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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Departamento de Química
Obtenção de dispersões de complexos polieletrolíticos à base de
quitosana e poli(ácido metacrílico) e análise de adsorção de
albumina bovina sérica
Cláudio Lopes de Vasconcelos
Tese realizada sob a orientação do Prof. Dr. José
Luís Cardozo Fonseca apresentada ao Departa-
mento de Química da UFRN em preenchimento
parcial dos requisitos para a obtenção do grau de
Doutor em Química.
Natal - RN
Abril/2007.
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Vasconcelos, Cláudio Lopes de.
Obtenção de dispersões de complexos polieletrolíticos à base de quitosana e
poli(ácido metacrílico) e análise de adsorção de albumina bovina sérica / Cláudio
Lopes de Vasconcelos. – Natal, RN, 2007.
98 p. : il.
Orientador : José Luís Cardozo Fonseca.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Departamento
de Química.
1. Quitosana – Tese. 2. Poli(ácido metacrílico) – Tese. 3. Complexo polieletrolítico
– Tese. 4. Massa molar – Tese. 5. Força iônica – Tese. 6. Efeito polieletrolítico – Tese.
7. Polimerização em molde – Tese. 8. Adsorção – Tese. I. Fonseca, José Luís Cardozo.
II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 547.458(043.2)
Para Cecília (in memoriam) e Guilherme com amor
Cláudio Lopes de Vasconcelos. Obtenção de dispersões de complexos polie-
letrolíticos à base de quitosana e poli(ácido metacrílico) e análise de adsorção
de albumina bovina sérica. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Química, Área de concentra-
ção: Físico-Química, Natal/RN, Brasil.
ORIENTADOR: Prof. Dr. José Luís Cardozo Fonseca.
BANCA EXAMINADORA
PRESIDENTE: Prof. Dr. José Luís Cardozo Fonseca (DQ/UFRN)
MEMBROS:
Prof.a Dra. Márcia Rodrigues Pereira (DQ/UFRN)
Prof.a Dra. Nedja Suely Fernandes (DQ/UFRN)
Prof. Dr. Francisco Arnaldo Viana (DQ/UERN)
Prof. Dr. Emanuel Alves de Souza (CEFET-Imperatriz/MA)
2
PARTE DESTA TESE FOI PUBLICADA OU ENCONTRA-SE SUBMETIDA, DE ACORDO
COM A DESCRIÇÃO ABAIXO:
1. C. L. de Vasconcelos, P. M. Bezerril, D. E. S. dos Santos, T. N. C. Dantas, M. R.
Pereira, J. L. C. Fonseca. Effect of molecular weight and ionic strength on the for-
mation of polyelectrolyte complexes based on poly(methacrylic acid) and chitosan.
Biomacromolecules 7, 1245 - 1252 (2006).
2. C. L. de Vasconcelos, P. M. Bezerril, T. N. C. Dantas, M. R. Pereira, J. L. C. Fonseca.
Adsorption of bovine serum albumin on template-polymerized chitosan/poly(methacrylic
acid) complexes. Langmuir (no prelo).
3
Agradecimentos
Dirijo o meu reconhecimento
Ao Prof. José Luís Cardozo Fonseca e à Prof.a Márcia Rodrigues Pereira pela orienta-
ção, dedicação, compreensão e amizade que estiveram sempre presentes no decorrer deste
trabalho;
Aos meus pais que sempre me apoiaram, mesmo à distância;
À minha esposa pelo apoio e conforto, sempre presentes;
Ao Cypriano Neto pela força, amizade e ”prestação de serviços” que tem nos acompa-
nhado durante esses anos;
Aos companheiros de laboratório que acompanharam nosso trabalho durante estes anos;
Aos funcionários do Departamento de Química;
À Prof.a Tereza Neuma de Castro Dantas pelo suporte dado a este trabalho;
Ao Instituto Multidisciplinar de Materiais Poliméricos (IMMP), Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), à Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CA-
PES), à FINEP, ao CT-PETRO e à Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (PROPESQ-UFRN) pelo suporte financeiro dado a este trabalho.
4
Resumo
Dispersões formadas a partir de complexos polieletrolíticos de quitosana e de poli(ácido me-
tacrílico), PMAA, foram obtidas tanto pelo método de gotejamento, como pelo método de
polimerização em molde. O efeito da massa molar do PMAA e da força iônica na forma-
ção dos complexos de quitosana/poli(ácido metacrílico), CS/PMAA, foi avaliado usando o
método de gotejamento. O aumento da massa molar do PMAA inibiu a formação dos com-
plexos insolúveis, enquanto o aumento da força iônica primeiramente favoreceu a formação
dos complexos, depois a inibiu, em altas concentrações de eletrólitos de baixa massa molar.
A complexação dos polieletrólitos foi fortemente dependente das dimensões macromolecu-
lares, tanto em termos da massa molar quanto do efeito de expansão/contração dos novelos,
devido ao efeito polieletrolítico. As partículas resultantes tanto do método de gotejamento,
como da polimerização em molde foram caracterizadas por apresentarem regiões com di-
ferentes densidades de carga: a quitosana predominantemente presente na região central e
o poli(ácido metacrílico), na superfície, sendo, portanto, as partículas carregadas negativa-
mente. A albumina foi adsorvida nos complexos de CS/PMAA obtidos por polimerização
em molde (depois de sofrerem reticulação covalente usando glutaraldeído) e o pH foi con-
trolado a fim de se obter duas condições: (i) adsorção de albumina carregada positivamente
e (ii) adsorção de albumina em seu ponto isoelétrico. As isotermas de adsorção e as medi-
das de potencial zeta mostraram que a adsorção da albumina foi controlada por ligações de
hidrogênio/interações de van der Waals e que as estruturas em forma de ”escova” puderam
aumentar a adsorção da albumina nessas partículas.
Palavras-chave: quitosana, poli(ácido metacrílico), complexo polieletrolítico, massa molar,
força iônica, efeito polieletrolítico, polimerização em molde, adsorção.
5
Abstract
Dispersions composed of polyelectrolyte complexes based on chitosan and poly(methacrylic
acid), PMAA, were obtained by the dropping method and template polymerization. The ef-
fect of molecular weight of PMAA and ionic strength on the formation of chitosan/poly(meth-
acrylic acid), CS/PMAA, complexes was evaluated using the dropping method. The increase
in molecular weight of PMAA inhibited the formation of insoluble complexes, while the in-
crease in ionic strength first favored the formation of the complex followed by inhibiting it at
higher concentrations. The polyelectrolyte complexation was strongly dependent on macro-
molecular dimensions, both in terms of molecular weight and of coil expansion/contraction
driven by polyelectrolyte effect. The resultant particles from dropping method and template
polymerization were characterized as having regions with different charge densities: chi-
tosan predominating in the core and poly(methacrylic acid) at the surface, the particles be-
ing negatively charged, as a consequence. Albumin was adsorbed on template-polymerized
CS/PMAA complexes (after crosslinking with glutardialdehyde) and pH was controlled in
order to obtain two conditions: (i) adsorption of positively charged albumin, and (ii) adsorp-
tion of albumin at its isoelectric point. Adsorption isotherms and zeta potential measure-
ments showed that albumin adsorption was controlled by hydrogen bonding/van der Waals
interactions and that brush-like structures may enhance adsorption of albumin on these par-
ticles.
Key words: chitosan, poly(methacrylic acid), polyelectrolyte complex, molecular weight,
ionic strength, polyelectrolyte effect, template polymerization, adsorption.
6
Símbolos
KM coeficiente de equilíbrio de adsorção;
Mv massa molar viscosimétrica média;
ηred viscosidade reduzida;
ηinh viscosidade inerente;
[η] viscosidade intrínseca;
k′ constante de Huggins;
c concentração;
IC força iônica;
Ci concentração do íon;
zi valência do íon;
ζ potencial zeta;
µE mobilidade eletroforética;
η viscosidade;
ε0 permissividade do vácuo;
εr permissividade dielétrica relativa do meio;
dp diâmetro médio das partículas;
ms massa dos sólidos;
Vs volume dos sólidos;
Vp volume do picnômetro;
mw massa de água;
Vw volume da água;
7
ρs densidade dos sólidos;
ρw densidade da água;
VA volume de solução de albumina;
C0 concentração inicial;
mp massa de partículas;
CE concentração de equilíbrio;
Γ densidade de adsorção;
ℑ turbidez;
Γmax densidade de adsorção máxima;
ε energia de interação adsorbato-adsorbato;
εs energia de interação adsorbato-superfície;
8
Lista de Tabelas
4.1 Viscosidade intrínseca, [η], e k′ para o PMAA obtido a partir de diferentes
razões de iniciador/MAA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
9
Lista de Figuras
2.1 Representação esquemática da reação de polimerização em molde tipo I. . . 32
2.2 Representação esquemática da reação de polimerização em molde tipo II. . 33
2.3 Os dois modelos da proteína mostram uma vista lateral (lado esquerdo) e
uma vista evidenciada pela direção da seta do dímero protéico. O tamanho
do monômero protéico é cerca de 9,0 x 5,5 x 5,5 nm. . . . . . . . . . . . . 35
2.4 Modelo que representa os três domínios da albumina bovina sérica. A seta
dupla indica a posição para a formação do dímero protéico. A seta larga
simboliza o hipotético modo de adsorção side-on com uma área de adsorção
9,0 x 5,5 nm2. A seta estreita indica o modo de adsorção end-on com uma
área de adsorção 5,5 x 5,5 nm2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.1 Estrutura química da quitosana (a) e do poli(ácido metacrílico) (b). . . . . 39
4.1 Espectro de FTIR da quitosana (a), dos PECs obtidos pelo método de polime-
rização em molde [rCOOH/NH2= 5,6] (b), dos PECs obtidos pelo método
de gotejamento [rCS / PMAA = 0,25] (c) e do PMAA (d). . . . . . . . . . 49
4.2 Difratogramas de raios-X da quitosana, CS, do poli(ácido metacrílico), PMAA,
e do complexo polieletrolítico, PEC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.3 Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de CS/PMAA
em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando LPMAA. . . . . . . . . 53
4.4 Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de CS/PMAA
em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando HPMAA. . . . . . . . . 55
10
4.5 pH em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH para o LPMAA (quadrados)
e o HPMAA (círculos). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.6 Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de CS/PMAA
em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando HPMAA com CNaCl =
1,00×10−4M. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.7 Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de CS/PMAA
em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando HPMAA com CNaCl =
1,00×10−3M. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.8 Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de CS/PMAA
em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando HPMAA com CNaCl =
1,00×10−2M. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.9 Potencial zeta, ζ, em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH para as partí-
culas obtidas a partir do LPMAA (quadrados) e do HPMAA (círculos). . . 64
4.10 Potencial zeta, ζ, das partículas de PECs em função do pH. Círculos, rCOOH/NH2=
5,6. Quadrados, rCOOH/NH2= 8,3. Diamantes, rCOOH/NH2
= 11,1. . . 66
4.11 Curva de isoterma de adsorção em pH 3,04 para a albumina adsorvida nos
complexos de CS/PMAA. rCOOH/NH2= 5,6. . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.12 Curva de isoterma de adsorção em pH 5,07 para a albumina adsorvida nos
complexos de CS/PMAA. rCOOH/NH2= 5,6. . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.13 Curva de isoterma de adsorção em pH 3,04 para a albumina adsorvida nos
complexos de CS/PMAA. rCOOH/NH2= 11,1. . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.14 Esquema representado a superfície das partículas e a estrutura em forma de
”escova”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.15 Potencial zeta, ζ, em pH 3,04 para a albumina adsorvida nos complexos de
CS/PMAA. rCOOH/NH2= 5,6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.16 Potencial zeta, ζ, em pH 5,07 para a albumina adsorvida nos complexos de
CS/PMAA. rCOOH/NH2= 5,6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
11
4.17 Esquema representando uma possível interação por meio de ligações hidro-
gênio entre um grupo carbonila da albumina e um grupo carboxila de uma
partícula de PEC. Como resultado desta interação, o equilíbrio é deslocado
na direção da protonação dos grupos carboxílicos das partículas de PEC. . . 76
4.18 Potencial zeta, ζ, em pH 3,04 para a albumina adsorvida nos complexos de
CS/PMAA. rCOOH/NH2= 11,1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
12
Sumário
1 Introdução e objetivos 15
2 Complexos interpoliméricos 20
2.1 Complexos polieletrolíticos entre polímeros naturais . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Complexos polieletrolíticos entre polímeros sintéticos e naturais . . . . . . 24
2.3 Partículas coloidais à base de quitosana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.4 Propriedades mucoadesivas das partículas à base de quitosana e dos polia-
crilatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.5 Complexos interpoliméricos obtidos a partir da polimerização em molde . . 31
2.6 Adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3 Metodologia 38
3.1 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.2 Polimerização em solução aquosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3 Preparação das partículas de CS/PMAA pelo método de gotejamento . . . . 40
3.4 Preparação dos complexos de CS/PMAA via polimerização em molde . . . 41
3.4.1 Reticulação covalente das partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.5 Determinação do pH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.6 Caracterização das partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.6.1 Viscometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.6.2 Medidas de turbidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.6.3 FTIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
13
3.6.4 Difratometria de raios-X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.6.5 Medidas de potencial zeta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.7 Tamanho de partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.8 Densidade das partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.9 Experimentos de adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.9.1 Isotermas de adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.9.2 Análise da carga superficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4 Resultados e discussão 47
4.1 Polimerização do MAA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 FTIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.3 Medidas de difração de raios-X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.4 Viscometria e turbidimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.4.1 Efeito da massa molar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.4.2 Efeito da força iônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.5 Medidas de potencial zeta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.1 Potencial zeta das partículas de CS/PMAA obtidas pelo método de
gotejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.2 Potencial zeta das partículas não-reticuladas de CS/PMAA obtidas a
partir do método de polimerização em molde . . . . . . . . . . . . 65
4.6 Adsorção de albumina bovina sérica nas partículas reticuladas obtidas a par-
tir do método de polimerização em molde . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.6.1 Isotermas de adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.6.2 Análise da carga superficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5 Conclusões 79
14
Capítulo 1
Introdução e objetivos
Para definir um colóide, deve-se considerar pelo menos dois aspectos do sistema: a estru-
tura do colóide, ou seja, como os componentes do sistema estão interagindo entre si, e as
dimensões das unidades dispersas no sistema.1
Em soluções homogêneas, há uma mistura de espécies distintas que são misturadas ou
dispersas como moléculas individuais (onde o tamanho molecular dos dois materiais são
comparáveis entre si). Entretanto, entre materiais puros e soluções molecularmente dispersas
encontram-se uma grande variedade de importantes sistemas nos quais uma fase é dispersa
em uma segunda, mas em unidades que são muito maiores do que a unidade molecular, ou
nos quais o tamanho molecular do material disperso é significativamente maior do que o do
solvente ou da fase contínua (uma solução macromolecular ou polimérica). Tais sistemas
são, geralmente, definidos como colóides, embora haja a limitação do tamanho da unidade
que compõe a fase dispersa.
Em geral, um colóide é um sistema que consiste em uma substância (a fase dispersa -
um sólido, líquido ou gás) finamente dividido e distribuído uniformemente em uma segunda
substância (a fase dispersora ou fase contínua - um sólido, líquido ou gás).2 Exemplos mais
comuns de colóides são o leite (líquido disperso como finas gotículas lipídicas em uma fase
aquosa), a fumaça (partículas sólidas dispersas no ar), a névoa (pequenas gotículas de líquido
dispersos no ar), as tintas (pequenas partículas sólidas dispersas no líquido), a geléia (grandes
moléculas protéicas dispersas em água) e o material ósseo (pequenas partículas de fosfato de
15
cálcio dispersos em uma matriz sólida de colágeno).
Os diferentes tipos de sistemas dispersos são classificados dependendo da natureza da
fase dispersa e da fase contínua. Um sólido ou líquido disperso em um gás é denominado
aerosol, sendo a fumaça um exemplo comum de um sistema sólido disperso em ar. Um
sistema líquido disperso em ar é uma neblina. O leite é uma emulsão, no qual um líquido é
disperso em um outro líquido. As tintas são sóis ou dispersões coloidais que consistem de
partículas sólidas dispersas em um líquido.
Uma segunda classe de colóides de particular importância no contexto geral da química
de superfície é a dos colóides de associação. Os colóides de associação consistem de agre-
gados ou unidades de um número de moléculas que se associam em um processo dinâmico
e termodinamicamente dirigido, que leva a um sistema que pode ser simultaneamente uma
solução molecular e um sistema coloidal. A formação de um colóide de associação envolve
substâncias específicas que dependem de vários fatores tais como concentração, tempera-
tura, composição do solvente e estrutura química específica. Muitos sistemas biológicos,
incluindo a formação da membrana celular e o fenômeno de transporte sanguíneo, envolvem
várias formas de estruturas coloidais associadas.
Além dos colóides compostos de componentes insolúveis ou imiscíveis, há os colóides
liófilos que são, na realidade, soluções; no entanto, as moléculas de soluto (os polímeros)
são muito maiores do que as moléculas de solvente. Os colóides liófilos são um tanto únicos,
capazes de se expandirem para uma outra grande área, a ciência dos polímeros. O estudo das
interações entre polieletrólitos em solução, e a posterior formação de dispersões coloidais
a partir da complexação desses polieletrólitos serão abrangidos durante todo o curso deste
trabalho.
Um considerável número de fatores relacionados aos aspectos estruturais dos polímeros
e aos parâmetros ambientais tem sido determinante na formação dos complexos polieletrolí-
ticos. A respeito do efeito das dimensões moleculares dos polieletrólitos, Becherán-Marón
et al.3 investigaram a estequiometria e o grau de complexação dos produtos de reação entre a
quitosana e o alginato. Eles observaram que não houve dependência da composição química
do alginato e da massa molar da quitosana na formação dos complexos. Janes e Alonso4
16
desenvolveram um sistema nanoparticulado de quitosana a partir do processo de gelatinação
ionotrópica com tripolifosfato de sódio (TPP) e encontraram que a massa molar da quitosana
foi um fator determinante para algumas propriedades físico-químicas das dispersões, tais
como o tamanho das nanopartículas e o seu potencial zeta, ζ. Usando um método similar
com TPP, Ko et al.5 também reportaram que a massa molar da quitosana afetou o tamanho
microparticular e a morfologia de superfície. Eles atestaram que maiores massas molares de
quitosana estavam correlacionadas a micropartículas mais esféricas, com tamanho particular
na faixa de 500 a 700 µm.
A influência da força iônica da fase dispersora também tem sido analisada para diferen-
tes sistemas de polieletrólitos, de modo a correlacionar a presença de sais de baixa massa
molar à formação de complexos macromoleculares de polieletrólitos.6, 7 A importância des-
ses estudos reside na caracterização dos processos de agregação em suspensões de partículas
coloidais carregadas, na presença de polieletrólitos opostamente carregados, assim como no
efeito de dissociação nos complexos de polieletrólitos e/ou complexos de polieletrólitos e
surfactantes, em uma faixa crítica de força iônica e/ou valência iônica dos sais.8–10
Entre esses complexos, a combinação de quitosana (um polieletrólito catiônico muco-
adesivo) e poli(ácido metacrílico) com macromoléculas naturais e sintéticas tem recebido
considerável atenção.11 Os complexos polieletrolíticos de quitosana-poli(ácido acrílico) já
têm sido preparados em sistemas aquosos,10, 12, 13 embora não tenha havido relatos a respeito
dos efeitos da força iônica e da massa molar do poliânion derivado dos poliacrilatos. Nos
sistemas polieletrolíticos obtidos com quitosana, esses poliacrilatos estariam presentes nas
regiões mais externas das partículas, enquanto a quitosana estaria presente nas regiões mais
centrais das mesmas partículas. Neste trabalho, um primeiro enfoque foi dado aos comple-
xos polieletrolíticos obtidos a partir dos polieletrólitos pré-formados (polieletrólitos estes que
comportam grupos iônicos fracos). Sendo assim, complexos polieletrolíticos foram obtidos
a partir da mistura de quitosana e poli(ácido metacrílico) em razões não-estequiométricas,
em solução aquosa na ausência de sais e em soluções aquosas de sal de baixa massa molar.
O comportamento dos complexos resultantes e a faixa de razão de mistura foram estudados
empregando medidas de viscosidade e de turbidez, e análise de carga superficial. A espec-
17
troscopia na região do infravermelho foi usada para caracterizar quimicamente os complexos
obtidos.
Usando um outro método, um complexo polieletrolítico mucoadesivo foi obtido a par-
tir da reação de complexação entre polieletrólitos biocompatíveis opostamente carregados,
usando diferentes razões estequiométricas entre as unidades aminoglicosídicas de quitosana
e as unidades monoméricas de ácido metacrílico em solução aquosa. Neste enfoque, a quito-
sana e o ácido metacrílico foram usados em um processo reacional baseado na polimerização
em molde, no qual a quitosana foi usada como molde para a polimerização do monômero
de ácido metacrílico, ambos solubilizados em solução aquosa com a intenção de se obter
complexos polieletrolíticos.
Esses sistemas poliméricos biocompatíveis obtidos a partir da polimerização em molde
têm sido freqüentemente usados para a incorporação e/ou encapsulação de fármacos. En-
tretanto, quando as macromoléculas foram usadas como adsorventes, a adsorção dessas
macromoléculas ocorreu principalmente em superfícies inorgânicas.14–17 Devido a isso, o
campo de adsorção de macromoléculas que apresentam atividade protéica e/ou enzimática
usando complexos polieletrolíticos como substrato, tem chamado a atenção mais recente-
mente. A respeito da adsorção macromolecular, a adsorção protéica é um processo com-
plexo que envolve interações de van der Waals, interações hidrofóbicas e eletrostáticas e
ligações de hidrogênio, e é dependente das características químicas e físicas da superfície do
substrato. Ao examinar esses processos, muitas técnicas tais como microbalança de cristal
de quartzo (QCM), sistema de impedância eletroquímica,18 elipsometria e ATR-FTIR,19, 20
microscopia de força atômica (AFM)21 e microscopia de fluorescência de reflecção interna
total (TIRFM)22 têm sido recentemente usadas para a análise da adsorção protéica e mudan-
ças conformacionais em diversos colóides. Outras importantes técnicas, tais como potencial
zeta e monitoramento por UV-vis,23 também têm sido usadas para obtenção de informa-
ção direta a respeito dos modos de adsorção e mudanças da carga superficial em colóides e
interfaces protéicas.
Portanto, uma segunda parte deste trabalho envolveu a elucidação da natureza do pro-
cesso de adsorção em termos das interações eletrostáticas, hidrofóbicas e ligações de hidro-
18
gênio entre a albumina bovina sérica e a superfície dos complexos de quitosana/poli(ácido
metacrílico), obtidos por meio de polimerização em molde, em diferentes valores de pH. As
quantidades de albumina adsorvidas foram monitoradas por espectroscopia na região do UV-
vis e o monitoramento da carga superficial das partículas depois do processo de adsorção foi
acompanhado por meio de medidas de mobilidade eletroforética.
O capítulo 2 aborda, de um modo geral, alguns dos aspectos teóricos relacionados aos
complexos polieletrolíticos, envolvendo tanto os polímeros naturais, como os sintéticos, as-
sim como as propriedades mucoadesivas dos complexos à base de quitosana e poliacrilatos,
que são responsáveis pelo crescente uso destes polímeros nos últimos anos. Um método de
polimerização cada vez mais utilizado na obtenção de tais complexos, o método de poli-
merização em molde, também é abordado neste capítulo, além da descrição do processo de
adsorção em superfície sólida. O capítulo 3 trata da metodologia experimental empregada.
No capítulo 4, os resultados obtidos são apresentados e discutidos, e no último capítulo,
têm-se as conclusões finais do trabalho.
19
Capítulo 2
Complexos interpoliméricos
Os complexos interpoliméricos são formados a partir da associação de duas ou mais macro-
moléculas naturais ou sintéticas. Estes complexos podem ser separados em grupos distintos,
dependendo do tipo de interação dominante:
1. Estereocomplexos formados por forças de van der Waals;
2. Complexos polieletrolíticos, que são o resultado da reticulação iônica entre dois poli-
eletrólitos oposta e altamente carregados;
3. Complexos formados por ligações de hidrogênio;
4. Complexos de coordenação.
Portanto, os complexos macromoleculares de diferentes polímeros, neutros ou eletrostatica-
mente carregados, podem estar associados através de interações intermoleculares, tais como
ligações de hidrogênio, forças de Coulomb, forças de van der Waals e forças de transferên-
cia. Biofunções24 tais como informação genética e reações antígeno-anticorpo, são baseadas
principalmente na complexação de biopolímeros tais como proteínas, polissacarídeos e áci-
dos nucléicos.
Entre todos os métodos de desenvolvimento de dispersões poliméricas para a biomedi-
cina, o emprego dos complexos de polieletrólitos tem se tornado cada vez mais atrativo,
20
principalmente devido à simplicidade envolvida no processo de preparação.25 Os complexos
polieletrolíticos são preparados a partir da complexação de polieletrólitos que apresentam
grupos ionizáveis de um único tipo de carga, um aniônico e outro catiônico. Os complexos
polieletrolíticos são estruturas em rede que não apresentam nem cristalinidade nem mesmo
uma estrutura de neutralização intercadeias de cargas iônicas organizadas. Possivelmente,
as interações eletrostáticas entre os poliíons carregados opostamente são difusas e ocorrem
aleatoriamente entre grupos de sítios iônicos de sinais opostos. Essas reticulações iônicas
são estabelecidas por forças intermoleculares, mas a presença de interações hidrofóbicas não
pode ser ignorada, como uma importante fonte de estabilidade. Uma variedade de complexos
polieletrolíticos pode ser obtida, tanto pela mudança da estrutura química dos componentes
poliméricos, tais como massa molar, flexibilidade, estrutura química do grupo funcional,
densidade de carga, balanço hidrofílico/hidrofóbico e compatibilidade, como pelas condi-
ções de reação: pH, força iônica, concentração, razão de mistura e temperatura. Os prin-
cipais campos de aplicação dos complexos polieletrolíticos são: membranas para diferentes
usos,26–28 revestimentos de filmes e fibras,29 implantes para uso médico,30 microcápsulas,31
ligação de biomoléculas,32 produção de fragmentos de anticorpos33 e isolamento de ácidos
nucléicos.34
Os complexos macromoleculares e a formação dos sistemas particulados a partir destes
complexos, com dimensões micrométricas e submicrométricas, geralmente na forma de co-
lóides ou suspensões, obtidos por polimerização, agregação e/ou complexação de polímeros,
têm sido reportados como promissores materiais funcionais.35 Essas dispersões poliméri-
cas têm sido usadas em uma grande variedade de aplicações, tais como na preparação de
borracha sintética,36 revestimentos,37 adesivos para papel e têxtil,38, 39 floculantes40, 41 e mo-
dificadores reológicos.42 Eles também têm sido muito usados em aplicações biomédicas e
farmacêuticas, tais como em testes diagnósticos e liberação de fármacos.43–45
Em se tratando da biomedicina, têm-se empregado polímeros naturais e sintéticos que
sejam biocompatíveis, biodegradáveis, capazes de se ligar com proteínas, genes, ácidos nu-
cléicos, lipídeos, e ainda que tenham a capacidade de aumentar a absorção e a adesão às
mucosas sem desencadear toxicidade.46 De modo a usá-los na incorporação de macromolé-
21
culas bioativas e vacinas, tais como anticorpos monoclonais, plasmídeos, antígenos, oligo-
nucleotídeos, enzimas, proteínas recombinantes e peptídeos para aplicações terapêuticas, o
desenvolvimento e/ou preparação desses sistemas deve ser monitorado em termos da mor-
fologia das partículas, da distribuição de tamanho, da superfície química e da natureza do
polímero empregado.47
As interações entre as cadeias longas de polieletrólito e macroestruturas opostamente
carregadas, tais como micelas, dendrímeros, proteínas globulares e macroíons,48, 49 são de
grande interesse para muitos processos industriais, como o tratamento de águas usando agen-
tes floculantes formados por misturas de compostos insolúveis em água, o processamento de
pós como agentes de dispersão, ou na tecnologia de alimentos como modificadores reológi-
cos. Muitas biomacromoléculas, tais como o DNA, são também polieletrólitos, e a formação
de complexos com proteínas ou membranas, por exemplo, possui papel crítico nos proces-
sos de regulação biológica com aplicações em sistemas de liberação terapêutica. A fim de
compreender os fatores que controlam a complexação entre essas macroestruturas e as ma-
cromoléculas opostamente carregadas, deve-se considerar a distinção entre os polieletrólitos
fortes e fracos, uma vez que a adsorção de polieletrólitos fracos em superfícies é um processo
mais complicado devido ao fato da sua densidade de carga ser fortemente influenciada pela
conectividade das cargas ao longo da cadeia, pelo pH da solução, pela concentração iônica
da solução e pela presença de uma superfície opostamente carregada.50 Cooper et al.51 en-
contraram que a afinidade de ligação de polieletrólitos aniônicos por albumina bovina sérica
ou por uma micela opostamente carregada foi fortemente influenciada por três parâmetros
estruturais dos polieletrólitos: a flexibilidade da cadeia, a mobilidade de carga e a densidade
de carga. Além disso, deve-se notar que outros efeitos parecem dificultar a ligação entre os
polieletrólitos e as proteínas. Entre eles, pode-se destacar a rigidez da cadeia, que dificulta
essa ligação em relação à sua cadeia mais flexível, e a heterogeneidade de cargas que, além
de introduzir forças repulsivas entre poliânions e domínios negativos da proteína, também
altera a natureza do sítio de ligação do poliânion.52
22
2.1 Complexos polieletrolíticos entre polímeros naturais
A quitosana tem sido ao longo de mais de uma década um polieletrólito extensivamente
usado na obtenção de complexos polieletrolíticos. A quitosana (poli-β− (1 → 4)-2-amino-
2-desoxi-D-glicopiranose) é um polissacarídeo natural derivado da N-desacetilação alcalina
parcial da quitina (poli-β− (1 → 4)-2-acetamido-2-desoxi-D-glicopiranose), um abundante
mucopolissacarídeo presente no exoesqueleto de crustáceos, tais como lagosta, camarão,
caranguejo, que apresenta características estruturais análogas às glicosaminoglicanas, que
consiste em copolímeros de glicosamina e N-acetilglicosamina. Devido à possibilidade de
se obter quitosana purificada em larga escala, junto à sua habilidade de ser usada em diver-
sas formas, como pós, soluções, géis, filmes, fibras, pérolas e membranas, a quitosana tem
sido usada em muitas aplicações comerciais.53 Nesta última década, a quitosana tem sido
o biopolímero mais reconhecido como um promissor biomaterial para aplicações biomédi-
cas. A esse respeito, tem sido mostrado sua aplicabilidade como material de revestimento
de ferimentos, dispositivo hemostático, sistema de carreamento e liberação de genes/DNA
e engenharia de tecidos. As propriedades físico-químicas da quitosana exploradas para pro-
pósitos biológicos são hidrofilicidade, carga eletrostática positiva, capacidade de se reticular
e dessolvatar. Além disso, deve-se ressaltar suas conhecidas propriedades biológicas, tais
como biodegradabilidade, biocompatibilidade, baixa toxicidade, capacidade de se aderir a
superfícies mucosas e a possibilidade de se ligar a proteínas, enzimas, genes, ácidos nucléi-
cos e lipídeos ácidos.
Dentre as várias macromoléculas naturais usadas no processo de complexação macromo-
lecular como poliânions naturais junto à quitosana, temos a carboximetilcelulose,54 o ácido
algínico,55 o sulfato de dextrana,56 a heparina,57 a carragenana,58 a pectina59 e a xantana.60
As interações macromoleculares entre proteínas carregadas negativamente e positivamente
têm sido reportadas como responsáveis pelo aumento em algumas propriedades funcionais,
incluindo a formação de espuma61 e o fenômeno de agregação ou gelatinização.62 As intera-
ções e a quantidade de precipitação variam dependendo da concentração de cada proteína na
mistura, da força iônica e do pH da solução. Quando a proteína da soja foi misturada ao algi-
23
nato de sódio, os dois polímeros interagiram para formar complexos eletrostáticos.63 Essas
interações melhoraram a solubilidade e a atividade de emulsificação. A xantana e a quito-
sana foram usadas em uma reação de complexação, a fim de se determinar o rendimento da
reação, a estrutura dos complexos e a molhabilidade. A proporção de quitosana no hidrogel
dependeu do grau de desacetilação da quitosana e da razão de quitosana e xantana usada na
reação de complexação.
2.2 Complexos polieletrolíticos entre polímeros sintéticos e
naturais
A formação de complexos poliméricos de proteínas com polieletrólitos sintéticos tem a fina-
lidade de simular as interações intermoleculares durante a formação dos sistemas biológicos.
A formação de complexos entre proteínas e polieletrólitos sintéticos pode ser evidenciada por
separação de fase, como um coacervado complexo ou um precipitado sólido. Isso pode ser
observado em sistemas formados por lisozima e poli(ácido acrílico),64 lisozima e poli(ácido
metacrílico),65 DNA e poli(etilenoimina).66 As interações entre proteínas e polieletrólitos
sintéticos podem ser investigadas por turbidez e técnicas de espalhamento de luz. Park et
al.67 estudaram a interação entre o poli(cloreto de dimetildialilamônio) e ribonuclease, al-
bumina bovina sérica e lisozima. O policátion se ligava, preferencialmente, às proteínas de
baixo ponto isoelétrico, o que levou a uma seletividade na etapa de coacervação. A formação
de complexos polieletrolíticos entre quitosana e poli(ácido acrílico) já foi reportada.68 As
interações eletrostáticas polímero/polímero geraram complexos poliiônicos com diferentes
estruturas porosas.
2.3 Partículas coloidais à base de quitosana
Há uma variedade de veículos coloidais à base de quitosana que tem sido descrita para a
associação e liberação de macromoléculas. A natureza catiônica da quitosana tem sido con-
venientemente explorada para o desenvolvimento de sistemas particulados de liberação de
24
moléculas bioativas. Além de sua capacidade de complexação com polímeros carregados ne-
gativamente, uma outra interessante propriedade da quitosana é sua habilidade de gelatinizar
em contato com poliânions específicos. Esse processo de gelatinização se deve à formação
de reticulação inter- e intramolecular mediada por esses poliânions. Nanopartículas de qui-
tosana já foram obtidas pelo método de gelatinização ionotrópica.69 Esta técnica envolve
a adição, à temperatura ambiente, de uma fase alcalina (pH 7 - 9) contendo tripolifosfato
(TPP) em uma fase ácida (pH 4 - 6) contendo quitosana. As nanopartículas são formadas
imediatamente após a mistura das duas fases através de ligações inter- e intramoleculares
formadas entre os fosfatos do TPP e os grupos amino da quitosana. A formação de nanopar-
tículas de quitosana-TPP de alto rendimento com tamanho nanométrico e densidade de carga
predeterminados pode ser simplesmente manipulada e controlada variando-se as condições
de processo como concentração de quitosana, razão em massa de quitosana e TPP e o pH da
solução.
As nanopartículas também podem ser obtidas de uma combinação de quitosana com ou-
tros polímeros e macromoléculas hidrofílicas. A introdução de um segundo ingrediente na
formulação do sistema aumenta sua versatilidade em termos da associação e liberação de
proteínas e sua susceptibilidade para interagir com superfícies biológicas. Interessantes pro-
priedades foram observadas com nanopartículas de quitosana revestidas por um copolímero
em bloco de óxido de etileno e óxido de propileno (PEO-PPO).70 O tamanho e o potencial
zeta dessas nanopartículas puderam ser convenientemente modulados variando-se a razão
quitosana:PEO-PPO. O grande tamanho das partículas e os baixos valores de potencial zeta
foram indicativos de que esse copolímero se tornou integrado à estrutura das nanopartículas,
formando uma rede de quitosana/PEO-PPO por meio de ligações de hidrogênio intermo-
leculares entre o oxigênio eletronegativo do poliéter e os hidrogênios do grupo amino da
quitosana.71
Uma outra forma de modificar a superfície das nanopartículas de quitosana tem sido
a formação de um revestimento de poli(etileno glicol) (PEG) ligado covalentemente à su-
perfície das nanopartículas.72 Essa ligação foi mediada por uma reação com carbodiimida,
levando à formação de ligações de amida covalentes entre os grupos amino livres das nano-
25
partículas e o grupo metoxi do PEG. Esse revestimento de PEG foi responsável por diminuir
significativamente a carga superficial positiva das partículas, melhorando notadamente sua
biocompatibilidade. Devido às condições particularmente brandas necessárias para sua for-
mação, essas nanopartículas de quitosana parecem ser sistemas muito promissores para a
associação e liberação de macromoléculas sensíveis. Proteínas, tais como albumina bovina
sérica,73 toxóide tetânico,74 toxóide da difteria46 e fibrinogênio75 são exemplos de macro-
moléculas que têm sido eficientemente associadas a essas nanopartículas.
Os estudos de associação de proteínas realizados a diferentes valores de pH indicaram
que, para uma determinada proteína, uma maior eficiência na associação é obtida quando a
proteína é dissolvida em um pH abaixo de seu ponto isoelétrico, de modo que a macromolé-
cula seja predominantemente eletronegativa.71 Essa observação sugere que o mecanismo de
associação das proteínas à quitosana é, ao menos parcialmente, mediado por uma interação
iônica entre as duas macromoléculas. Esse mecanismo também é suportado pela neutrali-
zação da carga superficial da nanopartícula observada devido à associação de quantidades
crescentes de proteína. Em outro trabalho,73 foi observado que a encapsulação de albumina
pelas nanopartículas de quitosana foi diminuída com a adição de poli(etileno glicol) à solu-
ção de quitosana. Neste caso, ligações de hidrogênio intermoleculares puderam ser formadas
entre o átomo de oxigênio eletronegativo do poli(etileno glicol) e os grupos amino da qui-
tosana, competindo com os grupos ácidos da albumina, de modo que o emaranhamento das
cadeias de poli(etileno glicol) com as moléculas de quitosana obstruiu a encapsulação da
albumina pelas nanopartículas.
A capacidade de interagir eletrostaticamente com macromoléculas de carga oposta já
tem sido usada com grandes vantagens para a formação de complexos. Entretanto, no caso
das nanopartículas de quitosana ionicamente reticuladas com TPP, sabe-se que há outros
mecanismos envolvidos na associação com proteínas. Esses mecanismos incluem não apenas
interações hidrofóbicas, ligações de hidrogênio, e outras forças físico-químicas de natureza
específica à proteína associada, mas também o mecanismo físico de incorporação causado
pelo processo de gelatinização da quitosana na forma nanoparticulada. Esses mecanismos
permitiram justificar a significante quantidade de insulina incorporada às nanopartículas de
26
quitosana, mesmo em um pH no qual a insulina apresentava-se carregada positivamente.76
Outros compostos macromoleculares, tais como oligonucleotídeos, também podem ser
associados às nanocápsulas de quitosana muito eficientemente.77 Estudos recentes têm mos-
trado que essas macromoléculas são capazes de formar complexos iônicos com as cadeias
poliméricas catiônicas da quitosana.
A síntese de partículas de quitosana a partir do uso de agentes de dessolvatação também
já tem sido reportada na literatura. Berthold et al.78 primeiramente propuseram o uso de sul-
fato de sódio como agente de precipitação para formar partículas de quitosana. A adição por
gotejamento de sulfato de sódio em uma solução de quitosana e polisorbato 80 (usado como
um estabilizante para a suspensão) sob agitação e ultrassonicação dessolvatou a quitosana na
forma particulada. A extensão da precipitação foi controlada pela concentração de sulfato
de sódio e, portanto, a quantidade de sulfato de sódio necessária para a preparação das mi-
croesferas dependeu da massa molar da quitosana. Devido à carga positiva da superfície das
partículas, estas são capazes de adsorver quantidades significativas de moléculas bioativas
hidrofílicas e aniônicas à superfície.79
A auto-montagem de quitosana modificada quimicamente em nanopartículas tem sido in-
vestigada para a liberação de macromoléculas. A conjugação fracionada de PEG à quitosana
foi capaz de formar auto-agregados em pH básico, devido às ligações de hidrogênio inter-
moleculares em solução aquosa.80 Esses agregados podem se associar a pequenas moléculas
hidrofóbicas, cuja liberação pode ocorrer a partir de uma mudança de pH para condições
ácidas.
Nanopartículas de quitosana têm sido cada vez mais obtidas a partir de um processo de
auto-agregação, por meio de interações eletrostáticas entre materiais lipídicos carregados
negativamente e a quitosana carregada positivamente. Sonvico et al.81 apresentaram um
sistema nanoparticulado, formado por uma estrutura auto-organizada resultante da interação
eletrostática entre a quitosana e a lecitina, devido à presença de componentes carregados
negativamente na mistura lipídica. Outras nanopartículas de quitosana estruturalmente auto-
organizadas, à base de ácido colânico82 e ácido linoléico83 já têm sido descritas na literatura
como sendo potencialmente eficazes no carreamento de peptídeos usados no tratamento de
27
tumores. Os efeitos de conjugação da quitosana com ácido deoxicólico também têm sido
investigados no sentido de desenvolver um novo carreador para liberação de DNA.84 Estes
compostos capazes de se auto-agregarem, podem formar complexos quando misturados com
plasmídeos de DNA através de interações eletrostáticas. As características desses complexos
variaram de acordo com a razão de carga, o pH do meio e o tempo de incubação.
2.4 Propriedades mucoadesivas das partículas à base de
quitosana e dos poliacrilatos
As propriedades mucoadesivas da quitosana foram primeiramente reportadas na literatura
por Lehr et al.,85 que mostraram que a quitosana, em seu estado intumescido, apresentava
apreciáveis propriedades mucoadesivas. Esses autores também mostraram que a quitosana
apresentava intumescimento mínimo em fluido intestinal artificial, explicado por sua baixa
solubilidade em meio neutro ou levemente alcalino, que poderia ser melhorado pela substi-
tuição de seus grupamentos amino livres por curtas cadeias alquila, a fim de aumentar sua
molhabilidade e possivelmente sua adesão às mucosas. A respeito desse aspecto especial
de mucoadesividade da quitosana, tem sido mostrado que este polímero mucoadesivo pode
ser útil para liberação de peptídeos e outras macromoléculas hidrofílicas. A ineficiência oral
destas macromoléculas se deve à restrição determinada pelas barreiras epiteliais do trato gas-
trointestinal e pela degradação gastrointestinal a partir da atividade metabólica de enzimas
luminais e enzimas presentes nas microvilosidades intestinais. Sendo assim, deve-se citar as
barreiras morfológicas e fisiológicas contra a liberação de macromoléculas hidrofílicas, tais
como as enzimas proteolíticas presentes no lúmen intestinal (pepsina, tripsina, quimotrip-
sina) e nas membranas das microvilosidades intestinais (endopeptidases), a camada mucosa,
a flora intestinal bacteriana e o próprio revestimento das células epiteliais. Esses fatores têm
estimulado a exploração de sistemas carreadores coloidais baseados em materiais polimé-
ricos sintéticos ou naturais para administração oral de macromoléculas hidrofílicas, permi-
28
tindo a proteção contra a degradação digestiva e a absorção no organismo, a partir da redução
da atividade proteolítica das peptidases e proteases ligadas à membrana e ao lúmen, assim
como do afastamento das junções intercelulares intestinais.
A fim de melhorar o transporte através da mucosa, a permeabilidade intestinal e a absor-
ção de macromoléculas hidrofílicas e polares, tais como peptídeos, proteínas e polissacarí-
deos, através do epitélio intestinal, diversos polímeros naturais e sintéticos com propriedades
mucoadesivas e de ligação têm sido usados. As propriedades mucoadesivas de polímeros,
tais como o poli(ácido acrílico), são necessárias para a interação com o gel mucoso secre-
tado pelas células de cálice epiteliais. A biomacromolécula responsável por essa fixação à
mucosa é uma glicoproteína de alta massa molar.86 A quitosana é um polímero biocompatí-
vel que, quando protonado (pH < 6,5), é capaz de aumentar a permeabilidade intestinal de
macromoléculas e partículas através dos espaços paracelulares, selados pelas junções inter-
celulares. Uma vez que a quitosana é uma base fraca, torna-se necessário um meio ácido (pH
1 - 6) para transformar as unidades de glicosamina em unidades carregadas positivamente.
Portanto, moléculas protonadas derivadas da quitosana, solúveis em soluções aquosas, têm
sido avaliadas para sobrepor a limitada solubilidade da quitosana e a sua ineficiência como
aumentadoras de absorção a valores de pH neutro tais como aqueles encontrados no trato in-
testinal, e somente essas moléculas em sua configuração estendida podem iniciar a abertura
das junções intercelulares e, conseqüentemente, o transporte de macromoléculas hidrofílicas.
As junções intercelulares são responsáveis pela integridade da barreira epitelial intesti-
nal. A identificação de diversos componentes protéicos, intimamente associados às junções
intercelulares, tais como ocludina, claudina e moléculas de adesão juncional (JAM), tem
contribuído para a elucidação da funcionalidade do complexo juncional.87 O rompimento
das interações intercelulares na membrana basolateral entre essas moléculas diretamente
envolvidas na estrutura da junção intercelular seria o provável caminho para aumentar a
permeabilidade paracelular.88 As interações dos componentes do complexo juncional e as
macromoléculas fixadas à mucosa provocam o aumento do transporte paracelular de ma-
cromoléculas a partir da ligação de polímeros ao epitélio mucoso mediado pela carga ou
pela redução da concentração de Ca2+. Além do mais, a inativação de enzimas proteolíticas
29
intestinais também contribuem para os efeitos que promovem a absorção.
As propriedades mucoadesivas dos derivados da quitosana e do poli(ácido acrílico) têm
sido estudadas em um modelo in vitro derivado de uma linha de células de carcinoma de
cólon humano, a fim de mediar seus efeitos nas junções intercelulares epiteliais in vitro,
permitindo o transporte paracelular intestinal. Quando ionizados, ambos os polieletrólitos
apresentam propriedades biológicas intrínsecas. A quitosana é capaz de aumentar a per-
meabilidade intestinal de macromoléculas e partículas através de espaços intercelulares.89
Junginger et al.90 mostraram que o glutamato de quitosana e o carbomer foram capazes de
influenciar a permeabilidade das monocamadas de células epiteliais in vitro principalmente
através de seus efeitos sobre a resistência elétrica transepitelial, uma medida da integridade
da camada celular. Diferentes mecanismos são considerados para estes polímeros: a intera-
ção entre as moléculas poliméricas carregadas positivamente e a membrana celular carregada
negativamente é o mecanismo mais considerado para a quitosana, resultando em uma reor-
ganização estrutural das proteínas associadas às junções intercelulares. A depleção da con-
centração de Ca2+ extracelular livre pelos poliacrilatos é considerado ser o mecanismo mais
efetivo na abertura das junções permitindo o aumento da permeabilidade paracelular. Além
disso, um importante aspecto dos poliacrilatos é que eles são capazes de inibir a atividade
proteolítica das endopeptidases luminais, tripsina e α−quimotripsina, e das exopeptidases,
carboxipeptidase A e aminopeptidase citosólica, pela depleção de cofatores essenciais, Ca2+
(nas endopeptidases) e Zn2+ (nas exopeptidases), a partir da estrutura da enzima, resultando
em um aumento da autodegradação da tripsina.91 Um mecanismo similar tem sido notado
para uma outra endopeptidase, a carboxipeptidase B que também pode ser inibida pela deple-
ção de Zn2+ do seu sítio ativo. A depleção de Ca2+ extracelular pelos poliacrilatos também
influencia a integridade da junção epitelial.90 A diminuição na concentração de Ca2+ extra-
celular acarreta alterações morfológicas na expressão da F-actina, assim como na localização
das proteínas juncionais funcionais, também resultando no aumento da permeabilidade pa-
racelular.90, 92
30
2.5 Complexos interpoliméricos obtidos a partir da poli-
merização em molde
A polimerização em molde93, 94 foi desenvolvida baseada em processos biológicos como a
replicação do DNA ou a biosíntese das proteínas. Neste tipo de reação, a propagação do
polímero em crescimento ocorre ao longo de uma macromolécula linear pré-formada, que
foi adicionada previamente ao sistema reacional. A polimerização em molde ocorre através
de interações cooperativas (interações hidrofóbicas, ligações de hidrogênio e forças eletros-
táticas) entre os grupos complementares de moléculas de monômeros e o molde, formando
um complexo polieletrolítico. Interações de van der Waals não-específicas em combinação
com interações estereoquímicas do polímero em formação com o molde, também pode levar
à polimerização em molde. De modo geral, forma-se um gel interpolimérico compacto ou
um precipitado de complexo polimérico agregado. A presença de um molde normalmente
afeta várias características da polimerização, tais como a cinética, a massa molar e a micro-
estrutura do polímero formado.
O mecanismo de polimerização em molde depende do grau de adsorção ou complexação
do monômero (M) pelo molde:
M+ -T- � -T(M)-,
onde -T- significa um sítio do molde. A constante de equilíbrio de adsorção, KM, depende
de alguns fatores tais como o modo de interação, a temperatura e o solvente. Dois casos
extremos podem ser discutidos: KM = ∞ e KM = 0. Quando KM se aproxima do ∞ (tipo I),
o monômero está completamente adsorvido por todos os sítios do molde por forças eletros-
táticas ou ligações de hidrogênio. Uma forte preferência do molde pelo monômero indica
que o molde pode ser insolúvel no solvente na ausência do monômero. Se o molde é solúvel
em um solvente apropriado, então o solvente pode competir com o monômero pelos sítios T,
reduzindo KM. Deste modo, apenas variando o solvente (ou a temperatura), pode-se ajustar
o KM e, portanto, o modo de propagação do molde. Quando KM se torna muito pequeno,
a propagação no molde se procede às custas da reação com o monômero adsorvido adja-
31
Figura 2.1: Representação esquemática da reação de polimerização em molde tipo I.
centemente. Quando KM = 0 (tipo II), as macromoléculas do molde estão completamente
solvatadas pelo solvente. Um pré-requisito para a propagação em molde sob esta condição
é que o oligômero formado na solução (ou seja, a polimerização se inicia fora do molde) se
complexe com o molde, depois de atingido um tamanho crítico. A partir daí, a propagação
procede ao longo do molde pela adição de moléculas de monômero advindos da solução,
presente na vizinhança do molde. Esses dois tipos de reações podem ser ilustrados pelos
esquemas apresentados nas Figuras 2.1 e 2.2.
O principal objetivo na técnica de polimerização em molde tem sido o desenvolvimento
de carreadores poliméricos mucoadesivos de biomoléculas.95, 96 Cho et al.97–99 prepara-
ram polímeros mucoadesivos por polimerização em molde de ácido acrílico na presença
de diferentes moldes tais como o poli(etileno glicol), a sericina da seda e a quitosana.
Quando a quitosana foi usada como uma matriz,97 o complexo polimérico de poli(ácido
acrílico)/quitosana exibiu forte força adesiva e limitada solubilidade aquosa. Resultados de
FTIR e DMTA mostraram que este complexo polimérico foi formado por ligações de hidro-
gênio.
32
Figura 2.2: Representação esquemática da reação de polimerização em molde tipo II.
2.6 Adsorção
As moléculas e os átomos podem se ligar de duas maneiras a uma superfície sólida. Na ad-
sorção física há uma interação de van der Waals (interação de dispersão ou interação dipolo-
dipolo, por exemplo) entre o adsorvato e o adsorvente. As interações de van der Waals são
de longo alcance, mas fracas, e a energia liberada quando uma partícula é adsorvida fisica-
mente é da mesma ordem de grandeza que a entalpia de condensação. Esta energia pode
ser absorvida como vibrações da rede do adsorvente e dissipada como movimento térmico.
Uma molécula que se desloque sobre a superfície perde gradualmente energia e termina por
ser adsorvida; esse processo é a acomodação. A entalpia da adsorção física pode ser medida
pela determinação da elevação da temperatura de uma amostra cuja capacidade calorífica
seja conhecida. Esta pequena variação de entalpia é insuficiente para romper as ligações quí-
micas, e por isso uma molécula fisicamente adsorvida retém a sua identidade, embora possa
ser deformada pela presença dos campos de força da superfície.
Na adsorção química, as moléculas (ou átomos) unem-se à superfície do adsorvente por
ligações químicas e tendem a se acomodar em sítios que propiciem o número de coordenação
máximo com o substrato. A distância entre a superfície do adsorvente e o átomo mais pró-
33
ximo do adsorvato é menor na adsorção química do que na adsorção física. Uma molécula
quimicamente adsorvida pode ser decomposta em virtude de forças de valência dos átomos
da superfície e é a existência de fragmentos moleculares adsorvidos que responde, em parte,
pelo efeito catalíticos de superfícies sólidas.
Um modelo útil para uma isoterma de adsorção simples deve levar em consideração to-
dos os fenômenos envolvidos no processo, incluindo o processo de adsorção monomolecular
inicial, adsorção em multicamadas, se presentes, e fenômenos tais como quimissorção e
condensação capilar. Em uma dada situação, alguns ou todos esses fatores podem ser im-
portantes. Como resultado há uma grande variedade de tipos de isotermas. A isoterma mais
simples está baseada teoricamente em três hipóteses:
1. A adsorção não pode ir além do recobrimento com uma monocamada;
2. Todos os sítios de adsorção são equivalentes uns aos outros e a superfície é uniforme
(isto é, a superfície é perfeitamente plana em escala microscópica);
3. A capacidade de uma molécula ser adsorvida num certo sítio é independente da ocu-
pação dos sítios vizinhos.
Os complexos de quitosana/poli(ácido metacrílico), CS/PMAA, obtidos pelo método de po-
limerização em molde apresentados neste trabalho, foram aplicados na análise do processo
de adsorção protéica em diferentes condições de pH, usando a albumina bovina sérica como
modelo protéico para o estudo da interação entre a albumina e a superfície polimérica bio-
compatível. A albumina, de massa molar 66462 g mol−1, é a proteína mais abundante no
sangue bovino, responsável por transportar ácidos graxos juntamente com outras pequenas
moléculas por todo o sistema circulatório e é, sobretudo, responsável pela manutenção do pH
sanguíneo.100 Ela também executa muitas outras funções, tais como a remoção de radicais
livres de oxigênio e a inativação de vários metabólitos lipofílicos tóxicos, como a bilirru-
bina. Agindo como uma proteína transportadora multifuncional, ela tem uma concentração
de aproximadamente 50 mg mL−1 no plasma. A albumina consiste de 583 resíduos de ami-
noácidos e três domínios em uma cadeia polipeptídica simples. A estrutura da albumina
34
Figura 2.3: Os dois modelos da proteína mostram uma vista lateral (lado esquerdo) e uma
vista evidenciada pela direção da seta do dímero protéico. O tamanho do monômero protéico
é cerca de 9,0 x 5,5 x 5,5 nm.
bovina sérica está ilustrada na Figura 2.3. Ela apresenta uma estrutura que se aproxima de
um formato de coração com dimensões aproximadas de 9,0 por 5,5 nm2 para o modo de
adsorção side-on e 5,5 por 5,5 nm2 para o modo de adsorção end-on, como pode ser obser-
vado na Figura 2.4. A estrutura secundária contém aproximadamente 50-68 % de estrutura
α−hélice com o restante composto de β−sheet (16-18%). De modo contrastante, outros
pesquisadores sugeriram que a proteína polipeptídica não continha estrutura β−sheet e, sim,
regiões flexíveis extendidas e curvadas.101 O ponto isoelétrico (IEP) da albumina está em
torno do pH = 4,7-5, sendo carregado positivamente no pH < IEP.
Muitos trabalhos demonstraram a adsorção/desorção de albumina bovina sérica em su-
perfícies de materiais inorgânicos, nos quais avaliaram diferentes parâmetros, como o efeito
do pH e da concentração de eletrólitos sobre o processo de adsorção. Peng et al.102 inves-
tigaram o equilíbrio e a cinética de adsorção da albumina bovina sérica sobre partículas de
magnetita de tamanho nanométrico. Eles notaram que o pH apresentou um grande efeito na
adsorção da proteína devido à sua natureza anfifílica, de modo que o máximo de adsorção de
albumina sobre as partículas magnéticas ocorreu no ponto isoelétrico da proteína. Segundo
esses autores, a albumina apresenta várias formas isoméricas em diferentes valores de pH e,
portanto, diferentes quantidades de α−hélice, com uma quantidade máxima de α−hélice no
seu ponto isoelétrico. Isso significa que a albumina se apresentaria em uma forma mais com-
35
Figura 2.4: Modelo que representa os três domínios da albumina bovina sérica. A seta dupla
indica a posição para a formação do dímero protéico. A seta larga simboliza o hipotético
modo de adsorção side-on com uma área de adsorção 9,0 x 5,5 nm2. A seta estreita indica o
modo de adsorção end-on com uma área de adsorção 5,5 x 5,5 nm2.
pactada, o que resultaria em uma mínima repulsão intermolecular e, conseqüentemente, em
maiores quantidades de proteína adsorvida. Em um outro trabalho,16 eles avaliaram a adsor-
ção e dessorção de lisozima sobre nanopartículas magnéticas em diferentes valores de pH. A
adsorção máxima de lisozima ocorreu em seu ponto isoelétrico (pH = 11,1). Pode-se notar
que isso é um fenômeno comum quando se avalia a adsorção protéica. No ponto isoelétrico,
a repulsão eletrostática entre as macromoléculas adsorvidas é mínima: as macromoléculas
protéicas podem, portanto, atingir um maior empacotamento entre si, sobre a superfície das
partículas, em relação às macromoléculas que apresentam carga eletrostática.
Rezwan et al.14 monitoraram as cargas superficiais e os pontos isoelétricos das partícu-
las de alumina, silica, titânio e zircônio em função das quantidades de albumina carregada
negativamente e lisozima carregada positivamente, adsorvidas no pH 7,5. As quantidades
de proteína adsorvidas sobre as superfícies das partículas de alumina, silica e titânio foram
fortemente determinadas pelo potencial zeta das partículas de óxido. Para as partículas de
zircônio, menos hidrofílicas do que as demais partículas analizadas, foram observadas gran-
des quantidades de proteína adsorvida, mesmo sob forças eletrostáticas repulsivas. Uma
36
razão seria que o efeito hidrofóbico representou um fator mais importante do que a interação
eletrostática. Em um outro trabalho,23 Rezwan et. al. investigaram a adsorção de albumina
bovina sérica sobre partículas coloidais de Al2O3 em um meio aquoso. Eles propuseram um
modelo de adsorção baseado em duas etapas: em uma primeira etapa, foi obtida uma mo-
nocamada de albumina adsorvida sobre a superfície de Al2O3, seguida da adsorção de uma
segunda camada formada por outras moléculas de albumina, de modo a serem formados
dímeros com aquelas já adsorvidas.
37
Capítulo 3
Metodologia
3.1 Materiais
A quitosana, CS, (Polymar Ltda, Brasil) usada neste trabalho, tinha um grau de desacetilação
de 90% e uma massa molar de M̄v ≈ 2,9 x 105 g mol−1 (determinada usando a equação de
Mark-Howink-Sakurada a partir de dados viscométricos103). O ácido metacrílico, MAA,
(Aldrich, Alemanha) e o persulfato de potássio, K2S2O8, (P. A., Vetec, Brasil) foram usados
como recebidos. A albumina bovina sérica foi adquirida da Sigma Aldrich (USA) e usada
sem qualquer modificação. As estruturas químicas da quitosana e do ácido metacrílico são
mostradas na Figura 3.1 .
3.2 Polimerização em solução aquosa
Nas polimerizações via radical livre, a massa molar é regulada pela temperatura, pela con-
centração do iniciador e pela forma como o iniciador e o monômero são adicionados ao
sistema.104 Para sintetizar o poli(ácido metacrílico), PMAA, com diferentes massa mola-
res, foram usados a variação da concentração do iniciador e o modo como o iniciador e o
monômero são adicionados ao sistema. O MAA foi solubilizado em água bidestilada de
modo a ser obtido uma solução aquosa de MAA 5%. O K2S2O8 foi adicionado à solução e
a polimerização se seguiu a 90◦C, por 3 h. Foram realizadas, deste modo, duas diferentes
38
Figura 3.1: Estrutura química da quitosana (a) e do poli(ácido metacrílico) (b).
polimerizações:
1. A quantidade de iniciador usado (em termos de porcentagem em massa de MAA) foi
1,5%: 13 adicionado no início da polimerização, 1
3 após a primeira hora de polimeriza-
ção e o restante do iniciador após a segunda hora de polimerização;
2. Uma razão em massa de iniciador/MAA de 0,375% foi usada: 13 adicionado no início
da polimerização, 13 após a primeira hora de polimerização e o restante do iniciador
após a segunda hora de polimerização.
Durante a polimerização, a mistura reacional tornou-se turva, passando a uma solução lím-
pida depois de ser resfriada sob agitação até a temperatura ambiente. O poli(ácido metacrí-
lico), PMAA, sólido foi obtido a partir da precipitação do poliácido de sua solução usando
o dietil éter, a temperatura ambiente. Embora o éter dietílico seja um solvente de baixa po-
laridade com uma solubilidade cerca de 1,5% em água, este solvente pode fazer ligações
de hidrogênio com o PMAA. Sendo assim, quando o éter dietílico foi adicionado à solu-
ção de PMAA, um precipitado de certa adesividade foi formado e repetidamente lavado
39
com o próprio dietil éter. Esta massa de precipitado foi seca em uma estufa à temperatura
de ≈ 60◦C. Foram obtidas soluções aquosas de PMAA a 7%, cuja concentração exata foi
determinada por titulação com NaOH. A viscosidade intrínseca, [η], da solução aquosa de
PMAA foi obtida usando um viscosímetro de Ubbelohde tamanho 0B. O efeito polieletrolí-
tico105 foi suprimido pelo uso de dioxano durante essas medidas.106, 107 O tempo de esco-
amento dessas medidas nunca foi menor do que 100 s [o tempo de escoamento do dioxano
foi de (267,8 ± 0,1) s]. Todos esses experimentos foram conduzidos a uma temperatura de
T = (25,00±0,05)◦C. As linearizações simultâneas das seguintes equações108
ηred = [η]+ k′ [η]2 c (3.1)
ηinh = [η]+(
k′ − 12
)[η]2 c, (3.2)
onde ηred e ηinh são, respectivamente, as viscosidades reduzida e inerente, permitiram que
se determinasse os valores de viscosidade intríseca, [η], e de k′ para o PMAA de diferentes
massas molares.
3.3 Preparação das partículas de CS/PMAA pelo método
de gotejamento
As partículas de CS/PMAA foram obtidas a partir da quitosana carregada positivamente e
do PMAA carregado negativamente pelo método de gotejamento. Uma solução de quitosana
0,02% em ácido acético 2% (pH = 2,60 ± 0,05) foi filtrada através de um filtro Millipore
Millex 41µm e adicionada por gotejamento a uma solução aquosa de PMAA 0,02% (pH =
3,70 ± 0.05). Uma dispersão opalescente foi instantaneamente formada sob agitação magné-
tica, dependendo da quantidade de solução de quitosana adicionada. A dispersão resultante
permaneceu sob agitação por 1 h a temperatura ambiente, para, então, se seguirem as análises
das dispersões. As variáveis usadas nos experimentos foram a razão em massa de CS em re-
lação ao PMAA, rCS / PMAA (ou a razão molar de NH2 da quitosana em relação ao COOH
40
do PMAA, rNH2/COOH), a massa molar do PMAA (indiretamente monitorada através da
viscosidade intríseca do PMAA, [η]) e a força iônica, dada por:109
IC =12 ∑
iCiz
2i , (3.3)
onde Ci é a concentração do íon i a zi é a sua valência. Para o cálculo da força iônica, os
íons H3O+ e COO− advindos da solução de ácido acético deveriam ter sido considerados.
No entanto, uma vez que as concentrações destes íons foram constantes, a força iônica foi
indiretamente monitorada através da concentração de NaCl adicionado, CNaCl, que foram
1,00 × 10−4, 1,00 × 10−3 e 1,00 × 10−2M. A CNaCl foi a mesma, tanto na solução de
quitosana como na solução de PMAA.
3.4 Preparação dos complexos de CS/PMAA via polimeri-
zação em molde
7,5 g de quitosana foi dissolvida em 500 mL de solução de ácido acético 2% e filtrada
através de um filtro Millipore Millex 41µm. A quitosana foi neutralizada provocando a
precipitação das cadeias de quitosana usando uma solução de NaOH 1,25 M, lavada com
água destilada e parcialmente dessecada sob vácuo à temperatura ambiente antes de seu
uso. Os complexos polieletrolíticos, PECs, de quitosana/poli(ácido metacrílico), CS/PMAA,
foram obtidos por meio da polimerização em molde do monômero de ácido metacrílico,
MAA, usando a quitosana com molde. A quitosana parcialmente dessecada foi solubilizada
em uma solução de MAA usando diferentes razões molares de ácido metacrílico/unidades
aminoglicosídicas, rCOOH/NH2, sob agitação magnética, a temperatura ambiente, por 12
h. Uma solução aquosa de MAA 0,06 mol L−1 foi obtida para todos os experimentos de
polimerização em molde. A polimerização foi executada a 70◦C sob agitação magnética
a partir da adição de 0,002 mol L−1 de K2S2O8. Durante a polimerização, uma dispersão
opalescente foi formada espontaneamente. A reação de polimerização foi mantida a 70◦C até
que a dispersão se tornasse instável. A dispersão de CS/PMAA obtida, foi filtrada a fim de
41
remover alguma agregação polimérica formada. As partículas de complexos polieletrolíticos
de CS/PMAA obtidas, foram separadas da fase dispersora por centrifugação (Himac CR21G,
Himac Inc., Japão), usando 15000 rpm a 4◦C por 40 min. Antes de serem levadas a cabo as
análises, as partículas foram dessecadas sob vácuo a temperatura ambiente.
3.4.1 Reticulação covalente das partículas
As partículas usadas nos experimentos de adsorção (Seção 3.9) foram covalentemente reti-
culadas usando glutaraldeído. Isso foi feito a partir da adição de 5 g de partículas de PECs
úmidas em 10 mL de uma solução aquosa de glutaraldeído 2,5%, sendo, a dispersão resul-
tante, deixada sob agitação magnética por 6 h a temperatura ambiente. Finalmente, o mate-
rial foi lavado, centrifugado, e seco a temperatura ambiente por 48 h. Um pó amarronzado,
insolúvel em pH básico ou ácido foi obtido a partir deste procedimento.
3.5 Determinação do pH
Um medidor de pH Micronal, modelo B474 (Brasil), foi usado para determinação do pH das
dispersões, depois da reação de complexação, a temperatura ambiente [(25±2)◦C].
3.6 Caracterização das partículas
3.6.1 Viscometria
A viscometria das dispersões de CS/PMAA obtidas conforme descrito na Seção 3.3, foi
realizada usando um viscosímetro de Ubbelohde tamanho 0B, previamente calibrado com
diferentes fluidos. O tempo de escoamento dessas medidas nunca foi menor do que 100
s (o tempo da água bidestilada foi de (207.9 ± 0.1) s). Todos esses experimentos foram
conduzidos a uma temperatura T = (25.00±0.05)◦C.
42
3.6.2 Medidas de turbidez
As medidas de turbidez das dispersões de CS/PMAA obtidas conforme descrição apresen-
tada na Seção 3.3, foram realizadas usando um turbidímetro Hach, modelo 2100P (USA). O
instrumento era equipado com uma lâmpada de filamento de tungstênio, um detector a 90◦
para monitorar o espalhamento de luz e um detector de luz transmitida. O microprocessador
do instrumento calculou a razão dos sinais de ambos os detectores, corrigindo as interferên-
cias dos materiais que absorvem cor e/ou luz. A turbidez das partículas de CS/PMAA, que
está relacionada ao tamanho médio das partículas e à concentração das partículas,110 foi,
então, determinada.
3.6.3 FTIR
Os espectros de FTIR foram feitos usando um espectrofotômetro Thermo Nicolet Nexus
470 a partir de pastilhas de partículas de CS/PMAA prensadas com KBr. Os parâmetros
operacionais foram: número de varreduras, 32; resolução, 4 cm−1.
3.6.4 Difratometria de raios-X
As medidas de difratometria de raios-X das partículas de CS/PMAA foram feitas por meio de
um difratômetro de raios-X Shimadzu LabX XRD-6000 (Japão). As análises foram obtidas
usando um tubo de Cu Kα a 30 kV e 30 mA. O ângulo de difração foi variado na faixa de
5◦<2θ<50◦ a uma velocidade de 2◦ min−1.
3.6.5 Medidas de potencial zeta
A mobilidade eletroforética das partículas de CS/PMAA resultantes do método de goteja-
mento (obtidas a partir de soluções livres de sais de baixa massa molar) foi determinada
a temperatura ambiente com dispersões resultantes da redispersão das partículas separadas
inicialmente por centrifugação. Nessas medidas, o KCl foi adicionado à fase dispersora, de
modo que sua concentração foi 10−4 mol L−1, a fim de manter constante a força iônica do
meio. O pH dessa dispersão foi mantido a 4,50 ± 0,05. Para as partículas de CS/PMAA
43
resultantes da reação de polimerização em molde, as medidas de mobilidade eletroforética
também foram levadas a cabo a temperatura ambiente. O efeito do pH sobre o compor-
tamento eletroforético dessas partículas foi avaliado na faixa de pH 2,35 - 10,64. Cinco
sistemas-tampões [tampão hidrogeno-ftalato de potássio 0,1 M/HCl 0,1 M (pH 2,35 e 3,61);
tampão hidrogeno-ftalato de potássio 0,1 M/NaOH 0,1 M (pH 4,17, 4,85 e 5,77); tampão
dihidrogeno-fosfato de potássio 0,1 M/NaOH 0,1 M (pH 6,36 e 7,01); tampão bórax 0,025
M/HCl 0,1 M (pH 8,12); tampão bórax 0,025 M/0,1 M NaOH (pH 9,33 e 10,64)], foram
usados nesses experimentos. Para esses experimentos, uma concentração de partículas de
0,5 g L−1 foi usada. As medidas de mobilidade eletroforética, µE , foram feitas a partir de
um Zeta Meter System 3.0+ (Zeta-Meter Inc., USA). O potencial zeta, ζ, das partículas de
uma dada dispersão de CS/PMAA foi calculado a partir da µE pelo emprego da equação de
Smoluchowski41
ζ =µEηε0εr
, (3.4)
onde ε0 é a permissividade do vácuo, εr é a permissividade dielétrica relativa do meio (cons-
tante dielétrica) e η é a viscosidade da fase dispersora.
3.7 Tamanho de partículas
O diâmetro médio das partículas reticuladas de quitosana / poli(ácido metacrílico), dp, ob-
tidas de acordo com a descrição apresentada na Seção 3.4, foi determinado usando um gra-
nulômetro a laser Cilas 920L a temperatura ambiente, usando água como fase contínua e
ultrassonicação por 60 s.
3.8 Densidade das partículas
A densidade das partículas reticuladas obtidas de acordo com a descrição apresentada na
Seção 3.4, foi determinada por picnometria clássica. Uma dada massa de sólido, ms, foi
adicionado a um picnômetro de volume Vp (este volume foi determinado usando água bides-
tilada como líquido padrão). A água foi adicionada ao picnômetro, a fim de completar o seu
44
volume e a massa de água adicionada, mw, foi determinada. A densidade das partículas foi
relacionada a Vp usando a expressão que se segue,
Vp = Vs +Vw =ms
ρs+
mw
ρw, (3.5)
onde Vw e Vs são, respectivamente, os volumes ocupados pela água e pelos sólidos e ρs e
ρw são as densidades dos sólidos e da água, respectivamente. Rearranjando a Equação 3.5,
segue que:
ρs = ms
(Vs − mw
ρw
)−1
(3.6)
3.9 Experimentos de adsorção
Nesses experimentos, foram usadas as partículas obtidas de acordo com a descrição apre-
sentada na Seção 3.4. Tomando como ponto de partida as partículas com a razão molar
de COOH do PMAA em relação ao NH2 da quitosana, rCOOH/NH2= 5,6, adsorvendo a
albumina em pH = 3,04, foi avaliado a influência dos seguintes parâmetros:
1. Aumento na rCOOH/NH2para 10,1, o pH permanecendo constante (pH = 3,04);
2. Aumento no pH para 5,09, rCOOH/NH2permanecendo constante (rCOOH/NH2
=
5,6).
O sistema-tampão usado nesses experimentos foi de hidrogeno-fosfato de sódio 0,2 M / ácido
cítrico 0,1 M. O processo de adsorção foi estudado em termos de isotermas de adsorção e
análise da carga superficial, conforme descrito nas próximas subseções.
3.9.1 Isotermas de adsorção
A adsorção de albumina sobre as partículas de CS/PMAA foi feita a (22±2)◦C, a partir da
mistura de um volume VA = 5 mL de solução de albumina, a uma determinada concentração
C0, a uma massa (mp = 500 mg) de partículas reticuladas. A mistura foi mantida por 48 h
45
a (22±2)◦C até atingir o equilíbrio e levada à centrifugação. Subseqüentemente, as dis-
persões foram centrifugadas duas vezes por 10 min a 4000 rpm em uma centrífuga Hermle
Z 200A (Hermle Labortechnik, Alemanha). Depois da centrifugação, as partículas sólidas
foram para análise de carga superficial, de acordo com a descrição da Seção 3.9.2. A con-
centração de proteína no sobrenadante, CE , foi determinada usando um espectrofotômetro
(Genesys 10-UV/Vis, Thermo Electron Corporation, USA), a partir da intensidade de uma
banda em 278 nm e uma curva de calibração previamente construída para as soluções de
albumina. A densidade de adsorção, Γ, de proteína foi calculada como se segue
Γ =(C0 −CE)VAρpdp
6mp, (3.7)
onde ρp é a densidade da partícula e dp é o diâmetro médio da partícula.
3.9.2 Análise da carga superficial
As partículas obtidas a partir de uma dada centrifugação, conforme se encontra descrito na
seção anterior, foram redispersadas no mesmo tampão usado para a preparação da dispersão
original e a mobilidade eletroforética foi imediatamente medida de acordo com o descrito na
Seção 3.6.5, a fim de estimar o efeito da adsorção de albumina sobre o potencial zeta, ζ, das
partículas.
46
Capítulo 4
Resultados e discussão
4.1 Polimerização do MAA
Os valores de viscosidade intrínseca, [η], e constante de Huggins, k′, para o PMAA obtido
com razões em massa de iniciador/MAA de 1,500 e 0,375 % são mostrados na Tabela 4.1.
Conforme a quantidade de iniciador diminui, o número de centros ativos de polimerização
também diminui, aumentanto, conseqüentemente, a massa molar do polímero,111 resultando
em um valor maior de [η]. Os valores de k′ para os dois sistemas estão em uma mesma
faixa, indicando que, embora apresentem massas molares diferentes, os polímeros sinteti-
zados apresentaram a mesma natureza hidrodinâmica (em outras palavras, tridimensional-
mente, a mesma geometria novelar).112 Daqui para frente, o polímero de maior viscosidade
intrínseca será referido como sendo HPMAA e o polímero de menor viscosidade intrínseca
como LPMAA.
4.2 FTIR
Os espectros de FTIR do PMAA, da quitosana e das partículas de CS/PMAA obtidas tanto
pelo método de gotejamento como pelo processo de polimerização em molde são mostrados
na Figura 4.1. O espectro de FTIR da quitosana mostrou a absorção dos grupos amida: ban-
47
Razão em massa de iniciador/MAA [η] (dL g−1) k′
1,500% 2,9±0,1 0,286±0,005
0,375% 5,0±0,1 0,254±0,001
Tabela 4.1: Viscosidade intrínseca, [η], e k′ para o PMAA obtido a partir de diferentes razões
de iniciador/MAA.
das de amida I e II localizadas em 1647 e 1598 cm−1, respectivamente. A intensa banda em
3420 cm−1 estaria relacionada ao estiramento vibracional de O−H e/ou N−H, assim como
às ligações de hidrogênio intermoleculares das cadeias do polissacarídeo.113 As bandas de
absorção em 1154 cm−1 (estiramento anti-simétrico de ligações C−O−C), em 1078 e 1031
cm−1 (vibrações envolvendo o estiramento C−O) são característicos da estrutura sacarosí-
dica da quitosana.114 O PMAA, em meio ácido, é caracterizado por uma estrutura compacta
hiperenovelada, estabilizada por interações hidrofóbicas dos grupos α−metila e pela forma-
ção de ligações de hidrogênio intramoleculares.115 A formação de ligações de hidrogênio
intramoleculares, no espectro do PMAA, pode ser caracterizada por uma larga banda em
3453 cm−1. A presença das bandas na faixa de 1715 - 1175 cm−1 tem sido relacionada com
os estiramentos vibracionais C−O e C−H,113 e a banda de absorção em 1716 cm−1, ao esti-
ramento vibracional C=O dos grupos carboxílicos. Pode ser observado um desvio de 1716
para 1701 cm−1 no espectro das partículas de CS/PMAA, atribuído à banda de absorção do
grupamento carboxílico do PMAA; as bandas amida no espectro da quitosana desaparece-
ram, e uma nova banda apareceu em 1648 cm−1, que pode ser assinalada como absorção do
NH+3 da quitosana. Além disso, as bandas de absorção em 1542 e 1389 cm−1, presentes no
espectro das partículas de CS/PMAA, resultaram do estiramento vibracional assimétrico e
simétrico de [O−C=O]−116, 117 .
Estes resultados de FTIR são indicativos da existência da reação de complexação entre os
grupos carboxílicos dissociados do PMAA e os grupos amina protonados da quitosana por
meio de interações eletrostáticas, resultando nos complexos polieletrolíticos obtidos tanto
48
Figura 4.1: Espectro de FTIR da quitosana (a), dos PECs obtidos pelo método de polimeri-
zação em molde [rCOOH/NH2= 5,6] (b), dos PECs obtidos pelo método de gotejamento
[rCS / PMAA = 0,25] (c) e do PMAA (d).
49
pelo método de gotejamento, como pelo método de polimerização em molde. Os espectros
não mostraram aspectos diferentes em função da massa molar do PMAA.
Em se tratando do método de polimerização em molde, a quitosana é insolúvel em água
pura, atingindo uma completa solubilização quando o MAA é adicionado à solução. Isso
indica que, tal como ocorre com o ácido acético nas soluções comuns de quitosana, o MAA
protonou os grupos NH2 da quitosana. Quando a polimerização começou, a propagação
das cadeias de PMAA resultou em um aumento da densidade de carga, de modo que, ao
tornar-se crítica, os complexos polieletrolíticos insolúveis entre a quitosana e o poli(ácido
metacrílico) foram formados através de interações eletrostáticas. Naturalmente, as interações
hidrofóbicas e as ligações de hidrogênio não podem ser desconsideradas. Os resultados de
FTIR confirmaram, portanto, a complexação polieletrolítica entre os grupos carboxílicos
dissociados do PMAA e os grupos amino protonados da quitosana.
4.3 Medidas de difração de raios-X
As medidas de difração de raios-X foram realizadas apenas para as partículas obtidas pelo
método de polimerização em molde. A Figura 4.2 mostra os difratogramas de raios-X para a
quitosana, as partículas de PECs e o PMAA. O perfil de difração de raios-X da estrutura da
quitosana consiste de duas bandas de reflexão em 2θ =11,6◦ e 20,1◦, que estão de acordo com
dados já reportados na literatura.118, 119 A quitosana tem duas formas cristalinas distintas I
e II. A forma cristalina I é ortorrômbica tendo uma célula unitária com a = 7,76 Å, b =
10,91 Åe c = 10,30 Å. A banda de reflexão em 2θ =11,6◦ tem sido assinalada à forma
cristalina I, que corresponde ao ângulo de difração no plano (100). A forma cristalina II
também é ortorrômbica tendo uma célula unitária com a = 4,4 Å, b = 10,0 Åe c = 10,3 Å. A
reflexão mais forte que aparece em 2θ = 20,1◦ tem sido assinalada à forma cristalina II, que
também corresponde ao ângulo de difração no plano (100). Wan et al.120 descreveram que
a cristalinidade da quitosana resulta da capacidade de formação de ligações de hidrogênio
dentro de suas cadeias, o que é atribuído ao grau de desacetilação da quitosana. De acordo
50
Figura 4.2: Difratogramas de raios-X da quitosana, CS, do poli(ácido metacrílico), PMAA,
e do complexo polieletrolítico, PEC.
51
com esses autores, quando o grau de desacetilação aumenta, as cadeias macromoleculares
tornam-se mais flexíveis, o que possibilita maior empacotamento, com um maior número de
grupos glicosaminas (maior número de ligações hidrogênio), aumentando a cristalinidade.
O perfil de difração de raios-X dos complexos polieletrolíticos mostrou que a reação
de complexação modificou a cristalinidade da quitosana, de modo que obtivemos distintos
picos de difração para os complexos. A reflexão mais larga ocorreu em 2θ =15,9◦ e 31,3◦
para as partículas de PECs. De maneira similar, o difratograma do PMAA mostrou picos
de difração em 2θ =15,1◦ e 31,6◦. Pode-se notar que a reação de complexação diminui
a intensidade dos picos de difração, tornando as bandas de reflexão mais largas para os
complexos polieletrolíticos. A forma das bandas de reflexão encontradas para os complexos
e o PMAA já tem sido reportada para microgéis amorfos de PMAA.121
4.4 Viscometria e turbidimetria
A viscometria e turbidimetria foram usadas de modo a avaliar os efeitos da massa molar do
PMAA e da força iônica na formação das dispersões de complexos polieletrolíticos de qui-
tosana e PMAA obtidas pelo método de gotejamento, assim como avaliar o comportamento
destas dispersões em função da razão de mistura utilizada neste trabalho.
4.4.1 Efeito da massa molar
A Figura 4.3 mostra os resultados obtidos a partir das medidas de viscosidade, η, e de tur-
bidez, ℑ, em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH, usando o PMAA de menor massa
molar (LPMAA), sem a adição de NaCl. Quando rCS / PMAA é aumentada, a viscosi-
dade aumenta e atinge um valor máximo a rCS / PMAA = 0,17. De acordo com o que já
tem sido mostrado em trabalhos anteriores, a viscosidade está principalmente relacionada ao
fenômeno que ocorre na fase contínua, enquanto a turbidez está relacionada à formação de
partículas sólidas.122, 123 Em outras palavras, este aumento na viscosidade é o resultado da
formação de complexos solúveis, que estariam gerando espécies macromoleculares de gran-
52
Figura 4.3: Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de
CS/PMAA em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando LPMAA.
53
des dimensões. A diminuição na viscosidade depois desse máximo se deve (1) à diminuição
na ocorrência de complexação e/ou (2) ao número de moléculas de polieletrólito na fase con-
tínua. O máximo na turbidez, ℑ, observado no mesmo valor (rCS / PMAA = 0,17) favorece
estas hipóteses, uma vez que um máximo na turbidez significa um máximo na ocorrência de
partículas de complexos insolúveis, que advêm da fase contínua, resultando em uma drástica
redução do volume hidrodinâmico macromolecular. Obviamente, um aumento na turbidez
devido à ocorrência de floculação por formação de pontes interparticulares, não pode ser
desconsiderado.124 A partir de então, o aumento de rCS / PMAA resultou em uma contínua
diminuição na viscosidade, até rCS / PMAA = 0,25 ∼ 0,33, o que é uma indicação de que
a formação de complexos insolúveis ainda tem sido importante neste momento. Os valores
de turbidez confirmaram esta hipótese, já que um segundo máximo também é verificado em
rCS / PMAA = 0,33. Para valores ainda maiores de rCS / PMAA, a turbidez diminuiu con-
tinuamente (indicando a solubilização dos complexos formados), assim como a viscosidade
aumentou continuamente (indicando um maior número de estruturas de complexos solúveis
nestas condições). Este tipo de explanação envolvendo a correlação turbidez/viscosidade na
formação desses complexos já tem sido reportada na literatura.125, 126
Um comportamento similar ao observado para a Figura 4.3 pode ser visto ao se examinar
a Figura 4.4 , que mostra a relação entre a razão em massa de CS/PMAA, rCS / PMAA, a
razão molar de NH2/COOH, rNH2/COOH, a viscosidade da dispersão, η, e a turbidez da dis-
persão, ℑ, para as dispersões preparadas usando o PMAA de maior massa molar (HPMAA).
Entretanto, algumas diferenças podem ser apontadas: o máximo na viscosidade agora ocor-
reu a rCS / PMAA = 0,2, com um máximo na turbidez em torno de rCS / PMAA = 0,25,
embora sem a mesma definição encontrada para o LPMAA. Esses resultados indicam que os
complexos formados com HPMAA são mais solúveis em meio aquoso, o que implica que
os complexos formados pelo LPMAA apresentavam estruturas mais compactadas. A maior
solubilidade das partículas à base de HPMAA pode ser explicado pelo fato de o LPMAA
apresentar uma maior quantidade de grupos carboxílicos ionizados acessíveis por unidade de
massa. Mais exatamente, uma diminuição na massa molar do PMAA implicaria um maior
número de novelos macromoleculares, o que implicaria uma maior concentração de grupos
54
Figura 4.4: Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de
CS/PMAA em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando HPMAA.
55
carboxílicos localizados nas regiões mais externas dos novelos. Esses grupos carboxílicos
seriam mais facilmente ionizáveis e a quitosana formaria, mais efetivamente, complexos ma-
cromoleculares com tais moléculas de poliácido. Embora o HPMAA tenha formado comple-
xos mais solúveis, ao se observar novamente as medidas de ℑ nas Figuras 4.3 e 4.4, pode-se
ver que o máximo de ℑ é mais intenso no caso do HPMAA. Isso evidenciou a formação
de estruturas macromoleculares de maiores dimensões com o aumento da massa molar do
poliânion em excesso, de acordo com o que já tem sido apontado por Dautzenberg.7
Essa análise pode ser estendida por meio da Figura 4.5 , que mostra a relação entre o
pH, rCS/PMAA e rNH2/COOH para as dispersões feitas com LPMAA e HPMAA. Pode ser
prontamente notado que o pH para as dispersões obtidas a partir do LPMAA é menor do que
aquelas obtidas do HPMAA, que é consistente com a discussão desenvolvida no último pa-
rágrafo (uma maior quantidade de grupos carboxílicos ionizáveis presentes no LPMAA). Os
pH’s das soluções de PMAA foram 3,70 (HPMAA) e 2,95 (LPMAA), enquanto o pH da so-
lução de quitosana foi 2,60. Os valores de pH abruptamente diminuiram de rCS / PMAA = 0
a rCS / PMAA = 0,2 ∼ 0,25 (o que caracteriza a ocorrência do ponto de equivalência ácido
fraco-base fraca). Essa faixa de rCS / PMAA se encontra em coincidência com o máximo
na turbidez encontrado para esses complexos. Isso leva a crer que o completo desenvolvi-
mento na turbidez pareceu estar relacionado a uma reação ácido-base. No pH ≈ 3, o grau
de ionização da quitosana está em torno de 1,0,127 enquanto no pH ≈ 4, o grau de ionização
do PMAA está em torno de 0,2128 (valores obtidos para uma faixa de concentração de 0,01
a 5 %). Em outras palavras, nessas condições, a maioria dos grupos amino da quitosana
estaria na forma protonada, enquanto os grupos carboxílicos do PMAA estariam na forma
não-dissociada, em equilíbrio com sua forma dissociada, de acordo com as seguintes reações
de complexação sugeridas:
ionização ácida: ∼ COOH + H2O � ∼ COO− + H3O+
formação de reticulação iônica: ∼ COO− + +H3N ∼ � ∼ COO−+H3N ∼
56
Figura 4.5: pH em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH para o LPMAA (quadrados) e o
HPMAA (círculos).
57
Desse modo, um aumento na massa molar do PMAA (resultando em uma menor quanti-
dade de grupos carboxílicos ionizados presentes nas regiões mais externas dos novelos ma-
cromoleculares) levou a mudanças conformacionais na cadeia e, conseqüentemente, uma
maior quantidade de retículos iônicos das cadeias de quitosana foi necessário para a for-
mação dos complexos polieletrolíticos de CS/PMAA. Essa é a razão para os altos valores de
rCS / PMAA necessários para se atingir um máximo na turbidez para o HPMAA. A ocorrên-
cia de um ponto de equivalência aparente em rCS / PMAA = 0,2 ∼ 0,25 (rNH2/COOH ≈0,1) sugere uma morfologia core-shell para as partículas, sendo a parte central da partícula
rica em quitosana e a parte externa ou periférica, rica em PMAA. Se rNH2/COOH < 1, isso
significa que há um excesso de grupos COOH. Se a fase contínua é rica em grupos COOH, há
uma maior probabilidade de que os grupos COOH excedentes se encontrem na parte externa
das partículas. Essa hipótese já tem sido considerada na literatura, a respeito da formação
de diferentes complexos de polieletrólitos.129, 130 Como conseqüência, também há a possibi-
lidade de formação de partículas por floculação por formação de ponte interparticular40, 124
entre as partículas carregadas negativamente e as espécies de complexos solúveis.
4.4.2 Efeito da força iônica
As Figuras 4.6, 4.7 e 4.8 mostram os resultados obtidos de viscosidade, η, e de turbidez,
ℑ, medidos em função da razão em massa de CS/PMAA, rCS / PMAA, e da razão molar
de NH2/COOH, rNH2/COOH, para diferentes concentrações de NaCl, 1,00×10−4, 1,00×10−3 e 1,00×10−2 M, respectivamente. Após analisar essas figuras, é interessante listar os
possíveis efeitos do aumento da concentração de eletrólito de baixa massa molar, CNaCl,
sobre ℑ e η. De acordo com a literatura, há três principais efeitos que podem representar
importantes papéis na formação dos complexos polieletrolíticos.41, 124, 129, 131–134
1. O aumento de CNaCl pode diminuir as interações eletrostáticas entre as cargas. Desse
modo, a diminuição das interações eletrostáticas entre as cargas opostas resultaria em
58
Figura 4.6: Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de
CS/PMAA em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando HPMAA com CNaCl =
1,00×10−4M.
59
Figura 4.7: Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de
CS/PMAA em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando HPMAA com CNaCl =
1,00×10−3M.
60
Figura 4.8: Turbidez, ℑ (quadrados), e viscosidade, η (círculos), das dispersões de
CS/PMAA em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH usando HPMAA com CNaCl =
1,00×10−2M.
61
uma diminuição na formação dos pares complexados. A turbidez diminuiria, a con-
centração das macromoléculas solubilizadas aumentaria e a viscosidade, dependendo
da intensidade do efeito polieletrolítico, aumentaria ou diminuiria.
2. Ainda tratando do efeito polieletrolítico, a diminuição na repulsão entre as cargas de
mesmo sinal (dentro das cadeias dos polieletrólitos) resultaria em uma diminuição nas
dimensões das macromoléculas solubilizadas. Dimensões menores, por outro lado,
poderiam favorecer a formação de espécies de complexos devido a um aumento na
densidade de carga, de acordo com o apontado na Seção 4.4.1. Desse modo, a turbidez
aumentaria e a viscosidade diminuiria.
3. O aumento de CNaCl resultaria na precipitação dos complexos solubilizados por meio
do efeito salting-out. Como resultado, a turbidez aumentaria e a viscosidade diminui-
ria.
Comparando o comportamento da turbidez observado nas Figuras 4.4 (CNaCl = 0) e 4.6
(CNaCl = 1,00×10−4 M), pode-se notar que para CNaCl = 1,00×10−4 M houve um leve
aumento nos valores de turbidez, indicando a proeminência dos efeitos (2) e/ou (3). Os mes-
mos efeitos pareceram ser mais importantes quando CNaCl foi aumentada para 1,00×10−3
M. Entretanto, quando CNaCl foi aumentada para 1,00×10−2 M, as dispersões tornaram-se
menos turvas para toda a faixa de rCS/PMAA explorada, indicando a importância do efeito
(1). Se o efeito salting-out não representou um papel importante para a concentração de NaCl
mais alta, pode ser deduzido que o efeito salting-out representou nenhuma importância no
processo de complexação como um todo.
A adição de NaCl diminuiu a viscosidade das dispersões para todas as concentrações, o
que tornou os efeitos (1) e (2) possíveis para todos os sistemas [uma vez que o efeito (3) tenha
sido desconsiderado]. Além disso, pode ser visto na Figura 4.6 que há um mínimo na vis-
cosidade antes de ser atingido um máximo a rCS/PMAA ≈ 0,25 (embora o comportamento
da curva de turbidez tenha permanecido com a mesma forma). Essa diminuição pode estar
relacionada à ocorrência do efeito polieletrolítico [sem que houvesse a formação de espécies
62
de complexos, inibida pela presença de NaCl, efeito (1)]. Quando rCS/PMAA foi aumen-
tada, a formação de espécies de complexos resultou em um aumento na viscosidade, como
descrito anteriormente na Seção 4.4.1. A Figura 4.7 mostrou que um aumento em CNaCl
para 1,00× 10−3M resultou na ocorrência de um mínimo sem a presença de um máximo,
certamente pelo fato da produção de um complexo não-solubilizado ter atingido um máximo
mais definido a rCS/PMAA = 0,2 (abaixo de rCS/PMAA ≈ 0,25, indicando que o máximo
na viscosidade deve ter se deslocado para valores de rCS/PMAA abaixo da faixa usada neste
trabalho). Um aumento em CNaCl para 1,00×10−2M resultou em uma situação similar às
dispersões sem NaCl (embora com uma viscosidade menor, devido aos efeitos de blindagem
dos eletrólitos de baixa massa molar). De acordo com o que foi colocado no último pará-
grafo, o comportamento da viscosidade também mostrou que o efeito salting-out não teve
importância neste caso: para a concentração mais alta de NaCl, a formação de partículas de
complexos sólidos foi desfavorecida.
4.5 Medidas de potencial zeta
4.5.1 Potencial zeta das partículas de CS/PMAA obtidas pelo método
de gotejamento
As considerações da última seção podem ser enriquecidas pela análise da Figura 4.9 , que
mostra os valores de potencial zeta, ζ, para as partículas de CS/PMAA obtidas a partir da qui-
tosana e do PMAA de diferentes massas molares, sem a presença do sal. Pode ser observado
que, para ambas as dispersões de CS/PMAA, a carga superficial foi negativa, sendo a carga
superficial das partículas menos negativa para os complexos de LPMAA. Isso é consistente
com a ocorrência de partículas com suas partes externas ricas em PMAA.
No pH = 2 ∼ 3, as condições em que as partículas foram preparadas, pode-se encontrar
quitosana complexada solubilizada na fase contínua, associada a uma quantidade conside-
rável de PMAA não-dissociado (o que é mais importante no caso do HPMAA). No pH =
63
Figura 4.9: Potencial zeta, ζ, em função de rCS / PMAA e rNH2/COOH para as partículas
obtidas a partir do LPMAA (quadrados) e do HPMAA (círculos).
64
4,5, as condições usadas nas medidas de potencial zeta, não há a presença nem do PMAA
nem de espécies de complexos solubilizados na fase contínua. Os complexos solúveis ad-
sorvidos na superfície das partículas seriam ressolubilizados na fase contínua e os grupos
carboxílicos inicialmente não-dissociados na superfície poderiam, então, se dissociar, como
resultado tanto da baixa concentração do PMAA na fase contínua, como do alto valor de pH.
Como conseqüência, de acordo com o observado nos experimentos, o potencial zeta seria
menor para as partículas à base de HPMAA (aqueles com uma grande quantidade de carbo-
xilas não-dissociadas na superfície). O pH ácido, resultante da redispersão das partículas em
água, corroborou esta hipótese.
Também pode ser observado que, para ambas as classes de partículas, inicialmente o
potencial zeta diminuiu com o aumento de rCS/PMAA, indicando um aumento na quanti-
dade de espécies de complexos macromoleculares solubilizados na superfície da partícula (e,
conseqüentemente, de carboxilas inicialmente não-dissociadas). Para o LPMAA, o potencial
zeta, ζ, atingiu um mínimo a rCS/PMAA = 0,2, indicando que a maioria dos grupos carboxí-
licos da superfície deveria estar não-dissociada neste valor de rCS/PMAA (no pH = 2 ∼ 3, as
condições em que as partículas foram inicialmente obtidas), enquanto que, para as partículas
de HPMAA, ζ não mudou tão abruptamente dentro da faixa de 0,14 ≤ rCS/PMAA ≤ 0,2,
certamente devido a um número muito maior de grupos carboxílicos depois da complexação
(no pH = 2 ∼ 3) e, então, aumentou da mesma forma que o observado para as partículas
de LPMAA. O aumento no potencial zeta está correlacionado a um aumento na formação
dos pares de complexos (o que significa uma diminuição na quantidade de carbonilas não-
dissociadas). Convém notar que, em torno deste valor de rCS/PMAA, o máximo na turbidez
foi detectado para os complexos à base de LPMAA.
4.5.2 Potencial zeta das partículas não-reticuladas de CS/PMAA obti-
das a partir do método de polimerização em molde
A Figura 4.10 mostra o potencial zeta, ζ, em função do pH para as partículas de CS/PMAA
65
Figura 4.10: Potencial zeta, ζ, das partículas de PECs em função do pH. Círculos,
rCOOH/NH2= 5,6. Quadrados, rCOOH/NH2
= 8,3. Diamantes, rCOOH/NH2= 11,1.
66
obtidas a partir de diferentes valores de rCOOH/NH2. Pode-se notar que as partículas apre-
sentaram carga superficial negativa na faixa de pH usada. Isso é consistente com o meca-
nismo de complexação baseado em interações eletrostáticas entre os polieletrólitos oposta-
mente carregados, em que as cadeias de quitosana positivamente carregadas foram encober-
tas por camadas de cadeias carregadas negativamente de poli(ácido metacrílico), PMAA.135
Também pode ser observado que o potencial zeta aumentou quando o pH foi aumentado. Isso
é o resultado tanto da neutralização do grupos carboxila do PMAA, como da desprotonação
dos grupos amino da quitosana. E ainda pode-se inferir que, em valores de pH contantes, ζ
pareceu ser independente de rCOOH/NH2dentro dos erros experimentais associados.
De modo a finalizar essa análise, foi verificado que as partículas não foram estáveis (elas
foram ressolubilizadas) fora da faixa de pH usada na Figura 4.10 (pH = 4,17 - 5,77). Sa-
bendo que o pKa = 6,5 e 4,75 para a quitosana e o PMAA, respectivamente,97 em condições
fortemente ácidas, como um pH < 3,5, a maioria dos grupos carboxílicos do PMAA pas-
savam a não estar ionizados (embora a quitosana permanecesse completamente protonada),
resultando na desagregação dos complexos polieletrolíticos de CS/PMAA. Por outro lado,
em condições de pH > 6, embora os grupos carboxila permanecessem neutralizados, os gru-
pos amino da quitosana passavam a não estar protonados, o que resultou na dissolução dos
complexos.
4.6 Adsorção de albumina bovina sérica nas partículas re-
ticuladas obtidas a partir do método de polimerização
em molde
A reticulação com glutaraldeído tornou as partículas resistentes a valores de pH nos quais
elas eram previamente solúveis. Esta é a razão porque os experimentos de adsorção foram
realizados com essas partículas.
67
4.6.1 Isotermas de adsorção
A Figura 4.11 mostra a densidade de adsorção da albumina, Γ, em função da concentra-
ção de equilíbrio da albumina no sobrenadante, CE , para a adsorção de albumina nos com-
plexos com rCOOH/NH2= 5,6 e pH = 3,04. Pode-se observar que há um máximo com
Γmax ≈ 0,28 g m−2 em CE ≈ 1 g dm−3. Um comportamento similar foi descrito em al-
guns modelos que relacionam a adsorção de fluidos supercríticos em óxidos, usando siste-
mas à base de pseudo-látices envolvendo a energia de interação adsorbato-adsorbato, ε, e
adsorbato-superfície, εs.136, 137 Uma vez que, neste pH, a quitosana está altamente proto-
nada e o PMAA não está ionizado, em termos eletrostáticos, há repulsão entre as partículas
carregadas positivamente e a albumina carregada positivamente. A adsorção ocorrerá princi-
palmente por meio de ligações hidrogênio e/ou interações de van der Waals. Por outro lado,
a diminuição em Γ pode ser analisada como uma conseqüência da existência de espécies
polivalentes carregadas negativamente (e.g. fosfato e citrato, do tampão), na fase contínua, o
que aumenta a possibilidade de interação adsorvente-adsorvente (por meio de formação de
uma ponte interparticular), quando a concentração de proteína foi aumentada. Uma outra
possibilidade é a ocorrência de floculação por depleção,124 como resultado do aumento da
concentração de proteína.
Aumentando o pH para 5,07 não houve um efeito marcante na isoterma, como pode-
se confirmar pela análise da Figura 4.12 que mostra a isoterma para as partículas com
rCOOH/NH2= 5,6 e pH = 5,07. O máximo na adsorção ainda se encontra em 1 g dm−3;
Γmax, entretanto, está em torno de 0,55 g m−2, indicando que a adsorção foi muito mais
efetiva quando o pH foi aumentado. O ponto isoelétrico da albumina se encontra na faixa de
pH 4,7 − 5,0,14, 23, 138 o que significa que, a respeito desses experimentos, a diminuição na
carga superficial da proteína resultou em maior adsorção. Peng et al.102 encontraram que a
adsorção máxima de albumina nas partículas de magnetita carregadas positivamente ocorreu
no ponto isoelétrico da albumina. Roach et al.139, 140 encontraram que a adsorção da albu-
mina em superfície hidrofóbica (rica em CH3) é maior do que em superfície hidrofílica (rica
em OH), devido à maior afinidade de ligação em superfícies hidrofóbicas em relação às hi-
68
Figura 4.11: Curva de isoterma de adsorção em pH 3,04 para a albumina adsorvida nos
complexos de CS/PMAA. rCOOH/NH2= 5,6.
69
Figura 4.12: Curva de isoterma de adsorção em pH 5,07 para a albumina adsorvida nos
complexos de CS/PMAA. rCOOH/NH2= 5,6.
70
Figura 4.13: Curva de isoterma de adsorção em pH 3,04 para a albumina adsorvida nos
complexos de CS/PMAA. rCOOH/NH2= 11,1.
71
drofílicas. Esse trabalho, entretanto, foi realizado em pH = 7,4 (a albumina estava carregada
negativamente, ao contrário das condições do presente trabalho) e não havia dados de carga
superficial da superfície sólida (por meio da formação de uma dupla camada). Em outras
palavras, há a possibilidade de que a maior adsorção em uma superfície menos hidrofílica
tenha sido, na verdade, uma maior adsorção de uma partícula carregada negativamente em
uma superfície menos negativa. Apesar disso, usando os mesmos argumentos apontados por
Roach et al., o aumento na adsorção da albumina, no presente trabalho, poderia se dever à
formação de uma superfície menos hidrofílica, já que o NH+3 seria desprotonado pelo au-
mento do pH. Mas, por outro lado, novos grupos COOH da superfície da partícula seriam
neutralizados, resultando em uma superfície mais hidrofílica: neste caso, entretanto, a inte-
ração com regiões carregadas positivamente da albumina (embora a carga da albumina seja
zero) com a estrutura gerada pela neutralização dos grupos carboxila poderiam aumentar a
adsorção.
A Figura 4.13 mostra os dados relacionados à adsorção de albumina em pH = 3,04
e rCOOH/NH2= 11,1. Ao compará-la à Figura 4.11, pode-se notar que o aumento em
rCOOH/NH2modificou a forma da isoterma: há um aumento mais pronunciado na adsorção
a baixas concentrações e a ocorrência de um plateau entre CE = 0,1 e 0,6 g dm−3. Por outro
lado, há também um máximo em CE = 1 g dm−3, o valor de Γmax sendo 0,35 g m−2, que
é maior do que o valor encontrado para rCOOH/NH2= 5,6. O aumento em rCOOH/NH2
resultou na possibilidade de ocorrência de estruturas em forma de “escova”,75, 141 obtidas a
partir das cadeias de PMAA: essas estruturas aumentariam a adsorção da albumina por meio
de ligações de hidrogêno e interações de van der Waals. As estruturas em forma de ”escova”
estão representadas na Figura 4.14. A adsorção de albumina em partículas de látex com
superfícies estruturadas em ”escova” já tem sido reportado na literatura.142
A fim de se averiguar o papel das interações eletrostáticas no processo de adsorção da
albumina, uma análise da carga superficial das partículas durante o processo de adsorção
deve ser realizada de modo a se obter um mecanismo mais definido de adsorção. Tal análise
será feita na seção a seguir.
72
Figura 4.14: Esquema representado a superfície das partículas e a estrutura em forma de
”escova”.
73
Figura 4.15: Potencial zeta, ζ, em pH 3,04 para a albumina adsorvida nos complexos de
CS/PMAA. rCOOH/NH2= 5,6.
74
Figura 4.16: Potencial zeta, ζ, em pH 5,07 para a albumina adsorvida nos complexos de
CS/PMAA. rCOOH/NH2= 5,6.
75
Figura 4.17: Esquema representando uma possível interação por meio de ligações hidrogê-
nio entre um grupo carbonila da albumina e um grupo carboxila de uma partícula de PEC.
Como resultado desta interação, o equilíbrio é deslocado na direção da protonação dos gru-
pos carboxílicos das partículas de PEC.
76
Figura 4.18: Potencial zeta, ζ, em pH 3,04 para a albumina adsorvida nos complexos de
CS/PMAA. rCOOH/NH2= 11,1.
77
4.6.2 Análise da carga superficial
A Figura 4.15 mostra o potencial zeta, ζ, em função de CE para a adsorção da albumina
em pH 3,04. Pode-se ver que as partículas apresentaram carga positiva neste pH, o que era
esperado, já que a quitosana se encontra completamente protonada e a ionização no PMAA
era mínima (de acordo com o apontado na Seção 4.6.1). Como a albumina foi adsorvida
na superfície das partículas, a carga superficial tendeu a valores mais positivos, o que é
consistente com a carga positiva da albumina neste pH.
O efeito do aumento do pH na carga superficial pode ser visto na Figura 4.16, que mostra
os valores de potencial zeta, ζ, em função de CE para a adsorção de albumina em pH = 5,07 e
rCOOH/NH2= 5,6. Pode-se notar que a superfície das partículas agora se tornou negativa,
o que é consistente com a ionização dos grupos COOH que se apresentavam externamente.
O potencial zeta se tornou menos negativo quando a albumina foi adsorvida, de modo que
duas hipóteses puderam ser esboçadas:
1. A albumina estava carregada positivamente neste pH. Isso não pareceu ser o caso, haja
visto que a albumina estava muito próximo de seu ponto isoelétrico;
2. A albumina interagiu por meio de ligações de hidrogênio com os grupos carboxila não-
ionizados do PMAA, resultando em uma diminuição na concentração de carboxilato.
A Figura 4.17 mostra a possibilidade de interação entre os grupos carbonila da albu-
mina e os grupos carboxila das partículas de PECs: como resultado desta interação, a
superfície das partículas de PECs se tornaria menos negativa.
A Figura 4.18 mostra o resultado do aumento de rCOOH/NH2para 11,1 (pH = 3,04) sobre o
potencial zeta, ζ. Pode-se notar que, antes da adsorção de albumina (CE = 0), as partículas
estavam em torno de seu ponto isoelétrico, em oposição à situação na qual rCOOH/NH2=
5,6, em que as partículas estavam carregadas positivamente. A razão para a diminuição
na carga foi o aumento dos grupos carboxila do PMAA: a diminuição na carga aumentaria
a adsorção não-eletrostática da albumina, além da ocorrência das estruturas em “escova”,
como já observado na última seção.
78
Capítulo 5
Conclusões
Os complexos polieletrolíticos de CS/PMAA foram o resultado da reação de complexação
entre os grupos carboxílicos dissociados do PMAA e os grupos amino protonados da qui-
tosana por meio de interações eletrostáticas. As partículas obtidas por ambos os métodos
apresentaram uma morfologia do tipo core-shell.
As dispersões aquosas de CS/PMAA obtidas pelo método de gotejamento, tiveram algu-
mas de suas propriedades influenciadas pela massa molar do PMAA e pela força iônica.
O aumento da massa molar do PMAA pareceu aumentar a solubilidade dos complexos
macromoleculares. Este aumento na solubilidade deve ser o resultado de uma menor pre-
sença de grupos carboxílicos nas partes mais externas dos novelos macromoleculares do
PMAA (mais facilmente ionizados do que aqueles presentes no interior dos novelos) como
resultado do aumento da massa molar. As estruturas macromoleculares obtidas a partir do
PMAA de maior massa molar apresentaram maiores dimensões. A ocorrência de uma su-
perfície carregada mais negativamente na partícula pode também aumentar a formação de
partículas de complexos por meio de floculação por formação de ponte interparticular dire-
cionada pelos complexos solubilizados.
O aumento da força iônica apresentou dois efeitos na formação dos complexos inso-
lúveis: a baixas concentrações, ele favoreceu a formação desses complexos através da di-
minuição nas dimensões das moléculas dos polieletrólitos (aumento da densidade de carga
superficial); a altas concentrações, ele inibiu a formação desses complexos, possivelmente
79
devido ao efeito de blindagem da atração eletrostática entre o COO− e o NH+3 .
As partículas CS/PMAA reticuladas obtidas por polimerização em molde, foram resisten-
tes à solubilização mesmo em pH em torno de 3. As medidas de potencial zeta das partículas
antes do processo de reticulação mostraram que as partículas tinham suas camadas externas
ricas em PMAA.
A albumina bovina sérica foi adsorvida nas partículas de CS/PMAA reticuladas quando
a albumina estava carregada tanto positivamente como próximo de seu ponto isoelétrico. A
adsorção ocorreu independente das partículas de CS/PMAA serem carregadas negativamente
ou positivamente, mostrando a importância das interações não-eletrostáticas no processo de
adsorção da albumina nessas partículas. O aumento na quantidade de PMAA nas partículas,
que favoreceu a ocorrência de estruturas em forma de “escova” nelas, também favoreceu a
adsorção da albumina. A adsorção diminuiu com o aumento da concentração de albumina
como resultado da existência de espécies polivalentes carregadas negativamente na fase con-
tínua e/ou da ocorrência de floculação por depleção.
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