Funções_Harmônicas_5_Sons[1]

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9 João Alexandre B. Zainko Nos acordes de 5 sons as funções harmônicas começam a se diluir. Um acorde de 5 sons é o conjunto união de três acordes de 3 sons, contém três tríades. O acorde da tônica tem seu poder de conclusão enfraquecido. Sobre o acorde da tônica temos um acorde da dominante (V grau) e fundindo as duas tríades primárias o acorde do III grau. Tem uma resolução suspensiva. Observe que seguido de um acor- de do I grau de três sons funciona como uma dominante sobre-tônica. É um acorde brilhante, algo melancólico e triste, muito freqüente na harmonia de jazz, bossa nova e MPB. O acorde da dominante também tem sua força harmônica (de tensão) suavizada, aproximando-se da função dominante anti-relativa. Sobreposta à tríade do V grau en- contramos a tríade do II grau (subdominante relativa). Fundindo-as temos a tríade do VII grau. Não é tão melancólico quanto o acorde de quatro sons do VII grau, e é mais sutil que a tétrade do V grau. É freqüente seu uso na harmonia de jazz, samba, bossa e MPB. É excelente como dominante da subdominante, e é clichê preceder o acorde de sétima e nona menor. O acorde da Subdominante tem seu poder expansivo levemente restringido com a presença do acorde da tônica relativa (4 sons), que lhe transmite tristeza e melanco- lia. Como a função dominante primária, é pouco afetada pelo acréscimo do quinto som. Muito freqüente na harmonia de jazz, bossa nova e MPB. O acorde de 5 sons do II grau é a fusão do II grau com o IV grau e o VI grau (todos com 3 sons). É o conjunto união das três tríades diatônicas responsáveis pela função subdominante. Aqui, a nona, apesar de tensionar o acorde (há uma “segunda menor/sétima maior” entre a nona e a terça do acorde) e de provocar um efeito dramá- tico, não afeta a função harmônica (Sr). O acorde do II grau continua excelente na função de subdominante. Na verdade tem uma sonoridade próxima da função princi- pal com quatro sons, um pouco mais dramático. Passa a conter a sonoridade do IV7M (IV grau com 4 sons) se confundindo muito com IV7M(6), que é apenas a primeira inversão do IIm7(9). É um acorde muito usado no jazz, na bossa nova e na MPB. O acorde de 5 sons do VI grau (VIm7(9)) é a fusão do VI grau com o I grau e o III grau (todos obviamente com 3 sons). É o conjunto união das três tríades diatônicas responsáveis pela função tônica. Com cinco sons o acorde do VI grau fica com a fun- ção subdominante anti-relativa enfraquecida e a função de tônica relativa reforçada. É um acorde muito dramático, conclusivo, mas tenso (há uma “segunda menor/sétima João Alexandre Barroso Zainko

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João Alexandre B. Zainko

Nos acordes de 5 sons as funções harmônicas começam a se diluir. Um acorde de 5 sons é o conjunto união de três acordes de 3 sons, contém três tríades.

O acorde da tônica tem seu poder de conclusão enfraquecido. Sobre o acorde da tônica temos um acorde da dominante (V grau) e fundindo as duas tríades primárias o acorde do III grau. Tem uma resolução suspensiva. Observe que seguido de um acor-de do I grau de três sons funciona como uma dominante sobre-tônica. É um acorde brilhante, algo melancólico e triste, muito freqüente na harmonia de jazz, bossa nova e MPB.

O acorde da dominante também tem sua força harmônica (de tensão) suavizada, aproximando-se da função dominante anti-relativa. Sobreposta à tríade do V grau en-contramos a tríade do II grau (subdominante relativa). Fundindo-as temos a tríade do VII grau. Não é tão melancólico quanto o acorde de quatro sons do VII grau, e é mais sutil que a tétrade do V grau. É freqüente seu uso na harmonia de jazz, samba, bossa e MPB. É excelente como dominante da subdominante, e é clichê preceder o acorde de sétima e nona menor.

O acorde da Subdominante tem seu poder expansivo levemente restringido com a presença do acorde da tônica relativa (4 sons), que lhe transmite tristeza e melanco-lia. Como a função dominante primária, é pouco afetada pelo acréscimo do quinto som. Muito freqüente na harmonia de jazz, bossa nova e MPB.

O acorde de 5 sons do II grau é a fusão do II grau com o IV grau e o VI grau (todos com 3 sons). É o conjunto união das três tríades diatônicas responsáveis pela função subdominante. Aqui, a nona, apesar de tensionar o acorde (há uma “segunda menor/sétima maior” entre a nona e a terça do acorde) e de provocar um efeito dramá-tico, não afeta a função harmônica (Sr). O acorde do II grau continua excelente na função de subdominante. Na verdade tem uma sonoridade próxima da função princi-pal com quatro sons, um pouco mais dramático. Passa a conter a sonoridade do IV7M (IV grau com 4 sons) se confundindo muito com IV7M(6), que é apenas a primeira inversão do IIm7(9). É um acorde muito usado no jazz, na bossa nova e na MPB.

O acorde de 5 sons do VI grau (VIm7(9)) é a fusão do VI grau com o I grau e o III grau (todos obviamente com 3 sons). É o conjunto união das três tríades diatônicas responsáveis pela função tônica. Com cinco sons o acorde do VI grau fica com a fun-ção subdominante anti-relativa enfraquecida e a função de tônica relativa reforçada. É um acorde muito dramático, conclusivo, mas tenso (há uma “segunda menor/sétima

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maior” entre a nona e a terça do acorde) e com um certo suspense... É usado no jazz, bossa, MPB, rock progressivo e no pop.

O acorde de 5 sons do III grau (IIIm7(b9)) é a fusão do III grau, com o V grau e o VII grau (todos com 3 sons). É o conjunto união das três tríades diatônicas respon-sáveis pela função Dominante. Com cinco sons o acorde do III grau fica com a função dominante relativa reforçada e a função de tônica anti-relativa diluída. É raro encon-trar o acorde do III grau com cinco sons. É comum encontrarmos o acorde de 5 sons do III grau com a nona alterada um semitom ascendente (IIIm7(9)). É usado no jazz, bossa, MPB, rock progressivo e no pop.

O acorde do VII grau fica mais dramático com 5 sons! A nona menor torna esse acorde ainda mais intenso, meio exasperante. Resolve mais convincentemente na tô-nica relativa. Raramente é usado no jazz, bossa nova e na MPB.

João Alexandre Barroso Zainko