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Claudete Maria Gomes de Lima Stavinski e Maria Aparecida Crissi Knuppel (org) Caderno Pedagógico FALA PARA QUE SEJAS “VISTO”

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Claudete Maria Gomes de Lima Stavinski e Maria Aparecida Crissi Knuppel (org)

Caderno Pedagógico

FALA PARA

QUE SEJAS “VISTO”

Claudete Maria Gomes de Lima Stavinski

e

Maria Aparecida Crissi Knuppel (org)

Caderno Pedagógico

FALA PARA

QUE SEJAS “VISTO”

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE GUARAPUAVA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OES

-UNICENTRO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO -PDE

GUARAPUAVA -PARANÁ

2008

O presente caderno pedagógico se constitui enquanto

atividade didático-metodológico e de linguagem e faz parte de

um projeto de pesquisa mais amplo que busca investigar :

Quais os gêneros textuais privilegiados em sala de aula no que

se refere a oralidade? Como estes servem de suporte para o

desenvolvimento da capacidade discursiva e argumentativa

dos alunos ?

A concepção interacionista de linguagem foi o ponto de

partida e o estudo está alicerçado nos fundamentos dos

gêneros textuais orais, como objetos de ensino. Esta

perspectiva é importante porque na área da Lingüística

Aplicada ainda há relativamente, poucos estudos com relação

a oralidade, quiçá, na perspectiva dos gêneros textuais orais.

Em conseqüência do exposto, as unidades propostas,

que se constituem em seqüências didáticas, na abordagem

dos gêneros textuais, propõe o trabalho de campo, com

embasamento na Lingüística Aplicada de caráter processual,

buscando entender as relações que se constituem entre a

oralidade e seus diversos suportes de apresentação (gêneros

textuais) e como pode se realizar um trabalho a partir destes

gêneros como elementos norteadores de uma prática

inovadora.

Como suporte para o desenvolvimento das atividades

orais serão utilizados como recursos didáticos interacionistas

mídias orais, textos, vídeos, clips, programas radiofônicos ,

entre outros, que se encontram em domínio público e que

podem ser utilizados em sala de aula, para a melhoria e a

participação dos alunos em termos de subjetividade e da

objetividade que a língua possui.

Tais pressupostos encontram ancoragem nas diretrizes

curriculares para a educação básica proposta do Estado do

Paraná, no que se refere a perspectiva de gênero.

Acredita-se que apenas no final do trabalho por meio

da publicação do Artigo Científico será possível mensurar as

contribuições efetivamente realizadas. Contudo, alguns eixos

norteiam o processo de construção do projeto de pesquisa e

de trabalho, a saber :

Apr

esen

taçã

o

Desta forma, espera-se estar contribuindo para o

ensino da língua portuguesa, por meio do desenvolvimento de

seqüências didáticas que privilegiem gêneros textos orais.

Claudete Maria Gomes de Lima StavinskiProfessora PDE

Maria Aparecida Crissi KnuppelOrientadora

A perspectiva interacionista, sobretudo pela

1 2contribuição de Bakhtin (1986) e Vygostky (1988), no que se

refere ao processo intersubjetivo harmônico/desarmônico da

prática da oralidade, sugere que como sujeitos sociais na

relação com diversas esferas sócio-institucionais (família,

escola, Igreja, clubes) os indivíduos se relacionam por meio

de práticas orais, na perspectiva da análise de que o sujeito

que fala, executa ações que não seriam possíveis, se não

fizesse uso da oralidade e com isso age sobre o ouvinte

estabelecendo um elo, que não havia antes da fala.

A oralidade enquanto prática social, de

comunicação e de cultura, ocorre na formação do cidadão para

torná-lo atuante no mundo que o circunda, pois a língua é o

caminho para harmonia/conflito, acordo/desacordo,

concórdia/discórdia e nas relações sociais, por isso ela é

sincrônica, dinâmica e flexível.

3Neste sentido há que se concordar com Reyzábal

(1993) a qual reafirma a importância de que o indivíduo fale e

que a aprendizagem do oral parta da concretude da língua,

ou seja, do uso que as pessoas fazem da linguagem oral pois

é, falando que se faz a língua e, assim, a linguagem se constitui

enquanto prática social e intercultural.

As atividades de práticas orais, nessa

perspectiva, logram mapear e identificar as diversas situações

de uso da oralidade, nos mais diversos contextos de produção

e recepção das referidas práticas, como perspectiva

necessária ao processo de ensino e aprender por meio da

oralidade .

Tema de Estudo:A Oralidade na Escola

1 BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem.São Paulo, Hucitec,1986.2 VYGOTSKY,L.S. A formação social da mente : o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo, Martins Fontes,1989.3 REYZÁBAL, Maria Victoria. A Comunicação Oral e sua Didática. Bauru- SP.: EDUSC (Editora Universidade do Sagrado Coração), 1993.

Int

rodu

ção

Portanto, o ato de falar, expor opiniões, emitir um

discurso pressupõe a atividade lingüística que deixa os seres

humanos mais vulneráveis e os expõe perante os demais uma

vez que ela é espontânea e passa pela interação face a face,

mas é também um dos momentos de maior crescimento do

homem, pois ouvindo os outros e se ouvindo é possível e

praticamente certo que surja a renovação de idéias e uma

melhor compreensão da realidade.

Nessa linha de análise é que julga-se pertinente

que esse ação aconteça tantas vezes até que o homem

consiga desenvolver o gosto e a confiança na oralidade, pois a

fala por sua natureza dialógica, insere-se numa perspectiva de

linguagem dinâmica, alicerçada numa concepção discursiva

onde os falantes trazem a sua experiência sócio-cultural no

momento de exposição de suas idéias e este aspecto é básico

para o desenvolvimento de uma linguagem interativa.4De acordo com Bortoloto (1998), “é por meio da

linguagem que lhes é própria que os alunos expressam

argumentos, explicações e concepções.”

A oralidade, portanto, precisa ser entendida em

seu contexto de produção , ou seja, é reconhecendo e

valorizando o conhecimento acumulado pelo aluno e

estimulando diferentes usos na escola que o educando poderá

chegar a um novo discurso “seu”.

Nestes termos, a relevância desta pesquisa

encontra-se na possibilidade de trabalhar com alunos e

professores, numa perspectiva de educação continuada,

dentro da Lingüística Aplicada, a qual posicione o papel da

oralidade na constituição dos sujeitos, tendo como objeto de

estudo as práticas orais numa perspectiva didático-

metodológica que privilegie os gêneros textuais orais. Como 5afirma Meurer :

4 BORTOLOTO, Nelita. A Interlocução na Sala de Aula. São Paulo:Editora Martins Fontes, 1998.5 MEURER, J. L. O conhecimento de gêneros textuais e a formação do profissional da linguagem . In: FORTKAMP,M.B.M.; TOMITCH,L.M.B (orgs.) Aspectos da lingüística aplicada : Estudos em homenagem ao professor Hilário Bohn. Florianópolis : Insular,2000.p. 149-66.

[...] o ensino tradicional da linguagem humana,fundamentado na gramática, coesão e nas modalidades retóricas. Bem como seus aspectos de coerência textual,têm se mostrado altamente ineficiente não se preocupando e não dando conta das situações específicas em que os indivíduos efetivamente utilizam a l inguagem como ins t rumento de interação,reprodução e/ ou alteração social. Dentro do contexto de investigações em lingüística aplicada, trabalhos de pesquisa sobre gêneros textuais vem recebendo atenção como uma opção atraente de se reproduzir conhecimentos que responda de maneira mais adequada a questões relativas aos diferentes usos da linguagem e sua interface com o exercício da cidadania.

6Bagno em seu livro Preconceito Lingüístico (1999)

enfatiza que a escola deve trabalhar o uso da oralidade sem

perder de vista a importância das variedades lingüísticas,

derrubando assim, o mito de que qualquer língua no mundo é

homogênea. Tal concepção indica como pressuposto para o

entendimento das concepções da oralidade, que ela deve ser

entendida, compreendida dentro de um processo histórico e

humano que jamais pára de evoluir.

Com relação ainda, aos escritos do autor citado,

importa considerar a manifestação de que é necessário

valorizar e trabalhar as variedades lingüísticas ao mesmo

tempo em que se introduz o aprendizado da norma culta.7Neste mesmo sentido, Bortoloto (1998, p. 102)

afirma: “[...] o ponto de partida da prática é a realidade

lingüística da criança. A oralidade está a serviço da construção

textual. É um momento de geração de idéias, de confrontos

ideológicos, de reconhecimentos mútuos e assim, que

conflitos sejam gerados como possibilidade de construção e

enriquecimento de conhecimento.”

Nos pressupostos contidos, nas Diretrizes

Curriculares do Ensino Fundamental e Médio, do Governo do 8Estado Paraná (2008) é possível observar a assertiva de que

6 BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico, o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999. 7 BORTOLOTO, loc. Cit.8 Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Paraná.2008

compete à escola tomar como ponto de partida os

conhecimentos lingüísticos dos alunos, promover situações

que os incentivem a falar, ou seja, fazer uso da variedade de

linguagem que eles empregam em suas relações sociais.

Assim, o que ensinar sobre os textos orais, se tornam objeto de

ensino procedimental.

Neste prisma de análise, no que se refere à 9linguagem oral , os Parâmetros Curriculares Nacionais

(BRASIL/MEC, 1998) afirmam:

6 BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico, o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999. 7 BORTOLOTO, loc. Cit.8 Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Paraná.20089 BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental : língua portuguesa. Brasília : MEC/ SEF,1998.

Ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a usos de l i n g u a g e m m a i s f o r m a l i z a d o s e convencionais, que exijam controle mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania. Ensinar língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em geral. Significa desenvolver o domínio dos gêneros que apóiam a aprendizagem escolar de Língua Portuguesa e de outras áreas e, também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo.

Sendo assim, trabalhar com a oralidade implica em

proporcionar momentos de interação em sala de aula, visando

o desenvolvimento da capacidade de utilização da linguagem

oral em situações formais, por parte dos educandos.

A capacidade de se expressar oralmente numa

perspectiva ampla e dinâmica, desacomoda o indivíduo, ele

passa a questionar, criticar, aumentando sua capacidade de

compreender o que ocorre a sua volta, conseqüentemente

torna-se um cidadão mais exigente e autônomo, capaz de

modificar a sua própria realidade e a do meio em que vive.

Assim, se há uma variedade de gêneros textuais orais,

o professor pode e deve planejar e desenvolver um trabalho

que, gradativamente, permita ao aluno, conhecer e usar

também a variedade lingüística padrão.

O uso de práticas orais precisa ser compreendido como

algo capaz de despertar no cidadão efeitos de sentidos, isto

porque quando o falante torna-se mais ativo e competente, ele

é capaz de compreender os diferentes discursos, captar as

intenções e reagir melhor conforme a situação.

O aluno, sujeito de uma proposta didática que privilegie

os gêneros orais, acredita-se que conseguirá adequar a sua

linguagem de acordo com a circunstância apresentada,

aproveitará os amplos recursos da língua e se tornará um

cidadão autônomo que possua grande capacidade de

discernimento e argumentação, ao mesmo tempo que opere

melhor com situações conflitantes e instigantes.

Isto é ratificado ainda pelas palavras de Dolz e 10 Schneuwly (2004,pg.175) que fazem a seguinte afirmação :

“O papel da escola é levar os alunos a ultrapassar as formas de

produção oral cotidianas para as confrontar com outras formas

mais institucionais, mediadas, parcialmente reguladas por

restrições exteriores.” Os autores enfatizam em sua obra que é

possível ensinar a oralidade para ser utilizada de forma

competente não somente nas ocasiões informais (pois esta o

aluno já domina), mas também nos momentos formais,

externos à escola e a situações familiares. 11Conforme afirma Marcuschi (2001,p.36) :

A oralidade jamais desaparecerá e sempre será, ao lado da escrita, o grande meio de expressão e de atividade comunicativa. A oralidade enquanto prática social é inerente ao ser humano e não será substituída por nenhuma outra tecnologia. Ela será sempre a porta de nossa iniciação à racionalidade e fator de identidade social, regional, grupal dos indivíduos.

Levando-se em consideração todos os pontos

observados, as seqüências didáticas desenvolvidas neste

material, procuraram promover a intertextualidade e a

10 SCHNEUWLY, B. e DOLZ, J. e colaboradores. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas, São Paulo: Editora Mercado de Letras, 2004.11 MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da Fala para a Escrita- Atividades de Retextualização. São Paulo: Editora Cortez, 2001.

mobilizando diferentes gêneros, em busca da multiplicidade de

sentidos. Para isso, procurou-se romper com a coletânea de

textos que atendem principalmente a um padrão literário do

professor e dos autores de livros didáticos e buscou-se o que o

aluno gostaria de ler.

Assim, optou-se por uma seleção de textos,

organizados em seqüências didáticas, que independentes do

tempo, ou seja, das definições de classificações,

possibilitassem a reflexão e a contextualização por parte dos

leitores.

Para os teóricos de Genebra (Dolz e Schneuwly, 2004),

as seqüências didáticas permitem que os alunos percebem as

práticas de linguagem construídas, os gêneros, e ao mesmo

tempo possam reconstruí-las como uma nova forma de

apropriação e representação.

Na concepção dos autores citados cada seqüência

didática deve ser composta por quatro fundamentos,

constituída pelo esquema abaixo:

Apresentação inicial → produção de texto inicial →

módulo I → módulo II →módulo III, etc.→ produção final.

No trabalho desenvolvido optou-se pela apresentação

de um projeto denominado: Fale para que sejas visto, o qual

priorizou as seguintes capacidades linguageiras, assim

agrupadas.

Meus

apontamentos

Tipo de Discurso Capacidades

linguageiras

Gênero

Narrativo (literário ou

não)

Relatar de forma

cronológica ou

narrativa.

Biografia

Jornalístico Questionar ,

resumir e produzir

conclusões

coerentes com

argumentos

pertinentes.

Entrevista

Literário Poetizar

Desenvolvimento

do jogo estético, da

pluralidade de

significações.

Poema

Literário Desenvolvimento

da musicalidade,

entonação, ritmo e

qualidade das

significações.

Música

Narrativo Contar fatos

cotidianos

aproximando

escritor-texto-

leitor.

Crônica

Isto confirma a pertinência de nosso CADERNO, no

qual há a enorme preocupação em auxiliar na formação de

falantes competentes, que saibam identificar os mais diversos

discursos e construir suas “respostas” à altura e que possam

inferir participativamente em sua realidade

Referências bibliográficas

BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico, o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999. BAKHTIN,M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec,1986.BORTOLOTO, Nelita. A Interlocução na Sala de Aula. São Paulo:Editora Martins Fontes, 1998.BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental : língua portuguesa. Brasília : MEC/ SEF,1998.GOVERNO DO ESTADO PARANÁ. Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e Médio de Língua Portuguesa,2008. GNERRE, Maurício. Linguagem, Escrita e Poder. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1998.MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da Fala para a Escrita- Atividades de Retextualização. São Paulo: Editora Cortez, 2001.MEURER, J. L. O conhecimento de gêneros textuais e a formação do profissional da linguagem . In: FORTKAMP,M.B.M.; TOMITCH,L.M.B (orgs.) Aspectos da lingüística aplicada : Estudos em homenagem ao professor Hilário Bohn. Florianópolis . Insular,2000.p. 149-66. MILLER,C.A.Genre as social action.Quarterly Journal of Speech,1984,p.155REYZÁBAL, Maria Victoria. A Comunicação Oral e sua Didática. Bauru- SP.: EDUSC (Editora a Universidade do Sagrado Coração), 1993.SCHNEUWLY, B. e DOLZ, J. e colaboradores. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas, São Paulo: Editora Mercado de Letras, 2004.SOARES, Magda. Linguagem e Escola - Uma Perspectiva Social. São Paulo: Editora Ática,2000.VYGOTSKY,L.S. A Formação Social da Mente:o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Anote tudo o que você achou que é importante

neste capítulo

Observamos que a grande maioria dos alunos, e por

que não dizer da comunidade, possui dificuldades quando se

trata de expressar-se oralmente a um público que não lhe seja

familiar. O receio de ficar exposto e ser alvo de críticas,

comentários e até mesmo de elogios faz com que nos

calemos. Porém a prática oral é aquela que primeiro nos

apresenta ao mundo, faz com que sejamos “vistos” e

ocupemos o nosso espaço. É importante e necessário que

incorporemos práticas orais que confirmem nossa cidadania e

também a capacidade de humanização.

Refletindo sobre estas provocantes questões, temos

consciência de que é na escola que a maioria das pessoas terá

uma das únicas oportunidades de fazer uma exposição oral

que fuja à situação cotidiana e ainda possa ser orientado para

melhor apresentar-se. Infelizmente, a prática oral acabou

sendo negligenciada pela escola, como se fosse uma

atividade “menor”, que é executada a todo momento no dia-a-

dia.

Entretanto, na escola ou fora dela, constatamos que as

pessoas que tem a coragem e a capacidade de expressar-se

oralmente e interagir com os outros são justamente aquelas

que conquistam mais espaço na sociedade e se tornam bem

sucedidas. E em se tratando de escola, esbarramos em

mais um problema : alunos, em sua grande maioria, são

pessoas jovens e inexperientes que ainda não possuem os

horizontes suficientemente ampliados para que, assim,

tenham o que dizer. Podemos e devemos ensinar-lhes

técnicas para uma maneira mais eficaz de falar, convém

também fazermos exercícios demonstrando posição das

mãos, dos olhos, da cabeça e empostação de voz, entretanto,

estas atividades pouco servirão se nossos estudantes não

tiverem “o quê” falar.

Gênero textual: biografia

Uni

dade

1

Diante do exposto, fica claro que existe a real

necessidade do aluno fazer multileituras, pois é através do ato

de ler os mais variados textos que conseguimos aproximar-

nos de diferentes situações de vida, de outras realidades, de

outros contextos e, conseqüentemente , de outros mundos. A

escola tem como uma de suas funções preparar o caminho,

fortalecendo o repertório dos alunos e enriquecendo as

experiências escolares a ponto de torná-las muito próximas do

cotidiano.

Isto posto, desenvolveremos uma série de atividades

preparadas especialmente para , não só melhorar a

capacidade de oralização dos alunos, como também nutri-los

com a maior quantidade possível de gêneros textuais

escritos, que servirão como lastro para o desenvolvimento dos

trabalhos com gêneros textuais orais.

Para a execução destas atividades, achamos pertinente

a utilização das , a nosso ver, fazem um

planejamento completo da situação de aprendizagem , pois

prevêem :

- a apresentação da situação – problema ( exposta

no início desta apresentação)

- qual gênero deverá ser abordado,

- a quem se dirigirá a produção (escrita ou oral),

- quem participará da produção,

- uma produção inicial (para avaliar e valorizar as

capacidades que o aluno já possui , conhecer suas

dificuldades e definir um plano que o ajude a desenvolver um

domínio do gênero abordado)

- a elaboração dos conteúdos baseada nas

dificuldades dos alunos

- a realização das atividades

- o registro das atividades

- a avaliação concomitante

- a produção final, que é também uma avaliação,

mas que, certamente será muito mais elaborada que a

produção inicial.

Sendo assim, partimos para a realização das

seqüências didáticas que terão como ponto de partida a

seqüências didáticas

mesma situação-problema, que é a dificuldade de oralização

de nossos alunos. O trabalho com gêneros é que vai variar

para a diversificação das atividades interativas que

contribuirão para o progresso da aprendizagem de nossos

alunos.

Para iniciarmos as atividades, achamos pertinente

trabalharmos primeiramente com “Autobiografia” e “Biografia”

que são gêneros orais e escritos da ordem do “relatar”.

Escolhemos estes gêneros porque para falar de si mesmo , o

aluno não precisa consultar livros ou fazer pesquisas externas,

pois o “referencial teórico” é a sua própria vida. Basta que ele

organize suas idéias e priorize acontecimentos que julgue

fundamentais para expor à turma.

Iniciaremos as atividades da seguinte maneira :

a) Apresentaremos à turma um vídeo de um

profissional , que seguirá os seguintes itens :

1º - Boa tarde

2º - Sou ........................................................(nome)

3º - Tenho ...................................................... anos.

4º - Moro ............................................. (rua, bairro)

5º - Neste ano espero .......(expectativas para o ano)

6º - Despedida

Os alunos poderão observar a posição das mãos, a

postura da coluna, o posicionamento dos pés, direção do

olhar, a empostação da voz, como segurar o microfone de

maneira que não obstrua a voz etc.

Este vídeo poderá ser repetido várias vezes até

que todos os detalhes sejam observados. Na seqüência, a

professora se apresentará a todos “com o microfone” seguindo

os mesmos passos estabelecidos pelo apresentador.

b) Em seguida, cada aluno se utilizará do microfone

e a exemplo da professora fará a sua apresentação pessoal

para a turma.

Esta atividade pode durar uma aula de 50 minutos

ou mais, mas é importante que cada aluno tenha um

desempenho correto e satisfatório. É imprescindível que o

aluno repita a atividade tantas vezes quantas forem

I - PRODUÇÃO INICIAL – OUVINDO OS OUTROS

necessárias até que o mesmo consiga discernir qual é a

melhor maneira de se apresentar a um público. Entretanto ,

isto deverá ser feito de tal maneira que o aluno não se sinta

constrangido. Ele deverá encarar a atividade como uma

excelente oportunidade de aprender e executar, de ser

corrigido e de corrigir-se, de ultrapassar as suas dificuldades e 12de melhorar a sua performance .

Tendo já em mãos uma primeira avaliação da

performance dos alunos através da produção inicial, espera-

se que os mesmos consigam após esta primeira oficina dar os

passos iniciais rumo ao domínio dos gêneros biografia e

autobiografia.

Nessa oficina explicaremos à turma que quando se

escreve sobre a vida de alguém, suas principais ações,

estamos fazendo uma “BIOGRAFIA”, que escrevemos

sempre em 3ª pessoa, mas quando nós mesmos escrevemos

a nossa história chamamos a isso de “AUTOBIOGRAFIA” e

utilizamos sempre a 1ª pessoa.

A professora então apresentará a sua própria

autobiografia utilizando-se da TV Pendrive e demonstrará

quais características são fundamentais para a construção de

uma.

Em seguida, para clarear ainda mais, aproveitando a

TV Pendrive, os alunos assistirão ao vídeo que está disponível

II -OFICINA A: LENDO E OUVINDO SOBRE OS OUTROS

Claudete Maria Gomes de Lima StavinskiNasci em 02 de junho de 1969 em Guarapuava Pr.

Faço parte de uma família de 6 irmãos dentre os quais eu sou a 5ª irmã. Casei-me em 1989 e tenho dois

filhos : um menino e uma menina. Sempre gostei de ler e acabei fazendo Letras na UNICENTRO. Fui para

a sala de aula e tomei tanto gostopor meus alunos que não passa um dia sequer sem que

eu pense em fazer uma atividade mais elaborada para “fisgá-los”. Sonho

que cada um deles encontreum bom caminho (de preferência com muitas

leituras), consigam ser felizes, realizados e ajudem a tornar este mundo melhor.

no Portal Dia a dia Educação (www.diaadiaeducacao.pr.

gov.br/diaadia/educadores/ e seguir os passos: TV Multimídia

– Sons e Vídeos – Vídeos Língua Portuguesa – 3ª página - De

onde eu vim) que mostra o Clipe de uma música que conta a

história das origens familiares de uma pessoa, fala sobre o

êxodo, as migrações e oportuniza aos alunos pensarem em

suas raízes também. Um trecho da letra da música segue

abaixo :

EU

( Composição e canto : Paulo Tatit )

12 E primeira produção oral será filmada, para que juntos, possamos avaliar a atuação de cada um, pois, de nada resolve fazermos uma série de atividades, se nunca paramos para rever o que fizemos. O registro das atividades é fundamental para estabelecermos um parâmetro que oportunizará a observação da atuação dos envolvidos no processo, ou seja, o próprio aluno. Isto nos permitirá circunscrevermos as capacidades e dificuldades que os alunos possuem, traçando um plano para intervir e estabelecendo a prática de uma avaliação formativa.

Perguntei pra minha mãe Para o alívio da donzela

- Mãe, onde é que você Que apontava estupefata

nasceu? Para um saco de batata

Ela então me respondeu Onde havia uma barata

Que nasceu em Curitiba E ele então se apaixonou

Mas que sua mãe que é E marcaram casamento

minha avó Com churrasco e

Era filha de um gaúcho chimarrão

Que gostava de churrasco E tiveram seus três filhos

E andava de bombacha Minha avó e seus irmãos

E trabalhava num rancho E eu fico imaginando

E um dia bem cedinho Fico mesmo intrigado

Foi caçar atrás do morro Se não fosse uma barata

Quando ouviu alguém Ninguém teria gritado

gritando Meu bisavô nada ouviria

- Socorro, socorro! E seguiria na caçada

Era uma voz de mulher Eu não teria bisavô,

Então o meu bisavô bisavó, avô, avó, pai, mãe

Um gaúcho destemido Eu não teria nada

Foi correndo galopando Nem sequer existiria

Imaginando o inimigo Perguntei para meu pai

E chegando no ranchinho - Pai, onde é que você

Já entrou de supetão nasceu?

Derrubando tudo em volta Ele então me respondeu

Com o seu facão na mão ...

Após este primeiro embasamento, espera-se que os

alunos agora comecem a amadurecer a idéia de produzir algo

sobre si mesmos , trabalhando a autobiografia.

Far-se-á uma análise dos dois exemplos dados à turma

e cada um deverá pensar a sua própria história, a sua própria

origem e na seqüência, mais uma atividade será realizada,

considerada muito produtiva e que costuma dar excelentes

resultados, que será a confecção de um acróstico utilizando-

se as letras do nome de cada um.

Exemplo:

CarinhosaLeitoraAmorosaÚnicaDinâmicaEspecialTranqüilaExperiente

Esta atividade escrita deverá ser afixada no mural para

a apreciação de todos e em seguida, os alunos, que já

obtiveram um bom embasamento teórico, deverão elaborar

por escrito a sua própria história . Para auxiliar ainda mais na

coleta de dados pessoais, os alunos responderão a algumas

questões que servirão para melhorar o nível das informações

que os alunos fornecerão.

Para esta atividade é muito importante que os alunos

sejam estimulados a a dar respostas completas para que a

sua autobiografia seja bastante esclarecedora.

III– OFICINA B: ESCREVENDO SOBRE SI MESMO

*1. Como é o seu nome ?*2. Qual é a sua data de nascimento ? Quantos anos você tem ?*3. Quantos irmãos você tem ? Como se chamam?*4. Onde você mora ? Como é a sua casa ?*5. . Você gosta da nossa escola ? O que você espera do estudo neste ano ?#6. Qual é a coisa que mais lhe agrada fazer ?

Estas questões, obviamente, servem apenas para

nortear os trabalhos e outras perguntas surgirão, conforme o

encaminhamento que a turma tomar.

Para auxiliar na confecção do texto, os alunos

observarão que os símbolos iguais diante das perguntas

formarão um parágrafo e podemos aproveitar a oportunidade

para trabalhar os conectivos, que ajudarão a formar um texto

coeso e coerente.

Depois de corrigidos e refeitos os textos, os alunos

farão a exposição oral para a turma e em seguida terão a sua

produção escrita arquivada para que também possamos

estabelecer um plano de desenvolvimento e superação de

dificuldades que os alunos possam apresentar.

Neste momento espera-se que os alunos já estejam

preparados para “ousar” escrever sobre os outros, que

possam efetuar escolhas sobre acontecimentos da vida de

outras pessoas que sejam relevantes dentro do contexto em

que estão inseridas.

Tarefa para casaCada aluno deverá escolher uma pessoa (alguém

próximo como o pai, a mãe, um tio, avô etc) , entrevistá-la e

fazer a biografia dela. O aluno levará o roteiro para a entrevista

e com a ajuda deste confeccionará a biografia. Além da

#7. De vez em quando você fica chateado (a) ? Por causa de quê ?#8. Quem é seu (sua) melhor amigo (a) ? Falam sobre o quê ?+9. Seus pais trabalham fora ou em casa ? O que eles fazem ?+10. Seus pais são legais ? Sobre o que vocês conversam? ^11. O que é que te deixa alegre ? Por quê ?^12. O que você gostaria de ter , mas não tem ?^13. Como você acha que o mundo ideal deveria ser ?

IV- OFICINA C: ESCREVENDO SOBRE OS OUTROS

experiência já adquirida na atividade anterior, o estudante

poderá ampliar a sua lista de perguntas se achar necessário e

observará que algumas mudanças deverão ser efetuadas

conforme a pessoa com quem conversamos, mas

basicamente as questões poderão ser parecidas com as que

apresentaremos abaixo, além daquelas que ele mesmo

respondeu :

A esta altura, os alunos já estarão entrando no campo

de conhecimento de um outro gênero textual oral e escrito

que é o gênero ENTREVISTA pertencente à ordem do relatar.

Esta é uma atividade extremamente rica porque proporciona o

desenvolvimento de várias habilidades como a comunicação

oral e escrita, a pesquisa, a capacidade de adequação do

vocabulário, o intercâmbio de informações e a socialização de

idéias e pensamentos.

d) Antes dos alunos trazerem a tarefa solicitada,

apresentaremos (de forma oral e através da TV Pendrive)

exemplos de biografias de várias pessoas como: poetas,

humoristas, músicos, professores, arquitetos, políticos,

líderes religiosos etc, o que dará a oportunidade dos alunos

poderem confrontar o seu trabalho com o que já existe.

Exemplos :

Elias JoséNascido em Santa Cruz da

Prata, distrito de Guaranésia, Minas Gerais, é professor aposentado de Literatura Brasileira. Sempre gostou de escrever – fez jornal na escola, poemas de amor, crônicas para jornais, contos ... e não parou mais. Com mais de 40 livros publicados para crianças, jovens e adultos, ele recebeu diversos prêmios literários e teve seus livros traduzidos e publicados em vários países.

- Nome completo- Apelido (se tiver e por quê)- Local e data de nascimento - Com quem casou- Quantos filhos possui- Um fato que marcou sua vida- Profissão ou atividade que exerceu ou ainda exerce- Uma opinião sobre um assunto comum como: o trabalho, a cidade que vivemos, coisas que gosta ou não de fazer

Ziraldo Alves Pinto nasceu no dia 24 de outubro de 1932, em Caratinga, Minas Gerais. Seus pais eram D. Zizinha e Seu Geraldo e da junção dos dois nomes nasceu o nome do filho Zi-raldo. Sempre envolvido nas questões sociais, chegou a ser preso na época da Ditadura Militar por ajudar amigos a fugirem. Além de pintor, é cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e escritor, sendo autor do famosíssimo Menino Maluquinho.

Além destes que foram apresentados, outras

personalidades que marcaram e marcam a história do nosso

país e do mundo serão pesquisados pelos alunos. Cada um

receberá através de sorteio um personagem e fará a biografia

deste.

Os abaixo citados não poderão faltar :

Machado de Assis, Martin Luther King, Dalai Lama, Madre

Teresa de Calcutá, Cecília Meireles, Pelé , Milton Nascimento,

Maria Ester Bueno, Florbela Espanca, Jane Austen, Djavan,

Paulo Freire, Presidente Lula, Dom Bosco, Mário Quintana,

Edgar Allan Poe, Gilberto Gil, Clarice Lispector, Jô Soares,

Maurício de Sousa, Madonna, J. K. Rowling, Fernando

Pessoa, Ferreira Gullar, Moacyr Scliar, Luís Vaz de Camões,

Ruth Rocha, Millôr Fernandes, Monteiro Lobato, Chico

Buarque de Hollanda, São Francisco de Assis, Pablo Neruda.

Quando os alunos trouxerem as biografias, eles irão

expô-las oralmente para a turma e depois afixarem no mural a

parte escrita desta. Nesta atividade, os alunos colocarão em

prática tudo o que aprenderam e poderão estabelecer um

comparativo entre a sua primeira produção e esta, que

também ainda não está acabada, pois muitos gêneros que

ainda estão por vir.

Quando os alunos trouxerem as biografias, eles irão

expô-las oralmente para a turma e depois afixarem no mural a

parte escrita desta. Nesta atividade, os alunos colocarão em

prática tudo o que aprenderam e poderão estabelecer um

comparativo entre a sua primeira produção e esta, que

também ainda não está acabada, pois muitos gêneros que

ainda estão por vir.

PRODUÇÃO « FINAL»

13 A parte oral desta atividade será filmada e a parte escrita será arquivada para que tanto a professora quanto. escrita e oralização.

Referências bibliográficas

PORTAL DIA A DIA EDUCAÇÃO - EDUCADORESTATIT, Paulo.CD Canções Curiosas/1998 .Música “Eu” SITES CONSULTADOS :

Para Ziraldo , acessado em

04/12/2008

http://www.edukbr.com.br/leituraeescrita/julho02/iautores.asp Para Elias José, acessado em 04/12/2008.

http:// . www.ziraldo.com.br/

Anote tudo o que você achou que é importante

neste capítulo

Quando estamos tratando de gêneros orais e escritos,

temos bem a consciência de que não podemos delimitar onde

é que termina um gênero e começa outro. Normalmente

trabalhamos com um e outro concomitantemente . Sendo

assim, neste momento, começaremos a aprofundar o gênero

ENTREVISTA, que já foi utilizado quando trabalhamos

BIOGRAFIA.

As perguntas que normalmente são efetuadas para a

confecção de uma biografia são itens integrantes do gênero

Entrevista . É importante que os alunos saibam que para se

fazer uma entrevista é preciso que o entrevistador conheça a

pessoa e o assunto que será o tema das indagações, ele

selecionará as questões que provocarão respostas

elucidativas . E para facilitar a compreensão dos educandos é

pertinente que os mesmos tomem contato tanto com

entrevistas orais quanto escritas.

Para que os alunos possam compreender o

funcionamento das entrevistas é necessário que se tragam

exemplos deste gênero publicados em revistas e jornais para

apresentar aos alunos. A professora trará várias entrevistas

escritas das revistas Seleções Reader's Digest ( Editora Abril ),

Língua Portuguesa ( Editora Segmento ), Época ( Editora

Globo ), Ler & Cia ( Distribuidora Curitiba de Papéis e Livros

S/A ), Revista do Brasil ( Atitude Editora Gráfica ) e dos Jornais

Folha de São Paulo, Diário de Guarapuava e Gazeta do Povo.

Iniciando o reconhecimento deste gênero pelos alunos

também achamos interessante fazermos uma análise, todos

juntos, do trecho transcrito abaixo que foi retirado do Jornal O

Estado de São Paulo em 08/11/1997, onde o escritor Maurício

Gênero textual: entrevista

Uni

dade

2

I- PRODUÇÃO INICIAL:

LENDO, ANALISANDO E OUVINDO ENTREVISTAS

de Sousa, autor dos gibis da Turma da Mônica, é entrevistado

por Adriana Dias Lopes :

Maurício de Sousa- Como acontece com toda criança,

desenhei assim que tive, minhas mãos um lápis e um papel. A

diferença é que não parei mais.

Maurício- É o Bidu e seu dono o Franjinha. Ele nasceu em

1959.Depois veio o Cebolinha, o Cascão,o Horácio, o Piteco, e em

seguida, a Mônica e a Magali.

Maurício- Hoje, o traço é mais delicado.A Mônica por

exemplo tinha os cabelos mais despenteados. O Cebolinha ganhou

charme:é mais careca e menos bochechudo.

Maurício- A Mônica era mais raivosa. Outra mudança de

comportamento:Estou sugerindo ao Cebolinha e ao Cascão que não pichem os muros e usem pedaços de papel.

Maurício- Quando o Rio Tietê de São Paulo ficar

despoluído. O Cascão e todo mundo esta esperando por isso.

Maurício- O Chico Bento.

Maurício- Pesquisas mostram que a metade são menores

de 12 anos e a outra metade tem acima disso.

Maurício- Sim, tanto a Mônica como a Magali.Minha

filha Mônica é um pouco nervosinha, (embora ela não admita isso) e a

Magali é a minha filha mais comilona...

ESTADINHO- Quando você começou a desenhar?

ESTADINHO –Qual é o seu personagem mais antigo?

ESTADINHO- O desenho dos personagens já foi

diferente?

ESTADINHO: E o jeito da turma?

ESTADINHO- Quando o Cascão vai tomar banho?

ESTADINHO- Qual dos personagens recebe mais

cartas?

ESTADINHO- Qual é a faixa etária que mais lê a suas

revistas?

ESTADINHO-Seus netos e filhos lêem suas revistas?

ESTADINHO- E os outros personagens eles existem

de verdade?

Maurício - O Cascão e o Cebolinha foram inspirados em

dois garotos que moravam na rua da minha avó, em Mogi da Cruzes. Um

era meio sujinho e o meu pai chamava-o de Cascão. O outro falava

errado, tinha os cabelos parecidos com uma cebola e também foi

batizado pelo meu pai. No fundo todos tem uma pontinha de

personalidade que eu conheço.

Maurício- Infelizmente não tenho tempo, mas acompanho

diariamente os trabalhos. Isso eu faço de qualquer canto do planeta.

Maurício- Eles ainda são muito crianças para isso. Mesmo

brigando tanto, tenho certeza que se dão muito bem. Quem sabe no

futuro...

Neste caso, os alunos poderão observar que o

entrevistado é questionado muito mais sob o ponto de vista

profissional do que pessoal, mas acaba intercalando

informações pessoais deram corpo à sua atividade

profissional. A entrevistadora não fez perguntas muito longas e

deixou para o entrevistado esclarecer dúvidas. Quem faz as

perguntas não deve fazer comentários muito longos, correndo

o risco de “tomar” as palavras de quem vai responder .

Objetiva-se que, com a análise das variadas entrevistas

veiculadas nas revistas e jornais citadas anteriormente, os

alunos já comecem a inteirar-se sobre os mais variados

estilos de entrevistar uma ou mais pessoas.

Na seqüência, os alunos assistirão, através da TV

PENDRIVE, a várias entrevistas, inclusive a uma feita por uma

TV local (da cidade de Guarapuava) em que poderão observar,

principalmente a postura do entrevistador, seus objetivos e sua

performance. Na atividade em que trabalhamos BIOGRAFIA e

AUTOBIOGRAFIA já havíamos feito uma ENTREVISTA, que

será considerada a nossa PRODUÇÃO INICIAL.

ESTADINHO- Você ainda desenha para as revistinhas?

ESTADINHO- Será que no fundo a Mônica e o

Cebolinha não são apaixonados?

Analisando a entrevista

Ouvindo entrevistas

Acreditamos que os alunos já terão subsídio suficiente

para fazer uma entrevista com alguém que não seja tão

próximo como o entrevistado da atividade anterior. Como já

dissemos anteriormente, os gêneros textuais, muitas vezes,

são trabalhados concomitantemente e não há uma maneira de

precisar exatamente onde um começa e o outro termina.

Após a análise tanto das entrevistas escritas quanto

das orais, os alunos farão uma atividade em que deverão

entrevistar um professor (poderá ser da própria escola ou

não). Eles serão orientados quanto :

- ao roteiro de perguntas

- à determinação do dia e horário da entrevista

- ao comportamento respeitoso diante do entrevistado

- ao tipo de roupa que deverá vestir ( de preferência

discreta, sem destoar do ambiente em que será feita a

entrevista e sem destoar do próprio entrevistado)14A sugestão de perguntas que deverá ser discutida com

os alunos segue abaixo:

1 ) Como é seu nome completo ? Tem apelido ?2) Qual é a matéria que leciona ?3) Por que escolheu ser professor (a) ?4) O que mais gosta na profissão ? O que mais detesta ?5) Lembra algo muito engraçado que aconteceu na sua

carreira ?6) Lembra algo triste ou constrangedor que aconteceu na

sua carreira?7) Já pensou em exercer outra profissão ? Qual ?8) Qual é o seu maior desejo para seus alunos ?9) Qual é o seu maior sonho pessoal ?10 ) Que mensagem daria a seus alunos neste momento ?

Esta é uma atividade muito rica porque contempla o

desenvolvimento tanto da habilidade oral quanto da escrita,

desenvolve a pesquisa , a curiosidade e o intercâmbio de

informações. O aluno terá um pequeno acesso a um mundo

que lhe desperta muita curiosidade, o mundo do “mestre”,

III- OFICINA A:

ELABORANDO UMA ENTREVISTA

14 O ideal é que este roteiro seja submetido à apreciação de todos e discutido para acatar ou não as sugestões que, com certeza, virão.

do “seu professor”.

Esta produção nos dará a idéia do quanto o aluno já

sabe trabalhar sobre este gênero e servirá como base para

que ele mesmo avalie e melhore sua atuação.

Na seqüência, uma pessoa da comunidade para ser

entrevistada pela turma. Antes da atividade, os

alunos (em uma visão bem “Bakhtiniana”, que prevê o

assunto, o público e, supostamente as respostas ) deverão

programar-se da seguinte forma :

– Devem ter conhecimento dos dados pessoais e/ou

profissionais no que se refere ao entrevistado.

– Se já sabem quem vão entrevistar, deverão escolher com

cuidado as perguntas que irão fazer.

– Sabendo já a postura do entrevistado e prevendo algumas

respostas, deverão preparar-se para ampliar os questionamentos

agregando perguntas à suas respostas.

– Observar se o entrevistado abrirá margem para questões mais

polêmicas e pessoais e evitar que o rumo da entrevista fora de

contexto.

– Agradecer educadamente o entrevistado e deixar o “canal”

aberto para futuras visitas do mesmo.

– Fazer anotações com probidade priorizando a exata resposta

do entrevistado.

As perguntas deverão ser amplamente discutidas por

todos e seguirão mais ou menos o roteiro já colocado para

entrevistar o professor.

Neste momento faremos um paralelo entre as duas

entrevistas, observando o nível de profundidade de cada uma,

fazendo uma comparação entre os dois mundos, as duas

realidades discutidas e como cada uma delas contribuiu para o

crescimento da turma.

IV- OFICINA B:

FAZENDO UMA ENTREVISTA

Como já afirmamos no início desta unidade, os gêneros textuais

não começam e terminam em si mesmos, mas vão formando novos

gêneros e acabam por exercer funções diferentes daquelas que

inicialmente se propunham a fazer. E depois que vimos, ouvimos e

fizemos várias entrevistas, já podemos observar o sutil

encaminhamento ao gênero NOTÍCIA.

Tanto a ENTREVISTA, quanto o NOTÍCIA utilizam-se da

Linguagem Jornalística e ambas são escritas para que idéias sejam

divulgadas, discutidas e criticadas por aqueles que lêem, ouvem ou

assistem a estes gêneros.

Isto posto, veremos agora , com os alunos, a possibilidade de

transformação das entrevistas em notícias. Mas, primeiramente os

estudantes devem tomar conhecimento dos objetivos do novo gênero

que será estudado e sua própria definição .

A notícia é um relato de fatos ou acontecimentos atuais ou

não, que sejam de interesse e importância para a

comunidade. Portanto, ela será melhor aceita se for inédita,

se for de interesse do grupo a que está se dirigindo, se for algo

diferente do que se está acostumado a ver ou ouvir, se trouxer

dados concretos da realidade etc.

As mesmas revistas e jornais que foram utilizadas para a

familiarização das entrevistas, assim como as apresentações na TV

Pendrive, servirão também para o reconhecimento dos mais variados

tipos de notícias, uma vez que cada revista, jornal ou TV possuem

uma “tendência”. Isto ajudará no desenvolvimento do senso crítico de

nossos alunos que poderão fazer um comparativo entre estes meios de

comunicação.

Cada aluno escolherá uma notícia, que julgue interessante

e relevante e fará a leitura em voz alta para a turma. Eles observarão o

nível de linguagem utilizado, a variedade lexical, a ética, a

possibilidade de comprovação da notícia etc.

Em seguida, dando continuidade aos nossos trabalhos,

iremos propor à turma que “transformem” a entrevista que

Transformando um gênero em outro

IV- OFICINA C:

FAZENDO UMA ENTREVISTA

- Resumir o que foi visto, ouvido ou lido, mantendo sua

legitimidade e

- Analisar as variedades da linguagem, respeitando-as e

tornando a notícia acessível ao público a que será destinado

Ao final destas atividades espera-se que os alunos sejam

capazes de analisar e avaliar criticamente não somente o trabalho dos

grandes meios de comunicação como também a sua própria capacidade

de criticar construtivamente as informações que são transformadas em

notícias.

Para fechar este ciclo de atividades , os alunos , divididos

em grupos contendo quatro ou, no máximo, cinco pessoas elaborarão

uma notícia sobre o nosso colégio. Eles noticiarão um projeto que

esteja acontecendo no estabelecimento como : Feira de Ciências, Feira

Cultural, Campeonato Esportivo, Concurso de Paródias, Apresentações

Artísticas e/ou Culturais, Concurso de Poemas etc.

Os alunos poderão retomar o início de nosso capítulo,

fazendo, primeiramente, uma entrevista (pode ser gravada ou escrita)

com os organizadores do evento. Em seguida, utilizarão o “filtro” para

registrar e publicar as falas mais esclarecedoras, mais relevantes e mais

importantes para a transformação desta entrevista em notícia.

O resultado desta atividade será lido para todos na sala de

aula e logo após será fixado no mural, não sem antes, passar pela auto-

avaliação do grupo que trabalhou junto. A professora deve avaliar o

aluno nos mais diferentes momentos e em grupo também. É necessário

que se observe as particularidades e diferentes situações e é preciso que

não haja comparação entre os educandos também.

Este é um excelente momento para que os alunos comecem

a utilizar o microfone nos horários de recreio, divulgando notícias que

sejam pertinentes ao grupo escolar. Porém, isto exige um preparo

diferente, que pretendemos aprofundar nas próximas atividades.

O registro, tanto escrito, quanto filmado destas atividades

é de fundamental importância para que continuemos a busca pela

melhora das atividades orais, de leitura e de escrita.

VI- PRODUÇÃO FINAL:

RETOMANDO O QUE APRENDEMOS

Referências bibliográficas

Jornal O Estado de São Paulo em 08/11/1997 CONSULTAS ON LINE Portal Dia a Dia Educação

Anote tudo o que você achou que é importante

neste capítulo

O ensino de poesia deve ser um trabalho muito

cuidadoso, por se tratar de uma linguagem onde há o

predomínio da conotação, do ritmo e da musicalidade das

palavras. Cada poeta tem uma maneira de perceber o mundo

e falar dele, portanto as atividades vindouras necessitarão ser

muito cadenciadas, respeitando a falta de familiaridade dos

alunos com este gênero, e conseqüente falta de sensibilidade

para um texto que é mais emotivo e implícito.

Para tanto, primeiramente, apresentaremos aos

alunos o texto TEM TUDO A VER, do poeta Elias José e juntos

faremos uma análise oral, observando a musicalidade da

poesia e questionando os alunos para o que mais nos remete

este texto.

Os alunos poderão perceber que a poesia nos revela

diversas sensações, como a alegria, a tristeza, a dor, o alívio, a

indecisão, o amor, o sonho ... , ou seja, ela está diretamente

ligada à nossa vida , descrevendo (ou não) sentimentos,

acontecimentos, realidades, realizações, esperanças,

momentos, loucuras, perspectivas e ... sonhos !!!

(fragmento)

Tem tudo a ver

(

A poesia Tem tudo a ver

Com tua dor e alegrias,Com as cores,as formas,os cheiros,Os sabores e a músicaDo mundo.

...

(In : Palavras de Encantamento-volume 1, pg 35,

Editora Moderna, 2002.)

Elias José)

Gênero textual: poesia

Uni

dade

3

Faremos uma proposta de trabalho, na qual os alunos

escreverão sobre quais temas a poesia poderia estar ligada. Isto fará com

que tenhamos uma idéia do quanto conhecem deste gênero. Assim,

poderemos elaborar um planejamento que faça com que percebam a

importância da poesia para nossas vidas.

Os alunos poderão fazer a exposição oral de seus textos,

enquanto a parte escrita será arquivada para que o professor possa

intervir nas produções seguintes.

O tema que dará início a esta oficina será o SONHO.

Iniciaremos uma discussão onde cada um vai pensar como e por que as

coisas foram inventadas no mundo. Para reforçar esta análise

conheceremos outro belíssimo poema chamado “A Pedra Filosofal” do

professor de Química, Rômulo de Carvalho, pseudônimo Antônio

Gedeão.

(fragmento)

A Pedra Filosofal(Antônio Gedeão)

Eles não sabem,que o sonho é uma constante da vida

tão concreta e definidacomo outra coisa qualquer,como esta pedra cinzentaem que me sento e descanso,como este ribeiro mansoem serenos sobressaltos,como estes pinheiros altosque em verde e oiro se agitam,como estas aves que gritamem bebedeiras de azul.. . .

(in : )

Na discussão, o aluno perceberá que os poetas

utilizam-se da subjetividade, da inventividade e da beleza das

palavras para revelar seus pensamentos, sua posição no

http://www.astormentas.com/gedeao.htm

II - OFICINA A:

I- PRODUÇÃO INICIAL: TRABALHANDO TEMAS

no mundo. Na análise do poema acima espera-se que haja a

percepção de que todas as coisas no mundo foram criadas a

partir de um sonho. Primeiramente havia uma necessidade,

depois uma idéia, em seguida uma possibilidade, depois

tentativas e experiências até que o sonho concretiza-se. A

poesia, muitas vezes descreve este percurso e faz parte dele

também. O aluno poderá observar que os poetas, por causa

da sensibilidade e humanização adiantam-se muitas vezes à

frente até da Ciência.

Em seguida, os alunos irão colocar no papel os seus

sonhos, serão convidados a imaginar coisas que possam

mais tarde tornar-se possíveis, e que hoje existem apenas em

sua cabeça, em sua imaginação, em sua necessidade. Esta

produção será um início onde poderemos começar a trabalhar

o léxico e a sonoridade na poesia.

Este,certamente, será um dos momentos “mágicos”

das aulas de Língua Portuguesa, quando os estudantes serão

levados à biblioteca para fazerem uma PESQUISA DE

CAMPO para “colher” poemas, que mais tarde farão parte de

uma coletânea dos alunos. A Biblioteca é considerada por nós

um “santuário”, donde advém o mais importante material

utilizado em nossos trabalhos O LIVRO.

Inicialmente, para que não percamos o foco e os nossos

objetivos, precisamos restringir a nossa pesquisa a um livro

que encaminhará o início de nossos trabalhos e que será

15 PALAVRAS DE ENCANTAMENTO – VOLUME 1

Poesias -Editora Moderna

Nesta aula, já com o livro em mãos, a professora

juntamente com os alunos farão a leitura e análise da CARTA

AOS LEITORES da profª Marisa Lajolo, que traz, entre outras,

a seguinte afirmação :

III- OFICINA B: PESQUISANDO POEMAS

A partir desta aula, os alunos iniciarão uma compilação

de poemas que farão parte de um caderno que receberão da

professora. Os trabalhos começarão com a escolha de um

poema para a abertura e de mais dois para o início desta

atividade. Em seguida, as visitas à biblioteca serão semanais,

justamente para a ampliação de poemas de outras obras, que

hoje, encontram-se à disposição em todas as bibliotecas das

escolas do Paraná.

Poetas como Vinícius de Moraes, Gonçalves Dias,

Álvares de Azevedo, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira

Gullar, Cora Coralina, Patativa do Assaré, Zé da Luz, Mário

Quintana, Manuel Bandeira, Elias José, Thiago de Mello,

Cecília Meireles, Paulo Leminski, João Cabral de Melo Neto,

Cruz e Souza e Fernando Pessoa são imprescindíveis, se não

para fazerem parte da coletânea, mas pelo menos, para serem

lidos em sala ou ouvidos dos lábios de professora e dos outros

colegas.

Fazer uma leitura de textos que falem do que é comum

a todos e onde os alunos possam observar que existem

maneiras mais elaboradas de falar do “corriqueiro” é uma

excelente maneira de nos aproximarmos da poesia. E para

ratificar este posicionamento apresentaremos a bela poesia

HOMEM COMUM, do brilhante poeta Ferreira Gullar:

(fragmento)

HOMEM COMUMFerreira Gullar

Sou um homem comum de carne e de memóriaDe osso e esquecimentoAndo a pé, de ônibus, de táxi, de avião e aVida sopra dentro de mim pânica feito a chama de umMaçarico e pode subitamente cessar.

. . . (In : Todas as Letras – Alfabetização de Jovens e Adultos-

Juntos Construindo uma Nova História,. 2007. MEC. Pg.18-19)

CONHECENDO MAIS E ESCOLHENDO POEMAS

15 Este livro faz parte das bibliotecas de todas as escolas do país.

É importante que o aluno observe as metáforas

existentes no texto e a beleza da construção lingüística que se

veste de emoção para falar de coisas tão comuns a todos nós.

Na seqüência, os alunos irão construir um poema que fale de

coisas comuns do dia a dia e trabalharemos a arte de falar de

coisas simples, mas de uma maneira muito mais elaborada.

Para isto, conhecer mais obras é necessário e por este

motivo apresentaremos mais um poema que fala de algo

pessoal e chama-se “INEFÁVEL”, do talentosíssimo Cruz e

Souza. Aproveitaremos para apresentar alguns dados

biográficos deste autor, por julgar a sua vida pessoal revela a

história de um brasileiro, que como muitos, apesar da imensa

capacidade, sofreu demais com o preconceito racial , sendo

impedido de exercer sua cidadania.

(in :http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp.)

INEFÁVEL(Cruz e Sousa)

Nada há que me domine e que me vença

Quando a minha alma mudamente acorda ...

Ela rebenta em flor, ela transbordaNos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um Réu de celestial Sentença,

Condenado do Amor, que se recordaDo Amor e sempre no Silêncio

bordaD'estrelas todo o céu em que erra e

pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros

E tudo vejo dos encantos rarosE de outra mais serenas

madrugadas!

Todas as vozes que procuro e chamo

Ouço-as dentro de mim, porque eu as amo

Na minh'alma volteando arrebatadas!

A produção que resultará desta oficina deverá ser um

pouco mais elaborada no sentido de ampliação do léxico e de

sensibilidade para com as palavras. Este texto deverá ser

socializado oralmente com a sala, pois um dos mais

significativos exercícios da poesia é justamente a sua leitura

(ou declamação) onde é possível sentir a sonoridade, o ritmo,

enfim, a beleza das palavras.

O aluno observará que a poesia se concretiza quando é

exposta oralmente, onde podemos sentir toda a beleza da

construção, musicalidade, harmonia, criatividade e

sensibilidade dos poetas.

A professora fará a leitura dos poemas “A Amizade”,

“Trago dentro do meu coração” e “Como é por dentro outra

pessoa” do grande poeta português Fernando Pessoa.

Faremos a continuidade de nossa Pesquisa de Campo na

Biblioteca e, desta vez, os alunos deverão escolher um poema

( especialmente) para ler.

Desta leitura obteremos inúmeras vantagens que

atingirão, ora um, ora outro aluno e a professora deverá

trabalhar cautelosamente objetivando, dentre tantos, por

exemplo, os objetivos abaixo :

- articular as palavras com maior clareza

- melhorar a dicção

- treinar a memorização

- estimular a pesquisa da diversidade de poesias

- coordenar palavra, gesto e postura

- controlar a timidez

- estimular a criatividade

- melhorar a concentração

O próximo passo é, justamente a DECLAMAÇÃO, pois

uma vez que o aluno já esteja familiarizado com os poemas, é

momento de cada um começar a incorporar um atuação mais ,

mais criativa, mais dinâmica, mais natural. Soltar a voz,

interpretando os mais diversos e vivenciando a.

Iv- OFICINA C: FALANDO A POESIAIv- OFICINA C: FALANDO A POESIA

palavra do poeta.

Para que esta prática se concretize, é interessante

trazer declamadores para a sala. Assim, é possível que os

alunos obtenham um parâmetro de comparação entre a sua

atuação e outra que seja, realmente, artística e convincente.

É importante que (em qualquer série) os poemas

sejam adequados a cada aluno. O professor precisa ter o

discernimento de que mesmo que alguns alunos já sejam

capazes de declamar poemas longos , outros declamam

poemas curtos e breves. Depois, pouco a pouco poderemos

ampliar o repertório de cada um, alguns preferirão poemas

com rima, outros a forma mais livre, os temas serão também os

mais variados, mas precisamos valorizar a cada um deles.

E para alavancar esta atividade, declamaremos o

poema “MEUS OITO ANOS”, de Casimiro de Abreu em um

estilo bastante próprio. Faremos a apresentação “simulando”

as idades, ou seja :

1º - como se fosse um (a) menino (a) de 11 anos

2º - como se fosse um (a) adolescente de 17 anos

3º - como se fosse uma pessoa de 25 anos

4º - como se fosse uma pessoa de 41 anos

5º - como se fosse uma pessoa de 54 anos

6º - como se fosse uma pessoa de 65 anos

7º - como se fosse uma pessoa de 72 anos

Este momento exige um preparo de quem vai declamar,

pois é necessário “incorporar” a idade que se vai representar,

fazendo uma interpretação do texto e criando uma relação de

significação entre o que é falado e a declamação em si.

MEUS OITO ANOS

Casimiro de AbreuOh que saudades que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueiras,À sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais.

Como são belos os diasDo despontar da existênciaRespira a alma inocência,Como perfume a flor; O mar é lago sereno,O céu um manto azulado,O mundo um sonho dourado,A vida um hino de amor ! Que auroras, que sol, que vidaQue noites de melodia,Naquela doce alegria,Naquele ingênuo folgar O céu bordado de estrelas,A terra de aromas cheia,As ondas beijando a areiaE a lua beijando o mar ! Oh dias de minha infância,Oh meu céu de primavera !Que doce a vida não eraNessa risonha manhã Em vez das mágoas de agora,Eu tinha nessas deliciasDe minha mãe as caríciasE beijos de minha, irmã ! Livre filho das montanhas,Eu ia bem satisfeito,Pés descalços, braços nus,Correndo pelas campinasA roda das cachoeiras,Atrás das asas ligeirasDas borboletas azuis! Naqueles tempos ditososIa colher as pitangas,Trepava a tirar as mangasBrincava beira do mar! Rezava as Ave Marias,Achava o céu sempre lindoAdormecia sorrindoE despertava a cantar ! Oh que saudades que tenhoDa aurora da minha vidaDa, minha infância queridaQue os anos não trazem mais Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueiras,A sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!

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Esta atividade será filmada, para que possamos dar

continuidade à avaliação continuada, para que os próprios

alunos possam observar sua atuação, em que podem

melhorar, quais recursos já dominam etc.

Dando seqüência aos trabalhos, faremos novamente

um paralelo entre dois textos para que se possa ratificar a idéia

de que “ a poesia veio ao mundo “ para torná-lo mais belo,

mesmo nos momentos mais difíceis. A função poética da

linguagem prioriza o ritmo, a rima, a sonoridade das palavras,

enfim, embeleza, encanta e torna a mensagem mais lírica.

Para que haja uma melhor compreensão deste

“lirismo” estabeleceremos uma comparação entre um texto

poético e um não-poético. Ambos seguem abaixo :

Primeiramente vamos ler um texto jornalístico que conta de um

acidente na construção civil:

Logo em seguida vamos apresentar a belíssima

canção/poesia de Chico Buarque de Holanda que trabalhou

como ninguém transformando uma notícia trágica em pura

beleza.

Acidente em canteiro de obras atrapalha o trânsitoFaleceu no dia 14/11/2008 (sexta-feira) João Maria da Silveira , vítima de um acidente no canteiro de obras em que trabalhava. Segundo declarações da esposa do operário, ele vinha apresentando sintomas de labirintite e acabou desequilibrando-se do alto da construção, após o almoço. A queda aconteceu no meio do asfalto, parando o trânsito e infelizmente foi fatal.

(texto elaborado pela profª Claudete Maria Gomes de Lima Stavinski especialmente para este material didático.)

(fragmento)

CONSTRUÇÃO

(Chico Buarque de Holanda)

Amou daquela vez como se fosse a últimaBeijou sua mulher como se fosse a últimaE cada filho seu como se fosse o únicoE atravessou a rua com seu passo tímidoSubiu a construção como se fosse máquina

v- PRODUÇÃO FINAL: COMPARANDO TEXTOSPRODUÇÃO FINAL: COMPARANDO TEXTOS

Após a análise e comparação entre os dois textos a

turma trabalhará com várias notícias de jornal que deverão ser

“transformadas” em poesia. Serão distribuídos textos variados

para cada aluno que selecionará alguns e fará a mudança para

a função poética.

Este texto sairá como última produção e será utilizado

como avaliação onde a professora juntamente com os alunos

fará a análise da evolução de cada um. Na verdade, esta não

será a última produção, mas será o início de um trabalho

poético mais consciente por parte tanto de quem está 16ensinando quanto de quem está aprendendo .

Ergueu no patamar quatro paredes sólidasTijolo com tijolo num desenho mágico. . .

(Chico Buarque de Holanda . Álbum : Construção. Gravadora: UNIVERSAL Ano de lançamento: 1993)

16 Retomaremos uma leitura oral do texto criado pelos alunos, dando continuidade à valorização da utilização elaborada da oralidade , juntamente com a leitura e produção de texto. Esta atividade também será filmada para que possamos comparar com os trabalhos iniciais.

Referências bibliográficas

Anote tudo o que você achou que é importante

neste capítulo

GULLAR, Ferreira. Todas as Letras – Alfabetização de Jovens

e Adultos-Juntos Construindo uma Nova História,. 2007.

MEC. Pg.18-19.HOLANDA, Chico Buarque. Álbum : Construção. Gravadora: UNIVERSAL Ano de lançamento: 1993 . JOSÉ, Elias. Tem tudo a ver . In : Palavras de Encantamento-volume 1, pg 35, Editora Moderna, 2002. OBRAS CONSULTADAS ON LINE :ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. Acessado em 03/12/2008, in : http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp. GEDEÃO, Antônio. A Pedra Filosofal. Acessada em 01/12/2008 em .SOUZA, Cruz e .Inefável. Acessado em 02/12/2008, in : http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp.

http://www.astormentas.com/gedeao.htm

Apresentaremos aqui um dos mais belos, democráticos e

sublimes gêneros textuais: a MÚSICA, pois além de ser um gênero

textual é ARTE e poderíamos dizer que esta é a arte que tem o maior

poder de penetração, pois todos têm acesso a ela. Dessa assertiva para

o acesso à música de qualidade, já é uma outra história, que nós,

professores , devemos ajudar a construir.

Definir o gênero música é algo um tanto quanto complexo,

mas, para os alunos, é interessante dizer algo que dê uma idéia do

quão amplo é este gênero. Podemos defini-la de uma maneira bem

simples assim :

MÚSICA – arte e ciência de combinar os sons de

modo que agradem ao ouvido, qualquer composição

musical . . .

(in : Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 11ª

edição- MEC-FENAME.Pg 759,1976)

Pensando na grande facilidade de divulgação que a música

apresenta, é que podemos trabalhar de uma maneira até “pouco

penosa”, pois entendemos que todas as pessoas gostam de algum tipo

de música, apesar de, nem todas as músicas possuírem boa qualidade,

tanto do vocal, quanto do instrumental, ou ainda na composição das

letras.

O que a escola precisa fazer é competir com os meios de

difusão na familiarização das músicas de boa qualidade, aquelas que

são elaboradas artisticamente e que possuem compromisso com o

bom nível textual, musical, social etc. Não podemos nos esquivar da

responsabilidade de fazermos análises, observações e,

principalmente, trazermos músicas que se forem bem escolhidas,

sensibilizarão nossos alunos e alunas.

Existem muitos estilos musicais, e para contemplar a todos

eles, nós poderíamos passar o ano todo trabalhando-os, entretanto

escolhemos apenas dois , que julgamos pertinentes para este

momento que são : MPB e RAP.

Gênero textual: música

Uni

dade

4

Este é um momento muito delicado, onde pediremos

para os alunos trazerem músicas de seu gosto (letra e

melodia) para mostrar aos demais colegas na sala de aula. É

necessário que, primeiramente se combine que todos terão o

direito de apresentar à turma um “trecho” da música que

escolheu .Sendo assim, teremos uma idéia da tendência

musical de cada um .

Após a socialização dos alunos, seguindo o que

programamos, mostraremos uma música também,

apresentando, inclusive a letra de uma obra elaboradíssima,

de um excelente artista , respeitado em todas as esferas da

arte musical de nosso país que é o cantor e compositor

DJAVAN.

Apresentar um pouco da história deste cantor

(biografia) é bastante pertinente, mas apresentar a sua obra é

algo “surreal”. Iniciaremos com a música “Seduzir”, a qual

trazemos um trecho abaixo transcrito :

É importante fazer uma análise da letra, discutindo o

que é “cantar”, o que é “amar” etc. Mas, antes mesmo disso,

julgamos muito interessante chamar a atenção para a beleza

dos arranjos, da parte instrumental e de todo o trabalho de

sonoridade que existe nesta música. O aluno vai perceber toda

I - PRODUÇÃO INICIAL:

SOCIALIZANDO AS MÚSICAS

II - OFICINA A: MPB

SEDUZIR

Música – composição e interpretação : Djavan

Cantar é mover o domDo fundo de uma paixãoSeduzir

(in :DJAVAN. CD gravado ao vivo em 1999.Sony Music)

Para familiarizar ainda mais a turma com este artista,

mais uma música será apresentada, desta vez em parceria

com o cantor e compositor Gabriel, O Pensador que segue

transcrita abaixo :

Gabriel, O Pensador é conhecido por compor e cantar

músicas polêmicas, fazer críticas sociais, ser um artista de

qualidade e que tem um estilo muito próximo dos jovens. A

música em questão, suscitará uma análise muito rica de todos

os elementos qualitativos que envolvem a obra e pontua a

versatilidade do cantor Djavan, que mantém a mesma

qualidade cantando um estilo diferente, no caso o rap.

Acredita-se que a partir deste momento, já estejamos

removendo uma eventual barreira ocasionada por choque de

gerações com referência ao gosto musical, e os alunos já

devem estar começando a perceber que existe uma música

agradável e de qualidade a ser ouvida que, juntos , estaremos

desvendando.

O passo seguinte é mostrar outros cantores de

excelente qualidade vocal e composicional. Apresentaremos a

música FICO ASSIM SEM VOCÊ , de composição e ção de

Adriana Calcanhoto, a qual trazemos um pequeno trecho aqui.

A turma acompanhará o clipe da música que está à disposição

no endereço . Este é um recurso que,

devido à facilidade de acesso, é um aliado importante na

www.youtube.com.br

(fragmento)

A CARTA

Djavan e Gabriel, o Pensador

Não vá levar tudo tão a sérioSentindo que dá, deixa correrSe souber confiar no seu critérioNada a temerNão vá levar tudo tão na boaBrigue para obter o melhor. . .

(In : DJAVAN. CD gravado ao vivo em 1999.Sony Music.)

ASSISTINDO À MÚSICA

contribuição do ensino-aprendizagem, desde que seja bem

elaborado, e sem perder de vista os objetivos que queremos

atingir.

Após a apresentação do clipe, que é bastante artístico,

tanto no visual quanto no acústico, faremos uma análise com

a turma, falando (como na música) sobre coisas ou pessoas

que já instituiu-se que não devem ficar separadas como por

exemplo: café com leite, pão com manteiga, arroz e feijão e

outras “junções” que são mais cômicas como : dedo mínimo

(do pé) com perna da mesa, cabeça com porta aberta do

armário, canela com ponta do pé etc .

O trabalho com oralidade é bastante promissor neste

momento, pois os alunos terão a oportunidade de participar

com suas experiências e seus pontos de vista. Em seguida,

serão convidados a fazer um trabalho ilustrativo da música,

uma vez que esta é uma canção que pode ser desenhada

também.

Esta atividade costuma ser bastante agradável e

produtiva, pois os alunos têm a liberdade de escolher os versos

que desejam realmente ilustrar e nós, professores podemos

explorar o texto semioticamente ( utilizando-se da imagem ).

Tanto aqueles que desenham com facilidade, quanto os que

não costumam fazer ilustrações farão um trabalho produtivo,

que culminará na importância da compreensão de que

podemos expressar-nos, não somente através de palavras

FICO ASSIM SEM VOCÊ

( ADRIANA CALCANHOTO)

Avião sem asa,fogueira sem brasa,sou eu assim sem você.Futebol sem bola,Piu-piu sem Frajola,sou eu assim sem você. . . .

(in CALCANHOTO, Adriana . Álbum Adriana Partimpim,2004.)

DESENHANDO A MÚSICA

mas também por imagens que nos ajudam a entender o

mundo.

Depois desta atividade séria, mas descontraída,

iremos propor que os alunos façam modificações no texto da

música, falando de “duplas” que, quando separadas, mudam

demais o seu conteúdo, o seu objetivo e acabam perdendo sua

razão de ser .

Esta criação servirá para o aperfeiçoamento de um

trabalho de léxico e rimas e o reconhecimento de que a o

gênero música, em grande parte dos casos é poesia também.

Os alunos observarão que as boas músicas, geralmente têm

seus intérpretes respaldados por excelentes poetas como por

exemplo : Toquinho, junto com Vinícius de Moraes, Milton

Nascimento (que é poeta também) compondo junto com

Fernando Brandt, etc.

Dando continuidade, apresentaremos à turma a música

CORAÇÃO CIVIL, de Milton Nascimento. É fundamental, como

pré-requisito do fator “qualidade” informar que este é

considerado pela crítica como o melhor intérprete da Música

Popular Brasileira e é um artista reconhecido mundialmente

por sua poderosa voz e, também , por ser o compositor das

músicas interpretadas por Elis Regina.

OS POETAS DA MÚSICA

(fragmento)

Quero a utopia, quero tudo e mais Quero a felicidade nos olhos de um pai Quero a alegria muita gente feliz Quero que a justiça reine em meu país

...

(in : NASCIMENTO, Milton . CD A Arte de

Milton Nascimento UNIVERSAL MUSIC

LTDA (CD NACIONAL)

Coração Civil

Milton Nascimento

É importante observar com a turma a beleza da

melodia, dos arranjos, do poder vocal e instrumental, da

profundidade da letra, enfim, do conjunto harmonioso que esta

música representa. É necessário esclarecer à turma que

Milton Nascimento possui músicas com, praticamente todos

os temas, para todas as ocasiões e que, portanto, atinge a

todas as faixas etárias.

O trabalho com a perspectiva de melhora das

condições de vida é a tônica desta canção e, na discussão, os

alunos poderão observar que, para que a pessoa possa

exercer a cidadania plena, não basta ter comida e moradia,

mas o lazer, o bem-estar e a arte são fundamentais.

Este tema nos remete a outras canções , cujos

intérpretes se posicionam favoráveis a uma desacomodação

da situação social do país, como por exemplo a música

COMIDA , que se tornou um símbolo da ampliação das

necessidades básicas do ser humano e que trazemos um

fragmento aqui.

Podemos falar também da necessidade básica que

temos de amor, o mais sublime e desapegado dos sentimentos

que enxerga além das aparências e das necessidades mais

primárias e que é tão bem traduzido na música de Beto

Guedes intitulada “Amor de Índio” e que apresentaremos a

seguir.

Comida

(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto)

(In:http://www.webletras.com.br/albums/arnaldo-antunes)

...

a gente não quer só comida,

a gente quer comida, diversão e arte.

a gente não quer só comida,

a gente quer saída para qualquer parte

a gente não quer só comida,

a gente quer bebida, diversão, balé.

. . .

AMOR DE ÍNDIO

Beto Guedes

. . .

. . .

Sim, todo amor é sagradoe o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor.A massa que faz o pão vale a luz do teu suor

(in : Milton . NASCIMENTO, CD Milton nascimento,

Som Livre,1998.)

Depois de analisadas estas músicas, os alunos

apreciarão outras canções que marcaram a história e

gerações em nosso país, captando o mundo de uma maneira

mais sutil, criando novos significados alicerçados na beleza

da relação existente entre a música e a poesia. Não

poderíamos deixar de apresentar “Pra não dizer que não falei

das flores” de Geraldo Vandré e sua história de coragem,

“Apesar de você” de Chico Buarque e sua ironia inteligente,

“Monte Castelo” do Legião Urbana e seus intertextos, “O Sal

da terra” de Beto Guedes e Ronaldo Bastos já falando de

preservação do planeta e da nossa vida em um tempo em que

não se discutia ecologia com tanto entusiasmo etc.

Como o Brasil é um dos países mais ricos em sua

cultura musical , não poderíamos deixar de contemplar o rap ,

já considerado um neologismo popular que significa Rhime

And Poetry ( rima e poesia). O rap tem uma batida rápida e

acelerada e a letra vem em forma de discurso, muita

informação e pouca melodia. as letras falam das dificuldades

da vida dos habitantes de bairros pobres das grandes

cidades.

É interessante que se leve em consideração que as

pessoas que não residem no centro comercial ou financeiro

III - OFICINA B: RAP - A MÚSICA DA PERIFERIA

das cidades, possuem seus valores e sua cultura e a música

mostra um pouco de suas crenças, esperanças, amores,

trabalho etc.

O rap é um estilo que caiu no gosto de nossos jovens e,

precisamos então, procurar aqueles que podem contribuir com

a formação de nossos cidadãos. Sendo assim, estudaremos

algumas músicas, dentre as quais, um fragmento cantado por

um rapper conhecido no país chamado Ndee Naldinho.

Os alunos analisarão esta e outras músicas e terão a

oportunidade de observar que este é um tipo de música em

que o artista usa um tom bastante pessoal, mas que não deixa

de ter a sua qualidade artística e cultural. Certamente que

surgirão nomes de outros renomados rappers como :

Racionais MCs, Câmbio Negro, Planet Hemp, Gabriel, o

Pensador (já citado acima).

Em seguida, já familiarizados com o estilo rap, os

alunos serão convidados a “musicar” os seus discursos. Como

contribuição, colocaremos questões capitais, que podem ser

aproveitadas para confeccionarem os seus raps como as que

relacionamos abaixo :

1º - Escreverão sobre a sua realidade (bairro, trabalho,

moradia, preconceito, crenças , estudos, inquietações etc)

2º - Transformarão seu discurso em versos

3º - Colocarão rima nos seus escritos

4º - Apresentarão para a turma

O SENHOR É O MEU GUIA( Ndee Naldinho )

Em minha voz, em meu rapA Deus eu agradeçoEstou sempre na féMeu Deus eu reconheçoO senhor me traz a paz,O senhor é que me guia,Eu passo a ter mais fé assim a cada dia.

. . .

(In : Vagalume. Música O Senhor é o meu Guia ,

Ndee Naldinho)

Esta atividade será filmada e aproveitaremos para

avaliar tanto a parte escrita quanto a sua performance na

apresentação das músicas. O fato dos alunos estarem

constantemente apresentando suas produções orais e

escritas , faz com que efetuem tarefas mais elaboradas,

revelando uma capacidade de planejamento que, muitas

vezes, eles próprios não atribuíam a si mesmos.

Neste momento a professora vai apresentar mais uma

música do melhor intérprete brasileiro (Milton Nascimento)

onde o artista fala da interação que existe entre a canção e

quem a ouve, como se fosse uma composição sua.

A análise que será feita levará em consideração o

contexto de cada um no que tange ao sentimento que “certas

canções” despertam em nós. Algumas músicas parecem falar

de dentro de cada um e os alunos serão convidados a

lembrarem de músicas que os tocam.

A atividade oral será a socialização das lembranças de

canções e inclusive, os trabalhos ficarão mais completos se os

alunos trouxerem mais uma vez as suas músicas para

poderem contar aos colegas por qual motivo esta canção o

toca. É importante que a professora considere que este não é

um tempo perdido e sim, uma excelente oportunidade de

ampliar os horizontes de todos, pois cada participação

PRODUÇÃO FINAL: CRIANDO TEXTOS MUSICAIS

(fragmento)

Certas CançõesMilton Nascimento

Certas canções que ouçoCabem tão dentro de mimQue perguntar careceComo não fui eu que fiz?. . .

( In : Milton Nascimento. CD Uma Travessia Musical - Certas Canções - 1999, Polygram.)

Composição: Tunai/ Milton Nascimento

enriquece o mundo de todos.

Em seguida, cada aluno, assim como Djavan ou Milton

Nascimento, irá escrever sobre a importância, a influência e

até a necessidade que a música vem preencher para si, ou

quem sabe até, de uma maneira mais ampla, para o mundo. A

professora pode fazer o encaminhamento com perguntas

como :

- A música é importante para todos. Qual o tipo de

música você mais gosta ?

- O que a música o faz lembrar ?

- Qual é a importância da música para todos ?

- Quais músicas têm um significado especial para

você?

Os alunos podem escrever à vontade e pode ser em

forma de paródia (uma imitação de uma composição famosa ,

que quase sempre tem sentido diferente da original) ou

optarem por criar uma melodia própria.

Este trabalho culminará na apresentação de todas as

músicas para a turma e os alunos poderão apresentar-se

individualmente, em duplas, em trios, enfim, como acharem

que a canção necessite, sendo esta mais uma etapa de 17criação tanto oral como escrita .

17 Esta atividade será filmada para que seja vista pelos próprios alunos mais tarde e que eles possam se auto-avaliar para , mas acima de tudo observarem que todo trabalho que é exposto aos demais acaba sendo mais especial e valorizado.

Referências bibliográficas

Anote tudo o que você achou que é importante

CALCANHOTO, Adriana . Álbum Adriana Partimpim,2004.Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 11ª edição- MEC-FENAME.Pg 759,1976. DJAVAN. CD gravado ao vivo em 1999.Sony Music.

NALDINHO, Ndee. Música O Senhor é o meu Guia. Vagalume.

NASCIMENTO, Milton . CD A Arte de Milton Nascimento UNIVERSAL MUSIC LTDA (CD NACIONAL)

NASCIMENTO, Milton. CD Milton nascimento, Som Livre,1998.

NASCIMENTO, Milton Nascimento. CD Uma Travessia Musical - Certas Canções - 1999, Polygram. OBRAS CONSULTADAS ON LINE :

ANTUNES, Arnaldo, Fromer Marcelo e Britto Sérgio . Comida. Disponível em

. Acesso em 06/12/2008.

CALCANHOTO, Adriana. Vídeo Fico assim sem você

. Acessado em 05/12/2008.

http://www.webletras.com.br/albums/arnaldo-antunes

www.youtube.com.br

Nesta unidade, estudaremos um gênero textual que

possui bastante inserção na sociedade - a CRÔNICA. Este

gênero é bastante acessível porque, geralmente , trata de

temas da atualidade, dos aspectos do dia a dia como : futebol,

política, emprego, vida de casais, relacionamento entre pais e

filhos etc.

E para que nosso aluno tenha a exata idéia deste gênero

, inicialmente levaremos para a sala de aula , várias crônicas

publicadas em jornais, revistas e livros da biblioteca. Cada um

deles fará a leitura de pelo menos uma crônica para que se

familiarize com o gênero.

Para implementar uma leitura interpretativa, os alunos

ouvirão uma crônica lida pela professora intitulada “O HOMEM

NU” de Fernando Sabino. Esta é uma obra muito rica em

humor, suspense, surpresas e ação. Os alunos poderão se

deleitar na leitura e , também se identificar com os

acontecimentos.

O Brasil possui excelentes cronistas, que utilizam-se do

cotidiano para escrever suas obras e, ao mesmo tempo dão

um toque singular à sua produção enredando histórias cujos

leitores se identificam por encontrarem uma linguagem que

fala de perto ao nosso modo de ser e viver.

Alguns autores não são cronistas puros, porque

escrevem outros gêneros, mas a qualidade da obra não pode

ser deixada de lado, portanto, é de grande estilo fazermos

leituras de : Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando

Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Heitor Cony,

Gilberto Dimenstein, Inácio de Loyola Brandão, Luís

Fernando Veríssimo, Paulo Bloise, Marcelo Coelho, Leo

Gênero textual: crônica

Uni

dade

5

PRODUÇÃO INICIAL: OUVINDO UMA CRÔNICA

Cunha, Murilo Rubião , Stanislaw Ponte Preta etc.

Isto posto, faremos a leitura da crônica “CLIC”,

do respeitado cronista Luís Fernando Veríssimo que retrata

com bom humor as mais delicadas situações do dia a dia. Os

alunos receberão o texto para perceberem as características

gerais do gênero que demonstra uma linguagem

despretensiosa e, ao mesmo tempo, insinuante.

I - OFICINA A: LENDO UMA CRÔNICA

CLIC

Luis Fernando Veríssimo

Cidadão se descuidou e roubaram seu celular.

Como era um executivo e não sabia mais viver sem celular,

ficou furioso. Deu parte do roubo, depois teve uma idéia.

Ligou para o número do telefone. Atendeu uma mulher.— Aloa.

— Quem fala?

— Com quem quer falar?

— O dono desse telefone.

— Ele não pode atender.

— Quer chamá-lo, por favor?

— Ele esta no banheiro. Eu posso anotar o recado?

— Bate na porta e chama esse vagabundo agora.

— Clic. A mulher desligou. O cidadão controlou-se.

Ligou de novo.

— Aloa.

— Escute. Desculpe o jeito que eu falei antes. Eu

preciso falar com ele, viu? É urgente.

— Ele já vai sair do banheiro.

— Você é a...

— Uma amiga.

— Como é seu nome?

— Quem quer saber?

O cidadão inventou um nome.

— Taborda. (Por que Taborda, meu Deus?) Sou primo

dele.

— Primo do Amleto?

— Amleto. O safado já tinha um nome.

— É. De Quaraí.

— Eu não sabia que o Amleto tinha um primo de

Quaraí.

— Pois é.

— Carol.

— Hein?

— Meu nome. É Carol.

— Ah. Vocês são...

— Não, não. Nos conhecemos há pouco.

— Escute Carol. Eu trouxe uma encomenda para o

Amleto. De Quaraí. Uma pessegada, mas não me

lembro do endereço.

— Eu também não sei o endereço dele.

— Mas vocês...

— Nós estamos num motel. Este telefone é celular.

— Ah.

— Vem cá. Como você sabia o número do telefone

dele? Ele recém-comprou.

— Ele disse que comprou?

— Por que?

O cidadão não se conteve.

— Porque ele não comprou, não. Ele roubou. Está

entendendo? Roubou. De mim!

— Não acredito.

— Ah, não acredita? Então pergunta pra ele. Bate na

porta do banheiro e pergunta.

— O Amleto não roubaria um telefone do próprio

primo.

E Carol desligou de novo.

O cidadão deixou passar um tempo, enquanto se

recuperava. Depois ligou.

— Aloa.

— Carol, é o Tobias.

— Quem?

— O Taborda. Por favor, chame o Amleto.

— Ele continua no banheiro.

— Em que motel vocês estão?

— Por que?

— Carol, você parece ser uma boa moça. Eu sei que

você gosta do Amleto...

— Recém nos conhecemos.

— Mas você simpatizou. Estou certo? Você não quer

acreditar que ele seja um ladrão. Mas ele é, Carol.

Enfrente a realidade. O Amleto pode ter muitas

qualidades, sei lá. Há quanto tempo vocês saem

juntos?

— Esta é a primeira vez.

— Vocês nunca tinham se visto antes?

— Já, já. Mas, assim, só conversa.

— E você nem sabe o endereço dele, Carol. Na verdade

você não sabe nada sobre ele. Não sabia que ele é de

Quaraí.

— Pensei que fosse goiano.

— Ai esta, Carol. Isso diz tudo. Um cara que se faz

passar por goiano...

— Não, não. Eu é que pensei.

— Carol, ele ainda está no banheiro?

— Está.

— Então sai daí, Carol. Pegue as suas coisas e saia. Esse

negócio pode acabar mal. Você pode ser envolvida.

— Saia daí enquanto é tempo, Carol!

— Mas...

— Eu sei. Você não precisa dizer. Eu sei. Você não quer

acabar a amizade. Vocês se dão bem, ele é muito

legal. Mas ele é um ladrão, Carol. Um bandido.

Quem rouba celular é capaz de tudo. Sua vida corre

perigo.

— Ele esta saindo do banheiro.

— Corra, Carol! Leve o telefone e corra! Daqui a pouco

eu ligo para saber onde você está.

— Clic.

Dez minutos depois, o cidadão liga de novo.

— Aloa.

— Carol, onde você está?

— O Amleto está aqui do meu lado e pediu para lhe

dizer uma coisa.

— Carol, eu...

— Nós conversamos e ele quer pedir desculpas a você.

Diz que vai devolver o telefone, que foi só

brincadeira. Jurou que não vai fazer mais isso.

O cidadão engoliu a raiva. Depois de alguns

segundos falou:

— Como ele vai devolver o telefone?

— Domingo, no almoço da tia Eloá. Diz que encontra

você lá.

— Carol, não...

Mas Carol já tinha desligado.

O cidadão precisou de mais cinco minutos para se

recompor. Depois ligou outra vez.

— Aloa.

Pelo ruído o cidadão deduziu que ela estava dentro de

um carro em movimento.

— Carol, é o Torquatro.

— Quem?

— Não interessa! Escute aqui. Você está sendo

cúmplice de um crime. Esse telefone que você tem na

mão, esta me entendendo? Esse telefone que agora

tem suas impressões digitais. É meu! Esse salafrário

roubou meu celular!

— Mas ele disse que vai devolver na...

— Não existe Tia Eloá nenhuma! Eu não sou primo dele.

Nem conheço esse cafajeste. Ele esta mentindo para

você, Carol.

— Então você também mentiu!

— Carol...

— Clic.

Cinco minutos depois, quando o cidadão se ergueu do

chão, onde estivera mordendo o carpete, e ligou de

novo, ouviu um "Alô" de homem.

— Amleto?

— Primo! Muito bem. Você conseguiu, viu? A Carol

acaba de descer do carro.

— Olha aqui, seu...

— Você já tinha liquidado com o nosso programa no

motel, o maior clima e você estragou, e agora acabou

com tudo. Ela está desiludida com todos os homens,

para sempre. Mandou parar o carro e desceu. Em

plena Cavalhada. Parabéns primo. Você venceu. Quer

saber como ela era?

— Só quero meu telefone.

— Morena clara. Olhos verdes. Não resistiu ao me

celular. Se não fosse o celular, ela não teria topado o

programa. E se não fosse o celular, nós ainda

estaríamos no motel. Como é que chama isso

mesmo? Ironia do destino?

— Quero meu celular de volta!

— Certo, certo. Seu celular. Você tem que fechar

negócios, impressionar clientes, enganar trouxas. Só

o que eu queria era a Carol...

— Ladrão

— Executivo

— Devolve meu...

— Clic.

Cinco minutos mais tarde. Cidadão liga de novo.

Telefone toca várias vezes. Atende uma voz

diferente.

— Ahn?

— Quem fala?

— É o Trola.

— Como você conseguiu esse telefone?

— Sei lá. Alguém jogou pela janela de um carro. Quase

me acertou.

— Onde você está?

— Como eu estou? Bem, bem. Catando meus papéis,

sabe como é. Mas eu já fui de circo. É. Capitão

Trovar. Andei até pelo Paraguai.

— Não quero saber de sua vida. Estou pagando uma

recompensa por este telefone. Me diga onde você

está que eu vou buscar.

— Bem. Fora a Dalvinha, tudo bem. Sabe como é

mulher. Quando nos vê por baixo, aproveita. Ontem

mesmo...

— Onde você está? Eu quero saber onde!

— Aqui mesmo, embaixo do viaduto. De noitinha. Ela

chegou com o índio e o Marvão, os três com a cara 18cheia, e...

18 Extraído do livro "As Mentiras que os Homens Contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 47.

ANALISANDO A CRÔNICA

Após a leitura da crônica, em grupos (quatro ou

cinco pessoas) , os alunos irão avaliar :

- o espaço em que a crônica ocorreu,

- que tipo de personagem encontramos no texto

- se o assunto é corriqueiro ou não

- em quanto tempo mais ou menos a história se passa

Depois desta análise, os grupos, utilizando-se

dos mesmos itens elencados acima irão escrever uma

crônica, escolhendo um acontecimento do dia a dia, os

personagens que se adaptem ao ocorrido e um espaço

para as coisas acontecerem.

A participação coletiva é um fator enriquecedor,

pois as experiências de cada um contribuem para a

confecção de um texto criativo e revelador.

Cada pequeno grupo apresentará oralmente a

sua crônica e a parte escrita será afixada no mural do

saguão da escola.

A esta altura, os alunos já terão notado que as

crônicas pautam-se por possuírem uma “fineza simples

“, discrição, brevidade, sem regras preestabelecidas , é

leve e rápida. Sendo assim, o próximo passo será a

investigação de alguns tipos de crônicas, onde a turma

descobrirá que além das obras humorísticas que

tivemos contato anteriormente, existem as crônicas :

jornalísticas, literárias, policiais, esportivas, políticas etc.

ESCREVENDO UMA CRÔNICA

AMPLIANDO HORIZONTES

III - OFICINA B: DIFERENTES ESTILOS DE CRÔNICA

Apresentaremos então, a crônica esportiva chamada “

A VOLTA DO QUARTO AMIGO “, do escritor José Roberto

Torero, publicada na REVISTA DO BRASIL (novembro/2008,

nº 29).

Esta crônica trata da conversa entre quatro torcedores

(Palmeiras, Santos, São Paulo e Corinthians) no momento em

que o Corinthians volta à 1ª divisão do Campeonato Brasileiro

de Futebol . A história é regada de humor e realidade,

oferecendo uma interlocução direta com o leitor, e

apresentando marcas típicas da oralidade.

Em seguida, apresentaremos a crônica jornalística

intitulada “CURITIBA DÁ PENA”, do escritor e jornalista

Gilberto Dimenstein, publicada em 02/02/2008 no jornal A

FOLHA DE SÃO PAULO.

Nesta crônica, o escritor expõe a realidade violenta de

Curitiba em oposição à imagem de cidade modelo que é

passada ao resto do país e ao mundo. Os alunos poderão

verificar que as crônicas tratam não só do cotidiano

humorístico, mas também dos problemas sérios que a

sociedade pode apresentar e que deve solucionar.

E a próxima crônica que leremos será de Carlos

Heitor Cony ( DO DIREITO DE NÃO INFORMAR ) publicada

na FOLHA DE SÃO PAULO em 23/11/2003, que fala sobre os

exageros da imprensa que fotografa e publica tudo, inclusive

cenas que nada possuem de importância para qualquer esfera

como por exemplo: o pé enfaixado do Presidente Lula. Cony

repudia esta interferência na privacidade das pessoas e

coloca que não devemos saber tudo de todos.

Disponibilizaremos ainda, da Biblioteca da escola

as seguintes obras, que constam em todas as bibliotecas do

país e que pertencem à série LITERATURA EM MINHA CASA :

- O Peru de Natal e outras histórias – volume 2

- As Eternas Coincidências – volume 2

- Do Conto à Crônica – volume 2

- Pipocas – volume 2

– Histórias de Fantasia e Mistério – volume 2

Depois deste longo caminho percorrido para entrarmos

no mundo da Crônica, partiremos para a elaboração de um

texto baseado em um acontecimento da vida comum em que

os alunos trabalharão em conjunto. O tema será pertinente ao

bairro em que residem e reforçaremos a definição e a estrutura

do gênero crônica, observando a seguinte formação :

- O assunto ser pertinente ao grupo

- A possibilidade do tema ser real

- A simplicidade e a leveza da linguagem

- A presença do humor, da análise e da condensação dos fatos

Após a lapidação das crônicas a turma escolherá o DIA

DA CRÔNICA em que cada equipe fará a apresentação oral

para a turma. Esta atividade será filmada e, mais tarde,

depositada no BLOG da professora (juntamente com a crônica

escrita), que se encontra no PORTAL DIA A DIA EDUCAÇÃO e

estará disponível para que, não só os alunos, mas toda a

comunidade educacional possa acessar as obras feitas por

nossos alunos.

IV - PRODUÇÃO FINAL: TRABALHANDO A CRÔNICA

Referências bibliográficas

Anote tudo o que você achou que é importante

CONY, Carlos Heitor. Do direito de não informar , publicada no jornal A FOLHA DE SÃO PAULO em 23/11/2003. DIMENSTEIN, Gilberto. “Curitiba dá pena”, publicada no jornal A FOLHA DE SÃO PAULO em 02/02/2008. TORERO, José Roberto. “ A Volta do quarto amigo “, publicado na REVISTA DO BRASIL (novembro/2008, nº 29) .

SABINO, Fernando . O Homem nu, Círculo do Livro S/A. São Paulo SP.Pgs, 56-57-58.VERÍSSIMO, Luís Fernando."As Mentiras que os Homens Contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 47.