FASCIOLOSE PARTE 2 - Amazon Web Services · 2020. 5. 1. · A Fasciolose ou Fasciolíase ou...

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Parasitologia FASCIOLOSE PARTE 2

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  • Parasitologia

    FASCIOLOSE PARTE 2

  • • INTRODUÇÃO

    A Fasciolose ou Fasciolíase ou Distomatose Hepática é uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida entre animais, mas facilmente transmissível ao ser humano. É causada pelos vermes platelmintos do gênero Fasciola, sendo para-sitas habituais dos fígados e ramos biliares de ovinos e bovinos, principalmente. O homem passa a ser um hospedeiro acidental.

    Esses agentes possuem a seguinte classificação científica: Reino – Animalia, Filo – Platyhelmintes, Classe – Trematoda, Ordem – Echinostomatiformes, Fa-mília – Fasciolidae, Gênero – Fasciola e Espécie – Fasciola sp. Sendo a principal espécie envolvida nos casos reportados na América Latina – incluindo o Brasil – Fasciola hepática. E a principal espécie envolvida nos casos notificados na Áfri-ca, Ásia e Havaí, Fasciola gigantica.

    • QUADRO CLÍNICO

    O período de transmissibilidade da doença é de 9 a 13 anos, num indivíduo sem tratamento. O período de incubação é de 6 semanas. As manifestações clínicas e morbidade vão depender da resposta do hospedeiro à invasão e à carga parasitária, sendo compatíveis com processo inflamatório gerado e as lesões necróticas e fibrosas desenvolvidas com a migração do verme pelo fíga-do e ductos biliares. Normalmente, a carga parasitária é maior no hospedeiro definitivo. Podemos dividir em fase aguda ou hepática, fase crônica ou biliar, infecção grave e fasciolose extra-hepática.

    Na fase aguda ou hepática, o quadro clínico será decorrente do deslocamento do verme adulto da Fasciola hepatica pelo fígado. Se caracterizará por dor ab-dominal, hepatomegalia dolorosa com alterações das enzimas hepáticas, náu-seas e vômitos, febre intermitente, mal-estar, diarreia, urticária, anorexia com perda ponderal pela lesão hepática, eosinofilia. Em geral, essa fase se resolve em 6 semanas.

    Depois de 6 semanas da fase aguda, inicia-se a fase crônica ou biliar. Na maio-ria dos casos, será uma fase assintomática. Entretanto, naqueles sintomáticos, haverá um quadro clinico com sintomas mais evidentes à obstrução biliar e in-flamação. Se caracterizada por dor abdominal intermitente, colelitíase (a obs-trução favorece à estase biliar e, consequentemente, à hipersaturação da bile e

  • formação de cálculo biliar), colangite (que pode afetar inclusive o parênquima hepático), icterícia obstrutiva (síndrome colestática com aumento de bilirrubina direta), pancreatite secundária em 30% dos casos. Caso haja a progressão des-sa fase, a infecção será grave.

    A infecção grave pode se apresentar como um quadro de colangite esclero-sante (devido o processo crônico de inflamação, gerando cicatrização progres-siva das vias biliares intra e extra-hepáticas – fibrose); ou, como cirrose biliar (destruição dos ductos intra-hepáticos).

    A fasciolose extra-hepática pode ser:

    i) Ectópica – apresenta lesões ectópicas nos intestinos, pulmões, teci-dos subcutâneos, faringe, entre outros órgãos. Se caracteriza pela presença de infiltrado eosinofílico e mononuclear, com dano tecidual secundário local. Pode evoluir com abscessos localizados e linfade-nopatia generalizada.

    ii) Faríngea – também conhecida como Síndrome de Halzoun, ocorre mais frequentemente no Oriente Médio e está associada à ingestão de fígado cru de animais infectados. Nesta forma, ocorre adesão dos vermes adultos ao trato respiratório ou digestório, causando faringite com edema, congestão, disfagia e, podendo evoluir, para sufocamen-to.

    • DIAGNÓSTICO

    Baseia-se na detecção do parasita por métodos laboratoriais (padrão-ouro) e imunológicos, guiados pelos dados clínico-epidemiológicos.

    São utilizados métodos de sedimentação no Exame Parasitológico de Fezes (EPF) para detecção do ovo nas fezes (Técnica de Lutz ou Hoffman, Pons, Ja-ner: sedimentação espontânea; Método de MIF: centrífugo-sedimentação, am-bos qualitativos) ou no material biliar por tubagem (método de ecoendoscopia, para obtenção da bile e posterior análise). Os testes imunológicos como ELISA, são utilizados ou no início da fase aguda (ainda quando não há eliminação de ovos) ou na fase crônica (quando não há mais eliminação de ovos ou essa é esporádica), para detecção de reatividade contra antígenos circulantes e anti-

  • corpos específicos contra a Fasciola hepatica.

    Os exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico, como a Tomografia Computadorizada (verificação de lesões hipo ou hiperdensas hepáticas), Res-sonância magnética (verificação de lesões hipo ou hiperintensas hepáticas), Colangiografia e CPRE (visualização da árvore biliar).

    Métodos indiretos como o Hemograma, também podem fornecer sinais suges-ticos de infecção em curso, como eosinofilia intensa, pancitopenia e leucocitose.

    • TRATAMENTO

    A medicação de escolha para o tratamento da Fasciolose, baseada em evidên-cias da sua eficácia, é o Triclabendazol (dose única diária: 10mg/kg, por 1 a 2 dias, após a refeição; em infecções graves: 2 doses diárias). Tratamento alternativo: Nitazoxanida (dose: 500mg, de 12/12 horas, por 7 dias, juntamente com as refeições), mas não possui ainda muitas evidências quanto a eficácia do tratamento. Não se recomenda o uso do Praziquantel, pois o índice de falha de tratamento é alto! Além dos seus efeitos colaterais: gosto metálico na boca, diarreia, astenia, cefaleia, tonturas. O seguimento após tratamento é realizado com acompanhamento da remissão da eosinofilia, título de anticorpos (não são mais detectados após 6 a 12 meses de tratamento) e detecção de ovos nas fezes. São realizados novos exames após 3 meses bem como ultrassonografia abdominal. Familiares e co-residentes que tenham reatividade nos exames sorológicos de-vem ser tratados, mesmo que assintomáticos.

    • VIGILÂNCIA E PROFILAXIA

    A vigilância epidemiológica deve ser realizada pelas Secretarias Municipais de Saúde, objetivando a investigação de casos notificados no que tange aos fato-

  • res de risco e reservatórios animais.

    As medidas de controle são em torno do portador (identificação e tratamento), do hospedeiro intermediário (pesquisa da presença nas coleções hídricas, sua infecção pela Fasciola hepatica e eliminação de foco de importância epidemio-lógica) e nas condições de transmissão (educação em saúde com orientações sobre a doença e sua forma de transmissão e prevenção, gerando mobilização comunitária, saneamento domiciliar e ambiental nos focos da doença). Ademais lavar bem as verduras antes do consumo (sobretudo o agrião, principal vegetal associado à Fasciolose – com imersão em 1L de água potável misturada a 1 colher de sopa de hipoclorito de sódio 2,5% por 30 minutos, para eliminação das metacercárias) e seguir as “Regras de Ouro da OMS para preparação de alimentos”:

    1- Lavar as mãos antes e depois do preparo de alimentos e após ida ao ba-nheiro;

    2- Manter a limpeza adequada da cozinha e suas superfícies, e dos utensí-lios que serão utilizados para manipulação dos alimentos;

    3- Separar alimentos crus e cozidos; 4- Cozinhar bem os alimentos, garantindo que a temperatura interna alcan-

    ce 70ºC; 5- Utilizar somente água potável para consumo, lavagem dos alimentos e

    cozimento.