Ficha "A Cultura do Salão"

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ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA IBN MUCANA História da Cultura e das Artes – 11ºF – 2012/2013 Ficha formativa 2 ______________________________________________________________ __________ Módulo 7 – A Cultura do Salão 1. Caracteriza o século XVIII nos seus aspetos económicos, sociais, políticos e culturais. - Crescimento demográfico - Revolução Industrial - ascensão da burguesia - Iluminismo + críticas à sociedade de ordens e ao absolutismo. 2. Descreve o salão como o novo espaço de conforto, intimidade e sociabilidade. Após a morte de Luís XIV, sucedeu-lhe o seu neto, Luís XV, com apenas 5 anos. Até à sua maioridade, seguem-se as regências do Duque de Orleães e Duque de Bourbon. Sem rei, as cerimónias e os rituais na corte tornam-se monótonas e perdem fascínio. Como consequência, a nobreza passa mais tempo nos seus palácios, onde investe no conforto dos seus palácios. A decoração torna-se requintada, elegante, luxuosa e exuberante. O ambiente torna-se alegre, otimista e despreocupado. Nas casas nobres, o salão é a dependência nobre, de amplas dimensões, faustosamente decorada e mobilada. É o verdadeiro centro da vida social: o local de reunião familiar; o local onde se recebem as visitas mais solenes; onde se fazem os banquetes e bailes e onde se fazem tertúlias com uma personalidade em voga (músicos, cantores de ópera, escritores, filósofos e cientistas). Nestas festas, defendia-se a civilidade, as boas maneiras, a galanteria e as virtudes sociais: Ser educado, galante, vestir bem, falar rebuscado, usar gestos delicados, cheios de floreados e gentilezas. Deste modo, os salões, espaços íntimos e privados, tornam-se importantes centros da vida social, cultural e artística, exercendo uma grande importância na divulgação das novas ideias filosóficas e políticas. Pessoas como Madame Pompadour, Madame de Tecin ou Madame Geoffrin foram algumas das personalidades que incentivaram e apoiaram estas verdadeiras

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ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA IBN MUCANA

História da Cultura e das Artes – 11ºF – 2012/2013

Ficha formativa 2

________________________________________________________________________

Módulo 7 – A Cultura do Salão

1. Caracteriza o século XVIII nos seus aspetos económicos, sociais, políticos e culturais.

- Crescimento demográfico

- Revolução Industrial

- ascensão da burguesia

- Iluminismo + críticas à sociedade de ordens e ao absolutismo.

2. Descreve o salão como o novo espaço de conforto, intimidade e sociabilidade.

Após a morte de Luís XIV, sucedeu-lhe o seu neto, Luís XV, com apenas 5 anos. Até à sua maioridade,

seguem-se as regências do Duque de Orleães e Duque de Bourbon. Sem rei, as cerimónias e os rituais na corte

tornam-se monótonas e perdem fascínio. Como consequência, a nobreza passa mais tempo nos seus palácios,

onde investe no conforto dos seus palácios. A decoração torna-se requintada, elegante, luxuosa e exuberante.

O ambiente torna-se alegre, otimista e despreocupado. Nas casas nobres, o salão é a dependência nobre, de

amplas dimensões, faustosamente decorada e mobilada. É o verdadeiro centro da vida social: o local de

reunião familiar; o local onde se recebem as visitas mais solenes; onde se fazem os banquetes e bailes e onde

se fazem tertúlias com uma personalidade em voga (músicos, cantores de ópera, escritores, filósofos e

cientistas). Nestas festas, defendia-se a civilidade, as boas maneiras, a galanteria e as virtudes sociais: Ser

educado, galante, vestir bem, falar rebuscado, usar gestos delicados, cheios de floreados e gentilezas.

Deste modo, os salões, espaços íntimos e privados, tornam-se importantes centros da vida social, cultural e

artística, exercendo uma grande importância na divulgação das novas ideias filosóficas e políticas. Pessoas

como Madame Pompadour, Madame de Tecin ou Madame Geoffrin foram algumas das personalidades que

incentivaram e apoiaram estas verdadeiras tertúlias, organizando e dinamizando sessões culturais no campo

das artes e das letras.

3. Identifica o Iluminismo como um movimento de rutura cultural, científica, social e política.

Este movimento filosófico tem raízes no Renascimento e no Humanismo do século XVI (que valorizava o

indivíduo e o espírito crítico) e na Revolução Científica do século XVII (que aplica o método científico com

base numa atitude racionalista e empirista).

O Iluminismo foi uma corrente de renovação intelectual e cultural do século XVIII que acreditava no valor

absoluto da razão. Os Iluminstas consideram que é a partir do exercício da Razão que o Homem se liberta da

ignorância e das forças opressoras e consegue construir o conhecimento sobre a Natureza, o homem e a

sociedade. É deste modo que o homem consegue construir o progresso e o bem-estar das pessoas,

comduzindo-as à felicidade, um direito natural de todos os homens. Tinham, portanto, uma visão otimista do

futuro.

Refletindo sobre a condição humana, formularam os direitos naturais, nos quais se incluíam o direito à

liberdade e à igualdade entre todos os homens, princípios que encontravam grande identidade com a

mentalidade burguesa e os valores por ela defendidos ( a dignificação pessoal pelo trabalho e pela instrução e

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não pelo nascimento). Como consequência, surgem uma série de críticas ao regime absolutista e à sociedade

de ordens, porque impediam o respeito pelos direitos naturais.

Uma das obras de maior repercussão foi a Enciclopédia, uma compilação dos mais modernos e atualizados

conhecimentos da época, onde estavam representados todos os valores da ciência e do progresso social,

constituindo um poderoso instrumento ao serviço das doutrinas filosóficas iluministas.

As ideias iluministas tiveram ampla aceitação, sobretudo pela burguesia. Os meios que permitiram a

divulgação dessas ideias foram os salões (espaços de encontro social das elites intelectuais), os cafés e os

clubes (como novos espaços, menos elitistas, de divulgação do Iluminismo), a Enciclopédia (obra que reunia

os conhecimentos atualizados sobre as ciências e as artes) e as lojas maçónicas.

4. Justifica a importância do pensamento de Rousseau para a sua época e para a posteridade.

Rousseau foi uma figura importante da cultura europeia do século XVIII. Na obra “O Contrato Social”,

defende a teoria da soberania nacional e do contrato social, um acordo tácito ou explícito celebrado entre os

indivíduos (naturalmente iguais e livres) e a sociedade, pelo qual se legitima a transferência de poder destes

para a comunidade e desta para o governante, com a condição deste o exercer no interesse da comunidade de

governados. Segundo Rousseau, o contrato legitima a resistência à opressão quando os governantes não

governam no interesse da comunidade. Desta forma, Rousseau acaba por legitimar a Revolução Francesa e

todas as revoluções liberais que se lhe seguiram.

Rousseau defendeu também a “teoria do bom selvagem” (crença de que todo o homem é, por condição de

nascimento, naturalmente bom e que é a sociedade que o corrompe, levando à barbárie do presente.

críticas à educação teórica e livresca do seu tempo). Em “Emílio”, propõe uma educação negativa,

progressiva e de experimentação direta, procurando preservar a liberdade natural da criança, promover a sua

liberdade moral e o gosto por aprender.

5. Explica a importância da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada nod ia 26 de agosto de 1789, surge

na sequência do movimento revolucionário que se iniciou na Tomada da Bastilha no dia 14 de Julho de 1789

em Paris, tendo-se seguido uma série de medidas legislativas no sentido de terminar com o Antigo Regime. As

ideas-base são a liberdade individual (um direito natural inviolável e imprescritível) e a igualdade (ideário

radical e revolucionário), significando o fim da sociedade de ordens do Antigo Regime. Declara ainda outros

direitos naturais: a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. Defende ainda a soberania nacional, a

existência de limites ao exercício da liberdade, a lei é a expressão da vontade geral, a defesa da liberdade de

expressão e o pagamento de impostos por todos.

6. Identifica o Rococó como um movimento de rutura e de continuidade do Barroco.

O Rococó surge como revolta contra as regras seiscentistas, inserindo-se no novo espírito de liberdade cortesã,

sem vínculo ao “gosto oficial” de Versalhes, e na procura de intimidade, requinte e de elegância nas festas

galantes. À imponência barroca, o Rococó impõe um estilo leve, elegante e refinado, com cores suaves, linhas

delicadas, sinuosas, caprichosas e informais. Era, portanto, um estilo próprio de uma elite aristocrática e

intelectual, amante da alegria, do natural e do convívio. À arte é retirada toda a função política e religiosa,

deixando de ter como objetivo a transmissão do poder absoluto do rei ou a doutrina católica como forma de

impôr a autoridade das duas instituições. Apesar desta rutura, o Rococó mantém do Barroco a procura de

efeitos fantasiosos, expressivos e puramente visuais, exaltando o prazer dos sentidos.

7. Localiza esse movimento artístico no tempo e no espaço.

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O Rococó nasceu em França, por volta de 1715-20, atingiu o apogeu em 1730 e entrou em declínio com o fim

do reinado de Luís XV. Ligada à palavra francesa rocaille, expandiu-se por toda a Europa e chegou aos

impérios coloniais.

8. Identifica o aparecimento do Rococó como um estilo decorativo, relacionando-o com o desenvolvimento

das artes decorativas.

O Rococó manifestou-se, inicialmente, como um novo tipo de ornamentação, próprio para a decoração de

interiores. Por conseguinte, foram valorizadas as artes menores, como o mobiliário (o estilo Luis XV), a

cerâmica (nomeadamente a porcelana, com a produção de objetos decorativos), a ourivesaria, a ferraria e a

tapeçaria (com cenas campestres, caçadas, festas, etc).

9. Descreve os princípios da arquitetura rococó.

- Diferenciação dos edifícios, de acordo com a sua função

- traçado exterior simples

- conceito de interior, que deve proporcionar conforto, comodidade e intimidade

- utilização de elementos decorativos barrocos, mas de um modo mais liberto, mais sensual

- novos elementos decorativos (conchas, algas marinhas, rocalhos e chinoiseries)

- uso de materiais fingidos: falsos mármores, madeiras e estuques pintados

10. Descreve as características da arquitetura rococó, identificando o “hôtel particulier” e o “château”

como os principais tipos de edifícios construídos.

A aplicação destes princípios fizeram-se sentir, sobretudo, na arquitetura civil, sobretudo no hôtel particulier

(palacete citadino) e no château (palácio campestre).

As suas características exteriores são:

- Fachadas mais alinhadas:

- banidos os elementos decorativos clássicos (colunas, frontões e esculturas)

- manutenção dos entablamentos e das balaustradas

- ângulos retos suavizados por curvas

- Tetos de duas águas

-Portas-janelas:

- de maiores dimensões

- alinhadas na vertical e na horizontal, ritmando as fchadas

- recortadas e emoluradas com arcos de volta perfeita ou abatidos

- Decoração exterior concentrada nas portas e nas janelas, nas consolas, nas arcadas, no aparelho de

alvenaria, nas ferragens e batentes

- ferro forjado muito abundante (grades para jardins, lagos e portas)

- Jardins (locais de festas faustosas):

- Grandes relvados com arvoredos

- esculturas, rampas, lagos, pavilhões de caça, pequenos apartamentos, pagodes chineses

As suas características interiores são:

- Plano central das habitações: salão principal

- em torno deste estão as salas secundárias e a biblioteca

- 2º piso: divisões privadas

- divisões baixas, pequenas, independentes, arredondadas e pavimento em parquet

- interior iluminado: portas-janelas, espelhos, candeeiros e lustres

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- paredes com decoração exuberante com cores claras(molduras douradas, telas, tapeçarias, frescos, relevos

policromados)

11. Descreve os aspetos que caracterizam a arquitetura religiosa rococó.

- Plantas longitudinais complexas

- exteriores simples mas cheios de janelas

- principal elemento decorativo: a concha

- interiores: mistura escultura, pintura e arquitetura, com vários pontos de fuga, criando um cenário fictício

12. Diz quais são os novos cânones estéticos da escultura rococó.

Os novos cânones estéticos são:

- manutenção das linhas curvas e contra-curvas

- linhas mais delicadas e diluidas, organizadas em:

- estilizados esses (S),

- expressivos ces (C)

- em contracurvados duplos

- adoção do cânone maneirista da figura humana:

- corpos alongados e silhuetas caprichosas;

- leveza e graciosidade nos gestos, nas aitudes e nas posições (esculturas galantes)

- grupos escultóricos: composições com movimento e ritmo, com elevado sentido cénico e enquadradas no

cenário onde se destinam

13. Refere os dois tipos de escultura preferidos na época, relacionando-os com a sua função.

Existia uma preferência por:

- Escultura decorativa que complementa a arquitetura, de forma a cobrir todas as estruturas e superfícies

- estatuária de pequeno porte que complementa a decoração de interiores (bibelots), com pequenos objetos

sem função utilitária (bustos, estatuetas religiosas ou mitológicas)

14. Descreve os materiais e os temas da escultura rococó.

Materiais:

- nas grandes obras escultóricas do exterior: pedra e bronze

- escultura de pequena dimensão e objetos ornamentais: bronze, ouro, prata, porcelana (a porcelana biscuit)

- decoração mural de interiores: madeira, argila, estuque e gesso

Novos temas:

- sobretudo na pequena escultura, preferência por temas “menores”: irónicos, jocosos, sensuais e até

eróticos e galantes

- Estatuária monumental: temas tradicionais (comemorativos, alegóricos e/ou honoríficos)

Havia uma maior frivolidade:

- mitologia - preferência por deuses “menores”

- temas profanos – preferência por aspetos pitorescos ou frívolos do quotidiano

- temas religiosos (Alemanha) – contraste tema sagrado / roupagens luxuosas e maneirismos galantes

15. Identifica a pintura rococó como uma nova maneira de viver e sentir a arte.

A pintura rococó foi um reflexo da sociedade aristocrática e festiva. A nova maneira de sentir e viver a arte

refletiu-se nomeadamente nos temas retratados: abundaram as cenas pastoris e as “festas galantes”, onde estão

patentes o amor, a sedução, o erotismo e o hedonismo (doutrina filosófica que faz do prazer o objeto de vida). Os

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temas são tratados de forma mais ligeira e superficial e as composições são exuberantes, com tendência

decorativa, transmitindo o objetivo de apelar aos sentidos.

16. Caracteriza a pintura rococó.

- Composições rítmicas, exuberantes, com tendência decorativa

- Ornamentos mais ricos, relacionados com o mundo marinho (conchas, ondas)

- Cromatismo: brancos, azuis e rosas

17. Identifica alguns dos mais importantes artistas do Rococó.

Arquitetos : Delamair, Boffrand, ,Baltasar Neumann, Zimmermann, Fischer von Erlach

Escultores: Edmé Bouchardon, Claude Michel, Ignaz Gunther

Pintores:

- Jean Antoine Watteau: festas galantes, cenas de género, cenas mitológicas, teatralidade próprias do estilo

Rococó, aliada à ansiedade e tristeza do Barroco

- François Boucher: pintura mais robusta e sólida; decorativismo e frivolidade

- Honoré Fragonard: pincelada rápida e espontânea; temas: amor e alegria de viver; sensibilidade apurada

- Jean-Baptiste-Siméon Chardin: cenas de género (vida quotidiana); naturezas-mortas (linha flamenga e

holandesa)

18. Descreve a forma como o Rococó se implantou em Itália, nos países germânicos e em Espanha.

Itália: o Barroco dominou ao longo do século XVIII pelo que o Rococó se limitou à decoração de interior e à

pintura decorativa mural a fresco, em igrejas e palácios. Na pintura mural destacou-se GianBattista Tiepolo, com a

utilização de cores claras e límpidas e composições alegres e exuberantes. Na pintura sobre tela surge a Vedute

(pintura que descreve a panorâmica de uma cidade), na qual se destacou Canaletto, com panorâmicas grandiosas,

rigor construtivo, pureza e sobriedade, destacando-se o tratamento subtil da luminosidade. Francesco Guardi

pintou paisagens imaginárias, apresentando uma arquitetura fantasista, com cor e luz quase impressionistas.

Na escultura, destacaram-se, nomeadamente no trabalho do relevo, Giacomo Serpotta e Fillipo Valle.

Países germânicos: arquitetura caracteriza-se pelos exteriores sóbrios e elegantes e pelos interiores com

decoração em branco/dourado, repletos de pinturas murais, criando um conjunto exuberante, alegre, com ambiente

festivo.

Inglaterra e Suécia: o Rococó reflete-se apenas na decoração de interiores e nas artes decorativas. Em Inglaterra,

a pintura teve um desenvolvimento próprio no retrato, na representação de animais e crianças, na caricatura, na

pintura social e na paisagem. Destacaram-se os pintores William Hogart e Thomas Gainsborough

Espanha: o Rococó resultou da influência do Churrigueirismo (Alberto Churriguera) e de artistas franceses e

italianos emigrados (como por exemplo F. Juvara, G. Sacchetti e Tiepolo). O Rococó refletiu-se sobretudo na

decoração de interiores dos salões dos palácios, nomeadamente no Palácio Real de Madrid e no Palácio Real de

Aranjuez. Na pintura, fizeram-se sentir as mesmas influências, destacando-se Lauís Paret Y Alcázar. Os espanhóis

exportaram o Rococó para a América Latina, onde sofreu influências da arte dos povos pré-colombianos.

19. Identifica edifícios, elementos decorativos e influências sofridas em Portugal.

- Arquitetura (influência alemã, sobretudo devido à divulgação de múltiplas gravuras:

- André Ribeiro Soares da Silva: edicício da Câmara de Braga, Casa do Raio em Braga, Capela de Santa

Maria Madalena (Falperra) – preferência pela ornamentação excessiva e flamejante, com a utilização de

conchas e vegetação fantásticas

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- Palácio de Queluz (estrutura barroca, decoração rococó e fachada poente neoclássica), de Mateus

Vicente de Oliveira e Robillion – decoração interior exuberante, com recurso a todas as artes: pintura,

escultura, talha dourada; predominio dos tons claros, com grande luminosidade

- Escultura: movimento Rococó representado pelos escultores da “Escola de Mafra”, sobretudo Machado de

Castro, o maior escultor português deste período, nomeadamente na construção dos presépios, com a

realização de um retrato colorido do quotidiano popular, repleto de pormenores etnográficos. A estátua de D.

José I tem já influência clássica, nomeadamente o tema (estátua equestre), a solenidade, a leveza e o

movimento.

- A talha dividiu-se em duas tendências: no Norte, comformas dinâmicas, e volumosas, decoração aparatosa e

fantasista; no Sul, mais austera e simples, assente em formas arquitetónicas que prenunciam o Neoclássico.

- A pintura de retábulos , tetos e retratos refletiu sintomas esmorecidos do Barroco, acrescidos de algumas

influêncis do Rococó francês (apesar de menos galante). Destaca-se a movimentação ágil das figuras, os

gestos delicados, as cenas dinâmicas e o cromatismo suave e esmaecido.

- Azulejaria: como no Barroco, o azulejo foi utilizado no revestimento de grandes paredes, quer no exterior

(jardins palacianos), quer no interior dos edifícios religiosos e civis (altares, salas, escadarias). Foi retomada a

policromia, com predominância do amarelo suave; eram retratadas cenas galantes e os motivos de inspiração

naturalista (grinaldas, aves, conchas). As fábricas mais conhecidas foram a Real Fábrica de Faianças do Rato,

em Lisboa, as fábricas de Coimbra, Alcobaça e Porto.

20. Situa o Neoclassicismo no tempo e no espaço.

O Neoclassicismo originou-se na França e Inglaterra em 1750 e em 1830 teve seu apogeu em toda a Europa.

Foi um movimento que se desenvolveu principalmente na arquitetura e nas artes decorativas.

21. Descreve as influências que o Iluminismo exerceu sobre a estética neoclássica.

O Iluminismo, que defendia a Razão, a Liberdade, o Progresso e a procura da Felicidade, também criou uma

estética própria que tinha por base o estudo e a escolha do mais útil e belo na Natureza e nas obras dos

Antigos, valorizando a simplicidade nas linhas, nas formas, nas cores e nos temas, a harmonia das

proporções, o equilíbrio e a sobriedade decorativa.. O Neoclassicismo surge, portanto, como uma reação ao

Barroco e ao Rococó (acusando este último de futilidade), defendendo o aprofundamento de ideias e

sentimentos. O Neoclassicismo surge na sequência de uma nova ideologia revolucionária, tornando-a uma

arte mais intelectualizada, onde o o belo se confunde com o útil e a Estética se aproxima da Ética. Para os

neoclássicos, a arte deveria instruir e o artista deveria tornar-se num educador do público. Por influências do

Iluminismo, o Neoclassicismo torna-se uma arte ao serviço da ideologia política, um instrumento de

transmissão e expressão dos novos valores cívicos e morais da nova sociedade.

22. Indica as razões que permitiram a inspiração dos artistas nos modelos clássicos.

- descoberta das ruinas de Pompeia e Herculano(1719)

- campanhas napoleónicas do Egipto(1798-99), durante as quais recolheu espolio artístico e arqueológico que se

encontram atualmente em museus de Paris, Londres e Berlim.

- desenvolvimento das ciências – historia e arqueologia

- Artistas, eruditos, colecionadores e viajantes (desde o seculo XVII)

- ação de WINCKELMANN, MENGS e PIRANESI, que estudaram in loco as ruinas de Roma entre outras

cidades, assim como as coleções do Vaticano. A partir dos estudos destas coleções, Winckelmann elaborou uma

Historia da Arte da Antiguidade (1764), contribuindo para a inauguração da Historia da Arte. Mengs e Piransei

contribuiram para o estudo das civilizações, ao realizarem gravuras e pinturas dos mais importantes monumentos

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de Roma. Estes documentos foram importantes centros de informação e elementos de estudo para o ensino nas

Academias.

23. Indica o contributo de Durand e das academias para a difusão da arquitetura neoclássica.

Os arquitetos neoclássicos realizaram uma série de pesquisas e experimentações de forma a conciliar a estética

estrutural e formal clássica com os novos sistemas de construção (nova maquinaria e materiais). Este trabalho é

reflexo de uma maior preparação escolar dos arquitetos, formados no rigor imposto pelas academias de artes,

algumas das quais se tranformaram em Escolas Politécnicas). Jean-Nicolas Louis Durand, na Escola Politécnica de

Paris, foi o fundador do método moderno, racional e científico para o ensino da arquitetura. Os seus estudos foram

publicados na obra “Recolha e comparação dos Edifícios de Todos os Géneros Antigos e Modernos. As suas aulas

foram publicadas ao longo de todo o século XIX, influenciando a preparação de inúmeros arquitetos.

24. Caracteriza os aspetos formais e estéticos da arquitetura neoclássica.

A arquitetura neoclássica inspirou-se nos cânones estruturais, formais e estéticos da arte clássica mas também

soube adaptar os edifícios às exigências da época.

Características gerais:

- ideário neoclásico: robustez, nobreza, sobriedade e monumentalidade

- utilização de materiais nobres tradicionais (mármore, granito, madeira) e modernos (ladrilho cerâmico e ferro

fundido), de baixo custo e maior funcionalidade

- sistemas construtivos simples (trilítico) ou complexos, estruturados a partir do arco redondo de inspiração

romana e adoptados aos modernos processos técnicos

- plantas: retangulares, geométricas e simétricas, com base no quadrado, no círculo e no triângulo

- cobertura: abóbadas de berço ou de aresta , artesoadas e cúpulas nas zonas centrais das construções e

assentes em tambores rodeados de colunas son entablamentos circulares

- aplicação da gramática formal clássica:

- pórticos colunados

- frontões triangulares com tímpanos esculpido

- entablamentos direitos, de frisos lisos ou decorados

- obediência formal e estrutural às ordens clássicas mas maior liberdade na utilização dos cânones

métricos

- organização geométrica e formal dos espaços interiores, aliada à preocupaçao funcional do espaço:

- elementos estruturais com formas clássicas

- pintura mural

- relevo em estuque

Como consequência, a decoração é contida e austera, limitada aos suportes estáticos a ela destinados

(decoração estrutural)

- Dois tipos de edifícios:

- inspiração clássica, com base na basílica romana ou paleocristã, no Panteão e no templo grego

- novas tipologias, para fazer face às novas necessidades da vida social, política e cultural, sobretudo

em espaços urbanos (hospitais, museus, bibliotecas, escolas, cafés, salas de teatro, bancos, etc)

25. Laugier e Soufflot foram personalidades importantes na definição da nova estética neoclássica.

Explique que papel desempenharam na sua afirmação.

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Marc-Antoine Laugier, no “Ensaio sobre a Arquitetura”, defnde que a origem da arquitetura está na cabana

primitiva. Numa gravura do livro apresenta uma mulher (musa da arquitetura) que mostra à criança (o futuro) a

construção de troncos de árvores, cada um representando a coluna, o entablamento e o frontão.

Em França, a construção do Panteão de Paris (também conhecido por Igreja de Sainte Geneviève), projetado por

Jacques Germain Soufflot (1713-1780) para o rei Luís XV, representa o momento de imposição da estética

racionalista clássica sobre o Barroco decadente. Soufflot desenvolveu outros trabalhos importantes como a coluna

de Austerlitz, a Place Vendôme e o Arco do Carroussel, todos em Paris.

26. Caracterize os aspetos formais e técnicos da arquitetura neoclássica, tendo por base a Igreja de Santa

Genoveva, em Paris.

A igreja de Santa Genoveva, de Jacques-Germain Soufflot, tem planta de cruz grega, utilizando uma linguagem

decorativa clássica, com um pórtico ao estilo dos templos romanos (coríntio), gigantescas colunas, um

entablamento contínuo, resultando num edifício com harmonia, simetria, sobriedade e austeridade.

27. Identifica alguns edifícios neoclássicos franceses, descrevendo os seus aspetos formais.

O Neoclassicismo francês foi de inspiração clássica direta, adotando o ideário estético da Roma Imperial.

- Arco do Triunfo, Jean François Chalgrin, Paris, 1805-1837 - inspiração nos arcos de triunfo romanos, construído

para comemorar vitória de Napoleão em Austerlitz (1805); grupos escultóricos de índole romântica nos pilares

(François Rude)

- Igreja da Madeleine, Pierre Vignon, 1806-1842, Paris - inicialmente, “Templo da Glória”; monumento às vitórias

militares de Napoleão; repositório para os seus troféus; modelo: Pártenon, Atenas; em 1842 convertido para

Igreja de La Madeleine

- Palácio Bagatelle, François-Joseph Bélanger, Paris – exemplificativo do rigor clássico: harmonia, simetria,

simplicidade decorativa

- Teatro de Bordéus, Victor Louis ,1777 – o exemplo para os teatros que serão construídos pela Europa; longo

pórtico colunado (ordem jónica), arco de volta redonda, resultando num edifício com simetria e harmonia

28. Diz em que consiste a arquitetura falante.

A “arquitetura falante” insere-se numa arquitetura criativa e original que pretendia uma “Arquitetura de verdade”

ou “arquitetura falante”, ou seja, a construção de edifícios que transmitem a sua função. Claude-Nicolas Ledoux e

Étienne-Loius Boullé projetaram formas puramente geométricas (hemisférios, cilindros e cubos), com total

ausência de decoração.

29. Descreve a implantação do neopalladismo em Inglaterra.

Em Inglaterra, o Barroco foi encarado como expressão dos regimes absolutistas pelo que, no século XVII, a arte

será contida e sóbria como por exemplo, na Catedral de S. Paulo, em Londres (Cristhopher Wren, 1675-1710).

Neste contexto, o Neoclassicismo aparece como uma evolução natural da arte que já era aplicada.

Os Diletantti eram um grupo responsável pela promoção da arte clássica e pela defesa da aplicação da arte

clássica, nomeadamente pela organização de expedições à Grécia e ao Médio Oriente. Este gosto pelos Cãnones

clássicos levou ao Neopalladismo, ou seja, a inspiração nos cânones renascentistas e maneiristas de Andrea

Palladio (século XVI), cujo livro Os Quatro Livros de Arquitetura foi traduzido para inglês em 1715.

As construções palladianas caracterizavam-se por plantas simétricas, pela sobriedade decorativa e pela aplicação

de elementos da gramática formal clássica como pórticos colunados, frontões triangulares, cúpulas, entablamentos

direitos, frisos lisos ou decorados. Na decoração interior são usadas as pinturas murais a frescos (com inspiração

em Pompeia), os elementos arquitetónicos clássicos e as estatuetas. Um dos exemplos das construções palladianas

é a Chiswick House, de Richard Boyle,Lord Burlington, 1727, casa inspirada na Villa Rotonda, com simetria

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absoluta, ordem racional e proporções rigorosas. Outras construções exeplificativas do neopalladismo são o

Museu Britânico (Robert Smirke), o Banco de Inglaterra ( John Soane), Kenwood House (Robert Adam), e

Somerset House (William Chambers).

30. Descreve a implantação da arquitetura neoclássica na Alemanha, em Itália e nos EUA.

Na Alemanha, a arquitetura neoclássica caracterizou-se pelo rigor científico e formal e pela influência grega

(dórica). Destaca-se, em Berlim, a Porta de Brandenburgo, de Karl Gottfried Langhans, com 12 colunas dóricas,

inspirada nos arcos de triunfo, estando sobre o arco a estátua da deusa grega Eirene ou Irene - deusa da paz, numa

quadriga puxada por cavalos . A Gliptoteca de Munique, de Leon von Klenze, foi mandado construir por Luís II

da Baviera para guardar a sua coleção de escultura antiga. A fachada central evoca o pórtico do Erectéion grego e

o interior assemelha-se a uma basílica romana (jogo de volumes da cobertura).

Em Itália, os principais centros forarm Milão (onde se destaca o Teatro La Scala, de Giuseppe Piermaríni) e

Nápoles.

Em Espanha, o Neoclassicismo marcou presença em Madri, onde se realizaram diversas obras públicas, como a

Porta de Alcalá, de Francesco Sabatini.

Nos EUA, o Neoclassicismo foi influenciado pelo neopalladismo inglês e pela arte grega, sendo o primeiro estilo

artístico do país pois foi identificado com as virtudes republicanas. Destacaram-se como arquitetos Thomas

Jefferson (Biblioteca da Univ. de Virginia), Benjamin Latrobe e William Thorton (Capitólio de Washington, de

enormes proporções, que serviu de modelo para os capitólios dos restantes estados).

31. Refere os fatores que permitiram o aparecimento da linguagem neoclássica na pintura.

A pintura neoclássica tem as suas raízes no Iluminismo, no Humanismo, no Cientismo, no Individualismo e nos

valores estéticos clássicos, tendo surgido como reação contra o Barroco e o Rococó.

32. Descreve as características técnico-formais da pintura clássica.

- Temas: históricos, alegóricos, mitológicos, heroicos e retrato

- Pinturas em t elas de grandes dimensões de forma a mostrar a grandiosidade e monumentallidade dos conteúdos

ideológicos das obras

- carcaterísticas:

- Predominância da linha, do contorno e do volume: composição geométrica, desenho rigoroso e linear,

perfeccionismo técnico, tratamento elaborado da luz e do claro-escuro

- Paleta: cores sóbrias, não existe grande variação cromática (apelo à razão e não à emoção)

- Naturalismo: idealização da realidade (modelos absolutos perfeitos)

33. Justifica o contributo de Jacques-Louis David para a pintura neoclássica através da leitura de algumas

das suas obras.

Jacques-Louis David foi o fundador da escola académica da pintura neoclássica, cujo lema era “saber

desenhar”, tratando a figura humana com grande clareza de expressão e despojada de qualquer

sentimentalismo. As suas obras destacam-se:

- pelo efeito teatral da composição, em que as personagens distribuem-se pelo espaço da tela como se fossem

estátuas animadas, com gestos paralelos e justapostos

- a perpetiva, linear ou atmosférica, quase desaparece e os fundos surgem uniformes, lisos e abstratos

- as figuras, vestidas e tratadas de forma cassica, são colocadas em primeiro plano, sobressaindo o desenho e a

volumetria.

- temática preferencial: assuntos históricos, contemporâneos e da propaganda ideológica e, ainda, os retratos.

Obras:

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- O Juramento dos Horácios, 1784: disposição teatral: esquerda: três jovens lutadores; direita: grupo de

mulheres; ponto central: mão que agarra as espadas; figuras vestidas ao modo clássico. Significado: os

filhos de Horácio juram dar a vida por Roma, simbolizando o juramento coletivo como ato simbólico da

revolução

- O Rapto das Sabinas, 1799: cena tumultuosa: soldados, mulheres e crinaças numa batalha; composição

clássica: dois combatentes preparados para o embate são detidos por uma mulher que se interpõe.

Significado: alegoria ao estado da Revolução: convite para a paz entre os agressores internos e os

defensores internos

- Retrato de Madame Récamier: representação da dama como se fosse uma romana(vestuário e pose); a

perspetiva quase desaparece e os fundos parecem uniformes, lisos e abstratos; olhar direto para o

espectador

- A morte de Marat, 1793: fundo inteiramente liso, composição austera e estática; cromatismo sóbrio e

modulado, como uma estátua. Significado: Marat como herói da revolução: a banheira como elemento que

incapacita a vítima; caixote que servia de mesa; a arma caída no chão contrasta com a pena suspensa da

mão (a sua verdadeira arma)

- O general Bonaparte, 1797: David foi o principal retratista de Napoleão

- o jovem general é apresentado como o herói da Revolução, com sobriedade e altivez; o olhar forte e

enérgico prenuncia o futuro imperador

- A Sagração de Napoleão e a Coroação de Josefina, 1806-7: retrata a coroação de Napoleão como

imperador de França numa cerimónia na Catedral de Notre-Dame de Paris, presenciada pelo Papa Pio VII;

Napoleão, com as suas próprias mãos retira a coroa das mãos do papa e colocou-a, ele próprio, na sua

cabeça; de seguida, coroou a sua própria esposa, Josefina, proclamando-a imperatriz. Significado: não

submissão do Estado à Igreja e enaltecimento do novo regime político

34. Identifica Ingres e Gros como pintores neoclássicos.

Ingres foi um discípulo de David, um notável desenhador e retratista de figuras públicas e da sociedade. Das suas

obras ressalta a mestria no tratamento do nu feminino, em composições inspiradas nas pinturas e nos baixo-relevos

antigos. As formas, os contornos nítidos e concisos transmitem beleza e serenidade. Predomina a suavidade

cromática com cores claras e muminosas. O negro foi empregue puro com o objetivo de conseguir contrastes e

reforçar a modelação. Na fase final, transparece já um gosto pelo exótico.

Gros foi um seguidor de David.Executou obras ao serviço de Napoleão, destacando-se a composição tipicamente

clássica mas com um tema atuall e demonstrando um certo gosto pelo dramático, apanágio do Romantismo.

35. Caracteriza a escultura neoclássica.

A inspiração da escultura foi a arte clássica. Os escultores neoclássicos dedeicaram-se aos temas históricos,

literários, mitológicos e alegóricos, representado as figuras com roupagens e poses semelhantes às dos deuses

gregos e romanos, sendo estátuas belas mas pouco pessoais. Teve como objetivo a glorificação e publicidade de

políticos e de pessoas públicas, tendo sido colocadas estátuas nas praças das cidades, casas de nobres e burgueses

e cemitérios.

Os escultores neoclássicos copiaram os modelos clássicos com fidelidade, minúcia, perfeição e sentido estético; os

corpos eram nús ou seminús, serenos em composições simples e inexpressivos e impessoais

36. Apresente as características da obra de Canova, Jean-Antoine Houdon e Thorvaldsen.

António Canova atingiu o seu auge com obras de temas mitológicos, em que as figuras públicas aparecem

transfiguradas em autênticos deuses romanos. Exemplo disso é a obra “Paulina Borghese ou Bonaparte”, na qual a

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irmã de Napoleão é apresentada seminua, apresentada como uma Vénus vitoriosa, com uma tranquilidade clássica

e uma sensualidade moderada. Na obra Psiché reanimada pelo Beijo do Amor, Canova representa o movimento da

escultura grega helenística e o sentido de beleza ideal, a simplicidade e a sensualidade subtil.

Jean-Antoine Houdon recebeu influência de Canova e foi um dos melhores retratistas, tendo representado figuras

públicas com Voltaire, Diderot, rousseau e Washington.

Thorvaldsen, dinamarquês, transparece uam fria elegância neoclássica.

37. Analisa o contexto histórico de introdução do Neoclassicicsmo em Portugal.

Portugal reuniu uma série de situações adversas ao desenvolvimento da cultura e das artes: o absolutismo régio

que conduziu a uma difícil penetração das ideias iluministas; o Terramoto de 1755; as invasões francesas e

consequente fuga da família real para o Brasil e a dominação inglesa; a Revolução Liberal; a Independência

do Brasil e, por fim, a Guerra Civil.

38. Identifica as influências que se fizeram sentir na arquitectura nacional.

Em Portugal, fizeram-se sentir duas influências: italiana, predominante na região lisboeta (bolseiros e artistas

italianos); inglesa (neopalladiana), predominante no Porto (colónia britânica), que se tornou no 1º centro da

arquitetura neoclássica

39. Refere edifícios e autores que refletem estas influências.

Porto:

- John Carr, Hospital de Santo António: aparelho rusticado na bela arcaria do rés do chão; zona central e

cantos ressaltados, parecendo-se com pequenos torreões

- John Whitehead, Feitoria Inglesa, sede comercial dos ingleses no Porto: Neopalladismo, pedra rusticada no

rés do chão, pórtico de arcadas, profundo

- António Pinto de Miranda, Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco: edifício pequeno e harmonioso,

fachada distribuída por dois pisos:1 º - colunas dóricas; 2º - colunas jónicas; espaços para estátuas,

representando as virtudes cristãs.

- Joaquim da Costa Lima, Palácio das Carrancas,

- Carlos Amarante, Igreja da Ordem da Trindade,

Lisboa:

- José da Costa e Silva, Teatro de S. Carlos: inspirado no La Scala, foi encomendado por uma associação de

ricos burgueses de Lisboa; volumes bem definidos, aspecto compacto e maciço; pórtico romano; aparelho

rusticado do rés do chão

- Costa e Silva e Francisco Xavier Fabri, Palácio da Ajuda

- Fortunato Lodi, Teatro Nacional de D. Maria II,

- Ventura Terra e outros, Assembleia da República

40. Mostra como a escultura e a pintura portuguesa da época reflete o novo gosto neoclássico, identificando

autores e obras.

A escultura neoclássica em Portugal ficou marcada por Machado de Castro e João José de Aguiar. As duas

oficinas de formação foram o Palácio de Mafra e, depois, o Palácio da Ajuda. Machado de Castro foi formado

nas oficinas de Mafra (ainda ao gosto barroco/rococó) e depois na Ajuda. A estátua de D. José I , uma estátua

equestre à maneira romana, demonstra a influência clássica, transmitindo solenidade, leveza e movimento.

João José de Aguiar foi com siderado o melhor escultor do seu tempo. Produziu nove esculturas para o Palácio

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da Ajuda, representndo virtudes: são figuras hirtas, de rosto intemporal e sereno, com vestes de pregueado

simples. Na estátua de D. joão VI revela profundos conhecimentos sobre a figura humana, transmitindo um

corpo idealizado, numa pose altiva (tipo imperador romano), com uma coroa de louros na cabeça e um relevo

muito cuidado.

Na pintura, Vieira Portuense (Francisco Vieira, o Portuense) revela influência da pintura italiana (composição

e execução do desenho, tonalidades claras e pouco contrastantes) mas também pintura inglesa (visão colorista

da paisagem). Foi um retratista atento ao pormenor e dedicou-se igualmente à representação de figuras

religiosas (em composições nitidamente neoclássicas, com um envolvimento luminoso e místico, sem nitidez

de contornos nem corporeidade).

Domingos Sequeira teve vários percursos, terminando como impressionista. Dedicou-se a obras religiosas

mas também a temas alegóricos e aos retratos. As suas obras-primas são numerosos esboços, onde a luz e a

cor se aproximam do impressionismo, demonstrando o seu espírito liberto e otimista.