Fichas De Poesia
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Transcript of Fichas De Poesia
“A BOLA AMARELA”Raquel Delgado
O sol é uma bola amarela
Que gosta das rosas,
Que gosta do mar,
E da primeira andorinha
Que possa voar
O sol gosta de mim,
O sol gosta de ti,
O sol gosta de todos os meninos
Que vê a brincar
“HOJE É NATAL”Maria Aurora
- Mamã, rasguei o vestidoNão ralhes comigo, Porque hoje é Natal !
- Papá desenruga a testa,Vá, faz-me uma festa,Porque hoje é Natal !
- Avô larga o teu bordãoDá-me a tua mão,Porque hoje é Natal !
- Bebé, eu dou-te o leitinhoNão faças beicinho,Porque hoje é Natal !
- Amigo enche a tua cestaDe maças, de figos e bolos,De ternura aos molhos,Vem comer connosco,Porque hoje é Natal !
“O VERDE”M. Alberta Menéres, António Torrado
Eu sou o verde,Vim de um arco-íris e escorregueiPor dentro de uma gota de chuva.O céu era azul e a terra amarela, E deles nasci.Andei à cata de coisasE poisei num cacto do deserto.
De mar em mar, De lagarto em rã, Descobri esmeraldasE abri olhos de gatos.Andei de gatas, rasteirinho,Pela terra de gafanhotos novos,Da salsa, das nabiçasDa alface, da hortelã.Fiz-me caldo verde,Fui à mesa, escondido no verde das garrafas.Dei-me a cheirar nos manjericos.Espreitei pelas persianas e vi os carrosPassarem quando eu mandava.Mostrei-me nas bandeiras.Subi às alturas na hera dos muros;Nos limos, nas algas, desci às funduras.Viajei muito, colecciono tudo:Penas de papagaio,Berlindes,Ervilhas,Trevos de quatro folhas,Moedas desenterradas,Umas vezes sou velho, outras vezes sou novo.Tanto posso desapontar de uma erva escondidaComo posso secar numa folha caída.
“PINTAS COM TINTAS”
Fiz uma pintaCom tinta.Pintei o sol, Pintei o marE todas as coisasQue possas pensar.Uma pinta amarela – o sol.Uma pinta verde – o mar.Uma pinta vermelha – o morango, Que te dei para merendar.Agora é a tua vez,Tens de ser tua a pintar.Uma pinta rosa – a violeta.Uma pinta escura – o gavião.Com pintas de muitas cores
Tu pintas um coração.
“VERMELHO”M. Alberta Menéres, António Torrado
Eu sou o vermelhoE sei o que queroHá quem me chame encarnadoMas eu gosto maisDa cor do meu sangue.Não só nas flores existo,Ouçam o que diz a Joaninha:- Falem em mim, em mim.- E então eu ? – alvoroça-se o rabanete.Parte-se a melancia desesperada:- Não se iludam, não se iludamOlhem-me para o coração !Contemplo-os a todosSão o meu território,O meu mundo.Mas o que seria eu sem eles ???
“AMARELO”M. Alberta Menéres, António Torrado
Tenho muitos inimigosCaluniam-me; Insinuam-me:“Que seria do amarelose não houvesse o mau gosto ?”Fico amarelo de raiva.E agora que nesta tribuna, Tenho a grande oportunidadeDe os desmascarar, Só lhes grito na minha voz clara:- Gema;- Sol;- Ouro !!!Com estes argumentos os desfaço!
“XADREZ”Sidónio Muralha
É branca a gata gatinha,É branca como a farinha.
É preto o gato gatão,É preto como o carvão.
E os filhos, gatos gatinhos,São todos aos quadradinhos.
Os quadradinhos branquinhosFazem lembrar a mãe gatinha,Que é branca como a farinha.Os quadradinhos pretos,Fazem lembrar o pai gato,Que é preto como o carvão.
Se é branca a gata gatinha,E é preto o gato gatão,Como é que são os gatinhos ?
Os gatinhos eles são,São todos aos quadradinhos !!!
“MENINA VESTIDA DE NOITE”M. Rosa Colaço
Menina de preto
Tão triste! Tão nua!
Corpinho de fome
Olhinhos da lua
De lua de luto
Da lua de dó
Menina de preto
Tão triste! Tão só!
Menina, menina
Tão rica de nada
Dá a tua mão
De flor desfolhada
Dá-me a tua mão
Anda a ver a vida
Menina calada
De preto vestida.
“CONSULTA”Maria Alberta Menéres
Um senhor doutor
Colheu uma flor
Para pôr ao peito
E todo vaidoso
Foi para o consultório
Muito satisfeito!
Chegou um doente
E disse o doutor:
Eu tenho uma flor!
Eu tenho uma flor!
E disse o doente:
Eu tenho uma dor!
Eu tenho uma dor!
“INSECTO”Alice Gomes
A lagarta comia
comeu
comerá
a polpa doce de uma bela pêra.
Já farta de comer, de digerir
Procurou uma fresta para dormir.
E dorme
Dormirá
Dormiria
Tanto de noite como em pleno dia.
Durante o sono mudou forma e cor
Já não parece bicho mas flor.
“O PIRILAMPO”
M. Rosa Colaço
Nos dedos da noite
Sou uma lanterninha
Pareço uma estrela
Que viaja sozinha.
Nas horas serenas
Cheias de calor
Eu pouso nos ramos
Na terra e na flor.
E vivo contente
Com a minha sina
Basta-me esta luz
Mesmo pequenina.
É tudo o que espero
Não peço mais nada:
Ser o sol que baste
Para a minha estrada.
“PEIXE NO AQUÁRIO
M. Rosa Colaço
Que tristeza a vidaNa casa fechadaCom búzios fingidosCom areia pintada.
Que saudades do ventoQue saudades do marQue saudades do solDa água a cantar.
Que raiva ser peixeEm sala de genteTudo o que é igual Deixa-me doente.
Era melhor um anzolEra melhor uma redeOs dias sem aventuraNão matam fome nem sede.
Partam a caixa de vidroTirem a postiça paisagemDeixei-me ao mesmo espaço
Para a última viagem.
“MARSUPIAL”Alice Gomes
Ó mamã canguru,
Tens tanta sorte!
Escusas de juntar,
Como qualquer mamã mulher,
No seu baú
Camisas,
Casaquinhos,
Fraldas,
Mantas,
E tantas
Tantas peças de agasalho
Que dão tanto trabalho
A coser,
A lavar,
A remendar !!!
“O PIRILAMPO”
Ontem por trás da janela
Vi a brilhar um farol
Pensei: “Que luz é aquela
Que não é lua nem sol ?”
Luzia no parapeito
A pequena faísca
Vi então um pirilampo
A acender o pisca-pisca.
“O GALO”
Eis sua excelência
O senhor D. Galo!
E as galinhas todas
Vão cumprimentá-lo!
Revirando o olho
Sacudindo a crista,
O galo vaidoso
Só quer meter vista.
Mas os fanganotes
Fazem ar de gozo:
Não ligam nenhuma
Ao pretensioso !!!
Sugestão: Apresentação da poesia no flanelógrafo.
“JOANINHA “AVÔA-AVÔA” “
M. Rosa Colaço
Joaninha pequena
Pousada no malmequer
Pergunta àquela menina
Que coisa quer ela ter
Menina ! Minha menina
Do saiote de riscado:
Queres um palácio de oiro
Ou um anel encantado ?
Só queria ser como tu
Só queria ser uma flor:
Nada quero Joaninha
Nada quero meu amor !!!
“ BICHINHO DE CONTA”
Maria Rosa Colaço
Debaixo da pedra
Mora um bichinho
De corpo cinzento
Muito redondinho.
Tem medo do sol
Tem medo de andar
Bichinho de conta
Não sabe contar.
Muito redondinho
Rebola no chão
Rebola na erva
E na minha mão.
Rebola e é bola
E não sabe saltar
Bichinho de conta
E não sabe contar.
“BURRINHO MANSO”
Maria Rosa Colaço
Ó burrinho manso
Da velha cantiga
Teus olhos são aves
Que o céu não abriga.
Pudesse ser eu
Como tu, burrinho !
Parado, calado,
No campo sozinho.
E passar as noites
Como as madrugadas
Rindo para as flores
Ao sol desfolhadas.
Que história mais linda
A deste burrinho
Parado calado,
Tão manso e branquinho !!!
“RATINHO TONTO”
O ratinho tonto
Nunca olha para o chão
E a toda a hora
Dá um trambolhão
No degrau da escada
Deixou um patim,
Pôs-lhe um pé em cima...
Plim, pim, catrapim !
Não será tolice
Colocá-lo
Outra vez ali
No mesmo lugar ?
“QUERES IR À LUA ?”
Alice Gomes
Cabrito
Bonito
Saltito
Saltão
É um brincalhão.
Trepa ao penedo, sem medo
Corre pelo monte,
Corre pela pradaria,
Esquece o sustento
Não pensa na fonte,
Porque bebe vento
E come alegria.
Dá saltos tão altos
Parece que flutua.
Tantos sobressaltos
Dá a mãe aflita
Que ela chora e grita:
Oh ! Filho Meu!
Mas que ousadia a tua!
Pois queres subir ao céu ?
Queres ir à lua ?
“A ARANHA TECEDEIRA”
Fia, fia a tua teia.
Tece, tece aranha feia !
Trabalhas e não descansas,
Enquanto as moscas bailando
Só querem festas e danças.
Aí delas, se distraídas
Vierem cair na rede
Que tecestes na parede !!!
Sugestão: cada criança terá um fio de sua cor vão-se cruzando
até obter uma teia colorida (para crianças mais velhas)
“ERA UMA VEZ...”
Sidónio Muralha
Era uma vez...Uma cabrinha MontêsQue tinha Um rabinhoCurtinhoE quando saltavaO rabinho abanava
E girava, giravaO rabinho curtinho!
Por isso, eu chamavaChamava a cabrinhaA cabrinha montês:Rabinho, rabinhoDe ventoinha !!!
E a cabrinha gostavaE o rabinho giravaE toda a gente chamavaChamava a cabrinhaRabinho, rabinhoDe ventoinha.
Era uma vezEra uma vezUma cabrinha Montês.
“BONS AMIGOS”Sidónio Muralha
O esquilo diz ao coelho
A quem faz muitas partidas:
- Você já se viu ao espelho ?
Mas que orelhas tão compridas !
Amanhã vindo da escola
Eu trago-lhe uma cartola !
- Meu caro muito obrigado.
Responde o outro, eu não digo,
Pois sou coelho educado,
O que penso do meu amigo...
Mas se dissesse, diria:
“Um rabo assim enrolado
é francamente mania !
Eu vou gastar dez tostões
Para lhe dar uns calções.”
Pôs-se o coelho a pular,
Riu o esquilo às gargalhadas
E lá foram passear
Como dois bons camaradas.
“O DENTINHO”
Maria Isabel Mendonça Soares
Já sabem ? Caiu-me um dente !
Um destes aqui da frente.
Pareço mesmo um velhinho...
Foi este dente o primeiro.
Mas o meu pai ensinou-me
Que o pusesse atrás da porta
Para que de noite um ratinho
Me desse em troca um dinheiro.
Assim fiz. Hoje acordei
E encontrei no seu lugar
Uma moeda a brilhar !
Tenho muitos outros dentes
Que ainda faltam cair.
Portanto se multiplico
Os dentes pelas moedas
Daqui a pouco estou rico !!!
“DIREITA E ESQUERDA”
Esta mão é a direita
A esquerda é esta mão
Com esta digo que sim
Com esta digo que não
Levanto a direita ao céu
Aponto a esquerda p’ro chão
Agora que já as conheço
Já não faço confusão !
“SOMBRA”
Álvaro Feijó
O sol
Põe na parede, a sombra do seu corpo pequenino
Que já fazia sombra
E que o menino
Descobriu.
Erguendo o braço
Quis tocar a sombra
Mas a sombra fugiu !!!
“CONVERSA DOS DEDOS”
Querem saber os segredos
Que em conversa ouvi aos dedos ?
Fala o maior, mais pimpão:
Tenho fome, quero pão.
Responde o polegar: Não há !
Mas deixa estar Deus dará !
E o dos anéis que é medraço:
Pede-se a alguém um pedaço
Ou furta-se, ainda é melhor
Lembra mais o indicador !
“ PORQUÊ ?”
Quando construo uma torre
Uma ponte ou coisa assim
Dizem-me: ”Está muito linda!
Mas é preciso arrumar
Todos os cubos no fim !”
E ninguém diz ao meu pai
Para arrumar a papelada
Que ele deixa no escritório
A toda a hora espalhada !
“A GAIVOTA”
É noite.
À noite os barcos dormem.
Dormem os barcos
E dormem as conchas.
Mas uma gaivota de vestido branco
Que não tinha sono
Andava a voar
Por cima do mar
E olhava para a noite,
Olhava para o mar,
E poisou num barco
À espera que acordasse o sol.
“O FOGÃO DA MINHA AVÓ”
Quando a minha avó
Vem cá de visita
O espanto que faz !
- Que coisa bonita
Um fogão a gás !
Volta-se um botão...
E é uma beleza !
Pão de ló ou empadão
Estão prontos a pôr na mesa !
Mas quando vou eu
A casa da avó
Todo o espanto é meu.
- Que lindo fogão !
Preto e luzidio como o alcatrão!
E o calor que espalha
O lume encarnado
Dentro da fornalha !
Avó nunca venda
Este meu fogão !
“COMBOIZINHO”
Matilde Rosa AraújoComboizinho, aonde vais ?Pouca terra ! Pouca terra !Uh!...Uh!...São cavalos a correrE as meninas a aprenderE uma bandeirinha no cais.Comboizinho, aonde vais ?Pouca terra ! Pouca terra !Uh!...Uh!...São cavalos a correrE as meninas a aprenderComboizinho que aflição!Se achas que a terra é pouca, Pára a corrida louca.Eu já não posso parar,Nem mesmo na estação,Dá-me a tua mão, Vamos ver, Os cavalos a correrE as meninas a aprender,Nos campos,Na escola,Sem livros,Nem sacola,Vamos dizerQue a terra é pouca,
Para esta corrida louca.Vamos dizer,Que não podemos parar,E os cavalos a voarE as meninas a sonhar.Uh!...Uh!...
“A ESTRELINHA”Sidónio Muralha
Eu vejo do meu quarto de dormir,
Uma estrelinha
Miudinha,
A luzir...
Mas se o sol é tão grande
E tanto brilha,
A estrelinha miudinha
É certamente sua filha.
E enquanto o pai sol
Enorme,
Dorme,
Ela vai passear
Todas as noites...
Quando o pai sol acordar
A estrelinha miudinha
Leva açoites
E vai-se logo a deitar !!!
“PAZ DE MUSGO VERDE”
Maria Rosa Colaço
No seu mundo de erva fresca
Dona lagarta verdinha
Mastiga couves e sol
E sente-se uma rainha
Rainha de corpo verde
Do prado verde rainha
Mastiga couves e sol
Dona lagarta verdinha.
Tua paz de musgo verde
Teu manto de princesinha
Que mos dera. Que mos dera!
Dona lagarta mansinha!
“UM CÃO”
Maria Cândida Mendonça
Conheci um cão,
Que falava,
Que escutava,
Que cantava,
Que brincava,
Que ladrava,
Que fazia o pino,
E que era um grande dançarino.
Que jogava à bola,
Que perdia,
Que ganhava,
Que estudava
E que andava comigo na escola.
E que tal ?
Era ou não uma perfeição de cão ?
Não acreditam ?
Não faz mal
Era um cão de imaginação !!!
“BRINQUEDO”
Miguel Torga
Foi um sonho que eu tive
Era uma grande estrela de papel
Um cordel, e um menino de bibe.
O menino tinha lançado a sua estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão,
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel,
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
“UMA ESTRELA NA MÃO”
Miguel Bernardes
Com guache
E aguarela
Pinta-se uma estrela !
Mas o melhor
É ir à noite
Olhar o céu
E vê-la...
Ou até subir
Subir ...
Subir lá acima
E pegar nela !
“SIM ? NÃO?”
Patrícia Joyce
Sim, não, sim, nãoEsquerda, direita, no cimo, no chãoSim, não, sim, nãoGrande, pequeno, gigante, anão.Sim, não, sim, nãoO sol e a noite, a luz e o carvãoSim, não, sim, nãoAqui, acolá, no cimo, no chão Sim, não, sim, nãoMenino risonho, menino chorãoSim, não, sim, nãoAqueles que tiram, aqueles que dãoSim, não, sim, nãoBurrinho a trotar e um foguetãoSim, não, sim, nãoCastelos no ar e vento suãoSim, não, sim, nãoDuzentos à hora, carrinhos de mãoSim, não, sim, nãoO rio Nabão, a serra MarãoSim, não, sim, não
Para o balance, dá-me a tua mão.Vamos acabar com esta confusão.
“O PASSEIO”
Vou passear a bonecaPassa por mim muita genteDou os “Bons-Dias” a todosQue vejo na minha frente.Ensinou-me a minha mãeQue era boa educaçãoMas sorrir e dar “Bom-Dia”Não custa nada, pois não ?!
“O CARRINHO”
O vendedor ambulanteVende muitas coisas boasNo Verão compro-lhe geladosE só gasto cinco coroas.De Inverno compro castanhasQuentinhas, enfarruscadas.No resto do ano, enfim,Pevides e amendoim.Gosto muito deste amigoQue encontro pelo caminhoE às vezes penso comigo:“Quem me dera o seu
carrinho !”
“A ESCADA ROLANTE”
Ando nas escadas rolantesQuando vou ao armazémUma sobe, a outra desceLeva a gente num vaivém !
Se pudesse ali ficavaToda a tarde a divertir-me,Porque uma escada que mexeÉ melhor que o chão firme !
“O URSO VELHO”
Ai tantos brinquedosNovinhos em folhaQue o Zé recebeuDifícil a escolha !
Mas adormecidoO Zézinho abraçaO seu urso velhoRoído de traça.
“O RAMALHETE”
Foi apanhar o junquilho
Lindo amarelo-doirado
E miósotis azuis
Que havia à beira do prado.
Mais uma florinha branca
(que não sei que nome tem)
Juntei-as num ramalhete
E vou dá-lo à minha mãe.
“MIMI BONECA”
M. Alzira P. Machado
Bolas de sabão
Vivos a brilhar
Seus olhitos dão
O ar de falar.
Curva, leve, o rosto
Parece sorrir
Um ar tão composto
Será a fingir ?!
É capaz ainda
De “mamã” dizer
E a palavra linda
Parece entender !!!
“O GATINHO”
- És muito pequenino aindaPara andares à beira do rio !Disse a mãe gata ao gatinhoO chão é escorregadio !
Mas o gatinho travessoNão vez caso do que ouviaCatrapus ! Caiu à águaMiau ! Miau ! Ai que água tão fria !
“TRÊS LEÕZINHOS”Três leõzinhos na tocaNum dia de vendavalDiziam uns para os outros:
- Que é aquilo ? Um animal A rugir mais do que nós
Com um barulho que atordoa ?- Não. É o vento velozQue parece um leão feroz.Respondeu a mãe boa.
“A LUA”Oh ! Quem me dera saberSe na lua haverá ratos!A lua cheia é um queijoMas em cada noite a vejoCom um bocadinho a menos !Se os ratos a vão roendo, Qualquer dia os astronautasSe quiserem lá voltarJá não encontram nenhumaOnde possam alunar !
“A LUA CURIOSA”Penso muita vezQue a lua é curiosa:Acorda de noitePara nos espreitar.Mas não ganha nadaPorque a essa horaEstá tudo a dormirE a ressonar.E será talvez,Por essa razão,Que às vezes de diaEla nos espia,
Despotada e fria !!!
“VIAGEM”Sidónio Muralha
De uma casquinha de nozDe cinzento pintadaSai a voz bem afinadaDa formiga que cantaCanta Esta cantiga:
Quando o Senhor VentoAssoprarO meu barquinho cinzentoVai navegar !!!
Barquinho cinzentoCinzento é eleMas coisa engraçadaTem a chaminé de vermelho pintada.
Tem a chaminé deVermelho pintadaQue vai navegarQuando o Senhor ventoAssoprar.
Meu barquinhoA duas coresCarregadinho De flores.
DepoisA formiga calou-seE o barquinho partiu,Como a cantiga doceO barquinho seguiu,Seguiu nas ondas do mar
Se você o viuFaça a favor de telefonar.
“SONHO”Luís Monte Branco
Não tens asas,
Não tens pés,
Não tens braços p’ra nada...
Como fazes nuvenzinha para no céu passear ?
- O vento que é meu amigo,
Leva-me p’ra onde eu quero.
- E que fazes tu sozinha ?
Fugiste à tua mãezinha ?...
- Não minha linda amiguinha,
Ando só a passear.
- Se eu tivesse uma escadinha
Com que pudesse trepar,
Subia ao céu nuvenzinha,
Ia contigo brincar...
“POESIA”
Hélio da Costa Ferreira
Todos os dias
Voando, voando
As aves caminham
Ao longo do mar.
Todos os dias
Cantando, cantando
As crianças caminham
Em qualquer lugar.
Todos os dias, meu Deus,
Tanta esperança
Nos braços abertos
De cada criança
“A ARITMÉTICA”
Um e um são dois
Dois bombons. E depois ?
Dois e um são três
Dois para mim desta vez
Três e um são quatro
Com recheio de ananás
Apanha-os lá se és capaz !
“QUE ESQUISITOS SÃO OS
ESPELHOS”
- Que esquisitos são os espelhos !
Quando me ponho na frente
Vejo uma rapariguinha
Vestida decentemente.
Mas a mãe, essa protesta:
- Puseste o chapéu de lado
E o casaco do avesso !
Estas mascarada na testa !
Com o casaco desatado
E tens sujos os joelhos !
Por isso é que me aborreço
Que esquisitos são os espelhos !
“O JANTARINHO”
Matilde Rosa Araújo
Maria fazia a sopaNum tachinho de alumínio José estrelava os ovosEm frigideira de barro.
Abanava o abaninhoO fogo que já ardia,No brincar aos jantarinhosDe José e de Maria.
- Onde está a hortelã ?Lhe perguntava a Maria.- Está aqui ao pé da água !O José lhe respondia.
- Onde é que está o sal ?Lhe perguntava o José.- Numa caixinha de estrelas,Está mesmo aqui ao pé.
Abanava o abaninhoO fogo já ardia,No brincar aos jantarinhosDe José e Maria.
“ AS PESSOAS CRESCIDAS”
Oh, como são aborrecidas
Estas pessoas crescidas !
Decerto o seu dicionário
Diz as coisas ao contrário !
Porque se a gente pedir
Que nos contem uma história
À noite antes de dormir,
Respondem: “Mais tarde conto.”
Isto é, ponto por ponto,
Em linguagem de pais:
“Que não contam nunca mais”.
Se pedirmos um presente
(Mesmo que se venda em frente
da casa onde a gente mora)
Respondem-nos sem demora:
“Está, depois se verá”.
O que significa “Não”.
E a gente nunca o terá.
“BARQUINHO”
Maria Alzira P. Machado
Corre, corre
Dança, dança
Nas ondas
Balança...
Eu vou aprender
Contigo a correr,
Contigo a dançar,
Barquinho do mar.
Barquito, amiguinho
Vai anoitecer.
Regressa cedito,
Não te vais perder...
“CANÇÃO”Eugénio de Andrade
Tinha um cravo no me balcão:Veio um rapaz e pediu-mo,- Mãe, dou-lho ou não ?
Sentada, bordava um lenço da mão,Veio um rapaz e pediu-mo,- Mãe, dou-lho ou não ?
Dei um cravo e dei um lenço,Só não dei o coração,Mas se o rapaz mo pedir,- Mãe, dou-lho ou não ?
“ OLHOS DE MENINOS”
Henriqueta Lisboa
Quando à noite
Vem baixando,
Nas raízes ao lusco-fusco
E na penumbra
Das moitas
E na sombra enorme dos campos,
Piscam, piscam, Pirilampos !
São pirilampos
Que acendem pisca-piscando
As suas verdes lanternas,
Ou são claros olhos verdes,
De menininhos travessos,
Verdes olhos semitontos,
Semitontos mas acesas
Que está lutando com sono ?
À noite, que observam os teus olhos ?
“PROMESSA”
Tarcísio Miranda
Mãe compra-me o barco de lata
Que está na montra do Armelim.
Não mais farei de pirata
Nem serei menino ruim.
Não lutarei à pedrada na Rua do Castelo
Nem sujarei o bibe amarelo.
Não jogarei à bola no adro do mosteiro
E entre todos na escola serei o primeiro
Mãe mereço uma prenda.
Compra-me o barco de lata
Antes que o Armelim o venda
A outro marinheiro.
“O GRILO, A CIGARRA E A FORMIGA”
Grilo, grilarim
Tens um canto azul
Na noite de cetim !
Cigarra, cigarrinha
Tens um canto branco
Na noite de cambraia !
Formiga, miga, miga
Só tu cantas os nadas
Do silêncio do sol,
Das estrelas caladas...
“A CONSTIPAÇÃO DO CARACOL”
Senhor caracolAndou pela hortaPasseio para aquiPasseio para aliPauzinhos no arCabecinha ao sol
Não tem cuidado E depoisAtchim !Senhor caracol Ficou constipado
Hoje de manhãNão saiu da cascaNão foi para a hortaNem para o jardim.EntãoLamentou-se:Que grande arrelia !Coitado de mim !
Ao saber do caso A dona lagartaLogo resolveuMandar-lhe uma carta (Carta que transcrevo e dizia assim:)Senhor Caracol:Siga o meu conselhoNão torne para aí de cabeça ao léu
Quando andar ao solPonha o seu chapéu !
“ORAÇÃO AO MENINO JESUS”
Oh! Meu Menino JesusNeste tempo sem igualVenho fazer-te um pedidoPara o dia de Natal
Lá longe p’ra lá do marEstão os meninos de TimorE para eles eu peçoUm barco cheio de amor.
Para os meninos de AngolaQue cheios de fome estãoEu peço muita comidaDentro de um grande avião
Para os meninos de todo o mundoE em especial neste diaEu peço um grande comboioMuito cheio de alegria
E para os meninos de PortugalEu desejo um Bom Natal !!!
“NATAL”
Natal é o sol no InvernoÉ brisa fresca no VerãoÉ juventude no OutonoAmor, em cada estação.
Natal não é uma festa!
Porque nasceu um meninoNatal, é a minha cançãoQuando o menino tem fome E tem pão !
Natal é aquele segundoEm que encheste a tua vidaSó porque encontraste um mundoUma lágrima caída...
Natal não é uma festa !
Natal é simples, choupanaSempre com porta abertaP’ra receber um amigoUm sonho que desperta
Natal não é uma festa !