FENOMENO DE RETEN
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ANDRE LUIZ KNIESS
" FENOMENO DE RETEN<;AO DE MUCO DO SEIO MAXILAR EM
RADIOGRAFIAS PANORAMICAS "
Monografia apresentada ao curso deEspecializat;:ao em Radiologia eImaginoiogia da Universidade Tuiuti doParana, como requisito parcial aobten~o do titulo de especialista emRadiologia Odontologica e Imaginologia.
Orientadora ProFBorsato.
Ugia Aracema
CURITIBA2007
SUMARIO
RESUMO VI
ABSTRACT VII
1.INTRODUc;:Ao 011.1 OBJETIVOS 02
2. REVISAo DE LITERATURA 033. DISCUssAo 114. CONCLUsAo 14REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 15
RESUMO
o fen6meno de retenc;:ao de muco do seio maxilar e tarnbam conhecido comocisto mucoso ou mucocele. E considerado urn pseudocisto, geralmentepequeno e nao evidente clinicamente. Estas les6es sao normal mentedescobertas em exames radiograficos de rotina, uma vez que a grande malariados cases e assintomatica. 0 fen6meno de retenc;ao de muco consiste naentidade mais eomum que aeomete a cavidade antral e um maior numero decases vern sendo descoberto nos ultimos anos em virtude do aumentoconsideravel da utilizac;:ao de radiografias panoramicas nos consultoriosodontol6gicos como exames complementares rotineiros. Assim, 0 objetivodeste trabalho e apresentar uma revise.o de literatura sobre a incidencia dofen6meno de retenc;ao de muco nos exames radiograficos, destacando asradiografias panoramicas. Discute caracteristicas clinicas e etiol6gicas, berncomo aspectos relevantes de diagnostico e proservac;ao do paciente acometidopela patologia em questao. Pode-se eoneluir que, embora a maioria dosestudos especificos com radiografias panoramicas seja mais antiga, nao tornaos resultados obsoletos, uma vez que as caracteristicas clinicas e radiograficasmostram-se semelhantes e regulares em termos de padrao evolutivo. Oestaca-se, tambem, a importancia do radiologista em reconhecer tal fenomeno,propiciando, assim, 0 encaminhamento do paciente e resoluc;ao mais favoraveldo caso.
PALAVRAS-CHAVE: fenomeno de reten(:ijo de mueo; seio maxilar;radiografia panora mica.
ABSTRACT
The mucous retention phenomenon of maxillary sinus is also known by mucouscyst or mucocele. It's considered a pseudocyst, generally small and non evidentclinically. These pathologies are normally found in routine radiographic examsbecause most of them are assintomatic. The mucous retention phenomenon isthe most common entity in antral cavity and a larger number of cases has beingfounded in the last years because of the considerable increase of usingpanoramic radiographs as routine exams. Like this, the aim of this paper isreview withing the literature regarding mucous retention phenomenon inradiographic exams, highlighting the panoramic radiograph. It discuss clinicaland etiological features as also important aspects of diagnosis and preservationof patients. The conclusions are that, although the most of specific studies withpanoramic radiographs is more ancient, it doesn't make the results obsoletesbecause clinical and radiographic features show similar and regular aspects interms of evolutive standard. It makes the role of the radiologist very important inrecognition of this phenomenon, making possible the precocious diagnosis andtreatment of the patients.
KEYWORDS: mucous retention phenomenon, maxillary sinus, panoramicradiograph.
1. INTRODUCAo
o fen6meno de retenC;80 de muco do seie maxilar pode ser chamado de cisto
mucosa ou mucocele. Estas lesOes sao normal mente descobertas em exames
radiogn3ficos de rotina, uma vez que muitos casas sao assintomaticos. 0 cislo de
retenC;80 consiste na entidade mais comum que acamete a cavidade antral e urn
maior numero de cases vern sendo descoberto nos ultimos anos em virtude do
aumento consideravel da utilizac;ao de radiografias panoramicas nos consult6rios
odontol6gicos como exames complementares rotineiros.
Assim, 0 presente trabalho tern como objetivo fazer uma breve explic8C;80 da
patologia, no intuito de ressaltar a sua incidencia nos exames radiogn3ficos, em
especial, radiografias panoramicas, atrav9s de revisao de literatura sobre a tema.
Alem disso, englobar aspectos relevantes de diagn6stico, enfocando os achados
radiograficos, para poder diferenciar patologias essencialmente benign as (como
cistos de reten~ao de muco) de patologias antrais mais serias, como abscessos de
origem dental au tumores malignos.
1.10BJETIVOS
Objetivo geral :
_ Realizar uma revisao bibliografica sobre 0 fenomeno de retenl):80 de muca dosseias maxilares, apontando suas caracteristicas clinicas e radiograficas.
Objetivo especlfico:
_ Observar em radiografias panoramicas as fen6menos de reten980 de muco._ Verificar as caracteristicas radiograficas, bern como aspectos relacionados asintomatologia, tratamento e proservat;:ao des pacientes.
2. REVISAO DA LlTERATURA
Stafne; Gibilisco (1975), relataram que a imagem de uma porgao do seio maxilar
aparece quase sempre numa radiografia dentaria e revela frequentemente
processos patol6gicos associados que justificam trata-Io como uma entidade
separada. De acordo com as autores, 0 dentista comumente S8 confronta com 0
problema do diagn6stico diferencial entre uma odontalgia e disturbios do seia
maxilar, par pacientes que procuram com frequencia em primeira instancia seus
serviyos, par acreditarem que a dor que sentem e de origem dentaria. Assim, sao
fundamentais alguns conhecimentos da anatomi8 dos seies maxilares e suas
varia90es referentes a tamanho e forma de acordo com a sua observac;;:ao
radiografic8. Geralmente, quanta maior e 0 seia maxilar, rna is radiolucido ele e,
par existir menos ossa ao seu redor em proporc;ao ao tamanho da cavidade aerea.
Pode ser visualizado nas radiografias dentarias estendendo-se e ocupando todo 0
espac;o na trifurcac;ao das raizes do primeira molar. No que se refere aos cistos
do seio maxilar, as autores destacam que a imagem do cisto de retenc;ao oriundo
da mucosa do seio maxilar, aparece freqOentemente na radiografia dentaria e
comumente e vista com muita nitidez. Sao caracterizados par protuberancias
unicas ou multiplas, hemisfericas, amarelas ou esbranquic;adas na parede do antra
e de tamanho variado. Embora a maioria dos cistos seja assintomatica, existem
relatos de sensagao de repleyao na regiao orbital e frontal ou um bloqueio das
narinas causado pela expansao de grandes cistos para a vestibula nasal. Na
radiografia, este cisto se reconhece pela sua forma radiopaca, como uma cupula,
tendo como base a parede antral. 0 bordo do cisto e liso, bem definido e
dificilmente leva a expansao das paredes 6sseas do antra como resultado da
pressao, mesmo quando 0 cisto ocupa por completo 0 seio maxHar.
Casamassimo; Lilly (1980), afirmaram que a cisto mucosa benigno do seio maxilar
consiste em urn achado bern documentado em radiografias panoramicas. A
importancia de se identificar radiopacidades no seio maxilar reside na
diferenciaC;Elo entre patologias benignas (como 0 cisto mucosa) e outras patologias
rna is sarias.
De acordo com Barsley et al.(1984), os cistos de reten,M de muco sao
usual mente benignos, de crescimento lento, que pravocam expansao pelo
ac0muto e retenC;8o de secreyOes mucosas dentra do seio maxitar. Com a tempo,
causam expansao da cavidade do seio par meio de pressao nas paredes 6sseas
do mesmo. Assim, 0 seio maxilar a comptetamente preenchido com muco. Estas
tesoes sao descritas tanto como pseudocistas e/au cistos verdadeiros com
revestimenta epitelial. A etiologia das cistos de retenyao da seio maxilar nao ecomptetamente compreendida, porem, as autores retatam que alguma maneira de
bloqueio do 6stio sinus ai, incluindo res posta inftamat6ria, seja a mais freqOente
causa postutada das fen6menas de retem;:ao de muco do seio maxitar. Evidencias
radiograficas podem ser extrema mente 0teis no diagnostico destas lesoes. Para
avaliacroes em planas diferentes, recomendam-se as tecnicas de Caldwell e
Waters para 0 seio maxilar. Quando um cisto de reten,ao de muco esta presente,
estas imagens mastram urn alargamento da cavidade do seio e diminuiC;8a da
espessura das paredes osseas.
Conforme Gardner, et al.(1984), em um seio maxilar normal h8 poucas
gli:'mdulas seromucasas na lamina pr6pria, exceta em tome do 6stia, ande elas sao
numerosas. Na inflamac;aocronica, 0 numero dessas glAndulas em outras areas
da mucosa aumenta muito. Q bloqueio parcial do ducto de uma glAndula
seromucosa pode resultar na dilatac;aodo ducto no interior de uma estrutura
cistica, que pode estar circundada par epitelio. Esta e a patogenese de alguns
cistos de retenc;aodo seio maxilar e e semelhante ados cistos de retenc;aodas
grandulassalivares menores na cavidade oral. Neste caso, entretanto, a bloqueio
pode ser causado tanto por muco secretado como por sialolitos.
De acordo com Gardner. Gullane (1986), a terminologia dos cistos do seio
maxilar e confusa, podendo ser encontrada com diversas denominac;oes,como,
pseudocistos,cistos de retenC;Boe mucoceles. Ainda confonne os autores, cistos
de retenl'aO sao formados pelo bloqueio e subseqOente dilatal'ao dos ductos das
glandulas seromucinosas do seio. Estes cistos, de modo geral, sao pequenos e
nao evidentes clinicamente, porem, de tamanho suficiente para achados
radiograficos.
De acordo com Shafer et al (1987), 0 cisto mucoso parece representar urn
fenomeno de retenc;aodas glandulas mucosas associadas ao revestimento do
seio maxilar. A causa do desenvolvimento da lesao semelhante a urn cisto e
desconhecida, embora a traumatismo associado a extraC;8odentaria possa ter
significadoetiol6gico. Qutros fatores causa is incluem: sinusite, alergia e infecC;8o
sinusal. Radiograficamente, a lesao aparece como urna radiopacidade em fonna
de cupula au hemisferica, bern definida, homogEmea, cujo tamanho varia de uma
lesao minuscula a uma que ocupe completamente 0 seio maxilar. Esta
radiopacidade apresenta-se rna is como urna massa de tecido mole do que uma
area calcificada. Em alguns casos, a lesao apresenta-se mais radiotransparente
do que radiopaca. Ainda de acordo com os autores, entre 10 e 20% dos casos
ocorrem bilateralmente. E preciso cuidado para diferenciar 0 cisto de retenc;ao do
seio maxilar dos cistos periodontais apicais pr6ximos do seio maxilar, dos
fibrosteomas desta area e, especialmente, 0 cisto ciliada cin.'Jrgico da maxila.
Costa et al. (1992), relataram que 0 cisto mucoso do seio maxilar pode ser
definido atualmente como uma degenerac;ao cistica da mucosa sinusal. A
presenc;a de modificac;oes na mucosa e detectada, na maioria das vezes, em
exames radiograficos de rotina. 0 diagn6stico diferencial precoce possibilita uma
resoluC;BO mais favoravel do casa, bern como pennite 0 encaminhamento
adequado do paciente ao medico para terapeutica otorrinolaringol6gica. Ainda de
acordo com os auto res, a mucosa de revestimento dos seios maxilares apresenta
as principais caracteristicas encontradas na mucosa nasal. 0 epitelio de
revestimento e do tipo respirat6rio, colunar, pseudo.-estratificado cilindrico ciliado.
o tecido conjuntivo adjacente e do tipo fibroelastico. Fazem parte deste tecido:
substancia fundamental do tecido conjuntivo, celulas polimorfonucleares, linf6citos,
plasm6citos e macr6fagos quando em presenc;a de estados inflamat6rios. 00
ponto de vista clinico, na maioria das vezes, 0 cisto mucoso do seio maxilar
apresenta-se assintomatico, sen do diagnosticado por exames radiograficos de
retina. No caso de sintomatologia, podem se encontrar sensac;oes de peso,
pressao, dor na face ou nos areos dentais. Ainda pode haver obstruc;ao nasal,
rinorreia com secrec;ao retronasal e cefaleias. Radiograficamente, aparecem como
imagens radiopacas com bordos nitidamente arredondados.
Segundo Gon9alves; Silveira (1993), 0 cisto de reten980 consiste na
entidade rna is comum que acomete a cavidade antral. Com 0 advento das
radiografias panorflmicas, 0 numero de casos descobertos de cistos mucosos do
seio maxilar aumentou consideravelmente, em razao desta radiografia ser utilizada
rotineiramente nos consult6rios odontol6gicos. No presente estudo, dos 3180
pacientes analisados, verificou-se que 4,4% eram portadores de cisto mucosa do
seio maxilar, havendo prediler;ao pelo sexo masculino na faixa etana de 31 a 40
anos de idade. Ainda de acordo com os autores, e possivel que as periodos de
elevar;ao da umidade relativa do ar contribuam com 0 aparecimento dos cistos.
Alvares; Tavano (1993), relataram que, inicialmente, os cistos mucosos
eram visualizados nas radiografias periapicais das regioes de pre-molares e
molares superiores, sob a forma de areas levemente radiopacas e arredondadas,
surgindo do assoalho do seio maxilar. Os autores tambem ressaltaram que a
complementar;ao do diagn6stico pode ser feita por meio de aspirarrao do liquido
cistico, feita atraves de pequena abertura (braca n° 06 redonda) na parede do seio
maxilar, ao nivel dos pre-molares.
De acordo com Stamm (1995), as cistos de reten,80 no seio maxilar tern
uma incid~ncia de 1,9 a 9,6%. A grande maioria e assintomatica e 0 seu
diagn6stico pode ser feito pela radiologia convencional ou pela tomografia
computadorizada. Pode estar associada a alergias, les5es do apice dentario e
processos obstrutivos nos canaliculos glandula res. Quando os cistos apresentam-
se de tamanho suficiente para gerar sintomatologia, como dor local e retenr;ao de
secrer;ao, indica-se a remorrao do mesmo atraves de um acesso via meato medio
e/ou inferior, utilizando-se microscopio operat6rio ou endosc6pio rigido, atraves do
nariz ou pela fossa can ina.
Shankar et al (1997), descreveram que as cistas de reten9ila tem multiplas
causas, incluindo trauma, infec9a.o e alergia. Ocorrem ap6s a obstru<;8o tanto de
uma glandula salivar menor como de uma glandula mucossecretora. 0 cisto
mucossecretante esta revestido com epitelio respirat6rio, e geralmente
assintomatico, e apresenta-se como urn achado acidental em 2 a 5% das
radiografias da regiao facial. Quando 0 cisto for de grande dimensao, uma certa
remodelagem 6ssea pode ocorrer. Se 0 cisto preenche a cavidade do seio, uma
borda de ar crescenta aeirna do cislo, permite diferencia-Io de uma mucocele.
Raramente necessitam de tratamento, mas, quando encontrados, e importante t8r
certeza de que naD ha anatomia alterada au parestesia; S8 for ests a casa, uma
bi6psia pode ser necessaria para excluir molestia ameac;adora.
De acarda com Peterson (1998), a causa do fenomena de reten9aa de
muco e incerta, mas que, provavelmente, representa uma cole<;ao de muco no
interior da membrana do seio causada pela dilatac;ao cistica de uma glandula
mucosa. Ainda segundo 0 autor, 0 exame radiografico dos seios maxi lares pode
ser realizado com exposic;6es que incluem filmes periapicais, oclusais e
panoramicas. Se necessario, utiliza-se tomografia linear e computadorizada.
Conforme Garcia Jr. et al. (2000), os cistos de retenc;ao de muco acometem
os seios maxilares com maior freqOemcia e representam uma das complicac;6es
mais comuns da sinusite.
Gathberg et al(1976) apud Garcia Jr. et al.(2000), relataram que, nos casas
onde a interpretac;ao da radiografia panoramica torna-se dificultada ou incerta,
pade-se empregar a tamada radiagrafica PA de Waters, na qual as seias
maxilares podem ser inspecionados no sentindo mediolateral. Ainda de acordo
com Garcia Jr. et al (2000), 0 diagn6stico diferencial precoce possibilitarii uma
resolut;ao mais favoravel do casc. Deve-s9 diferenciar 0 cisto de retent;80 de
muco, lesao par excehancia benigna, par apresentar limites definidos e par nao
gerar abaulamento e tampouco destrui9ao 6ssea, de outras patologias sinusais,
tais como mucocele au tumores malignos e odontogenicos, como cisto periapical
ou abscesso de origem dental, que levarn a oste6lise.
Segundo Bugarelli, et al (2002), os cistos de reten9ao constituem
verdadeiro fenomeno de reten9aOde muco a partir das glandulas mucosas do
epitelio de revestimento do seia maxilar, sendo detectado como achado
radiografico ern radiografias dentarias. Radiograficamente, a cisto de retent;80 do
seia maxilar e reconhecido pela sua tonna hemisferica, radiopaca, como uma
"cupula", tendo como base a parede antral do seie maxilar. Seu bordo elisa e bern
definido e apresenta uma tipica Iinha cervical periferic8. Nao ha reabsorc;ao do
osso adjacente e a muito importante a persist~ncia da delicada linha radiopaca
correspondente a cortical do proprio seio maxilar. Les6es inflamat6rias do seio
maxilar devem ser incluidas e consideradas no diagn6stico diferencial da lesao,
assim como cisto periapical, cisto ciliado cirurgico da maxila ou ata mesmo uma
sinusite. 0 controle radiografico deve ser realizado a cada seis meses, podenda
ter intervalo anual. Quando no acompanhamento verifica-se que a lesao ja
estabelecida nao aumenta, porem, 0 paciente relata desconforto, como fiuido
nasal constante, e va lido que a profissional encaminhe a paciente para avalia980
medica de um otorrinolaringologista.
Freitas et al. (2004), relataramque 0 cisto de reten9aOdo seio maxilar pode
ser chamado de cisto mucosa e mucocele do seio maxilar. Essas les6es sao
usualmente descobertas em exames radiograficos de retina, aparecendo como
radiopacidades esfericas, ov6ides, em forma de ucupula", com limites uniformes,
contrastando com a imagem radiolucida do conteudo da cavidade sinusal. Para
efeito didatico, as autores classificaram os diferentes cistos que ocorrem na
cavidade bucal de acordo com a oligem do epilelio do qual foi formada a lesao, ou
seja, odontogenicos, odontog~nicos fissurais e pseudocistos. Ainda de acordo
com os autores, as fenomenos de reten980 de muco enquadram-se nesta ultima
classifica9aO, pois nao constituem cistos reais.
10
3. DISCUSSAO
A mucosa de revestimento dos seios maxilares apresenta as principais
caracteristicas encontradas na mucosa nasal, ou seja, 0 epih~lio de revestimento edo tipo respirat6rio, colunar, pseudO-8stratificado cllindrico ciliado. 0 tecido
conjuntivo adjacente e fibroelastico. englobando subst~ncia fundamental do tecido
conjuntivo, celulas polimorfonucleares, linf6citos, plasm6citos e macr6fagos
quando em presenCia de estados infiamat6rios (Costa et ai, 1992). Os fatores
etiol6gicos, especial mente de origem odontogenica, ainda nao estao bern
definidos, mas estimulos inflamat6rias, infecciasos au alergicos na mucosa muco-
sinusal parecem sar as principais responsaveis pelo desenvolvimento de
fenomenos de retenc;:aode muco no interior dos seies maxilares. Segundo Garcia
et al (2000), 0 cisto mucoso deve-se ao bloqueio dos dutos de drenagem das
gl.Emdulas seromucosas, representando uma das complicac;:6es mais comuns da
sinuSite. Casamassimo; Lilly (1980), afirmaram que problemas endod6nticos
parecem ter menor papsl na etiologia destes cistos. Desta mane ira, entende-se
que 0 cirurgiao-dentista vem encontrando mais oportunidades de detectar
possiveis patologias do seio maxilar do que 0 pr6prio medico, em virtude das
radiografias panor£lmicas, cada vez mais comuns no cotidiano dos consultorios
odontol6gicos.
Do ponto de vista clinico, geralmente as cistos de retenyao de muco no seio
maxilar apresentam-se assintomaticos, sendo diagnosticados apenas por exames
radiograficos de rotina. Quando apresentam sintomas, segundo Costa et al (1992),
estes podem ser . sensayao de peso, pressao, dor na face ou nos arcos dentais.
II
Pode haver ainda obstruryaonasal, rinorrtf!iacom secret;:aoretro-nasal e cefaleias.
Radiograficamente, aparecem como imagens radiopacas com bordos nitidamente
arredondados. Freitas et al.(2004), descrevem as lestles como radiopacidades
esfericas, ov6ides, em fonna de cupula, com limites uniformes, contrastando com
a imagem radiolucida do conteudo da cavidade sinusal. Shafer et al (1987),
descrevem 0 cislo mucoso mais como uma massa de tecido mole do que uma
area calcificada. Em alguns casos, a lesao apresenta-se mais radiotransparente
do que radiopaca. De acordo com Casamassimo; Lilly (1980), 73% das lestles
estao localizadas na port;:aoinferior dos seios maxilares ao nivel das cupulas
alveolares.
Mediante a escassez de trabalhos na literatura que especifiquem os
aspectos de diagn6stico nas radiografias panoramicas, Gonl'alves; Silveira (1993),
desenvolveram urn estudo volta do a prevalencia de cisto mucoso do seio maxilar
em radiografias panoramicas. Detectaram 4,4% de pacientes portadores de cisto
mucoso do seio maxilar na amostra avaliada, dos quais a maioria eram homens.
Nao observaram predilet;:aopar lado acometido e faixa eta ria, assim como os
dados relativos a condit;:oesdentais no quadrante homolateral acometido, nao
permitiram estabelecer a interrelat;:ao do aparecimento dos cistos em tais
situat;:oes.Nao instituiram tratamento nos casas analisados pois todos eram
assintomaticos.
De acordo com Stamm (1995), os cistos de retenr;ao no seio maxilar t~m uma
incidancia de 1,9 a 9,6%, sendo sua grande maiaria assintamatic8. Shafer et al
(1987), relataram que entre 10 a 20% dos casos ocorrem bilateralmente.
12
Analisanda radiagrafias de controle, Gothberg et al (1976), verificaram que 0 cisto
de reten980 de muco pode persistir sem altera90es de tamanho (durante
detenminadoperiodo), pode desaparecerde fonma espontanea ou, em outros
casas, ter um aumento lento em seu tamanho. Allard et al (1981), indicam a
remat;aa cirDrgica dos cistos mucosas quando estes apresentam caracteres
clinicos tipicos ou pertinentes. Segundo Killey; Kay (1973), a canula9ao e
drenagem do cisto estao indicadas diante da present;a de sintomas. Quando os
casos sao assintomaticos, a maiaria dos auto res concorda em apenas
acompanhar 0 casa, clinica e radiagraficamente, a cada seis meses, em media.
Se a lesao aumenta ou surgem sintamas, e valido encaminhar ao medico
otolTinolaringologista.
13
4. CONCLUsAo
Diante das informac;6es obtidas na revisao de literatura e discussao,
conclui-se que as caracteristicas radiograficas apresentam padrao regular, sendo
a sintomatologia ausente nos quadros iniciais. Assim, embora a maiaria dos
estudos espedficos com radiografias panor~micas seja mais antiga, naD torna as
resultados obsoletos, pois as caracteristicas clinicas e radiograficas, ao serem
comparadas, mostram-se semelhantes e regula res em terrnos de padrao
evolutivo.
Ressalla-se 0 papel importante do cirurgiao-dentista no diagn6stico desta
patologia, ja. que sao detectados em exames radiograficos de rotina, na maiaria
das vezes. Da mesma forma, 0 conhecimento destes casas par parte do cirurgiao-
dentista clinico geral 8, especial mente, do radiologista permitira uma resolUl;ao
mais favoravel do caso para 0 paciente, uma vez que este podera ser
encaminhado ao tratamento precocemente.
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