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FRAUDE NO CONCURSO DA PRF Carta aos aprovados honestamente e aos demais interessados William Douglas 4ª edição Atualizada em 14/12/2009

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FRAUDE

NO CONCURSO

DA PRF

Carta aos aprovados honestamente

e aos demais interessados

William Douglas

4ª edição

Atualizada em 14/12/2009

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1 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

Fatos recentes transtornaram bastante meu cotidiano. A rigor, preferia estar gastando o tempo que vou

disponibilizar para este texto em descanso, lazer, sentenças, aulas ou livros. A última coisa que queria fazer é

discorrer sobre fatos lamentáveis como os que passo a abordar, e se o faço é, em especial, por consideração

aos aprovados honestamente na primeira etapa do concurso para a Polícia Rodoviária Federal – PRF ,

ocorrida neste segundo semestre de 2009.

O esperado concurso para a PRF veio a lume com uma enorme quantidade de problemas, sendo acusado por

muitos de fraudulento. A instituição que o realiza também vem sendo objeto de vários questionamentos em

outros concursos. Nesse passo, informo que recebi um grupo de pessoas que trouxe até mim documentos

que, em tese, indicariam a ocorrência de fraude no concurso.

O caminho mais fácil seria o da omissão, pois para que eu precisaria – já com tantos afazeres e carreira

sólida – perder tempo e me aborrecer com estes assuntos?

Em geral, as autoridades se omitem e todos criticam isso. Pois bem, não é meu caso. Avaliei os documentos

para saber se tinham alguma coisa séria ou se seriam “abobrinhas”. Não eram “abobrinhas”. O CPP, art. 40,

dá ao juiz o dever de enviar ao Ministério Público a notícia de crimes de ação pública que cheguem ao seu

conhecimento. Não fazê-lo é prevaricação (art. 319 do CP). Assim, tão somente cumpri meu dever legal. Se

quem levou os documentos eram reprovados “chorões” ou pessoas mal intencionadas, não sei, mas sei que

os documentos eram consistentes, tanto que a própria Funrio eliminou 27 candidatos. Tantos reclamam e

ninguém faz nada. Volto a dizer: não é meu caso. Nunca foi, desde que era Advogado, depois Defensor

Público, hoje como Juiz Federal. Ao meu ver, os custos da omissão são sempre maiores do que os de se fazer

o que é certo. Juízes e autoridades covardes ou abstêmias diante da ilegalidade deveriam causar nojo. Aliás,

fraude em concurso também me causa nojo pois conheço muitas pessoas que estão se matando de estudar,

e sei exatamente o que é isso.

Quero repisar: seria muito mais simples e confortável, para mim, dizer educadamente que esse não é um

problema meu. Se me procuraram é por que tenho uma credibilidade e, se a tenho, informo que a mesma

não se desenvolveu através da tibieza ou da pusilanimidade.

Chegaram a dizer que eu anulei o concurso, que decidi a questão, ou que minha opinião geraria a anulação.

Absurdos! Nada fiz senão reencaminhar documentos. Minha opinião não é tão poderosa, quem tem poder

decisório não sou eu, mas a PRF, Funrio, Ministério da Justiça, MPF e os juízes que apreciaram e apreciarão a

causa. Felizmente, a maioria das manifestações foram positivas, me dando a certeza de que as coisas – por

incrível que pareça – estão melhorando. No meu tempo, a gente fazia concurso apesar das fraudes; hoje já

se discute o suficiente para tentar obtermos os certames sem elas.

A fraude, ou sua mera suspeita, é muito ruim para todos, pois tais problemas abalam a credibilidade do

concurso público e da Administração Pública e a confiabilidade das instituições. Pior ainda é imaginar um

policial, que ingressou por fraude, “trabalhando” nas ruas, munido de arma, carteira e poder. Quem entra

por fraude será corrupto ou vagabundo, aliás, vagabundo já é, e corrupto também.

Desde logo, contudo, registro que ainda prefiro todos os problemas derivados dos concursos e das licitações

do que a situação anterior do país, na qual os cargos e contratos relativos à Administração eram reservados

para os “amigos do Rei”. Concursos, licitações, democracia, educação, estudo e dedicação... tudo isso dá

muito mais trabalho, mas é muito mais seguro.

Quem me conhece sabe que desde sempre luto pelos concursos e pelo aperfeiçoamento do serviço público.

Faço-o por várias razões, entre as quais minhas crenças políticas e filosóficas, e também por gratidão a esta

instituição que tanto me fez bem. Quero que o concurso seja para todos o que foi para mim: uma

oportunidade e o começo de uma das mais nobres carreiras, a pública. Péricles chegou a dizer que “Não

merece viver quem não ama a carreira pública”.

Escrevo hoje em atenção e carinho aos aprovados no concurso, aos que jogaram limpo, aos que gastaram

horas e horas de estudo, aos que tiveram despesas, aos que se deslocaram, aos que terminaram namoros,

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2 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

aos que suprimiram horas de sono e lazer, aos que brigaram com o cônjuge ou viram menos os filhos, aos

que passaram horas e horas em ônibus, trens, estradas ou engarrafamentos para ter aulas. Aos que se

sacrificaram, aos que estão há anos fazendo sua parte, aos que já estão em condições de serem aprovados e

que – mesmo acertando as questões da prova da PRF – estão agora angustiados sem saber se o concurso vai

ser anulado ou não. Alguns destes me escreveram de forma respeitosa e carinhosa, mas também magoada,

frisando sua consternação por me verem propugnar a investigação e a anulação do concurso. Até cheguei a

receber a visita de amigos diletos cujos filhos ou alunos foram aprovados de forma honesta. Muitos

compreenderam minhas atitudes, mas alguns ficaram frustrados e magoados comigo. E esta mágoa me

encheu de tristeza.

Recebi mais de 150 mensagens de agradecimento e elogios por me posicionar contra a fraude, 20 e-mails de

leitores ou alunos aprovados e magoados com minha postura e cerca de 14 manifestações ofensivas,

agressivas e mal-educadas, com acusações e até ameaças de representação contra mim no CNJ.

Esta carta é uma forma de dar a todos minha resposta. Uma resposta que não seria necessária: creio que

devemos fazer aquilo em que acreditamos e deixar que nossos atos sejam por si mesmos nossa melhor

defesa, como ensinava Gandhi. A rigor, como diz a sabedoria popular, “cocô quanto mais se mexe, mais

fede”. Então, discorrer sobre o tema não seria a melhor opção, mas vou fazê-lo. Vou preferir colocar o “dedo

na ferida”. E quanto aos “cocôs” abordados, vou mexer neles com a esperança de que os joguemos um dia

no saco de lixo e, desde logo, afirmo que não fui eu quem os produzi, apenas estou mexendo no que outros

fizeram.

Para responder a tudo o que recebi pela internet ou li nos fóruns de concurseiros é preciso discorrer com

vagar sobre o tema, e não escreverei aqui com a preocupação com a concisão, mas sim com a da abordagem

dos pontos relevantes. Espero que os que se interessam pelos assuntos concurso, serviço público e ética no

país gastem algum tempo com essa leitura. De todos, em especial os que foram aprovados honestamente, e

mais ainda aos que se magoaram comigo.

Aos aprovados honestamente

Admiro a garra, o trabalho, o esforço e a dedicação de vocês. Agradeço aos que, mesmo magoados,

compartilharam sua frustração até comigo. Elogio o fato de já terem caminhado o suficiente para já estarem

amadurecidos emocional e intelectualmente o bastante para terem superado esta prova. Vocês estão bem,

acreditem.

Minha única preocupação com vocês é que não esmoreçam, não desistam. Como colega mais antigo nesse

meio, asseguro que o que vocês estão passando faz parte do sistema. É duro, mas é assim mesmo. Vocês

não são os primeiros nem serão os últimos a passarem por isto.

O único risco real que vocês correm é pararem depois de já terem caminhado tanto. Eu disse aos jornais que,

com a anulação, vocês provavelmente seriam aprovados no novo concurso da PRF. Em mais de uma das

cartas recebidas redarguiram que, nesse novo dia, podia cair outra matéria em que a pessoa estivesse

menos preparada, ou a pessoa estar num dia ruim, ou com TPM, ou coisa parecida. É fato. Nada garante que

o aprovado no concurso de agora também o será no seguinte. Contudo, é inequívoco que, quem está no

grau de preparação de vocês, se continuar a estudar, treinar, a “jogar o jogo”, irá passar ou neste próximo da

PRF (em caso de anulação), ou no da Polícia Federal, ou outro. Isso é certo.

Tenho uma amiga que passou honestamente em um concurso da Receita e o concurso foi anulado. Ela

sofreu tudo o que vocês estão passando. No concurso seguinte, ela teve um dia ruim e não passou. Sofreu

horrores. Continuou na luta e passou no concurso seguinte. Hoje é Auditora. Outro caso: uma amiga passou

honestamente para a Assembléia Legislativa/RJ, o concurso foi anulado, com todos os percalços que vocês

conhecem na pele. Ela hoje é Analista Judiciária da Justiça Federal/RJ. Casos como esses existem aos

borbotões.

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3 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

Entendo que para quem está na situação de vocês, dura, é compreensível o desejo de que – retirados os 27

que a Funrio retirou – o concurso continue e o drama da maratona do concurso seja finalizado. Entendo,

sim, mas não posso concordar. Do ponto de vista pessoal, concordo, talvez até pensasse igual se estivesse na

mesma situação. Mas estas decisões não podem ser tomadas dentro do plano pessoal. O interesse

individual é secundário, tanto o dos aprovados, quanto o da PRF, quanto o da Funrio, quanto o dos cursos

preparatórios para quem também quiser pensar neles.

Não sei se vale a pena ingressar no concurso que ficará conhecido porque nele houve fraude, cujos limites

ninguém nunca conseguirá saber. Contudo, mesmo que vocês – aprovados honestamente – abrissem mão

dessa questão, o fato é que ninguém sabe se há ou não mais aprovados de forma fraudulenta, e não é

razoável, nem conveniente para o país nem para a Administração Pública, conviver com essa dúvida.

Vamos repisar o básico: a eliminação de 27 candidatos pela própria Funrio fala por si sobre se houve ou não

fraude. Agora, cabe indagar: quem garante que não foram 30, ou 50? Sei que uma anulação frustrará vocês,

mas vamos pensar juntos sobre o caso.

Sei de homens de bem, que têm filhos, dificuldades etc, ou estão desempregados, que estão entre os 750

aprovados. Sei de mulheres separadas, com filhos e contas a pagar, sei de pessoas que estão estudando há

anos. Para estes, esta anulação é um martírio. Mas vamos que haja ainda mais 20 fraudadores que tenham

“se dado bem”, não sendo eliminados junto com seus 27 “colegas”. Estes 20 não vão “atrapalhar” quem

passou nas primeiras colocações... mas vão retirar a vaga de 20 pessoas no final da fila. Assim, do 751º ao

770º colocados, teremos candidatos que deixarão de entrar por causa da fraude. Mas alguém poderia dizer:

“então que se investigue, identifique e punam-se somente os fraudadores”. Acontece que nem sempre é tão

simples assim. Há fraudes que não são comprovadas em pouco tempo e nem com facilidade. Por mais

custoso que seja, havendo dúvida razoável sobre a lisura do certame, o melhor caminho é não deixar que o

mesmo prossiga.

Peço que vocês que estão vendo a vaga “escorrer pelo ralo” se imaginem nessas colocações: 751º a 770º (o

que pode ser bem mais, ninguém sabe). Seria tolerável que vocês – igualmente honestos – fossem

preteridos para que os 730 aprovados honestamente não fossem prejudicados? Seria razoável tolerar 20

pilantras aprovados irregularmente e que passariam toda a vida no serviço público continuando a praticar

crimes?

Não tenho dúvidas que todos concordarão que – visto do prisma do correto e da solução mais adequada

para o país e para o serviço público – a solução da anulação é dolorosa mas necessária.

Algumas observações, aqui:

a) Esta é apenas minha opinião. Repito que não sou o juiz da causa. Ao contrário do que apressados e

mal informados disseram, eu não anulei concurso algum, não dei nenhuma liminar, não prendi

ninguém. Apenas recebi documentos e, na forma da lei, os encaminhei ao Ministério Público. Não o

fazer seria prevaricação. Como sempre, como especialista no assunto, quando procurado pela

imprensa dei minha opinião. Mesmo que ela não agrade a todos, é o que tenho para fazer. Não me

omiti, não me acovardei, não me escondi. Esse, aliás, é um país tão esquisito que aquele que cumpre

o dever legal (art. 40 do Cód de Proc Penal) e não se omite acaba virando o culpado.

b) Se alguém preferir que o concurso não seja anulado, apesar da evidência de fraude, apesar de poder

haver outros pilantras irregularmente aprovados, apesar de isso prejudicar quem está no final da fila

(logo após o 750º colocado), até entendo, mas não creio que possamos prestigiar essa decisão

pessoal em detrimento da moralidade do concurso e da seleção adequada para os cargos e funções

públicas.

c) Anular um concurso com fraude é a melhor forma de preservar direitos e de desestimular fraudes

em concursos futuros.

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4 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

Enfim, o que fazer:

Você que passou no concurso honestamente, não aguarde a decisão de braços cruzados, não se desanime

nem paralise sua vida por causa disso. Não se sabe qual será a decisão nesse concurso nem quanto tempo

vai demorar para que ela seja concretizada. Continue a estudar, a treinar, a fazer o que tem que ser feito.

Continue a fazer os outros concursos que estão vindo, naturalmente dentro das matérias nas quais você já

tem base. Não tente fazer todos, foque nos mais assemelhados. Enfim, continue na luta. Volto a dizer: você

já está num belíssimo nível e se não esmorecer estará sendo aprovado mais cedo ou mais tarde, num

concurso ou no outro. Esses reveses fazem parte do sistema: se o concurso for mesmo anulado, você tem

todas as condições de passar em outro. Só não pode sair do jogo. Se sair, jogará fora tudo o que já aprendeu

e evoluiu, e o fará estando muito perto de receber o justo prêmio por seus esforços. Assim, peço que

continue.

Ainda que fique magoado comigo, ou com a situação, não deixe que nada - nem eu, nem a fraude, nem uma

ou outra anulação, nem os problemas de sempre e os que aparecerem - desviem você de sua meta, que já

está bem mais para lá da metade, já está bem perto: sua aprovação, nomeação e posse. É o que alguém com

30 anos de estrada pode dizer para você.

Indenizações

Entendo que, havendo fraude, cabe ação com pedido de indenização em face da organizadora, vez que esta

tem o dever de zelar pela regularidade do concurso, aliás, é paga também para isso. Em caso de anulação, as

despesas de deslocamento para a prova, alimentação etc são devidas a todos os que realizaram a prova,

tenham sido aprovados ou não. Além disso, os aprovados honestamente têm direito ainda a indenização por

dano moral.

O que fazer com a fraude

É preciso ouvir todo mundo, investigar, processar, assegurar o contraditório e a ampla defesa e, claro, no

final, punir severamente todos os envolvidos, criminal, cível e administrativamente. A exclusão de 27

candidatos não resolve a questão. Igualmente, é preciso que a Administração Pública crie instrumentos para

evitar que instituições em que se repetem falhas graves na execução dos concursos continuem a realizá-los.

Por fim, é preciso que a legislação seja aperfeiçoada, punindo de forma mais grave a fraude, impedindo

fraudadores de realizar novos concursos por pelo menos 8 anos e incluindo entre as penas a perda dos

cargos públicos dos envolvidos que eventualmente os tiverem. A fraude não pode “acabar em pizza”, não só

para punir quem fraudou, mas também para ter efeito dissuasório em relação ao futuro.

Acusações pessoais

Alguns poucos candidatos, de mente mais curta e, aliás, boa parte deles com redação e português bastante

ruins, foram ofensivos, chegando a dizer que agi com “tráfico de influência” ou como “vendedor de livros”.

Pela indelicadeza, pela falta de educação e pelos disparates assacados sequer mereceriam resposta, mas é

do meu feitio ser um tanto polemista.

Primeiro, o tráfico de influência tem previsão legal na qual não se encaixa o que fiz. O art. 332 do CP, cujo

título é “tráfico de influência” reza:

“Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a

pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:”

Não vou fazer uma análise jurídica de tipicidade, mas vale dizer que se alguém entende que cumprir o art. 40

do CPP é típico, definitivamente ainda não estudou o suficiente para concorrer às vagas oferecidas nos

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concursos públicos. Daí, vou imaginar que essa acusação tenha sido feita não no sentido técnico e sim no

coloquial, mas nem assim haveria alguma razoabilidade na ofensa.

No sentido coloquial, “traficar influência” é postular a ilegalidade, é oferecer serviços para obter algo

indevido, é um agenciamento de interesses escusos. Trata-se de um dos crimes praticados por particular

contra a administração pública em geral. E, até onde eu saiba, postular a lisura dos concursos não é um

crime contra a administração pública, mas – ao contrário – defender seus mais lídimos interesses. Aliás,

combater o crime e lutar pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência (art. 37 da CF) é o correto.

Quanto a “manipular opiniões”, segundo o dicionário Aurélio, o vocábulo manipular significa “dominar,

controlar; levar alguém a pensar ou agir como nos convém”. Seria mexer/alterar a opinião de terceiros.

Quem teme que, ao expressar minha opinião, estou influenciando aqueles que vão decidir o destino do

concurso, tenho a dizer:

a. Quem vai decidir esta questão não é nenhuma criança, influenciável sem base nos fatos. Os

profissionais que decidirão a questão são pessoas experientes e vividas, que foram

selecionadas, aliás, por concurso;

b. Pessoas especializadas darem sua opinião (contra ou a favor) faz parte do debate social. Se

alguém acha que minha opinião é tão influente assim, é por que deve reconhecer que tenho

um histórico de atuação na área, competência, envolvimento com o tema e coerência. Assim,

se acha que eu sou influente deveria começar por levar minha opinião mais em consideração.

Se for para falar em “manipular”, manipulação seria sim o que alguns estão fazendo: querer calar quem

pensa de forma contrária a seus interesses pessoais. A Constituição Federal garante a liberdade de opinião.

Quanto ao “vendedor de livros”, vale dizer que eu trabalho no ramo porque gosto, e tenho orgulho do que

faço. Tenho capacidade para, ultrapassado o meu momento de fazer concursos, me dedicar à Universidade

ou à Justiça e ser bem sucedido e remunerado em ambos. Se fico nesse ramo (de concursos) é porque

quero. Tenho livros escritos e espero que sejam bem vendidos, sim. Isso não é feio. Compra-os e os lê quem

quer e, que eu saiba, a redação e a venda de livros é atividade lícita, ao contrário de ofender terceiros de

forma leviana ou da prática de fraude em concurso.

Se fosse agir por interesses pessoais, seria muito melhor ficar fora desse mar de lama, desse vespeiro que é a

fraude em concurso. Para que assumir o risco de me “queimar”? Ocorre que para quem é cristão, militante

do movimento negro, ex-Delegado de Polícia, magistrado, criacionista, teísta numa sociedade materialista,

autor classificado por muitos como de “autoajuda”, professor de faculdade que não permite “cola” e que

reprova quem não estuda, um crítico da distribuição de renda e da tributação imbecil nesse país, alguém que

não tem medo de conceder liminares contra o governo, naturalmente não vou agir com indolência ou tibieza

e deixar de dizer o que penso, ou ver gente safada tirando a vaga de gente séria e sair de fininho só para não

prejudicar minha imagem. E, para mim, tanto faz se o concurseiro sério é o primeiro colocado após retirarem

27 fraudadores ou se o prejudicado é um concurseiro sério na 751ª colocação. E se alguém não gostar disso,

lamento, mas não vou deixar de fazer o que é certo porque alguém vai ficar contrariado.

Quem me acusa de “vendedor de livros” é tão imbecil que não percebe que se meter nessa questão

prejudica as vendas, ao invés de aumentá-las. A acusação, deselegante e agressiva, indica que quem a

escreveu não é muito afeito ao raciocínio nem à lógica, e muito menos a uma mínima compreensão das leis

do mercado, marketing etc. O que lamento mais talvez seja isso: o fato de que minha atitude ser mal

interpretada, apesar dos danos que sofro por conta dela; e ainda vem uma mente diminuta me acusar de

“interesses pessoais”. Esquece-se que, como diz Timóteo, “os julgamentos que fazemos dos outros são

perigosos, porquanto revelam mais de nós mesmos do que sobre a pessoa julgada”.

Martin Luther King disse que "a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar." Eu o

parafraseio dizendo que "a injustiça em qualquer concurso é uma ameaça à justiça em todo e qualquer

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6 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

concurso". Por isso sou tão rigoroso no sentido de criticar a suspeita de fraude. Na mesma linha, podemos

citar o Barão de Montesquieu: "a injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos".

Reafirmo que a investigação deverá punir os culpados, mas, a quantidade de erros e sua qualidade não

deixam dúvidas de que a medida que propugnei é a correta. E, repetindo também, para o caso de alguém só

ler este item e não todo o texto: seria muito mais favorável à imagem de "'bonzinho", "amigo", e muito mais

favorável à venda de livros eu não me meter nesse assunto. Podia ficar fora do tema. Quem diz que postulei

a anulação para "vender mais livros" não entende nada de concursos e menos ainda de venda de livros,

matéria na qual, felizmente e pela graça divina, tenho alguma experiência. Nenhuma visibilidade em temas

polêmicos compensa, pois os eventuais benefícios são prejudicados pela rejeição dos que se sentem

incomodados. Eu já tenho bastante visibilidade positiva, seria tolice querer mais visibilidade através de um

tema incômodo como este.

A “Indústria do concurso”

A acusação também foi feita contra donos de curso e, mais uma vez, equivocada: se fosse apenas para haver

mais alunos, melhor seria deixar entrar algumas dúzias pela janela e manter-se a confiança no instituto.

Contudo, ainda que possa existir um ou outro capitalista de mente curta (mentes curtas existem em todos os

lugares), a maior parte dos donos de curso entende que vale a pena lutar pela lisura dos concursos. Só para

constar, não sou dono de curso. Já fui no passado mas abri mão por conta do tempo que a atividade me

tomava. Enfim, se alguém quiser saber por que, apesar do dano à imagem que eu não precisava, eu tomei

posição firme, cito Gandhi: "se ages contra a justiça e eu te deixo agir, então a injustiça é minha". Se eu me

omito, estou errado. Aliás, Luther King dizia que “pior que o mal é a omissão dos que lutam contra ele” e "a

injustiça é relativamente fácil de suportar; o que pinica é a justiça." (H. L. Mencken)

Muitos disseram que os cursinhos tinham interesses mercantilistas na anulação, para vender mais aulas.

Mais uma vez, alerto que quem seguiu essa linha conhece pouco das coisas. De um lado, acusar terceiros de

só agir por razões escusas é, como disse acima, revelador mais da natureza do acusador do que de sua

vítima. Em paralelo, observo que, aparentemente, alguns concurseiros têm raiva dos cursos, professores,

editoras e sites que militam na área, como se fossem atividades ilícitas ou perniciosas. Esquecem-se que

todo esse mercado existe para servir, que dá emprego, paga tributos e – principalmente – que ninguém é

obrigado a participar dele ou a se valer de seus serviços.

Só para citar um caso, já ouvi um comentário de uma pessoa dizendo que não compraria o livro de

Administrativo de Fulano de Tal para ele não ficar mais rico. A riqueza de terceiros incomodar alguém revela

uma mente pobre. Mais que isso, não estudar a matéria em um bom livro apenas para não remunerar

alguém que trabalhou escrevendo-o e facilitando o candidato é nonsense. Mas estas posturas não são novas.

Existe no país uma mentalidade tacanha que ataca a chamada “indústria do concurso”, como se ela fosse

algo desonesto. Desonesto, amigos, é o compadrio político, os diversos “mensalões”, a nomeação por

amizade, parentesco ou interesses fisiológicos; desonesto é burlar ou fraudar concursos, é usar como moeda

de troca ou fonte de receita os cargos técnicos dos Ministérios, da Petrobrás, do Banco do Brasil, da ANAC

etc. Parece que existe em muitos – não só no concurso - uma raiva descabida de quem trabalha, como se

este fosse o problema do país. Este país de grandes virtudes também é palco de muitas mentes pequenas,

entre as quais as que acusam o trabalho, o estudo e o esforço. As pessoas têm raiva de quem trabalha, de

quem enriquece, de quem segue as regras do mercado. Ainda vivemos uma cultura de sesmarias, cartorial e

que entende o Estado como teta e não como estrutura de execução das decisões políticas do titular do

poder. Este é um país onde “sem-terras” invadem fazendas produtivas, derrubam plantações com tratores,

destróem centros de pesquisa técnica e ninguém faz nada. É um país onde o trabalho e a riqueza parecem

ser vistos como demérito.

Aqueles que estão reclamando do concurso estão sendo acusados de estar agindo por interesses escusos, ou

porque foram reprovados, ou porque querem vender cursos, livros etc., ou porque querem aparecer.

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7 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

Sobre isso, observações devem ser feitas:

a) A da mais ululante obviedade – Se houve fraude, ainda que os motivos de quem reclama fossem

menos nobres, nem por isso deixaria de haver razão na pretensão de anulação, pois esta será

baseada nos fatos fraudulentos apurados e não na irresignação de quem a tem.

b) Não querer a anulação para conseguir logo seu cargo (desconsiderando que o concurso seja

duvidoso) também não deixa de ser colocar os interesses pessoais acima dos interesses públicos.

Embora possa entender o drama pessoal de quem está nessa maratona (com sofrimento, gastos,

angústias, sacrifícios etc.) e passou honestamente, o fato é que não se pode arriscar colocar outros

fraudadores não identificados para dentro do serviço público.

c) Devemos deixar de nos preocupar com eventuais interesses pessoais de uns ou de outros e ver a

questão de forma objetiva: no concurso ocorreu fraude? Há a garantia de que todos os fraudadores

foram descobertos? O que é melhor para o serviço público, para o país e para a população? A meu

ver, um concurso com tantos questionamentos não deve ser mantido. Lamento por aqueles que

foram aprovados honestamente, mas é minha opinião como profissional e cidadão. Se alguém não

gosta dela, lamento, mas é como penso.

d) Alguns disseram que há uma “conspiração” contra a Funrio. Isto é ridículo. Conspira contra si mesmo

quem erra ou quem deixa que o erro dos outros o atinja. Apesar de eu ser testemunha de que lá

existem pessoas sérias, o fato notório é que vários concursos promovidos por ela tiveram sérios

problemas. Então, mais uma vez, não cabe ficar apontando interesses escusos, mas sim ser objetivo:

basta indagar se a Funrio está se saindo bem ou não como instituição realizadora de concursos. Se

alguma instituição concorrente estiver querendo “queimá-la”, isto não é a questão: a questão é se

ela está ou não dando motivos para sua credibilidade ser questionada.

Quem imputa a interesses comerciais a questão da anulação desconhece minimamente o mercado. Para um

curso, professor ou vendedor de livros todo esse debate não é positivo. Se das 750 vagas, umas 300 ou 400

fossem distribuídas de forma desonesta, ainda assim sobrariam outro tanto de vagas para quem estudou,

para quem fez cursos etc. As pessoas veriam quem estudou passando, os cursos noticiariam nos jornais e

sites o nome de seus alunos que foram bem sucedidos e o “mercado do concurso” continuaria aquecido.

Não podemos reduzir essa questão a interesses comerciais, até porque são secundários perante o interesse

público, assim como o de quem passou ou de quem foi reprovado. Mas falemos de interesses mercantis, já

que o tema foi levantado.

Em termos de “venda de produtos”, a publicidade da fraude é mais negativa do que haver uma parte de

candidatos aprovados de forma irregular. Se algum “capitalista selvagem” fosse chamado a opinar, diria que

é muito mais “comercial” deixar as fraudes acontecerem por “baixo dos panos”. Diria um capitalista amoral:

“Para que criar tanta confusão? Isso desestimula as pessoas... faz muitos desistirem... prejudica a vinda de

novos clientes para aumentar a base! Desde que alguns alunos passem, o mercado continua aquecido!”

Pensar do modo acima é, ao meu sentir, uma visão pequena, míope e canhesta, mas nada que não seja

praticado por muitos setores produtivos e políticos nesse país. Quero salientar, com isso, que dizer

levianamente que a anulação do concurso é de interesse dos cursinhos e editoras é uma avaliação

equivocada. Pode haver alguém desse mercado que se alegre com a anulação, mas esta não é a opinião

dominante. Ao contrário, posso dizer como quem conhece a maioria dos players desse nicho: o sentimento

geral é de que o melhor para todos é que os concursos sejam honestos. Lutar pela lisura não pode ser

imputado a interesses menores.

Sobre as acusações pessoais e aos que militam no mercado dos concursos, mas também servindo para quem

está sendo prejudicado numa nova aplicação da expressão de que “o justo paga pelo pecador”, deixo –

como resumo do que penso – a menção aos “Dez mandamentos paradoxais” (citei apenas os mais diretos

para o caso, mas a lista completa está disponível na internet):

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8 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

“2. Se você fizer o bem, as pessoas o acusarão de ter motivos egoístas ocultos. Faça o bem, apesar de

tudo.

5. A honestidade e a franqueza o tornarão vulnerável. Seja honesto e franco, apesar de tudo.

6. Os maiores homens e mulheres com as maiores ideias podem ser eliminados pelos menores homens e

mulheres com as mentes mais estreitas. Pense grande, apesar de tudo.

8. Aquilo que você passa anos construindo poderá ser destruído da noite para o dia. Construa, apesar de

tudo.

9. As pessoas realmente precisam de ajuda, mas poderão atacá-lo se você as ajudar. Ajude as pessoas,

apesar de tudo.

10. Dê ao mundo o melhor de você e levará um soco na cara. Dê ao mundo o melhor de você, apesar de

tudo.”

Histórias do passado e do presente

Em 1990, estava eu estudando num cursinho para Delegado de Polícia/RJ. Era o primeiro concurso para o

cargo em mais de vinte anos. No meio da aula, sala lotada, surge um cidadão anunciando que estavam

vendendo as vagas e dizendo o preço, que equivalia a um bom carro zero. Um aluno, que estava ao meu

lado, levantou dizendo que iria pegar dinheiro emprestado com o sogro e comprar a vaga dele; saiu em

desabalada correria. Nunca mais o vi. Metade da turma saiu do curso nos dias que se seguiram. Não tendo

dinheiro e, mesmo que o tivesse, tendo aprendido dos pais que esses atalhos não valem seu custo, pensei o

seguinte: havia 139 vagas e como – se estavam sendo vendidas mesmo – eram muito caras, imaginei que

apenas conseguiriam vender umas 130, que sobrariam umas 9 vagas para quem chegasse lá sabendo a

matéria e acertasse as questões. Decidi que iria lutar por uma dessas 9 vagas honestas.

O concurso aconteceu e apenas 23 candidatos foram aprovados. Conheci todos e posso assegurar que não

pagaram nada. Aliás, eu fui um dos aprovados – o primeiro colocado. Em suma, era tudo mentira. Posso

dizer que naquela época a gente sabia, imaginava ou suspeitava de fraude e se limitava a desistir (alguns) ou

a estudar para passar nas que sobrassem. Esse quadro tem melhorado. Hoje se levanta o dedo, se procura as

autoridades, hoje as pessoas acreditam mais nas instituições.

No caso da PRF, um dono de curso me contou que, quando uma prova vai ser elaborada por uma instituição

com pouca experiência ou credibilidade, costuma dizer aos alunos algo muito parecido com o que eu pensei

20 anos atrás. Ele diz: “olha, gente, acho que podem até ter fraudes, mas ainda vão sobrar vagas, vamos

estudar para pegar uma delas!”. Este amigo teve alunos seus, um deles bolsista, outro PM, outro bancário

desempregado, aprovados neste concurso. Gente séria, sofrida e dedicada. Um aluno dele, que estuda há

anos, passou a ser o primeiro colocado em um dos Estados da Federação depois que saíram os 27 eliminados

pela Funrio. Esse amigo tem a opinião prevalecente no mercado dos donos de curso: ele ganharia mais

anunciando seus alunos aprovados do que com a anulação do concurso. Os alunos reprovados certamente,

vendo que alguns passaram, estariam prontos para renovar as matrículas. A anulação, assim como a fraude

em si, é uma “ducha de água fria” no entusiasmo de quem conhece menos do sistema. Muitos desistem.

Pois bem, como é pessoa inteligente e séria, esse amigo me disse que – apesar de tudo – sabe que o melhor

mesmo, para o país, para os concurseiros e para quem os atende, é que os concursos sejam honestos e

limpos.

Inversão de valores

Lamento que o inconformismo esteja se dirigindo a mim e não contra quem não soube fazer o concurso e

contra quem perpetrou as fraudes. Vale recordar que eu não fraudei prova alguma, que apenas cumpri meu

dever moral e jurídico e que estou sempre me posicionando de forma coerente: a favor da lisura dos

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9 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

concursos. Embora seja uma minoria, alguns se referiram a mim como se eu fosse o culpado pela anulação, o

que é uma completa inversão dos valores e da realidade. Felizmente, a maioria entendeu que estou me

posicionando de forma adequada (e até rara, pois muitos se omitem) e a maior parte da minoria que me

criticou foi extremamente respeitosa, cordata e agiu de forma até carinhosa.

Da necessidade ou não de processo judicial para se sugerir a anulação do concurso

Uma das "acusações" é que fui açodado. Dizem que, no mundo jurídico, não se pode formar uma opinião,

fazer um julgamento, sem ouvir a outra parte, sem contraditório e ampla defesa, sem investigação. Alegam

que eu "simplesmente saí pedindo anulação imediata do concurso por 'indícios' de fraude".

Bem, no mundo jurídico existem duas coisas, e no político uma, que merecem menção.

No mundo político, as pessoas são flagradas com cuecas ou meias cheias de dinheiro, ou filmadas recebendo

pacotes com dinheiro, e dizem que tudo precisa "primeiro ser investigado"', que "não é bem assim", que

"'no final a Justiça é quem dirá" etc. Os bandidos de colarinho branco desse país aprenderam essa tática:

jogar tudo para o final do segundo tempo e aí, se valendo de negociatas, da morosidade da Justiça, de

acordos, da legislação que não é eficiente para quem é corrupto rico, de bons advogados e, em especial, de

um povo com memória curta e que perdeu a capacidade de se indignar por mais de três minutos, acabam se

safando. Hoje em dia, se alguém for flagrado dando um tiro na testa do outro, dirá: "Calma, calma!

Precisamos esperar o final do processo!", ou melhor, "o STF ainda não se pronunciou sobre isso, ora! Em

poucos lustros haverá uma decisão final e tenho certeza que ela mostrará que eu é que fui a vítima de uma

conspiração!".

Enfim, não podemos esquecer os fatos e nem, como diria Nelson Rodrigues, sermos "desafetos dos fatos".

No mundo jurídico, existe a chamada medida inaudita altera pars, em que o juiz resolve questões urgentes,

quando há fumus boni iuris e periculum in mora, mesmo sem ouvir a outra parte.

E no mundo jurídico existe uma segunda coisa: o óbvio. Lidar com o óbvio, ou com fatos claros, cuja

consequência também o é, pode receber muitos nomes: prova de fato notório, fatos evidentes etc.

Quando se vê prova clara de que os primeiros colocados fizeram o exame em salas extras, e se vê os cartões

de resposta deles nos quais, evidentemente, há mais de uma pessoa marcando, temos algo que não precisa

de muita discussão. Perdoem-me, mas não sou nem professor nem juiz de ficar enrolando, embromando,

fazendo homenagens ao formalismo em detrimento da solução rápida e justa. Quem tiver acesso aos

cartões-resposta verá que há uma marcação com um tipo de letra/lápis e, em seguida, que o candidato

preencheu esta marcação original com sua escrita. Uma das razões para se verificar isso é que os candidatos

que marcaram os cartões não têm nenhuma intimidade com esta operação e fizeram as marcações de forma

errada, bolinhas, "x", garranchos, algo que qualquer pessoa que estuda para, ou faz, concursos aprende logo

nas primeiras aulas ou provas. Mais que isso: como é que estes candidatos conseguiram fazer prova em salas

extras? Desde quando um candidato consegue isso? Desde quando um candidato escolhe que vai para outra

sala? Mais: como é que pode um candidato fazer prova em Estado da Federação distinto daquele onde

assinalou como opção, o que era vedado pelo Edital?

Em relação ao caso, vale mencionar que há vários outros concursos promovidos pela Funrio em que existem

reclamações sérias sobre suspeitas. O que mudou nesse é que surgiram provas documentais, mas as

reclamações não são novas. Isso é dado relevante. Mas, mesmo que não houvesse suspeita nenhuma, a lista

dos aprovados, com todos os primeiros colocados tendo feito a prova em salas extras já é, a meu ver, como

pessoa de inteligência ao menos mediana, algo tão contrário à lógica e à estatística do que normalmente

acontece que não tive dúvidas em entender que não se tratavam de denúncias temerárias ou sem base na

realidade.

Então, amigos, o que fiz: encaminhei os documentos ao MPF e, quando indagado pela imprensa, me

manifestei de acordo com os dados que eu tinha, e que não me suscitam esperar o "final do processo" ou a

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10 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

"investigação". O que já havia é mais do que suficiente para eu entender que a anulação é o melhor

caminho, para não corrermos o risco de algum fraudador ter escapado, o risco de haver mais fraudadores do

que os 27 já mencionados. Claro que deve haver uma investigação, com ampla defesa, contraditório etc.

Quem vir minhas entrevistas confirmará que eu mesmo disse isso, até porque é o básico do Direito.

Contudo, isso não quer dizer que é preciso esperar todo o processo para se declarar o óbvio. É o óbvio para

mim, que não sou o juiz da causa. Acrescento que o contraditório e ampla defesa servirão, também, para

que, ao final, os fraudadores sejam punidos na medida de suas responsabilidades, assim como para se

apurar as responsabilidades da instituição organizadora, para que seja inocentada ou punida na medida

daquilo que se apurar na investigação. Mas que não é preciso mais investigação para se descobrir que

aconteceram fatos graves, que colocam o concurso sob suspeita séria... isso não é preciso. E eu sou daqueles

que propugnam que, havendo suspeita razoável da lisura do concurso, já deve haver sua anulação.

Fraudador não pode ter esperança; fraudador não pode "jogar a bola de papel molhado na parede para ver

se cola".

Então, para os que disseram que não segui o correto na área jurídica, informo que me vi diante de fatos

evidentes, notórios, ululantes, diante de fumus boni iuris e do periculum in mora, este consistente em não se

dar curso a um certame no qual já havia fundada suspeita de fraude. A Constituição me assegura o direito de

expressar minha opinião e o fiz, e vou continuar fazendo. As pessoas que mais admiro – em relação às quais

não sou nada senão um grão diante do ícone – sempre agiram assim: Jesus, Gandhi, Martin Luther King Jr,

Malcom X, Dietrich Bonhoeffer etc. O exemplo desses luminares é esse: dizer o que pensavam. E, diante de

algumas coisas, não é preciso um longo e demorado processo para se chegar a algumas conclusões.

Encarcerar um fraudador, proscrever uma instituição que não consegue evitar fraudes – isso é coisa que

precisa de processo; dizer que um concurso já mostrou que não é confiável – isso, eventualmente, não

precisará mais do que analisar alguns documentos.

Estou certo que qualquer pessoa de bem quer uma investigação séria e profunda do caso. Mas não concordo

em manter um concurso com esse grau de problemas para, só depois, analisar se houve fraude apenas

localizada, sem contaminação do restante do concurso, ou se a fraude é insanável. Claro que é "preciso uma

investigação séria e não no calor da emoção" como uma mensagem mencionou. Contudo, quem a escreveu

não percebeu que não estou no "calor da emoção", mas analisando uma situação de forma tranquila e

serena. Como cidadão, se não como qualquer outra função que exerço ou natureza que tenho, concluí que o

concurso estava esquisito demais para ficarmos perdendo tempo de todos, gastando dinheiro das pessoas e

do Estado, macerando esperanças. A PRF precisa de policiais com urgência. Não se pode fazer as pessoas

ficarem com esperança e torcendo por um concurso que ninguém sabe onde vai dar. Por tudo isso é que

entendo que anular logo e recomeçar do jeito certo é o caminho mais inteligente, econômico, rápido,

prático, seguro e devido. No caso, pelo acaso, não adentrei na situação como juiz, sobre quem repousam as

graves e duras responsabilidades de decidir corretamente com efeito erga omnes. No caso, sou apenas

alguém que recebeu documentos, fez análise sumária e os enviou ao MPF porquanto a análise sumária já

dava indicações veementes de que havia "algo de podre" na lista de aprovados. Foi o que eu disse à

imprensa, não sem alertar sobre os cuidados jurídicos que a hipótese requer. E a desclassificação de 27

candidatos pela Funrio confirma que minha análise não foi equivocada. Apenas discordamos no passo

seguinte: alguns acham que o concurso deve seguir, outros - como eu - que é melhor recomeçá-lo.

Seguir com o concurso para, lá na frente, se entender pela anulação do mesmo seria muito mais danoso. Ou

então, pior, correr o risco de, como o concurso já andou, como já tem muita gente aprovada, como tem um

monte de gente pedindo para não ser tão rigoroso, como já temos um "fato consumado"... Corremos o risco

de mais uma vez, nesse lamentável país maravilhoso, deixarem prevalecer a aprovação de alguns

fraudadores que seguirão delinquindo, agora com carteira na mão e poder estatal para achacar.

A honestidade do servidor público tem que começar pela seleção. Em suma, havendo dúvidas, reinicia-se o

processo seletivo a partir do último momento em que não houve mácula à correção esperada por todos. E,

claro, deve haver investigação, processo e tudo o que mais for para se punir os culpados. Mas a seleção não

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11 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

precisa ficar esperando isso, até porque, repito, o país precisa de servidores públicos atuando, por todos os

motivos, desde reduzir o Custo Brasil, a corrupção, o contrabando, a sonegação etc, como para cumprir os

desígnios da Constituição no que diz respeito a como deve funcionar o país.

William Douglas como “defensor dos concurseiros”

Alguns esperavam que eu fosse contra a fraude por ser um “defensor dos concurseiros”, outros que eu não

falasse a favor da anulação pelo mesmo motivo, pois isto prejudicaria a quem passou honestamente. Vamos

esclarecer isso.

Não fui contra a fraude para defender apenas os concurseiros, mas, principalmente, para defender a

legalidade e quem vai ser atendido lá na ponta pelos aprovados: o cidadão comum. Mais uma vez afirmo que

não se pode tratar este assunto de forma pessoal, mas objetiva. Ao defender os concursos públicos, embora

indiretamente defenda os concurseiros, não posso colocar os interesses pessoais destes acima da legalidade

dos concursos. Até porque, ao defender o concurso, são prestigiados todos e não apenas alguns. E “todos”

incluem população, administração pública e concurseiros.

Já que estamos “lavando a roupa suja”, vale registrar que não sou prioritariamente um “defensor dos

concurseiros”, embora isso me honre. Meu interesse prioritário é o serviço público. Sou concurseiro, me

sinto parte dessa família, mas também sou um dos que defende que tem que haver maior cobrança de

resultados e produtividade dos servidores. Também é preciso maior facilidade para se colocar para fora os

servidores corruptos, os preguiçosos e os ineficientes. Não podemos ser uma casta cheia de privilégios às

custas da população. Temos direito a ser respeitados, bem tratados, a ter prerrogativas, mas tudo voltado

para o cumprimento de nossas funções. Em palavreado mais vulgar, mas nem por isso menos claro: todo

servidor que não honrar “as calças que veste” deve ir para a rua.

Ainda sobre a impessoalidade, compartilho que recentemente apareceu mais um “trem da alegria”,

daqueles que vivem transitando e às vezes sendo aprovados pelo Congresso Nacional (nesse passo,

praticamente uma estação rodoviária). Percebi que o mesmo beneficiaria meu agente de segurança, um

funcionário excelente, cedido pela Prefeitura. Ele viraria servidor da Justiça, estável e melhor remunerado.

Expliquei para ele que lamentava, me desculpei até, mas disse que estava me posicionando e escrevendo um

artigo contra mais essa imoralidade, ainda que ela fosse beneficiá-lo.

Escrevo artigos a favor da greve dos servidores, criticando o tratamento ruim dado a defensores públicos,

auditores, militares, advogados da União, contra a homofobia e a heterofobia, contra a discriminação racial,

contra a interpretação equivocada da laicidade do Estado (que não deve repudiar as religiões, mas sim

tolerá-las) etc. Vivo me posicionando.

Quanto aos concurseiros, embora ainda seja um deles, vou defender seus interesses apenas quando não

colidirem com os interesses maiores relacionados na Constituição.

Thierry Henry e a França

Foi com alegria que li que 80% dos franceses achavam injusto que sua seleção nacional de futebol fosse para

a Copa, tendo em vista o gol irregular que a classificou, em detrimento da seleção da Irlanda. Os franceses

têm muito a ensinar aos brasileiros nesse assunto.

Conclusão

Agradeço a todas as manifestações de apoio que recebi. Não só me acalentam como, por serem ampla

maioria, me dão esperança.

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12 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

Informo que não tive nenhum parente ou amigo reprovado no certame em questão, ao contrário: algumas

pessoas que conheço foram aprovadas e estão angustiadas sem saber o que acontecerá.

Informo que não tenho qualquer relação com a Funrio e não tenho qualquer interesse pessoal em relação à

mesma. Meu único interesse é que aqueles que promovem os concursos o façam com a eficiência e cautelas

devidas para que sejam limpos, transparentes e seguros.

Informo que, em outros concursos, onde houve notícia de fraude (MPOG, ANTT, TRE/SC etc), “não fiz nada”

porque nada de concreto ou documental me chegou às mãos. Se tivesse chegado alguma coisa, teria

adotado o mesmo procedimento que adotei no caso do concurso da PRF (art. 40 do CPP).

Informo que não tenho qualquer ingerência nas decisões que já foram ou que serão tomadas, não sou juiz

da causa nem coisa parecida. Como todos, não tenho qualquer previsão sobre como e quando se dará uma

solução para o assunto.

Se minha opinião como professor, doutrinador, especialista no tema, cidadão ou o que for tem alguma

influência, isto é decorrência de uma longa e trabalhosa carreira na seara dos concursos, carreira esta que

começou com uma reprovação honesta, dos 12 para os 13 anos, no concurso para o Colégio Naval. Em 30

anos descobri que do jeito certo pode demorar muito e dói mais, mas aquilo que é amargo no início se torna

doce depois, ao contrário dos atalhos morais.

Não pretendo fazer alterações de rumo no meu comportamento, ainda que lamente que ele às vezes magoe

ou frustre pessoas que respeito e admiro. Minha opinião, o mais clarificada que posso dar e disposta nesse

arrazoado, está aqui para quem se interessar. Não vou mudá-la.

Minha posição pessoal é, sempre foi e continuará a mesma: concursos públicos devem ser honestos. Aliás,

como se dizia da mulher de César (o Imperador Romano), a quem “ser honesta” não bastava, cabendo

também “parecer honesta”, creio que a credibilidade das instituições, da Administração, dos concursos etc

depende de medidas firmes e coerentes.

Quem estuda e se esforça, quem treina e persiste, quem aprende com o erro, quem não desiste, este será

bem sucedido mais cedo ou mais tarde, apesar de tudo. É nestes que deposito minha esperança de mudar o

serviço público. Pessoas esforçadas, competentes, motivadas e com a sua dose de “justa ira” contra a

sacanice que devasta nosso país (ou, nos termos do Aurélio e do Houaiss, o “espertalhão”, o ludibrio; a

maldade, a deslealdade, a “bandalheira”). Espero que estes continuem e que a seu tempo se unam na

revolução (www.revolucao.info).

Recuso peremptoriamente a missão ou encargo de “santo” ou “salvador” nesse assunto ou em qualquer

outro. Recuso à minha opinião valor maior do que ela tem. Apenas registro que ao menos passei no(s)

meu(s) concurso(s) sem lesar a outrem. Contem sempre comigo para propugnar para o próximo o mesmo

que desejei para mim mesmo, no que nada tenho de mérito senão seguir as recomendações de Jesus Cristo.

Aliás, é bom lembrar que o cargo de Messias e Salvador já está preenchido por Ele e, como é eterno, não há

possibilidade de vacância.

Jefferson Peres, Senador da República, disse que “ética é ser contra a injustiça, mesmo quando ela nos

beneficia, e a favor da justiça, mesmo quando ela nos prejudica”. Jefferson Peres tem muito a ensinar.

Espero ter esclarecido a questão. Estou ao dispor, na minha comunidade no Orkut e no meu site, para

continuar as conversas que devemos ter para seguir a vida.

Por fim, aos aprovados honestamente, minha solidariedade e minha certeza de que, se continuarem, em

breve serão merecidamente premiados pelo esforço e dedicação com os quais vem se havendo.

Atenciosamente,

William Douglas

Juiz Federal / Concurseiro

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13 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

ADENDO

Fiz uma nova "edição" desse material para

incluir mais um tópico e para acrescentar as

duas mensagens que seguem.

Poucos dias depois de publicar o artigo sobre

as suspeitas de fraude no concurso da PRF,

recebi os seguintes emails de colegas que o

leram.

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14 Fraude no Concurso da PRF – Comentários

1ª mensagem

Recebi sua carta, como muitos. Fui um dos que pediu para que parasse de opinar, pois prejudicaria minha

situação. A de aprovado. Depois que a "poeira baixou", tranquilizei-me e vi "luz no fim do túnel". Já voltei a

estudar. Estou em uma situação confortável, pois sou Policial Civil no XXX há XXX meses. Honestidade, como

o Sr. ressaltou, começa já na seleção. Apesar de aprovado, não me importo que o concurso seja anulado.

Aliás, acho este o melhor caminho agora. Grato pela atenção e continue assim.

Minha resposta:

Caro,

Muito obrigado por seu retorno. Sua disposição de mudar de opinião, de aceitar o argumento e de ir buscar

o que é seu da forma mais bonita me alegraram muito. Valeu mesmo, seu retorno já valeu o trabalho de

escrever tantas páginas sobre o assunto. Estou certo que o que é seu virá no tempo certo, mercê de seu

esforço e atitudes. Muito obrigado e grande abraço.

Seu colega,

William Douglas

2ª mensagem

Oi, hoje investi alguns minutos em ler a sua carta, intitulada de "Carta aos aprovados honestamente e aos

demais interessados". Mesmo sem conhecer você diretamente, porque todo concurseiro conhece, me irritei

ao ler as milhares de bobagens que falaram de você quanto a sua postura sobre a suposta fraude no

concurso da PRF: “Vendedor de livros", "Tráfico de influência"... Essas foram algumas das expressões

absurdas que me afastaram de vez dos tópicos de discussão sobre o assunto. Eu estudo só pra PRF há três

anos, confesso que de início só pensava no salário, mas hoje sonho com a carreira de PRF. É muito difícil

deixar a visão apaixonada e falar sobre a mácula que se estendeu sobre a instituição. Como a maioria dos

que prestaram a prova, tenho pouca grana pra estudar, tive que viajar pra capital pra fazer minha prova, e

até chegar lá muitas coisas e pessoas que eu amava se perderam no caminho. Tudo isso me dói muito, mas

mesmo assim vou seguir com os estudos e o foco de ser PRF. Admiro muito sua atitude, divergente da

maioria, de se manifestar mesmo que isso fosse prejudicá-lo, sei também que atitude diversa não faria você

chegar aonde chegou.

Minha resposta:

Muito obrigado por sua mensagem, muito mesmo. Não desanime nos estudos, e faça os concursos com

matérias parecidas também. Esses reveses não vão atrapalhar o final da sua história de sucesso, tenha

certeza disso. Estas coisas delongam o meio da história, mas não mudam o destino de quem não desiste e

faz sua parte. Quando você passar, acredite, fará até parte da “parte boa”, pois vai revelar os desafios e

obstáculos que foram necessários serem transpostos, mostrando que você fez por merecer, que não foi

barato. Agora dói, mas lá na frente vai ser motivo de orgulho. E, de mais a mais, faz parte do jogo. Boa sorte,

bons estudos... E dê notícias.

Abraços fraternos,

William Douglas

Compartilho com todos para dizer que vale a pena conversar com gente inteligente e de boa índole, pois

opiniões podem mudar.