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APROVEITAMENTO RACIONAL DE PESCADO DE ÁGUA DOCE DA AMAZÔNIA. III - FISHBURGER. Francisco Pereira Castelo ( 1 ) RESUMO Visando o aproveitamento de pescado da água doce de pequeno porte com produção significativa e espinha na carne, realizou-se 47 experimentos elaborando fishburger com diferentes espécies de pescado, para adequar uma formulação capaz de satisfazer o paladar de degustadores quanto as características de sabor, odor, textura e aparência do produto acabado, bem como verificar se durante a vida de prateleira as características se mantinham inalteradas por três meses no mínimo, sob congelamento em freezer. Chegou-se a conclusão que a formulação aprovada com média igual ou superior a cinco, tinha em sua composição 87,8% de pescado, testado com 116 crianças de 4 a 6 anos de idade, a aceitação foi de 93%. A eficiência testada com ratos produziu uma conversão alimentar semelhante a ração balanceada. INTRODUÇÃO A necessidade de realizar estudos para o aproveitamento das espécies de pequeno porte, as quais apresentara espinhas na carne e existem em relativa abundância nos rios amazônicos, é urgente. Por um lado, motivado pela expectativa das mini-indústrias de pesca poderem dispor de alternativas para diversificar as suas atividades, por outro lado, os armadores de pesca, que em época de safra, não conseguem vender seu peixe por falta de comprador e ainda, o crescente aumento da população, exigindo cada vez mais alimentos protéicos de qualidade. Por esses motivos procuramos ,apresentar alternativa para o aproveitamento de algumas das 2.000 espécies de peixe existentes nos rios amazônicos, as quais, sô 35 aparecem regularmente no mercado de Manaus e destas, apenas 15 tem produção significativa, mas as que suprem regularmente o consumo de pescado da capital, são apenas 3 ou 4 espécies, as quais apresentam maior produção (Quadro I). A espécie a qual se concentrou os estudos para elaboração de fishburger, foi o jaraqui (SemaprochlUdus Insignis) porém nos 47 experimentos realizados, testou-se várias outras espécies, que poderão ser vistas no Quadro 2, fez-se ainda vários experimentos cora a mistura de várias espécies, obtendo-se excelentes produtos. A idéia basica para 6 desenvolvimento dessa pesquisa, foi dada por Maia ( 8 ) , em sua tese de mestrado, elaborou um hamburger de peixe. Esse produto foi fabricado era nosso laboratório, testado cora boa aceitação, porére cora 10 dias de conservação era freezer, estava praticamente inaceitável. Desse raodo, coraeçou-se a fazer ura ajuste da formulação, que ao final, chamou-se fishburger. 1 Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, CP 478 - 69011-970, CPTA /V -8, Manaus - A M . Acta Amazônica, vol. 22 (3): 461 - 477.1992

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A P R O V E I T A M E N T O R A C I O N A L DE PESCADO DE Á G U A DOCE DA A M A Z Ô N I A . I I I -

F I S H B U R G E R .

Francisco Pereira Castelo (1)

RESUMO

V i s a n d o o a p r o v e i t a m e n t o d e pescado da á g u a d o c e de pequeno p o r t e c o m produção

significativa e espinha n a c a r n e , rea l i zou-se 4 7 exper imen tos e laborando f i shburger c o m d i f e ren tes

e s p é c i e s d e p e s c a d o , p a r a adequar uma formulação capaz d e s a t i s f a z e r o paladar d e

d e g u s t a d o r e s quanto a s c a r a c t e r í s t i c a s d e s a b o r , o d o r , textura e aparência do produto

acabado, bem como ve r i f i ca r s e durante a vida de prateleira a s c a r a c t e r í s t i c a s s e m a n t i n h a m

i n a l t e r a d a s p o r t r ê s m e s e s no mín imo, s o b congelamento em f r e e z e r . C h e g o u - s e a c o n c l u s ã o

q u e a formulação aprovada com média igual ou s u p e r i o r a c inco , t i n h a e m s u a c o m p o s i ç ã o

87,8% de pescado, testado com 116 c r i a n ç a s de 4 a 6 a n o s d e idade , a aceitação foi de 93%.

A eficiência testada com ratos produziu uma conversão alimentar semelhante a ração

balanceada.

INTRODUÇÃO

A necessidade de r e a l i z a r estudos para o aproveitamento das espécies de pequeno por te ,

as quais apresentara espinhas na carne e existem em re l a t i va abundância nos r ios amazônicos,

é urgente. Por um lado, motivado pela expectativa das mini-indústrias de pesca poderem dispor

de a l ternat ivas para d i v e r s i f i c a r as suas a t iv idades , por outro lado, os armadores de pesca,

que em época de safra, não conseguem vender seu peixe por f a l t a de comprador e ainda, o

crescente aumento da população, exigindo cada vez mais alimentos protéicos de qualidade. Por

esses motivos procuramos ,apresentar a l ternat iva para o aproveitamento de algumas das 2.000

espécies de peixe exis tentes nos r ios amazônicos, as quais, sô 35 aparecem regularmente no

mercado de Manaus e destas, apenas 15 tem produção s i g n i f i c a t i v a , mas as que suprem regularmente

o consumo de pescado da cap i t a l , são apenas 3 ou 4 espécies , as quais apresentam maior produção

(Quadro I ) .

A espécie a qual se concentrou os estudos para elaboração de fishburger, foi o jaraqui

(SemaprochlUdus Ins ign is ) porém nos 47 experimentos rea l izados , testou-se várias outras

espécies , que poderão ser v i s t a s no Quadro 2, f ez - se ainda vár ios experimentos cora a mistura

de várias espécies , obtendo-se excelentes produtos.

A idéia basica para 6 desenvolvimento dessa pesquisa, foi dada por Maia ( 8 ) , em sua

tese de mestrado, elaborou um hamburger de pe ixe . Esse produto foi fabricado era nosso

labora tór io , testado cora boa acei tação, porére cora 10 dias de conservação era f r eeze r , estava

praticamente i nace i t áve l . Desse raodo, coraeçou-se a fazer ura ajuste da formulação, que ao f i n a l ,

chamou-se fishburger.

1 Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, C P 478 - 69011-970, C P T A/V - 8 , Manaus - A M .

Acta Amazônica, vol. 22 (3): 461 - 477.1992

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MATERIAL E MÉTODOS

Na real ização dos experimentos foi u t i l i zado pescado oriundo de excursão e adquirido

por compra a t e r c e i r o s , no mercado de Manaus.

Na planta p i l o t o o pescado fo i f l l e t a d o , re t i rado a pele da carne, lavado, mofdo,

misturado aos condimentos, moldados e congelados era freezer. Para raoer ut1Hzou-se raolnho

de m6 comum e para moldar, usou-se moldador de fe r ro normalmente usado nessa operação. Na

homogeneização dos condimentos, usou-se um processador de alimentos.

Inicialmente fez - se quatro formulações, denominadas 1, 2 , 3 e 4. Estes produtos foram

estocados em freezer, de onde se re t i rava araostras para as provas sensorials em in terva los

r egu l a r e s .

Após as duas primeiras avaliações sensorials cora uraa equipe de no mínimo, cinco

provadores, efetuou-se uma apuração dos pontos to ta i s das quatro formulações e a fórmula ηβ 3 que obteve maior numero de pontos, se ve r i f i cou as observações que estavam contidas nas

fichas dos provadores e com e l a , trabalhou-se o restante dos experimentos, procurando

aperfeiçoar o produto f i n a l .

Para rea l ização da analise sensor ia l , se u t i l i z o u uma escala hedônica de 10 pontos, para

cada carac te r í s t i ca so l i c i t ada , I s to é , aparência, odor, textura e sabor.

0 t i po de prova fo i mesa redonda, onde os provadores podiam comentar suas observações.

Antes de cada prova, era explicado a cada provador as ca rac te r í s t i cas ex ig idas . Sempre

se deixou o provador a vontade para emit ir sua opinião e nunca se u t i l i zou de sua primeira

prova, servindo esta apenas como treinamento.

As provas foram realizadas Indiferentemente do expediente matutino ou vesper t ino, porêra

fazendo-se co inc id i r sempre entre os horários de 10:00 ás 12:00 horas no primeiro expediente

e das 15:00 às 18:00 horas, no período vesper t ino.

As determinações de composição centesimal foram realizadas através dos métodos abaixo

discr iminados:

- Unidade era estufa a 105°C, até peso constante de acordo cora técnica da A0AC, 1975

- Gordura - extração segundo Soxhlet , descri ta por Lees (1969) .

- Proteína - determinada pela técnica semi-mlcro - KJeldahl, segundo Pearson (1973) .

- Minerais - determinada era mufla a 550°C de acordo cora técnica citada por Lees (1969) .

- Determinação de flúor - segundo Zucas (1968) .

- Determinação n1crob1olôg1cas - efetuadas segundo técnicas citadas era Machado (1975) .

RESULTADOS

a ) Sobre o produto

A es tabi l ização da formulação com 87,8% de pescado e 12,2% de condimentos, poderá não

ser a mais saborosa porém, at ingiu a preferência média da maioria dos provadores, bem como

foi a que ficou cora o raals baixo custo da produção, conforme poderá ser observado na Figura

01 e Quadro I I I .

Durante os t r ê s meses de estudo da " v i d a de p r a t e l e i r a " do produto, rea l izou-se 09

provas sensor ia ls , em Intervalos regulares, onde obteve-se médias para as ca rac te r í s t i cas de

aparência, odor, textura e sabor, praticamente iguais para as 04 formulações i n i c i a i s testadas.

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salvo nas real izações dos tes tes dos dias 14/11 e 17/12/85, onde as ca rac te r í s t i cas da aparência

e odor, cuja equipe de 05 provadores, deram notas que no t e s t e e s t a t í s t i c o de Student, fo i

s i g n i f i c a t i v o o n íve l 1%, conforme pode ser v i s t o na Figura 02. Todas as demais provas foram

não s i g n i f i c a t i v a s para todas as ca rac t e r í s t i ca s .

Para conhecer a aceitação do fishburger, efetuou-se uma prova sensorial cora estudantes

de pré-escolar com idade entre 3 a 6 anos, onde serviu-se o fishburger f r i t o , fazendo parte

de um cardápio constando de arroz com f e i j ã o , f e i j ã o , farinha, fishburger e suco de maracujá.

0 t e s t e fo i real izado com 104 crianças no turno matutino, cora a prova ocorrida entre 11:00

e 12:00 horas, onde foi servido 4,860 kg de fishburger cora 46,77 g de peso raédio por unidade,

o que produziu apenas 370 g de res to- lngesta , cora esse grupo obteve-se 92,38% de acei tação.

No turno vesper t ino, fo i servido a 112 crianças 5,970 kg de fishburger f r i t o , produzindo

400 g de resto- lngesta e a aceitação fo i de 93,30%.

0 método empregado para ava l la r a aceitação do fishburger fo i o índice de ace i tab i l idade

( I A ) , calculado de acordo cora as indicações precr i tas pela ΑΒΙΑ e preconizado por Jansen onde:

IA = peso do alimento consumido X 100

peso do alimento d is t r ibuído

Fez-se a comprovação do va lo r b io log ico do fishburger testando-se em ura grupo de ratos

brancos, recéra-desraaraados. Separou-se em gaiolas dois grupos de 05 ratos e se serviu para

um grupo, fishburger seca a 65°C e para outro, ração AVIMAZ0N A - 4 . Esta ração é coralmente

usada no Bio tê r io do INPA, para alimentar ratos . Para ambos os grupos, o alimento e água

foram servidos "ad l ib idum". Para e v i t a r desarranjo intes t inal se adicionou aos l o t e s , 2%

de f a re lo de t r i g o .

Nos primeiros d ias , o grupo de ratos alimentados cora fishburger, teve uma extraordinária

resposta era aumento de peso, para em seguida, entrar era acréscimo normal.enquanto o grupo

testemunha apresentou menor peso, recuperando-se no f inal do t e s t e , conforme pode-se v e r i f i c a r

na Figura 04.

b) Composição do Fishburger

Das v á r i a s e s p é c i e s de p e i x e t e s t adas ( v e r Quadro I I ) , somente o f i s h b u r g e r de

acará-açu (Astronotus o c e l l a t u s ) , f i c o u cora odor c a r a c t e r í s t i c o da e s p é c i e , reesrao

ass im, f o i bem a c e i t o p e l o s p r o v a d o r e s . I s t o nos permi te c o n c l u i r que a formulação

é s u f i c i e n t e m e n t e boa para quase todas as e s p é c i e s de p e i x e p o s s í v e i s de serem

u t i l i z a d a s na sua e l a b o r a ç ã o , i n c l u s i v e mis turas de algumas e s p é c i e s .

Cora r e l a ç ã o à gama de condimentos t e s tados (Quadro I I ) , chegou-se á conclusão

que das s u b s t i t u i ç õ e s e fe tuadas da formulação o r i g i n a l , a mais f a v o r á v e l f o i a de

fa r inha de t r i g o pela fa r inha de raacachelra e do toucinho defumado, p e l o c h e i r o v e r d e .

I s t o porque, o nosso c h e i r o ve rde é composto de c o e n t r o o qual contém 7.810 UI de

v i tamina A , a c h i c ó r i a 3.062 UI de v i tamina A , Ramos (1985) e a cebo l inha era fo lha

que tem 70 rang de r e t l n o l por 100 g , ENDEF ( 1 9 7 7 ) . Desse modo, a fórmula f i c o u assim

d e f i n i d a :

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Quadro 1 - Produção de pescado em Kg desembarcado no Estado do Amazonas.

E S P É C I E S 1 Θ 7 9 1 9 8 0 1 9 8 1 1 9 8 2 1 9 8 3 1 9 8 4 1 9 B 5 T O T A L

A R U A N A 727 134 617.454 519.470 399.736 596.030 576 444 703.381 4 141649

B R A N Q U I N H A 582 506 841 510 693.946 6 1 2 3 9 3 1 .133.007 871.718 1.252.914 5 987 904

C U R I M A T A 2.856.996 1.845.001 2.624.279 3.130.165 3.300 848 5.547.348 3.261651 22.566,288

D O U R A D O 240 537 483.063 769.591 220165 2 5 6 . 9 4 9 257 536 255 289 2505.150

F I L H O T E 0 190.513 63.316 61.588 30.640 46 202 102.514 494 773

J A R A Q U I 8.493 843 8.416.912 10.915.626 12626.675 12.740.209 12.407.622 9.424.743 75.025 630

M A T H 1 N X À 786658 179 154 672919 1 630.672 534 424 811 648 638.138 5.253.611

P A C U 1 .720 135 776.691 1.029.681 1.714.532 1.526.551 2 252 271 2 322 153 11 332014

P1RAÍBA 1 .179.356 1.034.760 620.113 1.565.131 1.541.138 513.139 213.414 6.667 051

P I R A M U T A B A 41.252 752.910 711.551 196.330 108.763 85.786 454.920 2.351.512

P I R A P I T I N G A 687.379 187.387 497.849 667 7C1 412.494 1.271,043 468.475 4.192.388

P I R A R U C U 1 143.527 696.029 801.795 908,919 731.954 1 751 237 299.050 6 332.511

S U R U B I M 107.961 555.670 349.021 221.006 180.179 214.388 192.573 1.620.798

T A M B A Q U I Θ637.304 6.909 795 5.882001 5.927.297 5 306.017 3677.175 4 567.207 40.956.796

T U C U N A R É 1.401.591 713.484 656.281 718.088 1.044 549 516 351 747,171 5.797.515

O U T R O S 3.611889 2.997.971 3.003 252 2.622 524 3702.378 2 . 9 1 9 . 8 8 0 3.490 059 22 347 953

T O T A L 32.270.063 26.988 324 29.830 691 33.222.982 33 148130 3 3 7 1 9 7 8 8 28.393 652 217.573 633

F O N T E : S U O E P l C O R E G - A M

P W * » S e m o r i o i t

8 -

7

6

5 -I

4 -

3 -

2 -

1

TRATAMENTO 1 ' A M M N C I â 1 = 000« 9 : T f X T U f t A 4 * S A B O R

Figura 1 - Média dos provadores por características versus tratamento.

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PONTOS

SENSORIAL / Ν 1 * Α Ρ Α R Ε Ν C I A

9

8

7

6

5

4

3

2 1

1 -

PONTOS SENSORIA! S - Φ

x>-

9 -

β -

7 -

6 -

5 -

4 -

3 •

2 -

1 -

— I 1 ! 1 1 1 1 1 Γ— 1 / t V M W » » Λ 0 7 / Π 14/11 29/11 5 /12 T7/I2 S A W

D U R A C A 0

. : A P A R Ê N C I A Δ Δ Δ Δ Δ , : S A B O R

- : T Q t T U R A X X X X X X X . - 0 0 0 R

V to/es

= S W N I F I C A T I V O A M I V B . Κ 1 · / ·

Figura 2 - Média cios provadores por características durante o teste de "vida prateleira".

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Quadro 2 - Cornposiçõo centesimal, número d e experimentos r ea t ados e espécies d e pescado utilizadas.

« — Ι t i i i i i i i i t ! ι I li ! ι II Sal 2,0 2.0 Z 0 2.0 2,2 2.0 2 0 2,0 2.0 2.2 2.0 1,0 2.0 19 2.0 1.5 2,0 1,5 1.6 2,2 2,0 1.5 1.3

Cabota 5.0 8,0 5.0 5,0 5,0 5,0 5 0 5.0 5,0 5.0 5,0 5,0 5,0 5.0 5.0 5.0 5,0 5,0 5 0 5.0 5,0 5,0 5,0

Qordura w g M i l hid.

3,5 3.5 3.5 3,5 5,0 10.0 10,0 10,0 - 5,0 4.0 5.0 5.0 5,0 3.5 3,5 3,5 3.9 3,5 4,0 3,0 3.0

r imer i ta d o ino

0,3 0,3 0.3 0,3 0.3 0 3 0 3 0,3 - 0.3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0.3 0,3 0.3 0.3 0.3 0,3 0.3

Touc inho defumado

1.0 • 1.0 - - - - - - * • - - • - - 1,0 - - 1.0 • -

Farinha da macach .

- - - 2,0 5.0 - - 5,0 - 5.0 2.0 3,0 3.0 3.0 3,5 3.0 3,0 3,0 3.0 3,0 4,0 4,0

O v o » (S0g/ unidade)

2/u 2/u - - 0.77 - - • - S/u SAi 2,5/u 2,2/u 4.8Λ1 4.5/U - * - 2 3/u - 3*1 3/u

Cheiro ward*

- 0.6 0,6 0.6 2,3 - - 3,5 3,0 2.0 0.Θ 1.5 1,0 0.5 • 0,5 • 1,3 0,5 - 0.0 1.0

Ou lnM -

A n o : 1085

Dia/MA* 3/10 3/10 3/10 3/10 4 . Ί 0 4/10 4/10 4/10 4/10 4/10 22/10 23/10 24/10 25/10 1/11 B/11 8/11 14/11 14/11 14 /11 20 /11 20711 2/12

M" d o experimento

1 2 3 4 5 6 7 8 β 10 1 1 12 13 14 15 16 17 16 10 20 21 22 23

Kg d e «àé da peixe

7,0 7,0 7,0 7,0 1.3 2,0 2.0 2,0 0,3 1,0 2,3 5,0 8.0 1 1 , 1 14.3 3,3 0,8 8,2 0.2 8.5 10.0 70 7,0

Kg d e Hahourger

125 125 125 125 50 70 115 46 - - - - - 134 128

* Ou t ro * , re ferem-»* a. l im i o, far inha d o arinl. farinha »urui, farinha de trigo, farinha do pupunha, farinha de p i o , aojo toxturizada, açúcar, colorou e mococheiro cozida

u : unidade

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— ι 1 1 1 1 1 1 1 1 — %/tO/K N / 1 0 2 5 / 1 0 7/11 14/11 29/11 B / t 2 1 B / 1 Z S / O l / I

D U R A Ç Ã O

ι A P A A £ N C I A Λ Λ Λ Λ Λ Λ Λ Λ S A B O R

X X X X X X X X O O O R T E X T U R A

— ι 1 1 1 1 1 1 1 I β / Κ ν β β M / K > 2 5 / » 7/11 14/11 29/11 β / β 1 7 / B S A I / M

0 U R A Ç A 0

* * - S l t - N i r i C A T I V O A 5 V .

Figura 3 - Média dos provadores por características durante o teste de "vida prateleira".

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D U R A Ç A O ( D i a s )

Figura 4 - Ganho de peso médio ( g ) em ratos cillmentados c o m fishburger seco e com ração A-4

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- F i l é de peixe sen pele (100% para base de cá lcu lo)

- Cebola

- Gordura vegetal hldrogenada

- Farinha de macachelra

87,8%

5.0%

3,0%

1,5%

1,5% - Sal

Pimenta do reino 0,2%

0,2%

0,8%

- Cheiro verde (coentro, chicór ia e cebollnha)

- Ovos 1/3 por kg de f i l é de peixe

c ) Composição centesimal do produto

- Umidade - 73,90 - 76,62

- Gordura - 3,70 - 6,33

- Proteína - 5,32 - 18,72

- Minerais - 0,28 - 2,18

- Carboidratos - 1,45 - 1,50

A composição média resultante das determinações dos diferentes l o t e s , comprovam o a l t o

va lo r p ro te i co , semelhante a composição do pescado, conforme mostrado acima.

0 preço de custo, variou de Cz$ 7,19 a 17,03/Kg. Embora nos custos de produção calculado

não tenha sido incluído o preço de energia e l é t r i c a , nem a depredação dos equipamentos, a

variação dos custos está diretamente relacionada ao preço do pescado. Por Isso que t eve -

se o cuidado de d i v e r s i f i c a r os experimentos com várias espécies de pe ixe , porque sendo o

pescado do Amazonas de produção sazonal, é necessário que seja aproveitado na elaboração do

flshburger, a espécie da época mais abundante disponível do mercado.

A nossa base de cálculo fo i para a espécie jaraqui e os preços foram calculados com

base mos meses de dezembro de 1985, j ane i ro e f eve re i ro de 1986, preços esses coletados

diretamente do despachante no barco de pesca, pelo setor de e s t a t í s t i ca do INPA.

Com relação aos condimentos, o que representou maior custo, fo i a cebola , seguindo-se

em ordem de grandeza, o ovo e o logo abaixo, a gordura vegetal hldrogenada. Os demais

condimentos tem custo relativamente baixo e não oneram a formulação, conforme pode ser v i s t o

no Quadro I I I .

0 estudo real izado para determinar qual o potencial de consumo de flshburger em Manaus,

foi muito supe r f i c i a l .

Quando verificamos as e s t a t í s t i ca s de importação de gêneros a l iment íc ios , (Quadro I V ) ,

constatou-se que, de 1983 para 1984, houve um acréscimo de quase 10 vezes na quantidade dos

produtos comest íveis , embora tenha se regis trado ura aumento menos acentuado de 1985, de quase

6 vezes . I s to pode ser bastante significativo, considerando que nesse mesmo período a população

d) Custo de produção

e ) Estudo do mercado

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t eve un acréscimo Ins ign i f ican te de apenas 0,2 vezes .

Em Manaus, a procura do fishburger ê relativamente boa, considerando ser um produto novo

e que nenhum Investimento em propaganda ainda fo i f e i t o , sua aceitação pode ser considerada

noma i , segundo Kot ler (1978) .

D I S C U S S Ã O

a ) Sobre o produto

Na rea l ização do p ro je to , efetuou-se 47 experimentos procurando adequar a formulação

a uma composição que não só fosse de menor custo, como também mantivesse as carac ter í s t icas

sensorials sem al teração s i g n i f i c a t i v a durante o armazenamento em f reeze r , além de todos os

condimentos serem facilmente encontrados no comércio de Manaus. I s to fo i conseguido e a

formulação r e fe r ida , apresentou médias suficientemente boas pela maioria dos provadores,

(Figura 1 ) , e teve custo mais baixo.

As mudanças efetuadas apôs a e l e i ção da melhor formulação do teste de vida de prateleira, foram resultantes das recomendações f e i t a s pelos provadores. Desse modo, multas formulações

estão tão parecidas que sempre se obteve um produto de boa ace i tação . Por i s s o , foi possível

comercia l izar o excedente da produção, não só a funcionários do INPA e pessoas de fora , como

também em lanchonete. Desse modo, as formulações mostradas no Quadro I I , são suficientemente

boas para produzir em fishburger razoável , quando o seu destino for o consumo imediato. I s to

não s i g n i f i c a d i ze r que, o produto não possa apresentar d e f e i t o quando congelado por um período

de tempo maior.

Quadro 3 - Custo de produção do fishburger de acordo com os componentes utilizados.

INGREDIENTES Qtde usada(Kg)

Valor Kg dez/85 Custo

Valor Kg/jan 86 Custo

Valor

Kg/fev86 Custo

Füé de Pescado sem pele 10.0 6,50 65,00 16.40 164.00 15.30 153,00

Cebola 0,50 6.00 3.00 7.00 3,50 9.50 4.75

Gordura Veg. Ndrogenada 0,30 5.00 1.50 5.00 1,50 5.00 1.50

Farinha da macaxeka 0.15 6.06 0.90 6.06 0.90 7.14 1.07

Sal 0.15 1.00 0.15 1.20 0,18 1.50 0,22

Pimenta mo ida 0,02 25.00 0,50 75,00 1,50 77.00 1.54

Cheiro verde (maço) 0,02 1,00 1.00 1,00 1.00 1.00 1.00

Ovoa (1/3, por Kg) 0.15 0,60 1.80 0.80 2.40 1.00 3.00

T O T A L 11,29 73,85 73,85 - 174,98 - 166.08

Preço p/Kg da Fishburger - 6,54 7,19' 15,49 17,03* 14,71 16.18'

* Inclui 10% referente a mão de obra, calculada com base no valor do salário mínimo regional.

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Quadro 4 - Importação de gêneros alimentícios nacionais em Kg. efetuados pela Zona Franca de Manaus. Valores em C I F.

Valor C T S 1,00

Gêneros Alrmnttcto» 1983 1984 1985

Qdade vetor Qdade Valor Qdade Vetor

Selsichas. satslchõe* β Mf lMnMl lM

802.619 799 050 2.299.518 3.004 280 915.553 6.957.340

Came da bovino cozida, «te. 103.978 2.182.611 2.269.740 4.677.880 27.323.184 12.997.452

Qualq outprep. · conserve da carne bovina

219.322 1.393 141 Ζ 763.055 4.918.631 8.864.218 7.250886

Cama da ovino colida (comod Mutton) « « f c

6 4.371 100 741 47.794 138.724

Qualq otApre a coni da cama da ovino

β 499 9 1.228

Pre moto de cama da suino 8850 71.250 590.082 582971 134.882 1.498.016

Fi»mora da cama da suíno 7.055 43.197 84.775 147.883 60.889 408.034

Quaiq.out.prep. a con ta rv i da cama da mino

151 12.867 28.931 113.798 6 284 87.984

C a m * da trance a geanh* am conaorva « 010 195.922 31.016 21.584 204.148

Cama da peni e m conserva 99 588 2.229 828 9.238

P*sto<pa») da «gado da galnha

72 68 12169 98 1.517

Pa*la(pal6) da Β9·*3 da ganso 4 88

Qualquer oMta pesta(palt) 1.624 5423 25.803 67.975 764 23.184

QuWas preparações a conservas da camas

003 54.265 5.828 12.310 211 1.314

Exímio da cama 744 10.470

Extrato de peixe 14 499

Preparações e conservas de alum

487 1.348 746 4.676 4.Θ53 116.778

Preparações a conservas da bonito

501 14.538

Preparações o conservas da tarnêo

3 101 1 350 10.852

Preparações a conservas de sardinha

63.416 447.335 2.677.217 1.662.858 24.498.322 4.791.901

Preparações e conservas de anchova

4 76 3 39 117 66.818

Preparações e conserva* de outros peixes

60.978 96.101 1.371.923 63.982 19.890 147.302

Camarão preparado ou em conserva

21 7.235 3894 65.194 2.310 86.436

Qualquer outro molusco prop ou em conserva

20 71 65.116 128

Outras não e*peci*e»da 8.721 79.160 102237 201045 10.050.912 1.678.917

Preparações e conservas de cav ia re t/suce.

2 6.330

Carne da bovino cai«5a * congelada

30 2891

Caranguejo e ski prep, ou em conserva

2 111

Qualq. outro crustáceo prop ou em conserva

15 131

T O T A L 1.278 108 5.311.111 12.430.455 15.556.190 72 020.221 36.477.692

F O N T E : U U FUCAPVSUFRAMA: RSEI 610A

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6 0 J

Figura 5 - Média das pontos sensoria is d e todos os provadores dos experimentos, por características degustadas.

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Na formulação f i n a l , poderá ser efetuado modificações que não alterem a palatabi1 idade

do produto, como por exemplo, substi tuir a gordura vegetal hidrogenada por margarina ou banha

de porco. A farinha de macaxelra, por farinha de t r i g o . Até mesmo o cheiro verde, por toucinho

defumado, com re l a t i va melhoria ao sabor, porém com uma razoável elevação do custo.

No estudo da vida de p ra t e l e i r a , as provas sensorials foram real izadas em horário

proximo às re fe ições de acordo com as recomendações de Larmond (1984) evitando-se que o provador

por estar com o estômago cheio , emit isse opinião i r r ea l relacionada a seu estado de repressão

estomacal. Por outro lado, teve-se o cuidado de sõ u t i l i z a r na equipe, pessoas que normalmente

consomem pe ixe . Desse modo, f o i selecionado para apuração dos resultados uma equipe de apenas

05 provadores que efetuaram todas as provas durante o estudo.

A comprovada aceitação do fishburger por crianças da faixa e tá r ia de 3 a 6 anos, f o i

constatada ao efetuarmos a prova cora 116 crianças da escola Abellnha do bairro do Coroado,

as quais, consumiram . . . 10,830 kg de fishburger f r i t o . Através desse t e s t e , obteve-se a

média de 93% de acei tação, em dois turnos. Cora I s so , abre-se mais uma a l te rna t iva para o

aproveitamento do pescado na raerenda escolar dos amazõnldas.

A apuração do resultado fo i baseada na prova servida aos estudantes que, apôs a r e f e i ç ã o ,

o res to- lngesta , fo i pesado. Esse método de medir a aceitação dos alimentos através de prova

sensorial medindo o res to- lngesta , está de acordo com as normas do ENAE do Minis té r io da

Educação (1982) .

A di gest ibi1 idade do fishburger pode ser comparado â do pescado. I s to se v e r i f i c a na

Figura 4 , onde os ratos alimentados com esse produto obtiveram ura excelente desenvolvimento,

comparado com balanceada, a qual fo i servida ao grupo testemunha.

A espécie de peixe em que se concentrou os experimentos fo i o ja raqui , cora ela se efetuou

os estudos de rendimento relacionados às reédias aritméticas e peso,os quais estão mostrados

na Figura 5. Embora a variação do rendimento era f i l é possa sofrer osci lações cora o tamanho,

sexo (estado de desenvolvimento gonadal) e mais a experiência do operador era t ra ta r o pescado.

Para cá lculo era proje to econômico, na prát ica , é usual considerar que 100 jaraquls produzem

apenas 10 kg de f i l é sem pe le .

0 produto elaborado de pescado cora espinhas na carne foram bem ace i tos , porém a espécie

acarã-açu ( apa i a r i ) Astronatus occelatus, apresentou notável odor de pe ixe , o qual caracter iza

o sabor dessa espécie . Is to demonstra que a formulação u t i l i zada , poderá ser ajustada na

concentração dos Ingredientes , para que o fishburger produzido com essa espéc ie , deixe de

apresentar o sabor da mesma.

A composição centesimal do fishburger é variável cora a quantidade de gordura e umidade

que apresenta a espécie da qual é elaborado. Por outro lado, a umidade varia também quando

o pescado é conservado era f r i g o r í f i c o por longo tempo. Desse modo, a adição de água e gordura

nessa formulação, para que seja balanceada, deverá ser baseada na composição centesimal da

espécie que esteja sendo processada.

Ura aspecto bastante importante sobre a sanidade do fishburger está relacionada com a

carga bacterlana.

0 pescado j á possui na superf íc ie do corpo e nos órgãos Internos uma gama muito grande

de bactér ias , principalmente pseudoraonas, aerobacter e moraxella, sendo as mais Importantes

para peixes de água doce t r o p i c a i s , aquelas pertencentes ao grupo das pseudoraonas e aeromonas

que, por estarem presentes nos seus órgãos Internos, contaminam os peixes de água doce, Santos

(1981), Lei tão (1985).

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Era nosso estudo pode-se constatar que a maior contaminação bacter io lógica do jaraqui ,

está na cavidade interna, porque quando se f i l e tou o pescado com faca asséptica e não se atingiu

a cavidade abdominal do pescado, a contagem tota l das bactérias fo i bem menor e inclusive

f o i negativo no exame para c o l i formes f e c a i s .

Desse modo, ê conveniente que todo trabalho de filetagera do pescado seja f e i t o em local

próprio e que as facas sejam lavadas a cada f i l é r e t i r ado , bem como os f i l é s devem ser

Imediatamente lavados com água cor rente .

Os estudos para determinar a aceitação do produto foram realizados no INPA.

Desse modo, considera-se o fishburger como produto de futuro e que não precisará grande

Investimento em propaganda, para entrar no hábito alimentar de nossa geração.

Durante a comercialização do fishburger, ve r i f i cou - se que os custos referentes aos meses

de dezembro de 1985, bem como jane i ro e f eve re i ro de 1986, foram de Cz$ 6,54; Cz$ 15,49; Cz$

14,71 respectivamente. Considerando que 10 kg de f i l é de pe ixe , produz 11,29 kg de fishburger

o qual potencialmente o mercado consumidor pagaria, àquela época Cz$ 30,00 ( t r i n t a cruzados);

com base nestes v a l o r e s , foi possível relacionar com os preços no varejo de hamburger de carne

bovina, que nessa época em Manaus, estava custando Cz$ 44,00/kg (dezembro de 1986). Portanto

o fishburger com uma margem de lucro média aparente de cerca de Cz$ 25,00 por quilograma,

ainda poderia ser comercializado a preços in fe r io res ao hamburger.

Por I s so , deduziu-se que o investimento poderá ser v iáve l na reg ião , desde que a oferta

de pescado permaneça nos índice em que foram calculados e que não f a l t e os recursos incentivados

pelo Governo para o desenvolvimento das mlcroerapresas j á preconizadas I PND (1986-1989).

No entanto, deve ser dado especial atenção aos aspectos técnicos e de saúde pública,

porque um produto semi-acabado como o fishburger, poderá se de te r io ra r rapidamente quando mal

conservado ou a qualidade deixar muito a desejar , colocando em r i sco a imagem do produto,

por f a l t a de controle de qualidade, uma vez que a f lo ra bacterlana própria do pescado, ê alta

e , por mais cuidado que se tenha, nunca será possível ev i t a r a completa contaminação do f i l é .

b ) Estudo da embalagem

No decorrer dos experimentos vár ios modos de acondiclonamento do fishburger foram

tes tados . Para e f e i t o dos estudos l abora to r i a i s , a embalagem ut i l izada fo i pacote de 05

unidades sobrepostas separadas inicialmente por papel t i po "man te iga" e finalmente por

p l á s t i co transparente, envolvido em papel t i po embrulho e congelado.

Posteriormente se estudou a embalagem a vácuo em várias formas e com 3, 4 , 5 e 6 unidades

por pacote, u t i l izando-se filme p lás t i co de p o l i e t i l e n o de 20 e 30 micra, res is tentes a umidade.

Porém essa embalagem se mostrou inconveniente pela aderência ocorrida entre uma umidade e a

outra I n f e r i o r , além desse processo encarecer muito um proje to dessa natureza.

Desse modo, chegou-se à conclusão que a melhor embalagem para o fishburger é a caixa

de papelão, j á usada na embalagem do hamburger ou a bandeja t i p o "Spuma-pac", para ser

envolvida cora filme p l á s t i co terrao-encolnível, como j á se encontra no comércio.

Deve ser orientado aos interessados que mesmo nessa embalagem tem que usar o papel

Impermeável ou p l á s t i co , para separar as unidades dentro das caixas ou bandejas.

c ) Estudo de mercado

Para caracter iza melhor o fishburger como ura novo produto, pode-se basear nas informações

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de Gerlach (1970) , que diferencia un novo produto a nível de companhia ou a n íve l de mercado.

Considera que o produto pode ser novo para a companhia e nSo para o mercado ou pode, ser

const i tuído de um tamanho d i fe ren te , uma nova embalagem, uma forma f í s i c a , uma versão melhorada

de ura produto exis tente ou ura produto realmente inédi to e conclui dizendo: "uma idéia nova

cora v i a b i l i d a d e de desenho, de produção econômica, de mercado ou entSo na diferença

p r iv i l eg iada com relação aos produtos j á e x i s t e n t e s " , o que achamos ser o caso do fishburger,

pois além da adequaçáo da formulação, será necessário produzir até o desenho da embalagem.

CONCLUSÃO

a ) A fabricação de fishburger na região amazônica é v i á v e l , u t i l izando-se pescado de

água doce que apresentam espinhas no f i l é .

b) A formulação pesquisada f ica estável congelada em freezer por a té 03 meses, sen

a l t e ra r suas carac te r í s t i cas sensor ia ls .

c ) 0 custo de produção fo i nininizado para as condições l o c a i s , sen con isso afe tar

a paiatabll idade e aceitação do produto o r i g i n a l .

d) A aceitação de 93% por criança, poderá pe rn l t l r a inclusão no cardápio da merenda

e s c o l a r .

e ) A fabricação de fishburger a n ível artesanal e de ni ni-empresas deve ser fomentada

na Amazônia, para isso deve e x i s t i r Incentivos governamentais e orientação adequada.

SUMMARY

W i t h a n a im toward ut i l iz ing t h e la rge production potential o f smal l f r e s h w a t e r f i sh w i t h

boney fish m e a t , 47 experimente w e r e conducted with different f i s h b u r g e r preparations. Dif­

ferent f i sh spec i es w e r e t e s t e d w i t h a panel o f t e s t e r s f o r f l avo r , sme l l , texture and f ina l

product appearance. These same characteristics were also tested after freezing for three

months. T h e f o r m u l a w i t h a s c o r e a v e r a g e a b o v e f ive w a s made up of òl,ÒX f i sh m e a t . A m o n g

1ΐ6 children tested between ages four and s ix , t h i s formula had a 9 3 % acceptance level. Food conversion efficiency was tested using rats and w e i g h t g a i n s s im i la r t o t h o s e o f balanced ration were found.

AGRADECIMENTOS

0 autor deseja expressar seu agradecimento ao aporte f inanceiro da FIPECq B/B e SUFRAMA, bem como à nutr ic ionis ta Dionísia Nagaharaa pela ajuda na prova sensor ia l , à farmacêutica Eva

Batista da Si lva pelas análises microblolõgicas e â equipe de provadores do INPA.

R e f e r ê n c i a s b i b l i o g r á f i c a s

A.O.A.C. - 1975 Methods of Analysis of Association Official Agricultural Chemists. 12° ed. Washington D.C.

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M a c o v i t c h , J . - 1 9 8 3 . A l g u n s a s p e c t o s d a s i n o v a ç õ e s t e c n o l ó g i c a s d e i n d ú s t r i a d e a l i m e n t o s . R e v . I A / U S P , o u t / n o v . 1980 . I n : S a r m e n t o , E . P . M a r k e t i n g de T e c n o l o g i a : um e s t u d o d e c a s o s o b r e o d e s e n v o l v i m e n t o e t r a n s f e r ê n c i a d e n o v o s p r o d u t o s de uma I n s t i t u i ç ã o d e P&D p a r a e m p r e s a s . T e s e ( M S c ) . U F R J . \

M i n i s t é r i o da A g r i c u l t u r a - 1 9 8 1 . M é t o d o s a n a l í t i c o s o f i c i a i s p a r a c o n t r o l e d e p r o d u t o s d e o r i g e m a n i m a l e s e u s i n g r e d i e n t e s . LNARA, B r a s í l i a - DF.

M i n i s t é r i o da E d u c a ç ã o - PNAE ( P l a n o N a c i o n a l d e A l i m e n t o s d o E s t u d a n t e ) . - 1 9 8 2 . M é t o d o s p a r a a c e i t a ç ã o d o s A l i m e n t o s . M a n u a l d e C o n t r o l e d e Q u a l i d a d e

d o s A l i m e n t o s . I . N . A . E .

P e a r s o n , D. - 1 9 7 3 . L a b o r a t o r y t e c h n i q u e s i n f o o d a n a l y s i s . London , John W i l l e y & Sons ( e d s . ) .

P r i m e i r o P l a n o N a c i o n a l d e D e s e n v o l v i m e n t o da Nova R e p ú b l i c a - 1 9 8 6 - 1 9 8 9 . B r a s í l i a , n o v . 1985 . 202p .

Ramos, D. Μ. R . & Amava, D. R . - 1985 . C o m p o s i ç ã o d e c a r o t e n o i d e s e v a l o r d e v i t a m i n a A d e h o r t a l i ç a s f o l h o s a s em f u n ç ã o d o e s t á g i o d e m a t u r a ç ã o . V i l i CBCTA. I t a b u n a -BA. L i v r o d e R e s u m o , p . 6 9 .

S a n t o s , C . Α . Μ. L . - 1 9 8 1 . Q u a l i t y c h a n g e s i n i c e d a m a z o n i a n f r e s w a t e r c a t f i s h ( B r a c h y p l a t y s t o m a v a r i a n t i ) . FAO. V i e d e l l e t e r m e d i c a r r a i a .

Z u c a s , S . M . & L a j o l o , F . M. - 1968 . F r a s c o d e d i f u s ã o p o r i s o l a m e n t o d e p e q u e n a s q u a n t i d a d e s d e f l u o r . R e v . F a c . F a r m , e B i o q . d a U S P , 6 ( 1 ) : 3 3 - 4 4 .

(Ace i to para publicação en 22.10.1990)