G2 de Mídias Globais - Luiz Leo
Transcript of G2 de Mídias Globais - Luiz Leo
Mídias Globais
O que é a sua impressão acerca da informação que a mídia produz no dia a dia. Escolha um tipo de informação para tratar. A cara da notícia, da publicidade. O desejo é partir de um pressuposto pessoal para projetar, considerar isso a partir de um ambiente mais amplo. O que acontece aqui reflete no todo. Caso da cobertura do Mensalão. Você diz que é imparcial, o impacto da mídia. Será que só a mídia brasileira que tem a tendência de judicializar os fatos?
Não estou muito interessado em teoria dentro do trabalho. Que tipo de informação eu recebo do jornalismo? Você pega uma para ilustrar a situação, para te assessorar. Você pensa no objeto informação e pega referência para ilustrar o seu argumento. Pode ser mais de uma referência. E também pode pegar dois exemplos extremos – uma boa e outra ruim – para mostrar o seu argumento.
Trabalho sobre os fluxos – 2,0 ponto
“Iogurte é Saúde. Iogurte é Danone”. Assim começa o comercial Activia Summer
(http://tinyurl.com/pcqczpe),, veiculado em 2012, em que dois atores globais brancos
e magros (Evandro Mesquita e Denise Fraga) falam da importância da digestão para
manter a boa forma. Ou melhor, de como você tomar Activia pode te ajudar a ficar
bonita para o verão. Noutro momento, figurantes brancas e magras dançam, com a
barriga escondida por uma canga, na praia. Uma arte, logicamente de uma pessoa
magérrima, mostra a ação do produto no corpo da mulher.
Esta não é a primeira nem última vez que produtos vendidos com a imagem de
saudáveis são associados a atores brancos e magros. Noutro comercial da mesma
marca (http://tinyurl.com/q7zn64g), uma mulher alta, branca e magra, que aparenta ter
40 anos, mas deve ter 45, discursa que ir ao banheiro diariamente é importante. Como
“milhares de pessoas já sabem disso”, elas vão diariamente ao banheiro.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Disciplina: COM1180 – Mídias Globais
Aluna:
2o semestre de 2013
Mesmo em comerciais que não ressaltam o poder das bactérias no intestino, a Danone
opta por um casting inteiramente branco e magro. No comercial intitulado “Dança”
no YouTube (http://tinyurl.com/kf637b6), de novo vemos mais de 10 pessoas brancas
e magras, que se divertem e riem no vídeo. O tal comercial
(http://tinyurl.com/qgsrge5) também tem a sua versão na Alemanha, onde outras
pessoas brancas e magras agem da mesma forma. Apesar da mudança do ambiente, a
ideia dos publicitários foi seguida à risca, sem qualquer interferência em razão de
religião, cor ou físico.
O produto concorrente Nesvita, da Nestlé, utiliza a mesma estratégia da associação a
pessoas, principalmente mulheres, mas obrigatoriamente brancas e magras. No
comercial com a atriz Grazi Massafera (http://tinyurl.com/pl3b8xw), três mulheres
estrelam a situação – todas brancas e magras, reforço. Depois, um médico branco e
magro aparece na tela para explicar, com ajuda da arte – aquele corpo perfeito! –, o
funcionamento do produto no corpo. Outro comercial da Nesvita
(http://tinyurl.com/ndt2jgu) mostra duas mulheres, mais uma vez brancas e magras,
num supermercado. Uma diz à outra as qualidades do produto, convencendo a
comprar Nesvita, em vez de Activia.
Diferentemente da imagem passada pelos comerciais no Brasil, um comercial da
Activia Danone tem outro tipo de abordagem para a população alemã. Na peça de
publicidade intitulada “Ritmo” (http://tinyurl.com/oa6cysj), de setembro de 2012, a
atriz está acima do peso. Além disso, ela demonstra claramente que, ao acordar cedo,
não tem vontade de fazer esporte. O discurso humaniza a personagem. No fim, o
vídeo também fala da ajuda do Activia na digestão, mas não mostra arte alguma.
Depois, porém, o comercial mostra a atriz segurando uma imagem de uma barriga
sarada no lugar da dela, aproximando-se novamente do telespectador ao demonstrar
que também luta contra a balança.
Não faltam comerciais que estereotipam o consumidor ou que criam um ideal de
pessoal. A equipe de publicitários se mostra atrasada ao acreditar que somente a
população branca tem poder de compra. A contratação de majoritariamente brancos
para a atuação na televisão – tanto nas novelas, quanto nos comerciais – estimula a
segregação da sociedade brasileira. A primeira protagonista negra numa telenovela,
por exemplo, foi Taís Araújo, em “Da cor do pecado”, exibida em 2004. Mais de um
século após o fim da escravidão, restam máculas e defasagens entre brancos e negros
no Brasil. A ausência de negros na TV é um reflexo da falta de políticas públicas que
possam dirimir a diferença social e reparar os danos feitos a negros.
Os comerciais nos fazem entender que quem deve consumir os produtos deles são as
pessoas que têm o intestino preso, ou seja, as pessoas que precisam de um estimulante
na atividade muscular intestinal. Isso significa que os atores não precisam ser
obrigatoriamente brancos e magros. A escolha dos artistas foi feita de acordo com os
valores e as percepções deles, sem precisar levar em conta as principais vítimas do
problema de intestino.
Intestino preso pode ser consequência da falta de ingestão de fibras, da falta de
exercícios físicos ou mesmo de água. Se levarmos em conta a falta de esportes, os
publicitários deveriam dar preferência por atores acima do peso. Se levarmos em
conta a falta de fibras – muitas vezes encontradas em frutas –, os publicitários
deveriam escolher pessoas que se alimentam mal. Quem não tem uma alimentação
correta, normalmente, acaba tendo problema de peso, ou seja, fica bem abaixo ou
acima do peso. Por fim, se a pessoa bebe pouca água, podemos supor que ela beba
somente refrigerantes. Ela acaba por ingerir água indiretamente, mas em razão dos
outros vários – e às vezes desconhecidos – componentes, a pessoa ingere menos água
mineral do que quem prefere a água em si. O consumidor que opta por refrigerante
ingere mais kcal e tem mais chances de ser acima do peso. Apesar de todos os fatos
apresentados, os comerciais em geral – e, no caso, os que falam de iogurte – preferem
usar atores brancos e magros. Isso pode nos fazer entender que os publicitários não
querem que a gente se veja nas telas da TV, mas sim criar um estereótipo ideal. Se
voltarmos ao passado, à década 18, 19, mesmo no Brasil, lembramos que aquele de
raízes europeias era considerado superior. A Lei das Raças colocava o branco no topo
da hierarquia, enquanto os índios e os negros ficam em segundo e terceiro lugar,
consecutivamente. Parece que pouco caminhamos desde aquela época.