FAZENDO 12

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Boletim do que por cá se faz. FAZENDO Edição nº 12 | Quinzenal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Quinta-feira Agenda Cultural Faialense 5 Março 2009 A melhor escolha? O Sofá ou o Teatro?

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Agenda Cultural Faialense Comunitário, não lucrativo e independente.

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Boletim do que por cá se faz.

FAZENDO

Edição nº 12 | Quinzenal

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Quinta-feiraAgenda Cultural Faialense

5 Março 2009

A melhor escolha? O Sofá ou o Teatro?

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#2 COISAS... compostasFICHA TÉCNICA

FAZENDOIsento de registo na ERC ao

abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2.

DIRECÇÃO GERALJácome Armas

DIRECÇÃO EDITORIALPedro Lucas

COORDENADORES TEMÁTICOS

Catarina AzevedoLuís MenezesLuís Pereira

Pedro GasparRicardo Serrão

Rosa Dart

COLABORADORESAurora Ribeiro

Christopher PhamCristina Carvalhinho

DanielEcoteca do Faial/OMA

Helen MartinsIlídia QuadradoManuel AguiarTeatro de GizTomás Silva

GRAFISMO E PAGINAÇÃOVera Goulart

[email protected] Donald

ILUSTRAÇÃO CAPAKen Donald

PROPRIEDADEAssociação Cultural Fazendo

SEDERua Rogério Gonçalves, nº18,

9900-Horta

PERIODICIDADEQuinzenal

Tiragem_400

IMPRESSÃOGráfica O Telegrafo, De Maria

M.C. Rosa

[email protected]

http://fazendofazendo.blogspot.com

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ORGANIZAÇÃO: TEATRO DE GIZAlto Patrocínio da Câmara Municipal da Horta

A Associação cultural Teatro de Giz (www.teatrod-egiz.org) tem desenvolvido nos últimos 10 anos, um trabalho cultural profundo no seio da comunidade Faialense e Açoriana: os objectivos do grupo têm pas-sado pela produção e apresentação de espectáculos de teatro e pela formação nesta mesma área, tendo as iniciativas propostas levado ao teatro milhares de es-pectadores e formado centenas de pessoas até à data. Neste âmbito e de acordo com o histórico referido, surgiu em 2008 o convite pela Câmara Municipal da Horta para que o Teatro de Giz organiza-se o III Fes-tival de Teatro do Faial, convite que muito honrou o grupo e que foi prontamente aceite. Na senda do que até aqui temos concretizado, estru-turámos um festival de teatro que se espera digno, coerente e abrangente e que seja mostra dos difer-entes tipos e formas que esta arte pode assumir. Tendo em conta que o envolvimento da sociedade é fundamental não só no resultado final (o espectáculo) mas também no processo de estruturação (saber vivê-lo e construí-lo), o grupo também integrou no festival vários módulos de formação/oficinas, nomeadamente

para crianças, que serão materializados pelas próprias companhias que estarão presentes no evento. O III Festival de Teatro do Faial tem o alto patrocínio da Câmara Municipal da Horta e alguns patrocínios parale-los, destacando-se o apoio da empresa municipal Hortaludus. Espera-se tam-bém a colaboração de várias entidades públicas e privadas (estando já con-firmados o Semanário “Tribuna das Ilhas” e a Agenda Cultural Faialense “Fazendo”), necessária para que a ini-ciativa se concretize como esperado.

É crucial que todos se sintam parte desta iniciativa e que contribuam, nas formas possíveis, para que o festival cresça, se torne sólido, ganhe projecção. Por isso mesmo, continuamos a aguardar confiantes pelo contacto de novos financiadores, colaboradores, apoiantes e todos aqueles que queiram cooperar, de forma a podermos tornar este festival maior e mel-hor…

RESUMO da AGENDAO leque de propostas assenta na integração de 5 companhias no festival e mais algumas surpresas: no dia 12 de Março, quinta-feira, começamos com uma delas pela mão do realizador José Medeiros que irá apresentar na Horta a antestreia da sua última longa metragem – “Anthero, o Palácio da Ventura”; o Teatro ACERT de Tondela, propõe uma oficina/encontro para dia 13 de Março com o tema “Como integrar uma dinâmica cultural numa população de 15.000 habitantes” e apresenta o espectáculo “Chovem amores na rua do matador” no dia 14, às 21h30, no Teatro Faialense; o grupo TANXARINA da Galiza, irá propor a pais e filhos que se juntem à volta da construção de fantoches de vara no dia 19 de

Março, pelas 17h30 e chamará todos os curiosos para dois espectáculos – “Os Narigudos” (fantoches de vara e luva), dia 20 de Março e “Sombreiros sem cha-péu” (sombras chinesas), no dia 21 de Março, ambos ás 21h30; no dia 27 e 28 de Março é a vez do grupo de Teatro “Carrocel” da Horta, estrear o seu novo espectáculo intitulado “ Quatro contos de café” e no fim-de-semana seguinte, para além deste espec-táculo voltar a estar em cena, aguarda-se uma noite diferente (dia 4 de Abril), integrada no festival pelo “Fazendo”, com exposições de pintura, escultura, fotografia, música e outros sobressaltos teatrais; no dia 10 de Abril é a vez da companhia/ estação teatral ESTE da Beira Interior fazer-nos uma visita, com uma oficina de “Técnica da Máscara” (esta para graúdos) que irá decorrer nos dias 10 e 11, de manhã e à tarde no Teatro Faialense, e, no mesmo dia 11, apresentará o espectáculo “Tulius Claunus” para jo-vens e adultos; o festival encerra com a companhia de Palmela “O BANDO” que irá partilhar experiências com todos os interessados, num almoço preparado pelo Teatro de Giz no dia 18 de Abril e que nesse mesmo dia, pelas 21h30, apresentará o espectáculo “Afonso Henriques” para crianças dos 8 aos 98. Espera-se ainda poder completar o programa de-scrito com outras actividades, onde se inclui a vinda do grupo TRIMAGISTO e os seus contadores de histórias, o concerto que de teatro tem muito, “Cine-filias e outras incertezas” de José Medeiros, entre outros. Todas as acções serão anunciadas através de cartazes, panfletos, anúncios na rádio e televisão e outras formas que nos pareçam eficazes, por isso, aconselha-se vivamente que esteja atento para não perder pitada do que irá acontecer!

Teatro de Giz

NOME:AlbinoIDADE: novo de mais para ser velho e vice versa também é verdadeORIGEM: Matosinhos, PortugalDATA DE CHEGADA: 2000PROFISSÃO:ArquitectoCASA: de amigo

Porque é que vieste?Primeiro, por uma razão romântica: eu que-ria ir para a Índia de barco e pensei que este era um bom local para vir tentar cumprir esse objectivo - percebi que não! E uma segunda razão, profissional, porque queria justificar essa vinda junto da família, inscrevi-me para vir dar aulas. Dei aulas de desenho e geome-

tria durante algum tempo e depois em 2002 fui -de avião!- para a Índia.

Porque é que voltaste?A Índia permitiu-me a constatação da minha escala de lugar que é próxima do que existe aqui - o mar, o domínio do espaço, um domínio pequenino porque o espaço aqui também me tem na mão. Ao mesmo tempo que dou a volta à ilha e penso “conheço-te”, eu continuo sempre curioso pelo desconhecido. Tenho uma relação afectiva com a ilha que passa também pelos seus habitantes. E não tenho esta relação tão forte com mais nenhuma das ilhas. Eu tinha estado na Terceira para tratar de umas coisas antes de vir pela primeira vez e como não gostei nada da Ter-ceira na altura, cheguei a pensar “hummmmmm, que é isto?!!”. Mas no primeiro dia em que cá cheguei, o aeroporto ainda era uma casinha, sofri uma comoção ao aterrar e traduzi o meu apego a esta ilha com lágrimas. Logo conheci pessoas que foram a alavanca que me fez sentir membro da família, natural da ilha.

O que há no Faial que não há em mais lado nenhum?

Há o anticiclone. E há o Pico que é como um eixo desse anticiclone e que me propõe obser-var mudanças emocionais do tempo e de nós. Esta constante passagem do vento e da chuva, do sol e da luz, é um corpo fantástico. O antici-clone mostra-me que tudo muda: o bom passa e volta de novo e o mal também. Esta ilha é crua, é um diamante biselado pelo Pico. As próprias pessoas são emocionalmente influenciadas por todas estas alterações. O que me agrada aqui é isto ser um ponto fixo de passagem. Tudo passa, nada permanece, e volta...

Até quando?Até que haja outro romance que me leve. Agora estou a viver este romance com a ilha.

Aurora Ribeirohttp://ilhascook.no.sapo.pt

Chegadas, Arrivals, Arrivées...

III Festival de Teatro do Faial (13 de Março a 19 de Abril de 2009)

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Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCA

“Anthero - O Palácio da Ventura”

Universidade Sénior da Ilha do Faial

Os Eventos mais próximos do III Festival de Teatro do Faial...

“Anthero, o Palácio da Ventura” – ANTESTREIA do filme de José Me-deiros com o apoio da RTP Açores, 19 horas, no Teatro Faialense

SinopseUma equipa de televisão roda em várias localidades do país (S. Miguel, Coimbra, Vila do Conde, Lisboa) um filme inspirado na vida e obra do Poeta e Filósofo Anthero de Quental. Para Pedro K, o Realizador, a vida e a morte do Poeta serão encenadas pelo olhar de um Grupo de Saltimbancos e

pelo testemunho de algumas das personalidades que o conheceram melhor: Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Teófilo Braga e sua irmã Ana Quental, cujos pontos de vista, por vezes contraditórios, tentarão desvendar alguns dos enigmas que assombraram a atormentada existência de Anthero e as complexas razões que o levaram ao banco onde, sob a Âncora da Esperança, o Poeta descreu na vida e se suicidou. A rodagem decorre com as dificuldades inerentes a uma produção de baixo orçamento, mas sem grandes sobressaltos. No entanto para Pedro K este trabalho é mais do que um filme, é uma viagem aos “misteriosos sinais do seu código genético”…

Teatro de Giz

ACERT de TONDELA(1º fim-de-semana, de 13 a 15 de Março)

Oficina/Encontro - “Como integrar uma dinâmica cultural numa população de 15.000 habitantes?”, dia 13 de Março, pelas 19h

Numa outra ilha (rodeada por terra), em Tondela, com uma população de 15.000 habitantes, surgiu em 1979 a Associação Cultural e Recreativa de Tondela – ACERT… A Associação cedo se assumiu portadora de um sentido de actuação pluridisciplinar, em termos das áreas artísti-cas, assentando a sua vertente criativa no núcleo que lhe deu origem: O TRIGO LIMPO teatro ACERT. Esta singularidade (um grupo de teatro na génese de uma associação), caracteriza a dinâmica da ACERT, in-

fluenciando decisivamente a sua evolução: crescimento de um projecto transversal, em termos da promoção de espectáculos; formação e produção artísticas, sustentado por uma equipa que, pela profissionalização teatral, garante a sua operacionalidade, em termos da gestão de um projecto contínuo de programação permanente. É sobre esta experiência que os da ACERT irão falar com todos os interessados, no dia 13 de Março, para que os de cá e os de lá possam aprender, comentar, opinar e partilhar.

T.G.

“Chovem amores na rua do matador”Espectáculo – “Chovem amores na rua do matador”, dia 14 de Março, pelas 21h30

SinopseEm finais de 1992, o Trigo Limpo teatro Acert adaptou alguns contos de Mia Couto e criou com eles o espectáculo á roda da noite, estreado no Nordeste do Brasil em 1993.Foi o início de uma relação muito especial com este escritor e com Moçambique.

A amizade estendeu-se entre os continentes e envolve hoje um grande número de pessoas.É desta teia de relações que surge um texto a quatro mãos: chovem amores na rua do matador de José Eduardo Agualusa e Mia Couto. Como eles próprios explicam mais do que trabalho a feitura deste texto foi puro prazer. E é com esta matéria feita de palavras, com este pretexto, que o Trigo Limpo teatro Acert constrói a sua 75ª produção. Trabalhando na busca incessante desse prazer que continua a ser, para todos nós, fazer teatro.E se já no princípio dos princípios, na génese, o princípio era o verbo, a feitura deste chovem amores… parte dessa atitude quase mágica de começar a proferir as palavras para que as coisas aconteçam. E da filigrana das letras nasce demorada e gostosamente um mundo pequenino onde vivem as nossas personagens.“…os sonhos são mapas que nos ajudam a orientar na vida. Aqueles que não sabem ler os sonhos, esses, sim, estão perdidos...” Ermelinda Feitinha, a mãe

T.G.

TODOS OS CIDADÃOS SÃO VÁLIDOS

Os seres humanos possuam faculdades que vão descobrindo ao longo da vida e experienciando vivências nunca antes pensadas. Felizmente, as so-ciedades sofrem transformações que nos permitem evoluir e sermos mais felizes e solidários.Uma “Oficina de Teatro” foi criada na Universidade Sénior da Ilha do Faial. Muitos foram os interessa-dos a inscreverem-se. O empenho, a dedicação e a vontade de ultrapassar barreiras têm estado sempre presentes nos alunos matriculados.Surgiu um texto dramático com o título “É SÓ PARÓ-DIA!”. Uma comédia em dois actos que relata algu-mas peripécias imaginadas na cidade da Horta.

No 1º acto apresentam-se os actores, cuja acção dramática se desenrola no Largo do Infante D. Henrique.Recorda a juventude e tempos do liceu das personagens e toda a envolvência dos namoricos e canções que marcaram a época, bem como a erupção vulcânica dos Capelinhos. Com o desenro-lar do texto dramático serão cantadas várias canções.No 2º acto há o desenvolvimento e conclusão da acção dramática. Todo o acto se desenrola no Largo da Matriz. As personagens vão envelhecendo e recordando o que se passou na cidade. Ao longo deste acto serão cantadas as canções relacionadas com a época. Todas as canções serão acompanhadas de uma projecção alusiva ao tema. A concluir, será apresentado um filme, en-quanto será cantada a canção do cancioneiro açoriano “Ilhas de Bruma”.A Universidade Sénior tem várias actuações agendadas por toda a ilha. Na primeira semana de Maio a nossa Universidade deslocar-se-á ao continente onde realizará seis espectáculos. Na ter-ceira semana de Maio haverá o “I Encontro de Teatro Sénior da Ilha do Faial”, no qual partici-parão as Universidades que nos acolherem: Universidade Sénior de Oliveira de Azeméis; Universi-dade Sénior Intergeracional da Amadora; Universidade Sénior de Alcobaça; Universidade Sénior de Benedita e Universidade Sénior de Queluz. Todos os espectáculos serão apresentados às 21horas no Teatro Faialense e nas freguesias rurais da ilha (pág.8).

Manuel Aguiar

Pub

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#4 COMICHÃO NO OUVIDO Música

Já foi ouvido...

THE BLACK AND WHITE ALBUMThe Hives 2007

A banda sueca THE HIVES lançou em final de 2007 o seu quarto álbum in-titulado The Black and White Album, mantendo a postura de quem tem imaginação e libido na alma e um ego inabalável. Formados em 1993 na ci-dade de Fagersta, os The Hives cedo ficaram conhecidos pelo seus rifts de guitarra rápidos, performances cur-tas e memoráveis que fizeram a sua fama crescer por toda a Suécia. Lançaram o seu primeiro album Barely Legal em 1997 o qual passou um pouco ao largo demais das terras de sua majestade, no entanto, atin-giram o sétimo lugar nas tabelas de álbuns britânicas com a colectânea Your New Favorite Band trazendo assim ao mundo o som descrito pela banda como “uma luva de velu-do com soqueiras, ao mesmo tempo brutal e sofisticado”.The Black and White Álbum apresenta-se cheio de momen-tos de rock revivalista e rock de garagem puro e um tanto duro, mas os rapazes conhecidos pelos seus smokings de gala pretos e brancos continuam a primar pela criativi-dade e energia com que exploram os seus temas, como em Won´t Be Long e You Dress Up For Armageddon. É um album em que, em todas músicas, os The Hives continuam a tentar provar que são os melhores.

Dani Fox

A FÍSICA E A QUÍMICA DA MÚSICA (I)

À DESCOBERTA

PASS IT AROUNDDonovan Frankenreiter 2008

O antigo profissional de surf da Califórnia, reconhe-cido pelo seu estilo de música acústica de estilo relaxado lançou recentemente o seu

terceiro álbum “Pass it Around”. Apesar deste novo grupo de canções seguir o estilo do primeiro álbum homónimo (editado em 2004 pela editora de Jack Johnson), Fran-kenreiter tem mostrado uma grande evolução em termos de musicalidade. O seu estilo acústico tem sido muitas vezes associado ao seu amigo de longa data Jack Johnson e este seu terceiro trabalho introduz-nos uma diferente identidade musical. Através do álbum irá sentir influências desde o disco, funk até ao flamengo, mantendo no entanto as suas influências iniciais dos “singer/song writers” dos anos 60-70. Fleetwood Mac, Bob Dylan, Neil Young, Jack-son Browne, Joni Mitchell, James Taylor e outros artistas do folk rock são misturados em cada tema sem perder o estilo de som de praia relaxado associado a Frankenreiter. A assinatura tranquila da voz de Donavon sempre cheia de paixão, as melodias que nos tocam a alma e a colaboração de amigos como G. Love e Ben Harper faz este álbum merecer ser tocado num dia destinado ao relaxe. Agora que o estilo foi encontrado ficamos à espera de algo mais aventureiro e menos monótono para que Donavon consiga sair da praia.

Chris

A ligação da música com a ciência, ou melhor, a associação da es-tética musical à teoria dos números, remonta à Escola Pitagórica (século VI a.C.). O ponto de partida foi a relação entre os com-primentos das cordas de uma lira e as notas musicais, criando-se a percepção de que cordas mais curtas emitiam sons mais agudos. A partir daí foi desenvolvida uma teoria complexa, relacionando com-primentos de cordas, escalas, intervalos, notas, números inteiros e fracções, tendo a relação entre a Física e a Música começado a sur-gir de forma mais sistemática séculos mais tarde com a criação da teoria ondulatória, estabelecida nos sécs. XVII e XVIII.O som é produzido ao colocarmos uma quantidade (massa) de ar em movimento, ou seja, quando criamos algum tipo de mecanismo que altere a pressão do ar à nossa volta (por exemplo quando abrimos uma garrafa de vinho e a rolha faz ploc!). É a variação da pressão sobre a massa de ar que causa os diferentes sons, incluindo os que são combinados para criar a música. A vibração de determinados materiais é transmitida às moléculas de ar sob a forma de ondas so-noras. A nossa percepção do som surge porque as ondas geradas, causadas pela variação de pressão, chegam aos nossos ouvidos e fazem o tímpano vibrar. As vibrações são transformadas em impul-sos nervosos, que são levadas até o cérebro onde são descodifica-das de forma supersónica, sem qualquer tipo de latência). Quando essa vibração ocorre de uma maneira repetitiva (rítmica) ouvimos um tom, com uma altura (em termos de graves e agudos) igual à sua frequência (Hz). E eis que o milagre surge. Com base na própria natureza, o homem criou formas de produzir som e de com ele criar belas harmonias, apreciáveis pelo ouvido humano dentro do espectro suportado pelo nosso aparelho auditivo (entre 20 e 20000 Hertz), numa possibilidade de conjugações infinita. Mas em termos físicos tudo é mais vasto do que parece, mas pode ser percebido de uma forma mais simplificada. Quando por exemp-

lo tocamos uma corda da guitarra, criamos uma vibração na mesma que por sua vez gera uma curva sinusoidal com uma determinada amplitude, superior e inferior à linha média. A amplitude da curva tem a ver com a intensidade, ou volume (quanto mais energia im-primimos na corda, maior a curva), e a frequência designa-se por Hertz, que não é mais do que o número de vibrações por unidade de tempo, ou seja, quantos ciclos completos a onda percorre numa unidade de tempo, que pode ser o segundo, o minuto ou qualquer outro espaço temporal. O diapasão, por exemplo, quando exci-tado, cria uma vibração nas suas hastes de 440 Hz, ou seja, 440 ciclos que correspondem precisamente à nota La. A intensidade com que batemos o diapasão para soar não aumenta a frequência, mas sim a amplitude das curvas sinusoidais, ou seja, o volume com que ouvimos o som. Mas voltando à guitarra, a energia da vibra-ção da corda é então transferida para o tampo através da ponte, colocando o tampo e o ar contido dentro dele em vibração. A saída de ar do tampo projecta então o tão desejado som. Temos então um vibrador primário e unidimensional (a corda), que transfere a energia para um vibrador secundário e bidimensional (o tampo), que por sua vez excita a massa de ar no interior da caixa acústica do instrumento. Apesar de parecer lógico, o som emitido é uma conjugação de várias variáveis, como intensidade, frequência, re-verberação, comprimento da corda (tensão), características dos materiais, e por isso surgem resultados tão diferentes com valores variáveis tão próximos, tornando único cada instrumento e a forma de o fazer soar, e abrindo um mundo tão amplo de possibilidades que só acabaria no fim da imaginação. (continua)

Fausto

DARK SIDE OF THE MOONPink Floyd 1973

A melhor receita de passar uma horinha durante um dia de chuva frio é sentar-se no sofá e ouvir o álbum The Dark Side of the Moon em bom som do início até ao fim. O álbum é na verdade como uma única música em vez de uma colecção de temas. Apenas faz sentido se escutado no seu todo, uma viagem psicadélica do fundo da

terra até ao lado negro da lua! Lançado antes de Wish You Were Here (1975), The Dark Side of The Moon foi o nono álbum e um ponto de viragem na carreira da banda. A sua coerência, experimentalismo, letras fortes (único álbum com letras escritas unicamente pelo baixista Roger Waters) e uma atmosfera envolvente marcada pelo espaço e complexidade estrutural dos temas, faz deste álbum um dos melhores de todos os tempos. Com o seu constante desejo pela experimentação, os Pink Floyd estavam bastante à frente do seu tempo. Os efeitos sonoros das músicas como “On The Run”, “Time” e “Mon-ey” são impressionantes, especialmente quando nos lem-bramos que em 1973 as técnicas de gravação digital ainda não existiam. Os jogos de guitarra do David Gilmour e pia-no tocado por Richard Wright são de ficar sem fôlego. Este é realmente um álbum que é mais do que a soma das suas partes, e um sentimento de coesão. O poder desta obra de arte é tal que várias bandas vindas de todos os géneros mu-sicais já adaptaram os seus temas, desde do metal (Dream Theather) até ao reggae (Dub Style of the Moon) e é um álbum que ainda é comprado hoje em dia. Este é provavel-mente o trabalho mais conhecido dos Pink Floyd e é um ex-celente ponto de partida para quem não conhece a banda.

Chris

O Fazendo tem muitas ideias que gostaria de

concretizar.

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Arquitectura e Artes Plásticas PVC

Pedro Solà: Curso e Exposição de Pintura

Pedro Solà - “Fazendo” (2008)

O Museu da Horta a partir de 12 de Março e até 30 de Abril, terá patente ao público uma ex-posição de pintura e instalações de Carles Bros - A Pesca de Cerco - na Sala Polivalente da Bi-blioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça.Com esta exposição o autor procura sensibili-zar os públicos para um sistema de pesca que faz parte da história e da cultura mediterrânica e atlântica, embora entenda que se exige a tomada de medidas para a preservação dos fundos marin-hos e para uma prática controlada, quando espé-cies como a anchova e a sardinha correm o perigo de desaparecer.Constando da experiência e das sensações que o autor pode viver toda uma noite embarcado a bordo de uma embarcação no Mediterrâneo, a exposição contém uma série de obras de pin-tura, onde predominam as cores fortes dos trajes de água dos pescadores, assim como o negro da noite ao branco das luzes e as cores “terra” dos cabos.Carles Bros com esta exposição pretende hom-enagear os pescadores, como alertar para que se encontre um equilíbrio na exploração dos mares, para que todas as espécies no futuro não fiquem como um mero registo histórico mas que per-durem para sempre.

Luís Menezes

Carles Bros: nota biográficaNasceu em 1956 em Terrassa (Catalunha), onde estudou desenho e pintura, depois do que viajou para estudar em Paris , Maiorca, Veneza, Colónia e San Sebastian.Expõe pela primeira vez em 1980, contando hoje no seu curriculum mais de meia centena de exposições individuais, realizadas em Espanha, França, Itália, Malásia e Portugal, e está repre-sentado em diversos museus e instituições da Europa, Ásia, África e Estados Unidos.

Distinções1982 - Menção de Honra no 24º Premio de Pin-tura Jovem na Galeria Pares de Barcelona.1983 – 2º prémio da Bienal de Pintura Eugeni Cervelló1984 – 2º prémio “Óleo” na Cellera de Ter (Gi-rona) 2º prémio “Acuarela” em Anglés1985 – 2º prémio “Acuarela” na Cellera de Ter (Girona)1986- Menção Especial do Júri no Concurso de Pintura de Begur (Girona)1995 – 1º prémio no Concurso de Pintura de Begur (Girona)

Numa organização do Museu da Horta, entre 5 de Março e 4 de Abril na Biblioteca Pública e Ar-quivo Regional João José da Graça estará aberta ao público uma exposição temporária de pintura de Jorge Câmara sob o título Plasmáticos.Constituída por 15 quadros de óleo sobre tela, Jorge Câmara através das suas figurações retém todo um universo imaginário que por vezes se confunde/funde com o mundo concreto e real, de forma tanto irónica como onírica. Todavia, não significa que no universo da imaginação ou da fantasia, o autor não projecta apenas cenários irreais, também do mesmo modo sabe chegar a temas mais sérios e candentes da nossa contem-poraneidade. Com segurança e mestria, tocada pelo domínio particular da distribuição da luz e da sombra e num equilíbrio de cores extraordinário, Jorge Câmara torna esta amostra de atmosferas mágicas verdadeiramente interessante, pela sua expres-sividade e pela sua beleza estética. Como o próprio autor sublinha no catálogo da

exposição, estas pinturas “…caracterizam-se por abordagens ficcionadas de universos fantasistas, onde, de algum modo, se intercalam ligações po-tencializadas por sintomas dramáticos sintetiza-dos com emoções mais ou menos burlescas onde sensação e conceito se fundem independent-emente de afectações absurdas e subjectivas (…). São idealizadas a partir de entidades orgânicas de extrema maleabilidade, podendo, graças a um metabolismo neoversátil, assumir formas pos-síveis e imagináveis (…).

L.M.

Nota biográficaAntónio Jorge Aguiar da Câmara natural de Lis-boa, desde de 1986 que reside na cidade da Hor-ta, embora com uma pequena interrupção.Licenciado em arquitectura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa (1977-1982), ingressou na escola do ARCO em 1998, para frequentar o departamento de pintura, onde concluiu o “Pro-grama de Estudos Básicos” em 2001.Nos seus trabalhos assina “ajac”.

Exposições individuaisFeira de Artes de Oeiras, Oeiras – 1999Galeria-Bar “Património”, Castelo Branco – 1999 e 2002Hotel “Mélia Confort”, Castelo Branco – 2000 e 2003Restaurante “Stasha”, Lisboa – 2001 e 2002Restaurante “Piu Nosso”, Lisboa – 2002Escola Superior de Educação, Castelo Branco – 2003Galeria “Casa do Arco”, Castelo Branco – 2003Caixa Económica da Misericórdia, Horta – 2005

Exposições colectivas:Museu da Horta, Horta – 19862º Bienal de Artes da Marinha Grande – 2001

No âmbito do programa Hortacontemporânea no dia 19 de Fevereiro, os elementos da natur-eza tomaram conta do Amor da Pátria difundindo cor, som e poesia.A nossa meteorologia serviu de inspiração a um projecto artístico levado a cabo pelo ar-tista plástico d’Olivares e pelo pianista Miran Devetak. Com um estilo urbano e contemporâneo d’Olivares apresenta-nos elementos da cultura regional num trabalho onde a palavra, a imagem e a música se fundem e confundem, sus-citando novos diálogos com o espectador. Nos quadros d’ Olivares, encontramos não só as forças da natureza e do clima mas também elemen-tos de uma cultura açoriana religiosa e nostálgica. A cumplicidade com a música e os compositores escolhidos por Miran Devetak, toda ela subordi-nada ao tema da meteorologia – Clair de Lune (Beethoven), Nuages Gris (Liszt), Arc en ciel

(Ligeti), Un reflet dans le vent (Messiaen) ou Les jardins sous la pluie (Debussy) entre out-

ros – que baptizam e influen-ciam as obras desta exposição, proporcionam viagens no(s) tempo(s) misturando o atmos-férico e o cronológico numa dança de sentidos.A meteorologia, essa, tem lu-gar em duplas linguagens, fig-urativa e simbólica, em pistas que se oferecem à descoberta e redescoberta.

D’Olivares, nasceu em Luanda e viveu, a partir dos dois anos, na Terceira onde permaneceu até à entrada para a universidade. Quem cá vive, ou por cá viveu, conhece a influência das forças da natureza e da poesia no ser e estar de cada um. Quem ainda não viu a exposição d’Olivares ainda pode fazê-lo até 8 de Março na Sociedade Amor da Pátria.

Cristina Carvalhinho

O pintor argentino Pedro Solà, que se encon-tra presentemente a residir na Horta, dá inicío neste sábado, dia 7 de Março, a um novo curso de pintura por si leccionado. Este curso realizar-se-à durante todos os sábados e domingos deste mês, entre as 14h00 e as 16h00, no seu atelier no antigo edifício das finanças (junto à Câmara Municipal) estando o fim do mesmo previsto para o dia 29. Serão aqui abordados temas mais téc-nicos como a introdução à pintura, composição e côr, ou mais criativos como uma abordagem à expressão orgânica individual e a desconstrução de canônes clássicos.Durante esta semana, no passado dia 3, o pintor estreou uma exposição no Bar do Teatro que aí estará patente até ao final deste mês. Esta exi-bição, composta por óleos e aguarelas (em maior número), serve de preâmbulo para a exposição que Pedro Solà apresentará em Julho na Biblio-teca Pública da Horta.

Pedro Lucas

“Plasmáticos”Exposição de Pintura de Jorge Câmara

Exposição de Carlos Bros: A Pesca de Cerco

Meteorologia para piano - duplicidade e cumplicidade

Jorge Câmara - “Plasmodelos Empanados”

Carlos Bros - “L’encerclament”

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#6 -ENDOS, -ANDOS, -INDOS Literatura

Pablo Neruda,Vinte poemas de amor e uma canção desesperada

Mãe, não tenho nada para ler...O Aeroporto

Já pensaste no que faz um avião voar, quem o conduz ou para onde vão as tuas malas cada vez que embarcas num avião? No livro O Aeroporto podes desco-brir a resposta a todas estas perguntas, todos os tipos de aviões e o mundo fascinante dos aeroportos, o que lá se passa, quem lá trabalha, como funciona um avião e quem são as pessoas que fazem com que tudo funcione às mil maravilhas.(Uma palavra aos pais – esta pequena enciclopédia responde às dúvidas das

crianças numa linguagem clara e com ilustrações muito precisas sem deixar de lado as brincadeiras e as surpresas.)

C.A.

Já foi lido...

“Despropositado e inclassificável” é como o próprio autor rotula o seu romance. Real-mente, o leitor vai confrontar-se com uma obra difícil de enquadrar num

género literário determinado, uma vez que apresenta ao longo das suas páginas muito de livro de viagens, de

crónica jornalística, de comentário político e até de autobiografia. O plural do título é justificado, pois, a partir de uma viagem real que o au-tor faz a Santarém, em 1843, o leitor “viaja” pela arte, pela cultura, pela história, pela política, pela etnogra-fia...da nossa terra e é convidado a conhecer a novela da “Menina dos Rouxinóis

Ilídia QuadradoPub

Neruda (pseudónimo que adoptou em homenagem aos poetas Paul Verlaine e Jan Neruda cuja obra admi-rava), o poeta chileno que foi prémio Nobel da Lit-eratura em 1971, foi antes do mais um defensor incondi-cional da liberdade e da paz, que acreditava serem pos-síveis mesmo num mundo devastado pela guerra e pela ditadura, e um escritor que não concebia, desde muito jovem, que a sua poesia

pudesse separar-se dos seus ideais políticos e sociais (como ele próprio afirmava, falando da sua juventude e da sua militância:” (…) a política misturou-se à minha poesia e à minha vida. Não era possível, nos meus poemas, fechar a porta à rua, como não era pos-sível, no meu coração de jovem poeta, fechar a porta ao amor, à vida, à alegria ou à tristeza.”)

Em 1948 passa a viver na clandestinidade, é exilado, perseguido pelos políticos que governam o seu país e torna-se uma voz que se fez ouvir em inúmeros congressos e acções, pedindo para o Chile, e para um mundo, uma mudança, nomeadamente enquanto membro do Conselho Mundial da Paz, do qual também fez parte Jorge Amado. Só em 1952 regressará a Santiago aquele cuja vida foi marcada por dois golpes de estado que lhe ditaram o destino: o de Franco, em 1936, que, concretizado na morte do poeta Garcia Lorca, o levou a tomar partido pelos republicanos espanhóis (esquecendo a sua necessária neutralidade de diplomata, fretou um navio e salvou cerca de dois mil e quinhentos refugia-dos), e o de Pinochet, em 1973, que viria a marcar os seus últimos dias.Curiosamente não é por esta faceta de activista que é mais conhe-cido mais sim pelos seus inúmeros poemas e em particular aqueles que compõem Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, livro que o sagrou como um poeta de eleição em toda a América Latina e que rapidamente vendeu mais de um milhão de exemplares sem que este sucesso popular lhe retirasse a estima da crítica.

Escrito quando o poeta tinha apenas vinte anos, este livro de po-emas, que é uma elegia ao amor e às mulheres, deixa já adivinhar um Neruda para quem a vida só vale a pena se vivida em toda a

sua plenitude, sendo que o desespero pertence tanto ao amor como a paixão ou o desejo (“Eu sou o deses-perado, a palavra sem ecos,/aquele que perdeu tudo, e aquele que tudo teve”).Foram justamente os versos deste livro que o acom-panharam na morte quando milhares de chilenos seguiram o seu enterro numa cidade atordoada pelos tiros e pelos cadáveres, repetindo, numa última mani-festação de apreço, as palavras que tinham sido suas e que agora eram de todos: “ A tua memória emerge da noite onde estou./O rio liga o seu lamento obstinado ao mar./ Abandonado como os quais na madrugada./

É a hora de partir, oh abandonado!”.Escritas num contexto completamente diferente, as palavras de Neruda soavam premonitórias no alvorecer do regime de Augusto Pinochet.

Catarina Azevedo

À CONQUISTA

Nocturno Indianode Antonio Tabucchi

Reeditado agora pela D.Quixote, Nocturno Indiano de Tabucchi, que pode ser visto como um livro de via-gens (desde que estas sejam todas absurdas) ou como um relato

sobre a busca de um amigo desaparecido ou ainda como um desvendar da Índia, oscila entre o sonho e a realidade, deix-ando-nos presos às palavras dos difer-entes personagens que se vão cruzando (artificio que muito aprecia e já utilizado

noutras obras como Chamam ao telefone o Senhor Pirandello): profetas, prosti-tutas, uma repórter,…deixando antever uma Índia que não esconde a sua miséria, as suas divisões e tudo o que existe para além do aparente esplendor da paisagem.Professor de português, apaixonado pela língua e pela obra de Pessoa (de quem é um exímio tradutor), Tabucchi uti-liza mais uma vez as palavras e o discurso como fios condutores da realidade tal como é captada por cada um dos olhares a que dá a primazia.

C.A.

Viagens da Minha Terrade Almeida Garrett

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Ciência e Ambiente APAGA A LUZ

Ciência no BarAS TARTARUGAS NO MAR DOS AÇORES

Os vestígios reminiscentes da baleação açoriana são, sem dúvida, as pessoas que nela intervieram e os objectos materiais que ainda subsistem. Quanto aos objec-tos materiais, a sua integridade física e utilidade cultural só poderão manter-se se estes se encontrarem devidamente preservados. Para além de permitir o prolongamento da vida dos objectos, a sua preservação é, antes de mais, um acto de compreensão e interpretação dos mesmos, uma vez que estes constituem fontes primárias de informação sobre o tema. Esta salvaguarda deve também ser encarada como um acto de preservação de identidades. Nesse sentido, o OMA leva a cabo um projecto de melhoria do espaço museológico da Fábrica de

Porto Pim. Este trabalho resulta da par-ceria com uma empresa local – Costa & Martins, Lda., do envolvimento de pessoas ligadas a esta antiga indústria faialense, e de outras que se interessam pela baleação (nas suas muitas vertentes). É sobre este conjunto de interesses que temos vindo a conseguir a salvaguarda do património baleeiro da Ilha do Faial. Este trabalho passa pela identificação e inventariação de um espólio, pela recolha de registos orais e pelo levantamento e digitalização da antiga documentação resultante da actividade industrial das antigas armações baleeiras do Faial.

Márcia Dutra Pinto/OMA

Património Baleeiro - Parte II

Não deixe os aparelhos eléctricos em standby!O “standby power” é a energia consumida por vários equipamentos eléctricos quan-do se encontram em modo de espera (Standby) ou mesmo quando estão desligados. A grande maioria dos aparelhos depois de desligados, se continuarem ligados à corrente eléctrica, continuam a consumir energia. Este facto deve-se, entre outras razões, à presença de determinados dispositivos eléctricos que apresentam con-sumo em vazio. Deixamos alguns conselhos para evitar consumos desnecessários:- Desligue o transformador do telemóvel da tomada quando não está a se utilizado;- No caso de dispor de muitos equipamentos ligados no mesmo local (computador, monitor, impressora, etc.), torne as coisas mais simples utilizando uma extensão com um interruptor para cortar a alimentação de todos os equipamentos, depois de os desligar.

Pense nas consequências dos seus actos. Em pequenos actos como este, estamos a evitar a emissão de cerca de 75 Kg de dióxido de carbono para a atmosfera por ano.

Dina Downling/Ecoteca do Faial

AQUELA DICA

Em 1595 o holandês Van Linschoten escreveu no seu diário de bordo: “....ao passar o paralelo 36º até 39º 1/3 aparece a ilha das Flores com muitas tartarugas a boiar no mar...” Os séculos passaram e as tartarugas continuaram a ser um segredo dos homens do mar. Os pesca-dores observavam-as frequentemente e por vezes capturaram-as para comer.O primeiro cientista a interessar-se pelas tartaru-gas dos Açores foi o Príncipe Alberto I do Móna-co. Este Príncipe cientista explorou os mares dos Açores com os seus iates no fim do século XIX e no princípio do século XX. Conhecendo bem as costas das nossas ilhas ele percebeu que não era possível para as tartarugas encontrarem nos Açores praias para fazer ninhos e depositar os seus ovos. As tartarugas são répteis e pre-cisam de terra firme para se reproduzir, apesar de passarem a vida no mar. O príncipe Alberto escreveu então, num artigo científico publicado em 1898: “...as tartarugas dos Açores devem ser originárias das Antilhas ou da Flórida e transpor-tadas até ao Atlântico central pela Corrente do Golfo”.Só 100 anos mais tarde a sua suposição foi cien-tificamente comprovada através da genética! O Príncipe Alberto foi realmente um pioneiro, em diversos aspectos relacionados com o estudo dos mares.Em 1998 foi publicado um artigo científico de autores americanos e portugueses: “Migração transatlântica de tartarugas marinhas (Caretta caretta) demonstrada pela sequência de ADN mitocondrial”. Neste artigo foi comparada a genética das tartarugas de oito diferentes praias do Atlântico.O resultado mostrou que as tartarugas observa-das nas águas dos Açores e da Madeira nasceram nas praias do Sudeste dos Estados Unidos (da costa leste da Florida até à Carolina do Norte) e algumas eram ainda originárias da península do Yucatán no México. O referido estudo não encontrou nenhuma relação entre as tartarugas das praias do Mediterrâneo (amostras da Grécia) e do Brasil com as dos Açores e da Madeira.As análises foram efectuadas na Universidade da Florida, no Centro Archie Carr para o Estudo das Tartarugas Marinhas. Os nossos colaboradores nesta Instituição, Alan Bolten e Karen Bjorndal, têm sido essenciais na orientação e publicação das investigações do DOP.A marcação/recaptura foi o primeiro método que usámos para identificar a origem das tar-tarugas. Nos últimos 25 anos marcámos cerca de 3000 tartarugas no DOP. Mas as recapturas foram fracas e apenas 0,72% dos bichos marca-dos voltaram a ser vistos. Mesmo assim temos recapturas da Flórida, Carolina do Norte e Cuba, bem como de Espanha, Marrocos e Sicília.

Para além da marcação e da genética, um terceiro método utilizado para estudar a rota das tartaru-gas é a telemetria por satélite. Os resultados destes estudos estão em fase de publicação en-quanto outras investigações estão actualmente em curso. A utilização da telemetria, permite adquirir dados referentes a migração, ao com-portamento de mergulho das tartarugas (a profundidade e o tempo que as tartarugas per-manecem submersas), à temperatura das águas que frequentam, etc. As tartarugas são animais ameaçadas e algumas espécies estão mesmo em via de extinção. Um problema grave nas nossa águas que causa uma elevada mortalidade são as capturas acidentais na pesca de espardarte com palangre e a ingestão de plásticos e outro lixo presente no mar.

Helen Martins/DOP

ReferênciasBolten, A.B., K.A. Bjorndal, H.R. Martins, T. Dellinger, M.J. Biscoito, S.E. Encalada & B.W. Bowen 1998. Transatlantic developmental mi-grations of loggerhead sea turtles demonstrated by mtDNA sequence analysis. Ecological Appli-cations 8(1):1-7.

Ligações de internet sobre tartarugasArchie Carr Center for Turtle Research. Página sobre estudos avançados em tartarugas marin-has: http://accstr.ufl.edu/Turtle Trax. Página de defesa das Tartarugas Marinhas. Excelente para projectos de educação ambiental: http://www.turtles.org/

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#8 FAZENDUS AgendaDurante a Época Lectiva 08/09

Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela MoraisAtelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos.Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos.Teatro Faialense

Até 8 de Março Exposição: “Meteorologia para Piano”(pág.5)

Sociedade Amor da Pátria, 20h45

Até 30 de Março Exposição de Fotografia: “Visões Subterrâneas” de

Jorge GóisMuseu da Horta

Até 31 de Março Exposição de arte de pública de Volker Schnuttgen

Praça Infante D. Henrique

Exposição de Pintura de Pedro Solà (pág. 5)Bar do Teatro Faialense

5 de Março Inauguração da Exposição de Pin-

tura: “Plasmáticos” de Jorge Câ-mara (pág. 5)Biblioteca Pública e Arquivo Region-al João José da Graça

6 de Março“Para os Meninos e para as Meninas” Concerto Ped-

agógico de Piano/Poética pela pianista Carla Seixas Escola Básica do Pasteleiro, 15h00

I Encontro da “Comunidade de Leitores”, conversa informal sobre livros e autoresBiblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 18h00

Cinema: “Sete Vidas”Teatro Faialense, 21h30 (repete dias 7 e 8)

7 de MarçoInauguração do Espaço Mulher

Ginásio Masculino da Escola Básica e Integrada da Horta, 16h00

“Impura, de Todos Gostarem de Mim”, recital com Carla Seixas, Leonor Seixas e Pedro LamaresTeatro Faialense, 21h30

8 de MarçoConferência “A Mulher, o seu papel na família, no

trabalho e a sua intervenção na sociedade” com Fátima Porto, Luís Rodrigues e Sílvia FialhoPolivalente do Salão, 20h30

Sessão Solene do Dia da Freguesia da MatrizConferência: “Os Vulcões da Cidade da Horta” com o Prof. Dr. Victor Hugo ForjazConcerto: Dixi Band – SFUPSociedade Amor da Pátria, 21h00

10 de Março Cinema: “Busca Implacável - Taken”

Sinopse: O que seria pior para um pai do que estar ao telefone, a milhares de quilómetros de distância, enquanto a sua filha está a ser raptada do outro lado da linha? Este é o pesadelo que se torna realidade para Bryan, um ex-agente secreto, que tem poucas horas para resgatar Kim de um terrível gang especializado em tráfico de jovens mulheres. O primeiro problema que Bryan tem de resolver é que ele está em Los Angeles e Kim foi raptada em Paris...Teatro Faialense, 21h30

12 deMarçoInauguração da Exposição de Pin-

tura: “A Pesca de Cerco” de Carles Bros (pág. 5)Sala Polivalente da Biblioteca Públi-ca e Arquivo Regional João José da Graça

Cinema: “Anthero, o Palácio da Ventura” de José Me-deiros - Antestreia (pág. 3)Cine-Teatro Faialense, 19h00

13 de MarçoOficina/Encontro: “Como integrar uma dinâmica

cultural numa população de 15.000 habitantes?”, pelo grupo de teatro ACERT de Tondela (pág. 3)Teatro Faialense, 19h00

13 de MarçoTeatro: “Chovem Amores” pelo

grupo de teatro ACERT de Tondela (pág. 3)Cine-Teatro Faialense, 21h30

15 de MarçoTeatro: “É Só Paródia”, pelo grupo Teatro em Movi-

mento da Universidade Sénior (pág. 3)Sociedade Amor da Pátria, 21h00

”Programa de Formação para o Fortalecimento da Famílias” com Karol Kumpfer e Henry Whiteside (Uni-versidade de Utah, EUA), Fernando Mendes (IPEFREA) e Armando Leandro (CPCJ)Teatro Faialense (até dia 20)

17 de MarçoCinema: “A Onda”

Sinopse: Alemanha, nos dias de hoje. No âmbito da Área de Pro-jecto, o professor de liceu Rainer Wenger (Jurgen Vogel) propõe uma experiência, para explicar aos seus alunos como é que funcio-navam os governos totalitários. Começa assim um jogo de perso-nagens cujos resultados serão trágicos. Ao fim de algum tempo, o que começou com inofensivas noções sobre disciplina e vivência em comunidade transforma-se num verdadeiro movimento: “A Onda”. Ao terceiro dia, os estudantes começam a ostracizar-se e a ameaçarem-se uns aos outros. Quando o conflito finalmente es-tala em violência, o professor decide interromper a experiência. Mas é demasiada tarde. “A Onda” está fora de controlo.Teatro Faialense, 21h30

19 de MarçoCiência no Bar: “Tartarugas Marinhas nos Açores”

(pág. 7)Bar do Teatro Faialense, 20h45

Gatafunhos e Mata BorrõesTomás Silva

http://ilhascook.no.sapo.pt