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Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social dois (SER-138665) – 1/2013 Professora: Carolina Cassia Batista Santos SEGUNDA AVALIAÇÃO – TRABALHO INDIVIDUAL Universidade de Brasília Fundamentos Históricos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social II. Docente: Carolina Batista Discente: Lohanne Alves Matrícula: 12/0016281 Brasília, 25 de julho de 2013. Trabalho individual - Questões: 1. Com base nas conferências de Creusa Capalbo (documento do Sumaré, CBCISS, 1986, p. 173-182) e de Telma Apparecida Donizelli (documento do Alto da Boa Vista, CBCISS, 1988, p. 44-49), responda: O que é a fenomenologia? Para entender o método fenomenológico, é necessário começarmos a compreender o significado da palavra fenômeno, que é de origem grega. Tal palavra significa, portanto, tudo o que se mostra,

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Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social dois (SER-138665)

– 1/2013

Professora: Carolina Cassia Batista Santos

SEGUNDA AVALIAÇÃO – TRABALHO

INDIVIDUAL

Universidade de Brasília

Fundamentos Históricos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social II.

Docente: Carolina Batista

Discente: Lohanne Alves

Matrícula: 12/0016281

Brasília, 25 de julho de 2013.

Trabalho individual -

Questões:

1. Com base nas conferências de Creusa Capalbo (documento do Sumaré, CBCISS, 1986, p. 173-182) e de Telma Apparecida Donizelli (documento do Alto da Boa Vista, CBCISS, 1988, p. 44-49), responda: O que é a fenomenologia?

Para entender o método fenomenológico, é necessário começarmos a compreender o significado da palavra fenômeno, que é de origem grega. Tal palavra significa, portanto, tudo o que se mostra, aparece ou se torna visível, ou seja, por “Fenômeno entende-se tudo aquilo de que podermos ter consciência, de qualquer modo que seja” (Fragata, 19598, Op. cit. p. 82), sendo assim tanto objetos como atos da consciência são considerados fenômenos.

Quanto ao significado do método fenomenológico, que tem por base as concepções ideológicas de Husserl, que propõe a intuição das essências, o conceito deve-se ao estudo dos fenômenos, que “ é uma direção da nossa atenção, que, voltando as

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costas às coisas percebidas, detém-se na sua qualidade de serem percebidas.” (Enciclopédia Barsa.). Husserl lutava contra o psicologismo, pois para ele a lógica era independente da psicologia, já que deriva da ciência e do embasamento teórico, necessitando haver uma lógica pura. Sendo importante portanto, distinguir a visão fenomenológica da visão psicológica, pois o que interessa ao método é “o vivido que pode ser descrito no ponto de vista da sua estrutura essencial e não no ponto de vista dos fatos psicológicos particulares.” (documento de Sumaré, CBCISS, 1986, p. 174)

Ou seja, o método fenomenológico da compreensão dos atos e objetos da consciência, deve ter por base a fixação do fenômeno pela pesquisa e pelo exame, e sua descrição, deve se dar pela descrição fiel dos fenômenos, que em um primeiro momento, surgem como meros aparecimentos na consciência. Meros aparecimentos que constituem os fenômenos, e que é o objetivo da fenomenologia, trazê-los à visibilidade por meio da pura observação. Afastando- se das ciências abstratas, como a matemática, e das ciências que afirmam o positivismo e os fenômenos sem distinções qualitativas, como as ciências sociais. Pois os fenômenos do vivido humano e social são constituídos de significados dados pelos próprios indivíduos, não podendo a fenomenologia explicar o mundo dos homens como objetivo e afastá-lo das interpretações humanas

Em suma o que o método fenomenológico busca é a análise pura do que é vivido e de forma descritiva, pois o fenômeno, como aparecimentos da consciência, possuem uma essência e não podem ser reduzido somente ao plano dos fatos; já que todo fenômeno tem sua essência que o caracteriza, e, sua existência, que não é uma mera representação, mas sim o objeto do pensamento da própria vida, dado no pensamento e só exposto por meio deste, por isso a fenomenologia surge como o método de captação e exploração dos fenômenos da consciência, tornando-se uma teoria concreta, intencional, compreensiva e interpretativa. Fugindo assim de falsas suposições, chegando a sua essência, essência esta que para ser atingida, necessita-se do observador afastar-se de qualquer pré-julgamento ou tradição, já que estas concepções afastam a essência do método e a pureza da observação. Assim, para o que é vivido, necessário é tornar-se objeto reflexivo, para tornar-se ato da consciência e elevar-se de presença para consciência (por isso o dar as costas às coisas percebidas, pois recua-se para olhar o mundo vivido em sua cotidianidade), nascendo a diferencia primordial dos que vivem para o que estuda o vivido, pois os que vivem tem interesse prático no viver e os que estudam o vivido têm um interesse teórico no vivido dos outros, embora viva sua vida cotidiana. Dando aos indivíduos que vivem a proporcionalidade da intencionalidade, que se trata da consciência de algo que engloba os indivíduos, pois os atos perceptivos do ser humano que possui consiencia de algo, tem direção, projetando-os para uma consciência além de si.

Sendo assim, por esse modo, o método fenomenológico passa a perceber não o que se torna imaginário ou irreal, mas sim a compreender simplesmente os fatos que se apresentam aos fenômenos da consciência como são. Preocupando se em mostrar e não demonstrar os fenômenos que originam à experiência, por meio da intima compreensão da intuição, que é algo presente em cada ser humano

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2. Com base na obra de Ana Maria Braz Pavão, explique o Método Compreensivo.

O método compreensivo com base no livro “O princípio de auto determinação no Serviço Social: visão fenomenológica” de Ana Maria Braz Pavão, propõe a fenomenologia, como ciência reflexiva, buscando, por meio da existência, a essência da realidade vivida (como objeto da reflexão), ou seja, olhar o mundo vivido, buscando uma reflexão intuitiva e pura dos fenômenos. Logo, este olhar do mundo vivido, estará sempre no espaço temporal do passado, pois a reflexão consiste nas experiências passadas de “como alguém se comportou” e vivenciadas por tal indivíduo, vivido este, que só vivido, ainda não é reflexivo, mas sim pré- reflexivo. Sendo assim, o ato reflexivo, é que eleva este vivido a objeto da consciência e não somente do presente, inserido na realidade. Reflexão esta que exige uma compreensão pura do real, por parte do que estuda o vivido (o fenomenólogo), uma tentativa constante de compreensão do fenômeno, que se encontra na estrutura do vivido.

Desse modo, o método compreensivo se dá pela compreensão da interlocução com outro ser que se estabelece relação, pois o conhecimento dar-se pela compreensão não somente da subjetividade singular de um individuo, mas sim da relação das subjetividades com os outros, elemento existencialista, pois a existência de si, compõe a existência de outros, assim como os outros compõem a própria existência do indivíduo. Pois, como base no Existencialismo de Sartre, a existência precede a reflexão, visando a essência do ser. Assim esse método compreensivo busca percepção dessa subjetividade, que permeia o interior humano e seus fenômenos, sendo importante essa relação entre os conteúdos “em que, um conteúdo particular de determinada experiência vivida por alguém leva-nos a outros conteúdos”, atingindo assim a totalidade das experiências estruturais vividas” (Pavão, Ana Maria, pp. 25).

3. Segundo Ana Augusta Almeida, o marco referencial teórico da metodologia genérica da Nova Proposta é constituído por três grandes conceitos: diálogo, pessoa e transformação. Explique a Nova Proposta tendo como referência esse três conceitos.

Para o estudo da Nova proposta e seu marco teórico referencial tem ação no processo de ajuda psicossocial direta, pois no nível psicológico a Nova proposta atua no mundo cognitivo e afetivo, trabalhando com as realidades, atitudes, valores e intenções; e no campo social atua no campo da singularidade do cliente, e evolvendo as necessidades da universalidade. Também atua na consciência no projeto de atuação humano histórica e concreta.

Para a vigência da nova proposta, a autora define três conceitos que caracterizam tal proposta. São estes: diálogo, pessoa e transformação social.

Na visão de Almeida, a atuação do diálogo consistiria na dialética entre assistente social e cliente, onde se busca a verdade somente no que “dá um sentido novo à realidade de suas vidas”. Assim, estabelece um diálogo entre indivíduo e sociedade e individuo e comunidade, fazendo o individuo analisar sua atuação como ser sobre o mundo em que vive. Sinteticamente, quanto à situação existencial do indivíduo e em

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sua realidade problematizada, a aplicação da percepção individual e da forma de consciência, articulam-se ao diálogo, validando o processo de ajuda pssicossocial, e cabe ao Assistente social, ter a base teórica que irá auxilia-lo na compreensão e interpretação dos fenômenos. Gerando também, novo conhecimento que constrói e modifica não só o cliente, mas o assistente social e conhecimento reflexivo que gera consciência ao sujeito concreto, quando há uma busca efetiva pela verdade, levando a um auto questionamento, e que transforma-os. Assim, o diálogo, que tem por exigência e ponto de partida o conhecimento (tanto do assistente quanto do cliente), gera a transformação social por meio da ajuda no campo social e psicológico do profissional.

Quanto à Pessoa, o conceito definido pela autora se trata da definição da pessoa do cliente. Esse indivíduo, para ela, deve ser contemplado por sua condição humana e não por categoria oprimida e explorada. Pessoa, enquanto personagem principal de sua construção histórica singular e, por isso, racional e livre. Admitir a singularidade do ser, da mesma forma que é afirmar as dúvidas e questões, é afirmar, também, a compreensão, a participação e a confiança do ser. Ser que é o foco da Nova Proposta, e sua singularidade também, já que não afirmar as singularidades que permitem a compreensão do mundo subjetivo, é não afirmar as singularidades do eu e, consequentemente, as singularidades do outro, impossibilitando a totalidade ou universalidade social.

Quanto à transformação social, terceiro e último conceito da Nova Proposta, que se caracteriza por dois momentos. No primeiro, descobre-se o novo sentido, e a partir desta descoberta, o segundo momento trabalha com esse novo sentido. Assim, o projeto transforma-se na interação humana de singularidades, pois provocam uma interação e sua resposta. Essa transformação tem por característica um método que desenha a dinâmica do diálogo gerado e dividida em quatro momentos. O primeiro momento vai ser gerada pelos conteúdos: Atitude do cliente diante do enunciado – SEP; Atitude do assistente social diante do enunciado pelo cliente;Tema gerador – SEP; Tensão construída no diálogo.No segundo momento,pelos conteúdos: Atitude do cliente durante a análise-crítica;Atitude do assistente social diante do objeto de estudo;Temas gerados – análise crítica dos objetos constituídos;Tensões mantidas no diálogo.No terceiro momento,através dos conteúdos: Atitude do cliente durante a síntese-crítica;Atitude do assistente social diante da síntese-crítica;Tema gerador – programação do projeto;Tensões mantidas no diálogo.O quarto momento,pelos conteúdos: Atitude do cliente diante das transformações;Atitude do assistente social diante das transformações;Tema gerador – Retorno-reflexivo;Tensões mantidas no diálogo.Sendo que M2, M3 e M4 podem repetir-se N vezes.E caso o cliente exija,poderá ser necessário o M5,em que o movimente terá retorno reflexivo.

4. Anésia de Souza Carvalho argumenta que ver e observar em uma entrevista de metodologia fenomenológica é captar a maneira do cliente

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de “vivenciar o mundo” (CARVALHO, 1991, p. 34). Com base na obra da autora, justifique esse argumento.

Para a autora, ver é observar sem estar fechado em uma perspectiva causal, ou seja, não é ter a visão clássica de que o homem é uma unidade substancial e estudá-lo e diagnosticá-lo na busca pela causa do comportamento, dicotomizando sujeito e objeto, pois defini-o por características e possibilidades, visando encontrar as causas para o objeto e não na compreensão do sujeito.

Já na visão fenomenológica, estudar e diagnosticar o cliente, parte de uma perspectiva a partir do espaço e do tempo do cliente, não de espaços postos como objetivos por parte do profissional. Espaço esse que é o mundo de suas experiências e como ele vê esse mundo em que vive. Quanto ao tempo do cliente, é perceber como esse, enxerga a si mesmo, capturando sua subjetividade, e não somente o que está posto, mas sua consciência sobre si. Uma análise sem subordinação conceitual que rotule e padronize a todos, mas sim, uma análise fenomenológica é fugir de todos os modelos e ter a percepção do que não está posto pelo sujeito, é interpretá-lo em sua medida real. É interpretar e perceber a forma singular que cada indivíduo tem de vivenciar o mundo, de perceber e agir conforme as demandas que são postas em seu cotidiano, é perceber a consciência em si que é a consciência do ser tem de sua própria maneira de estar no mundo, mas que não é enxergada por parte do profissional como algo posto e relatado pelo indivíduo, mas sim algo demonstrado por gestos e ações que estão presentes subjetivamente no cliente. E é importante ressaltar que apesar das várias formas de captações dessa vivencia de mundo dos clientes, não cabe ao assistente social rotulá-lo, classifica-lo e nem é este o objetivo.

5. Como base nos argumentos de José Paulo Netto, destaque críticas à perspectiva fenomenológica em Serviço Social (no mínimo duas).

Para Netto, a perspectiva fenomenológica do Serviço Social se dá como um reatualização do conservadorismo, pois, como suas críticas a essa perspectiva, ele cita, primeiramente, para ele, há uma ausência da relação entre os autores representativos da perspectiva de reatualização do conservadorismo e as fontes originais seminais do pensamento fenomenológico, não existindo também uma interlocução direta com os autores que foram base pra esse movimento (Husserl, Scheler, Schutz).

Semelhantemente, como segunda crítica, o método fenomenológico aparece como algo sem contestação como uma matriz teórico-metodológica situada para além de críticas e reservas.Sendo absoluta a falta de mínimas referências às problematizações de que as posturas e procedimentos fenomenológicos foram e são objetos.Nos discurso dos conservadores brasileiros que reivindicam a Fenomenologia não demonstra ser alvo de polêmicas mais agressivas.Isso resulta em um método

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fenomenológico que parece estar conformado,pela soma de pensadores indiferentes aos grandes debates contemporâneos,sendo,logicamente uma ficção.

Como terceira crítica também, encontra-se, Netto acusa um real empobrecimento teórico e crítico de categorias da tese de Husserl, traduzindo-se em um processo de simplificação.