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GEOGRAFIA (AULA 22) – GEOGRAFIA DO RIO GRANDE DO SUL
1. O TERRITÓRIO GAÚCHO
O Rio Grande do Sul é o maior e mais populoso
estado da Região Sul, e limita-se com Uruguai, Argentina,
oceano Atlântico e Santa Catarina. Em seu território, está o
arroio do Chuí, o ponto extremo do sul do país. A maior
parte do território gaúcho acha-se a menos de 300 metros
de altura, com relevo formado de planícies litorâneas,
planaltos e depressões. O clima varia de acordo com a
altitude: subtropical nas zonas menos elevadas, e
temperado, com geadas no inverno, nas terras mais altas. O
estado abriga vegetação de campos (os Pampas gaúchos),
floresta tropical e matas de araucária.
Os imigrantes europeus deixaram sua influência na
comida, nos costumes, na cultura do povo gaúcho. Também
se cultiva, no estado, as tradições da região dos Pampas, na
fronteira com o Uruguai e Argentina: chimarrão, churrasco e
trajes típicos. Muitas cidades, como Gramado e Canela, com fortes traços europeus, atraem turistas de todo o Brasil.
Também são muito visitadas as ruínas das povoações jesuítas do século XVII, transformadas pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em patrimônio da humanidade.
Com pouco mais de 3% do território brasileiro, o Rio Grande do Sul abriga 6% da população, gera um PIB de US$
90 bilhões, é o maior produtor de grãos, o segundo pólo comercial e o segundo pólo da indústria de transformação
nacional. O estado alcançou a terceira posição no Índice de Desenvolvimento Humano entre os estados do país e
desfruta de uma alta qualidade de vida.
2. POPULAÇÃO
O Rio Grande do Sul, de acordo com o Censo
Demográfico 2010, apresentou uma população de 10.695.532
habitantes. Ocupa o quinto lugar entre os Estados brasileiros e
vem mantendo esta posição desde 1940, à exceção de 1970,
quando o Paraná ocupou o 5º e o Rio Grande do Sul o 6º lugar
devido principalmente à intensa emigração de gaúchos para
outros estados nessa década.
A partir de 2004 o Estado passou a contar com 496
municípios. Destes, 331 estão na faixa de menos de 10 mil
habitantes quase duplicando o número de municípios em
relação a 1980. A população neste grupo de municípios, no
entanto, teve apenas um pequeno acréscimo, passando de
12,9% para 13,5%, no mesmo período. Os 18 municípios com
população superior a 100 mil habitantes representam 46,7% da população gaúcha.
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A densidade demográfica no Rio Grande do Sul passou
de 36 hab/km², em 2000, para 38 hab/km² em 2010. Apresenta a
menor densidade da região Sul, bem acima da brasileira de 21
hab/km².
A distribuição da população no território gaúcho não é
uniforme. O eixo que liga Porto Alegre a Caxias do Sul constitui-
se na área mais densamente povoada, concentrando grande
número de municípios e formando a maior área de continuidade
urbana do Estado. Dos 29 municípios com mais de 200 hab/km²,
19 fazem parte deste eixo; 17 na Região Metropolitana de Porto
Alegre - RMPA e dois na Aglomeração Urbana do Nordeste -
AUNE.
Por outro lado existem áreas pouco povoadas que
correspondem principalmente às regiões Campos de Cima da Serra, Vale do Jaguari, Fronteira Oeste e Campanha, que
apresentam densidades inferiores a 15 hab/km². Nestas regiões
os centros urbanos mais importantes concentram a população
regional e estão relativamente isolados. Ao sul predominam as
grandes propriedades que constituem a base para o
povoamento rarefeito destas regiões, que se caracterizam pelos
vazios demográficos.
No Norte do Estado as regiões Fronteira Noroeste,
Produção, Norte, Médio Alto Uruguai e Noroeste Colonial
apresentam densidades superiores ou bem próximas a média
estadual. Estas regiões com predominância da pequena
propriedade passaram por processos emancipatórios recentes
que ocasionaram uma base territorial intensamente
fragmentada com uma rede urbana formada de núcleos de
pequeno contingente populacional.
A Região Metropolitana de Porto Alegre é a área mais densa do Estado concentrando 37% da população em 32
municípios. Nela encontram-se nove entre os 18 municípios do Estado com mais de 100 mil habitantes. A densidade
demográfica da região é de 382,4 hab/km² e seus municípios
apresentam as mais elevadas densidades demográficas do estado.
A RMPA foi criada por lei em 1973 e era composta,
inicialmente, por 14 municípios. O crescimento demográfico
resultante principalmente das migrações, a interligação das malhas
urbanas e as sucessivas emancipações, fizeram com que novos
municípios tenham se integrado à região metropolitana,
totalizando 32 em 2010. Estes municípios apresentam grandes
disparidades quanto ao PIB per capita e aos indicadores sociais,
refletindo a distribuição desigual de agentes econômicos e de
equipamentos urbanos como transporte, saúde, educação,
habitação e saneamento. Seu território integra cinco Conselhos
Regionais de Desenvolvimento: Metropolitano-Delta do Jacuí, Vale
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dos Sinos, Paranhana-Encosta da Serra, Centro- Sul e Vale do Caí.
A RMPA constitui-se em pólo de atração no Estado. Esta característica antes restrita a Porto Alegre e cidades
mais populosas agora se verifica nas cidades da periferia e entorno da região onde, atraídos pelos preços mais baixos da
terra e pelas facilidades de emprego das áreas de expansão econômica, aportam migrantes de todo o Estado.
3. ECONOMIA
Estimativas preliminares apontam que, em 2009, a
agropecuária gaúcha contribuiu diretamente com apenas
10,2% do valor da produção. No entanto, esta atividade pode
ser considerada a base da economia gaúcha, pois dela derivam
inúmeros segmentos da agroindústria. Além disso, justifica a
presença de inúmeros serviços em pequenos municípios e
movimenta o comércio nessas localidades. Na estrutura do
Valor Bruto da Produção Agropecuária destaca-se a lavoura
que responde por 61,34% da produção, seguida pela produção
animal com 33,98%. Dentre as diferentes lavouras a produção
de grãos é a mais significativa, embora tenha decrescido
historicamente passando de 50,29% em 1985, para 35,97% em
1990, 28,61% em 1995, retomando o crescimento e atingindo
em 2004 36,38%.
A estrutura fundiária do Estado se diferencia de acordo com a região, alternando predomínio de grandes e
médias propriedades com médias e pequenas unidades de produção. Do total dos estabelecimentos do Estado 85,8%
possuem menos de 50 hectares, ocupando 24,4% da área utilizada pela agropecuária. As propriedades com mais de 500
hectares representam 1,83% dos estabelecimentos, ocupando 41,9% da área rural. As propriedades entre 50 e 500 ha
representam 12,46% do número total de estabelecimentos ocupando 32,8% do total da área. Deve-se ressaltar que o
limite entre minifúndio e latifúndio varia de acordo com a região e, normalmente, nas regiões da Campanha e da
Fronteira Oeste, onde os solos são mais frágeis, necessita-se de áreas maiores para obter viabilidade na produção.
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A indústria responde por 27,5% da economia gaúcha, sendo que desta participação a responsabilidade da
indústria de transformação é de 19,8%. O Estado apresenta uma indústria diversificada que se desenvolveu a partir das
agroindústrias e de outros segmentos ligados ao setor primário. A matriz industrial estruturou-se sobre quatro
complexos básicos: o agroindustrial, que inclui as indústrias de alimentos, bebidas e as que utilizam insumos agrícolas; o
complexo coureiro-calçadista; o complexo químico; e o complexo metal-mecânico. Atualmente a indústria de
transformação ocupa a terceira posição no parque nacional (depois de São Paulo e Minas Gerais), com uma participação
em torno de 8%. Os principais gêneros são o como os setores
de mecânica, material de transporte, química, o mobiliário,
vestuário e calçados, todos com vínculos com o mercado
exportador. Esse vínculo pode ser constatado nos índices de
crescimento do setor industrial gaúcho após a desvalorização
cambial do plano real, quando estes setores que vão
apresentar o maior dinamismo, pela melhora da sua relação de
competitividade com o exterior.
A maior parte dos setores produtivos do Estado possui
uma distribuição espacial bem definida, concentrando-se no
Eixo Porto Alegre-Caxias do Sul. Recentemente, tem se
observado uma tendência de formação de um novo eixo
industrial que vai de Porto Alegre na direção de Lageado e
Santa Cruz do Sul. Além desses, merecem algum destaque,
pólos localizados no interior do Estado como é o caso de Pelotas-Rio Grande, Passo Fundo-Marau, Erechim, Santa Rosa,
Panambi, Horizontina e Ijuí.
No Rio Grande do Sul, de acordo com os dados de 2007,
63% do Valor Adicionado Bruto tem como origem o setor de
Serviços. Destes, 21% correspondem a contribuição da
Administração Pública e os demais ao Comércio e aos Demais
Serviços.
Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS),
dez municípios gaúchos somam 39,48% do total de
estabelecimentos do setor de Comércio e Serviços do Rio
Grande do Sul. A cidade de Porto Alegre, com 43.650
estabelecimentos, é responsável por 17,74% do total do Estado;
seguida por Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Pelotas e Santa
Maria. A especialização no comércio e a centralidade exercida
pelo município de Porto Alegre, com papel destacado na
hierarquia urbana, proporcionam uma grande concentração de funções metropolitanas, conferindo a Porto Alegre um
alto grau de especialização em serviços.
4. GEOMORFOLOGIA DO RS
1 - Planalto Sul-Rio-Grandense: também conhecido como Serras do Sudeste ou Escudo Sul-Rio-grandense. De
formação antiga (Pré-Cambriano), é formado por rochas ígneas (granito) e metamórficas. Fazem parte do conjunto de
rochas mais antigas do planeta (os crátons). Apresenta-se em forma de coxilhas principalmente (formas suavemente
arredondadas, devido á ação erosiva).
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2 - Depressão Central (ou Depressão Periférica):
planície que se estende de leste a oeste e nela corre o rio
Jacuí, sendo formada por rochas sedimentares antigas.
Muitos fósseis lá são encontrados.
3 - Planalto Meridional: formado por rochas
ígneas (basalto), possui algumas intercalações de arenito.
Os derrames sucessivos alcançaram sua maior espessura
na borda leste/nordeste do planalto (1.000 m de altitude).
4 - Escarpa: saindo da depressão periférica e
subindo pela sua borda sul, encontramos estradas
sinuosas que contornam o relevo acentuado. Popularizou-
se o dizer “subir a serra”, no entanto o deslocamento
acontece sobre a escarpa do planalto, ou seja, sobre o
material erodido na transição Depressão Periférica –
Planalto Meridional. Em geomorfologia, escarpa é uma forma de relevo que representa uma transição entre diferentes
formas de relevo que envolve uma elevação aguda (superior a 45º), caracterizada pela formação de um penhasco ou
uma encosta íngreme.
5 - Planície Litorânea (ou Planície Costeira): terras baixas de origem sedimentar (quaternário). Na região
existem numerosas lagoas e uma laguna (lagoa com comunicação com o mar). A Laguna dos Patos é separada do
oceano atlântico pela Restinga de Pernambuco (cordão de areia ao longo do litoral, é a maior restinga do Brasil).
6 - Cuesta do Haedo: integra-se à província arenítica-basáltica do planalto basáltico, mas com menor espessura.
Caracteriza-se pela presença dos areais associados ao substrato arenítico (formação Botucatu). A arenização é um
processo natural, mas as práticas predatórias do homem (métodos agrícolas e de pecuária indevidos) aceleram o
processo. Campos de coxilhas.
5. BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RS
O território do RS é formado por 3 grandes bacias
hidrográficas: a Bacia do Uruguai, a qual faz parte da Bacia
do Rio da Prata e abrange cerca de 57% da área total do
Estado; a bacia do Guaíba com 30% do total e a Bacia
Litorânea com 13% do total.
O uso do solo da primeira está vinculado
principalmente às atividades agropecuárias e
agroindustriais. A segunda apresenta áreas de grande
concentração industrial e urbana, sendo a mais
densamente povoada do Estado, além de sediar atividades
diversificadas incluindo indústria, agropecuária e
agroindústria, entre outras. A terceira apresenta usos do
solo predominantemente vinculados às atividades
agropecuárias, agroindustriais e industriais.
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Alguns rios e a laguna
1 - Rio Jacuí: passa pela cidade de Salto do
Jacuí, conhecida como a capital da energia elétrica,
devido a existência de diversas usinas hidrelétricas e
barragens construídas e operadas pela CEEE. No
Jacuí Pode-se observar umas das maiores barragens
artificiais do Rio Grande do Sul, que demonstra seu
potencial de geração de energia Hidrelétrica. É
navegável em seu médio e baixo curso, onde possuí
características de rio de planície. No seu alto curso
não é propício a navegação.
2 - Rio dos Sinos: rio principal para o Vale do
Rio dos Sinos, tendo sido por ele que os
colonizadores alemães desbravaram parte do estado
do Rio Grande do Sul. O rio tem esse nome pois é
sinuoso (muitas curvas). No início de outubro de
2006, ocorreu no rio dos Sinos um crime ambiental de grandes proporções para o ecossistema, que causou a morte de
no mínimo um milhão de peixes, em plena época de desova e reprodução. Este crime foi considerado pelos ecologistas
como a maior tragédia ambiental dos últimos 40 anos no Rio Grande do Sul. Está envolto por indústrias, sendo esta a
origem da maior parte de sua poluição. Em menor escala temos a contaminação de suas águas por agrotóxicos.
3 - Rio Gravataí: deste manancial hídrico é realizada a captação de água para o abastecimento público de quase
um milhão de pessoas. A água que abastece as indústrias dos mais diversos ramos é retirada do Rio Gravataí, assim
como as lavouras de toda a região da bacia, a criação de gado, as atividades de lazer e recreação. Deságua no delta do
Jacuí, um conjunto de canais, ilhas e pântanos, a partir do qual, forma o lago Guaíba.
4 - Laguna dos Patos: maior laguna do Brasil e a segunda da América Latina. Ao sul liga-se ao Oceano Atlântico.
Ela é navegável por embarcações de certo porte de Rio Grande a Porto Alegre. A fim de garantir o acesso de
embarcações de maior tamanho, mantém-se a profundidade através de dragagem constante em alguns pontos.
5 - Rio Uruguai: a navegação do rio Uruguai só apresenta expressão econômica em seu trecho inferior. Acima, a
navegação é mais difícil, podendo ser feita por pequenas embarcações (devido ao relevo acidentado). Nasce na Serra
Geral pela junção dos rios Canoas e Pelotas, na divisa entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A foz do
Rio Uruguai é a bacia hidrográfica do Prata (esse formado pela junção dos rios Uruguai e Paraná). O rio Uruguai é um
dos rios mais importantes do sul do Brasil e serve de fronteira entre o país e a Argentina e o Uruguai, tendo Uruguaiana
como principal cidade gaúcha banhada por suas águas. Apresenta avançado estado de degradação. Houve a quase
extinção das reservas naturais de matas, resultando na exposição dos recursos hídricos à ação dos fenômenos
climáticos. As enxurradas subseqüentes geraram erosão, e a conseqüente turbidez, o envenenamento e o
assoreamento dos leitos.
FONTES:
AMBIENTE BRASIL. Mapa hidrográfico do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/estadual/hidrografia/hrs.html>
ATLAS SOCIOECONÔMICO RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: <http://www.scp.rs.gov.br/atlas/default.asp>
BRAZIL SITE. Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.brazilsite.com.br/brasil/estados/rgsul.htm>
IBGE. Estados. Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=rs>
PORTAL RS. O estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.estado.rs.gov.br/>
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