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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ EMBAP – ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ
SUPERIOR DE INSTRUMENTO
Análise auditiva
“Frevinho”
por
Wellington Gomes
Acadêmico: Alison Gelain Ferreira
Professor: Harry Crowl
Disciplina: Musica do Brasil
Curitiba, Dezembro de 2014
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Alison Gelain Ferreira
Análise auditiva
“Frevinho”
por
Wellington Gomes
Análise auditiva apresentada à disciplina
Musica do Brasil, da Escola de Música e
Belas Artes do Paraná, da Universidade
Estadual do Paraná, para obtenção de nota
bimestral, sob orientação do professor Harry
Crowl.
Curitiba
2014
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Introdução
Neste trabalho vou fazer uma análise auditiva da peça “Frevinho” composto em
1995 pelo compositor baiano Wellington Gomes.
Compositor
Wellington Gomes é Doutor em Composição pela Universidade Federal da Bahia
(conclusão em 2001), onde também concluiu a Graduação em Composição e Regência,
em 1985. Foi discípulo dos mestres Ernst Widmer e Jamary Oliveira. Atualmente é
professor de Composição, Literatura e Estruturação Musical, atuando na Graduação e
Pós-graduação (Mestrado e Doutorado) da Escola de Música da Universidade Federal
da Bahia, onde também ocupou o cargo de Vice-Diretor nos anos de 2003 e 2004. Além
de compositor e educador, atua também como violista da Orquestra Sinfônica da
UFBA. Como compositor recebeu vários prêmios, nos níveis local, regional, nacional e
internacional, e tem participado de diversos eventos e concertos dedicados à música
contemporânea brasileira. Suas obras têm sido executadas por diversas orquestras e
conjuntos no Brasil, Alemanha, Polônia, Noruega, Dinamarca, Espanha, França, Itália,
Suíça e Estados Unidos. Sua lista de obras inclui trabalhos para instrumento solo,
música vocal, música de câmara para diversas formações, orquestra sinfônica, banda
sinfônica, instrumento solo e orquestra, voz(es) solista(s) e orquestra, além de trabalhos
para coro e orquestra. Dentre as suas atividades profissionais relevantes anteriores, foi
Violista da Orquestra Sinfônica da Bahia (1985 - 1998), Professor de música do
Seminário de Música de Feira de Santana (1981 - 1985), Violista do conjunto Bahia
Emsemble (1990 - 1997) e Regente do Madrigal da Universidade Católica do Salvador
(1987 - 1989).
Frevinho (1995)
Sabe-se que a música brasileira alternou-se entre diversos pontos de vista
estético ideológicos no decorrer do século passado. O nacionalismo musical, como uma
das tendências mais fortes e duradouras deste período, influenciou a orientação criativa
de muitos compositores. Passou-se pela utilização de diversos procedimentos: desde o
simples emprego de temas folclóricos com roupagens harmônicas da música erudita, à
inserção de instrumentos típicos (reco-reco, cuícas e chocalhos, entre outros), como por
exemplo, nos choros de Villa-Lobos. Muitas das obras de Wellington Gomes valem-se
de elementos étnicos e da cultura popular, mas com uma abordagem a qual, em sua
maioria, aponta para as tecnicas do pós-tonal. “Frevinho” é um trabalho orquestral de
muito curta duração. A linguagem musical dessa obra faz uso de harmonias pós-tonais
mescladas com gestos típicos do frevo, lançando a sonoridade, por vezes, em direção a
centros de referência. Essas características conferem à composição um aspecto jocoso,
lúdico e despretensioso.
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Analise
“Frevinho” foi escrita para uma pequena orquestra de câmara: madeiras (duas
flautas, oboé, clarinete e fagote), percussão, piano e cordas, mas possui uma duração
bastante reduzida – cerca de dois minutos. Ao ser indagado, o próprio compositor atesta
que “esta peça não faz parte de um ciclo, ela foi composta para uma orquestra de alunos
– nível médio”. Isso explica os traços simples e despretensiosos da obra. Porém sua
arquitetura é muito bem construída e a peça apresenta certas complexidades. Essa obra
está estruturada em duas seções de caráter contrastante, mas com durações
proporcionais, dividindo-a praticamente ao meio. A primeira parte é composta,
basicamente, por blocos de acordes cortados por pequenos elementos melódicos. A
segunda apresenta uma espécie de tema jocoso que emula um frevo, porém com
características pós-tonais. Observamos que ela se inicia por uma sequencia de acordes
diminutos que vão se transformando, em movimento dinamicamente crescente,
executados em tutti. Na segunda seção, se intensifica o caráter rítmico da obra,
contrastando com a estética da primeira parte. O compositor apresenta um tema que
simula um frevo com os sopros. Consideramos uma simulação, pois,
predominantemente, apenas a parte rítmica se assemelha em grande parcela ao gênero
que o autor quer emular. No campo das alturas, somente o contorno melódico e
pequenos fragmentos, ora cromáticos, ora diatônicos, é que se assemelham ao frevo.
Mas, no geral, ouvimos uma sonoridade pós-tonal, sem um centro de referência fixo e
definido. A peça termina de maneira bem descontraída, que remete a alegria do frevo.
Conclusão
O compositor de “Frevinho” se apropria de características rítmicas e contornos
melódicos da manifestação popular para criar seu tema jocoso, de caráter claramente
pós-tonal. Dessa maneira, tal tema jamais poderia ser ouvido num bloco de frevo no
carnaval de rua, por conta dos deslocamentos cromáticos da melodia e devido ao fato de
nenhum centro tonal ser estabelecido, primordialmente. Embora haja pontos de
centralidade em torno de notas estruturais – quase como uma cadência – bem
perceptíveis, principalmente na seção dois, não se ouve o uso de harmonias tradicionais.
Ao invés disso, o autor faz uso dos acordes criados a partir de conjuntos com diferentes
sonoridades pós-tonais.