ferro e do manganês nos Neossol os

Na RPPN SESC Pantanal ocorrem as subordens dos Neossolos

Flúvicos e Quartzarênicos. Os Neossolos Flúvicos são solos formados a

partir de sedimentos aluviais, com seqüência de horizonte A-C e camadas

estratificadas, sem relação pedogenética entre si. São eutróficos e com alta

saturação por magnésio, ocorrendo às margens dos rios Cuiabá e São

Lourenço. Já os Neossolos Quartzarênicos ocorrem nas fisionomias vegetais

de Mata Ripária e Pimental, constituindo solos com textura arenosa em todo

perfil, com baixa CTC e argila (Beirigo et al., 2010).

Os Neossolos analisados foram classificados como: Neossolo Flúvico

eutrófico gleissólico (RYve), Neossolo Quartzarênico hidromórfico plíntico

(RQg) e Neossolo Quartzarênico hidromórfico neofluvissólico (RQg).

4.3.6.1 Formas de ferro (Fe 2O3)

A distribuição do conteúdo de Fe total e extraível em ditionito, oxalato,

pirofosfato e hidroxilamina dos Neossolos estudados são apresentados na

Tabela 25, e a variação dos resultados da extração seletiva estão na Figura

50.

Os resultados revelam que o ferro ligado aos óxidos bem cristalizados

e de baixa cristalinidade (Fedcb ) é a fração geoquímica dominante nos

Neossolos em estudo, com uma taxa de recuperação de 29% do Fet

(Fedcb/Fet x 100, média dos perfis) (Tabela 25). Seus valores situam-se entre

1,05 a 17,59 g Fe2O3 kg-1, com maiores valores no Neossolo Flúvico (perfil

P42), principalmente em profundidade. Como o Neossolo Flúvico continua a

receber aporte de sedimentos periodicamente, o conteúdo de ferro é

mantido em níveis mais elevados do que aqueles observados nos outros

solos.

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164

TABELA 25. Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Neossolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Prof. Fedcb Fepi Feox Fehi Fet Fe cristalino Perfil Horiz.

cm g kg-1 Fedcb /Fet Fepi/Fet Feox/Fet Grau de cristalinidade 1

A 0 - 30 12,82 3,06 9,81 0,44 68,90 3,01 0,19 0,04 0,14 0,77

C 30 - 35 17,59 2,37 7,19 0,25 70,40 10,4 0,25 0,03 0,10 0,41 P42

(RYve) 2C 35 - 60+ 12,27 3,12 5,38 0,25 84,40 6,89 0,15 0,04 0,06 0,44

A 0 - 15 1,77 0,50 0,14 0,10 9,40 1,63 0,19 0,05 0,01 0,08

AC 15 - 35 1,82 0,43 0,13 0,09 3,70 1,69 0,49 0,12 0,04 0,07

C1 35 - 80 1,97 0,45 0,15 0,08 5,50 1,82 0,36 0,08 0,03 0,08

C2 80 - 120 1,94 0,43 0,11 0,08 6,70 1,83 0,29 0,06 0,02 0,06

2C 120 - 155 1,05 0,22 0,07 0,04 1,60 0,98 0,66 0,14 0,04 0,07

2CG 155 - 180 1,10 0,25 0,07 0,05 1,90 1,03 0,58 0,13 0,04 0,06

P30

(RQg)

3CG 180 – 200+ 2,19 0,46 0,13 0,09 5,30 2,06 0,41 0,09 0,02 0,06

A 0 - 25 11,84 12,85 6,28 0,78 35,12 5,56 0,34 0,37 0,18 0,53

AC 25 - 48 12,21 11,50 4,65 0,49 32,21 7,56 0,38 0,36 0,14 0,38

C 48 - 145 6,84 4,81 3,93 0,43 12,28 2,91 0,56 0,39 0,32 0,57

2C 145 - 172 6,07 5,48 3,57 0,41 13,67 2,5 0,44 0,40 0,26 0,59

3C 172 - 210 13,33 10,64 4,02 0,48 22,56 9,31 0,59 0,47 0,18 0,30

P21

(RQg)

4Cg 210 - 225+ 8,59 5,81 4,02 0,62 15,47 4,57 0,56 0,38 0,26 0,47

Média 7,09 3,90 3,10 0,29 24,32 3,98

Desvio padrão 5,57 4,32 3,10 0,23 27,00 3,05

CV (%) 78,7 110,8 100,0 79,4 111,0 76,5 1Feox/Fedcb

164

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165

A distribuição dos teores extraíveis de ferro nos Neossolos (Figura 50)

é diferente entre os perfis em função do regime hídrico e das propriedades

químicas decorrentes, que afetam a natureza e cristalinidade das formas de

ferro nos solos.

Por isso, o Neossolo Flúvico (perfil P42) apresenta formas de ferro

bem cristalizadas e de baixa cristalinidade na maior parte (Fedcb > Feoxa >

Fepiro > Fehi), enquanto nos Neossolos Quartzarênicos hidromórficos (perfis

P21 e P30), a distribuição geoquímica do Fe é constituída por óxidos bem

cristalizados e compostos organometálicos (Fedcb > Fepiro > Feoxa > Fehi)

(Figura 50).

FIGURA 50. Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Neossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

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166

O perfil P30 (Neossolo Quartzarênico hidromórfico plíntico) apresenta

os menores teores de todas as formas de ferro (Tabela 25), em função do

ambiente hidromórfico em que se encontra, favorecendo a dissolução

redutiva dos óxidos de ferro no solo. Além disso, esse perfil possui os

maiores teores de areia total, favorecendo o transporte do elemento nesse

ambiente.

Já o Neossolo Flúvico (P42) e o Quartzarênico (P21) são similares

quanto aos teores de ferro extraível, pois ambos estão localizados nos

terraços fluviais do Rio São Lourenço e próximos entre si. No Neossolo

Flúvico, a remoção é superada pela deposição de novos sedimentos,

possibilitando a ocorrência em teores elevados de Fe e Mn. Tal

comportamento também foi observado por Lima et al. (2006), em Neossolo

Flúvico da Bacia sedimentar do Alto Solimões (AM).

O ferro extraído dos óxidos bem cristalizados (Fedcb) varia de 1,05 a

17,59 g kg-1 nos Neossolos da RPPN, com maiores valores nos horizontes

mais profundos (Tabela 25). Corrêa et al. (2003) também encontraram

teores mais elevados de Fedcb nos horizontes C de três perfis de Neossolos

Flúvicos da região de Várzeas de Sousa, variando de 13,8 a 44,8 g kg-1 nos

perfis.

Entretanto, o perfil P21 tem maiores teores de Fepi (Tabela 25), em

função do carbono orgânico elevado (21,5 g kg-1), demonstrando forte

associação com a matéria orgânica (r = 0,65, p<0,05).

No Neossolo Flúvico (perfil P42), o teor de Feox é maior que dos

demais Neossolos (7,19 a 9,81 g kg-1 no perfil), indicando predominância

das formas inorgânicas de Fe de baixa cristalinidade sobre as formas

organometálicas, neste perfil (Figura 50, Tabela 25). Lima et al. (2006)

encontraram maiores teores de Feox em Neossolo Flúvico da Amazônia

(15,36 a 20,05 g kg-1).

Nos perfis P42 e P21 (com caráter flúvico e neofluvissólico,

respectivamente), além dos efeitos da matéria orgânica retardando ou

inibindo o processo de cristalização, percebem-se também os efeitos do

regime hídrico desses solos, os quais podem permanecer saturados ou

inundados por períodos prolongados de tempo, resultando em condições

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167

temporariamente redutoras e na manutenção de teores relativamente

elevados de formas de ferro de menor cristalinidade, notadamente nos

horizontes superficiais (Tabela 25).

Esses resultados concordam com as observações de Schwertmann e

Kämpf (1983) e Schwertmann e Taylor (1989) sobre o efeito da matéria

orgânica como inibidora da cristalização dos óxidos de ferro. Portanto, nos

Neossolos da RPPN, a correlação entre os teores de Feox e carbono

orgânico total dos solos é positiva (r = 0,64, p<0,05). Isso indica a

associação preferencial da matéria orgânica com óxidos de ferro mal

cristalizados. Relações similares entre o Feox e o conteúdo de carbono

orgânico total foram encontradas em solos superficiais e subsuperficiais

(Kaiser e Guggenberger, 2000; Kiem e Kögel-Knabner, 2002; Eusterhues et

al., 2005).

O grau de reatividade dos óxidos de ferro (Feox/Fedcb ) dos Neossolos

da RPPN varia de 0,06 a 0,77, com maiores valores nos horizontes

superficiais (Tabela 25). Os maiores valores de Feox/Fedcb são observados

no Neossolo Flúvico (P42) e no Neossolo Quartzarênico neofluvissólico

(P21), principalmente no horizonte A (0,77 e 0,53, respectivamente), em

função dos maiores teores de óxidos de ferro de baixa cristalinidade nesses

solos. Outros autores obtiveram graus de cristalinidade dos óxidos de ferro

em Neossolo Flúvico variando entre 0,49 e 0,61 na Amazônia (Lima et al.,

2006) e entre 0,25 e 0,88 em Várzeas de Sousa (Correa et al., 2003).

4.3.6.2 Formas de manganês (MnO 2)

A distribuição do conteúdo de manganês total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina dos Neossolos da RPPN são

apresentados na Tabela 26 e na Figura 51.

Os óxidos bem cristalizados de manganês (Mndcb ) são as formas

geoquímicas dominantes nos Neossolos da RPPN, representando 89,9% em

média do manganês total (Mndcb/Mnt x 100) (Tabela 26).

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168

De acordo com a Figura 51, os teores de manganês extraível nos

Neossolos seguem a seqüência: Mndcb > Mnpiro > Mnox > Mnhi. Observa-se

que o Neossolo Flúvico (perfil P42) apresenta os maiores valores associados

a todas as formas geoquímicas, principalmente nos horizontes A e 2C

(Tabela 26). Esses resultados demonstram a influência da deposição de

sedimentos no Neossolo Flúvico, que contribuiu para maiores teores de

manganês no solo.

FIGURA 51. Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Neossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)

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169

TABELA 26. Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Neossolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Prof. Mndcb Mnpi Mnox Mnhi Mn t Mn cristalino

Perfil Horiz. cm mg kg-1

Mndcb /Mn t Mnpi/Mn t Mnox/Mnt

A 0 - 30 890,00 209,79 135,10 134,07 600,00 754,90 1,48 0,35 0,23

C 30 - 35 430,00 180,29 77,86 55,07 600,00 352,14 0,72 0,30 0,13 P42

(RYve) 2C 35 - 60+ 1.050,00 230,00 135,10 125,61 1.800,00 914,90 0,58 0,13 0,08

A 0 - 15 576,83 213,07 14,88 8,32 600,00 673,98 0,79 0,21 0,12

AC 15 - 35 610,00 210,00 15,00 18,00 300,00 561,94 0,96 0,36 0,02

C1 35 - 80 640,00 220,00 15,00 12,00 300,00 595,00 2,03 0,70 0,05

C2 80 - 120 577,00 239,00 3,00 0,00 400,00 625,00 2,13 0,73 0,05

2C 120 - 155 58,00 20,00 0,00 0,00 80,00 574,00 1,44 0,60 0,01

2CG 155 - 180 58,00 20,00 0,00 0,00 80,00 58,00 0,73 0,25 0,00

P30

(RQg)

3CG 180 – 200+ 55,00 100,00 0,00 0,00 300,00 58,00 0,73 0,25 0,00

A 0 - 25 100,00 40,00 15,80 0,00 500,00 55,00 0,18 0,33 0,00

AC 25 - 48 100,00 33,40 12,40 0,00 100,00 360,99 1,25 0,50 0,02

C 48 - 145 107,00 33,80 12,00 0,00 100,00 84,20 0,20 0,08 0,03

2C 145 - 172 95,00 34,00 13,00 0,00 100,00 87,60 1,00 0,33 0,12

3C 172 - 210 95,00 37,00 12,00 0,00 200,00 95,00 1,07 0,34 0,12

P21

(RQg)

4Cg 210 - 225+ 97,40 37,00 13,00 0,00 100,00 82,00 0,95 0,34 0,13

Média 346,20 116,08 29,63 22,07 385,00 316,57

Desvio padrão 327,78 89,34 47,27 46,29 426,50 296,29

CV (%) 94,7 77,0 159,5 209,8 110,8 93,6

169

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170

O manganês associado aos óxidos bem cristalizados (Mndcb ) varia de

55,0 a 1.050,0 mg MnO2 kg-1 nos Neossolos da RPPN, com maiores valores

geralmente nos horizontes superficiais, exceto no perfil P42, onde o

horizonte 2C apresentou o maior teor (Tabela 26). Esses resultados são

semelhantes aos obtidos por Lima et al. (2006) em Neossolo Flúvico do

Amazonas, com Mndcb variando de 140,0 a 1.330 mg kg-1 nos horizontes do

perfil.

O manganês complexado com a matéria orgânica (Mnpi) foi extraído

em maior quantidade do que o manganês associado aos óxidos de baixa

cristalinidade em todos os Neossolos da RPPN, variando de 20,0 a 239,0 mg

MnO2 kg-1 (média de 116,08 ± 89,34 mg kg-1) (Tabela 26).

Isso comprova a associação do manganês com complexos húmicos

do solo, principalmente nos perfis P42 e P21, ambos Neossolos com caráter

flúvico (Figura 52).

FIGURA 52. Relação entre o teor de manganês extraível em pirofosfato de sódio (Mnpi) e o carbono orgânico total dos perfis P42 e P21.

O conteúdo de manganês associado aos óxidos de baixa

cristalinidade (Mnox, Mnhi) teve a maior variação dentre as formas extraíveis

de manganês (CV = 159,5% e 209,8% para o Mnox e Mnhi, respectivamente),

com valores entre 0,0 e 135,10 mg kg-1 (Mnox) e 0,0 a 134,07 mg kg-1 (Mnhi)

(Tabela 26).

Os maiores teores são verificados em horizontes superficiais,

especialmente no Neossolo Flúvico (perfil P42), tal como observado com o

Perfil P42

y = 0,1225x - 11,019

R2 = 0,8367

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270 280 290 300

Mn-pirofosfato (mg kg -1)

Car

bono

org

ânic

o to

tal (

g kg

-1)

Perfil P21y = 1,8692x - 58,245

R2 = 0,5828

0

5

10

15

20

25

30

30 35 40 45

Mn-pirofosfato (mg kg -1)

Car

bono

org

ânic

o to

tal (

g kg

-1)

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171

y = 0,9754x - 6,8381

R2 = 0,9737

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200

Mn-oxalato (mg kg -1)

Mn-

hidr

oxila

min

a (m

g kg

-1)

ferro (Tabela 26). A correlação positiva e significativa entre o Mnox e o

carbono orgânico total (r = 0,60, p<0,05) dos Neossolos comprova a

associação da matéria orgânica e os óxidos de baixa cristalinidade.

O Mnox e Mnhi apresentam correlação positiva entre si (r = 0,99,

p<0,05) indicando que os extratores foram efetivos para o manganês

associado aos óxidos de baixa cristalinidade para todas as amostras

analisadas (n = 16) (Figura 53).

FIGURA 53. Relação entre o teor de manganês extraível em oxalato e em hidroxilamina nos perfis dos Neossolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal) (n = 16).

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172

4.3.7 Geoquímica do ferro e do manganês nos Gleisso los

Na RPPN predomina a classe Gleissolo Háplico. Os solos

geralmente apresentam o caráter alumínico e nódulos de ferro (plintitas) em

quantidade inferior a 15% (caráter plíntico), ocorrendo nas fisionomias

vegetais de Espinheiro, Cambarazal e Mata Ripária (Beirigo et al., 2010).

Os Gleissolos da RPPN apresentam atributos morfológicos

indicativos de caráter vértico, como superfícies de fricção, fendas verticais

de 2 centímetros, atingindo a profundidade de 40 a 110 centímetros,

estrutura com grau de desenvolvimento forte e do tipo paralelepipédica,

consistência seca extremamente dura e úmida extremamente firme (Beirigo

et al., 2010). A maioria desses solos ainda apresenta-se estratificada

(caráter flúvico), sendo essa característica herdada do processo de

sedimentação, e são classificados como neofluvissólicos no quarto nível

categórico (subgrupos).

Os Gleissolos analisados na RPPN SESC Pantanal foram

classificados como: Gleissolo Háplico alumínico típico e Gleissolo Háplico

alumínico neofluvissólico (GXal).

4.3.7.1 Formas de ferro (Fe 2O3)

A distribuição do conteúdo de ferro total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina dos Gleissolos estudados está na Tabela

27, e a variação nos horizontes dos perfis na Figura 54.

Os teores de Fet foram semelhantes aos demais perfis da RPPN,

sugerindo não ter havido desferrificação acentuada, embora o ambiente seja

de redução. Este fato justifica as cores amareladas e avermelhadas nos

perfis dos Gleissolos, ao invés de cores acinzentadas (Figuras 12A e 12B).

O perfil que apresenta maiores teores de Fe2O3 em seus horizontes é o

Gleissolo Háplico alumínico típico (perfil P33).

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173

TABELA 27. Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Gleissolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Prof. Fedcb Fepi Feox Fehi Fet Fe cristalino Perfil Horiz.

cm g kg-1 Fedcb /Fet Fepi/Fet Feox/Fet Grau de reatividade 1

A 0 - 5 17,22 8,39 9,63 0,78 52,80 7,59 0,33 0,16 0,18 0,56

Bg1 5 - 25 19,69 6,18 5,92 0,59 73,20 13,77 0,27 0,08 0,08 0,30

Bg2 25 - 45 17,22 4,19 3,38 0,17 25,90 13,84 0,66 0,16 0,13 0,20

2Bg 45 - 100 19,69 4,14 3,57 0,13 55,70 16,12 0,35 0,07 0,06 0,18

P38

(GXa)

C 100 - 180+ 25,47 4,03 4,56 0,14 103,40 20,91 0,25 0,04 0,04 0,18

A 0 – 20 27,39 7,90 3,20 0,67 77,50 27,39 0,35 0,10 0,04 0,12

Bv1 20 – 60 27,39 7,47 3,02 0,41 96,75 27,39 0,28 0,08 0,03 0,11

Bv2 60 – 120 28,49 7,63 1,76 0,46 110,34 28,49 0,26 0,07 0,02 0,06

Bgf1 120 – 150 29,87 7,80 2,30 0,30 118,66 29,87 0,25 0,07 0,02 0,08

P33

(Gxa)

Bgf2 150 -170+ 28,77 7,63 2,66 0,27 96,98 28,77 0,30 0,08 0,03 0,09

Média 24,12 6,54 4,00 0,39 81,12 20,12

Desvio padrão 5,07 1,76 2,30 0,23 29,49 6,86

CV (%) 21,0 26,9 57,5 58,7 36,4 34,1 1 Feox/Fedcb

173

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174

FIGURA 54. Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos Gleissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Os teores de ferro extraível nos Gleissolos da RPPN variam de 17,22

a 29,87 g kg-1 para o Fedcb e de 1,76 a 9,63 g kg-1 para o Feox (Tabela 27).

Esses valores são superiores aos obtidos por Melo et al. (2006) em

Gleissolos de Roraima, onde o Fedcb variou de 3,4 a 8,9 g kg-1 devido a

perdas de ferro por ferrólise.

Santos et al. (2010) observaram valores baixos de ferro extraível em

Gleissolos de Pinheiral (RJ), com 1,1 a 1,9 g kg-1 de Fedcb. No Pantanal de

Poconé (MT), Sousa (2003) encontrou Fedcb variando de 0,94 a 13,07 e Feox

de 0,22 a 7,88 g kg-1. Teores maiores foram encontrados por Lima et al.

(2005) em Gleissolo Háplico da Amazônia, com Fedcb de 23,9 a 25,7 g kg-1 e

Feox de 10,5 a 15,0 g kg-1.

Apesar de pertencerem à mesma classe de solo, os Gleissolos

analisados diferem quanto às formas predominantes de ferro: o perfil P38

(Gleissolo Háplico alumínico neofluvissólico) possui maiores teores de ferro

associado aos oxihidróxidos (de alta e baixa cristalinidade) extraídos com

ditionito de sódio (Fedcb) e com oxalato ácido de amônio (Feox).

No perfil P33 (Gleisso Háplico alumínico típico), a distribuição

geoquímica do ferro é constituída por Fedcb > Fepiro > Feoxa > Fehi, com as

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175

formas bem cristalizadas e associadas à matéria orgânica predominante

(Figura 54).

A distribuição do Fedcb mostra relação direta com o Fet nos Gleissolos

da RPPN (Figura 55), indicando que a maioria do ferro extraível encontra-se

na forma bem cristalizada, tal como observado por Melo et al. (2006) em

Gleissolos Háplicos no norte da Amazônia.

FIGURA 55. Relação entre o teor de ferro total (Fet) e ferro extraível em ditionito de sódio (Fedcb) nos Gleissolos da RPPN SESC Pantanal (n = 10).

A relação Fedcb /Fet indica a reserva de ferro em minerais que pode

ser liberada da estrutura cristalina com o intemperismo do solo, e

eventualmente se transformar em óxidos (Cornell e Schwertmann, 1996).

Nos Gleissolos Háplicos da RPPN os valores desta relação são baixos (de

0,25 a 0,66, média de 0,33, Tabela 27), indicando que a quantidade de

óxidos nesses solos é, em média, 33% do Fe total.

Em solos formados a partir de sedimentos aluviais essa relação

geralmente é baixa (Pereira e Anjos, 1999), pois se situam em superfície

mais recente e sua classe de drenagem varia de imperfeitamente a mal

drenado, que favorece a redução e solubilização do Fe3+ e impede a

formação dos óxidos pedogênicos (Schwertmann e Kämpf, 1983; Kämpf e

Dick, 1984) .

Pereira e Anjos (1999) encontraram valores da relação Fedcb/Fet bem

menores (igual a 0,28) nos horizontes C de Gleissolos Háplicos situados em

planícies aluvionares do Rio de Janeiro, enquanto Silva Neto (2010) obteve

maior relação Fedcb/Fet, de até 0,65 no horizonte Bg2 de um Gleissolo

y = 5,231x - 45,049R2 = 0,809

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Teor de Fe-ditionito (g kg -1)

Teor

de

ferro

tota

l (g

kg-1)

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176

Háplico distrófico. Segundo este autor, essa relação indica um maior grau de

intemperismo do material de origem deste solo, ou uma menor influência da

deposição de sedimentos pouco intemperizados.

Os teores de óxidos de ferro bem cristalizados (Fecristalino ) estão

relacionados positivamente ao teor de ferro total e de argila, e

negativamente ao grau de reatividade dos óxidos de ferro (Figura 56),

demonstrando que os óxidos de Fe cristalinos, de menor reatividade, estão

associados à fração argila nos perfis dos Gleissolos.

FIGURA 56. Relação entre o Fecristalino e o ferro total (Fet), teor de argila e grau de reatividade dos Gleissolos da RPPN SESC Pantanal (n = 10).

Os valores de ferro extraído por oxalato de amônio (Feox) nos

horizontes subsuperficiais dos Gleissolos da RPPN são iguais a 3,38 g kg-1

(Bg2 do P38) e 1,76 g kg-1 (Bv2 do P33), maiores que os obtidos por Melo et

al. (2006) em Gleissolos de Roraima (0,60 g kg-1 no horizonte Btg2) e

inferiores aos obtidos por Lima et al. (2005), em Gleissolo Háplico da

Amazônia (10,50 g kg-1 no horizonte C). Silva Neto (2010) encontrou valores

de Feox variando de 0,9 a 6,4 g kg-1 em Gleissolos Háplicos da região

y = 0,1904x + 4,6726

R2 = 0,6709

0

5

10

15

20

25

30

0 20 40 60 80 100 120

Teor de Fe total (g kg -1)

Teo

r de

Fe-

cris

talin

o (g

kg

-1)

y = -41,431x + 27,909

R2 = 0,8096

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

0,00 0,20 0,40 0,60

Grau de reatividade (Fe ox/Fedcb )

Teo

r de

Fe-

cris

talin

o (g

kg

-1)

y = 0,1301x0,7814

R2 = 0,6479

0

5

10

15

20

25

30

100 200 300 400 500 600 700 800

Argila total (g kg -1)

Teo

r de

Fe-

cris

talin

o (g

kg

-1)

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177

metropolitana de Porto Alegre (RS). Essa forma geoquimica de ferro está

fortemente associada à matéria orgânica nos Gleissolos (r = 0,90, p<0,05).

Os óxidos de ferro de baixa cristalinidade (Feox) e complexados com a

matéria orgânica (Fepi) do perfil P38 representam conjuntamente 20% do

ferro total do solo, enquanto que no perfil P33, essas formas de ferro

representam apenas 10,8% do Fet (Tabela 27). Os resultados evidenciam

predominância do Fepi no horizonte superficial do perfil P38 devido ao maior

teor de carbono orgânico total nesse solo (52,8 g kg-1), conforme relação

positiva e significativa entre as variáveis (r = 0,96, p<0,05). Isso demonstra

que as formas mais reativas dos óxidos de ferro encontram-se em maior

quantidade no perfil P38, provavelmente em função do seu caráter

neofluvissólico. Segundo Embrapa (2006), esses solos são intermediários

para Neossolos Flúvicos, com caráter flúvico dentro de 100 cm a partir da

superfície.

A relação dos óxidos de ferro de baixa cristalinidade pelos óxidos de

ferro pedogênicos totais (Feox/Fedcb ) constitui o índice de cristalinidade

destes minerais. De modo geral, os valores desta relação nos horizontes B

dos Gleissolos são baixos (Tabela 27) indicando o predomínio de óxidos

bem cristalizados em profundidade, o que contraria os resultados obtidos por

Melo et al. (2006) e Santos et al. (2010), que encontraram Feox/Fedcb iguais a

0,60 e 0,85 em horizontes subsuperficiais de Gleissolos Háplicos, indicando

predomínio das formas menos cristalinas também em subsuperficie.

As condições de drenagem impedida propiciam maior acúmulo de

matéria orgânica e ambiente redutor, favorecendo a precipitação das formas

menos cristalinas dos óxidos de ferro ou sua permanência em solução

(Demattê et al., 1997; van Breemen e Buurman, 2002). Com isso, horizontes

superficiais tendem a apresentar maiores valores da relação Feox/Fedcb,

enquanto em subsuperficie, a tendência é a diminuição desses valores,

conforme observado nos Gleissolos estudados (Tabela 27). Silva Neto

(2010) afirma que esta dinâmica ao longo do perfil pode ser devido a dois

fatores: em superfície a matéria orgânica pode atuar como inibidor da

cristalinidade dos óxidos de ferro, resultando em maiores teores de Feox

(ferrihidrita) e conseqüentemente maiores valores de Feox/Fedcb (Kämpf e

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178

Curi, 2000); em subsuperfície, o baixo conteúdo de matéria orgânica pode

limitar a atividade microbiana na redução do ferro, contribuindo para a maior

preservação de óxidos cristalinos em segregações. Essa tendência ficou

evidente nos Gleissolos da RPPN, onde os maiores valores de Feox/Fedcb

são obtidos nos horizontes superficiais, diminuindo com a profundidade

(Tabela 27).

4.3.7.2 Formas de manganês (MnO 2)

A distribuição do conteúdo de manganês total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina nos Gleissolos da RPPN é apresentada

na Tabela 28, cujas variações entre perfis estão na Figura 57.

FIGURA 57. Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos Gleissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

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179

TABELA 28. Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Gleissolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Prof. Mndcb Mnpi Mnox Mnhi Mn t Mncristalino Perfil Horiz. cm mg kg -1

Mndcb /Mn t Mnpi/Mn t Mnox/Mn t

A 0 - 5 608,17 206,51 37,78 40,97 600,00 570,39 1,01 0,34 0,06 Bg1 5 - 25 610,00 196,68 26,33 33,07 1200,00 583,67 0,51 0,16 0,02 Bg2 25 - 45 64,00 20,00 0,00 0,00 100,00 64,00 0,64 0,20 0,00 2Bg 45 - 100 50,00 20,00 0,00 0,00 100,00 50,00 0,50 0,20 0,00

P38 (GXa)

C 100 - 180+ 50,00 20,00 0,00 0,00 100,00 50,00 0,50 0,20 0,00 A 0 – 20 576,83 262,24 26,33 42,66 800,00 550,49 0,77 0,26 0,04

Bv1 20 – 60 304,09 125,00 7,44 21,61 400,00 296,65 0,72 0,33 0,04 Bv2 60 – 120 288,50 120,00 10,00 25,28 300,00 278,50 0,76 0,31 0,02 Bgf1 120 – 150 288,41 120,00 7,44 30,00 300,00 280,97 0,96 0,40 0,03

P33 (Gxa)

Bgf2 150 -170+ 288,41 130,00 7,44 20,48 300,00 280,97 0,96 0,43 0,02 Média 312,84 122,04 12,28 21,41 420,00 300,56 Desvio padrão 222,90 84,12 13,22 16,45 355,28 210,35 CV (%) 71,3 68,9 107,7 76,8 84,6 70,0

179

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180

A ocorrência das formas de manganês é semelhante nos Gleissolos

analisados e segue a seqüência: Mndcb > Mnpiro > Mnhi > Mnox (Figura 58),

demonstrando que o manganês está associado predominantemente aos

óxidos bem cristalizados e à matéria orgânica, representando 87 e 34% do

manganês total dos solos, respectivamente (Tabela 28).

Os teores de manganês total (Mnt) nos Gleissolos da RPPN variam

de 100 a 1.200 mg kg-1, com maiores valores nos horizontes superiores (até

25 cm), certamente em decorrência da presença de formas menos estáveis

e do maior conteúdo de matéria orgânica nesses horizontes. Silva Neto

(2010) encontrou valores semelhantes para o Mnt em Gleissolos Háplicos de

Porto Alegre (RS) (entre 100 e 1.700 mg kg-1), tal como Santos et al. (2010)

em Gleissolo Háplico do médio vale do Paraíba do Sul (RJ), com Mnt entre

200 e 2.000 mg kg-1.

O conteúdo das formas extraíveis de manganês foi maior nos

horizontes superficiais dos Gleissolos devido à associação do elemento com

a matéria orgânica dos solos.

Dentre as formas reativas de manganês nos Gleissolos da RPPN, os

complexos organometálicos extraídos com pirofosfato de sódio (Mnpi) são

predominantes, com média de 122,04 ± 84,12 mg kg-1 (Tabela 28). Há uma

diminuição dos teores de Mnpi com a profundidade dos perfis, mais

acentuadamente no perfil P38 (no horizonte Bg2), cujos valores de Mnpi

tornam-se muito baixos (20 mg kg-1). Isso é decorrente da relação

significativa entre o Mnpi e o carbono orgânico total nesse perfil (r = 0,92,

p<0,05), cujos maiores teores estão no horizonte A (52,8 g kg-1),

decrescendo abruptamente em profundidade (Apêndice 1).

Os teores de manganês extraído com oxalato de amônio (Mnox) e

com hidroxilamina (Mnhi) são semelhantes (Tabela 28), e é confirmado pela

correlação positiva entre as variáveis e (r = 0,87, p<0,05) nos Gleissolos da

RPPN.

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181

4.3.8 Geoquímica do ferro e do manganês nos Luvisso los

Os Luvissolos da RPPN se distinguem pela alta saturação por

magnésio, e ocorrem nas fisionomias vegetais Floresta Estacional

Semidecidual com Acuri, Floresta Estacional Decidual com bambu e Tabocal

(Beirigo et al., 2010). Estão localizados nos terraços fluviais do Rio São

Lourenço e foram classificados como: Luvissolo Crômico pálico típico (TCp)

e Luvissolo Háplico pálico típico (TXp).

4.3.8.1 Formas de ferro (Fe 2O3)

A distribuição do conteúdo de ferro total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina dos Luvissolos estudados são

apresentados na Tabela 29. As variações entre os perfis podem ser

visualizadas na Figura 58.

O teor de Fet nos Luvissolos da RPPN varia de 32,67 a 86,17 g kg-1

(média de 51,15 ± 17,52 g kg-1), valores bem superiores aos encontrados

por Corrêa et al. (2003) em Luvissolo de Várzea de Sousa (PB) (3,12 a

10,36 g kg-1) e próximos aos teores obtidos por Sousa (2003) em Luvissolos

do Pantanal de Poconé (MT), que variaram de 23,2 a 55,7 g kg-1 (média de

46,3 g kg-1) e por Ibraimo et al. (2004) em Luvissolos Crômicos da região

dos Lagos (RJ), com valores de Fet de 45 a 94 g kg-1.

A distribuição geoquímica do ferro nos Luvissolos é semelhante,

constituída pelas frações extraíveis na sequência: Fedcb > Fepiro > Feoxa > Fehi

(Figura 58).

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TABELA 29. Formas geoquímicas do ferro (Fe-total = Fet; Fe-ditionito = Fedcb; Fe-oxalato = Feox; Fe-pirofosfato = Fepi; Fe-hidroxilamina = Fehi) e suas relações nos Luvissolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Prof. Fedcb Fepi Feox Fehi Fet Fe cristalino Grau de reatividade Perfil Horiz.

cm g kg -1 Fedcb /Fet Fepi/Fet Feox/Fet

A 0 - 30 26,84 7,53 5,74 0,61 32,67 21,1 0,82 0,23 0,18 0,21

E 30 - 52 28,49 7,74 6,28 0,75 37,66 22,21 0,76 0,21 0,17 0,22

Bt1 52 - 90 33,72 6,93 7,01 0,56 86,17 26,71 0,39 0,08 0,08 0,21

Bt2 90 - 110 29,87 6,83 5,65 0,53 47,82 24,22 0,62 0,14 0,12 0,19

P28

(TXp)

Bt3 110 - 150+ 31,79 6,50 5,38 0,53 50,88 26,41 0,62 0,13 0,11 0,17

A 0 - 20 23,39 12,90 4,11 0,66 38,85 19,28 0,60 0,33 0,11 0,18

AE 20 - 35 22,27 12,74 3,66 0,66 38,41 18,61 0,58 0,33 0,10 0,16

E 35 - 50 23,01 12,85 3,20 0,72 43,28 19,81 0,53 0,30 0,07 0,14

Bt 50 - 138 24,13 13,06 3,38 0,69 73,70 20,75 0,33 0,18 0,05 0,14

P16

(TCp)

BC 138 - 160+ 24,50 13,01 3,48 0,62 62,05 21,02 0,39 0,21 0,06 0,14

Média 26,80 10,01 4,89 0,63 51,159 22,012

Desvio padrão 4,00 3,08 1,38 0,08 17,52 2,86

CV (%) 14,9 30,8 28,8 12,1 34,3 13,0

182

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183

FIGURA 58. Distribuição do teor de ferro extraível nos perfis dos

Luvissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Os óxidos de ferro bem cristalizados (Fedcb ) representam 59% (em

média) do ferro total do Luvissolo Háplico (perfil P28) e 45,8% do ferro total

no Luvissolo Crômico (perfil P16) (Tabela 29), com pouca variação entre os

perfis (CV = 14%). O teor de Fecristalino (Fedcb – Feox) confirma essa

tendência, onde os maiores valores são encontrados no Luvissolo Háplico

(perfil P28).

Os óxidos de ferro de baixa cristalinidade (Feox) variam de 3,20 a 7,01

g kg-1 nos Luvissolos da RPPN, e predominam no Luvissolo Háplico (perfil

P28) provavelmente em função do maior teor de argila e carbono orgânico

nesse perfil (Apêndice 1).

Quanto ao ferro complexado com a matéria orgânica (Fepi), os

maiores valores são encontrados nos horizontes do Luvissolo Crômico (perfil

P16), embora este perfil possua menores teores de carbono orgânico total

do que o Luvissolo Háplico (Apêndice 1). Entretanto, no Luvissolo Crômico

(perfil P16) o teor de Fepi está relacionado à quantidade de argila (r = 0,89,

p<0,05), provavelmente indicando a extração de óxidos de Fe mal

cristalizados com o pirofosfato de sódio, o que comprovaria a falta de

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especificidade deste extrator para os compostos organometálicos nesse

perfil.

O grau de reatividade dos óxidos de ferro (Feox/Fedcb ) nos Luvissolos

indica predomínio das formas cristalinas dos óxidos, em razão dos baixos

valores apresentados nos horizontes dos perfis (0,14 a 0,22) (Tabela 29).

Esse grau de reatividadade reflete a maior maturidade pedogenética e

predominância de formas oxidadas bem cristalizadas de ferro (goethita,

hematita e maghemita (Schwertmann et al., 1982) nos Luvissolos da RPPN.

À semelhança do que foi observado por Kämpf e Dick (1984), relações

Feox/Fedcb elevadas estiveram relacionadas com maiores teores de matéria

orgânica dos Luvissolos (r = 0,45; p<0,05), a qual tende a inibir a

cristalização dos óxidos de Fe, impedindo a transformação da ferridrita em

substâncias mais bem cristalizadas (Schwertmann e Taylor, 1989).

4.3.8.2 Formas de manganês (MnO 2)

A distribuição do conteúdo de manganês total e extraível em ditionito,

oxalato, pirofosfato e hidroxilamina dos Luvissolos estudados são

apresentados na Tabela 30. As variações entre os perfis podem ser

visualizadas na Figura 59.

FIGURA 59. Distribuição do teor de manganês extraível nos perfis dos

Luvissolos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

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TABELA 30. Formas geoquímicas do manganês (Mn-total = Mnt; Mn-ditionito = Mndcb; Mn-oxalato = Mnox; Mn-pirofosfato = Mnpi; Mn-hidroxilamina = Mnhi) e suas relações nos Luvissolos do Pantanal Norte-Matogrossense (RPPN SESC Pantanal)

Prof. Mndcb Mnpi Mnox Mnhi Mn t Mn cristalino Mnox/Mnt Perfil Horiz.

cm mg kg -1 Mndcb /Mn t Mnpi/Mn t

A 0 - 30 550,00 267,00 272,49 68,62 1.700,00 277,51 0,32 0,16 0,169

E 30 - 52 600,00 232,74 266,77 64,67 900,00 333,23 0,67 0,26 0,29

Bt1 52 - 90 300,00 120,00 100,00 30,00 400,00 200,00 0,75 0,30 0,25

Bt2 90 - 110 30,00 10,00 10,00 0,00 50,00 20,00 0,60 0,20 0,20

P28

(TXp)

Bt3 110 - 150+ 250,00 120,00 100,00 30,00 300,00 150,00 0,83 0,40 0,33

A 0 - 20 633,56 245,85 61,83 35,16 1.500,00 196,15 0,52 0,23 0,23

AE 20 - 35 653,12 245,85 67,55 34,87 1.300,00 571,74 0,42 0,16 0,04

E 35 - 50 650,00 240,00 61,83 35,72 1.100,00 585,57 0,50 0,19 0,05

Bt 50 - 138 550,00 200,00 47,51 30,00 800,00 588,17 0,59 0,22 0,06

P16

(TCp)

BC 138 - 160+ 336,34 125,38 19,46 15,00 400,00 502,49 0,69 0,25 0,06

Média 455,30 180,68 100,74 34,40 845,00 354,56

Desvio padrão 213,17 83,07 93,61 20,30 554,00 200,68

CV (%) 46,8 46,0 92,9 59,0 65,6 56,6

185

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O manganês total nos Luvissolos varia de 50,0 a 1.700,0 mg kg-1

(Tabela 30), com maiores teores nos horizontes A e E dos Luvissolos da

RPPN. Todos os teores extraíveis de manganês são maiores em superfície

(Figura 59), onde o manganês ligado aos óxidos pedogênicos (Mndcb ) é

predominante nos Luvissolos, com 54,2% do manganês total, em média.

Observa-se que o perfil P28 (Luvissolo Háplico) apresenta maiores

teores de manganês associado às formas geoquimicas extraídas com

oxalato de amônio (Mnox), pirofosfato de sódio (Mnpi) e hidroxilamina (Mnhi),

conferindo a esse perfil maior reatividade química, principalmente em

superfície. Essa proporção nos Luvissolos pode ser observada na Figura

60.

FIGURA 60. Distribuição dos teores de manganês extraível associado às formas reativas do solo (Mnox + Mnhi) dos Luvissolos da RPPN SESC Pantanal.

Os teores de Mnox e Mnpi são encontrados em maior quantidade nos

horizontes A e E dos Luvissolos (Figura 59), indicando que a matéria

orgânica atuou impedindo a cristalização dos óxidos de manganês nesses

horizontes. Esse comportamento pode ser confirmado pela correlação

positiva e significativa entre o Mnpi, Mnox e Mnhi com o carbono orgânico dos

Luvissolos (r = 0,58, 0,56 e 0,62, respectivamente, p<0,05).

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600

0

30

52

90

110

Profundidade do perfil (cm)

Mn reativo (Mn ox+Mn pi) (mg. kg -1)

P28 P16

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187

5. CONCLUSÕES

De acordo com os objetivos propostos nesta tese, os resultados

obtidos nos solos do Pantanal Norte permitem concluir:

Quanto à geoquimica elementar dos solos:

- A análise multivariada dos resultados geoquímicos elementares

permitiu prever dois tipos geoquímicos de perfis de solos da RPPN,

onde o primeiro é composto por solos de textura arenosa a franco-

arenosa, com teores relativamente elevados de SiO2 e predominância

de caulinita e quartzo, bem como menor teor de bases e elementos

traço; e um segundo grupo de solos de textura mais argilosa,

geoquimicamente heterogêneos e caracterizados pela presença

significativa de minerais 2:1 na fração argila, Al2O3, Fe2O3 e MnO2,

bases e elementos traço.

- Isso significa que, embora os solos estejam sujeitos à inundação

sazonal, os processos pedológicos desempenham importante papel

na determinação da composição química dos solos da RPPN, e não

somente os processos deposicionais.

Quanto à geoquímica do ferro e do manganês:

- Nos solos do Pantanal Norte a influência da matéria orgânica é

significativa, mesmo em perfis com baixo teor de carbono orgânico

total.

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188

- A distribuição das formas pouco cristalinas dos óxidos de ferro nos

solos é predominante em superfície; em profundidade, seus maiores

teores podem ser atribuídos à migração descendente dos compostos

amorfos de ferro (mais móveis) e ao seu lento envelhecimento sob

baixos valores de pH dos Planossolos, Plintossolos e Cambissolos

Flúvicos.

- A geoquímica do ferro em superfície é influenciada pelos teores de

argila e matéria orgânica, demonstrando que os oxihidróxidos de ferro

possuem distribuição estatisticamente relacionada ao carbono

orgânico total dos solos sugerindo a existência do efeito protetor da

matéria orgânica, especialmente nos Gleissolos, Plintossolos e

Cambissolos Flúvicos.

- Em subsuperficie, a geoquímica do ferro é determinada pelas formas

cristalinas e de baixa cristalinidade que variam conforme o teor de

argila dos solos, especialmente nos Gleissolos, Cambissolos Flúvicos

e Luvissolos. A preservação dos óxidos de ferro de alta cristalinidade

nos horizontes subsuperficiais dos solos pode ser atribuída às feições

redoximórficas, principalmente nos Plintossolos Argilúvicos,

Gleissolos Háplicos e Luvissolos.

- As formas geoquímicas do manganês não seguem a distribuição em

profundidade observada para o ferro em função da maior mobilidade

do manganês, devido à sua lenta cinética de oxidação.

- Todas as formas de manganês estiveram significativamente

correlacionadas entre si, indicando que pode haver sobreposições

entre as formas de manganês extraídas por dissolução seletiva nos

solos analisados, especialmente nos horizontes superficiais.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APENDICE 1. Resultados da caracterização química dos solos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Prof. COrg MO P K+ Ca2+ Mg2+ Al 3+ H+Al Na+ SB T V m perfil Horiz. (cm)

pH H2O

pH KCl delta pH

g.kg-1 mg.kg-1 cmolc.kg-1 % PLANOSSOLOS

A 0 - 30 6,7 3,8 -2,9 8,7 15,0 8 0,18 0,5 0,5 0,4 2,2 0,1 1,23 3,43 36 25

E 30 - 47 6,0 3,7 -2,3 4,6 8,0 2 0,11 0,1 0,2 0,6 1,4 0,0 0,45 1,85 24 57

EB 47 - 90 6,5 4,1 -2,4 4,1 7,0 2 0,08 0,1 0,3 0,1 0,4 0,2 0,63 1,03 61 14

Btg1 90 - 112 5,8 3,7 -2,1 4,1 7,0 1 0,32 0,1 1,5 0,2 1,1 0,5 2,39 3,49 68 8

Btgn2 112 - 135 5,6 3,6 -2,0 3,5 6,0 1 0,46 0,1 1,4 0,9 2,1 0,8 2,80 4,9 57 24

P04 (SXe)

Btg3 135 - 165+ 5,9 3,8 -2,1 3,5 6,0 2 0,16 0,1 1,2 0,1 0,6 0,3 1,79 2,39 75 5

A 0 - 40 5,5 4,1 -1,4 7,5 13,0 5 0,67 0,5 1,0 0,1 0,9 0,1 2,31 3,21 72 4

E 40 - 82 8,2 5,7 -2,5 5,8 10,0 3 2,28 2,7 3,1 0 0,2 1,5 9,58 9,78 98 0

Btgn1 82 - 140 5,3 3,6 -1,7 4,1 7,0 1 0,16 0,1 1,0 2 2,8 0,1 1,40 4,2 33 59

P09 (SNo)

Btgn2 140 - 176+ 8,1 6,0 -2,1 4,1 7,0 2 2,93 2 2,6 0 0,2 2,5 9,98 10,18 98 0

A 0 - 25 6,9 3,8 -3,1 9,3 16,0 6 0,13 0,3 0,3 0,6 2,3 0,0 0,75 3,05 25 44

AE 25 - 40 4,4 3,8 -0,6 6,4 11,0 2 0,07 0,1 0,1 0,6 1,7 0,0 0,28 1,98 14 68

E 40 - 112 5,0 4,0 -1,0 4,1 7,0 3 0,05 0,1 0,1 0,2 0,5 0,0 0,26 0,76 34 43

EBtg 112 - 140 4,9 3,5 -1,4 4,1 7,0 1 0,18 0,1 0,2 1,4 2,3 0,2 0,68 2,98 23 67

P13 (SXa)

Btg 140 - 180+ 5,3 3,4 -1,9 4,1 7,0 1 0,3 0,3 0,3 5,1 7,1 0,5 1,42 8,52 17 78

A 0 - 40 4,5 3,7 -0,8 13,3 23,0 5 0,28 0,8 0,6 0,4 3,3 0,0 1,69 4,99 34 19

E 40 - 80 4,8 3,8 -1,0 5,2 9,0 4 0,2 0,4 0,6 0,4 2 0,0 1,22 3,22 38 25

Btg1 80 - 100 5,9 3,5 -2,4 5,2 9,0 1 0,54 1,9 3,9 0,4 1,9 0,9 7,28 9,18 79 5

P19 (SXe)

2Btg 100 - 150+ 6,1 4,2 -1,9 5,2 9,0 3 0,26 0,8 1,6 0,1 0,5 0,5 3,16 3,66 86 3

208

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Profundidade COrg MO P K+ Ca2+ Mg2+ Al 3+ H+Al Na+ SB T V m perfil Horiz. cm

pH H2O

pH KCl delta pH

g.kg-1 mg.kg-1 cmolc.kg-1 %

A 0 - 20 6,0 3,5 -2,5 19,1 33,0 7 0,43 3,9 1,6 1,4 9,3 0,1 6,04 15,34 39 19

Bt1 20 - 35 4,5 3,5 -1,0 12,8 22,0 2 0,2 1,7 0,7 3,5 7,9 0,1 2,66 10,56 25 57

Bt2 35 -55 4,6 3,5 -1,1 7,5 13,0 2 0,06 0,7 0,3 2,8 5,2 0,1 1,12 6,32 18 71

2Bt 55 - 90 4,5 3,5 -1,0 7,5 13,0 2 0,06 0,4 0,1 5,9 7 0,1 0,67 7,67 9 90

P43 (Sxd)

3Cf 90 - 200+ 4,7 3,5 -1,2 4,1 7,0 3 0,04 0,1 0,1 2,7 2,7 0,1 0,32 3,02 11 89 PLINTOSSOLOS

A 0 - 25 4,3 3,7 -0,6 10,4 18,0 4 0,12 0,4 0,4 1,3 4,1 0,0 0,94 5,04 19 58

AB 25 - 50 4,3 3,7 -0,6 7,0 12,0 1 0,05 0,1 0,1 2 3,3 0,0 0,27 3,57 8 88

Btfg 50 - 95 4,2 3,6 -0,6 5,2 9,0 1 0,04 0,1 0,1 2,8 4 0,0 0,26 4,26 6 92

2C 95 - 100 4,4 3,8 -0,6 4,6 8,0 2 0,03 0,1 0,1 1,2 1,8 0,0 0,24 2,04 12 83

3Bfg 100 - 165 4,4 3,7 -0,7 5,2 9,0 1 0,07 0,3 0,1 4,2 5,5 0,0 0,50 6,00 8 89

P14 (FTa)

4C 165 - 200+ 4,8 3,8 -1,0 4,1 7,0 1 0,02 0,2 0,1 0,8 1,2 0,0 0,34 1,54 22 70

A 0 - 14 4,8 4,2 -0,6 31,9 55,0 20 0,12 0,6 0,4 0,9 10,7 0,1 1,2 11,9 10 43

Bfg1 14 - 25 4,5 3,6 -0,9 7,0 12,0 1 0,06 0,8 0,7 2,1 4,3 0,1 1,64 5,94 28 56

Bfg2 25 - 65 4,6 3,5 -1,1 5,2 9,0 1 0,08 0,3 0,3 4,4 5,0 0,1 0,76 5,76 13 85

BCfg1 65 - 70 4,6 3,7 -0,9 4,6 8,0 2 0,03 0,3 0,3 1,4 1,7 0,0 0,65 2,35 28 68

2Cfg1 70 - 130 4,6 4,1 -0,5 4,1 7,0 5 0,01 0,1 0,1 0,2 0,6 0,0 0,22 0,82 27 48

P26 (FFlf)

2Cfg2 130 - 175+ 4,7 3,6 -1,1 4,1 7,0 2 0,03 0,3 0,3 1,3 2,2 0,0 0,67 2,87 23 66

A 0 - 10 4,3 3,9 -0,4 19,7 34,0 44 0,82 5,4 2 0,7 14,7 0,1 8,31 23,01 36 8

AB 10 - 22 4,3 3,6 -0,7 8,7 15,0 6 0,35 2,7 1,5 1,7 4 0,0 4,59 8,59 53 27

2Bf 22 - 35 4,7 3,8 -0,9 8,1 14,0 4 0,33 1,7 1 1,6 4,9 0,1 3,1 8 39 34

3Bf 35 - 45 4,9 3,7 -1,2 5,2 9,0 2 0,19 1,6 1 1,5 2,9 0,0 2,83 5,73 49 35

4Bf 45 - 68 4,8 3,8 -1,0 7,5 13,0 3 0,31 1,8 1,2 2,6 5,3 0,1 3,36 8,66 39 44 5C 68 - 110 4,9 3,9 -1,0 4,1 7,0 2 0,08 1,2 0,6 0,5 1,3 0,0 1,91 3,21 60 21

P27 (FTe)

5Cgf 110 - 150+ 4,3 3,9 -0,4 19,7 34,0 44 0,82 5,4 2 0,7 14,7 0,1 8,31 23,01 36 8

209

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Perfil Horiz. Prof. delta pH COrg MO P K + Ca2+ Mg2+ Al 3+ H+Al Na+ SB T V m (cm)

pH H2O

pH KCl g.kg-1 mg.kg-1 cmolc.kg-1 %

A 0 - 20 5,2 3,9 -1,3 8,7 15,0 5 0,16 0,3 0,3 0,3 2 0,0 0,77 2,77 28 28 E 20 - 58 4,9 4,3 -0,6 5,2 9,0 1 0,03 0,3 0,2 0,1 0,5 0,0 0,54 1,04 52 16

EB 58 - 65 4,8 3,9 -0,9 4,1 7,0 1 0,04 0,3 0,1 0,5 1,1 0,0 0,45 1,55 29 53

Btgf1 65 - 130 4,8 3,7 -1,1 4,1 7,0 1 0,07 0,2 0,1 2,5 3,2 0,0 0,38 3,58 11 87

Btgf2 130 - 160 4,6 3,7 -0,9 4,1 7,0 1 0,05 0,3 0,1 3,1 3,9 0,0 0,47 4,37 11 87

Btgf3 160 - 175 4,6 3,8 -0,8 4,1 7,0 2 0,03 0,2 0,2 1 1,6 0,0 0,44 2,04 22 69

P31 (FTd)

Cf 175 - 200+ 4,6 3,9 -0,7 4,1 7,0 5 0,03 0,2 0,3 1 1,7 0,0 0,54 2,24 24 65 NEOSSOLOS

A 0 - 25 3,8 3,3 -0,5 21,5 37,0 10 0,14 0,4 0,2 3,1 6,6 0,0 0,77 7,37 10 80

AC 25 - 48 4,2 3,6 -0,6 8,1 14,0 5 0,06 0,2 0,3 1,7 3 0,0 0,59 3,59 16 74

C 48 - 145 4,7 4,4 -0,3 5,2 9,0 4 0,03 0,7 0,3 0,1 0,6 0,0 1,04 1,64 63 9

2C 145 - 172 4,7 4,1 -0,6 5,2 9,0 2 0,04 0,4 0,3 0,1 0,3 0,0 0,76 1,06 72 12

3C 172 - 210 4,3 3,8 -0,5 5,2 9,0 3 0,06 0,2 0,2 0,4 0,7 0,0 0,49 1,19 41 45

P21 (RQg)

4CG 210 - 225+ 4,2 3,4 -0,8 7,5 13,0 5 0,15 0,1 0,2 1,7 3,2 0,0 0,48 3,68 13 78

A 0 - 15 5,6 3,9 -1,7 15,1 26,0 10 0,22 0,9 0,4 0,4 3,1 0,0 1,55 4,65 33 21

AC 15 - 35 4,8 4,1 -0,7 4,1 7,0 2 0,04 0,3 0,2 0,2 0,7 0,0 0,55 1,25 44 27

C1 35 - 80 5,6 4,9 -0,7 4,1 7,0 4 0,04 0,3 0,2 0,1 0,3 0,0 0,55 0,85 65 15

C2 80 - 120 4,6 5,1 0,5 4,1 7,0 1 0,03 0,2 0,1 0 0,2 0,0 0,34 0,54 63 0

2C 120 - 155 5,4 5,4 0,0 4,1 7,0 1 0,03 0,3 0,1 0 1,6 0,0 0,44 2,04 22 0

2CG 155 - 180 5,1 4,5 -0,6 4,1 7,0 1 0,07 0,4 0,2 0,1 0,2 0,0 0,69 0,89 78 13

P30 (RQg)

3CG 180 – 200+ 5,4 4,2 -1,2 4,1 7,0 1 0,07 0,4 0,3 0,1 0,3 0,0 0,78 1,08 72 11 A 0 - 30 5,1 4,9 -0,2 16,2 28,0 18 0,19 3,9 2,8 0,1 3,6 0,1 6,98 10,58 66 5,1

C 30 - 35 5,2 4,2 -1,0 10,4 18,0 9 0,09 1,6 1 0,2 3 0,1 2,74 5,74 48 5,2 P42

(RYve) 2C 35 - 60+ 4,9 4,7 -0,2 16,2 28,0 22 0,15 4,2 2,6 0,1 3,9 0,1 7,03 10,93 64 4,9

210

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Prof. COrg MO P K+ Ca2+ Mg2+ Al 3+ H+Al Na+ SB T V m perfil Horiz. (cm)

pH H2O

pH KCl delta pH

g.kg-1 mg.kg-1 cmolc.kg-1 % CAMBISSOLOS

A1 0 - 30 5,7 5,2 -0,5 11,6 20,0 21 0,22 4,4 1,4 0 1,1 0,0 6,06 7,16 85 0

A2 30 - 50 5,9 5,3 -0,6 9,9 17,0 20 0,27 3,1 1,3 0 1,2 0,0 4,7 5,9 80 0

AB 50 - 75 5,8 4,9 -0,9 8,1 14,0 19 0,29 1,8 0,9 0,1 1,2 0,0 3 4,2 71 3

Bi 75 - 105 5,9 5,4 -0,5 9,3 16,0 20 0,2 1,1 0,9 0 0,9 0,0 2,22 3,12 71 0

2C 105 - 110 5,4 4,2 -1,2 5,8 10,0 24 0,35 1,9 2,4 0,1 1,1 0,0 4,67 5,77 81 2

2C2 110 - 120 5,8 4,8 -1,0 4,1 7,0 11 0,12 0,5 0,7 0,1 0,3 0,0 1,34 1,64 82 7

3C 120 - 145 5,5 4,3 -1,2 4,1 7,0 23 0,29 1,4 2 0,1 1,1 0,0 3,71 4,81 77 3

4C 145 - 150 5,7 5,0 -0,7 4,1 7,0 9 0,12 0,6 0,6 0 0,3 0,0 1,33 1,63 82 0

P05 (CYve)

5C 150 - 180+ 5,4 4,1 -1,3 4,1 7,0 28 0,29 1,6 1,7 0,1 1,2 0,0 3,6 4,8 75 3

A1 0 - 17 5,5 5,2 -0,3 20,3 35,0 13 0,24 8,3 1,9 0 2 0,1 10,49 12,49 84 0

A2 17 - 30 6,0 5,2 -0,8 9,9 17,0 42 0,28 7,1 3 0 0,9 0,1 10,43 11,33 92 0

Bi1 30 - 62 6,3 5,5 -0,8 6,4 11,0 11 0,36 6,2 3,5 0 0,8 0,1 10,11 10,91 93 0

Bi2 62 - 105 6,5 5,4 -1,1 4,6 8,0 19 0,23 3,4 2,3 0 0,5 0,0 5,96 6,46 92 0

BC 105 - 154 6,6 5,7 -0,9 4,1 7,0 25 0,2 2,9 2,4 0 0,4 0,0 5,52 5,92 93 0

P06

(CYve)

C 154 - 210+ 7,0 6,1 -0,9 4,1 7,0 9 0,15 0,9 1,7 0 0,2 0,0 2,78 2,98 93 0

A 0 - 5 4,5 3,5 -1,0 19,1 33,0 10 0,23 4,7 3,2 1,3 7,2 0,2 8,37 15,57 54 13

Big 5 - 40 4,6 3,5 -1,1 7,0 12,0 3 0,1 2,5 2,6 1 2,8 0,2 5,38 8,18 66 16

2Bg 40 - 70 5,0 3,9 -1,1 5,2 9,0 6 0,04 1 1,5 0,2 1,1 0,1 2,68 3,78 71 7

3Bg 70 - 130 5,4 5,2 -0,2 5,2 9,0 4 0,05 3,3 5 0 0,4 0,5 8,82 9,22 96 0

P34

(CYbe)

4C 130 - 160+ 7,2 4,6 -2,6 4,1 7,0 8 0,05 2,4 1,5 0,1 0,9 0,1 4,03 4,93 82 2

211

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Prof. COrg MO P K+ Ca2+ Mg2+ Al 3+ H+Al Na+ SB T V m perfil Horiz. (cm)

pH H2O

pH KCl delta pH

g.kg-1 mg.kg-1 cmolc.kg-1 %

A 0 - 3 5,7 3,8 -1,9 81,2 140,1 34 0,55 14,5 5 0,7 13,4 0,4 20,45 33,85 60 3

Big 3 - 20 4,5 3,3 -1,2 9,9 17,0 7 0,12 2 1,1 3,1 5,2 0,1 3,34 8,54 39 48

C 20 - 40 4,4 3,5 -0,9 5,2 9,0 7 0,05 0,8 0,5 1,4 2,5 0,1 1,47 3,97 37 49

2C 40 - 55 4,7 3,4 -1,3 6,4 11,0 5 0,06 1,2 0,6 1,7 3,9 0,2 2,02 5,92 34 46

3C 55 - 85 4,7 3,7 -1,0 5,2 9,0 5 0,03 0,7 0,4 0,6 1,5 0,1 1,18 2,68 44 34

4C 85 -95 5,0 3,5 -1,5 7,0 12,0 9 0,06 1,3 0,7 1,6 4,3 0,1 2,16 6,46 33 43

5C 95 - 125 5,1 3,7 -1,4 5,2 9,0 7 0,03 0,8 0,4 0,8 2,1 0,1 1,29 3,39 38 38

6C 125 - 150 5,1 3,5 -1,6 7,5 13,0 9 0,07 1,9 1,1 1,3 3,7 0,1 3,2 6,9 46 29

P37 (CYbd)

7C 150 - 180+ 5,3 3,8 -1,5 5,8 10,0 8 0,04 1,6 1 0,4 1,3 0,1 2,74 4,04 68 13

GLEISSOLOS

A 0 - 20 4,5 3,2 -1,3 13,9 24,0 2 0,06 3,3 1,9 4 10,8 0,2 5,42 16,22 33 42

Bgv1 20 - 60 4,6 3,1 -1,5 7,5 13,0 1 0,07 1,8 1,1 8,4 10,2 0,2 3,15 13,35 24 73

Bgv2 60 - 120 4,6 3,1 -1,5 7,5 13,0 1 0,06 1,6 0,9 7,6 10,1 0,3 2,81 12,91 22 73

Bgf1 120 - 150 4,7 3,4 -1,3 5,2 9,0 1 0,06 1,9 1,1 4,6 7,2 0,3 3,32 10,52 32 58

P33 (GXa)

Bgf2 150 -170+ 5,4 3,3 -2,1 4,6 8,0 1 0,07 2 1,1 5,2 6,9 0,4 3,61 10,51 34 59

A 0 - 5 5,0 4,7 -0,3 52,8 91,1 46 1,56 9,3 4,8 0,1 7,5 0,2 15,83 23,33 68 1

Bg1 5 - 25 5,7 3,4 -2,3 15,1 26,0 3 0,11 3,2 1,6 3,2 8,9 0,2 5,06 13,96 36 39

Bg2 25 - 45 4,5 3,3 -1,2 7,0 12,0 1 0,06 1,4 0,7 2,4 4,6 0,1 2,26 6,86 33 52

2Bg 45 - 100 4,6 3,4 -1,2 6,4 11,0 1 0,07 1 0,6 5,4 5,9 0,2 1,86 7,76 24 74

P38 (GXa)

C 100 - 180+ 4,5 3,4 -1,1 5,2 9,0 1 0,06 0,7 0,5 4,2 4,8 0,2 1,42 6,22 23 75

212

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Prof. COrg MO P K + Ca2+ Mg2+ Al 3+ H+Al Na+ SB T V m perfil Horiz. (cm)

pH H2O

pH KCl delta pH

g.kg-1 mg.kg-1 cmolc.kg-1 % LUVISSOLOS

A 0 - 20 5,5 5,0 -0,5 29,6 51,0 84 0,73 9,6 2,2 0 3,4 0,0 12,57 15,97 79 0

AE 20 - 35 5,9 5,2 -0,7 10,4 18,0 93 0,52 6,7 2,5 0 1,3 0,0 9,75 11,05 88 0

E 35 - 50 6,0 5,3 -0,7 9,9 17,0 103 0,6 4,9 3 0 1,3 0,0 8,52 9,82 87 0

Bt 50 - 138 6,4 5,4 -1,0 7,0 12,0 70 0,02 5,3 4,7 0 1,3 0,0 10,04 11,34 89 0

P16 (TCp)

BC 138 - 160+ 6,4 5,5 -0,9 5,2 9,0 53 0,84 4 4 0 0,8 0,0 8,86 9,66 92 0

A 0 - 30 4,8 4,7 -0,1 36,0 62,0 42 0,74 5,9 2,3 0,1 5,9 0,1 9,01 14,91 60 1

E 30 - 52 4,9 4,1 -0,8 13,3 23,0 35 0,57 3,1 2,5 0,2 4,5 0,1 6,24 10,74 58 3

Bt1 52 - 90 5,4 4,5 -0,9 8,1 14,0 6 1,58 4,3 4,5 0,1 2,8 0,2 10,61 13,41 79 1

Bt2 90 - 110 5,8 4,8 -1,0 8,1 14,0 4 1,39 4,4 4,8 0,1 1,6 0,2 10,79 12,39 87 1

P28 (TXp)

Bt3 110 - 150+ 6,1 5,2 -0,9 6,4 11,0 7 1,08 3,2 3 0 0,7 0,1 7,39 8,09 91 0

213

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APENDICE 2. Resultados das análises geoquímicas elementares (óxidos totais) dos elementos maiores dos solos do Pantanal Norte Matogrossense.

SiO2 Al 2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO 2 CaO MnO SO3 ZrO2 P2O5 Perfil horiz. %

Zr/Ti

P-42 A 67,02 22,56 5,39 2,56 1,08 1,45 0,00 0,06 0,14 0,07 0,00 0,05

(RY) C 66,79 21,12 7,14 2,46 0,81 1,35 0,00 0,06 0,20 0,07 0,00 0,05

2C 64,11 22,23 8,44 2,85 1,26 1,34 0,00 0,18 0,17 0,07 0,00 0,05

P-05 A1 81,56 11,55 2,09 2,02 0,70 0,64 0,62 0,06 0,26 0,08 0,39 0,13

(CY) A2 82,10 11,54 2,05 2,03 0,61 0,59 0,30 0,05 0,23 0,08 0,41 0,14

AC 83,77 10,61 1,85 1,99 0,47 0,62 0,00 0,04 0,23 0,07 0,00 0,11

2C 82,49 11,43 1,79 2,29 0,59 0,70 0,00 0,04 0,24 0,10 0,34 0,14

3C 74,52 17,13 3,77 2,31 0,95 0,70 0,00 0,03 0,20 0,07 0,33 0,10

3C2 88,37 7,34 1,45 1,54 0,41 0,46 0,00 0,02 0,25 0,08 0,00 0,17

3C3 76,86 15,93 3,09 2,05 0,96 0,52 0,00 0,03 0,16 0,07 0,30 0,13

4C 89,27 6,33 1,96 1,43 0,00 0,46 0,00 0,03 0,27 0,13 0,00 0,28

5C 78,66 14,96 2,66 1,76 0,89 0,41 0,00 0,00 0,19 0,08 0,33 0,20

P-09 A 86,81 8,58 1,22 1,44 0,40 0,98 0,06 0,10 0,26 0,10 0,00 0,10

(SN) E 87,39 8,35 1,33 1,50 0,00 0,95 0,00 0,10 0,22 0,10 0,00 0,11

Btg1 75,09 17,08 3,63 2,06 1,00 0,76 0,00 0,12 0,15 0,09 0,00 0,12

Btg2 74,20 17,64 3,96 2,08 1,04 0,74 0,00 0,08 0,16 0,00 0,00 0,00

P-26 A 67,84 22,72 4,91 1,58 0,77 1,09 0,00 0,06 0,24 0,06 0,66 0,06

(FF) Bfg1 64,55 20,53 10,34 2,10 1,05 1,17 0,00 0,03 0,14 0,08 0,00 0,07

Bfg2 70,05 21,18 3,96 2,26 1,23 1,06 0,00 0,00 0,17 0,07 0,00 0,07

BCfg1 75,46 18,65 1,90 2,00 1,02 0,78 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 0,00

2Cfg1 76,23 17,58 2,20 1,87 0,88 0,70 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 0,00

2Cfg2 69,12 16,17 2,56 1,71 0,74 0,70 0,00 0,00 0,14 0,00 0,00 0,00

214

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SiO2 Al 2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO 2 CaO MnO SO3 ZrO2 P2O5 Perfil horiz. %

Zr/Ti

P-38 A 65,63 22,52 5,28 2,79 1,30 1,13 0,65 0,06 0,27 0,00 0,26 0,00

(GX) Bg1 59,83 26,60 7,32 3,08 1,55 0,99 0,00 0,12 0,00 0,04 0,00 0,04

Bgf2 73,08 19,81 2,59 2,02 1,00 1,23 0,00 0,01 0,16 0,06 0,00 0,05

2Bfg 64,44 24,95 5,57 2,13 1,34 1,31 0,00 0,01 0,14 0,05 0,00 0,04

2Cf 61,14 23,60 10,34 2,31 1,20 1,16 0,00 0,01 0,15 0,06 0,00 0,05

P-30 A 85,42 10,52 0,94 1,72 0,00 0,74 0,00 0,06 0,29 0,00 0,24 0,00

(RQ) AC 92,62 4,26 0,37 0,93 0,00 0,00 0,00 0,03 0,33 0,00 0,00 0,00

C1 92,50 4,15 0,55 0,99 0,00 0,00 0,00 0,03 0,45 0,00 0,00 0,00

C2 91,72 4,31 0,67 1,00 0,00 0,17 0,00 0,04 0,54 0,00 0,00 0,00

2C 95,72 2,84 0,16 0,45 0,00 0,00 0,03 0,00 0,31 0,03 0,00 0,00

2Cg 95,21 3,42 0,19 0,41 0,00 0,00 0,06 0,00 0,32 0,02 0,00 0,00

3Cg 94,10 4,38 0,53 0,50 0,00 0,10 0,00 0,03 0,28 0,01 0,00 0,10

P-34 A 63,20 24,89 5,00 3,64 1,69 1,04 0,00 0,05 0,15 0,04 0,00 0,04

(CY) Big 65,17 22,22 5,95 3,45 1,56 1,08 0,00 0,05 0,14 0,05 0,00 0,05

2Big 79,88 12,13 4,25 1,99 0,70 0,67 0,00 0,05 0,23 0,06 0,00 0,09

3Big 71,77 18,74 4,56 2,51 1,37 0,76 0,00 0,06 0,16 0,05 0,00 0,07

4C 77,16 13,65 5,29 1,85 0,79 0,54 0,28 0,12 0,21 0,06 0,00 0,11

P-28 A1 75,37 15,03 3,27 2,41 0,82 0,86 1,26 0,17 0,25 0,05 0,48 0,06

(TX) A2 74,05 17,09 3,55 2,70 0,90 1,01 1,00 0,10 0,19 0,05 0,05 0,05

E 72,21 18,64 3,77 2,72 0,93 1,09 0,00 0,09 0,16 0,06 0,28 0,06

Bt1 56,54 28,49 8,62 3,14 1,61 1,17 0,00 0,04 0,11 0,00 0,18 0,00

Bt2 65,37 23,73 4,78 2,73 1,43 0,98 0,00 0,00 0,13 0,04 0,00 0,04

Bt3 70,80 19,18 5,09 2,54 1,10 0,95 0,00 0,03 0,18 0,06 0,00 0,06

215

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SiO2 Al 2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO 2 CaO MnO SO3 ZrO2 P2O5 Perfil horiz.

% Zr/Ti

P-14 A 80,72 13,98 2,09 1,45 0,60 0,69 0,00 0,04 0,23 0,05 0,00 0,07

(FT) AB 76,35 16,30 3,92 1,53 0,71 0,75 0,00 0,00 0,22 0,04 0,00 0,05

Btfg 73,32 19,81 3,57 1,50 0,97 0,62 0,00 0,00 0,19 0,00 0,00 0,00

2Bfg 72,01 19,24 4,39 2,21 1,03 0,85 0,00 0,00 0,19 0,06 0,00 0,07

3BC 88,16 8,71 0,66 0,99 0,00 1,09 0,00 0,00 0,32 0,07 0,00 0,06

P-33 A1 63,77 23,51 7,75 2,16 1,23 0,94 0,34 0,08 0,09 0,00 0,00 0,00

(GX) Bgv1 58,39 26,16 9,68 2,57 1,51 0,96 0,00 0,04 0,10 0,05 0,00 0,05

Bgv2 60,11 24,64 11,03 1,35 1,03 0,93 0,29 0,03 0,08 0,04 0,00 0,04

Bfg1 54,02 29,83 11,87 1,54 1,21 1,20 0,22 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00

Bfg2 54,29 30,87 9,70 2,27 1,29 1,06 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00

P-43 A 64,56 23,12 6,57 2,56 1,44 0,96 0,43 0,07 0,13 0,00 0,00 0,00

(SX) EA 64,16 22,66 7,71 2,62 1,37 0,89 0,00 0,03 0,14 0,06 0,00 0,07

E 73,12 16,64 6,32 1,70 0,88 1,11 0,00 0,01 0,00 0,07 0,00 0,06

Btn 68,11 23,79 3,65 1,95 1,23 1,04 0,00 0,01 0,14 0,05 0,00 0,05

Cf 73,77 18,79 4,15 1,55 0,80 0,00 0,63 0,01 0,15 0,03 0,00 0,00

P-31 A 92,05 5,88 0,60 0,57 0,00 0,52 0,00 0,01 0,31 0,00 0,00 0,00

(SX) E 92,67 4,71 0,76 0,61 0,00 0,66 0,00 0,01 0,43 0,07 0,00 0,11

EBt 87,71 8,17 1,71 1,08 0,00 0,93 0,00 0,01 0,25 0,07 0,00 0,08

Btfg1 70,28 20,04 5,54 1,76 1,04 0,94 0,00 0,01 0,13 0,07 0,00 0,07

Btfg2 67,52 24,64 3,88 1,79 1,01 0,87 0,00 0,07 0,14 0,04 0,00 0,05

Btfg3 84,34 10,31 4,23 0,75 0,00 0,00 0,00 0,04 0,24 0,02 0,00 0,00

Cf 84,25 9,54 5,05 0,57 0,00 0,23 0,00 0,06 0,26 0,00 0,00 0,00 216

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SiO2 Al 2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO 2 CaO MnO SO3 ZrO2 P2O5 Perfil horiz.

% Zr/Ti

P-21 A 74,37 17,26 3,51 2,43 0,91 0,80 0,00 0,05 0,26 0,06 0,33 0,08

(RQ) AC 77,82 14,18 3,22 2,39 0,73 0,70 0,00 0,01 0,21 0,07 0,21 0,10

C 93,43 3,95 1,23 0,71 0,00 0,19 0,00 0,01 0,32 0,00 0,00 0,00

2C 91,06 5,23 1,37 1,49 0,00 0,30 0,00 0,01 0,34 0,09 0,00 0,30

3C 90,06 5,42 2,26 1,40 0,00 0,30 0,00 0,02 0,34 0,05 0,00 0,17

4Cg 82,73 11,95 1,55 2,22 0,63 0,60 0,00 0,01 0,25 0,06 0,00 0,10

P-13 A 90,23 7,10 0,70 1,16 0,00 0,35 0,00 0,03 0,27 0,05 0,00 0,14

(SX) AE 89,03 7,86 0,88 1,37 0,00 0,52 0,00 0,01 0,22 0,06 0,00 0,12

E 92,40 4,69 0,98 1,05 0,00 0,41 0,00 0,01 0,27 0,05 0,00 0,12

EBt 83,54 10,82 2,91 1,72 0,00 0,73 0,00 0,01 0,22 0,05 0,00 0,07

Btg 65,95 24,67 5,68 1,39 1,00 0,96 0,00 0,03 0,00 0,06 0,00 0,06

P-19 A 85,22 10,13 1,58 2,05 0,00 0,57 0,07 0,08 0,21 0,10 0,00 0,18

(SX) E 83,31 10,97 1,94 2,14 0,52 0,69 0,00 0,10 0,26 0,07 0,00 0,10

Btg1 68,20 21,60 5,36 2,42 1,23 0,90 0,00 0,04 0,15 0,07 0,00 0,08

2Btg 80,25 13,27 2,31 2,30 0,86 0,71 0,00 0,01 0,19 0,10 0,00 0,14

P-06 A1 76,17 14,56 3,55 2,38 0,78 0,94 0,82 0,12 0,22 0,09 0,33 0,10

(CY) A2 69,13 18,87 4,97 2,81 1,09 1,17 0,44 0,09 0,17 0,08 0,31 0,07

Bi1 66,79 21,98 5,47 2,72 1,30 1,07 0,38 0,04 0,16 0,07 0,00 0,07

Bi2 73,34 17,96 4,00 2,45 1,00 0,76 0,00 0,03 0,18 0,11 0,00 0,14

BC 76,33 15,68 3,60 2,33 0,89 0,81 0,00 0,03 0,18 0,10 0,00 0,12

C 82,45 11,70 2,30 1,99 0,70 0,54 0,00 0,03 0,23 0,08 0,00 0,15

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SiO2 Al 2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO 2 CaO MnO SO3 ZrO2 P2O5 Perfil horiz.

% Zr/Ti

P-16 A 74,15 15,33 3,88 2,61 1,15 0,98 0,89 0,15 0,24 0,08 0,47 0,08

(TC) AE 74,54 15,70 3,84 2,77 1,10 0,85 0,46 0,13 0,19 0,07 0,32 0,08

E 72,39 17,22 4,33 2,90 1,04 1,03 0,28 0,11 0,21 0,07 0,37 0,07

Bt 65,59 21,07 7,37 2,99 1,34 1,09 0,00 0,08 0,17 0,00 0,30 0,00

BC 68,63 19,56 6,21 2,92 1,12 0,95 0,00 0,04 0,20 0,05 0,22 0,05

P-37 A 61,21 23,85 6,10 3,81 1,56 1,34 1,13 0,04 0,54 0,00 0,29 0,00

(CY) Big 66,90 21,92 5,14 3,16 1,39 1,17 0,00 0,03 0,16 0,05 0,00 0,04

C 73,77 16,19 5,29 2,24 1,05 0,91 0,00 0,04 0,21 0,08 0,20 0,09

2C 69,89 18,38 6,57 2,48 1,19 0,88 0,00 0,09 0,07 0,19 0,25 0,22

3C 82,44 11,79 2,47 1,69 0,66 0,60 0,00 0,03 0,22 0,07 0,00 0,12

4C 67,71 19,73 6,89 2,72 1,34 1,00 0,00 0,16 0,16 0,08 0,21 0,08

5C 78,68 13,56 3,23 1,91 0,79 0,62 0,00 0,05 0,23 0,06 0,00 0,10

6C 65,50 21,11 7,40 2,98 1,43 1,01 0,00 0,21 0,14 0,07 0,00 0,07

7C 76,78 15,43 3,75 2,05 0,89 0,71 0,00 0,07 0,25 0,07 0,00 0,10

P-27 A 73,49 17,85 2,51 2,25 0,85 1,20 0,63 0,08 0,39 0,05 0,46 0,04

(FT) AB 67,94 23,89 2,64 2,78 1,08 1,36 0,00 0,00 0,17 0,06 0,00 0,04

2Bf 58,60 24,03 12,33 2,38 1,16 1,23 0,00 0,00 0,14 0,05 0,00 0,04

3Bf 72,79 20,28 2,75 1,91 0,93 1,06 0,00 0,00 0,21 0,05 0,00 0,05

4Bf 60,52 26,51 8,07 2,21 1,27 1,19 0,00 0,00 0,12 0,00 0,00 0,00

5C 81,13 13,12 2,22 1,42 0,58 1,22 0,00 0,00 0,20 0,06 0,00 0,05

5Cgf 59,65 26,98 8,70 2,07 1,08 1,28 0,00 0,02 0,13 0,00 0,00 0,00

218

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SiO2 Al2O3 Fe2O3 K2O MgO TiO2 CaO MnO SO3 ZrO2 P2O5 Perfil horiz.

% Zr/Ti

P-04 A 86,84 9,56 1,14 1,31 0,00 0,73 0,00 0,04 0,30 0,06 0,00 0,08

(SX) E 87,66 9,37 0,82 1,22 0,00 0,59 0,00 0,00 0,23 0,05 0,00 0,08

EBt 89,66 5,80 2,41 1,10 0,00 0,63 0,00 0,03 0,23 0,08 0,00 0,13

Btn 63,83 23,54 8,23 1,96 1,23 0,76 0,00 0,05 0,12 0,00 0,00 0,00

219

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APENDICE 3. Resultados da caracterização física dos solos do Pantanal Norte Matogrossense (RPPN SESC Pantanal).

Prof. AMG 1 AG2 AM3 AF4 AMF5 AT6 Silte Argila silte/argila ADA7 GF8

perfil Horiz. cm g.kg-1 g.kg-1 %

PLANOSSOLOS

A 0 - 30 0 40 190 430 100 760 140 100 1,40 40 60 E 30 - 47 0 40 210 460 90 800 100 100 1,00 40 60

EBt 47 - 90 10 50 240 460 60 820 80 100 0,80 20 80 Btg 90 - 112 0 0 20 670 130 820 80 100 0,80 40 60

Btgn 112 - 135 10 40 150 310 60 570 100 330 0,30 80 76

P04 (SXe)

2Btg 135 - 165+ 0 0 70 510 180 760 100 140 0,71 20 86 A 0 - 40 0 40 230 270 160 700 240 60 4,00 40 15 E 40 - 82 0 30 230 280 160 700 200 100 2,00 40 60

Btg1 82 - 140 10 30 180 200 120 540 140 320 0,44 0 100 P09

(SNo)

Btg2 140 - 176+ 10 40 200 190 110 550 140 310 0,45 260 16 A 0 - 25 0 10 130 580 120 840 60 100 0,60 40 60

AE 25 - 40 0 20 150 600 90 860 60 80 0,75 60 25 E 40 - 112 0 20 160 600 80 860 80 60 1,33 40 33

EBt 112 - 140 0 20 130 500 70 720 140 140 1,00 0 100

P13 (SXa)

Btg 140 - 180+ 20 30 90 280 90 510 120 370 0,32 120 67 A 0 - 40 20 30 60 190 440 740 160 100 1,60 80 20 E 40 - 80 0 0 20 450 330 800 120 80 1,50 40 50

Btg1 80 - 100 0 10 50 250 150 460 140 400 0,35 360 10 P19

(SXe)

2Btg 100 - 150+ 0 10 70 380 200 660 200 140 1,43 120 14 A 0 - 20 0 0 0 90 30 820 30 150 0,20 20 86 Bt1 20 - 35 0 10 20 50 60 140 360 500 0,72 100 80 Bt2 35 -55 0 0 20 70 90 180 340 480 0,71 100 60 2Bt 55 - 90 0 20 90 120 110 340 360 300 1,20 0 100

P43 (Sxd)

3Cf 90 - 200+ 0 20 110 170 100 400 190 410 0,46 0 100

220

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Prof. AMG 1 AG2 AM3 AF4 AMF5 AT6 Silte Argila silte/argila ADA 7 GF8

perfil Horiz. cm g.kg-1 g.kg-1 %

PLINTOSSOLOS

A 0 - 25 0 10 140 520 50 720 140 140 1,00 40 71 AB 25 - 50 0 10 130 490 50 680 100 220 0,45 0 100 Btfg 50 - 95 0 10 120 610 40 780 60 160 0,38 0 100 2C 95 - 100 0 0 140 710 30 880 40 80 0,50 0 100

3Bfg 100 - 165 10 20 90 310 130 560 200 240 0,83 0 100

P14 (FTa)

4C 165 - 200+ 20 70 210 270 150 720 200 80 2,50 0 100 A 0 - 14 130 140 130 110 40 550 290 160 1,81 20 88

Bfg1 14 - 25 10 50 100 60 80 300 340 360 0,94 0 100 Bfg2 25 - 65 10 30 40 20 140 240 360 400 0,90 0 100

BCfg1 65 - 70 20 40 70 80 190 400 320 280 1,14 0 100 2Cfg1 70 - 130 10 260 490 30 10 800 80 120 0,67 0 100

P26 (FFlf)

2Cfg2 130 - 175+ 10 270 620 40 0 940 20 40 0,50 0 100 A 0 - 10 10 250 510 50 20 840 20 140 0,14 0 100

AB 10 - 22 70 20 60 140 50 340 280 380 0,74 80 79 2Bf 22 - 35 0 0 30 70 30 130 290 580 0,50 260 55 3Bf 35 - 45 0 0 20 40 10 70 270 660 0,41 260 61 4Bf 45 - 68 0 10 110 320 70 510 160 330 0,48 0 100 5C 68 - 110 0 0 30 110 40 180 180 640 0,28 200 69

P27 (FTe)

5Cgf 110 - 150+ 0 30 160 360 70 620 180 200 0,90 140 30 A 0 - 20 0 100 500 340 0 940 20 40 0,50 20 50 E 20 - 58 10 60 300 340 110 820 160 20 8,00 0 100

EB 58 - 65 0 60 340 380 80 860 60 80 0,75 20 75 P31

(FTd)

Btgf1 65 - 130 10 40 260 280 110 700 200 100 2,00 0 100 Btgf2 130 - 160 10 40 200 220 90 560 140 300 0,47 0 100 Btgf3 160 - 175 0 40 280 240 90 650 80 270 0,30 0 100 Cf 175 - 200+ 0 110 470 210 30 820 80 100 0,80 0 100

221

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Prof. AMG 1 AG2 AM3 AF4 AMF5 AT6 Silte Argila silte/argila ADA 7 GF8

Perfil Horiz. cm g.kg-1 g.kg-1 %

NEOSSOLOS

A 0 - 25 0 10 70 230 310 620 180 200 0,90 60 70 AC 25 - 48 0 0 80 270 350 700 180 120 1,50 20 83 C 48 - 145 0 10 290 610 50 960 20 20 1,00 0 100 2C 145 - 172 0 0 30 730 200 960 20 20 1,00 0 100 3C 172 - 210 0 10 120 590 200 920 40 40 1,00 0 100

P21 (RQg)

4Cg 210 - 225+ 0 0 20 220 480 720 160 120 1,33 0 100 A 0 - 15 0 0 20 430 310 760 140 100 1,40 80 20

AC 15 - 35 0 10 110 560 60 740 140 120 1,17 60 50 C1 35 - 80 0 0 110 640 90 840 60 100 0,60 60 40 C2 80 - 120 0 10 220 660 30 920 40 40 1,00 20 50 2C 120 - 155 0 10 380 540 10 940 20 40 0,50 20 50

P30 (RQg)

2Cg 155 - 180 0 10 160 760 10 940 20 40 0,50 20 50 3Cg 180 – 200+ 0 0 240 690 10 940 20 40 0,50 20 50

A 0 - 30 0 60 340 440 60 900 60 40 1,50 0 100 C 30 - 35 0 0 0 10 50 60 700 240 2,92 40 83

P42 (RYve)

2C 35 - 60+ 0 0 20 60 200 280 540 180 3,00 40 78

222

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Prof. AMG 1 AG2 AM3 AF4 AMF5 AT6 Silte Argila silte/argila ADA 7 GF8

Perfil Horiz. cm g.kg-1 g.kg-1 %

CAMBISSOLOS FLÚVICOS

A1 0 - 30 0 0 60 500 200 760 120 120 1,00 60 50 A2 30 - 50 0 0 60 490 190 740 120 140 0,86 100 29 AB 50 - 75 0 0 50 470 240 760 120 120 1,00 80 33 Bi 75 - 105 0 0 40 430 190 660 100 240 0,42 160 33 2C 105 - 110 0 0 20 730 150 900 40 60 0,67 40 33 2C2 110 - 120 0 0 20 650 130 800 80 120 0,67 80 33 3C 120 - 145 0 0 30 590 140 760 120 120 1,00 100 17 4C 145 - 150 0 0 20 730 150 900 40 60 0,67 40 33

P05 (CYve)

5C 150 - 180+ 0 0 10 220 240 470 300 23 1,30 180 22 A1 0 - 17 0 0 0 210 240 450 280 270 1,04 120 54 A2 17 - 30 0 10 10 140 150 310 320 370 0,86 340 8 Bi1 30 - 62 0 0 0 120 170 290 280 430 0,65 380 12 Bi2 62 - 105 0 0 0 270 350 620 140 240 0,58 180 25 BC 105 - 154 0 0 0 330 350 680 160 160 1,00 80 50

P06 (CYve)

C 154 - 210+ 0 0 10 590 220 820 100 80 1,25 40 50 A 0 - 5 10 10 10 200 50 280 130 590 0,22 00 100

Big 5 - 40 0 0 0 30 10 40 230 730 0,32 240 67 2Bg 40 - 70 0 0 0 10 10 20 310 670 0,46 120 82 3Bg 70 - 130 0 0 0 10 10 20 500 480 1,04 40 92

P34 (CYbe)

4C 130 - 160+ 0 0 0 470 230 700 140 160 0,88 40 75 A 0 - 3 0 0 0 540 200 740 80 180 0,44 0 100

Big 3 - 20 80 0 20 0 0 100 160 740 0,22 400 46 C 20 - 40 0 0 0 10 10 20 180 800 0,23 40 95 2C 40 - 55 0 0 0 180 310 490 240 270 0,89 0 100 3C 55 - 85 0 0 10 100 240 350 280 370 0,76 0 100 4C 85 -95 0 0 0 470 250 720 120 160 0,75 0 100

P37 (CYbd)

5C 95 - 125 0 0 10 70 190 270 360 370 0,97 40 89

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Prof. AMG 1 AG2 AM3 AF4 AMF5 AT6 Silte Argila silte/argila ADA 7 GF8

Perfil Horiz. cm g.kg-1 g.kg-1 %

GLEISSOLOS

A 0 - 20 0 10 30 120 60 220 240 540 0,44 190 64 Bgv1 20 - 60 0 0 10 30 10 50 170 780 0,22 530 32 Bgv2 60 - 120 0 0 10 10 0 20 140 840 0,17 440 48

P33 (GXa)

Bgf1 120 - 150 0 0 0 50 40 90 130 780 0,17 450 43 Bgf2 150 -170+ 30 40 40 50 70 230 100 670 0,15 230 66

A 0 - 5 0 0 10 260 330 600 200 200 1,00 40 80 Bg1 5 - 25 10 20 20 50 60 160 310 530 0,58 290 44 Bg2 25 - 45 0 0 0 10 10 20 180 800 0,23 480 40 2Bg 45 - 100 0 20 20 160 110 310 240 450 0,53 80 82

P38 (GXa)

C 100 - 180+ 0 10 10 40 50 110 270 620 0,44 80 87 LUVISSOLOS

A 0 - 20 0 0 40 260 90 390 390 220 1,77 120 45 AE 20 - 35 0 0 10 280 140 430 370 200 1,85 100 50 E 35 - 50 0 0 50 230 110 390 350 260 1,35 100 61

P16 (TCp)

Bt 50 - 138 0 0 60 150 60 270 340 390 0,87 0 100 BC 138 - 160+ 0 0 80 210 80 370 320 310 1,03 0 100

A 0 - 30 10 20 70 160 60 320 120 560 0,21 300 46 E 30 - 52 0 10 190 240 100 540 210 250 0,84 140 44

Bt1 52 - 90 0 20 170 220 80 490 180 330 0,55 140 58 Bt2 90 - 110 0 0 30 40 10 80 150 770 0,19 500 35

P28 (TXp)

Bt3 110 - 150+ 0 10 140 190 60 400 130 470 0,28 140 70 1Areia muito grossa; 2Areia grossa; 3Areia média; 4Areia fina; 5Areia muito fina; 6Areia Total; 7Argila dispersa em água; 8Grau de floculação.

224