Gazeta Imperial - Maio de 2010
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“Basicamente queremos estabelecer a autoestima e o
amor pela Pátria, valores que foram esquecidos pelos
últimos governos republicanos", destacou o Presidente
Nacional do IBI, Comendador Antonyo da Cruz. Outro
aspecto fundamental é consolidar a participação da
Família Imperial do Brasil nos destinos da Nação.
“Há muitas repúblicas que até há pouco tempo foram ditaduras, algumas ainda o são, mas no mundo ocidental todas as monarquias são democráticas”
Pág.8Entrevista com o chefe da Casa Imperial de Portugal, Dom Duarte Pio
Pág.3
Maio é o mês de homenageara Princesa Dona Isabel, a Redentora dos Negros
Pág.5
Pág.4
Presidente do IBI participa de reunião para realizar desfile cívico monárquico no Bairro do Ipiranga
Pág.4
Site lança campanha para queo governo do Brasil não devolvacanhão “El Cristiano”
Pág.7
O Instituto Brasil Imperial (IBI) tem por finalidade promover, coordenar, orientar e
fomentar iniciativas de estudo e divulgação da história do Brasil Império em geral, além
de atuar nas iniciativas de preservação de patrimônios históricos. É função do IBI,
também, participar direta ou indiretamente de ações e projetos governamentais,
privados, de organismos internacionais, ou demais organizações da sociedade civil de
interesse público que tenham este objetivo e resgatar a memória de figuras ilustres
deste período.
È com o sentimento de patriotismo que os dirigentes do IBI se empenham para que os
objetivos atinjam suas finalidades. Como fonte de estudos, estamos fazendo parcerias
com professores de história, visando a preparação de material para cursos, palestras,
seminários e congressos.
Os meios de divulgação são: o site www.brasilimperial.org.br, que está em construção,
no entanto já liberado para visitas e também para você fazer o seu cadastro. Outro
meio de divulgação é o nosso jornal ‘GAZETA IMPERIAL’ que você pode receber
diretamente em seu e-mail, bastando para isso fazer o seu cadastro em nosso site.
Núcleos Municipais são meios próprios para se atingir as massas da população e
passar a verdadeira história do Império.
Como tenho afirmado em palestras, a internet é uma grande ferramenta de divulgação,
mas também é preciso que os internautas que defendem fervorosamente a monarquia
se disponham a transformar o discurso em prática, ou seja, sair da frente do
computador e levar o discurso diretamente à população através dos núcleos do IBI.
Seguir o exemplo de abnegados monarquistas que estão trabalhando em suas cidades
para o desenvolvimento e instalação de núcleos di IBI, tais como: Marcos Paulo
Silveira Carvalho Abreu, em São João del Rei - MG; Professor Geovani Németh-
Torres, em Lavras - MG; Professor Érickson Cardoso de Oliveira, em Barbacena e
Lafaiete, Weber Lúcio Borges, em Pará de Minas - MG; Lúcio Alexandre Belmonte, em
Maringá – PR, Dr. João Francisco dos Santos, em Aracajú – SE, Jean Tamazato, Vale
do Paraíba – SP, Carlos Henrique Perini Miranda, em Caieiras e Mairiporã; Danilo
Garcia Andrade, São Paulo – SP.
Seja você também um membro de um núcleo municipal IBI, coloque em prática os
seus sonhos de monarquista, se não tiver um núcleo em sua
cidade, faça seu cadastro no site e nos contate pelo e-mail
[email protected], vamos ajudá-lo no que
for necessário para que você seja mais um fundador de
núcleo IBI
Acesse o site www.brasilimperial.org.br e se cadastre.
Participe!
Saudações Monarquistas!
É hora de agir. Cadastre-se e fundeum núcleo municipal!
Imperial ImperialGazetaGazeta
02
Prezados Monarquistas,
Imagem do MesImagem do Mes^
Imperial ImperialGazetaGazeta
Jornal editado pelo Instituto Brasil ImperialAno XV Número 175
www.brasilimperial.org.br
A Gazeta Imperial é uma publicação do
Instituto Brasil Imperial. Artigos, sugestões de
reportagens, divulgação de eventos
monárquicos e imagens podem ser enviados
para [email protected]
Alessandro Padin Editor e jornalista responsável
O IBI faz uma singela homenagem, lembrando do
primeiro ano sem a presença entre nós do Príncipe
D.Pedro Luiz, herdeiro do Trono do Brasil.
Queremos que os fatos que envolveram o
acidente do Air France sejam esclarecidos para
que a Família Imperial e todos os familiares das
vítimas possam ter acalentada um pouco da dor
com a revelação da verdade.
Homenagem ao principe D.Pedro Luiz´́
Primeira reunião do InstitutoBrasil Imperial é um sucesso
O trabalho apresentado ao conselho do IBI traz questões
fundamentais para consolidar o engajamento de
cidadãos que acreditam na restauração da Monarquia
O trabalho duro da nova direção do
Instituto Brasil Imperial (IBI) começa
a dar frutos. Depois de iniciar uma
c a m i n h a d a p e l a s c i d a d e s
brasileiras articulando a formação
de núcleos municipais, revitalizar a
Gazeta Imperial, colocar um novo
site no ar e se engajar na divulgação
da Casa Imperial, a entidade
apresenta agora um Plano Diretor
que engloba estratégicas e ações
nas áreas de administração,
finanças e fortalecimento do
Movimento Monárquico.
O estudo foi apresentado na noite
do dia 19 de maio em Assembleia do
IBI realizada no Tourinho Grill e
Da redação do IBI Pizzaria, no Jabaquara, em São
Paulo. O diretor de Finanças do IBI,
Roberto Mourão, foi o responsável
por detalhar os aspectos mais
importantes do documento.
Está escrito no início do plano o
seguinte: "A situação atual da
república brasileira, eivada de
crises e sem perspectiva futura,
está ´pedindo` ao Movimento
Monárquico que ofereça à Nação
uma alternativa válida para solução
de todas as crises e possibilite
colocar a nossa Pátria entre as
grandes potencias mundiais".
O documento constitui uma forma
de operacionalizar o Instituto Brasil
Imperial sob critérios profissionais,
devendo estar apoiado no Plano
IBI apresenta Plano Diretor para fortalecer movimentomonárquico no País
Robero Mourão: “Nós monarquistas queremos a garantia de quatro
direitos fundamentais: vida, propriedade, liberdade e proteção equânime
da lei. Qual desses está em vigor no País?”
Implantar os conceitos de liberdade, respeito e amor à pátria
Garantia através da Chefia de Estado dos quatro direitos
fundamentais dos indivíduos pertencentes a uma nação digna:
Vida, Propriedade, Liberdade eProteção equânime da lei
Implantação de uma monarquia moderna onde a Família Imperial
participe ativamente da sociedade brasileira
Criação de um Poder Moderador autêntico e que mantenha
autoridade sobre as grandes diretrizes e acompanhadas de uma
estrutura de poderes compatível
Estabelecimento de uma federação com base no município com
liberdade estrutural respeitando os princípios históricos da
autonomia municipal
devendo estar apoiado no Plano
Estratégico Geral e permitindo dar
suporte a uma Estrutura Jurídica,
compatível com as necessidades e
que vai permitir a execução prática
das ações cuja finalidade última
reside na concretização das
aspirações monárquicas da
entidade.
Ousadia O trabalho apresentado
ao conselho do IBI traz questões
fundamentais para consolidar o
engajamento de cidadãos que
acreditam na restauração da
M o n a r q u i a e p r e c i s a m d e
elementos para argumentar e sanar
dúvidas. "Basicamente queremos
estabelecer a autoestima e o amor
pela Pátria, valores que foram
esquecidos pelos últimos governos
r e p u b l i c a n o s " , d e s ta c o u o
Presidente Nacional do IBI,
Comendador Antonyo da Cruz.
Outro aspecto fundamental é
consolidar a participação da Família
Imperial do Brasil nos destinos da
Nação.
Roberto Mourão concorda e vai mais
além: “nós monarquistas queremos a
garan t ia de qua t ro d i re i tos
fundamentais: vida, propriedade,
liberdade e proteção equânime da
lei. Qual desses está em vigor no
País?”.
Cadastro Antonyo da Cruz
aproveitou a reunião do IBI para pedir
que cada um dos conselheiros e
associados ajudem a divulgar o
trabalho da entidade, estimulando
cidadãos a se cadastrarem no site
www.brasilimperial.org.br. Dessa
forma será possível cumprir a meta
de expandir o movimento pelas
cidades brasileiras. “O Império no
Brasil sempre se sustentou na força
dos municípios e agora não pode ser
diferente”, destacou o presidente
nacional do instituto.
Dom Bertrand vai participar deevento monárquico em SergipeNa ocasião, o Príncipe fará a instalação de alguns núcleos municipais do IBI. O Príncipe fará, ainda, visitas a
pessoas ilustres de Aracaju e concederá entrevistas a órgãos de comunicação locais sobre a Monarquia
O Príncipe Dom Bertrand de
Orleans e Bragança recebeu na
Casa Imperial do Brasil, em São
Paulo, o Presidente do Instituto
Brasil Imperial (IBI) Comendador
Antonyo da Cruz, o Coordenador de
Desenvolvimento do IBI, Dr. João
Francisco dos Santos. O encontro,
que aconteceu dia 21 de maio,
definiu a realização de um encontro
monárquico nos dias 26, 27 e 28 de
outubro, em Sergipe.
Sob coordenação do dr. João
Francisco, o evento poderá
acontecer nas cidades de São
Cristovão ou Laranjeiras. Na
ocasião, Dom Bertrand fará a
instalação de alguns núcleos
municipais do IBI. O Príncipe fará,
ainda, algumas visitas a pessoas
ilustres de Aracaju, capital do
Estado, e concederá entrevistas a
órgãos de comunicação locais
sobre o movimento monarquista.
A n t o n y o d a C r u z f i c a r á
encarregado de todos os contatos
junto a Casa Imperial, com o intuito
de garantir brilho na realização do
evento com a presença dos
Príncipes. Além do Dr. João
Francisco dos Santos, participaram
do encontro o casal paulista Dr.
Mario Eduardo Alves, conceituado
advogado, e sua esposa Dra. Maria
Laura Savieto Alves, Presidente
Nacional da Associação Nacional
de Instrumentadores Cirúrgicos
(ANIC).
Da redação do IBI
O presidente nacional do IBI, Comendador Antonyo da Cruz, Dom
Bertrand, Dr. João Francisco, Dra. Maria Laura e Dr. Mario Eduardo
IBI apresenta proposta para fazerdesfile cívico no Bairro do IpirangaO presidente nacional do Instituto
Brasil Imperial (IBI), Comendador
Antonyo da Cruz, participou no dia
19 de maio de uma reunião da
Comissão dos Festejos no Ipiranga,
em São Paulo, bairro onde ocorreu a
Declaração da Independência do
Brasil em 1822. A intenção foi de
apresentar a proposta de que haja,
durante o evento, um desfile cívico
que recorde o período glorioso do
Império Brasileiro, mostrando aos
cidadãos os principais símbolos da
Monarquia.
“Queremos consolidar o Ipiranga
como o berço da Monarquia
Brasileira. Todas as
ruas no bairro tem
r e l a ç ã o c o m o
período”, destacou
Cruz. A ideia é
mostrar, não só os
s í m b o l o s , m a s
também as figuras
d e D . J o ã o V I ,
D.Pedro I e D.Pedro
II, por exemplo. “É
u m a f o r m a d e
atingirmos a sociedade e estimular
o conhecimento de uma parte da
nossa história que é vítima de
ment i ras e desinformação”,
completou. No momento, o
p res idente do IB I vem
realizando encontros com a
Subprefeitura do Ipiranga para
aperfeiçoar o projeto.
Cruz explanando durante reunião no Ipiranga
Monarquista,anuncie seusprodutos e
serviços aqui
13 de maio: Viva a Princesa Dona Isabel, a Redentora!O regozijo popular chegou ao ápice quando de uma
gratidão sem fim, resolveram intitular Dona Isabel, a
criadora da Lei, como a Redentora. E de fato o era.
Os únicos a receberem negros nos salões de seus
palacetes foram os Imperadores do Brasil
O Decreto de Ext inção da
Escravidão no Brasil, assinado por
Dona Isabe l de Bragança ,
numerado como lei 3353 de 13 de
maio de 1888, foi recebido com
festa e alegria pela multidão negra
que se aglomerava nas senzalas e
nos infectos cubículos dos senhores
escravocratas da cidade ou do
campo. Por certo a alegria dos
africanos explorados no Brasil não
refletia o sentimento de seus
“donos”. Logicamente, as elites
brasileiras do ouro, da cana-de-
a ç ú c a r o u d o c a f é , e r a m
beneficiadas pela mão de obra
ancila. Porem, na contramão de tais
especu lações, Dona Isabe l
sancionou a Lei Áurea, dissolvendo
o Gabinete do Barão de Cotegipe,
um escravocrata convicto. A dita Lei
deveria passar pelo Congresso, que
Blog Império Brasileirohttp://imperiobrasileiro-rs.blogspot.com/
pode ser dito a época como
conservador, pois se o Imperador
era o Defensor Perpétuo do Brasil,
o Congresso era o Defensor
Perpétuo das Elites e por tal motivo
estranhou-se a aprovação da
redenção negra, a abolição da
escravatura.
O regozijo popular chegou ao ápice
quando de uma gratidão sem fim,
resolveram intitular Dona Isabel, a
criadora da Lei, como a Redentora.
E de fato o era. Os únicos a
receberem negros nos salões de
s e u s p a l a c e t e s f o r a m o s
Imperadores do Brasil, ninguém da
aristocracia ou de classes ainda
inferiores aceitava um africano em
suas casas. Mas Dona Isabel
desde sempre os recebera. Desde
o apoio ao Quilombo do Leblon até
a dança com José Pedro Américo
de Matos no grandioso baile de
Baependy, teve-se tal prova. Nos
palácios do Império, a serviço da
Família Imperial do Brasil não havia
escravo algum, foram eles os
primeiros a alforriá-los. Seu amor
aos súditos e sobre tudo aos negros,
tão humilhados, era visto por todos,
e quando da assinatura da Lei, lhe
disse o Barão de Cotegipe, já
dissolvido, agora em ódio: “Vossa
Alteza libertou uma raça, mas
perdeu o trono”, o qual obteve a
resposta imediata da Princesa
Imperial: “Mil tronos eu tivesse, mil
tronos eu perderia para libertar os
escravos do Brasil”. Verdade de
Dona Isabel. Verdade do Barão. Não
tardou muito. Na volta do Baile da
I l h a F i s c a l , f o r a m t o d o s
surpreendidos a 15 de novembro de
1889, pouco mais de um ano depois,
q u a n d o p ô d e e v o l u i r a s
conspirações e os conluios
daqueles que t ip i f icavam a
negritude e condenavam aquela
raça à prisão dos cativeiros
ensangüentados pelo passado dos
açoites do feitor maldoso, importado
apenas em punir a “coisa” que foi
comprada e que deveria trabalhar
como um condenado, que de fato
também o eram, perdendo a
Redentora e seu pai, o orgulhoso
Imperador, o Trono do Brasil. E
perderam juntamente como trono, o
cetro, mais nunca o respeito e o amor
do povo brasileiro. Por fim, nos 120
anos de república, auto-intitulada
mãe do povo, vê-se o que plantaram
seus incentivadores do passado,
tendo o povo à certeza derradeira da
falta do respeitoso tratar com as
coisas do erário público e o
sentimento de aniquilação da defesa
de seus reais interesses por parte dos
republicanos no poder da República
Federativa do Brasil, que desde o
começo constitui-se de mentiras e
trapaças, que jamais representarão
os interesses do povo e sim o de
classes que como as oligarquias do
passado, ainda dominam.
Dona Isabel é admirada pela raça que ela libertou
Princesa Isabel e a pena
com que assinou a
libertação dos escravos no
Brasil
República brasileira faz ocidadão trabalhar 148 dias doano só para pagar impostosIsto é mais uma demonstração de que a república se sustenta no trabalho do cidadão brasileiro para manter a sua
estrutura viciada desde o golpe que destituiu o Imperador D.Pedro II do poder. É uma falsa sensação de democracia
De acordo com reportagem do
jornalista Marcos Cézari, publicada
no dia 22 de maio no Portal UOL, os
brasileiros trabalharam do início do
ano até o dia 28 de maio, apenas
para cumprir suas obrigações
tributárias com os fiscos federal,
estaduais e municipais. Foram 148
dias de trabalho no ano, um dia a
mais do que os trabalhados em
2009 e o mesmo número de 2008.
Isto é mais uma demonstração de
que a república se sustenta no suor
do cidadão brasileiro para manter a
sua estrutura viciada desde o golpe
que destituiu o Imperador D.Pedro II
do poder. É uma falsa sensação de
democracia.
Este cálculo faz parte do estudo
sobre os dias trabalhados para
Da Redação do IBI pagar tributos, divulgado ontem
pelo IBPT (Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário). Hoje os
brasileiros trabalham quase o
dobro do que trabalhavam na
década de 1970 (76 dias) apenas
para os fiscos. Os brasileiros estão
entre os que mais pagam tributos
no mundo, perdendo apenas para
os suecos (185 dias) e os franceses
(149 dias). Os espanhóis (137), os
norte-americanos (102), os
argentinos (97), os chilenos (92) e
os mexicanos (91) trabalham
menos do que os brasileiros. Com
base no estudo, o IBPT diz que
40,54% da renda bruta dos
contribuintes estará comprometida
neste ano com tributos. Nesses 148
dias, os três fiscos arrecadarão
quase R$ 500 bilhões --ontem, o
Impostômetro (painel na capital
Coplan Consultoria e Planejamento Ltda.
A COPLAN é uma empresa de consultoria empresarial principalmente nas áreas de adminstracao, financas e planejamento estratégico, utilizando a experiência de seu titular que já ocupou cargos executivos em empresas de grande porte, estando portanto, em condições de transferir a seus clientes essa experiência.
Rua Iraci, 555 - Jd. PaulistanoCep 01457-000São Paulo - SP
Tel.: (11) 3815-6490Fax.: (11) 3813-8500e-mail: [email protected]
paulista que registra, em tempo real,
a carga tributária no país) já
marcava mais de R$ 460 bilhões. Os
148 dias foram calculados para o
rendimento médio mensal. Para a
baixa renda (até R$ 3.000), são 141
dias trabalho (de 1º de janeiro até
hoje). Para a média renda (R$ 3.000 a
R$ 10 mil), são 157 dias, ou seja, até 6
de junho. Para a renda alta (mais de
R$ 10 mil), serão 152 dias -até 1º de
junho. O IBPT também calculou
q u a n t o o s b r a s i l e i r o s
comprometeram de sua renda bruta
para pagar tributos sobre a renda, o
patrimônio e o consumo. Na média,
40,54% da renda de cada cidadão
estará comprometida neste ano com
os três níveis de governo. Em 2009,
foram 40,15%, e, em 2008, 40,51%.
R e t r o c e s s o A r e p ú b l i c a
presidencialista é um regime
marcado pelo retrocesso, exploração
d o t r a b a l h a d o r e n e n h u m
compromisso com a Pátria. O
despertar e união do Movimento
Monárquico é fundamental para que
situações como essas comecem a
ser confrontadas.
A falta de compromisso com o cidadão é a marca da república presidencialista
Site lança campanha contra adevolução do “El Cristiano”O IBI apoia esta corajosa ação do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro, como prova de espírito patriótico
O Canhão El Cristiano tem sido
confundido, nas discussões feitas
entre o Estado brasileiro e o
paraguaio, com um símbolo da
dignidade paraguaia, vilmente
confiscado pelo povo brasileiro
durante a Guerra do Paraguai. Os
d a d o s , c o n t u d o , n ã o s ã o
completamente corretos.
O mesmo canhão fora forjado, por
ocasião da guerra, com o bronze
Site “O canhão é nosso”http://ocanhaoenosso.com.br
dos s inos das Igre jas de
Assunção, já formalmente
separadas do Estado, que não
tiveram direito de anuência ao
mesmo, tendo sido tal fato
compreendido no “Esforço de
Guerra”. O confisco de tal bronze
dos locais de culto católico,
sagrado para muitos na ocasião,
concretiza o que já era expresso
no governo paraguaio durante a
guerra, e que o levou a mesma: o
autoritarismo que suplanta as
necessidades e a vontade
do povo.
Sendo um obus de grande
capacidade para a época, o
mesmo estreou na Batalha
de Curupayti, quando o
General Mitre, a frente do
comando das t ropas
aliadas, logrou uma severa
derrota e a baixa de mais
d e 8 m i l d e s e u s
c o m a n d a d o s .
Definitivamente, dadas
a s p r o p o r ç õ e s d e
formação do contingente
aliado, o bronze do
canhão, não ressoando
mais durante os cultos, ressoou ao
expulsar projéteis, para perfazer a
morte de milhares de brasileiros.
Museu Histórico Nacional Troféus
de guerra, usualmente, não são
devolvidos. Embora o mesmo não
explicite a humilhação do antigo
dono da peça, o mesmo serve para
lembrar o que lá aconteceu e a
bravura dos que nele participaram.
Diversas peças de artilharia, mais
modernas do que “El Cristiano”,
também conquistadas em batalha –
na II Guerra Mundial – encontram-se
expostos no Museu do Exército,
Forte de Copacabana, sem que,
para tanto, a dignidade dos países
do Eixo fosse contestada.
Aliás, cabe aqui fazer uma relação.
Os países membros do Eixo
souberam compreender o caráter
defensivo da II Guerra Mundial, a
megalomania de seus então
representantes e os motivos
expansionistas e nefastos que
motivaram tal guerra. Cabe,
contudo, aos governantes do
Paraguai, compreenderem, hoje, –
seja pela postura brasileira durante o
conflito ou pela proteção brasileira
legada ao Paraguai depois do
mesmo – que tal guerra jamais foi
contra o povo paraguaio, ou sua
d i g n i d a d e , m a s c o n t r a u m
g o v e r n a n t e i g u a l m e n t e
megalômano, que visava os mesmos
motivos expansionistas outrora
c i t a d o s p a r a q u a l i f i c a r o s
governantes do Eixo. Uma peça de
artilharia que, no passado, deixada
para trás pelas forças paraguaias, foi
confiscada para não permitir seu
repetido uso para matar brasileiros –
e aliados – não deve hoje ser
devolvida sob falsos pretextos,
esquecendo-se assim não só
daqueles que a capturaram, mas de
todos os heróis anônimos que por
seu intermédio pereceram nos
campos de batalha. Cabe sim, como
mais um gesto de humanidade ao
povo paraguaio, que a memória seja
preservada, e que, como nação irmã
que somos, na comunidade sul-
americana, os relembremos o real
foco da sua dignidade.
Troféus de guerra, usualmente, não são
devolvidos. Embora o mesmo não explicite a
humilhação do antigo dono da peça, o mesmo
serve para lembrar o que lá aconteceu e a
bravura dos que nele participaramIBI quer a restauração do Monumento da Guerra do ParaguaiPreocupado com o estado do
“Monumento aos Heróis da Guerra
do Paraguai, o presidente nacional
do IBI, Comendador Antonyo da
Cruz, e o membro do Conselho
Deliberativo por Santa Catarina,
Edson Murilo Prazeres, enviaram
ofício ao prefeito de Florianópolis,
Dário El ias Berger. Leia o
documento na íntegra:
“Senhor Prefeito,
O Instituto Brasil Imperial, de
natureza histórico-cívico-cultural,
tem por finalidade promover,
coordenar, orientar e fomentar
iniciativas de estudo e divulgação
da história do Brasil Império em
geral, além de atuar nas iniciativas
de preservação de patrimônios
históricos e do período Brasil
Império, bem como participar direta
ou indiretamente de ações e
projetos governamentais, privados,
de organismos internacionais, ou
demais organizações da sociedade
civil de interesse público que
tenham este objetivo, além de
resgatar a memória de figuras
ilustres deste período.
Nesse sentido, o Instituto Brasil
Imperial vem solicitar a Vossa
Excelência, se digne a elaborar
p ro je to de res tau ração do
m o n u m e n t o d e n o m i n a d o
“Monumento aos Heróis da Guerra
do Paraguai”, construído na praça
central da capital catarinense, em 1º
de Janeiro de 1877, portanto, há 133
anos.
Ver i f icamos que o re fer ido
monumento encontra-se em
completo abandono e péssimo
estado de conservação, conforme
fotografias em anexo.
Certos de que Vossa Excelência
colocará em sua pauta de obras que
contribuem para melhorar a
qualidade de vida dos seus
munícipes a restauração de
importante patrimônio histórico.
Cordiais saudações monárquicas”.
“O problema é a maioria dos republicanos não terem argumentos mas preconceitos”
24 horas após ter dado esta
entrevista, Dom Duarte foi recebido
como um rei em Figueira de Castelo
Rodrigo num jantar medieval. Não é
a única região portuguesa que
reclama a sua presença nas suas
terras e garante que a única câmara
do Bloco de Esquerda e muitas
autarquias comunistas o solicitam.
No dia em que comemora o seu 65.°
aniversário, a cinco dias de celebrar
sessenta anos do fim do banimento
da família real do território nacional,
por decreto de Salazar, e em ano de
centenário da implantação da
República, o herdeiro dos reis de
Portugal comenta a situação do
país, aponta soluções e assume
que o regresso da Monarquia já foi
uma ilusão maior do que se pensa.
A bandeira da Monarquia nunca
esteve tão presente em Portugal
c o m o n o a n o e m q u e s e
comemoram os cem anos do fim
daquele regime. Reconhecido em
2005 pela República como o
pretendente oficial a um hipotético
trono português e legitimado como o
sucessor de D. Manuel II, é na
fundação com o nome do monarca
que não deixou sucessor que Dom
Duarte Pio de Bragança recebe a
NS’. Não comenta a política oficial
em questões específicas mas é sem
pudor que dá soluções para a crise
nacional, designadamente no que
Diário de Notícias (Portugal)www.dn.pt
respeita aos intentos do primeiro-
ministro nas grandes obras
públicas.
Antes de dar início à conversa,
Dom Duarte faz questão de
anunciar que as instalações da
fundação vão ser transferidas
durante algum tempo para um
edifício de má memória, o da PIDE
em rua próxima, de modo a poder-
se recuperar o actual prédio.
Explica com gestos definidos como
vai ser a obra, que até possibilita a
comparação en t re a lguma
degradação que se observa no
salão de entrada com a actual
impossibilidade de um regime
político onde seja rei e o fulgor da
sede remodelada, numa altura em
que crê estar tudo em aberto para
num futuro próximo os portugueses
aceitarem o regresso de um
sistema de governação onde a sua
presença não seja proibida como
agora é.
Preparado para evitar as rasteiras
de uma entrevista, Sua Alteza –
como alguém sugere ser uma das
formas de se lhe dirigir – mostra a
sua educação ao vir receber a
equipa à sala de entrada da
fundação e, enquanto não se inicia
a entrevista, oferece chá, café ou
um sumo. Devido à extensão da
conversa, lamenta no final não se
ter pensado em encomendar um
almoço. No entretanto, beberica o
único chá que aprecia, chá branco,
enquanto explica o modo da sua
preparação e como lhe chega
vindo da distante China.
A primeira preocupação que
quer fazer chegar aos
portugueses é sobre o TGV,
uma proposta para a qual
aproveitará a entrevista.
Quando chega a hora de se
perguntar qual seria o seu
melhor marquês de Pombal,
se José Sócrates ou Passos
Coelho, é cauteloso. O
mesmo acontece em relação
aos candidatos à Presidência
da República. Prefere citar
casos nas monarquias dos
seus primos europeus e
e x p o n e n c i a r o c a s o
espanhol, país onde «os
socialistas aceitaram muito
bem ter um rei» e de outros
«socialistas europeus que
não põem em causa a chefia
real do Estado».
É a entrevista com um
pretendente que está como o
príncipe Carlos de Inglaterra
impossibilitado de exercer o poder,
cada um pela sua razão, mas que foi
baptizado, por procuração, pelo
Papa Pio XII e teve como madrinha
a rainha D. Amélia.
Em entrevista ao Diário de Notícias, um dos principais jornais de Portugal, o chefe da Casa Imperial de Portugal,
Dom Duarte Pio, fala sobre a retomada do movimento monárquico no País e sobre política em geral
Acha que o seu filho, o infante
Afonso, poderá vir a ser rei de
Portugal?
O Afonso ou eu! Observem-se as
transformações e as mudanças
económicas que estão a acontecer
na Europa e no mundo e entende-se
que poderão levar a situações sociais
de grande conflitualidade e de
instabilidade interna que farão que o
povo português queira pensar e
discutir as instituições políticas que
tem hoje. Nomeadamente, se é o
melhor o tipo de chefia de Estado.
P e l a C o n s t i t u i ç ã o s e r i a
impossível.
E se houvesse uma reforma
Homem Cardoso
constitucional que retirasse a
cláusula do artigo 288.° [que
especifica um Estado republicano] e
permitisse a possibilidade de um
referendo sobre um regime
monárquico?
Crê, então, que a actual crise dá
mais força à pretensão de ser rei
de Portugal?
Naturalmente. Quando as pessoas
recebem os seus 13.° e 14.° meses e
as reformas está tudo bem e não
sentem vontade em mudar qualquer
coisa. No momento em que sentem
que está tudo muito mal e que toda a
perspectiva para o futuro pode estar
a ser alterada, creio que será altura
também para pensar se não há
instituições políticas mais úteis do
que as que temos hoje.
Não considera, portanto, que está
na mesma situação que o príncipe
Carlos de Inglaterra. Lá, Isabel II
não abdica, aqui, existe a
República que lhe impossibilita o
poder?
O príncipe Carlos, tal como eu, tem
dado opiniões sobre muitos
assuntos sociais e de ambiente que
lhe interessam. Trabalhou como
mineiro, agricultor e noutras
p r o f i s s õ e s e c o n h e c e
profundamente a vida de Inglaterra.
É um pouco mal visto pelo meio
f inance i ro e , em gera l , os
conservadores não gostam dele mas
a juventude e os trabalhistas sim. Se
compararmos, claro que tem um
impacte muito maior do que eu
naquilo que diz e faz mas as
participações que tenho tomado na
vida política e as opiniões que dou
respondem por mim. Dando-as
como cidadão interessado pelo país
mas, obviamente, se estivesse num
cargo de chefia de Estado ou de rei
não o faria. Agiria como outros
monarcas europeus que não
debatem problemas concretos mas
ajudam e colaboram com os
governos ao dar opiniões positivas
sobre os assuntos de fundo.
Tal como as que tem dado sobre
as energias renováveis?
Todo o problema do modelo de
desenvo lv imen to do pa ís ,
particularmente a preservação do
ambiente e da paisagem, exige um
consenso nacional.
P r o p õ e u m I n s t i t u t o d e
Paisagem e Ordenamento?
Exactamente e já o comuniquei
aos membros do governo que, em
p r i n c í p i o , p a r e c e r a m - m e
interessados na ideia. O que hoje
se defende são pormenorezinhos
como a colónia de ratos, de
morcegos ou de lagartixas que
deve ser preservada aqui ou ali
mas não é essa a abordagem
correcta ao problema do ambiente.
Noto afinidade entre algumas
das suas bandeiras e as do
primeiro-ministro. Existe?
É verdade que em muitos aspectos
concordo com José Sócrates, no
entanto acho que temos de
encarar a questão da viabilidade
económica das energias. Parece-
me que as eólicas são demasiado
caras e todos pagamos pelo seu
consumo. Portugal poderia ter
muito mais energia com custos
muito baixos se não desperdiçasse
uma imensa quantidade dela,
b a s t a v a a r e n o v a ç ã o d e
equipamentos das barragens para
podermos aumentar em vinte por
cento a produção hidroeléctrica.
Fica muito mais barato e não tem o
impacte paisagístico e ecológico
das novas barragens.
Posso depreender que se a
Constituição mudasse e o
permitisse ser rei, José Sócrates
poderia ser o seu primeiro-
ministro?
O primeiro-ministro seria sempre
escolhido pelo parlamento, como
acontece nas monarquias actuais.
C u r i o s a m e n t e , h á m u i t a s
repúblicas que até há pouco tempo
foram ditaduras, algumas ainda o
são, mas no mundo ocidental
todas as monarqu ias são
democráticas.
Mas o rei tem sempre uma
opin ião pessoal sobre o
primeiro-ministro?
Uma opinião que em nenhum país
influencia a sua escolha. Agora, na
Bélgica, o governo caiu mais uma
vez e é o rei que conduz as
negociações com os partidos para
o novo executivo. Há quem diga
que na Bélgica o rei é o único
belga…
T a m b é m e m P o r t u g a l
atravessamos um momento
político complexo em que o
governo sente falta de maioria
absoluta. Pode existir outra
forma de governação em
Portugal?
Sou a favor das coligações porque
quando um partido está sozinho
não há tanto autocontrolo nas
despesas e nas iniciativas. Quando
discute com outro há sempre mais
controlo.
Surpreendeu-o a juventude do
novo secretário-geral do PSD
num partido habituado a líderes
históricos?
Por um lado, é saudável e bom para
o país que haja renovação. Por
outro, é importante saber aproveitar
a experiência, o conhecimento e a
prudência das pessoas que têm
mais idade. A experiência política é
valiosíssima mas vejo algum
distanciamento em relação a essas
pessoas. Não é o caso de Mário
Soares mas é o do professor
Adriano Moreira, cujos conselhos
são sempre úteis e oportunos, e de
outras personalidades históricas
pouco ouvidas. Penso que
dev íamos te r um Senado,
equivalente à Câmara dos Lordes
inglesa, em que personalidades
que tiveram cargos importantes e
por outras razões expressam as
suas opiniões.
Qual seria o melhor primeiro-
ministro para a monarquia,
Sócrates ou Passos Coelho?
Isso não posso comentar porque,
efectivamente, teria de tomar uma
posição sobre a governação.
M e s m o a f i r m a n d o q u e a s
monarquias na Europa têm
enriquecido a democracia?
Estive nos 60 anos do rei da Suécia e
o primeiro-ministro, que na altura era
soc ia l i s ta , d isse uma co isa
curiosíssima no discurso oficial:
«Sempre fomos um par t ido
republicano mas agora chegámos à
conclusão de que o rei é o melhor
defensor da nossa República.» O
primeiro-ministro holandês disse a
mesma coisa, os ingleses dizem-no
também e, hoje em dia, o socialismo
europeu começa a defender os reis
como protectores dos seus valores
republicanos. O que mostra que o
preconceito antimonárquico que
ainda se vive em Portugal em certos
meios políticos é do século XIX, de
uma época em que os reis talvez
interferissem muito na vida política
nacional.
Também fo i es te governo
socialista que fez questão de o
legitimar definitivamente como o
herdeiro da Casa Real.
O que prova a inteligência política e o
pragmatismo porque a posição de
muitos dos responsáveis socialistas
é: se o chefe da Casa Real puder ser
útil ao país vamos aproveitá-lo. O que
é hoje em dia ser republicano ou
monárquico? Querer ter o chefe de
Estado eleito pelo sufrágio universal
ou pelo parlamento, é isso ser
republicano? Se é assim, há
efectivamente um conflito de
opiniões, mas também há muita
gente que acha que ser republicano é
d e f e n d e r o s v a l o r e s d a
independência dos poderes, da
democracia e da liberdade e isso não
é incompatível com ter um rei. Por
isso é que os socialistas espanhóis
aceitaram muito bem ter um rei em
Espanha e todos os outros
socialistas europeus não põem em
causa a chefia de Estado real.
Se Salazar o tivesse designado
como sucessor como fez Franco
com Juan Carlos?
Em Espanha houve um referendo
antes de instaurarem a monarquia.
Teria sido uma solução para
Salazar?
Se o governo de Salazar tivesse
preparado a situação com um
referendo e um regresso à
d e m o c r a c i a c o m o r e i ,
provavelmente não teríamos tido o
drama da descolonização, porque o
Ultramar poderia ter caminhado
para uma autonomia progressiva
que o levaria a uma Commonwealth
como a inglesa.
É a sua opinião sobre a
descolonização?
Foi a minha opinião nessa época e
continua a ser. O pior que podíamos
ter feito aos nossos irmãos
lusófonos foi esta descolonização.
Não era possível fazer pior e a
prova é que lançou os países,
sobretudo Angola e Moçambique,
em guerras civis intermináveis;
lançou a Guiné numa situação de
miséria extrema e os únicos que se
saíram mais ou menos bem foram
S. Tomé e Príncipe e Cabo Verde.
Acha que a descolonização
poderia ter acontecido de outra
forma após o 25 de Abril?
O 25 de Abril foi necessário após o
falhanço do 5 de Outubro e da
revolução militar de 1926. A I e a II
República falharam e foi necessária
uma terceira revolução militar. Só
que como estava muito controlada
pela União Soviética, esta quis
r a p i d a m e n t e a p r o v e i t a r a
circunstância para entregar o poder
aos movimentos políticos que lhe
eram simpáticos. Que, viu-se, não
foram aceites pelos povos e
l e v a r a m a u m a s i t u a ç ã o
catastrófica.
S e r i a p o s s í v e l o u t r a
descolonização?
Sim, o general Spínola tinha
proposto referendos e o Movimento
das Forças Armadas prometeu uma
transição democrática que levaria a
r e f e r e n d o s e m A n g o l a e
Moçambique. Ou melhor ainda, a
uma eleição para um parlamento
nacional ou local que pudesse
definir o futuro dos territórios. A
entrega do poder aos movimentos
guerrilheiros não podia ser pior.
Na altura apoiou o Movimento
das Forças Armadas e a Junta de
Salvação Nacional!
Apoiei o general Spínola, em quem
tinha toda a confiança, e a Junta
porque era constituída por gente de
grande capacidade e calibre. Só
que foram ultrapassados! Ainda
estão por abrir os arquivos
soviéticos da época e descobrir o
que de facto aconteceu. Valia a
pena ir a Moscovo aos arquivos do
KGB, até porque uma parte dos
arquivos da DGS [ex-PIDE] foram
lá parar também.
Onde estará a sua ficha por
c a u s a d e a c t i v i d a d e s
«revolucionárias» em Angola?
Ta m b é m l á a d e v o t e r ,
exactamente.
Portanto, se Salazar o tivesse
escolhido teria alterado o
percurso histórico de Portugal?
Imediatamente e teria sido uma
solução que evitaria todo este caos
que sofremos em seguida.
Espanha fez o referendo. No
actual Portugal, há quem o peça.
Acha que a hora do referendo vai
chegar?
Primeiro é preciso que se retire da
Constituição o artigo 288.°, alínea
B, que impõe como inalterável a
forma republicana de governo e
que os monárquicos propõem que
seja substituído pela forma
democrática de governo. Aliás, na
última revisão constitucional, a
maioria do parlamento quis aprovar
essa medida mas não se chegou
aos dois terços necessários.
Agora, o PSD tem Paulo Teixeira
Pinto, um fervoroso monárquico,
a redigir uma revisão da
constituição. Abrir-se-á uma
porta para o referendo?
Esse é um tema que devia
interessar não só a monárquicos
mas a todos os verdadeiramente
democráticos. Quem é a favor da
democracia não pode dizer que a
capacidade de escolha do povo
português tem de ser impedida pela
Constituição. Além de que é um
insulto aos países da União
Europeia que têm reis e rainhas –
como os suecos e holandeses –
pois estamos a dizer que são povos
atrasados porque têm um sistema
de chefia de Estado inaceitável em
Portugal.
Se o PSD for governo esse
cenário poderá ser possível?
Se tiver o apoio de uma parte, pelo
menos, do PS.
E poderá vir a acontecer?
Espero que sim e cada vez mais a
nossa maturidade democrática
avança nesse sentido.
Viveu toda a vida num regime
r e p u b l i c a n o . C o n s e g u e
vislumbrar um Portugal onde
possa a existir a Monarquia?
Não vejo porque não. O problema é
a maioria dos republicanos não
t e r e m a r g u m e n t o s m a s
preconceitos e é muito difícil
discutir preconceitos. As pessoas
dizem que não gostam da
monarquia porque é um retrocesso
ou um regime pouco democrático
mas tais afirmações são erradas se
fizermos uma análise política
c o n t e m p o r â n e a . A t é s e
compararmos o Portugal do século
XIX com países da Europa vemos
que éramos tão democráticos como
a grande maioria deles, ao contrário
de países menos democráticos do
que nós e mais importantes, como o
império alemão. Se actualmente as
monarquias são mais avançadas
do ponto de vista democrático e até
económico, social e humano é
devido à estabilidade que a
Monarquia lhes proporcionou.
Espanta-o o hastear recente de
bandeiras monárquicas em
Lisboa?
Apenas mostra que há insatisfação
em sectores da juventude. Nunca
achei graves esses actos, até
porque nunca houve falta de
respeito para com a bandeira
nacional actual nem uma bandeira
republicana descida do seu mastro.
Ou foi a da Câmara de Lisboa ou, no
caso do Parque Eduardo VII, nem
estava lá a bandeira. A que foi
hasteada era uma bandeira
nacional, a azul e branca como a de
D. Afonso Henriques ou de D. João
I, que merecem as mesmas honras
e têm a mesma dignidade segundo
a lei.
Viu as imagens da bandeira da
monarquia no alto do Eduardo
VII?
Sim, até fui lá ver.
Sentiu uma antevisão?
Esteticamente é lindíssima e não há
dúvida de que os céus de Lisboa
f i c a r a m c o m u m a i m a g e m
belíssima. Refira-se que a antiga
comissão oficial nomeada para
desenhar a nova bandeira da
República propôs a azul e branca
sem a coroa e com um conjunto de
estrelas que representavam os
territórios ultramarinos. Foi a
comissão oficial! Esta bandeira foi
imposta pela Carbonária, um
movimento terrorista da época mas
q u e c o n s e g u i u a r e v o l t a
republicana. Para além do mais,
tem um significado bastante
perverso e perigoso, porque a
Carbonária era a favor da federação
ibérica e, de algum modo, o
vermelho na nossa bandeira
representa Espanha. Por isso é que
o vermelho é maior que o verde [de
Portugal] e não faz sentido dizer que
era porque havia muito mais sangue
do que esperança.
Porque é que afirmou que os
manuais de História apelam ao
fim da independência?
O s n o s s o s m a n u a i s s ã o ,
indirectamente, responsáveis por
não glorificarem a História de
Portugal. Acentuam aspectos
negativos e diminuem a nossa auto-
estima. Ao fazerem-no favorecem a
rendição de Portugal aos interesses
e s t r a n g e i r o s e m v e z d e
aproveitarmos a nossa história.
É mais um exemplo do falhanço
da República?
É uma manifestação do falhanço do
nosso regime actual.
Por isso é que no site da Casa Real
se reproduz uma entrevista do
h i s t o r i a d o r e « p e r i g o s o »
bloquista Fernando Rosas em que
diz que a República falhou?
Não concordo com a maior parte das
posições do Bloco de Esquerda mas
tenho no Bloco bons amigos e
pessoas que admiro, tal como no
Partido Comunista e em todos os
sectores. Aliás, a câmara do Bloco
de Esquerda [Salvaterra de Magos]
e muitas câmaras comunistas
convidam-me para visitas oficiais
várias vezes, assim como câmaras
CDS e PSD. Nos últimos anos devo
ter visitado cerca de 150 municípios
a convite dos seus presidentes.
O único comunista que não se dá
bem consigo é José Saramago?
Não posso concordar com o que ele
diz na maior parte dos livros, nem
com o que afirma sobre Espanha –
que é melhor sermos espanhóis.
Com algumas excepções, não posso
apontá-lo como um modelo da boa
escrita portuguesa mas há uma
coisa que admiro nele, a capacidade
de promover a literatura portuguesa
no mundo e a persistência e a
continuidade com que defende as
suas ideias, mesmo quando já estão
manifestamente ultrapassadas.
Saramago diz que como não leu o
Memorial do Convento não o
poderia criticar.
Nós já fizemos as pazes e ficou
muito satisfeito com a minha
resposta simpática no Diário de
Notícias.
Mas acha que o Memorial do
Convento é, como disse, uma
«grande merda»?
Não, o que eu verdadeiramente
não gostei foi do que disse sobre a
Virgem Maria. Quando diz que
Cristo é um bastardo, enfim, cita
aquela fábula antiga que ainda hoje
é seguida por muita gente, a de que
Cristo foi uma aventura da Virgem
Maria. Não gostei, evidentemente,
e no Memorial do Convento há
umas fantasias pol í t icas e
históricas um bocado ofensivas.
Aquela caracterização um pouco
violenta que lhe é atribuída foi
uma resposta real?
Foi uma resposta espontânea
quando um jornalista me apanhou à
saída de um jantar… Mas a maior
parte dos comunistas são patriotas
e não é por acaso que Saramago
está mui to desi ludido com
Portugal.
Álvaro Cunhal também era
patriota?
O Álvaro Cunhal era mais um
internacionalista, que seguia o
ideal marxista-leninista e o
internacionalismo soviético. Se
tivesse tomado o poder em
Portugal teria sido um desastre.
N ã o h a v e r i a M o n a r q u i a ,
decerto?
H a v e r i a f u z i l a m e n t o s e
perseguição política. Tem o mérito
de ser um homem de ideais e de ter
lutado mesmo que eu não
concorde com eles. Julgo que a
razão da adesão de uma grande
parte do país, o Alentejo, aos ideais
comunistas tem que ver com um
facto muito interessante: até ao
século XIX o Alentejo era
governado pelos conventos e
mosteiros, nos quais se vivia uma
vida comunista. Com o liberalismo,
as terras foram roubadas aos
conventos e compradas por gente
de Lisboa, que meteu lá capatazes
que oprimiram e exploraram o povo
alentejano. Muitos historiadores
comunistas concordam comigo de
que isto explica de facto a adesão do
povo alentejano ao ideal comunista.
Vejo na sua reflexão uma análise
marxista…
A análise marxista não está errada
em todos os aspectos, a prática
marxista é que tem sido sempre
desastrosa porque baseia-se numa
utopia que é incompatível com o
comportamento humano. O regime
comunista foi o maior desastre do
século XX, junto ao regime nazista,
só que este durou poucos anos e não
teve ocasião de fazer tantos
estragos como o comunista. O certo
é que o idealismo dos comunistas
pode ser posto ao serviço de boas
causas, tal como a protecção do
ambiente e a protecção dos valores
locais.
Quando refere a utopia comunista
não a compara à monárquica?
Não, porque vemos como funcionam
bem onde existem. Utopias são
regimes que funcionam mal quando
estão no poder.
Foi por essa razão que Guerra
Junqueiro, em 1911, disse que se
se fizesse um plebiscito haveria
menos republicanos que antes do
5 de Outubro?
Neste momento a maioria das
pessoas não tem uma opinião
fundamentada sobre esta alternativa
porque não sabem quais são as
diferenças e não observam o resto
da Europa. Mas a quantidade de
pessoas que concordam que um rei
seria melhor que um presidente da
República para Portugal é muito
grande.
É por isso que defende que dos
dez milhões gastos para fazer as
comemorações do Centenário da
República, um milhão deveria ser
para a reposição histórica?
É preciso um debate e um estudo
sérios sobre o que é que aconteceu
na altura e o resto devia ser usado
em homenagem aos idealismos do 5
de Outubro, porque os ideais dos
revolucionários até eram muito
bon i tos . Pode-se fazer uma
homenagem a essa gente utilizando a
verba para fins úteis, concretos e
i m p o r t a n t e s ! E s t o u é
preocupadíssimo com a falta de
integração cultural e profissional dos
filhos dos imigrantes, com o facto de
termos regiões inteiras que estão
marginalizadas do desenvolvimento
humano e económico e com a falta de
preservação da língua portuguesa na
Guiné, em Moçambique e Timor. Acho
que isso devia preocupar-nos
bastante.
A questão da educação preocupa-
o?
Preocupa-me mui to e tenho
aproveitado a experiência das
escolas João de Deus para ir ver o
trabalho que fazem nos bairros
suburbanos de Lisboa. Desse modo,
vejo a utopia que é o nosso sistema
oficial de ensino, cheio de bons ideais
mas mu i to desa jus tado das
realidades que a nossa juventude
necessita. Por isso é que temos os
piores resultados escolares da
Europa.
Acha que se devia avançar com
medidas rápidas?
Sim. Primeiro, dar aos professores
segurança e garantia para que o
sistema escolar funcione e rever os
p rogramas que es tão mu i to
desajustados. Vejo essa situação
porque todos os d ias ten to
acompanhar os meus filhos nos
estudos e fico revoltado com os
programas, nomeadamente no
Português e na Ciência. Quando falo
com os professores do ensino
público, concordam que estamos a
criar uma geração de ignorantes com
consequências gravíssimas para o
futuro do país.
Considera que o país está mais
preocupado com as causas
fracturantes do que com a
realidade?
Claro! Tornar obrigatório o ensino da
educação sexual resume-se a dizer:
forniquem à vontade, divirtam-se,
façam o que quiserem mas com
higiene. Praticamente é só isso, em
vez de dar referências éticas e
m o r a i s e m r e l a ç ã o a o
d e s e n v o l v i m e n t o d e u m a
sexualidade saudável. Ao mesmo
tempo, desencorajam-se as aulas
de educação moral e estamos a
dizer que a moral não tem
importância, que só a sexualidade
livre é fundamental para a felicidade
dos portugueses.
Há questões, como o divórcio,
que na Monarquia seriam
impossíveis!
Hoje em dia é mais fácil despedir a
mulher ou o marido do que um
funcionário de uma empresa. Ora, a
estabilidade de um emprego não é
mais impor tante do que a
estabilidade da família.
A questão do aborto também?
A lei do aborto livre é para muitos
uma lei que escraviza as mulheres
porque hoje ela pode ser obrigada a
abortar pelos patrões, amantes e
pais. Esta é a situação de muitas
mulheres, pois é raro que queiram
abortar por vontade própria. Esta
lei, que as escraviza, é ultraliberal e
ultracapitalista e não percebo como
é que a esquerda em Portugal apoia
isto.
Uma esquerda que também apoia
o casamento homossexual…
Esse é um problema mais
complicado porque há uma
confusão entre o direito a viver
junto, a ter alguns benefícios fiscais,
a ter certo reconhecimento legal
para pessoas que querem partilhar
a sua vida e que muitas vezes até
podem ser duas velhas amigas,
vizinhas ou irmãos. A legislação
s o b r e o c a s a m e n t o t e m
basicamente o objectivo de
proteger as crianças e creio que não
se devia confundir o casamento
como unidade que pode produzir
uma futura geração, educá-la e ter
responsabilidades nela, com as
uniões de facto que podem ser
aquelas que interessam aos
homossexuais. Dizia alguém – a
brincar claro – que hoje os padres e
os homossexuais é que se querem
casar, os outros preferem as uniões
de facto porque dão-lhes menos
responsabilidades.
A sua mulher, Isabel de Herédia,
está um pouco desagradada pela
religiosidade europeia. Diz que
está adormecida e que as
pessoas têm vergonha. Partilha
dessa opinião?
Há muitos países europeus hoje
onde se pode dizer que há mais
muçulmanos praticantes do que
cristãos. Felizmente não é o caso
de Portugal, onde o cristianismo
ainda é bastante praticado. Talvez
a maioria dos portugueses o faça
só um pouco formalmente mas
ainda assim teremos uns vinte por
cento de portugueses regulares na
religião. No entanto, há países
onde se leva mais a sério a religião
enquanto em Portugal as pessoas
substituíram a Igreja pelos
hipermercados. Não é positivo,
mesmo para quem não tenha fé.
A Senhora Dona Isabel também
diz que se pode ser intelectual
mas tem de se ser laico.
Existe essa mania da parte de
muitos intelectuais mas o Papa tem
escrito livros interessantíssimos
sobre o conciliar da fé com a
inteligência e a lógica. Tem tentado
mostrar que a espiritualidade e a
lógica convivem e diz que a Europa
é o fruto do espírito lógico grego e
da espiritualidade judaica. Somos
filhos dessa realidade e se a
recusarmos corremos o risco de ter
uma Europa sem bases espirituais,
podendo facilmente cair em
extremismos.
O que sentiu ao acompanhar
Bento XVI à Terra Santa?
Tive um privilégio que gosto muito
de lembrar quando estou com os
meus primos, chefes de casas
reais e reis, para ser um pouco
snob com eles. Um momento que
nunca conseguiram ter, tal como
um almoço com o Papa e meia
dúzia de pessoas em Jerusalém, na
residência do patriarca latino, onde
o Papa fez o elogio de Nun’Álvares
ao dizer que foi o santo que mais
gostou de canonizar. Refira-se que
hoje há muita gente, entre
palestinos e israelitas, que acham
que São Nuno podia ser um modelo
para os palestinos porque lutou pela
liberdade do seu povo.
Crê que o conflito israelo-árabe
terá um fim?
É indispensável. Os israelitas vão
ter de encontrar uma forma de viver
pacificamente e colaborarem com
os vizinhos árabes. Não é possível
continuar com uma situação que
põe em risco o próprio futuro do
Estado de Israel e a paz de todo o
Ocidente! Nós, ocidentais, sentimos
uma afinidade com a emigração
europeia que foi para ali – que são
os israelitas hoje – e se estabeleceu
na terra que era dos antepassados
mas este não pode ser um motivo
para haver um conflito.
A administração Obama poderá
inverter essa situação?
Tem mostrado grande vontade de
resolver o problema.
No entanto, mantém grandes
e f e c t i v o s m i l i t a r e s n o
Afeganistão e no Iraque!
É uma questão de segurança
regional. Só quando esses países
tiverem condições de garantir a sua
própria estabilidade e segurança é
que se podem vir embora.
Foi uma invasão que gerou uma
onda de terrorismo violentíssima.
Essa é uma situação muito perigosa
porque, por exemplo, um palestino
que tenha perdido tudo, que veja a
sua terra, a quinta e a casa ocupada
por outras pessoas, não tem mais
nada a perder. Ainda por cima se lhe
dizem que ao morrer pela liberdade
da sua fé tem uma vantagem
espiritual!
Preocupa-o o avanço do islão na
Europa?
Que é deliberado, pois a política das
famílias numerosas é uma tentativa
de controlar a Europa do futuro. E,
pelo caminho da demografia actual,
vão consegui-lo porque nós matamos
os nossos filhos aos milhares pelo
aborto.
Em 2005 reclamava da falta de
l iberdade de imprensa em
Portugal. Ainda a sente?
Para os jornais a liberdade é total
mas há grandes sectores da
população portuguesa sem acesso à
informação. Pode-se dizer que boa
parte dos portugueses não se sentem
representados na informação que
temos e acham-se marginalizados. É
o que vemos nas campanhas
políticas, quando há ideias muito
interessantes em pequenos partidos
que são abafadas.
Tal como as ideias do Partido
Popular Monárquico?
Nos últimos anos, essas são
bastante desastrosas e a principal
campanha do PPM tem sido atacar-
me! Acho que os movimentos e
partidos ecologistas mereciam mais
destaque porque estão empenhados
num dos grandes problemas do
nosso futuro. Acho que não se
defendem no parlamento os pontos
de vista católicos. Não vejo um
deputado africano no parlamento, ou
de origem cigana. A representação
dos portugueses está mui to
desequilibrada.
Faz hoje 65 anos. Preocupa-o a
idade?
Principalmente estou preocupado em
conseguir manter o ritmo dos meus
filhos. Não quero ser ultrapassado
por eles nas provas físicas, nos
passeios de bicicleta e noutras
coisas. Claro que qualquer dia o vou
ser, mas quanto mais tarde, melhor!
A Casa Real está muito moderna.
Tem um bom site e até está no
Facebook!
Essa do Facebook não é de minha
iniciativa. Cria-se aí um tipo de
intimidade e de relacionamento que
não me parece muito normal.
Mas representa a voz da Casa
Real?
Sim e encontram-se lá as minhas
declarações e posições. O
problema é que há pessoas que
ficam verdadeiramente maníacas
desses meios que viciam –
designadamente os adolescentes –
e até provocam divórcios.
Usa telemóvel?
Com moderação.
E envia SMS?
Sim, uso as mensagens porque é
prático, tal como troco correio
electrónico com muita gente porque
é mais confiável que o correio de
países como Timor ou de África,
onde há pessoas com quem preciso
de falar.
Se calhar ainda o veremos no
Facebook mais activo?
Não, eu acho que os correios
e l e c t r ó n i c o s n o r m a i s s ã o
perfeitamente suficientes, não faz
falta esse tipo de comunicação.
A questão da União Ibérica tem
estado em foco e 42 por cento
dos portugueses mostraram-se
disponíveis. Qual é a sua
opinião?
Essa resposta de algumas pessoas
tem que ver com a revolta contra a
situação em que vivemos e é uma
forma de protesto violento por
causa dos seus problemas. Não
acredito que seja mesmo a opinião
das pessoas! A resposta que daria
é: oiçam os catalães, os bascos e os
ga legos , que exp l i carão o
agradável que é ser dominado
pelos castelhanos. Eu sou grande
admirador do espírito castelhano
mas quando se põem a mandar nos
outros povos, o resultado é
desastroso. Aliás, o grande triunfo
da monarquia em Espanha foi
exactamente as autonomias que
permitiram às regiões espanholas
não serem, de algum modo,
dominadas por Castela. É um
pouco estúpido da parte de certos
portugueses quererem aquilo de
que tantos espanhóis estão a tentar
libertar-se.
Se a Monarquia voltasse, seria
intolerante numa integração
ibérica?
A Bélgica, o Luxemburgo e a
Holanda vivem num sistema muito
integrado há muito tempo, o
Benelux, e anterior à União
Europeia. Só que como são três
monarquias, nenhum desses povos
s e n t e q u e e s t á a p e r d e r
independência ou identidade
porque tem o seu próprio rei. No
nosso caso, uma república fraca ou
instável juntar-se a uma monarquia
forte seria efectivamente a perda de
s o b e r a n i a e u m c a m i n h o
perigosíssimo para os interesses
dos portugueses. Duas monarquias
podem-se juntar e colaborarem
muito bem mas uma monarquia e
uma república é a história do pote de
barro e do de ferro que estão na
mesma carroça. Se achamos que
precisamos de estrangeiros para
nos ajudarem a sair da situação em
que estamos, não me incomodava
que o ministro das Finanças fosse
um alemão e o da Tecnologia um
japonês… Isto é uma caricatura,
mas haver técnicos alemães ou
japoneses a aconselharem a nossa
administração já vejo bem.
Vai votar nas eleições para a
Presidência da República?
Não voto por uma questão de
princípio porque acho que o sistema
republicano de chefia de Estado não
é o melhor. Por outro lado, também é
por uma questão de não tomar
partido. Ainda por cima, neste
momento é uma situação delicada
porque os três candidatos são
pessoas por quem tenho muita
admiração e estima.
Ronald Reagan sugeriu que se
deveria candidatar a presidente.
Admite-o?
Disse isso num jantar que tivemos
na Casa Branca: «Eu sei que o
senhor pode ganhar.» Na altura
achei a ideia muito interessante e
quando cheguei a Portugal reuni o
meu conselho privado para lhes
perguntar a opinião, mas quase
todos foram contra. No entanto,
ainda hoje há no conselho privado
uma pequena minoria de pessoas
que considera que seria uma boa
alternativa.
Se concorresse, qual seria o
candidato que seria mais difícil
de derrotar?
Se concorresse, a minha posição
tinha de ser de simpatia pelos
o u t r o s c a n d i d a t o s e ,
pr inc ipa lmente, exp l icar as
vantagens da chefia de Estado real.
Como isto não está em questão,
não vale a pena falarmos do
assunto.
Qual será o desfecho deste
confronto eleitoral?
As pessoas deveriam ter vários
motivos para escolher um presidente:
os seus ideais; a capacidade de ver o
Portugal do futuro; o pragmatismo;
ponderar quem é que pode ser mais
eficiente para colaborar com os
governos e ajudá-los a governarem
bem e a controlá-los. Não deveria ser
a simpatia pessoal… E, depois, há
uma maioria que não vota, como se
tem visto pelo abstencionismo,
porque acha que não é importante:
nas europeias sessenta por cento não
votou e nas últimas legislativas houve
quarenta por cento de não-votantes.
Provavelmente por não se sentirem
representados pelos partidos em jogo
ou porque não acreditam de todo na
democracia actual da República.
“Tenho uma certa tendência
para acreditar nas pessoas
e por vezes engano-me.
Tenho tendência, talvez um
pouco utópica, de crer que
os meus ideais podem ser
realizados e, por isso,
trabalho por eles. Descuido
um pouco de mais a minha
vida económica pessoal e,
agora com os filhos, sinto
mais obrigação em me
p reocupar com esse
aspecto. Tenho talvez o
defeito de dizer as minhas
opiniões, mesmo que não
seja o momento mais
oportuno. Gosto de ouvir as
opiniões dos outros, que me
digam o que pensam de bem e de mal de mim. Certa sinceridade deixa
muita gente aborrecida e, nesse aspecto, identifico-me com os
transmontanos porque são os que cultivam esse espírito de franqueza.
Não é por me chamar Bragança, mas gostava de viver em Trás-os-
Montes, ou nas ilhas por causa do meu espírito insular. Irrito-me por
vezes e há pessoas que se podem queixar porque terei sido menos
simpático em certas alturas.”
História em Quadrinhos mostraa vida de Debret no Brasil
Lançada em 2006, a obra de
História em Quadrinhos “Debret em
viagem histórica e quadrinhesca ao
Brasil” (Companhia das Letras), do
c a r t u n i s t a Sp a c c a , é u m
oportunidade para se fazer uma
Da redação do IBI
Debret, que, depois de homenagear Napoleão em Paris, passou quinze anos no Brasil com a Missão Artística
Francesa, retratando a família real, fazendo cenários para teatro, ensinando pintura e montando, no seu Viagem
pitoresca e histórica ao Brasil, uma riquíssima iconografia da vida do Império durante o século XIX
viagem a um período glorioso da
história do Brasil. Para contar a
trajetória de um pintor histórico
francês no Brasil, ninguém melhor
do que um "cartunista histórico"
brasileiro. O pintor histórico é
Debret, que, depois de homenagear
Napoleão em Paris, passou quinze
anos no Brasil com a Missão
Artística Francesa, retratando a
família real, fazendo cenários para
teatro, ensinando pintura e
montando, no seu Viagem pitoresca
e histórica ao Brasil, uma riquíssima
iconografia da vida do Império
durante o século XIX.
Aventura tropical O "cartunista
histórico" é Spacca, que já se
aventurara pela "História em
Quadrinhos" com Santô e os pais da
aviação, também publicado pela
Companhia das Letras. Aqui, Spacca
nos mostra como a queda de
Napoleão tornou a situação política
dos que o apoiavam insustentável - o
que acabou por motivar a aventura
tropical de Debret -, além das
intrigas e rixas da incipiente vida
artística do Rio de Janeiro.
Com prefácio, cronologia, bibliografia
e galeria de obras, o livro é uma
introdução ao tema da história da arte
no Brasil, mas não pára por aí. O
traço de Spacca conta, sem perder o
humor, os atrasos de anos na criação
da Academia de Belas Artes, a
rivalidade com o grupo dos artistas
portugueses e os ataques de ambas
facções.
Contada por um cartunista, a história
de Debret no Brasil fecha um ciclo:
através de seu discípulo predileto,
Manuel de Araújo Porto Alegre, autor
da primeira caricatura impressa no
Brasil, Debret também é o mestre dos
cartunistas brasileiros.
Spacca Nasceu em 1964, em São
Paulo, é cartunista e ilustrador. Fez
stoyboards para filmes publicitários
no começo da carreira;
depois, entre 1985 e 1995,
criou charges políticas para
o jornal Folha de S.Paulo e
ilustrou o suplemento infantil
Folhinha por dois anos.
Escreveu histórias em
quadrinhos para as revistas
Níquel Náusea e Front e
também trabalhou com
animação. Atualmente faz
charges para a versão on-
line do Observatório da
I m p r e n s a e p a r a
publicações empresariais.
Em 2005, Spacca recebeu o
primeiro prêmio de charge
no Salão Internacional de
Humor de Piracicaba