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FAMA FACULDADE DE MACAPÁ Macapá 2017 JONATHAN LOPES DE MATOS O CLAREAMENTO EM DENTES VITAIS: A INTERFACE DA ODONTOLOGIA ESTÉTICA.

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FAMA – FACULDADE DE MACAPÁ

Macapá 2017

JONATHAN LOPES DE MATOS

O CLAREAMENTO EM DENTES VITAIS:

A INTERFACE DA ODONTOLOGIA ESTÉTICA.

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Macapá 2017

O CLAREAMENTO EM DENTES VITAIS:

A INTERFACE DA ODONTOLOGIA ESTÉTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FAMA – Faculdade de Macapá, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em odontologia.

Orientador: Profa. Esp. Larissa Paula Gonçalves Vieira

JONATHAN LOPES DE MATOS

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JONATHAN LOPES DE MATOS

O CLAREAMENTO EM DENTES VITAIS:

A INTERFACE DA ODONTOLOGIA ESTÉTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FAMA – Faculdade de Macapá, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em odontologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Fábio Fritzke Bassani

Prof. Carlos Eduardo Silva da Costa

Macapá, 06 de dezembro de 2017

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O empenho e a dedicação aplicados neste

estudo são dedicados aos meus pais, irmã,

familiares em geral e aos amigos.

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Ana Lúcia Lopes, ao meu pai, João Matos e a minha irmã, Jaliane

Matos, por quem nutro o amor mais verdadeiro que possa existir.

Ao Prof. Me. Alex Bruno Lobato Rodrigues, pelos incentivos e diálogos

construtivos.

Aos meus parceiros de trabalho, Adenildo Lopes, Valdira Oliveira e Ana Paula

Araújo, por me apoiarem durante os momentos difíceis e de correria.

Aos amigos, Kassios Klyton e Crissia Carvalho, por estarem ao meu lado e não

me abandonarem.

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MATOS, Jonathan Lopes de. O Clareamento em dentes vitais: A interface da odontologia estética. 2017. 37 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – FAMA - Faculdade de Macapá, Macapá, 2017.

RESUMO

A atual influência social ao redor dos padrões de beleza impostos para o sorriso geraram uma sociedade que busca por métodos e procedimentos que objetivam alterar características que sejam consideras fora do padrão social vigente. Na odontologia, o clareamento dental é a técnica que auxilia na correção da coloração do dente, e vem sendo bastante difundida no meio odontológico, trazendo maior conforto e satisfação para os pacientes. Este trabalho objetiva abordar o funcionamento e execução das principais técnicas disponíveis no mercado (clareamento de consultório e clareamento caseiro), bem como os materiais mais utilizados em tais procedimentos, buscando entender a relação existente entre o clareamento dental em dentes vitais e a odontologia estética. Para a desenvolvimento do trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando Scholar Google, Science Direct, Pubmed, Web of knowledge e Periódicos da CAPES. Para se atingir sucesso no tratamento clareador, é de fundamental importância o diagnóstico preciso da etiologia da alteração de cor, para assim, identificar qual o melhor método a ser indicado ao paciente. Dessa forma, se faz necessário o conhecimento do profissional quanto as mudanças metodológicas, mecanismo de ação de cada material e verificação de vantagens e desvantagens de cada técnica.

Palavras-chave: Clareamento dental; Histórico; Etiologia; Peróxido; Estética.

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MATOS, Jonathan Lopes de. Vital Tooth Whitening: the interface of cosmetic dentristy. 2017. 37 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em odontologia) – FAMA – Faculdade de Macapá, Macapá, 2017.

ABSTRACT

The current social influence around the beauty standards imposed on the smile have generated a society that seeks methods and procedures that aim to change characteristics that are considered outside the current social pattern. In dentistry, tooth whitening is the technique that corrects tooth coloration and it has been widespread in dentistry for providing greater comfort and satisfaction for patients. The purpose of this monograph is to discuss the functioning and execution of the main techniques available in the dental market (tooth whitening in office and tooth whitening home-care) as well as the materials most used in such procedures, seeking to understand the relationship between tooth whitening in vital teeth and aesthetic dentistry. The development of this monograph was carried out through a bibliographic research using Google Scholar, Science Direct, Pubmed, Web of knowledge and CAPES Journals. The success in tooth whitening needs the precise diagnosis of the etiology of the color change and has fundamental importance in order to identify the best method to be indicated to the patient. Thus, it is indispensable the professional's knowledge about methodological changes, mechanism of action of each material and verification of advantages and disadvantages of each technique.

Key-words: Tooth Whitening; Historic; Etiology; Peroxide; Aesthetics

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Reação de oxidação – redução do clareamento dental ......................... 27

Figura 2 – Características mais atraentes no sorriso pelo ponto de vista dos

profissionais da área odontológica e pacientes ....................................................... 30

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fatores que influenciam a alteração da cor dos dentes ........................ 18

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................11

1 CLAREAMENTO DENTAL EM DENTES VITAIS: CONCEITOS, HISTÓRICO

E ETIOLOGIA DA MUDANÇA DE COR..........................................................13

1.1 CONCEITO DE CLAREAMENTO DENTAL ..............................................13

1.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CLAREAMENTO DENTAL E A ETIOLOGIA

DAS ALTERAÇÕES DE COR DOS DENTES .......................................................13

1.3 ETIOLOGIA DAS ALTERAÇÕES DE COR DE DENTE ..............................16

2- TÉCNICAS PARA CLAREAMENTO DENTAL EM DENTES VITAIS.........19

2.1 CLAREAMENTO DE CONSULTÓRIO............................................................20

2.2 CLAREAMENTOS CASEIRO....................................................................22

2.3 PRINCIPAIS AGENTES CLAREADORES.................................................24

2.3.1 Peróxido de Hidrogênio...........................................................................24

2.3.2 Peróxido de Carbamida ..........................................................................25

2.4 MECANISMO DE AÇÃO DOS PRINCIPAIS AGENTES

CLAREADORES..............................................................................................26

3 A CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESTÉTICA ...................................................28

3.1 A ESTÉTICA COMO PARTE INTEGRANTE DA ODONTOLOGIA

ATUAL.............................................................................................................29

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................33

REFERÊNCIAS...............................................................................................34

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INTRODUÇÃO

A busca incessante pela aparência ideal tornou-se prática constante nos dias

contemporâneos. É comum verificarmos homens e mulheres de diversas idades se

submeterem a procedimentos cirúrgicos almejando os ideais impostos para uma

fisionomia perfeita. Na odontologia, a estética está em contínuo avanço e tem sido

cada vez mais enfatizado em torno de procedimentos reparadores e restauradores,

que visam o restabelecimento das funções mastigatórias, geralmente aliadas a um

visual impecável. Um dos procedimentos de grande reprodução atual, é o clareamento

dental, técnica não invasiva capaz de proporcionar resultados satisfatórios aliado a

um maior conforto para o paciente.

O clareamento dental proporcionou uma evolução bastante acentuada no ramo

odontológico e cada vez mais pacientes buscam profissionais especializados nessa

área. Por conta disso, esse trabalho torna-se importante quando ajuda especialistas

da área a identificaram a real necessidade da realização do procedimento, o tipo mais

adequado de técnica a ser estabelecida, a forma correta de manejo e o material

clareador mais eficiente, sempre buscando obter o melhor resultado aliado ao menor

dano possível para o paciente, que busca praticidade e bons resultados como forma

de aumentar sua autoestima.

Na sociedade atual, a aparência e o sorriso tornaram-se acessórios primordiais

para a apresentação do indivíduo em âmbito social. O modelo estético vigente busca

por um padrão de beleza que se caracteriza por dentes claros e padronizados, com

seu correto alinhamento e contorno. Sendo assim, estruturas fora do estereótipo

podem interferir no comportamento psicológico e comunicativo do ser humano,

intervindo diretamente na sua autoestima. Dessa forma, o problema deste trabalho

questiona-se da seguinte maneira: Qual a relação do clareamento em dentes vitais e

a odontologia estética? Entender essa interrogativa nos leva a perceber a influência

que os processos estéticos geram na sociedade.

Dentro dos procedimentos conservadores, o clareamento dental vem se

consagrando como uma alternativa bastante viável, no entanto, ainda há dúvidas por

parte dos profissionais no que diz respeito a sua correta indicação. Por conta disso,

esse trabalho traz como objetivo geral a compreensão do funcionamento e execução

do clareamento em dentes vitais e a sua relação com a odontologia estética, e como

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objetivos específicos, realizar o levantamento da evolução histórica do clareamento

dental, reconhecer a etiologia das alterações da cor dos dentes, entender as técnicas

e os materiais clareadores relacionados ao procedimento do clareamento dental e

perceber a relação do clareamento dental na odontologia estética.

A pesquisa foi realizada de acordo com a metodologia de Santos, Ribeiro-

Oliveira e Carvalho (2016). As bases de dados utilizadas na busca por trabalhos

relacionados ao clareamento em dentes vitais foram Scholar Google, Science Direct,

Pubmed, Web of knowledge e Periódicos da CAPES. As palavras-chave utilizadas

foram clareamento, dentes vitais, histórico, etiologia, procedimentos, agentes, ação,

estética, autoestima, funcionamento, execução. O período de busca compreendeu os

anos entre 1995 – 2017.

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1 CLAREAMENTO DENTAL EM DENTES VITAIS: CONCEITOS, HISTÓRICO E

ETIOLOGIA DA MUDANÇA DE COR

1.1 CONCEITO DE CLAREAMENTO DENTAL

O clareamento de dentes é o processo de se obter uma coloração mais clara

que a cor natural dos dentes vitais, através da utilização de materiais com capacidades

químicas, que sobre as superfícies dos dentes promovem uma reação de oxidação,

removendo moléculas de pigmentos dos dentes. O clareamento é empregado em

algumas situações e podem mudar significativamente a aparência dos dentes,

tornando-os esteticamente agradáveis (JUNIOR, 2001, p.08). Segundo Fonseca

(2008), o procedimento de clareamento dental é denominado da seguinte maneira:

A terapia de clareamento dental define-se como um tratamento farmacológico dose-dependente de uso tópico na superfície do esmalte de dentes com vitalidade pulpar, e também para uso diretamente em contato com a dentina coronária no caso de dentes despolpados. Os produtos clareadores agem sobre pigmentos extrínsecos e também se difundem até o complexo dentinopulpar, interagindo com substâncias naturalmente pigmentadas da dentina, com o intuito precípuo de torná-las menos pigmentadas e, portanto, mais claras (FONSECA, 2008, p.04).

1.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CLAREAMENTO DENTAL E A ETIOLOGIA DAS

ALTERAÇÕES DE COR DOS DENTES

As inquietações acerca da estética bucal são percepções de longa data. Desde

muito tempo existem indícios de técnicas que propõem o clareamento de dentes

amarelados e/ou escurecidos. O uso das mais diversas substâncias e métodos que

foram utilizados encontram-se exemplificadas nos acervos literários e contribuem

significantemente para o desenvolvimento e ascensão do procedimento realizado nos

dias atuais (BOAVENTURA et al., 2011, p.115).

O clareamento dentário, atualmente, tem sido empregado em grande escala

pelos profissionais da área, no entanto, o procedimento é de sabedoria da sociedade

desde o período do Antigo Egito, onde se utilizavam misturas feitas através de

abrasivos com vinagre e a própria urina com o objetivo de se obter branqueamento

dos dentes. (CARDOSO; MÁXIMO, 2004, p.61).

A primeira aparição de clareamento dental químico ocorreu no ano de 1850,

quando Dwinelle utilizou cloreto de cálcio como forma de experimento, objetivando

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clarear dentes desvitalizados. Após sua experiência, vários materiais e conhecimentos

acerca do assunto foram gerados, tornando a técnica eficiente e segura (ZORZO,

2004, p.02).

O grande explorador do clareamento dental foi o famoso professor M´Quillen

do Colégio Dental da Filadélfia, que, em 1861, historiou na renomada revista The

Dental Cosmos, onde relatava acerca da ocupação que o clareamento dental havia

tomado no espaço, e que a discussão desse importante tema estava começando a

ser difundido pelos profissionais da odontologia, demonstrando progresso para a área

(RIBAS, 2015, p.13).

Segundo Santos e Pereira (2017, p.13), este mesmo importante conhecedor

salientava que o passo inicial para o entendimento do assunto é conhecer as

características químicas das substâncias capazes de alterar a cor natural do dente,

para posteriormente utilizar de artimanhas capazes de restabelecer a normalidade da

cor do elemento dental.

Como agentes clareadores, M’Quillen sugeriu materiais como dióxido de

enxofre, licor de Labarraque e hipoclorito de sódio a 2,5%, que anteriormente havia

sido preconizado por Woodnut, em 1860 (BUENDIA, 2003, p.03).

Mesmo com uma gama de estudos já apresentados, o clareamento dental, em

amplo modo, começou a ser analisado em 1877 por Chapple, que utilizou o agente

clareador ácido axálico para a promoção do clareamento dental e remoção de

manchas na dentina (SOSSAI; VERDINELLI; BASSEGIO, 2011, p.427).

Já em 1884, Harlan, empregou pela primeira vez o agente clareador conhecido

como Peroxido de Hidrogênio, numa técnica em que toda a dentina pulpar manchada

era removida, seguida pelo processo de limpeza com peróxido de hidrogênio,

secagem e posteriormente completada com cloreto de alumínio hidratado e dissolvido

em gotas de água (SAMPAIO, 2008, p.18).

Kirk, em 1906, enfatizou que a problemática acerca do clareamento dental

depende de uma reação química entre compósitos corados de qualquer substância

capaz de agir sobre a molécula e que altere a cor inicial. Para ele, o dióxido de sódio

seria a substância ideal para ser empregada no processo clareador por ter um alto

potencial oxidante (BENATO, 2003, p.03).

Em 1910, Fisher inovou ao apresentar uma técnica de clareamento dental

utilizando uma substância a base de peróxido de hidrogênio, conhecida como Peridrol.

O procedimento era realizado através da exposição solar do elemento dentário

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embebido através de gaze com peróxido de hidrogênio numa concentração de 30%,

sendo submetido a quatro ou cinco sessões, até ser alcançado o objetivo (ROSA,

2012, p.44).

Em 1924, Prinz sugeriu a técnica com a utilização de Perborato de sódio

juntamente a peróxido de hidrogênio a 30%, associado a exposição de uma fonte de

calor para o clareamento de dentes desvitalizados (DOMINGUES, 2014, p.10).

Pelos estudos de Mandarino (2003, p.02), Ames difundiu uma técnica para

trabalhar em elementos dentários acometidos pela fluorose, por volta de 1937. Nesse

processo, era utilizado como agente clareador o peróxido de hidrogênio a 30%

juntamente ao éter, que posteriormente seriam associados a uma fonte de calor para

a liberação de oxigênio através do aceleramento de reações.

Pearson, em 1958 proporcionou seu adequado artifício para clareamento de

dentes escurecidos que haviam passado por tratamento endodônticos. Foi empregado

uma mistura de álcool e clorofórmio associado com o agente clareador pirosona,

ativadas por lâmpadas “photo – flood” (CAMPANELLI, 2001, p.08).

Segundo Ribas (2015, p.14), durante o ano de 1968, Bill Klusmier, observou o

branqueamento de dentes após os mesmos serem expostos a uma solução de

Peróxido de Carbamida, que posteriormente foi incluído como composição de

antisséptico bucal.

Em 1989, foi publicado por Haywood e Heymann, o primeiro artigo que relatava

a técnica que poderia ser realizada em casa pelos próprios pacientes, nos casos de

dentes vitais. Esse método utilizava como complemento uma placa protetora,

associada ao peroxido de carbamida a 10%, utilizado durante o período da noite. O

fato de ser uma técnica simples de ser realizada e o baixo custo, fizeram com que o

procedimento se tornasse relativamente vantajoso (RIBAS, 2015, p.14).

Segundo Martinelli (2004, p.10), Haywood, em 1990, realizou uma pesquisa

com a finalidade de verificar se havia alguma alteração superficial a nível de textura

de esmalte relacionada com alguma solução clareadora caseira através de inspeção

visual e analise microscópica. Com a pesquisa, pode-se ter como resultado, a

percepção de que não havia grandes diferenças em esmalte submetidos a agentes

clareadores.

Mais atualmente, em 2000, Gerlach, introduziu no ramo odontológico uma nova

técnica de clareamento caseiro, que se efetiva através do uso de tiras adesivas

(BECK, 2015, p.10). Sagel et. al (2000) descreveu essa técnica como inovação do

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clareamento dental, por utilizar tecnologia sem moldeira com o mesmo material

(peróxido) presentes nas outras técnicas, representando uma grande novidade no

clareamento de dentes vitais. O uso de tiras exclui a necessidade de ser feita

moldagens, fabricação laboratorial de placas e manutenção de moldeiras durante o

processo clareador (D’ALTOÉ, 2003, p.07).

Conforme explana Benato (2003, p.06), a odontologia deve sempre manter o

domínio da pesquisa e da terapêutica clínica, para que seja sempre instituída a

máxima proteção do paciente e as altas taxas de sucesso. A medida que os

profissionais da área estudam mais sobre a eficácia, garantia e longevidade do

clareamento, o procedimento continua no topo da lista das modalidades estéticas mais

executadas.

As técnicas de clareamento utilizadas nos dias atuais foram introduzidas na

prática odontológica há cerca de 150 anos e conquistaram uma gama de admiradores

por promoverem a melhoria estética da dentição. Na época presente, as práticas mais

empregadas para a realização do clareamento dental estão dividias em dois

processos mais simplificados, sendo eles o clareamento em consultório e o caseiro

(SOSSAI; VERDINELLI; BASSEGIO, 2011, p.426).

1.3 ETIOLOGIA DAS ALTERAÇÕES DE COR DE DENTE

A coloração de um elemento dentário tem interação direta com as ondas de luz

que incidem sobre sua face, que, por princípios físicos, podem ser refletidos ou

absorvidos. Objetos de coloração escura absorvem grande parte da luz incidente,

resultando na ausência de cor. A formação de longas cadeias moleculares dentro da

estrutura dentária é responsável por um aumento no índice de absorção de luz,

resultando no seu escurecimento (BARATIERI et. al, 1995, p.75 - 82). Em relação as

características anatômicas do elemento dentário e sua interação com tonalidade

presente em cada face da estrutura, Mandarino (2003) relata:

O dente é um elemento policromático e sua cor é estabelecida pela dentina, resultando em uma coloração amarelada. O esmalte dental é translúcido e irá atenuar a cor da dentina, quanto maior for a mineralização do esmalte, mais translúcido ele se torna. As áreas cervicais e incisais dos dentes refletem esse comportamento do esmalte e da dentina. Na região incisal onde não existe camada de dentina interposta, a tonalidade é branco azulada, enquanto que na cervical, a camada de esmalte é mais fina, tornando mais evidente a coloração da dentina. Com o passar dos anos, o esmalte sofre desgastes e por sua vez a dentina torna-se mais espessa pela formação de

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camadas reparadoras ou de dentina secundária, tornando os dentes mais escurecidos (MANDARINO, 2003, p.03).

Para Schwendler et. al (2013, p.25), “a alteração de cor dos dentes poderá

variar da mais discreta a mais severa, dependendo do fator etiológico e do tempo que

o elemento permaneceu escurecido”. As causas de alteração de cor podem ser de

origem INTRÍSECAS, que ocorrem durante a formação do germe dental e/ou

EXTRÍNSECAS, que surgem após a erupção dos elementos dentários (MANDARINO,

2003, p.03).

As manchas de origens extrínsecas são resultados da deposição de partículas

de substâncias sobre as superfícies dos dentes ou da sua penetração através de

defeitos presente no esmalte. São manchas aparentes e geralmente estão

relacionadas com a ingestão de alimento ricos em corantes, fumo, e acumulo de placa

bacteriana. As manchas por fatores intrínsecos são as de grande desafio quando se

fala em diagnóstico e etiologia. Elas podem ser divididas em congênitas e adquiridas.

Entre o campo das congênitas, temos como exemplo a dentinogênese imperfeita e a

fluorose, já como fatores adquiridos, temos as calcificações e necroses pulpares,

traumas, reabsorções e iatrogênias relacionadas a procedimentos de restaurações e

endodontia (SAMPAIO, 2008, p.20).

O traumatismo que envolve o elemento dental, pode estar associado ou não a

necrose pulpar e representa uma das grandes etiologias encontradas para

escurecimento de dentes, sendo caracterizado por uma coloração marrom-

avermelhada (BUSATO, 1997, p.37 - 41). Outros fatores também são capazes de

gerar escurecimento dos dentes, como relata Benato (2003):

O uso de materiais restauradores e de medicamentos utilizados no conduto radicular também podem gerar o escurecimento dos dentes pela penetração de determinados componentes químicos no tecido dentinário. O desgaste fisiológico do esmalte que ocorre com o passar dos anos faz com que o tecido dentinário se torne mais aparente e, consequentemente, os dentes passam a apresentar um aspecto amarelado e envelhecido (BENATO, 2003, p.6).

O conhecimento da etiologia do manchamento dental é imprescritível para o

bom resultado do tratamento (BENATO, 2003, p.07). De acordo com a tabela a seguir,

verificamos os principais fatores relacionado com a alteração da coloração dental:

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Tabela 01 – Fatores que influenciam a alteração da cor dos dentes.

Fatores Extrínsecos Fatores intrínsecos

• Cigarro

• Chá

• Chimarrão

• Café

• Vinho Tinto

• Refrigerantes a base de cola

• Beterraba

• Placa Bacteriana

• Dentinogênese imperfeita

• Amelogênese imperfeita

• Fluorose

• Hipoplasia do esmalte

• Tetraciclina (Antibiótico)

• Traumatismos

Fonte: Conceição (2000, p.21 - 25).

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2 TÉCNICAS PARA CLAREAMENTO DENTAL EM DENTES VITAIS

Quando se fala em escurecimento de elementos dentais, é altamente comprovado

em literatura que o processo ocorre devido ao envelhecimento dental ou por fatores

denominados extrínsecos ou intrínsecos. As pigmentações intrínsecas estão ligadas

a fatores relacionados com a genética, idade, alterações na formação dos dentes,

doenças congênitas, traumatismos dentais, uso de antibióticos e níveis elevados de

flúor. Existem também restaurações que podem ocasionar o manchamento de origem

intrínseca. Por outro lado, as manchas de causas extrínsecas estão relacionadas com

fatores externos, normalmente causadas por hábitos de dieta associados ao consumo

de café, chá, vinho tinto, beterraba, cigarro, bem como hábitos de higiene do paciente,

medicamentos locais ou antissépticos bucais (BARBOSA et al., 2015, p.245).

Atualmente, é disponibilizado no mercado alguns tipos de tratamentos terapêuticos

relacionados ao branqueamento dentário. A escolha do procedimento a ser utilizado

encontra-se relacionada com fatores específicos de cada paciente, tais como o tipo

de colorações existentes, capacidade e disponibilidade para efetuar o plano de

tratamento planejado, expectativas e alguns fatores que resultam da avaliação da

história clínica médica e dentária coletada durante o processo de anamnese do

paciente (PONTILLO, 2017, p.08).

Há uma série de procedimentos e abordagens possíveis para se clarear dentes

vitais. Existem técnicas que utilizam diferentes agentes branqueadores, tempo de

aplicação, concentrações, forma do produto, modo de aplicação e necessidade ou não

de fotoativadores (RODRIGUES, 2013, p.21).

As técnicas de clareamento dental são consideradas as primeiras alternativas

conservadoras a serem levadas em consideração quando o assunto é tratamento

estético para dentes com alteração de cor. Existem no mercado pelos menos três

técnicas de clareamento de dentes vitais (GARCÍA, 2001, p. 62).

“Os dentes a serem submetidos ao tratamento clareador, independente de

possuírem polpa morta ou viva, não podem apresentar cárie ou restaurações

extensas” (BUENDIA, 2003, p.16).

As técnicas de clareamento serão classificadas de acordo com a especificidade

dos dentes que serão clareados. Os agentes branqueadores serão aplicados na face

externa dos dentes, caracterizando o clareamento em dentes vitais. Dentro dos

procedimentos de clareamento de dentes polpados, distinguem-se duas técnicas:

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Clareamento dental caseiro e clareamento dental em consultório. Existem dentistas

que optam por associar as técnicas para conservar e otimizar os seus resultados

obtidos (PONTILLO, 2017, p.08).

2.1 CLAREAMENTO DE CONSULTÓRIO

O clareamento realizado em consultório permite um resultado mais acelerado,

devido a utilização de um agente clareador em maior concentração. Geralmente,

nessa técnica é empregado o peróxido de hidrogênio, de 30% a 35%, em aplicações

que variam entre 10 e 20 minutos cada, podendo ser repetidas por até 3 vezes em

uma única sessão. Em casos de alterações mais severas na coloração, tem

demonstrado ser a alternativa mais apropriada para reverter a situação

(DOMINGUES, 2014, p.20).

A técnica de clareamento realizada no consultório traz como características a

deposição dos produtos de branqueamento sobre a superfície dentária, que podem

ou não ser ativados por luz (PAULA, 2009, p.20).

Para Cardoso e Máximo (2004, p.64), “O clareamento só é possível devido à

permeabilidade da estrutura dental aos agentes clareadores, capazes de se difundir

livremente pelo esmalte e dentina e atuar na parte orgânica destas estruturas,

promovendo o clareamento”.

A aplicação em consultório exige mais tempo de atendimento clínico, portanto,

existe um gasto mais elevado. Para início do procedimento, opta-se por fazer o

registro da cor inicial dos dentes, que pode ser realizada através da utilização de uma

escala de cor e/ou fotografias para possibilitar o acompanhamento do progresso do

branqueamento. Em seguida, protege-se os tecidos moles através de isolamento

absoluto, aplicação de vaselina sólida ou inserção de barreira gengival sobre o tecido

de todos os elementos que receberão o clareamento. A aplicação do gel clareador

deve iniciar pelos dentes com maior grau de escurecimento ou pelas porções mais

manchadas. Após o período de efeito do material, deve-se lavar generosamente com

água todos os resíduos do agente clareador (SOARES et al., 2007, p.77 - 78).

Na técnica em que o procedimento é realizado em consultório, é corriqueiro o uso

de concentrações de peróxido de hidrogênio que variam de 25% a 50% e peróxido de

carbamida de 35%, com ou sem fontes de luz, sendo essas controlado pelo cirurgião

dentista (BARBOSA et al., 2015, p.246).

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Esses produtos podem ser encontrados em forma líquida ou em gel, sendo o último

mais utilizado devido o maior número vantagens. Ele apresenta uma maior

viscosidade, ocasionando uma menor desidratação da estrutura dentária devido à

incorporação do gel e uma menor quantidade de aparição de ulcerações na gengiva.

No entanto, devido a utilização de componentes ativos numa concentração mais alta,

em alguns casos, é possível verificar a presença de queimaduras nos lábios, mucosas

gengivais e jugal e hipersensibilidade dentinária (PAULA, 2009, p.20).

A técnica em si é indicada para pacientes que almejam resultado em menor tempo,

não havendo tentativas anteriores registrados de sensibilidade dental. Para pacientes

com câmara pulpar ampla, pouca estrutura de esmalte e dentina remanescente, o

procedimento não é recomendado (DOMINGUES, 2014, p.20).

O clareamento realizado no consultório tem como vantagem a possibilidade de ser

melhor controlado pelo dentista, a facilidade de encontrar os materiais no mercado e

também por oferecer mais rapidez aos resultados, no entanto, há como as principais

desvantagens, grande potencial de sensibilidade dental, necessita de maior tempo de

atendimento, indispensável a utilização de protetores nos tecidos moles e maior

desgaste superficial, já que a concentração do agente clareador é maior

(MARTINELLI, 2014, p.48).

A prevenção para as complicações clínicas pode ser realizada pelo próprio

cirurgião dentista, com recursos que vão desde a proteção da cavidade oral até face

do paciente. Em casos de sensibilidade dentinária, pode-se fazer a prescrição de

analgésicos. Essa terapia necessita de uma menor colaboração do paciente, por isso,

evita danos como a ingestão do agente clareador, já que o procedimento é totalmente

controlado pelo dentista (PAULA, 2009, p.20).

Pelo fato de estar lidando com produtos de alto teor cáustico, há a necessidade de

proteger os tecidos moles durante a aplicação do gel clareador, circundando-os com

barreiras gengivais fotopolimerizaveis (PONTILLO, 2012, p.09).

Para a obtenção de um resultado satisfatório, geralmente são realizadas duas ou

três sessões com um intervalo de uma semana entre elas. Em casos que houver

sensibilidade, esse intervalo pode ser mais demorado (DOMINGUES, 2014, p.20).

Durante a realização do clareamento, existe a possibilidade de ser adicionado uma

fonte de luz à técnica, que objetiva o aceleramento do processo através da ampliação

da temperatura, resultando no aumento de velocidade da decomposição dos agentes

clareadores, no entanto, não há uma concordância literária que relata a exatidão das

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necessidades de sua utilização. Com a realização de trabalhos laboratoriais e clínicos,

pode-se perceber que a utilização da luz não enriquece a função do agente clareador

a base de peróxido de hidrogênio, pois no final das terapias os resultados finais

apresentaram implicações semelhantes, independente do uso do não da fonte

luminosa (DOMINGUES, 2014, p.21). Outros fatores também devem ser levados em

consideração quando se opta pela utilização de luz ao processo de clareamento

dental, como relata DOMINGUES (2014):

Algumas fontes de luz podem causar danos ao tecido pulpar e sensibilidade dental, devido ao aquecimento do substrato. Portanto o cirurgião-dentista deve ponderar o uso das fontes luminosas, frente aos recursos financeiros empregados para a aquisição de um equipamento com efetividade duvidosa. Um dos principais questionamentos sobre a efetividade da catalisação por luzes é que quando é utilizada uma fonte de luz para acelerar a decomposição do peróxido, é possível que ele ainda esteja longe do seu sítio de atuação, pois o tempo de espera de um minuto recomendado pelos fabricantes para a ativação com luz não é suficiente para a solução difundir adequadamente pela dentina (DOMINGUES, 2014, p.21).

2.2 CLAREAMENTO CASEIRO

Em 1989, Heymann & Haywood introduziram na literatura a técnica de

clareamento caseiro, e desde então o procedimento tem sido amplamente

reproduzido. O tratamento consiste na aplicação de gel clareador em baixas

concentrações sobre a superfície do dente amarelado através de uma moldeira

plástica individual adaptada a arcada do indivíduo. O processo é executado pelo

próprio paciente, sob a supervisão do profissional dentista (PONTILLO, 2017, p.08).

Essa forma de tratamento está sendo bastante difundida no meio profissional e

entre os pacientes. Pode ser considerada a primeira escolha para a terapia, pois une

uma concentração menor de agente clareador aliado a um tempo de administração

adequado, afim de minimizar possíveis efeitos adversos e proporcionar um resultado

satisfatório (MARTINELLI, 2004, p.36). Devemos levar em consideração o tempo de

tratamento e a melhor maneira de indicar o agente clareador e suas porcentagens,

conforme relata RODRIGUES (2013):

Apesar de demandar maior período de tempo em relação ao clareamento em consultório e depender da colaboração do paciente, sua eficácia e sua segurança têm justificado o seu emprego. Alguns produtos de clareamento caseiro vêm acompanhados de flúor para aplicação tópica com o objetivo de diminuir a sensibilidade, potencializar e estabilizar o efeito do clareamento. A técnica caseira tem sido empregada de duas formas. A primeira utiliza peróxido de carbamida nas concentrações mais altas durante o período noturno e a segunda utiliza o peróxido de hidrogênio nas concentrações mais baixas por duas horas diárias (RODRIGUES, 2013, p.21).

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Essa técnica pode ser realizada por diferentes graus de potencialidade do

peróxido de carbamida ou peróxido de hidrogênio, sendo a primeira opção mais

utilizada e em porcentagens de 10 e 16%. Utiliza-se o agente clareador a 16% em

casos de manchamento mais rigorosos, ou quando se busca um resultado visível em

curto espaço de tempo. Em situações de pigmentação normal, amarelamento natural,

escurecimento pela idade e sensibilidade dental com intensidade, é preconizado a

utilização do gel a 10%. É função do dentista fazer o correto diagnóstico e definir,

conforme cada caso, a concentração ideal a ser utilizada (MARSON et al.,2005, p.85).

Segundo Conceição (2007, p.250), para começarmos o procedimento, é

necessário realizar o registro da cor inicial dos dentes, que pode ser feito através de

escalas de cor, fotografias ou comparação com arcadas antagonistas, possibilitando

a visualização do progresso do tratamento. Em seguida, confecciona-se o modelo de

gesso da arcada do paciente, adquirido através da moldagem com alginato, de

preferência os de presa rápida. Após o vazamento, são fabricadas as moldeiras

individuais, que segundo Conceição (2007), funcionam da seguinte maneira:

Em um aparelho gerador de calor e vácuo, posicione os modelos sobre a bandeja perfurada. Acople uma placa de borracha de espessura de 0,8 a 1mm. Acione o reostato para que seja gerado calor na resistência elétrica situada na porção superior do aparelho. Uma bolha dinâmica irá se formar a partir da placa de borracha, evidenciando sua plastificação. Nesse momento, leve a bolha de borracha plastificada em direção aos modelos e acione o vácuo para que a mais perfeita adaptação seja atingida (CONCEIÇÃO, 2007, p.250).

Após o resfriamento da placa, a mesma poderá ser retirada do modelo e

recordada na direção da linha dentogengival ou até 1mm acima desta marca em

direção a gengiva, para que ocorra a melhor adaptação e evite o extravasamento do

gel (SOARES et al., 2007, p.76). Feito o procedimento, a moldeira já recortada deverá

ser testada na boca do paciente, observando a adaptação, presença de isquemias,

áreas que podem causar desconforto para o paciente e possíveis interferências

oclusais (CONCEIÇÃO, 2007, p.250).

É de fundamental importância que o paciente aprenda a correta execução da

técnica, portanto, deve-se explicar a quantidade de material que deverá ser aplicada

na moldeira, a adequada remoção após a aplicação e sempre ficar atencioso ao tempo

de aplicação (SOARES et al., 2007, p.76).

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A técnica caseira é indicada para casos em que os dentes vitais estão

escurecidos devido à idade, utilização de corantes alimentares, traumatismos e

manchamento por tetraciclina em grau leve. Quando aplicada dentro das indicações

ideais, o procedimento apresenta várias vantagens, pois é uma técnica de aplicação

simples, necessita de pouco tempo clínico, gastos minimizados, aplicação ampla

abrangendo vários dentes ao mesmo tempo, não causa grandes alterações no

mucosa e é de fácil repetição (CARDOSO; MÁXIMO, 2004, p.61).

O clareamento caseiro apresenta algumas limitações para a realização, tais

como: Pacientes não colaboradores, pois o resultado final do procedimento depende

diretamente da correta utilização do gel clareador, manchas extremamente escuras,

mulheres grávidas ou que estejam em processo de amamentação e pacientes com

hipersensibilidade ao material (CONCEIÇÃO, 2007, p.250).

2.3 PRINCIPAIS AGENTES CLAREADORES

Os primeiros agentes clareadores começaram a ser utilizados em meados de

1800 e partir de então tiveram uma contínua evolução e vem sendo introduzidas com

maior frequência no dia a dia clínico (PONTILLO, 2017, p.06).

A técnica de clareamento dental tem como principal base o uso de peróxidos,

e é muito difundido e utilizado na odontologia. Didaticamente, os agentes podem ser

divididos em duas categorias: Os de alta concentração que são utilizados em

consultório e aqueles em menor concentração, que são administrados pelo próprio

paciente, sob a supervisão do profissional (JUNIOR, 2001, p.10).

2.3.1 Peróxido de Hidrogênio

O peróxido de hidrogênio vem demonstrado uma alta efetividade para

tratamentos relacionados com a remoção de pigmentos intrínsecos e extrínsecos dos

dentes (DOMINGUES, 2014, p.17).

É o agente branqueador de maior utilização em consultório, podendo ser

encontrado em forma líquida ou em gel, com concentrações que variam entre 5% e

35%. É caracterizado por ser um potente agente oxidante, que se decompõe em água

e oxigênio, favorecendo a liberação de radicais livres que reagem com as moléculas

de manchas (SOARES, 2007, p.74). “Apresentada em concentrações de 5% a 9%

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para uso em dentes vitais na técnica de clareamento caseiro e de 35% a 38% para

dentes vitais na técnica em consultório e para dentes não-vitais” (CONCEIÇÃO, 2007,

p.238).

Para Buendia (2003, p.11), “O peróxido de hidrogênio a 35% apresenta alta

capacidade de penetrar tanto o esmalte como a dentina devido ao seu baixo peso

molecular, oxidando os pigmentos localizados em tal estrutura”. Contudo, é

necessário levar em consideração que o produto é cáustico, portanto, deve ser

manipulado com cautela, sempre isolando os tecidos moles circundantes (PONTILLO,

2017, p. 07).

A validade do material é um fator a ser levado em consideração, assim coma a

sua forma de armazenamento. Estes produtos possuem validade restrita, por isso

devem ser adquiridas em quantidades reduzidas. São produtos que podem diminuir

seu poder de ação em até 50% num período de seis meses, por isso, necessitam ser

conservados em locais adequados (RODRIGUES, 2013, pg.18). Com relação aos

principais materiais utilizados para clareamento dental, Soares (2007) compara as

efetividades:

O peróxido de hidrogênio e o peróxido de carbamida são agentes muito efetivos no clareamento dental, porém, quando comparados isoladamente, ambos a uma concentração de 35%, o peróxido de hidrogênio apresenta uma eficiência 2,76 vezes maior do que o peróxido de carbamida. O peróxido de hidrogênio apresenta um pH ácido em torno de 3, o que é uma desvantagem por este pH ser abaixo do crítico para o dente — em torno de 5,5. No entanto, já existem materiais a base de peróxido de hidrogênio em que o pH apresenta-se mais alto e, portanto, são mais eficientes. (SOARES, 2007, p.75).

Para Rodrigues (2013, p. 18), “1% de peróxido de hidrogênio equivale a 2,77%

de peróxido de carbamida”.

2.3.2 Peróxido de Carbamida

Com o aparecimento de materiais clareadores dentais constituídos por peróxido

de carbamida, pôde-se perceber uma considerável evolução na odontologia estética.

Isso foi evidenciado pelos excelentes resultados proporcionado pela técnica, que

também mantém os elementos dentais intactos após o procedimento clareador. É

evidente que mesmo com a garantia da técnica do clareamento caseiro de dentes

vitais, é extremamente valido ter conhecimentos de suas indicações, corretas

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orientações aos pacientes, benefícios e forma de emprego do produto clareador

(CATÃO; MIRTZ, PAIVA, 2006, p.140).

O peróxido de carbamida nada mais é que um peróxido de hidrogênio unido a

ureia, podendo conter ou não uma base solúvel de carbapol, que é um polímero que

atua diretamente na velocidade da liberação de oxigênio. Possui baixo peso

molecular, possibilitando a movimentação através das estruturas de esmalte e

dentina. Sua ação de agente clareador está relacionada com a capacidade de

liberação de oxigênio ativo e radicais livres (BUENDIA, 2003, p.12).

Quando o material está associado ao carbapol, há uma liberação mais lenta de

oxigênio, e por conta dessa característica, o agente clareador pode ser indicado para

a utilização noturna. Uma liberação mais lenta significa que a solução tem maior

longevidade, necessitando menos substituição do agente clareador, e

consequentemente apresentando resultados de maior eficácia da técnica. Há também

a possibilidade de ausência e carbapol, ocasionando em um processo de liberação de

oxigênio mais acelerado (RODRIGUES, 2013, p.19).

“É comumente apresentado em concentrações de 10% a 22% para a técnica

caseira em dentes vitais. A concentração de 35% é utilizada para clareamento em

consultório, tanto em dentes vitais como em não-vitais” (CONCEIÇÃO, 2007, p.238).

Sampaio (2008, p.31) afirma que os agentes clareadores a base de peroxido

de carbamida com uma concentração de 10% podem apresentar atividade

antibacteriana sobre Streptococcus mutans, Streptococcus sanguis e Lactobacillus,

apresentando níveis de melhora e inibição das bactérias. Devido ao seu baixo peso

molecular, a Ureia se transporta livremente através dos canais de difusão presente no

esmalte dental, contribuindo para elevar o pH da placa bacteriana e assegure

condições anticariogênicas.

2.4 MECANISMO DE AÇÃO DOS PRINCIPAIS AGENTES CLAREADORES

A realização do clareamento só é possível devido a permeabilidade da estrutura

dental aos agentes clareadores, que possuem capacidade de espalhar-se livremente

pelo esmalte e dentina, atuando na parte orgânica da estrutura, possibilitando a ação

do clareamento (GIOIA, 2000, p.08).

Para qualquer que seja o agente clareador, o mecanismo de ação envolve

oxidação de moléculas responsáveis pela alteração da cor dos dentes convertendo-

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as em dióxido de carbono e água. A redução ou eliminação dos pigmentos, produzem

moléculas menos complexas, com peso molecular comprimido e que absorvem

menos luz. Por conta disso, o elemento dental será visualizado de maneira mais claro

(DOMINGUES, 2014, p.19). O mecanismo de clareamento se resume em uma reação

de oxidação – redução, como podemos visualizar na figura a seguir:

Figura 1 Reação de oxidação – redução do clareamento dental.

Fonte: Fonseca (2008, p. 11).

O peróxido de carbamida, ao entrar em contato com os tecidos bucais,

decompõe-se em peróxido de hidrogênio e ureia. O peróxido de hidrogênio, por sua

vez, continua o seu processo de decomposição, dando origem ao oxigênio e água,

enquanto que a ureia originará amônia e dióxido de carbono. É importante salientar

que a ureia apresenta uma ação importante no aumento do pH (SOARES, 2007, p.74).

O processo de ação dos agentes clareadores é explicado por Rodrigues (2013):

As técnicas utilizadas no branqueamento baseiam-se num processo de oxidação - redução. O peróxido de hidrogênio atua como um forte agente oxidante através da formação de radicais livres que quebram os anéis de carbono de alto peso molecular, caraterísticos das moléculas pigmentadas. Deste processo, resultam moléculas de menor dimensão, com uma estrutura molecular linear, cujas propriedades óticas se alteram, refletindo mais a luz, tornando-se assim em estruturas mais claras (RODRIGUES, 2013, p.16).

Quando o clareamento ultrapassa o “ponto de saturação”, o branqueamento

diminui consideravelmente e o agente clareador passa a agir em outros compostos

que apresentam cadeias de carbono. Nessa etapa, pode ocorrer um aumento da

porosidade e fragilidade do dente, devido à perda de material da matriz do esmalte

(GIOIA, 2000, p.10).

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3 A CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESTÉTICA

A expressão estética decorre da palavra grega “aisthetikos”, que significa

percepção, respeito ao sentido da beleza e aceitação a regras e princípios da arte. A

biografia da civilização humana está intrinsecamente abotoada à estética, que

constituiu uma das grandes ansiedades do indivíduo, uma vez que gera sentimentos

de aprovação ou desaprovação social (MORI, 2003, p.7).

Quando se fala em estética, as necessidades que a sociedade almeja em

relação a aparência geram consequências sobre a medicina e a odontologia, fazendo

com que os profissionais dessas áreas, além de restabelecerem as funções de seus

pacientes, procurem modificar as características não atraentes, tornando-as

esteticamente mais satisfatórias (MARTINS, 2016, P.18).

A incessante busca pela estética tem como objetivo a concretização pessoal, e

múltiplos estudiosos têm comprovado que as pessoas belas têm benefícios sobre as

demais. Esses benefícios começam desde o nascimento e persiste até a idade adulta

(MORI, 2003, p.03).

No que diz respeito ao comportamento humano frente ao padrão de beleza do

outro, indivíduos considerados atraentes são melhores aceitos. Este fato faz com que

ocorra uma facilitação durante o processo de interação social, e esta relação entre a

beleza e a aceitação pode ser acompanhada desde a infância. Geralmente as

crianças são acostumadas com o padrão de beleza estabelecida por princesas dos

contos de fadas e a afinidade para os heróis, no entanto, personagens com

personificação de bruxas e vilãs são abjetas. Por conta disso, o desenvolvimento

infantil até a etapa adulta é intensamente caracterizado por estes conceitos

enraizados no imaginário. Seguindo esta mesmo ideia, é afirmado que crianças

encantadoras durante o convívio social na fase pré-escolar, são as mais populares, e

é nesse período da vida que se iniciam as revelações de aversão a determinadas

características físicas, como a obesidade, por exemplo (MARTINS, 2016, p. 20). Mori

(2003), relata a percepção relativa que cada indivíduo possui da estética:

A estética é a percepção geral que cada indivíduo tem da beleza, e a expressão, a interpretação e a experiência pessoais fazem com essa seja uma experiência única, embora influenciada pela cultura. A estética não é absoluta ou objetiva, mas extremamente subjetiva. A estética guarda estreita relação com a cultura dos povos – algumas vezes temperada por diferentes grupos étnicos -, e é ditada por normas e padrões impostos pela sociedade (MORI, 2003, p.1).

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Portanto, quando o assunto “estética” é abordado, uma das maiores

dificuldades encontradas é a exatidão na definição da palavra em si. Pode-se

encontrar definições exemplares como: “Estética é a ciência da beleza presente na

natureza e nas artes”, contudo a subjetividade é um fator categórico na definição de

beleza. O que esperta a atenção de alguns pode não causar a mesma reação nos

outros. Cada pessoa possui suas preferências próprias e o conceito de estética pode

variar, conforme os padrões da época, idade e o tipo de cultura presente em

determinada sociedade. Fatores externos também podem interferir no padrão de

escolha de cada pessoa (MANDARINO, 2003, p.1).

3.1 A ESTÉTICA COMO PARTE INTEGRANTE DA ODONTOLOGIA ATUAL

Conservar a estética ou se transformar em belo é interesse dos indivíduos

desde muito tempo atrás. Com o desenvolvimento da capitalização mundial e a

ampliação de todas as suas esferas, foi criado um mercado de trabalho com mais

concorrência. Assim sendo, a beleza deixou de ser apenas vaidade, tornando-se

também necessidade, uma vez que a sociedade moderna atribui parâmetros acatados

como necessários com relação à aparência. Dentre estes, dentes brancos são

considerados sinais de boa higiene, status e sucesso (MARTINELLI, 2004, p.07).

Para Buendia (2003, p.01), “É inegavel que vivemos um momento em que a

sociedade globalizada perceba a estética como um reflexo direto da condição de

saúde”.

A busca pela estética do sorriso é intensamente abrangida na odontologia há

muito tempo, pois, no ponto de vista do paciente, um sorriso alinhado, periodonto e

gengiva saudáveis não são o bastante para os objetivos impostos atualmente. As

pessoas estão cada vez mais exigentes com a aparência e, com isso, cabe ao

profissional dentista atender a essas necessidades e expectativas elucidadas pelo

paciente, proporcionando resultados mais satisfatórios. Dessa forma, a área

odontológica cumpre um papel importante nesse processo, desenvolvendo novas

técnicas capazes de restabelecer e promover a autoestima das pessoas (BARBOSA,

2015, p.245).

Em pesquisa realizada por Mori (2003, p.55), os fatores que influenciam as

características mais atraentes do sorriso, no ponto de vista dos pacientes e

profissionais da área odontológica, estabelecem a preferência estética que domina os

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padrões atuais. Dentes alinhados e brancos seguem a preferência, como demostra a

figura a seguir.

Figura 2 Características mais atraentes no sorriso pelo ponto de vista dos

profissionais da área odontológica e pacientes:

Fonte: Mori (2013, p. 55).

A odontologia estética possui como base o clareamento dental, sendo uma

técnica geralmente preconizado para o início de um tratamento estético mais amplo

como um procedimento não invasivo. É um método que já possui evidências

científicas divulgadas, com um grande mercado e que possibilita um retorno

expressivo para os fabricantes e para os profissionais, bem como uma satisfação para

os pacientes. Ao mesmo tempo, é um procedimento alvo de um marketing intenso,

que pode ser ético ou não, dependendo da forma que é conduzido. A valorização da

estética na sociedade moderna, que é extremamente competitiva, aliada ao marketing

e divulgação na mídia, possivelmente gera grande popularidade, além de uma boa

relação custo-benefício (FONSECA, 2008, p.05).

Diversas técnicas têm sido indicadas para o clareamento de dental, todas

tentando reverter a harmonia estética e evitando um tratamento mais radical para os

dentes, ou seja, a confecção de uma restauração protética (CAMPANELLI, 2001,

p.14).

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O desenvolvimento dos materiais restauradores e dos processos estéticos têm

levado os profissionais e pesquisadores a um constante refinamento. O cirurgião-

dentista passou a analisar o sorriso e as implicações psicológicos que os dentes

podem exercer nas relações sociais (BISPO, 2008, p.263).

O anseio por dentes alinhados, arredondados e claros que potencializam de

forma vigorosa as linhas e expressões faciais, compõe uma grande demanda nos

consultórios odontológicos (BISPO, 2008, p.263).

“No planejamento de qualquer terapêutica estética, é essencial compreender

adequadamente os objetivos, as necessidades e as expectativas do paciente”

(PONTILLO, 2017, p.05).

Um sorriso que manifesta elementos esteticamente perfeitos e brancos, tem

sido o modelo de beleza procurado por muitos pacientes que possuem manchas de

várias etiologias, podendo ser elas: envelhecimento, tratamento endodônticos,

materiais obturadores, fluorose, trauma, ingestão de tetraciclina durante a

odontogênese, entre outras. A estética voltada pra área odontológica se fundamenta

em um apoio efetivamente mais sólido: a melhora geral da saúde bucal. A

preocupação não está direcionada somente com a obtenção de dentes bonitos, mas,

principalmente com dentes saudáveis (JUNIOR, 2001, p.07).

Estudos recentes descrevem a relação que existe entre o bem-estar

psicossocial e a imagem do corpo. Indivíduos felizes com o seu aspecto e que se

consideram atraentes e saudáveis tem menos possibilidade de desenvolver

depressão, solidão e futilidade. A autoimagem afetada pode ser mais prejudicial, do

ponto de vista do desenvolvimento, do que um defeito físico. Quanto mais se aplica

atenção em uma área especifica, maior a possibilidade de o indivíduo adquirir uma

autoimagem negativa dessa região. (MARTINS, 2016, p. 21).

O sorriso está encaixado entre as mais importantes funções de comunicação

interativa entre os homens, o qual é confirmado no anseio dos indivíduos em terem

dentes mais claros, buscando aspectos esteticamente agradáveis que melhorem sua

autoconfiança, pois frequentemente a primeira evidência de variação do normal na

dentição humana é a diferença observável na cor dos dentes (GARCÍA, 2001, p.09).

De todas as espécies que habitam a terra, a humana é a única que possui o

privilégio de sorrir, e isso é um grande encanto das pessoas. Porém, quando os

indivíduos têm esse direito excluído, perdem a autoconfiança devido a uma estética

dental prejudica, fazendo com que as mesmas se comportem de maneira mais

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reservada e tímida, já que estão fora dos padrões de estética ideal imposta pela

sociedade (MARTINELLI, 2004, p.07).

“Independentemente da faixa etária, os problemas bucais geram

consequências negativas na autoestima e autoconfiança do indivíduo, o que repercute

sobre a qualidade de vida” (MARTINS, 2016, p.18).

O impacto na autoestima do indivíduo é visível quando se fala em complexas

reabilitações orais, principalmente através de próteses totais e parciais. Porém, a

influência de tratamentos estéticos restauradores é fundamental na confecção de um

ambiente mais favorável ao indivíduo, interferindo até mesmo no seu meio social.

Logo, os procedimentos estéticos não devem ser considerados apenas como um

intermédio para restabelecer a vaidade, já que estes também interferem no

psicossocial do paciente. (MARTINS, 2016, p.18).

Para Bispo (2009, p.12), “a Odontologia Estética é um marco na restituição da

beleza, da harmonia; e consequentemente, da valorização do indivíduo e do seu bem-

estar psicológico”.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O clareamento em dentes vitais tornou-se um artificio de ampla reprodução em

clinicas odontológicas, resultados obtidos através da satisfação dos pacientes

submetidos a tais tratamentos clareadores. Devido a ampliação da procura pela

técnica, o trabalho em questão objetivou compreender, através de uma revisão de

literatura, as técnicas de execução e funcionamento do clareamento em dentes vitais,

bem como sua interação com a odontologia estética, evoluções históricas e aspectos

sociais relacionadas ao tratamento.

Ao longo da história, vários autores e estudiosos se esforçaram para investigar

sobre os materiais e técnicas que mais se encaixavam nas necessidades advindas

dos usuários. Para um resultado satisfatório, é necessário, primeiramente identificar a

etiologia do manchamento dentário, para posterior reabilitação. Tal ação, ajuda a

determinar as especificidades de cada terapêutica.

No mercado atual, as técnicas mais executadas são as de clareamento caseiro

e clareamento de consultório, sendo indicadas conforme as necessidades e anseios

de cada indivíduo. Comumente, utiliza-se para a técnica caseira, o peróxido de

carbamida, pois, este oferece uma menor concentração na porcentagem de material.

Já para o clareamento realizado em consultório, utiliza-se o peróxido de hidrogênio,

geralmente na concentração de 35%, oferecendo alta efetividade para remoção de

pigmentos presentes no dente. Ambos materiais em contato com a estrutura dental,

realizam reações químicas capazes de quebrar as macromoléculas de pigmentos,

clareando-as.

A busca pela estética do sorriso é abrangida pela odontologia há muito tempo,

e essa demanda ficou mais notória na sociedade atual. O interesse por dentes

brancos e bem alinhados, influencia no comportamento social dos indivíduos, atuando

diretamente no bem-estar psicoemocional e nas relações sociais dos indivíduos.

Consequentemente, pessoas que estejam fora das regras vigentes, acabam se

afastando de convivência interpessoal.

Portanto, fica perceptível a influência da estética na odontologia atual, sendo

notória a relação de satisfação com a realização de tais protocolos. Indivíduos infelizes

com o seu aspecto dental, buscam a resolução de tais problemas através do

clareamento dental, que, por consequência, acaba interferindo no desenvolvimento e

ampliação da odontologia estética.

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REFERÊNCIAS

BARATIERI, Luiz Narciso. Clareamento Dental. 1 ed. São Paulo: Quintessence Books, 1995.

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