Franca Fabiana
-
Upload
silvio-cesar -
Category
Documents
-
view
115 -
download
2
Transcript of Franca Fabiana
-
Anais do I Seminrio Alimentao e Cultura na Bahia 1
Mudanas dos hbitos alimentares provocados pela industrializao e o impacto
sobre a sade do brasileiro
FRANA, F.C.O1.; MENDES, A.C.R.
2; ANDRADE, I.S
1.; RIBEIRO, G.S
1.; PINHEIRO, I.B
1.
1Bacharelandas em Nutrio UNEB; 2Professora assistente - UNEB.
Resumo: Os hbitos do brasileiro tm sido redefinidos a partir do surgimento da indstria alimentar e marcados pelo consumo excessivo de produtos processados, em detrimento de produtos
regionais com tradio cultural, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o fast food
predomina, tendo como contrapartida, o movimento slow food, que conjuga prazer e regionalidade
no hbito alimentar. Esta reviso tem como objetivo retratar o histrico da alimentao no Brasil, identificando e avaliando o impacto das mudanas alimentares provocadas pelo binmio
urbanizao/industrializao sobre a sade da populao brasileira. Nesse contexto, o aumento da
alimentao fora de casa e a preferncia por compra de alimentos em supermercados, so fatores que favorecem a diversificao de gneros e o conseqente aumento no consumo de alimentos
industrializados. Alm disso, a publicidade e a ideologia consumistas ganham importncia,
favorecendo a formao de novos hbitos alimentares e influenciando as escolhas dos consumidores. A transio nutricional pela qual a sociedade tem passado caracterizada por uma
dieta extremamente calrica, rica em acares e gorduras, e insatisfatria quanto ao aporte
nutricional. O surgimento e/ou agravamento de patologias como desnutrio, dislipidemias,
obesidade e outras doenas crnicas no transmissveis esto intimamente ligadas a tais mudanas na alimentao do indivduo. Cabe ao profissional nutricionista desenvolver estratgias de
educao nutricional, visando desenvolver hbitos alimentares saudveis e promover melhora na
sade e qualidade de vida da populao.
Palavras-chave: Hbito alimentar. Urbanizao. Transio nutricional. Sade. Slow food. Fast
food.
1 INTRODUO
A alimentao uma necessidade fisiolgica bsica, um direito humano e um ato sujeito a
tabus culturais, crenas e diferenas no mbito social, tnico, filosfico, religioso e regional. O ato de alimentar-se incorpora tanto a satisfao das necessidades do organismo quanto se configura
como uma forma de agregar pessoas e unir costumes, representado assim um timo mtodo de
socializao. Mezomo (2002) define hbitos alimentares como os atos concebidos pelos indivduos em que h seleo, utilizao e consumo de alimentos disponveis.
Nas ltimas dcadas, foi possvel observar mudanas nos hbitos alimentares em diversos
pases, o que reflete a complexidade dos modelos de consumo e dos fatores que os determinam
(PINHEIRO, 2001). Tais mudanas afetam a qualidade dos alimentos produzidos e industrializados. Na tentativa de adequar a alimentao ao ritmo acelerado do dia-a-dia, as escolhas
e os hbitos de consumo passaram a apontar para alimentos mais condizentes com o novo estilo de
vida, fazendo com que fossem incorporados hbitos rpidos e prticos. Estes muitas vezes so menos satisfatrios ao paladar e possuem aporte nutritivo menor do que no padro anterior, no qual
se prezava por hbitos naturais e mais saudveis de alimentao (ABREU et al, 2001; FLANDRIN
& MONTANARI, 1996; SOUZA & HARDT, 2002; OLIVEIRA, 1997). Na contemporaneidade, a alimentao caracterizada pelo estilo de vida moderno, marcada
pela escassez de tempo para preparo e consumo de alimentos, o que leva emergncia de alimentos
do tipo fast food, que emprega tcnicas de conservao e preparo, agregando tempo e trabalho. Em
contrapartida, uma parte da populao desperta para os aspectos da sade, optando por uma
-
Anais do I Seminrio Alimentao e Cultura na Bahia 2
alimentao do tipo slow food, prezando pela escolha dos alimentos e pela qualidade das
preparaes (CAMPOS, 2004).
Devido s intensas transformaes pelas quais os hbitos alimentares da populao brasileira tm passado nos ltimos 10 anos, em especial, e sendo este um campo de extremo interesse para
qualquer profissional da rea de nutrio, esta reviso torna-se relevante no sentido de estabelecer
um panorama atual da alimentao brasileira, enfatizando alguns impactos pontuais que estas
modificaes provocaram e vm provocando na sade da populao. Os objetivos do presente trabalho so: retratar o histrico da alimentao no Brasil bem
como identificar e avaliar o impacto das mudanas alimentares provocadas pelo binmio
urbanizao/industrializao sobre a sade da populao brasileira.
2 PERSPECTIVAS HISTRICAS DA ALIMENTAO NO BRASIL
No Brasil, os hbitos alimentares formaram-se a partir da miscigenao das culinrias
indgena, portuguesa e africana e, com o decorrer do tempo, foram adquirindo caractersticas e peculiaridades. Cada regio do pas desenvolveu uma cultura popular rica e diversificada, onde
figura uma culinria prpria, devido influncia das correntes migratrias e adaptaes ao clima e
disponibilidade de alimentos (PINHEIRO, 2001; BLEIL, 1998; ABREU et al, 2001). At o sculo XX, muitas descobertas tcnico-cientficas importantes levaram ao progresso e
tambm modificao dos costumes alimentares: o aparecimento de novos produtos; a renovao
de tcnicas agrcolas e industriais; as descobertas sobre fermentao; a produo do vinho, da cerveja e do queijo em escala industrial e o beneficiamento do leite; os avanos na gentica, que
permitiram aprimorar o cultivo de plantas e a criao de animais; a mecanizao agrcola; e ainda o
desenvolvimento dos processos tcnicos para conservao de alimentos (PINHEIRO, 2001;
ABREU et al, 2001; MONDINI & MONTEIRO, 1994). Atravs da perspectiva histrica pode-se realizar a anlise do consumo alimentar com base
na noo de sistemas alimentares. Estes seriam baseados em diferentes agentes sociais (produtores, distribuidores, consumidores e Estado), estratgias e relaes que se estabelecem entre eles, ao longo do tempo, de modo que se possa compreender de que formas os hbitos alimentares
se constroem e evoluem (SOUZA, 2002). Alm disso, importante salientar que a formao e
transformao de hbitos alimentares com o passar dos tempos tem relao estreita com a cultura e com as crenas (religiosas ou no) de um povo (PINHEIRO, 2001; ABREU et al, 2001).
3 INFLUNCIA DA INDUSTRIALIZAO NO HBITO ALIMENTAR E NA SADE DA
POPULAO BRASILEIRA A histria da alimentao nacional atingida pela Revoluo Industrial em vrios aspectos,
sobretudo devido ao desenvolvimento das indstrias alimentares, pois os alimentos eram fabricados
artesanalmente e passaram a ser produzidos por poderosas fbricas, como revelam Flandrini & Montanari (1996). A evoluo das cincias e da tecnologia, ao longo dos anos, torna possvel tomar
conscincia da alimentao moderna, quer apreciando suas vantagens, quer apontando suas
inconvenincias (ABREU et al, 2001; GARCIA, 2003).
O binmio urbanizao/industrializao atua como fator determinante na modificao dos hbitos alimentares, gerando transformaes no estilo de vida de praticamente toda a populao
mundial (GARCIA, 2003). Segundo Mezomo (2002), a alimentao de hoje profundamente
diferente dos nossos antepassados, que viviam em contato com a natureza, alimentando-se de tudo que ela lhes oferecia: animais abatidos (carne), frutas, gramneas, folhas, razes etc. Atualmente,
diante da variedade de facilidades que a indstria alimentcia prov, associada falta de tempo e a
praticidade que fornecida, possvel delinear e caracterizar os novos hbitos alimentares da populao brasileira.
Produto deste modus vivendi urbano, a comensalidade contempornea se
caracteriza pela escassez de tempo para o preparo e consumo de alimentos; pela
presena de produtos gerados com novas tcnicas de conservao e de preparo,
que agregam tempo e trabalho; pelo vasto leque de itens alimentares; pelo
deslocamento das refeies de casa para estabelecimentos que comercializam
alimentos restaurantes, lanchonetes, vendedores ambulantes, padarias, entre
-
Anais do I Seminrio Alimentao e Cultura na Bahia 3
outros; pela crescente oferta de preparaes e utenslios transportveis; pela
oferta de produtos provenientes de vrias partes do mundo; pelo arsenal
publicitrio associado aos alimentos; pela flexibilizao de horrios para comer
agregada diversidade de alimentos; pela crescente individualizao dos rituais
alimentares (GARCIA, 2003, p7).
De acordo com Garcia (2003), a globalizao atinge a indstria de alimentos, o setor
agropecurio, a distribuio de alimentos em redes de mercados de grande superfcie e em cadeias de lanchonetes e restaurantes. Tem-se percebido a tendncia dos brasileiros em adotarem novos
hbitos, criados pela indstria alimentar e marcados pelo consumo excessivo de produtos artificiais,
em detrimento de produtos regionais com tradio cultural (BLEIL, 1998; MONDINI, 1994; SOUZA, 2002).
A transio nutricional pode ser definida como o conjunto de mudanas nos padres
nutricionais resultantes de modificaes na estrutura da dieta dos indivduos e que se correlacionam com mudanas econmicas, sociais, demogrficas e relacionadas sade. Nesse nterim,
indispensvel evidenciar a preocupao com a sade da populao, que tem sido seriamente afetada
pelo turbilho de mudanas ocorridas nos hbitos alimentares, a partir da acelerada industrializao
e das polticas estatais vigentes (GARCIA, 2003; MONTEIRO & MONDINI, 2000; OLIVEIRA, 1997).
Fast Food X Slow Food Alm das modificaes na cultura alimentar, a qualidade da alimentao foi bastante afetada.
A variedade de alimentos consumida pelos brasileiros menor, no havendo concomitante melhora
na qualidade da dieta, que passa a ter menor valor nutricional. O aumento na frequncia da
alimentao feita fora de casa e a preferncia pela compra de alimentos em supermercados so fatores que favorecem a diversificao de gneros e o consumo de alimentos industrializados
(PINHEIRO, 2002; SOUZA, 2002; BATISTA-FILHO & RISSIN, 2003).
Diante dessa tendncia, a cultura do fast food se apresenta como uma realidade condizente com a mentalidade moderna global. A predileo pela quantidade, em detrimento da qualidade e do
sabor, e a ausncia de uma tradio local ligada gastronomia, favorecem produtos de status que
influenciam os hbitos de consumo da populao, principalmente a jovem (MONDINI & MONTEIRO, 1994; MONTEIRO & MONDINI, 2000).
No sentido contrrio ao estilo fast food, surgiu, por volta de 1986, em Roma, o movimento
SlowFood, cujo smbolo um significativo caracol (CAMPOS, 2004). O SlowFood atualmente
conta com milhares de adeptos por todo o mundo, e segue uma filosofia voltada para a preservao da satisfao e do gosto, no somente na degustao dos alimentos mas tambm no processo de
preparao. Essa preocupao atinge at o cultivo dos alimentos de forma ecologicamente correta, dando preferncia, por exemplo, aos produtos orgnicos e aos alimentos integrais (OLIVEIRA & THEBAUD-MONY, 1997; ANSILIERO, 2006; PINEYRUA, 2006).
Procurando estreitar a relao entre comida e cultura, o movimento SlowFood, atravs de
seus representantes e membros associados, criou nos mais diversos cantos do mundo eventos chamados de convivium, que tem por finalidade a celebrao da cultura local atravs da
gastronomia. Estes grupos renem-se periodicamente para a degustao dos pratos tpicos da regio
onde est se realizando o evento, procurando, desta forma, destacar a culinria, transmitindo e
preservando as tradies culturais da localidade (VASCONCELOS, 2006; OLIVEIRA & THEBAUD-MONY, 1997; ANSILIERO, 2006; PINEYRUA, 2006).
De forma bastante simplista, podem-se considerar como princpios fundamentais do Slow
Food: defesa dos pequenos prazeres e do ritmo de vida do homem; oposio extremada simplificao das refeies; oposio ao uso desnecessrio e excessivo dos produtos qumicos e
agrotxicos no tratamento dos alimentos; e preservao dos tradicionais significados culturais da
culinria nas mais diversas regies (OLIVEIRA & THEBAUD-MONY, 1997; ANSILIERO,
2006).
-
Anais do I Seminrio Alimentao e Cultura na Bahia 4
A transio nutricional e os efeitos sobre a sade da populao
A transio nutricional ocorrida neste sculo resultou na chamada dieta ocidental caracterizada pelos altos teores de gorduras, principalmente de origem animal, de acares e alimentos refinados e baixos teores de carboidratos complexos e fibras (MONTEIRO et al, 2000).
A dieta ocidental e o aumento da obesidade esto amplamente associados com a alta prevalncia de
doenas crnicas no transmissveis (DCNT) e a diminuio da qualidade de vida da populao
(FERREIRA et al, 2005). Enquanto na Europa e nos pases asiticos a mudana de hbitos ocorreu de forma gradual, o que se observa no ocidente um acelerado ritmo de mudanas, tendo como
consequncia doenas como diabetes, hipertenso e cardiopatias, que atingem todas as faixas
etrias e so configuradas como problemas de sade pblica (BATISTA-FILHO & RISSIN, 2003; FRANCISCHI et al, 2000).
O consumo de gorduras saturadas est fortemente associado ocorrncia de doena
coronariana, assim como estudos evidenciam que o consumo de gordura de origem animal est
ligado ocorrncia de cncer de clon, prstata e mamas (SARTORELLI & FRANCO, 2003; QUEIROZ, 2008). Ainda envolvendo a composio lipdica da dieta, h evidncias de que a
obesidade possa se relacionar proporo de energia proveniente de gorduras, independentemente
do total calrico da dieta (MONTEIRO et al, 2000; OLIVEIRA & FISBERG, 2003; QUEIROZ, 2008). Por outro lado, h igualmente evidncias de que dietas ricas em legumes, verduras e frutas
ctricas encontram-se associadas ocorrncia menor de alguns tipos de cncer, como os de pulmo,
clon, esfago e estmago (KAG & VELASQUEZ-MENDELEZ, 2003). Embora os mecanismos subjacentes associao no estejam completamente esclarecidos, sabe-se que essas dietas so
usualmente pobres em gordura saturada e ricas em fibras e diversas vitaminas e minerais (KAG &
VELASQUEZ-MENDELEZ, 2003; BATISTA-FILHO et al, 2008).
Os dados da Pesquisa de Oramento Familiar - POF (2003) que analisam a disponibilidade domiciliar de alimentos adquiridos pelas famlias brasileiras confirmam que as mudanas de padro
alimentar no pas tm sido, de modo geral, favorveis do ponto de vista dos problemas associados
subnutrio (devido ao aumento da participao de alimentos de origem animal na alimentao) e desfavorveis no que se refere s doenas carenciais como anemia e hipovitaminose A, a obesidade
e s demais DCNT (devido ao aumento da ingesto de gorduras em geral, gorduras de origem
animal e acar e diminuio com relao a cereais, leguminosas e frutas, verduras e legumes). Associadas ao sedentarismo, essas tendncias podem explicar as taxas de prevalncia de excesso de
peso e da obesidade entre adultos (MONDINI & MONTEIRO, 1994; OLIVEIRA, 1997).
Um estudo realizado por Ferreira et al (2005), com uma populao de mulheres moradoras
da periferia da cidade de Macei, concluiu que a prevalncia de sobrepeso/obesidade foi menor do que a de desnutrio. A baixa estatura, um indicador de desnutrio no incio da vida, foi um
importante fator de risco para a hipertenso arterial e para a obesidade abdominal. Foi possvel
constatar a partir do trabalho que, apesar da misria, a populao parece estar passando pelo processo de transio nutricional, em que h um aumento do aporte calrico em detrimento da
qualidade dos alimentos ingeridos.
Influncia da mdia no consumo alimentar Segundo Oliveira (1997), as mudanas observadas nas pesquisas e estudos realizados
refletem, de um lado, as variaes no preo relativo de gneros alimentares levando a substituies,
como carnes, feijo e outros gneros industrializados e, por outro lado, o aumento do interesse em relao nutrio e sade pelo fenmeno da transio epidemiolgica que vem tomando lugar no
Brasil.
A cultura alimentar , ainda, complementada por outros canais, sendo os supermercados os mais significantes. A possibilidade de adquir ALIMENTOS em grandes redes de supermercados
faz com que o consumidor se deslumbre com as diversas opes, com a novidade das indstrias
alimentcias e com os preos cada vez mais atrativos de alguns gneros (devido competio entre
vrias marcas), no agregando grande importncia aos aspectos relacionados com o valor nutricional do alimento que esto adquirindo (ALMEIDA et al, 2002; GARCIA, 2003;
OLIVEIRA, 1997).
-
Anais do I Seminrio Alimentao e Cultura na Bahia 5
Quando se diz que a ascenso econmica de um pas se reflete no padro de consumo
alimentar e conseqentemente no perfil de morbimortalidade da populao, deve-se buscar
entender como e porque a prosperidade econmica atinge as diferentes culturas em uma mesma direo. As mudanas no padro alimentar devem ser entendidas por seus aspectos objetivos e
subjetivos, levando-se em considerao a urbanidade como contexto da comensalidade
contempornea (VASCONCELOS, 2006; BATISTA-FILHO & RISSIN, 2003).
H, na produo e no consumo, um carter cosmopolita. Quanto mais afluente se torna uma sociedade, maiores necessidades vo sendo criadas pelo mesmo processo em que so satisfeitas. As
necessidades dependem da produo, podendo surgir antes mesmo dela, atravs da publicidade ou
do marketing. Alm disso, a publicidade e a ideologia de consumo ganham importncia, favorecendo a formao de novos hbitos alimentares e influenciando as escolhas de consumo
(ALMEIDA et al, 2002; SANTOS, 2007).
4 CONSIDERAES FINAIS O advento da industrializao, concomitantemente com uma srie de descobertas tcnico-
cientficas, colaborou de maneira marcante para as transformaes no estilo de vida das pessoas,
sobretudo no que diz respeito aos costumes alimentares da populao brasileira. Nas ltimas dcadas notria a mudana nos hbitos alimentares em todo o mundo na tentativa de agregar
tempo e praticidade ao estilo de vida moderno.
Entretanto, essas mudanas, observadas principalmente com o surgimento da alimentao tipo fast food, afetam a qualidade do alimento e seu valor nutricional devendo-se ressaltar os
impactos que esse tipo de alimentao pode causar na populao. Como resposta aos efeitos
padronizantes do fast food, e ao ritmo frentico da vida moderna, aparece o slow food na tentativa
de um estilo de vida mais saudvel, prezando a qualidade do alimento e a conscincia do ato de alimentar-se.
A transio nutricional pela qual a sociedade tem passado caracterizada por uma dieta
extremamente calrica, rica em acares e gorduras, e insatisfatria quanto ao aporte nutricional, revelando as conseqncias que uma alimentao sem qualidade pode trazer do ponto de vista da
sade. O surgimento e/ou agravamento de patologias como a obesidade, a desnutrio, as
dislipidemias, hipertenso, diabetes, cardiopatias, dentre outras, alm da diminuio qualidade de vida da populao, esto intimamente ligadas alimentao do indivduo.
Esclarecer o quanto o binmio urbanizao/industrializao influenciou e vem influenciando
os hbitos alimentares dos brasileiros, bem como apontar as suas possveis conseqncias na sade
da populao so os primeiros passos para a conscientizao da populao a respeito da importncia de uma alimentao saudvel.
Faz parte das atribuies do nutricionista enquanto profissional e formador de hbitos
alimentares, atentar para estas modificaes no panorama da alimentao brasileira, atuando diretamente na adoo de hbitos alimentares saudveis e que visem a promoo da sade e
qualidade de vida da populao.
5 REFERNCIAS
ABREU, E. S.; VIANA, I. C.; MORENO, R. B., et al. Alimentao mundial - uma reflexo sobre a
histria. Sade e Sociedade; 2001. 10 (2):3-14.
ALMEIDA, S. S.; NASCIMENTO, P. C. B. D.; QUAIOTI, T. C. B. Quantidade e qualidade de produtos alimentcios anunciados na televiso brasileira. Rev. Sade Pblica. 2002, vol.36, n.3
ANSILIERO, G. O movimento Slow Food: a relao entre o homem, alimento e meio ambiente.
2006. 54 f. Monografia (Especializao em Gastronomia e Segurana Alimentar) - Universidade de Braslia, Braslia, 2006.
BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transio nutricional no Brasil: tendncias regionais e
temporais. Cad. Sade Pblica. 2003, vol.19.
-
Anais do I Seminrio Alimentao e Cultura na Bahia 6
BATISTA FILHO, M.; SOUZA, A. I.; MIGLIOLI, T. C.; SANTOS, M. C. Anemia e obesidade:
um paradoxo da transio nutricional brasileira. Cad. Sade Pblica. 2008, vol.24.
BLEIL, S. I. O Padro Alimentar Ocidental: Consideraes Sobre a Mudana de Hbitos no Brasil. Cadernos de Debate; 1998. 6:1-25.
CAMPOS, K. R. Movimento slow food: uma crtica ao estilo de vida fast food. [monografia].
Braslia (DF): Universidade de Braslia; 2004.
FERREIRA, H. S. et al. Hipertenso, obesidade abdominal e baixa estatura: aspectos da transio nutricional em uma populao favelada. Rev. Nutr., Campinas, 18(2):209-218, mar./abr., 2005.
FLANDRIN, J. L.; MONTANARI, M. A histria da alimentao. So Paulo: Estao Liberdade,
1996.
FRANCISCHI, R. P. P. et al. Obesidade: atualizao sobre sua etiologia, morbidade e tratamento.
Rev. Nutr. 2000, vol.13.
GARCIA, R. W. D. Reflexos da globalizao na cultura alimentar: consideraes sobre as
mudanas na alimentao urbana. Revista de Nutrio, Campinas, out./dez., 2003.
KAC, G.; VELASQUEZ-MELENDEZ, G. A transio nutricional e a epidemiologia da obesidade
na Amrica Latina. Cad. Sade Pblica. 2003, vol.19.
MEZOMO, I. F. B. Os servios de alimentao: planejamento e administrao. Barueri (SP): Manole; 2002.
MONDINI, L; MONTEIRO C. A. Mudanas no padro de alimentao da populao urbana
brasileira. Rev. Sade Pblica, 28(6):433-9, 1994.
MONTEIRO, C. A.; MONDINI, L.; COSTA R. B. L. Mudanas na composio e adequao
nutricional da dieta alimentar nas reas metropolitanas do Brasil (1988-1996). Revista de Sade
Pblica, v. 34, n. 3, p.251-58, 2000.
OLIVEIRA, C. L.; FISBERG, M. Obesidade na infncia e adolescncia: uma verdadeira epidemia. Arq Bras Endocrinol Metab. 2003, vol.47, n.2.
OLIVEIRA, S. P.; THEBAUD-MONY, A. Consumo alimentar: abordagem multidisciplinar.
Revista da Sade Pblica, v.31, n.2, p. 201-208, 1997.
OLIVEIRA, S. P. Changes in food consumption in Brazil. Archivos Latinoamericanos de
Nutricion, v.47, n. 2 (supl.1), p.22-24, 1997.
PINEYRUA, D. G. F. Regionalismo Alimentar: identificao de grupos consumidores que valorizam o prazer e as tradies alimentares. Campo Grande: Departamento de Economia e
Administrao. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2006, 117p. Dissertao de mestrado.
PINHEIRO, A. R. O.; FREITAS, S. F. T.; CORSO, A. C. T. Uma abordagem epidemiolgica da obesidade. Rev. Nutr. 2004, vol.17, n.4.
PINHEIRO, K. Histria da Alimentao. Universitas Cincias da sade; 2001. 3:173-190.
-
Anais do I Seminrio Alimentao e Cultura na Bahia 7
QUEIROZ, F. L. N. Alimentao regional saudvel em unidades produtoras de refeies do
sudeste brasileiro. 2008. 119 f. Dissertao (Mestrado em Nutrio Humana)-Universidade de
Braslia, Braslia, 2008.
SANTOS, S. L. Influncia da propaganda nos hbitos alimentares: anlise de contedo de
comerciais de alimentos da televiso. So Carlos: UFSCar, 2007. 163 f. Dissertao [mestrado] Universidade Federal de So Carlos, 2007.
SARTORELLI, D. S.; FRANCO, L. J. Tendncias do diabetes mellitus no Brasil: o papel da transio nutricional. Cad. Sade Pblica. 2003, vol.19.
SOUZA, M. D. C. A.; HARDT, P. P. Evoluo dos hbitos alimentares no Brasil. Brasil
alimentos, agosto, 2002.
VASCONCELOS, DL. Restaurantes: evoluo do setor e tendncias atuais. 2006. 40 f.
Monografia (Especializao em Gastronomia e Segurana Alimentar)-Universidade de Braslia,
Braslia, 2006.