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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MIGUEL MOFARREJ FACULDADES INTEGRADAS DE OURINHOS
MEDICINA VETERINÁRIA
PARTE I: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO - FRIGORÍFICO ITAJARA COMÉRCIO DE
CARNES LTDA.
PARTE II: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE DIFERENTES DOSES REDUZIDAS DO HORMÔNIO LIBERADOR DE GONADOTROFINAS (GnRH) EM UM PROTOCOLO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM
TEMPO FIXO (IATF) EM VACAS DA RAÇA NELORE
JOSÉ EDUARDO RESENDE ALVES
OURINHOS – SP 2014
JOSÉ EDUARDO RESENDE ALVES
PARTE I: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO - FRIGORÍFICO ITAJARA COMÉRCIO DE
CARNES LTDA.
PARTE II: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE DIFERENTES DOSES REDUZIDAS DO HORMÔNIO LIBERADOR DE GONADOTROFINAS (GnRH) EM UM PROTOCOLO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM
TEMPO FIXO (IATF) EM VACAS DA RAÇA NELORE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária das Faculdades Integradas de Ourinhos como pré-requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária
Orientadora: Profa. Dra. Claudia Yumi Matsubara Rodrigues Ferreira
OURINHOS – SP 2014
FICHA CATALOGRÁFICA
Alves, José Eduardo Resende Avaliação da eficácia de diferentes doses reduzidas do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) em um protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) em vacas da raça nelore / José Eduardo Resende Alves – Ourinhos, SP: FIO, 2014. 36f.; 30cm
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Medicina Veterinária) – Faculdades Integradas de Ourinhos, 2014.
Orientador: Profa. Dra. Claudia Yumi Matsubara Rodrigues
Ferreira
. 1. Doses reduzidas. 2. GnRH. 3. IATF. 4. Vacas.
JOSÉ EDUARDO RESENDE ALVES
PARTE I: RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO -
FRIGORÍFICO ITAJARA COMÉRCIO DE CARNES LTDA.
PARTE II: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE DIFERENTES DOSES REDUZIDAS DO HORMÔNIO LIBERADOR DE GONADOTROFINAS (GnRH) EM UM PROTOCOLO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) EM VACAS DA RAÇA
NELORE
Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de Médico
Veterinário, no Curso de Medicina Veterinária, das Faculdades Integradas de
Ourinhos.
Ourinhos, 25 de novembro de 2014.
Profa. Dra. Claudia Yumi Matsubara Rodrigues Ferreira
Coordenadora do curso de Medicina Veterinária
BANCA EXAMINADORA
_____________________________ ___________________________
Prof. Dra. Fernanda Saules Ignácio Prof. Dra. Isabela Bazzo da Costa
______________________________
Prof. Dra. Cláudia Yumi M. R. Ferreira
Orientadora
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus, que me proporcionou condições
para que eu pudesse chegar ao fim de
mais um ciclo, aos meu pais e familiares,
que me apoiaram por toda essa
caminhada, a minha noiva que sempre
esteve ao meu lado e também aos meu
queridos amigos.
AGRADECIMENTO
Gostaria de agradecer primeiramente à Deus, Nossa Senhora e Jesus Cristo,
por terem me dado capacidade, condições e fazerem com que fosse possível a
realização deste sonho.
Aos meu pais e família, que sempre fizeram de tudo para que eu pudesse
chegar até este momento.
A minha noiva que até mesmo nos momentos mais difíceis, me aturou e se
manteve firme ao meu lado.
A todos os meus amigos em especial ao Rodrigo Raimundo e ao Fernando
Scudeler, que nas alegrias e tristezas sempre me apoiaram.
A dupla Pedro & Yuri, por divertirem nossos churrascos e festas.
Ao meu amigo e padrinho Thiago Augusto Reina Manfrim e sua noiva Mayara,
por sempre estarem dispostos a me ajudar e também por fazerem parte de minha
vida.
Ao meu amigo Ricardo, que colaborou em algumas etapas deste projeto.
A todos os meu professores, por me passarem um pouco dos seus
conhecimentos e fazerem com que eu me torna-se um bom profissional, em especial
a professora Yumi, que foi minha orientadora neste projeto, e também a professora
Isabela, que mesmo estando ausente das FIO, aceitou o meu convite para fazer
parte de minha banca examinadora.
A professora Fernanda por aceitar fazer parte da minha banca.
Aos meus amigos de turma, que também tiveram um papel em minha
formação, e também aqueles amigos que fiz durante a faculdade.
Ao pessoal da cacheta lá de cima, que nos momentos em que eu “não estava
em aula” também fizeram com que eu aprendesse algo.
A todos os funcionários das FIO, por fazerem com que a faculdade se torne
cada vez melhor.
A todos que de certa forma contribuíram para a minha formação profissional e
pessoal.
EPÍGRAFE
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”
(Charles Chaplin)
SUMÁRIO
PARTE I:
1 Relatório de estágio curricular supervisionado............................13
PARTE II:
RESUMO................................................................................................16
ABSTRACT............................................................................................17
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................18
2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................19
2.1 Fisiologia da reprodução.............................................................19
2.2 Biotécnicas da reprodução..........................................................21
2.3 Sincronização estral....................................................................22
2.4 Hormônios utilizados na reprodução............................................23
3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................25
3.1 Local do experimento..................................................................25
3.2 Animais e grupos experimentais..................................................25
3.3 Diagnóstico de gestação..............................................................27
3.4 Análise estatística.......................................................................30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................31
5 CONCLUSÃO......................................................................................33
6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA........................................................34
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Representação da dinâmica folicular..............................................................20
Figura 2. Representação esquemática das variações, na concentração dos principais
hormônios que regulam o cicio estral em bovinos.....................................................21
Figura 3. Alguns dos animais utilizados no trabalho..................................................27
Figura 4. Equipamento utilizado para realização do exame ultrassonográfico........27
Figura 5. Procedimento de realização do diagnóstico de gestação...........................28
Figura 6. Imagem do ultrassom confirmando a prenhez............................................28
Figura 7. Imagem do ultrassom confirmando a prenhez............................................29
Figura 8. Imagem de ultrassom confirmando a prenhez............................................29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Protocolo de sincronização de estro para IATF utilizado do experimento.26
Tabela 2. Dosagens de GnRH utilizadas no experimento.........................................26
Tabela 3. Grupos utilizados, quantidade de animais e taxa de prenhez por grupo...31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BE – Benzoato de Estradiol
eCG – Gonadotrofina Coriônica Equina
ECP – Cipionato de Estradiol
FSH – Hormônio Folículo Estimulante
g- Grama
GnRH – Hormônio Liberador de Gonadotrofinas
IA – Inseminação Artificial
IATF – Inseminação Artificial em Tempo Fixo
LH – Hormônio Luteinizante
mg – Miligrama
ml – Mililitros
PGF2α – Prostaglandina F2α
TE – Transferência de Embrião
TETF – Transferência de Embrião em Tempo Fixo
UI – Unidade internacional
13
PARTE I: Relatório de estágio curricular supervisionado -
Frigorífico Itajara Comércio de Carnes LTDA.
A experiência do estágio é essencial para a formação integral do aluno,
considerando que cada vez mais são requisitados profissionais com habilidades e
bem preparados. Ao chegar à universidade o aluno se depara com o conhecimento
teórico, porém muitas vezes, é difícil relacionar teoria e prática se o estudante não
vivenciar momentos reais em que será preciso analisar o cotidiano. No estágio é
quando o aluno mostra sua criatividade, independência e caráter. Essa etapa lhe
proporciona uma oportunidade para perceber se a sua escolha profissional
corresponde com sua aptidão técnica.
O estágio foi realizado nas dependências do Frigorífico Itajara Comércio de
Carnes LTDA., situado no município de Santa Cruz do Rio Pardo, estado de São
Paulo, na Rua Julio Lozano nº1134, Bairro São José.
Uma empresa que conta com um quadro de 217 funcionários diretos e uma
frota particular de 24 caminhões baú para o transporte da carne. Sua rotina de abate
e desossa é de seguda–feira à sábado no período da manhã, e o carregamento das
carnes vendidas, são realizados todos os dias da semana no período noturno.
Possui uma planta com 65000m² fiscalizada pelo S.I.F. (Serviço de Inspeção
Federal), e com um rigoroso controle de qualidade. Tem capacidade de abate de
600 animais/dia e uma desossa de 800 peças/dia. Sua capacidade de armazenagem
de congelados é de 400 toneladas e resfriados de 300 toneladas. Possui um curral
com capacidade para 648 animais, a velocidade de abate é de 75 animais hora. Tem
2 lagoas de tratamento de efluentes.
O animal abatido é 100% aproveitado, a carne e subprodutos em sua maioria
é destinada ao mercado interno, a farinha feita com os ossos vai para o mercado
pet, o sebo para a indústria do biodiesel e cosméticos, o sangue para a indústria
farmacêutica, o rúmen é utilizado como adubo por agricultores da região e o couro é
vendido para a indústria calçadista.
Durante o estágio, pude acompanhar todas as atividades realizadas no
frigorífico, desde a compra dos animais, sua recepção, abate, desossa,
armazenamento e comercialização dos produtos e subprodutos.
14
O estágio curricular supervisionado foi de grande valia, pois serviu como uma
preparação para o mercado de trabalho, onde foi possível vivenciar o rítmo
empresarial e o convívio com outros trabalhadores, e ter a certeza da escolha
profissional.
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PARTE II: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE DIFERENTES DOSES REDUZIDAS DO HORMÔNIO LIBERADOR DE GONADOTROFINAS (GnRH) EM UM PROTOCOLO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM
TEMPO FIXO (IATF) EM VACAS DA RAÇA NELORE
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RESUMO
O uso da inseminação artificial apresenta números crescentes, o que leva ao estudo e desenvolvimento de novos conceitos e técnicas, para que se possa cada vez mais melhorar os resultados. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia de doses reduzidas do GnRH, utilizadas em um protocolo de IATF, em vacas da raça Nelore. O protocolo de IATF foi iniciado no dia zero, sendo 208 animais divididos aleatoriamente em quatro grupos iguais, submetidos à colocação de um dispositivo intravaginal de progesterona e a aplicação de benzoato de estradiol. No dia oito, os dispositivos de progesterona foram retirados, seguido de aplicações de gonadotrofina coriônica equina (eCG), cipionato de estradiol (ECP) e prostaglandina F2α (PGF2α). No dia dez, oito horas antes da realização da inseminação artificial, o grupo um (G1) recebeu a dose de 0,1 mg de GnRH (1,0 mL), e os outros três grupos receberam doses reduzidas (0,07 mg, 0,04 mg e 0,02 mg). Trinta e cinco dias após a inseminação foi realizado um diagnóstico de gestação por imagem com um ultrassom, para confirmar quantos animais ficaram gestantes. Na análise estatística foi determinada a frequência de prenhes para cada grupo pelo teste de Chi–quadrado para pesquisar associação entre tratamento e taxas de prenhez. Todas as análises foram realizadas utilizando PROC FREQ (SAS Institute, 2011) com nível de significância estipulada a o,o5%. Os resultados estatísticos apontam uma associação significativa (p= 0,0282) entre a dose do fármaco e a taxa de prenhes entre os animais avaliados, podendo – se concluir que ao reduzir a dose do GnRH, reduziu–se também a taxa de prenhez do rebanho.
Palavras – chave: Doses reduzidas. GnRH. IATF. Vacas.
17
ABSTRACT
The use of IA has been increasing in numbers over the last years, which leads to the study
and development of new protocols and techniques, so that improved results may be reached. The
objective of this study was to evaluate the efficacy of low doses of GnRH used in a IATF protocol in
Nelore cows. The IATF protocol was initiated on day zero, with 208 animals randomly divided into four
equal groups and underwent placement of an intravaginal progesterone device and the application of
estradiol benzoate. On day eight, the progesterone devices were removed, followed by applications of
equine chorionic gonadotropin (eCG), estradiol cypionate (ECP) and F2á prostaglandin (PGF2a). In
the tenth day, and eight hours before performing artificial insemination, group one (G1) cows received
a dose of 0.1 mg of GnRH (1.0 mL), and cows of the other three groups were given reduced doses
(0,07 mg, 0,04 mg e 0,02 mg). Thirty-five days after insemination pregnancy diagnosis were done by
ultrassonografy, to confirm how many animals became pregnant. Statistical analysis of the frequency
for each pregnant as each group were evaluated by Chi-square test for association between treatment
and research fees pregnant test was determined. All analyzes were performed using PROC FREQ
(SAS Institute, 2011) with a significance level stipulated to, o5%. Statistical results show a significant
association (p = 0.0282) between the dose of the drug and the rate among pregnant animals
evaluated and can - be concluded that reducing the dose of GnRH reduced - also a pregnancy rate of
flock.
Palavras – chave: Reduced doses. GnRH. IATF. Cows.
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1 INTRODUÇÃO
O rebanho bovino brasileiro possuí aproximadamente 211,279 milhões de
cabeças, ocupando a segunda posição no ranking mundial, ficando atrás somente
da Índia. No mesmo ano foram abatidos 31,118 milhões de cabeças e a produção de
7,351 milhões de toneladas de carne sob inspeção sanitária (BEEFPOINT, 2013).
Segundo a ASBIA (2013), a comercialização de sêmen em 2013 atingiu 14,3
milhões de doses vendidas, sendo dessas, aproximadamente 7,6 milhões de doses
voltadas para a pecuária de corte.
Apesar desses dados, muitos ainda não optam pelo melhoramento genético,
tanto por falta de conhecimento, como por falta de recursos, por isso vários estudos
são realizados para o desenvolvimento de novas técnicas e produtos e o
aprimoramento das já existentes, acarretando na redução de seus custos e aumento
da mão de obra disponível.
A inseminação artificial é de suma importância no processo de melhoramento
genético, visando a sua melhor utilização, diversos métodos de controle foram
desenvolvidos com o objetivo de concentrar o período de manifestação do estro e
ovulação, e isso surge como uma ferramenta de manejo auxiliar para o aumento da
eficiência produtiva e econômica da atividade pecuária (PAVARINA, 2007).
Dentre os métodos para realização de sincronização de estro, estão a
administração de hormônios naturais ou sintéticos intramuscular (I.M.), implante
subcutâneo (S.C.) e ou intravaginal. O controle hormonal exógeno da ovulação,
objetiva sincroniza-la de modo a permitir a realização da IATF (PAVARINA, 2007).
O uso do GnRH nos protocolos de sincronização de estro, tem sido
amplamente estudado, por ser responsável pelo controle da liberação de homônio
folículo estimulante (FSH) e do homônio luteinizante (LH). Porém seu uso ainda é
muito discutido (HAFEZ; HAFEZ, 2004.; MOURA, 2008), por isso, o objetivo deste
trabalho foi avaliar a eficácia de diferentes doses reduzidas do GnRH em um
protocolo de IATF em vacas da raça nelore.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Fisiologia da reprodução
Estro é o período no qual a fêmea apresenta sinais de receptividade sexual
seguida de ovulação. No caso dos bovinos, a duração do estro é de
aproximadamente 12 horas, e a ovulação ocorre de 12 a 16 horas do término do
estro. Quando não ocorre a fecundação, o intervalo entre dois estros consecutivos é
de 21 diasaproximadamente, e este período é denominado ciclo estral (VALLE,
1991; ABSPECPLAN, 2014).
A duração do ciclo estral está relacionada ao número de ondas foliculares que
ocorrem durante o ciclo (MOURA, 2008, apud FORTUNE, 1993), pois quanto maior
o número de ondas foliculares maior será a duração do ciclo estral. Geralmente, o
ciclo estral de vacas apresenta de duas a três ondas foliculares (MARSIGLIO, 2009).
O ciclo estral pode ser dividido em duas fases, a primeira que é denominada
de fase folicular, e a segunda de fase luteínica (VALLE, 1991).
Na fase folicular ocorre o desenvolvimento do folículo, que é uma estrutura no
ovário que contém o óvulo e culmina com a liberação do mesmo, e é o período entre
a regressão do corpo lúteo a ovulação (MARSIGLIO, 2009; ABSPECPLAN, 2014).
A fase luteínica, dura em média 13 dias em todas as fêmeas bovinas, e nela
ocorre o desenvolvimento do corpo lúteo, uma estrutura formada após a ruptura do
folículo, produzindo progesterona, o hormônio responsável pela manutenção da
gestação. Se o óvulo for fertilizado, o corpo lúteo será mantido e os níveis de
progesterona permanecerão elevados durante a gestação, se não ocorrer a
fertilização, irá ocorrer a regressão do corpo lúteo, e os níveis de progesterona
diminuirão, acarretando em uma novo ciclo estral (VALLE, 1991).
No entanto, há presença de folículos durante toda a fase luteínica, mostrando
que mamíferos domésticos, como a vaca, apresentam fases foliculares e luteínicas
sobrepostas (MARSIGLIO, 2009).
20
Figura 1. Representação da dinâmica folicular.
Fonte: GUIDO, 2005.
A ovulação não ocorre na primeira onda folicular, e o folículo dominante entra
em atresia (Figura 1). Isto ocorre, porque a alta concentração de progesterona,
neste determinado momento, impede a alta frequência de picos de LH (MARSIGLIO,
2009).
A liberação do GnRH na fase folicular pelo hipotálamo estimula a secreção de
FSH e LH da glândula pituitária. Os elevados níveis de FSH no sangue induzem o
desenvolvimento dos foIículos e, em sinergismo com o LH, estimulam a sua
maturação. Á medida que o folículo se desenvolve, aumenta a produção de estradiol
pelos folículos, e após uma determinada concentração, o estradiol estimula a
manifestação do estro e o pico do LH (Figura 2), dando inicio à segunda fase
(VALLE, 1991).
21
Figura 2. Representação esquemática das variações, na concentração dos principais hormônios que regulam o cicio estral em bovinos.
Fonte: (VALLE, 1991).
No período de estro, a ocorrência de elevados níveis de estradiol, além de
induzirem a manifestação do estro, são também responsáveis pela dilatação da
cérvix, síntese e secreção do muco vaginal e o transporte dos espermatozóides no
trato reprodutivo feminino (VALLE, 1991).
2.2 Biotécnicas da reprodução
As biotécnias da reprodução mais comumente utilizadas em bovinos são a
inseminação artificial (IA), IATF, transferência de embrião (TE), transferência de
embrião em tempo fixo (TETF) e a fertilização in vitro (FIV). O uso de hormônios
junto com as biotécnicas é realizado para que se consiga sincronização de estro ou
a indução da ovulação (GONÇALVES; FIGUEIREDO; FREITAS, 2001).
A IA é a mais antiga das biotécnicas e também, a mais eficiente (MELDAU,
2014). Apresenta inúmeras vantagens como a padronização do rebanho, o controle
de doenças sexualmente transmissíveis, a ordenação do trabalho na fazenda, a
diminuição do custo de reposição de touros, e a principal, que a torna uma
biotécnica muito eficaz, que é a capacidade de se fazer um melhoramento genético,
obtendo animais com maior índice de produção e reprodução, podendo até fazer o
22
cruzamento entre raças de animais que pela monta natural seriam impossíveis de se
reproduzirem (BARUSELLI; BÓ; MARQUES, et al. 2004).
Essas biotécnias descritas anteriormente associadas ao uso de hormônios
possibilitaram um maior rendimento na reprodução, influenciando positivamente os
resultados, pois torna possível a diminuição dos intervalos entre partos, a
homogeneização dos rebanhos, a diminuição dos custos de produção e o
melhoramento genético do rebanho, fazendo com que o uso destas biotécnicas se
tornem economicamente viáveis (GONÇALVES ; FIGUEIREDO ; FREITAS, 2001).
A partir do momento que passaram a congelar o sêmen, a IA tornou-se mais
difundida, viabilizando o uso de sêmen de um certo animal em épocas futuras. Para
a realização da IA, a vaca deve estar no estro (MELDAU, 2014).
São recomendadas duas observações por dia, uma logo no inicio da manhã,
e a outra no final da tarde. Esta verificação se dá pela aceitação da vaca à monta de
outros animais, para isto, é bastante comum a utilização de rufiões. As vacas
observadas em estro pela manhã serão inseminadas no período da tarde do mesmo
dia, já as observadas em estro a tarde, serão inseminadas no período da manhã do
dia seguinte, mantendo com isto um intervalo aproximado de 12 horas entre a
identificação do estro e o momento da inseminação (MELDAU, 2014).
Diferentemente da IA, na qual deve-se fazer a observação do estro para fazer
a inseminação, a IATF baseia-se na sincronização da onda de desenvolvimento
folicular e indução da ovulação, pelo uso de hormônios, de forma que se possa
predeterminar o momento da inseminação, podendo escolher a data dos partos,
diminuindo os custos de produção e aumentando a produtividade (GODOI, 2010).
Segundo um estudo realizado por Baruselli, Bó e Marques, (2004), a IATF
reduziu em 39,3 dias o período de serviço em relação à inseminação convencional,
antecipando o parto e beneficiando a estação de monta subsequente.
2.3 Sincronização estral
A sincronização de estro consiste em encurtar ou prolongar o ciclo estral
através da utilização de hormônios ou associações hormonais que induzam a
luteólise ou prolonguem a vida do corpo lúteo, o que permite a concentração da
inseminação e da parição em épocas desejáveis dentro dos sistemas de produção
(GONÇALVES; FIGUEIREDO; FREITAS, 2001 apud EVANS e MAXWELL, 1987). Já
23
a indução de estro consiste em induzir o estro em animais que estejam em anestro
ou não (GONÇALVES; FIGUEIREDO; FREITAS, 2001).
O protocolo de sincronização de estro em bovinos é descrito como a
antecipação do estro que ocorreria normalmente em todos os animais em um
período médio de 21 dias, sendo assim, este protocolo não deve se estender por um
longo período, por causa do seu custo intrínseco, que por menor que seja, pode
inviabilizar totalmente a IATF (GONÇALVES; FIGUEIREDO; FREITAS, 2001).
A sincronização de estro é feita, pois vacas em anestro apresentam liberação
de FSH, porém os folículos dominantes falham em ovular, pois não crescem o
suficiente (devido menor pulsatilidade de LH) e conseqüentemente não produzem
suficiente estradiol para estimular pico de LH e ovulação, portanto para estimular o
retorno a ciclicidade deve - se utilizar tratamentos que interfiram na pulsatilidade de
LH e consequentemente no desenvolvimento folicular, fazendo com que a vaca
esteja pronta para receber o sêmen e este fertilizar o óvulo (VASCONCELOS, et al.,
2004).
2.4 Hormônios utilizados na reprodução
Os principais hormônios utilizados em um protocolo de sincronização de estro
são, o GnRH, FSH, LH, benzoato de estradiol (BE), cipionato de estradiol (ECP),
estrógeno, progesterona e a gonadotrofina coriônica equina (ECG) (FERNANDES
NETO, 2012).
O GnRH, produzido pelo hipotálamo, tem função principal de liberar
gonadotrofina (FSH e LH) pela hipófise. Este hormônio é utilizado em protocolos de
sincronização de estro com o intuito de iniciar uma nova onda de crescimento
folicular ou, promover a ovulação de um folículo dominante no momento da IA ou
antes dela (PAVARINA, 2007; VALLE, 1991; AYRES, 2008).
FSH, é produzido pela hipófise e secretado em resposta ao GnRH, tem como
função o desenvolvimento folicular, a produção de estrógenos pelos folículos, a
produção de inibina quando os folículos estão no final do desenvolvimento, e o
aumento dos receptores para LH nos folículos. LH, também produzido pela hipófise,
tem como função principal promover a ovulção, formação do corpo lúteo e secreção
inicial de progesterona (MENDES JÚNIOR, 2005; ABSPECPLAN, 2014).
24
BE e o ECP são ésteres de estradiol, e são utilizados para a indução da
ovulação, eles induzem a atresia do folículo dominante na presença de
progesterona. Ocorre redução da função estrogênica do folículo dominante, e a
emergência de nova onda ocorre de 3 a 5 dias após (VASCONCELOS, 2003), a sua
diferença para o cipionato de estradiol é que a sua ação farmacológica se mantém
por 3 dias, contra até 12 dias do cipionato (VASCONCELOS, 2013; TECNOPEC,
2014).
Estrógeno, que é produzido pelos folículos em desenvolvimento, e tem a
função de controlar secreção de GnRH e gonadotrofina, e promover as contrações e
secreções genitais (MENDES JÚNIOR, 2005).
Progesterona é produzida pelo corpo lúteo, e tem a função de inibir a
secreção de GnRH, e provocar o relaxamento genital (MENDES JÚNIOR, 2005). A
prostaglandina, é o fármaco mais utilizado para a sincronização de estro em vacas,
produzida pelo útero, tem função de provocar a regressão do corpo lúteo, com
queda na produção de progesterona (BARUSELLI; BÓ; MARQUES, et al. 2004).
O eCG é um fármaco de meia vida longa (BARUSELLI; BÓ; MARQUES, et al.
2004)., produzido nos cálices endometriais das fêmeas equinas prenhas, e
apresenta atividade semelhante à do FSH, como também alguma atividade de LH
(URIBE-VELÁSQUEZ, 2010), e seu uso é indicado em rebanhos com baixa taxa de
ciclicidade, em animais recém paridos, em animais com condição corporal
comprometida e em primíparas (AYRES, 2008).
25
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada durante os meses de junho à agosto do ano de 2014,
utilizando-se um total de 208 vacas nelores, saudáveis, com escore corporal médio
de três (em uma escala de 1 à 5), com idade média de 36 meses. Estes animais
estavam na mesma propriedade, sob o mesmo manejo e alimentação.
O estudo constituiu na utilização de um protocolo de IATF, segundo Pavarina
(2007), com modificações.
Os animais foram divididos aleatóriamente em quatro grupos de 52 cada,
onde foram submetidos ao mesmo protocolo, diferenciando-se apenas na dosagem
do GnRH utilizada em cada grupo.
3.1 Local do experimento
O experimento foi realizado nas dependências da Fazenda Serrinha,
localizada no município de São Pedro do Turvo, estado de São Paulo.
3.2 Animais e grupo experimentais
Foram utilizadas 208 fêmeas bovinas da espécie Bos Taurus, subespécie
BosTaurus Indicus, da raça nelore, divididas aleatoriamente em quatro grupos (G1,
G2, G3, e G4), contendo 52 animais em cada. O protocolo para sincronização do
estro foi o mesmo em todos os grupos, diferenciando-se apenas na dosagem do
GnRH administrado.
O protocolo utilizado (Tabela 1) foi feito da seguinte maneira, no dia 0 (D0) foi
feita a aplicação de 2,0 mL (2 mg) de BE (GONADIOL®), junto com a colocação de
um dispositivo intravaginal bovino contendo 1,0 g de progesterona (DIB®). No dia 8
(D8), foi feito a retirada do dispositivo intravaginal, e a aplicação de 1,5 mL (300 UI)
de eCG (NOVORMON®), 0,5 mL (1 mg) de ECP ( E.C.P.® ) e 2 mL de PGF2α
(SINCROCIO®). No dia 10 (D10) foi feito a aplicação do GnRH (FERTAGYL®) da
seguinte maneira (Tabela 2): G1 1,0 mL (0,1 mg), G2 0,7 mL (0,07 mg), G3 0,4 mL
(0,04 mg) e no G4 0,2 mL (0,02 mg). Oito horas após a administração do GnRH a
inseminação foi realizada, com uso de sêmen congelado.
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Tabela 1. Protocolo de sincronização de estro para IATF utilizado no experimento.
Tabela 2. Dosagens de GnRH utilizadas no experimento.
BE
+
DIB®
D0
Retirada DIB®
+
300 UI eCG
+
1 mg ECP
+
2 mL PGF2α
D8
06:30 a.m
Administração de GnRH
12:30 p.m
IA
D10
•G4 •G3
•G2 •G1
1,0 mL
0,7 mL
0,2 ml
0,4 mL
27
Figura 3. Alguns dos animais utilizados no trabalho.
Fonte: Arquivo pessoal.
3.3 Diagnóstico de gestação
A taxa de prenhez dos animais de cada grupo, foi determinada pelo número
de fêmeas gestantes sobre o total de fêmeas inseminadas. O diagnóstico de
gestação foi realizado por exames ultrassonográficos pela via transretal com um
ultrassom da marca Mindray DP – 2200 VET, ao 35º (trigésimo quinto) dia após a IA.
Figura 4. Equipamento utilizado para realização do exame ultrassonográfico.
Fonte: Arquivo pessoal.
28
Figura 5. Procedimento de realização do diagnóstico de gestação.
Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 6. Imagem do ultrassom confirmando a prenhez.
Fonte: Arquivo pessoal.
29
Figura 7. Imagem do ultrassom confirmando a prenhez.
Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 8. Imagem de ultrassom confirmando a prenhez.
Fonte: Arquivo pessoal.
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3.4 Análise estatística
Foi determinada a frequência de prenhes para cada grupo. Depois foi
realizado o teste de Chi – quadrado para pesquisar associação entre tratamento e
taxas de prenhes. Todas as análises foram realizadas utilizando PROC FREQ (SAS
Institute, 2011) com nível de significância estipulada a 0,05%.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As taxas de prenhes obtidas em cada grupo (Tabela 3) foram as seguintes:
G1 de 52 vacas inseminadas, 31 ficaram prenhas (59,62%). No G2, 26 prenhezes
de 52 inseminações (50%). No G3, 20 prenhezes de 52 inseminações (8,46%). Já
no G4, 17 prenhezes de 52 inseminações ( 32,69%). Tendo um total de 94 vacas
prenhas de 208 inseminações realizadas com percentual de taxa de prenhes
45,19%.
Tabela 3. Grupos utilizados, quantidade de animais e taxa de prenhez por grupo.
GRUPO DOSE GnRH
VACAS INSEMINADAS
TAXA PRENHEZ
G1 G2 G3 G4
1,0 mL 0,7 mL 0,4 mL 0,2 mL
52 52 52 52
31 (59,62 %) 26 (50%)
20 (38,46%) 17 (32,69%)
Os resultados estatísticos apontam uma associação significativa (p= 0,0282)
entre a dose do GnRH e a taxa de prenhez entre os animais avaliados.
Quando houve uma redução da dose de 0,1 mg, para 0,07 mg, 0,04 mg e
0,02 mg, houve também uma redução da taxa de prenhez, diferentemente do que foi
observado por Moura et al (2011), onde utilizaram diferentes doses reduzidas de
GnRH, aplicadas doze horas após a IA, e não observaram diferenças entre as taxas
de prenhez dos animais avaliados.
Murta e Andrade (2014), utilizaram diferentes doses de GnRH (100 e 200 µg
(1,0 mL e 2,0 mL respectivamente)) no protocolo de IATF, e observaram que não
houve diferença na taxa de prenhez.
Souza e Ayres (2007), não observaram diferença significativa nas taxas de
prenhez com a aplicação do GnRH no momento da inseminação, concordando com
Pavarina (2007), no qual após a administração de GnRH, não notou elevação das
taxas de prenhez.
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5 CONCLUSÃO
A avaliação de diferentes doses reduzidas do GnRH do protocolo de
IATF em vacas da raça nelore utilizado, permitiu concluir que há uma associação
entre a dose de GnRH e a taxa de prenhez dos animais.
Visando o custo beneficio, a redução da dose não foi eficaz, pois ao diminuir a
taxa de prenhez, causou perdas na eficiência reprodutiva do rebanho, aumentando
os custos do protocolo por bezerro nascido.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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