Fome Zero na Educação

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Nas férias de 2004, estava na Praia do Cassino. Lá pelas 11h recebi um telefonema do então ministro da Educação, Tarso Genro. Surpreso, ouvi-o relatar que acabara de sair do seu gabinete o presidente do BNDES à época, Carlos Lessa, que queria desenvolver, em conjunto com o MEC, um programa na área social, visando o combate à fome. Queria integrar a instituição às ações do Fome Zero, programa lançado pelo governo Lula. E o nosso atual governador, conhecedor da realidade de Bagé e dos esforços que desenvolvíamos para melhorar os índices escolares, indicou nossa cidade como uma das possíveis beneficiárias do projeto piloto, juntamente com uma cidade paulista e outra pernambucana. Não tive dúvidas. Interrompi as férias, voltei a Bagé e tratei de agendar reunião com a diretoria do BNDES no Rio de Janeiro. O cavalo não poderia passar encilhado. Teríamos que montar. Começava, ali, a construção do programa Fome Zero na Educação, patrocinado a fundo perdido, pelo banco, que investiu R$ 5,5 milhões na construção e equipamento Memórias de um tempo de 33 refeitórios modelos em todas as escolas da zona urbana de nossa cidade e uma da zona rural. Parecia um sonho. Logo no início do nosso governo, quando o secretário da Educação era o atual prefeito, Luís Eduardo Colombo, comemoramos quando conseguimos comprar um freezer para cada escola. A situação que encontramos era muito ruim. Tanto do ponto de vista de estrutura - não havia cozinhas adequadas, as crianças faziam o lanche nas salas de aula, o número de merendeiras não atendia a demanda - quanto do ponto de vista da qualidade nutricional da merenda servida, trabalho que era acompanhado por apenas uma nutricionista. Começamos uma corrida muito grande, cheia de obstáculos, que fomos transpondo um a um. Contratamos merendeiras em número suficiente para atender todas as escolas, adequamos o número de nutricionistas à quantidade exigida pela legislação, mudamos o cardápio, desapropriamos terrenos onde foi necessário, construímos os prédios, adquirimos caminhões e, no dia 25 de julho de 2005, o presidente Lula, que veio Fome Zero na Educação, um programa transversal

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Nas férias de 2004, estava na Praia

do Cassino. Lá pelas 11h recebi um

telefonema do então ministro da

Educação, Tarso Genro.Surpreso, ouvi-o relatar que acabara

de sair do seu gabinete o presidente do

BNDES à época, Carlos Lessa, que queria

desenvolver, em conjunto com o MEC, um

programa na área social, visando o

combate à fome. Queria integrar a

instituição às ações do Fome Zero,

programa lançado pelo governo Lula. E o

nosso atual governador, conhecedor da

realidade de Bagé e dos esforços que

desenvolvíamos para melhorar os índices

escolares, indicou nossa cidade como

uma das possíveis beneficiárias do projeto

piloto, juntamente com uma cidade

paulista e outra pernambucana.Não tive dúvidas. Interrompi as férias,

voltei a Bagé e tratei de agendar reunião

com a diretoria do BNDES no Rio de

Janeiro. O cavalo não poderia passar

encilhado. Teríamos que montar.

Começava, ali, a construção do programa

Fome Zero na Educação, patrocinado a

fundo perdido, pelo banco, que investiu R$

5,5 milhões na construção e equipamento

Memórias de um tempo

de 33 refeitórios modelos em todas as

escolas da zona urbana de nossa cidade e

uma da zona rural.Parecia um sonho. Logo no início do

nosso governo, quando o secretário da

Educação era o atual prefeito, Luís

Eduardo Colombo, comemoramos quando

conseguimos comprar um freezer para

cada escola. A situação que encontramos

era muito ruim. Tanto do ponto de vista de

estrutura - não havia cozinhas adequadas,

as crianças faziam o lanche nas salas de

aula, o número de merendeiras não

atendia a demanda - quanto do ponto de

vista da qualidade nutricional da merenda

servida, trabalho que era acompanhado

por apenas uma nutricionista.Começamos uma corrida muito

grande, cheia de obstáculos, que fomos

transpondo um a um. Contratamos

merendeiras em número suficiente para

atender todas as escolas, adequamos o

número de nutricionistas à quantidade

exigida pela legislação, mudamos o

cardápio, desapropriamos terrenos onde

foi necessário, construímos os prédios,

adquirimos caminhões e, no dia 25 de

julho de 2005, o presidente Lula, que veio

Fome Zero na Educação, um programa transversal

a Bagé para anunciar a criação da

Unipampa, tomou café com alunos da

Escola Pérola Gonçalves, ali no Bairro

Jardim Montecarlo (Madezati),

inaugurando, oficialmente, o nosso

programa "Fome Zero na Escola".Melhorou o desempenho escolar das

crianças, que passaram a receber duas

refeições de qualidade diariamente, o

índice de desnutrição entre os estudantes

que era de 7% caiu para 2%. E Bagé foi

reconhecida como uma das 20 cidades

brasileiras que ofereciam refeição escolar

de melhor qualidade.

Memórias de um tempo

TARSO Governador 13 - OLÍVIO Senador 131 - DILMA Presidenta 13

*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé, em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.

Eu tinha prazer de, seguidamente e de

surpresa, ir a alguma escola, na hora da

refeição, vistoriar como estava o

programa. Dependendo do horário, tomava

café com leite, pão, geleia, manteiga,

comia frutas, legumes, carne, feijão, arroz.

Uma comida saudável e de qualidade. Eu,

que me considero um "bom garfo", saia

satisfeito não só por "saciar minha fome",

mas por testemunhar que nossos alunos,

muito deles que só contavam com aquelas

refeições, estavam recebendo o melhor.

Além disso, nossos refeitórios, onde havia

demanda, funcionavam nas férias, nos

feriados e nos finais de semana.