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Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Letras Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas XIV SEMINÁRIO DE DISSERTAÇÕES E TESES EM ANDAMENTO SEDITA - LEV PROGRAMAÇÃO Dia 09/11/2016 9h50 Abertura Professora Eleonora Ziller Camenietzki Diretora da Faculdade de Letras/UFRJ Professora Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold Coordenadora de Pós-Graduação da Faculdade de Letras Professora Ângela Beatriz de Carvalho Faria Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras Vernáculas) Professor João Moraes Substituto Eventual da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras Vernáculas) Victor Azevedo Louise Correa Anna Carolina Avelheda Gizelly Fernandes Maia dos Reis Representantes Discentes PPGLEV

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Faculdade de Letras

Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas

XIV SEMINÁRIO DE DISSERTAÇÕES E TESES EM ANDAMENTO

SEDITA - LEV

PROGRAMAÇÃO

Dia 09/11/2016

9h50 – Abertura

Professora Eleonora Ziller Camenietzki

Diretora da Faculdade de Letras/UFRJ

Professora Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold

Coordenadora de Pós-Graduação da Faculdade de Letras

Professora Ângela Beatriz de Carvalho Faria

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras Vernáculas)

Professor João Moraes

Substituto Eventual da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras Vernáculas)

Victor Azevedo

Louise Correa

Anna Carolina Avelheda

Gizelly Fernandes Maia dos Reis

Representantes Discentes PPGLEV

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10h – 11h – Conferência

Local: Auditório G1

Professor Eduardo Kenedy

Múltiplas Gramáticas do PB e Questões de Letramento Formal

11h – 12h30 – Mesa-Redonda 1 – Língua Portuguesa

Local: Auditório G1

Professora Victoria Wilson da Costa Coelho (UERJ/FFP)

A Escrita na Universidade: Dilemas e Desafios

Professora Adriana Tavares Maurício Lessa (UFRRJ)

O Aspecto no PB e as Contribuições de seu Estudo para a Teoria Sintática

Professora Maria Jussara Abraçado de Almeida (UFF)

Conceptualização do Espaço e Referenciação Dêitica no Português Brasileiro

12h30h – 14h – Intervalo para o almoço

14h – 17h – Sessões de Comunicação

Área de Concentração: Língua Portuguesa

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SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

Área de Concentração: LÍNGUA PORTUGUESA

Dia 09/11/2016

Sessão 1 – Língua Portuguesa (Mestrado/Doutorado)

Debatedores: Danielle Kely Gomes (UFRJ) e Maristela Pinto (UFFRJ)

Local: SALA F-206

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h – 14h20

Silvia Carolina

Gomes de Souza

ALTEAMENTO DAS VOGAIS PRETÔNICAS: ESTUDO

DE CRENÇAS E ATITUDES

Eliete Figueira Batista

da Silveira

14h25 – 14h45

Mayra Santana O RÓTICO EM CODA SILÁBICA NO PORTUGUÊS DO

SUL DO BRASIL: VARIAÇÃO E PROSÓDIA Carolina Ribeiro Serra

14h50 –

15h10

Manuella Carnaval FOCO INFORMACIONAL E FOCO CONTRASTIVO NO

PORTUGUÊS DO BRASIL: UMA ABORDAGEM

PROSÓDICA

João Antônio de

Moraes

15h15 – 15h35

Aline Ponciano dos

Santos Silvestre

O DESGARRAMENTO DE ORAÇÕES ADVERBIAIS EM

DUAS VARIEDADES DO PORTUGUÊS

Violeta Virginia

Rodrigues

15h40 – 16h

Adriana Cristina

Lopes Gonçalves

A JUSTAPOSIÇÃO NA INTERFACE SINTAXE-

PROSÓDIA

Violeta Virginia

Rodrigues

16h05 –

16h25

Rachel de Carvalho Pinto Escobar

Silvestre1

A MULTIFUNCIONALIDADE DO ARTICULADOR

PARA EM PB

Violeta Virginia

Rodrigues

16h30 – 16h50

Gustavo Benevenuti

Machado2

MULTIFUNCIONALIDADE E DESGARRAMENTO DE ONDE: UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA

Violeta Virginia

Rodrigues

Sessão 2 – Língua Portuguesa (Mestrado/Doutorado)

Debatedores: Lucia Teixeira (UFF) e Beatriz Protti Christino (UFRJ)

Local: SALA F-208

HORÁRIO NOME TRABALHO ORIENTADOR

14h –

14h20

Paula Crespo Halfeld

O MODO DE ORGANIZAÇÃO ENUNCIATIVO NO

GÊNERO BLOG: UM ESTUDO SOBRE A DIVERSIDADE

CONTRATUAL E A MANIFESTAÇÃO DA

SUBJETIVIDADE

Maria Aparecida Lino

Pauliukonis

14h25 – 14h45

Vanessa Candida de

Souza REPORTAGEM E EMOÇÕES

Maria Aparecida Lino

Pauliukonis

14h50 –

15h10

Raquel Souza da

Silva

AS ESCOLHAS LEXICAIS COMO MARCAS DE

IDENTIDADE IDEOLÓGICA DO DESTINATÁRIO E DO

SUJEITO ENUNCIADOR NA ARGUMENTAÇÃO

MIDIÁTICA

Maria Aparecida Lino

Pauliukonis

15h15 –

15h35

Amanda Heiderich

Marchon

HIPOTAXE CIRCUNSTANCIAL: ESTRATÉGIA

ARGUMENTATIVA? UM ESTUDO DE INTERFACE SINTÁTICO-DISCURSIVA

Maria Aparecida Lino

Pauliukonis

15h40 – 16h

Marcia Andrade

Morais Cabral

A ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS DE SYLVIA

ORTHOF SOB O PONTO DE VISTA DA SEMIÓTICA Regina Souza Gomes

16h05 – 16h25

Margareth Andrade

Morais

REFERENCIAÇÃO EM CAMPO: A CONSTRUÇÃO DE

SENTIDOS NA NOTÍCIA ESPORTIVA

Leonor Werneck dos

Santos

1 Esta apresentação não irá ocorrer, em virtude de o discente estar envolvido no I Seminário do Grupo de Pesquisa Conectivos

e Conexão de Orações, que se realiza na Universidade Federal Fluminense (08/11/2016 – 10/11/2016). 2 Esta apresentação não irá ocorrer, em virtude de o discente estar envolvido no I Seminário do Grupo de Pesquisa Conectivos

e Conexão de Orações, que se realiza na Universidade Federal Fluminense (08/11/2016 – 10/11/2016).

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Sessão 3 – Língua Portuguesa (Mestrado/Doutorado)

Debatedores: Gilson Freire (UFRRJ) e Andréa Rodrigues (UERJ)

Local: SALA F-210

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h –

14h20

Giselle Maria Sarti

Leal Muniz Alves

EMOÇÃO E PUBLICIDADE: EFEITOS PATÊMICOS E

REPRESENTAÇÕES DE GÊNEROS EM PEÇAS

PUBLICITÁRIAS DE REVISTAS IMPRESSAS

Lúcia Helena Martins

Gouvêa

14h25 – 14h45

Roberto de Farias

David Junior

A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO EM

EDITORIAIS DO JORNAL O GLOBO

Lúcia Helena Martins

Gouvêa

14h50 – 15h10

Paulo Gonçalves

Cerqueira

CONSTRUÇÕES PLUSQUAM: PROCESSOS

ESTRUTURAIS INTERJETIVOS

Maria Lucia Leitão de

Almeida

15h15 –

15h35

Alexandre Batista da

Silva

OS DÊITICOS ESPACIAIS LÁ E ALI E AS

COORDENADAS ESPACIAIS EM PORTUGUÊS

BRASILEIRO

Maria Lucia Leitão de

Almeida

15h40 –

16h

Jorge Luiz Ferreira

Lisboa Junior

DA SEMÂNTICA DE CASOS À SEMÂNTICA DE

PREPOSIÇÕES: A EXPRESSÃO DO GENITIVO EM

PORTUGUÊS

Maria Lucia Leitão de

Almeida

16h05 –

16h25

Marcus Vinicius

Brotto de Almeida

ENSINO DA ESCRITA: A METACOGNIÇÃO E A

CONSCIÊNCIA METATEXTUAL APLICADAS AO

ENSINO DA ORGANIZAÇÃO TÓPICA DO

PARÁGRAFO

Ana Flávia Lopes

Magela Gerhardt

Sessão 4 – Língua Portuguesa (Mestrado/Doutorado)

Debatedores: Roberto Botelho Rondinini (UFRRJ) e Caio Castro (CEFET-RJ)

Local: SALA F-220

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h –

14h20

Bismarck Zanco de

Moura

CONSTRUÇÕES COM O VERBO-SUPORTE HAVER: A

VARIAÇÃO ENTRE PREDICADORES COMPLEXOS E

FORMAS VERBAIS SIMPLES

Marcia dos Santos

Machado Vieira

14h25 –

14h45 João Carlos Tavares

da Silva

O PAPEL DOS ESQUEMAS DE IMAGEM NO

PROCESSO DE FORMAÇÃO DE DENOMINAIS EM

PORTUGUÊS

Carlos Alexandre

Victorio Gonçalves

14h50 – 15h10

Ana Cristina Rosito

de Oliveira FORMAÇÕES X-NEJO NO PORTUGUÊS DO BRASIL

Carlos Alexandre

Victorio Gonçalves

15h15 – 15h35

Camila Nunes de

Melo -TECA: COMPOSIÇÃO OU DERIVAÇÃO?

Carlos Alexandre

Victorio Gonçalves

15h40 – 16h

Mariana Delesderrier

da Silva

AS CONSTRUÇÕES DE TÓPICO MARCADO NA ESCRITA

DE ESTUDANTES EM PROCESSO DE LETRAMENTO Mônica Tavares Orsini

Sessão 5 – Língua Portuguesa (Mestrado/Doutorado)

Debatedores: Juliana Segadas Vianna (UFRRJ) e Mayara Nicolau de Paula (UFRJ)

Local: SALA F-324

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h –

14h20

Diana Silva Thomaz A POSIÇÃO DOS CLÍTICOS EM CARTAS PESSOAIS

DOS SÉCULOS XIX E XX: AS FAMÍLIAS PEDREIRA

FERRAZ E ABREU MAGALHÃES

Silvia Regina de

Oliveira Cavalcante

14h25 –

14h45

Antônio Anderson

Marques de Sousa

VARIAÇÃO E MUDANÇA NA EXPRESSÃO DO

ACUSATIVO ANAFÓRICO EM PB E PE: UM ESTUDO CONTRASTIVO

Maria Eugenia

Lammoglia Duarte

14h50 – 15h10

Mariana Maroja

Confalonieri Cardoso

ESTRATÉGIAS DE INDETERMINAÇÃO EM PEÇAS

PORTUGUESAS: UMA ANÁLISE DIACRÔNICA

Maria Eugenia

Lammoglia Duarte

15h15 – 15h35

Érica Nascimento

Silva

A ALTERNÂNCIA DO IMPERATIVO DE 2ª PESSOA – TU E VOCÊ – EM CARTAS DO RIO DE JANEIRO

Célia Regina dos

Santos Lopes

15h40 –

16h

Dailane Moreira

Guedes

POSSESSIVOS SIMPLES E PERIFRÁSTICOS NO

PORTUGUÊS BRASILEIRO: INVESTIGANDO A 3ª

PESSOA

Célia Regina dos

Santos Lopes

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Dia 10/11/2016

10h – 11h – Conferência

Local: Auditório G1

Professora Ângela Maria Dias(UFF)

A dança da dobra infinita: sobre a obra de Adriana Varejão

11h – 12h30 – Mesa-redonda 2 – Literaturas Brasileira, Portuguesa e Africanas

Local: Auditório G1

Professora Rosa Gens(UFRJ)

Literatura brasileira hoje: apontamentos

Professor Emerson Inpacio (USF)

Interseccionalidades: novas propostas de leitura

Professor Júlio Machado (UFF)

Representações da escravidão nas literaturas africanas de língua portuguesa: do trauma ao

testemunho

12h30 – 14h – Intervalo para o almoço

14h – 17h – Sessões de Comunicação

Área de Concentração: Literatura Brasileira

Área de Concentração: Literaturas Portuguesa e Africanas

17h – Encerramento

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SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

Área de Concentração: LITERATURA BRASILEIRA

Dia 10/11/2016

Sessão 6 – Literatura Brasileira (Mestrado/Doutorado)

Debatedores – Maluh Faria (UFRJ) e Paulo Cesar de Oliveira (FFP-UERJ)

Local: SALA F-210

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h –

14h20

Andrea Luiza Blanco A POÉTICA DO “EU”, DE AUGUSTO DOS ANJOS:

PRINCÍPIOS E DESDOBRAMENTOS DA IRONIA E DO

MONÓLOGO DRAMÁTICO

Ronaldes de Melo e

Souza

14h25 – 14h45

Maykol Vespucci

JORNADA À TERRA CRUA: O LUGAR DA POESIA NA

OBRA POÉTICA DE CORA CORALINA

Anélia Montechiari

Pietrani

14h50 – 15h10

Lyza Brasil Herranz DO EROS COSMOGÔNICO EM AVALOVARA, DE

OSMAN LINS

Ronaldes de Melo e

Souza

15h15 – 15h35

Pedro Cornélio Vieira

de Castro

TRAVESSIA E COMPORTAMENTO DAS ÁGUAS NO

SERTÃO MITOPOÉTICO DE GUIMARÃES ROSA

Ronaldes de Melo e

Souza

15h40 –

16h

Thales de Barros

Teixieira

DO ENLACE ISOMÓRFICO ENTRE TRAMA

IMAGÉTICA E DEVIR TELÚRICO: UMA POÉTICA DE

GUIMARÃES ROSA

Ronaldes de Melo e

Souza

Sessão 7 – Literatura Brasileira (Mestrado/Doutorado)

Debatedores – Anabelle Loivos (UFRJ) e Masé Lemos (UNIRIO)

Local: SALA F-324

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h – 14h20

Fernando Pereira

Impagliazzo MANUEL BANDEIRA: TÍSICO PORQUE POETA

Eucanaã de Nazareno

Ferraz

14h25 –

14h45

Marco Marcelo

Bortoloti

O POETA E A REVOLUÇÃO: A INFLUÊNCIA DA

GUERRA CIVIL ESPANHOLA E DO COMUNISMO

INTERNACIONAL NA OBRA DE CARLOS

DRUMMOND DE ANDRADE

Eucanaã de Nazareno

Ferraz

14h50 – 15h10

Ramon Nunes de

Mello

LEMBRE-SE DA MULHER TRISTE: A POESIA DE

ADALGISA NERY

Eucanaã de Nazareno

Ferraz

15h15 – 15h35

Suzanny de Araujo

Ramos

A RAZÃO DA VERTIGEM: FIGURAÇÕES DA

SUBJETIVIDADE NA POESIA DE FERREIRA GULLAR

Eucanaã de Nazareno

Ferraz

15h40 – 16h

Tatiana Corrêa da

Silva

TELAS E LETRAS, CHAPLIN E POESIA: THE TRAMP EM TERRITÓRIO LITERÁRIO BRASILEIRO

Eucanaã de Nazareno

Ferraz

Sessão 8 – Literatura Brasileira (Mestrado/Doutorado)

Debatedores – Raimundo Nonato Gurgel (IM-UFRRJ) e Lucia Ricotta (UNIRIO)

Local: SALA F-329

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h –

14h20

Alita Tortello Caiuby COMO SE LIVRAR DO TRAUMA DA EXISTÊNCIA: O

VAZIO, A MORTE E O LIMBO NA TRILOGIA DE

EVANDRO AFFONSO FERREIRA

Godofredo de Oliveira

Neto

14h25 –

14h45

Flávia Danielle

Rodrigues Silva

A ESCRITA DO INDIZÍVEL EM LOCAL

DESAGREGADOR: MEMÓRIAS DE MAURA LOPES

CANÇADO

Adauri Silva Bastos

14h50 – 15h10

Thaís Fernandes

Velloso

PROCEDIMENTOS LITERÁRIOS NA CRÔNICA DE

MACHADO DE ASSIS Adauri Silva Bastos

15h15 – 15h35

Verônica Fonsêca dos

Santos Silva O TRÁGICO EM AUTRAN DOURADO Adauri Silva Bastos

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SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

Área de Concentração: LITERATURAS PORTUGUESA E AFRICANAS

Dia 10/11/2016

Sessão 9 – Literaturas Portuguesa e Africanas (Mestrado/Doutorado)

Debatedores – Mariana Custódio (UERJ) e Luciana Salles (UFRJ)

Local: SALA F-206

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h/ 14h20

Aline Pupato

Costa

VOZ, MEMÓRIA E SILÊNCIO: LLANSOL E A ESCRITA

DO TEMPO JUBILOSO

Jorge Fernandes da Silveira

14h25/ 14h45

Eliana Aparecida

Pinto da Cunha

DO TRAUMA À TRAMA EM JERUSALÉM DE

GONÇALO M. TAVARES

Gumercinda

Nascimento Gonda

14h50/ 15h10

Karine Ferreira

Maciel

“QUANTO MAIS PROSAICO MAIS POÉTICO”: ADÍLIA

LOPES E A POESIA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

Sofia Maria de Sousa

Silva

15h15/ 15h35

Maria Silva Prado

Lessa

O POEMA COMO PALCO: A CENA DA ESCRITA DE

MÁRIO CESARINY

Sofia Maria de Sousa

Silva

15h40/

16h

Raquel Góes de

Menezes

DE SUPLÍCIO E AMOR, MARIANA ENCONTRA

INÊS

Jorge Fernandes da Silveira

Sessão 10 – Literaturas Portuguesa e Africanas (Mestrado/Doutorado)

Debatedores – Cláudia Amorim (UERJ) e Luci Ruas (UFRJ)

Local: SALA F-208

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h/ 14h20

Carlos Roberto dos

Santos Menezes

A TRAPAÇA DISCURSIVA EM BOLOR, DE AUGUSTO

ABELAIRA

Ângela Beatriz de

Carvalho Faria

14h25/ 14h45

Flávio Silva

Corrêa de Mello

EM TRÂNSITO – O ESTRANGEIRO QUE HABITA A

FICÇÃO DE OLGA GONÇALVES

Ângela Beatriz de

Carvalho Faria

14h50/ 15h10

Maria Carolina de

Oliveira Barbosa

O MASCULINO À PROCURA DE UM DISCURSO

POSSÍVEL: AS “VIDAS DESPERDIÇADAS” NOS

ROMANCES DE JOSÉ SARAMAGO

Mônica do

Nascimento

Figueiredo

15h15/ 15h35

Mariana de

Mendonça Braga

VIAGENS INICIÁTICAS: AVENTURAS DO

CONHECIMENTO E DO AUTOCONHECIMENTO NA

NARRATIVA DE HELDER MACEDO

Teresa Cristina

Cerdeira da Silva

Sessão 11 – Literaturas Portuguesa e Africanas (Mestrado/Doutorado)

Debatedores – Alexandre Montaury (PUC-Rio) e Marcelo Pacheco Soares(IFRJ)

Local: SALA F-203

HORÁRIO DISCENTE TRABALHO ORIENTADOR

14h/ 14h20

Camila de Toledo

Piza Costa

Machado

LEE-LI YANG: O EPISTOLAR EM TRANSE POÉTICO Carmen Lucia Tindó

Ribeiro Secco

14h25/ 14h45

Isabel Bellezia dos

Santos Mallet

DOS ESTILHAÇOS DA MEMÓRIA: A ANGÚSTIA EM NÓS, OS DO MAKULUSU, DE JOSÉ LUANDINO VIEIRA

Maria Teresa

Salgado Guimarães

da Silva

14h50/ 15h10

Laize Santos de

Oliveira

AS CARTOGRAFIAS DOS SONHOS NAS ESQUINAS DA

MEMÓRIA

Carmen Lucia Tindó

Ribeiro Secco

15h15/ 15h35

Marco Antônio

Fuly

O ESPAÇO DA INFÂNCIA NA NARRATIVA DE JOSÉ

LUANDINO VIEIRA: LEMBRANÇAS,

QUESTIONAMENTOS E RUPTURA

Maria Teresa

Salgado Guimarães

da Silva

15h40/

16h

Kezia Leão da Silva VIAGEM POR LETRAS E IMAGENS EM UM RIO

CHAMADO TEMPO, UMA CASA CHAMADA TERRA

Carmen Lucia Tindó

Ribeiro Secco

16h/ 16h20

Daniela da Glória

Silveira de Souza

Vianna

ESPAÇO E POÉTICA EM NOÉMIA DE SOUSA Nazir Ahmed Can

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RESUMOS

LÍNGUA PORTUGUESA

ALTEAMENTO DAS VOGAIS PRETÔNICAS: ESTUDO DE CRENÇAS E ATITUDES

Silvia Carolina Gomes de Souza

Orientador: Eliete Figueira Batista da Silveira

Mestrado

O presente trabalho intenta observar as crenças e as atitudes dos informantes em relação ao alteamento

das vogais pretônicas. O processo de alteamento é habitualmente analisado a partir de condicionamentos

linguísticos e não-linguísticos. Alguns estudos caracterizam o fenômeno como não estigmatizado

(BISOL, 1981; CALLOU & LEITE, 2005); outros, como estigmatizado (VIEGAS, 1987; AVELHEDA,

2013). No entanto, não há trabalhos de crenças e atitudes dos informantes com foco no alteamento das

vogais médias pretônicas. Essa metodologia tem como propósito observar o comportamento do usuário

em relação à língua que fala. Acredita-se que a união metodológica dos estudos da Sociolinguística com

os de Crenças e Atitudes (BOTASSINI, 2013) contribua para análise do status social dos fenômenos em

variação. Segundo Labov (2008: 174), é difícil medir as reações a fenômenos de ordem fonológica, pois

estão “abaixo do nível da percepção consciente”. E afirma que, “para nossos objetivos linguísticos,

precisamos elicitar um tipo de comportamento avaliativo sensível o suficiente para registrar o efeito de

um traço linguístico particular”. Para a avaliação, criou-se um teste de atitude composto por quatro

técnicas diferentes: 1) leitura de texto, para verificar se o informante realiza o alteamento quando o lê;

2) questionário fechado, para avaliar também a percepção do informante; 3) questionário fechado

avaliativo, a fim de que o informante avalie o sujeito que realiza o alteamento; e 4) questionário aberto,

para observar a percepção, o julgamento, além de analisar a própria produção do informante. Portanto,

a junção das teorias avança na questão da avaliação, problema proposto por Labov (2008: 193).

FOCO INFORMACIONAL E FOCO CONTRASTIVO NO PORTUGUÊS DO BRASIL:

UMA ABORDAGEM PROSÓDICA

Manuella Carnaval

Orientador: João Antônio de Moraes

Mestrado

Tradicionalmente, a focalização é tratada como um processo em que a porção do enunciado que

corresponde à informação nova é destacada por recursos sintáticos, morfológicos ou prosódicos. A esse

trabalho interessam o expediente prosódico do processo de focalização, a partir do fator extensão do

constituinte focalizado, e os valores semânticos e pragmáticos que podem ser associados aos padrões

melódicos em questão. Consideram-se aqui duas subcategorias de foco: focalização informacional e

focalização contrastiva com valor exclusivo (MORAES, 2009). Assim, os objetivos definidos por nós

são: (i) estabelecer o padrão melódico das construções de focalização informacional e contrastiva; (ii)

definir o contexto de ocorrência dos padrões melódicos que serão descritos e seus respectivos valores

pragmáticos; (iii) verificar a relevância do fator extensão do constituinte focalizado (palavra, sintagma)

na marcação prosódica dos tipos de foco aqui considerados. Especialmente, no nível da

percepção, interessa-nos investigar o reconhecimento auditivo do processo de focalização, a partir do

reconhecimento de dos dois tipos de foco abordados, informacional e contrastivo, e em relação à

extensão do constituinte focalizado. Para isso, realizamos testes perceptivos, de modo a legitimar os

padrões melódicos descritos. Em última etapa, propomo-nos a realizar manipulações com a técnica de

ressíntese da fala, através do programa PRAAT de análise acústica, de modo que, a partir do contorno

melódico neutro, diferentes versões dos padrões de focalização informacional e contrastiva fossem

geradas para, posteriormente, serem julgadas em novo teste perceptivo. Este método, chamado de

“análise pela síntese” (MORAES, 2008), visa a obter maior entendimento sobre o fenômeno estudado e

estabelecer alcances e limitações da língua no processo de focalização prosódica.

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O RÓTICO EM CODA SILÁBICA NO PORTUGUÊS DO SUL DO BRASIL:

VARIAÇÃO E PROSÓDIA Mayra Santana

Orientador: Carolina Ribeiro Serra

Mestrado

Nesta pesquisa, focaliza-se o processo de variação do rótico em coda medial e em coda final, no

Português do Sul do Brasil, do ponto de vista do encaixamento desse fenômeno variável na estrutura

prosódica da língua. Interessa descrever o comportamento linguístico de 24 falantes, sendo 12 cultos e

12 não-cultos das capitais dos três Estados da região Sul do país. A contribuição original deste trabalho

está na abordagem prosódica que se faz do fenômeno variável do cancelamento do /r/. Em termos mais

gerais, a proposta é analisar o avanço do apagamento em posição de coda silábica, aliando a abordagem

sociolinguística (LABOV, 1994) à prosódica (SELKIRK, 1984; NESPOR & VOGEL, 1986; 2007).

Mais especificamente, pretende-se: i) analisar a diversidade de pronúncia do /r/; ii) focalizar os dados

de fala semi-espontânea extraídos do corpus do Projeto ALiB, a fim de oferecer descrição recente dos

falares da Região Sul; iii) verificar a atuação (gradual ou não) da regra de posteriorização (realização

anterior passando a posterior), relacionada à possível mudança de modo de articulação do segmento (de

vibrante para fricativa), e a tendência progressiva ao zero fonético, sobretudo em final de palavra; e iv)

averiguar, a partir das observações de Serra & Callou (2013, 2015), se a fronteira direita do sintagma

entoacional (IP) inibe a ocorrência do fenômeno de lenição do rótico. Os resultados preliminares indicam

os seguintes valores percentuais de distribuição do apagamento do rótico para verbos e não-verbos,

respectivamente, analisando dados de informantes com grau de escolaridade baixo, das três capitais

sulistas brasileiras: Curitiba (95%, sem percentual de apagamento para as classes de não-verbos),

Florianópolis (99%, 35%) e Porto Alegre (90%, 2%).

O DESGARRAMENTO DE ORAÇÕES ADVERBIAIS EM DUAS VARIEDADES DO

PORTUGUÊS

Aline Ponciano dos Santos Silvestre

Orientador: Violeta Virgínia Rodrigues

Doutorado

Decat (1999, 2011) descreve a existência de orações subordinadas adverbiais que ocorrem sem a oração

matriz, interpretadas somente pelo contexto, que seriam diferenciadas por um contorno entoacional

específico, chamadas de cláusulas desgarradas. Baseado nessa assunção, o presente trabalho objetiva

verificar se há, de fato, um contorno melódico específico que caracterizaria o fenômeno do

desgarramento e, ainda, se outros fatores de ordem fonológica, tais como o tamanho da oração e a gama

de variação da F0 na fronteira do constituinte prosódico, mostrar-se-iam relevantes para sua

caracterização. Para tal, tomam-se por referência trabalhos como os de Fonseca (2010) e Barros (2014)

– que tratam prosodicamente de estruturas interpretadas no sentido não default, assim como orações

desgarradas – além de pesquisas anteriores que versam sobre a estrutura prosódica e entoacional do

Português do Brasil (FROTA & VIGÁRIO, 2000; TENANI, 2002; SERRA, 2009). O corpus de pesquisa

é composto por de 1.920 orações adverbiais (960 do PB e 960 do PE), com oito ou doze sílabas, lidas

por dez informantes (cinco de cada variedade do português), em contextos nos quais a produção de

cláusulas desgarradas ou não desgarradas é uma opção comunicativa. Os dados foram analisados no

programa computacional PRAAT e os resultados, traduzidos em tabelas e gráficos, que dão amostra do

domínio de atuação do fenômeno do desgarramento. Os resultados revelam que, para ambas as

variedades, não houve diferença significativa entre a gama de variação de F0 de orações desgarradas e

não desgarradas. Contudo, o comportamento entoacional e, majoritariamente, a diferença de duração

das sílabas finais mostraram-se fatores relevantes para a caracterização do fenômeno estudado.

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A JUSTAPOSIÇÃO NA INTERFACE SINTAXE-PROSÓDIA

Adriana Cristina Lopes Gonçalves

Orientador: Violeta Virginia Rodrigues

Mestrado

Neste estudo, são analisadas cláusulas justapostas, a partir do aporte teórico da sintaxe funcionalista (cf.

DECAT, 2001; DIAS, 2009; MANN & THOMPSON, 1987). A justaposição se caracteriza pela

independência sintática entre as orações, que não apresentam conector explícito, mas que são

dependentes semanticamente umas das outras. Seguindo os postulados da fonética acústica

experimental, investigam-se os aspectos prosódicos de movimento melódico e presença e duração da

pausa silenciosa entre as cláusulas, para diferenciar os casos de coordenação dos de justaposição.

Defende-se aqui, portanto, que no período “a Bahia quer mais, o trabalho continua” (propaganda do

governo do estado da Bahia), emerge uma relação circunstancial entre as cláusulas, como evidencia a

seguinte paráfrase: [Porque/se] “a Bahia quer mais, o trabalho continua”. Para a análise sintática,

constituiu-se um corpus de 36 propagandas de mídia impressa (Associação Brasileira das Agências de

Publicidade - ABAP) e o corpus para análise prosódica constitui-se de 360 dados, provenientes de um

teste linguístico criado a partir do slogan de 8 propagandas. Quinze falantes jovens (gênero feminino,

cariocas, estudantes de pós-graduação da UFRJ) leram cláusulas justapostas sem pontuação, cláusulas

justapostas com pontuação e cláusulas coordenadas, objetivando verificar se o comportamento prosódico

das justapostas é distinto do das coordenadas e se a presença de pontuação pode interferir na ocorrência

de pausa entre elas. Verificou-se que 1) há mais movimento ascendente em final de cláusulas justapostas

(52%), enquanto as cláusulas coordenadas apresentam tanto movimento melódico final ascendente

quanto descendente (44% x 43%); 2) as cláusulas justapostas com pontuação apresentam maior

ocorrência de pausa do que as cláusulas justapostas sem pontuação (40% x 37%); e 3) as cláusulas

coordenadas apresentam percentual menor de pausa (12%).

A MULTIFUNCIONALIDADE DO ARTICULADOR PARA EM PB

Rachel de Carvalho Pinto Escobar Silvestre

Orientador: Violeta Virgínia Rodrigues

Mestrado

Esta pesquisa objetiva descrever as cláusulas introduzidas pelo conector para, seguindo os pressupostos

teóricos do Funcionalismo. Deseja-se comprovar que para é um articulador multifuncional, podendo

introduzir cláusulas completivas, hipotáticas (desgarradas e não desgarradas) e relativas. Espera-se

ainda evidenciar que para pode veicular conteúdo semântico de consequência, além do de finalidade, já

prescrito pelas Gramáticas Tradicionais. Além disso, pretendemos descrever, por meio da análise

acústico-experimental, as cláusulas desgarradas, visando a uma melhor caracterização do fenômeno do

desgarramento. Os dados analisados foram retirados do site Roteiro de Cinema

(http://www.roteirodecinema.com.br/), um portal constituído de roteiros audiovisuais na íntegra. O

roteiro pode ser considerado um gênero híbrido, já que tem uma função comunicativa dentro de uma

situação específica e características determinadas pelo canal a que se destina. Muitas vezes, o roteirista,

na tentativa de reproduzir a fala dos personagens envolvidos na narrativa, insere marcas de oralidade em

seu texto. O site foi escolhido devido a essa peculiaridade dos roteiros, que permite evidenciar usos das

estruturas com para em contextos comunicativos muito próximos de situações interativas reais. Foram

analisados 3.159 dados no total: 1.827 são de cláusulas completivas (57,7%), 1.267 são de hipotáticas

(sendo 55 de desgarradas - 42%) e 10 são de relativas (0,3%). A análise das cláusulas desgarradas

aponta que a pausa frequentemente antecede as desgarradas finais não prototípicas (77%). No que tange

à entoação, as desgarradas finais não prototípicas apresentam curva descendente na maioria dos dados

(91,6%), ao passo que, nas desgarradas prototípicas, a curva foi predominantemente ascendente (78%).

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MULTIFUNCIONALIDADE E DESGARRAMENTO DE ONDE:

UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA

Gustavo Benevenuti Machado

Orientador: Violeta Virginia Rodrigues

Mestrado

O item onde apresenta duas acepções nos dicionários de língua portuguesa – ora é descrito como

advérbio locativo, ora como pronome indicativo de lugar equivalente a em que. Na articulação de uma

oração com outra, nas gramáticas normativas, pode introduzir orações subordinadas adjetivas, desde que

se refira a um antecedente nominal locativo. Entretanto, há casos em que este aparece sem antecedente

expresso, o que gera divergências de análise a depender da gramática consultada. Em contextos reais

de interação comunicativa, onde parece assumir funções diferentes daquelas que propõe a tradição

gramatical. Neste estudo, partimos da hipótese de que onde é tão multifuncional quanto o conector que

em língua portuguesa, levando em conta situações reais de interação. Assim, onde funciona como

introdutor de orações adjetivas, substantivas e adverbiais, além de veicular conteúdos semânticos de

tempo, explicação e nocional. Além disso, um dos aspectos mais inovadores em termos de seu uso a ser

investigado é o desgarramento. Com base na teoria funcionalista, analisaremos os usos de onde como

introdutor de orações substantivas, adjetivas e adverbiais, não desconsiderando o fato de que todas elas

podem se desgarrar. Os dados analisados são de língua escrita e foram coletados do site Roteiro de

Cinema. Até o momento foram analisados 15 roteiros e 274 dados, entre os quais estão os

funcionamentos de onde como articulador de orações substantivas, adjetivas e adverbiais (desgarradas

e não desgarradas).

O MODO DE ORGANIZAÇÃO ENUNCIATIVO NO GÊNERO BLOG: UM ESTUDO SOBRE

A DIVERSIDADE CONTRATUAL E A MANIFESTAÇÃO DA SUBJETIVIDADE

Paula Crespo Halfeld

Orientador: Maria Aparecida Lino Pauliukonis

Doutorado

A pesquisa tem o propósito de examinar como o modo de organização enunciativo se manifesta em

textos publicados em diferentes tipos de blog, agrupados nas seguintes categorias: blogs pessoais,

jornalísticos, de entretenimento, de utilidades e de humor. Buscam-se identificar e analisar quantitativa

e qualitativamente as diversas modalidades enunciativas presentes nos textos, segundo elenco proposto

por Charaudeau (2009), bem como as categorias de língua que as materializam e os efeitos de sentido

produzidos. Além disso, pretende-se também, em um segundo momento do trabalho, depreender e

examinar as diferentes classes de adjetivos subjetivos presentes nos textos, com base em classificação

de Kerbrat-Orecchioni (1997), e analisar sua relação com o quadro enunciativo delineado anteriormente.

Para integrar o corpus do trabalho, foram selecionados vinte blogs brasileiros, quatro de cada categoria

elencada. O estudo pretende responder às seguintes questões: 1) Qual a relação estabelecida entre o

emprego de determinadas modalidades e categorias enunciativas e os diferentes tipos de blog,

considerando o contrato de comunicação firmado entre autor e leitor?; 2) Uma única categoria modal

enunciativa é capaz de produzir efeitos de sentido diversos a depender do tipo de blog ou dos objetivos

específicos dos textos?; 3) De que maneira as particularidades enunciativas observadas nos diversos

tipos de blog se refletem na seleção lexical, propriamente na escolha dos adjetivos subjetivos? Para

fomentar a pesquisa, são adotados, sobretudo, os postulados teóricos da Análise do Discurso,

notadamente da Semiolinguística. De modo geral, pretende-se jogar luz sobre a diversidade de

estratégias discursivas presentes no gênero digital blog e sobre as particularidades da relação de

coautoria estabelecida entre autor e leitor nesse espaço.

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REPORTAGEM E EMOÇÕES

Vanessa Candida de Souza

Orientador: Maria Aparecida Lino Pauliukonis Doutorado

Geralmente, a emoção é associada a sentimentos como dor, medo, pânico, raiva, vergonha, tristeza, ódio,

esperança. Pode ser definida como um impulso do organismo para a ação. Por uma tradição retórica,

durante muito tempo, prevaleceu a separação entre razão e emoção. É como se onde estivesse uma a

outra não pudesse estar. Aceitando-se, porém, que razão e emoção não se excluem, com relação ao

estudo da afetividade em reportagens, impõem-se algumas questões às quais este trabalho visa a

responder, tais como: Se há emoções, de que tipo são? Quais as estratégias utilizadas pelo enunciador

para despertar estados afetivos no enunciatário? A predominância de determinados índices emotivos no

discurso dar-se-ia em função do público visado? Como os topoi (lugares comuns) influenciam na

construção da emotividade? A fim de cumprir tal objetivo, analisa-se um corpus constituído por

reportagens publicadas pelos jornais Extra, O Dia e O Globo que abordam temas como os assassinatos

cometidos pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira, na escola Tasso da Silveira, em 07 de abril de

2011, no bairro carioca Realengo, e os ataques terroristas ocorridos em Paris em novembro de 2015. A

escolha desse corpus se justifica pelo interesse em verificar o estatuto ocupado pela emoção em cada

um desses tipos de impressos. Como referencial teórico, adotam-se a Análise Semiolinguística do

Discurso, de Patrick Charaudeau (2005), e os estudos sobre emoções empreendidos por esse mesmo

teórico (2010) e por Plantin (2010).

AS ESCOLHAS LEXICAIS COMO MARCAS DE IDENTIDADE IDEOLÓGICA DO

DESTINATÁRIO E DO SUJEITO ENUNCIADOR NA ARGUMENTAÇÃO MIDIÁTICA

Raquel Souza da Silva

Orientador: Maria Aparecida Lino Pauliukonis

Mestrado

A proposta dessa pesquisa é analisar as escolhas lexicais feitas pelo sujeito enunciador em reportagens

de mídia virtual. Pretende-se investigar, por meio da Teoria Semiolinguística de Charaudeau e pelos

princípios dialógicos de Bakhtin, os tipos de vozes inseridos nesse contexto, os traços linguísticos que

marcam o estilo desse enunciador e quais estratégias estão a serviço da argumentação do enunciador.

Serão analisados textos veiculados em dois sites de notícias na Internet que aparentemente apresentam

linhas ideológicas diferentes. Ao escolher como objeto de estudo fontes jornalísticas colhidas da Internet

que têm como característica principal a interatividade entre enunciador e público-alvo, esse trabalho

também irá analisar a postura do destinatário em relação aos seus enunciadores. É preciso compreender

como o enunciador consegue convencer ou persuadir seus interlocutores em relação ao seu

posicionamento ideológico veiculado pelo seu texto. Levando em consideração a proposta da pesquisa,

é necessário responder as seguintes questões: (i) de que maneira é possível evidenciar as vozes alheias

no discurso?; (ii) de que forma o sujeito enunciador se apropria da voz alheia?; (iii) que tipos de traços

linguísticos marcam o estilo do enunciador em seu texto?; e (iv) quais são as estratégias utilizadas para

identificar a estrutura argumentativa dos textos estudados? Dessa maneira, esse trabalho tem como

objetivo estabelecer as intencionalidades do sujeito enunciador perante seu público-alvo, identificando

as principais características que qualificam o texto em determinada inclinação ideológica. Essas marcas

podem ser evidenciadas por substantivos avaliativos, adjetivos axiológicos, verbos, advérbios modais e

metáforas.

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HIPOTAXE CIRCUNSTANCIAL: ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA?

UM ESTUDO DE INTERFACE SINTÁTICO-DISCURSIVA

Amanda Heiderich Marchon

Orientador: Maria Aparecida Lino Pauliukonis

Doutorado

Este trabalho analisará os mecanismos que ligam sintática, semântica e pragmaticamente as cláusulas

umas com as outras. Nessa perspectiva, discutiremos como estas se combinam, no português brasileiro

em uso, baseando-nos em um dos aspectos que contribuem para a organização argumentativa do

discurso, a hipotaxe circunstancial. Objetivando uma análise mais abrangente, partiremos das

postulações de Hopper e Trauggot (1993) sobre a classificação das cláusulas, priorizando tanto a

semântica quanto a sintaxe. Como o tipo de relação proposicional que emerge da relação de cláusulas

independe do conector que as une, debruçar-nos-emos sobre os efeitos de sentido que as estruturas

hipotáticas mantêm com as porções de discurso em que estão inseridas, conforme postulações de

Matthiessen & Thompson (1988) e de Halliday (2004). Nesse sentido, consideraremos não só o nível

microtextual, estudo apoiado na Semântica Argumentativa de Ducrot (1987), mas também o nível

macrotextual, análise baseada na Semiolinguística, de Charaudeau (2009), na tentativa de ampliar os

parâmetros da Gramática Tradicional no tratamento das cláusulas hipotáticas, bem como de contribuir

para um ensino da Língua Portuguesa mais proficiente, fato que justifica um estudo que promove uma

interface entre Funcionalismo e Análise do Discurso. Partindo da hipótese de que as estruturas

hipotáticas revelam um matiz argumentativo, constituíram-se como corpus de análise desta pesquisa

artigos de opinião publicados, aos sábados, pelo jornal Folha de São Paulo, na coluna Tendências e

Debates, entre os meses de janeiro e dezembro de 2014. A análise preliminar apontou que, quanto maior

a necessidade de comprovação de um argumento, mais produtivas são as estratégias para explicitar as

relações hipotáticas entre as partes do texto.

A ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS DE SYLVIA ORTHOF SOB O PONTO DE VISTA DA

SEMIÓTICA

Marcia Andrade Morais Cabral

Orientador: Regina Souza Gomes

Doutorado

O presente trabalho de doutorado em andamento tem por objetivo analisar a argumentação em obras de

literatura infantil de Sylvia Orthof, utilizando como fundamentação a teoria semiótica de linha francesa.

Para tanto, serão analisadas 50 obras da autora, cujo recorte compreenderá a produção da década de 80,

tendo em vista que este foi o período mais profícuo de produção da autora, que morreu na década

seguinte. Como escopo teórico, a teoria semiótica greimasiana permitirá verificar de que maneira o texto,

materialização do discurso, diz o que diz, ou seja, como se constrói o sentido, não somente observando

seu conteúdo, mas também a forma de dizer. Dessa maneira, a teoria considera níveis de abstração

diferentes (GREIMAS & COURTÉS, 2008: 232), que vão desde uma análise das estruturas mais

profundas, chamado de nível fundamental, passando a um nível intermediário, o narrativo, até o mais

complexo e concreto, o nível discursivo, todos compostos de uma sintaxe e uma semântica. Essa base

teórica nos auxiliará, então, a observar a argumentação na relação entre enunciador e enunciatário, tendo

em vista o contrato estabelecido entre ambos e a confiança do enunciatário na imagem do enunciador, o

que leva à adesão dos valores, ao mesmo tempo em que serão observados os recursos argumentativos

escolhidos por esse enunciador, que reforçam essa imagem e instauram a crença no discurso. Assim,

busca-se comprovar a hipótese de que o uso de estratégias argumentativas, como a intertextualidade, o

uso de implícitos, as projeções enunciativas, a exploração do humor e da ironia, dentre outros, cria a

imagem de um autor em Orthof irreverente e lúdico e, dessa forma, contribui para uma aproximação

entre enunciador e enunciatário, reforçando a manipulação e a crença nos valores no discurso.

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ENSINO DA ESCRITA: A METACOGNIÇÃO E A CONSCIÊNCIA METATEXTUAL

APLICADAS AO ENSINO DA ORGANIZAÇÃO TÓPICA DO PARÁGRAFO

Marcus Vinicius Brotto de Almeida

Orientador: Ana Flávia Lopes Magela Gerhardt

Doutorado

Os parágrafos das redações escolares frequentemente apresentam falhas de estruturação tópica, o que

revela um letramento linguístico insuficiente. Assim, um desafio que se coloca para o professor de língua

é como auxiliar o aluno a aperfeiçoar a organização tópica dos textos produzidos na modalidade escrita.

Nesse sentido, argumenta-se que o ensino de produção textual precisa promover a reflexão

metacognitiva sobre a processualidade da escrita (o planejamento, a produção e a revisão do texto) e

desenvolver a reflexão metatextual sobre a organização tópica. A metacognição aplicada ao ensino da

escrita pode desenvolver o conhecimento metacognitivo relacionado à escrita (as habilidades, as crenças

e as estratégias que os redatores têm sobre a escrita) e a regulação sobre a escrita (o emprego dos

processos de monitoramento e controle no gerenciamento de planejamento, execução e avaliação da

escrita). Um tipo específico da consciência metalinguística, que consiste na percepção da linguagem

como um artefato que pode ser analisado e manipulado, a consciência metatextual concerne à atividade

metacognitiva que toma as propriedades específicas do nível do texto como objeto de reflexão. A partir

desse enquadramento teórico, o objetivo desta pesquisa é fornecer uma sequência didática que

desenvolva a consciência metatextual sobre a organização tópica do parágrafo, considerando os

processos cognitivos da escrita. Para tanto, formulou-se uma sequência de atividades. A pesquisa

encontra-se na fase de aplicação desse material em turmas do Ensino Médio. Os dados obtidos a partir

dessa aplicação mostrarão se tal sequência didática aprimorou a percepção da organização tópica e se

isso auxiliou os estudantes a produzirem parágrafos bem redigidos.

EMOÇÃO E PUBLICIDADE: EFEITOS PATÊMICOS E REPRESENTAÇÕES DE

GÊNEROS EM PEÇAS PUBLICITÁRIAS DE REVISTAS IMPRESSAS

Giselle Maria Sarti Leal Muniz Alves

Orientador: Lúcia Helena Martins Gouvêa

Doutorado

Esta pesquisa tem como proposta analisar textos publicitários em anúncios de duas revistas impressas,

voltadas para os públicos masculino e feminino – Men’s Health e Women’s Health, respectivamente.

Pretende-se examinar o fenômeno linguístico da patemização – processo discursivo pelo qual a emoção

pode ser estabelecida. A análise que se propõe está fundamentada, sobretudo, na Teoria Semiolinguística

do Discurso, preconizada por Charaudeau, coadunada aos estudos em Argumentação, de Plantin. Além

desses dois teóricos, buscam-se referências nos campos da Psicologia das emoções, nos estudos sobre a

Linguagem Publicitária e nos estudos acerca das identidades de gênero. A escolha do fenômeno da

patemização se justifica em função da necessidade de um detalhamento desse tipo de estratégia

discursiva que por muito tempo fora desprezada pelos estudos em Argumentação, sabendo-se,

atualmente que dele se pode lançar mão para levar o interlocutor ao convencimento. No caso do gênero

de discurso publicitário, observa-se que a dimensão patêmica do discurso se constitui como estratégia

basilar da construção da sua estrutura argumentativa. Optou-se por observar como se dá o fenômeno

discursivo da patemização em função do público-alvo dos anúncios publicitários, mais especificamente,

os públicos masculino e feminino. Buscou-se, portanto, verificar as ocorrências de índices patêmicos

diretos e indiretos, analisando-se em que medida a maior ou menor recorrência se relaciona com as

representações identitárias de gênero.

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A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO EM EDITORIAIS DO JORNAL O GLOBO

Roberto de Farias David Junior

Orientador: Lúcia Helena Martins Gouvêa

Mestrado

A proposta deste trabalho é estudar a construção do ethos discursivo do jornal O Globo por meio de seus

editoriais, tendo como foco a análise das escolhas lexicais presentes na sua construção. A pesquisa tem

como fundamentação a Teoria Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau, e o corpus é

composto de 147 textos, publicados entre janeiro e março de 2015. Além da Teoria Semiolinguística do

Discurso, há outras contribuições para o estudo da argumentação – principalmente de Ducrot e Perelman

e Olbrechts-Tyteca – e para o estudo do ethos – especialmente de Dominique Maingueneau e Patrick

Charaudeau. O principal objetivo é identificar os ethé discursivos do jornal O Globo nesses textos e as

estratégias linguístico-discursivas utilizadas para a construção de uma imagem de si do jornal. Quanto à

metodologia, trata-se de uma análise qualitativa e quantitativa, na medida em que há a identificação dos

ethé e das estratégias – especialmente da escolha lexical, tendo em vista a produtividade dessa estratégia

– e a classificação e contagem dos dados, com vistas à comparação percentual dos resultados obtidos.

Dentre os ethé registrados por Patrick Charaudeau (“seriedade”, “virtude”, “competência”, “potência”,

“caráter”, “inteligência”, “humanidade”, “chefia” e “solidariedade”), são recorrentes nos textos o de

“seriedade” e o de “inteligência”. Além desses dois, há um ethos de “preocupação social” –

nomenclatura adotada nesta pesquisa – que se destaca em alguns dos textos analisados.

CONSTRUÇÕES PLUSQUAM: PROCESSOS ESTRUTURAIS INTERJETIVOS

Paulo Gonçalves Cerqueira

Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida

Mestrado

Da gama de interjeições correntes no português brasileiro, há aquelas que têm forma semelhante à da

conjugação verbal simples do tempo pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo. Tradicionalmente,

admite-se que algumas interjeições utilizam a forma verbal simples do referido tempo para expressar

desejo, espanto e exclamação. Não há, na literatura científica, muitos estudos que abordem essas

estruturas, descrevendo sua ocorrência, sua formação ou seu uso. Discutem-se, então, dois processos

construcionais diferentes: as interjeições plusquam – representadas pelas formas “tomara” e “pudera” –

e as locuções interjetivas – “quisera eu” e “quem me dera”. São considerados os conceitos da Linguística

Cognitiva, como base de conceptualização das estruturas citadas, adotando, como principais orientações

para análise dos dados, teorias construcionais de Goldberg (1995) e Langacker (2008), noções de

chunking, conforme Bybee (2010), e possíveis processos formadores dessas construções interjetivas,

além de discutir o tratamento que a tradição gramatical tem dado às interjeições. Os dados foram obtidos

por meio do Corpus do Português e do banco de dados Linguateca: Corpus Brasileiro. Como ferramenta

de análise das estruturas, o programa processador de textos, Unitex 3.1, mostrou-se eficaz na busca por

padrões construcionais em grandes volumes de frases. As análises e os resultados estatísticos obtidos

apontam para a manutenção da forma simples do mais-que-perfeito para emprego além da descrição

temporal.

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OS DÊITICOS ESPACIAIS LÁ E ALI E AS COORDENADAS ESPACIAIS EM PORTUGUÊS

BRASILEIRO

Alexandre Batista da Silva

Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida

Doutorado

Uma abordagem cognitivista dos dêiticos lá e ali no português brasileiro falado demanda a determinação

de categorias não consideradas no tratamento tradicional desses itens linguísticos. Considerá-los

advérbios de lugar que expressam a ideia de mais distante e menos distante obliteram a complexidade

dos processos cognitivos e pragmáticos arrolados na conceptualização do espaço em português

brasileiro. O objetivo principal é a descrição dos usos não fóricos desses locativos, em textos orais, para

determinar as operações cognitivas na conceptualização do espaço. Para a pesquisa, combinamos a teoria

dos Esquemas Imagéticos (JOHNSON, 1987; LAKOFF, 1987, 1990) e Gramática Cognitiva de

Langacker (1987; 1990; 1991). Os chamados esquemas imagéticos (image schemas) correspondem à

premissa de que grande parte do nosso conhecimento é estruturado por padrões dinâmicos, não-

proposicionais e imagéticos dos nossos movimentos no espaço, da nossa manipulação dos objetos e de

interações perceptivas. A Gramática Cognitiva permite o tratamento desses padrões como entidades

simbólicas significativas que simbolizam um conteúdo conceptual. O corpus da pesquisa é multimodal,

pois corresponde à transcrição das ocorrências verbais do uso dos locativos lá e ali, no programa Big

Brother Brasil 10 e 15 exibidos na Rede Globo de Televisão. Para analisar os dados, recorreremos à

associação de dois recursos metodológicos: a análise qualitativa de dados reais de língua falada colhidos

nas gravações e a testes empíricos que demonstrem as motivações da escolha de um ou outro dêitico por

falantes do português brasileiro. As primeiras análises mostram que a distinção fundamental dos dois

dêiticos em termos de critérios como imediatamente acessível ou não-imediatamente acessível ou visível

e não-vísivel não têm se demonstrado suficientes para a descrição das motivações das escolhas de uso

do lá e do ali.

DA SEMÂNTICA DE CASOS À SEMÂNTICA DE PREPOSIÇÕES:

A EXPRESSÃO DO GENITIVO EM PORTUGUÊS

Jorge Luiz Ferreira Lisboa Júnior

Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida

Mestrado

A presente dissertação dedica-se a resolução de um “buraco descritivo” na semântica do português, a

saber: os aspectos semântico-cognitivos da expressão do Caso Genitivo no eixo latim-português. Grosso

modo, o genitivo é um antigo caso latino responsável pela codificação flexional das dimensões de posse,

partitivo, especificação etc. e que, devido a evolução da língua e a necessidades funcionais de expressão,

passa a ser substituído paulatinamente por uma expressão perifrástica preposicionada como

complemento ao substantivo (ex.: amor matris > amor [de mãe] – genitivo adnominal). Nossa proposta

segue no sentido de elaborar uma rede semântica para o genitivo em português com base no modelo da

Gramática Cognitiva (LANGACKER, 2008; TUGGY, 2006) e da Multidimensionalidade Semântica

(GEERAERTZ, 1998; SOARES DA SILVA, 2006). Desse modo, é nosso interesse central a busca de

coerência interna entre os conceitos de posse, parte-todo, especificação, origem e matéria na rede

semântica, considerando-se “tensões homonímicas” do ponto de vista sincrônico e uma “polissemia

genética” (HEINE, 1997) do ponto de vista histórico. Para tanto, avaliaremos: (i) a recursividade e a

projeção de esquemas imagéticos via metáfora, metonímia e mesclagem conceptual (LEITÃO DE

ALMEIDA, 2005; FAUCONNIER & TURNER, 2008), (ii) a direção das extensões semânticas entre as

construções de genitivo que, historicamente, ora procedem de um Genitivo, ora procedem de um

Ablativo e (iii) a co-indexação das dimensões de Ablativo e Genitivo na Rede, o que confere o caráter

multidimensional a preposição “de”, marcadora do Genitivo, como uma categoria semanticamente

complexa em português.

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REFERENCIAÇÃO EM CAMPO:

A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NA NOTÍCIA ESPORTIVA

Margareth Andrade Morais

Orientador: Leonor Werneck dos Santos

Doutorado

De acordo com os avanços da Linguística do Texto acerca dos processos de referenciação e sua

importância para a textualidade, pretendemos, com esta pesquisa, analisar os processos de referenciação

no gênero notícia esportiva, comparando a seleção desses recursos em dois jornais com propostas e

público-alvo diferentes: um jornal exclusivamente esportivo – Lance! – e outro de assuntos gerais – O

Globo. Em nossa pesquisa no Mestrado, as análises mostraram que a notícia esportiva apresenta extrema

dependência do contexto cognitivo, o que pode ser verificado pelo exame dos processos de

referenciação. Dessa forma, continuamos as pesquisas no assunto, abordando os seguintes problemas:

(i) de que modo as estratégias de referenciação presentes nos dois jornais interferem no grau de

inferência e de conhecimentos compartilhados utilizados?; (ii) em decorrência dessa necessidade de

inferências, é possível que haja uma maior argumentatividade nos textos voltados para o público

específico? Sobre os processos de referenciação, especificamente, rediscutimos a delimitação entre

anáforas diretas, indiretas, encapsuladoras e a própria dêixis, mostrando como esses processos estão

interligados e constituem um processo colaborativo de construção, que emerge da negociação dos

sujeitos, conforme apontam Mondada e Dubois (2003), Marcuschi (2008), Koch (2002; 2005; 2006) e

Cavalcante (2011). Observamos a estrutura e característica dos gêneros e as formas de referenciação, a

fim de verificarmos a pertinência das hipóteses postuladas e implementar uma parte importante da nossa

pesquisa, que é atrelar o estudo da referenciação ao estudo dos gêneros textuais, demonstrando,

inclusive, como a noção de suporte é importante para caracterização da notícia esportiva.

CONSTRUÇÕES COM O VERBO SUPORTE HAVER:

A VARIAÇÃO ENTRE PREDICADORES COMPLEXOS E FORMAS VERBAIS SIMPLES

Bismarck Zanco de Moura,

Orientador: Márcia dos Santos Machado Vieira

Mestrado

Esta apresentação consiste na exposição do conteúdo de uma investigação acerca do fenômeno de

alternância entre construções com o verbo suporte haver em perífrases que apresentam o padrão

configuracional haver + Sn e formas verbais simples equivalentes. Geralmente, as gramáticas

tradicionais citam o uso desse verbo em apenas duas categorias, ora na de predicador, ora na de auxiliar.

Entretanto, uma análise dos contextos interacionais em que esse verbo é usado permite observar que

esse item exibe, no Português do Brasil, comportamento multifuncional. Embora seja uma unidade

polifuncional na elaboração das predicações, focalizamos, nesse trabalho, apenas um de seus usos

instrumentais, com que o fenômeno da alternância verbal está relacionado. A dissertação de que tratamos

aborda o emprego do verbo haver, na elaboração de predicações complexas, como elemento gramatical,

na categoria dos verbos suportes. A introdução desse elemento linguístico, nesse novo contexto de uso,

é concebida como resultado da atuação de um processo de gramaticalização (no continuum de

predicador a verbo suporte), a partir do qual haver migra da categoria de verbo lexical e vai adquirindo

propriedades gramaticais características de elementos que pertencem à categoria dos verbos suportes.

Focalizar-se-á, dessa forma, a alternância entre construções complexas – nas quais haver pertence a essa

categoria e está, portanto, associado a um elemento nominal predicante – e predicadores simples

cognatos aos sintagmas nominais – que funcionam como núcleo sintático e semântico de perífrases

verbo-nominais (Houve menção e mencionou-se, haverá solução e solucionará, houve queda e caiu). A

escolha do verbo-suporte haver foi motivada pelo interesse no comportamento que as perífrases

complexas que se configuram com esse item apresentam. A análise prévia sugere que essas construções

distanciam-se, em termos de usos linguísticos, das que se organizam com outros verbos-suporte da

língua (dar um beijo por beijar e fazer compras por comprar). Enquanto esses são mais esperados em

situações de expressão oral, em discursos informais, em gêneros textuais em que há menor grau de

monitoração por parte do falante, as perífrases com suporte haver parecem ser mais produtivas nas

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situações de expressão escrita, em discursos formais e em gêneros em que os usuários monitoram-se

mais. Esse estudo desenvolve-se com base numa abordagem variacionista (WEINREICH, LABOV e

HERZOG, 1968; LABOV, 1972; LAVANDERA, 1985) e tem por objetivo geral analisar os

condicionamentos linguísticos e extralinguísticos que favorecem o emprego da forma complexa, com

verbo-suporte haver, ou da simples, morfologicamente simples, na estruturação das predicações dos

enunciados. A motivação para o uso dessa teoria deve-se à comparabilidade funcional existente entre as

duas formas alternantes, já que partilham uma mesma função e portam significado relativamente

equivalente. Portanto, comparam-se dados da modalidade falada aos da escrita e construções em que há

compatibilidade funcional entre construções com predicadores complexos e formas simples

consideradas equivalentes. Procura-se descobrir quais são os condicionamentos que motivam a escolha

de uma dessas formas verbais. Além da análise apoiada em metodologia empírica, serão usados

experimentos a fim de observar o comportamento dos usuários do Português em relação às opções

verbais a que nos referimos.

O PAPEL DOS ESQUEMAS DE IMAGEM NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE

DENOMINAIS EM PORTUGUÊS

João Carlos Tavares da Silva

Orientador: Carlos Alexandre Gonçalves

Doutorado

O objetivo principal do trabalho é analisar, descrever e propor um novo tratamento para algumas

construções do tipo [[X]s Y]s à luz da Morfologia Construcional de Geert Booij (2005; 2007; 2010),

que é, nas palavras do autor, “uma teoria da morfologia linguística em que a noção de construção

desempenha um papel central” (BOOIJ, 2010: 1). Trata-se de uma abordagem que, a partir da noção

mais geral de construção, desenvolve um olhar específico para construções no nível da palavra. Nessa

abordagem, o significado das construções é especificado, o que significa que é uma propriedade holística

da construção como um todo. Além disso, o modelo preconiza que o significado de uma palavra (SEM)

pode ter componentes tanto estritamente semânticos quanto pragmáticos. Assim, a fim de puxar o

significado para cima (SILVA, 2006), busca-se chegar ao nível semântico mais esquemático das

construções analisadas. Propõe-se, então, que o polo semântico de tais construções se sustenta numa

rede conceitual ancorada em esquemas de imagem de contiguidade (parte-todo, contenção, contato e

adjacência). Tal rede aqui proposta tem por base o trabalho de Peirsman & Geeraerts (2006), que,

juntamente com a Morfologia Construcional e com premissas mais gerais da Linguística Cognitiva,

integra o aporte teórico utilizado. Essa nova abordagem será aplicada em especial à análise das

formações X-eiro. A escolha desse sufixo decorre do fato de ser o que mais apresenta relações

semânticas, ou seja, é o sufixo mais polissêmico do português. Além disso (e justamente por isso), foi o

sufixo mais estudado do ponto de vista semântico, tendo despertado interesse em pesquisadores de

diversas linhas teóricas. Outros sufixos (-ário, -ada, -agem e -al) também são analisados com o intuito

de argumentar que tal rede conceitual sustenta processo de formação de palavras via sufixação do tipo

[[X]s Y]s e não apenas as formações X-eiro.

FORMAÇÕES X-NEJO NO PORTUGUÊS DO BRASIL:

UMA ANÁLISE MORFOSSEMÂNTICA

Ana Cristina Rosito de Oliveira

Orientador: Carlos Alexandre Victorio Gonçalves

Mestrado

O presente trabalho, vinculado à linha de pesquisa Língua e interface: morfologia-semântica, tem como

objeto de estudo as formações X-nejo do português brasileiro que se multiplicaram a partir do

surgimento e da propagação do gênero musical Sertanejo Universitário no Brasil, a exemplo de

pagonejo, funknejo (mistura de ritmos); blognejo, twitternejo (espaço em redes sociais para troca de

informações sobre música sertaneja e eventos a ela relacionados); gatonejo (rapaz bonito que frequenta

locais de música sertaneja), entre outras formações. O corpus é constituído de dados coletados na

Page 19: Faculdade de Letras Coordenação do Programa de Pós-Graduação ...

internet (redes sociais, blogs e sites dedicados à música sertaneja, dicionários eletrônicos e através das

ferramentas de pesquisa Google e Yahoo). Objetivou-se, nesta pesquisa, investigar o que impulsiona as

novas formações criadas a partir do splinter -nejo, que tenham como mola propulsora a palavra

„sertanejo‟, e verificar o lugar do formativo no continuum derivação-composição. Para isso, foram

utilizadas as propriedades que entram na plausibilidade psicológica das construções gramaticais de

Langacker (2008: 16), a base teórica fornecida pela Morfologia Construcional (BOOIJ, 2005; 2010) e

aplicados os critérios empíricos apontados por Gonçalves & Andrade (2012).

-TECA: COMPOSIÇÃO OU DERIVAÇÃO?

Camila Nunes de Melo

Orientador: Carlos Alexandre Victorio Gonçalves

Mestrado

Gonçalves e Andrade (2012) elencam uma série de características que são responsáveis por diferenciar

afixos de radicais. Essas características estão sendo aplicadas a diversas palavras que contém o formativo

-teca, com o fim de fazer um mapeamento do comportamento morfológico desse item. A hipótese que

se levanta, neste trabalho, é que o elemento citado vem ganhando algumas características de afixo, apesar

de ainda manter algumas características de radical. Um corpus com 81 palavras foi montado a partir de

pesquisas em sites de relacionamento (como Facebook, Orkut), sites de buscas (como Google, Yahoo),

programas de televisão (como Fantástico, na Globo), jornais e revistas de grande circulação (como O

Globo e Veja), etc. Todas essas palavras foram colocadas à luz das características desenhadas pelos

autores citados, com a finalidade de entender como o formativo anda se comportando na língua. Quatro

critérios já foram testados e, até o momento, -teca apresentou duas características de radical e duas

características de afixo (sufixo). Esse comportamento corrobora uma análise escalar entre essas classes,

análise essa proposta por Gonçalves (2011) e Gonçalves & Andrade (2012). Para os autores, os

elementos ditos neoclássicos devem ser analisados de forma gradual entre as classes de radicais e afixos

e, por consequência disso, participariam de um processo de formação de palavras que estaria entre a

composição e a derivação, vistas também por esses autores como polos de um continuum.

AS CONSTRUÇÕES DE TÓPICO MARCADO NA ESCRITA DE ESTUDANTES EM

PROCESSO DE LETRAMENTO

Mariana Delesderrier da Silva

Orientador: Mônica Tavares Orsini Mestrado

O presente trabalho tem como objetivo investigar as construções de tópico marcado na escrita de

estudantes em processo de letramento, utilizando como pressupostos teóricos a Teoria de Princípios e

Parâmetros (CHOMSKY, 1981) e sua interface com o modelo de Competição de Gramáticas (KROCH,

1989; 2001). A constituição da gramática normativa brasileira, no século XIX, seguiu um rumo diferente

da portuguesa: enquanto esta revela os usos da fala culta dos portugueses, aquela se estabeleceu a partir

dos padrões lusitanos. Como consequência disso, há um distanciamento entre fala e escrita culta,

constituindo gramáticas diferentes. É nesse contexto que este trabalho se insere, investigando a

frequência das construções de tópico marcado, próprias da fala, na escrita. Para tal, elegeu-se a

metodologia quantitativa e se elaborou uma amostra que reúne 716 produções textuais de alunos do 6º

e 9º anos do Ensino Fundamental II e 3º Ano do Ensino Médio – séries escolhidas por refletirem etapas

da educação básica, distribuídas por gêneros (fábula, carta pessoal, texto opinativo e carta

argumentativa) à luz do contínuo de monitoração estilística (BORTONI-RICARDO, 2005). A hipótese

é a de que a escrita do aluno em processo de letramento reflete a competição entre duas gramáticas: a da

fala do Português Brasileiro, sua L1, e a norma padrão baseada no Português Europeu, ensinada pela

escola. Essa competição, por sua vez, leva à constituição de uma terceira gramática, denominada

gramática do letrado (KATO, 2005).

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A POSIÇÃO DOS CLÍTICOS EM CARTAS PESSOAIS DOS SÉCULOS XIX E XX:

AS FAMÍLIAS PEDREIRA FERRAZ E ABREU MAGALHÃES

Diana Silva Thomaz

Orientador: Silvia Regina de Oliveira Cavalcante

Mestrado

Neste trabalho, apresento um estudo sobre a colocação pronominal em cartas pessoais escritas entre os

séculos XIX e XX. Esse fenômeno linguístico, amplamente estudado (GALVES, BRITTO & PAIXÃO

DE SOUSA, 2005; DUARTE & PAGOTTO, 2005; PAGOTTO, 1998; CAVALCANTE, DUARTE &

PAGOTTO, 2011), ainda nos faz levantar perguntas sobre a natureza da variação dos contextos de

próclise e de ênclise do Português escrito no Brasil. A partir do estudo de Pagotto (1998), podemos

observar, no Brasil, ao longo do século XIX, dois modelos de norma culta na escrita que se originam de

diferentes gramáticas ao mesmo tempo em que vem surgindo a gramática do Português do Brasil. Desse

modo, por considerar que temos num mesmo período a convivência de diferentes gramáticas, para a

discussão teórica e o levantamento de hipóteses, utilizarei o modelo de Competição de Gramáticas

proposto por Kroch (1989, 2001). Os objetivos que norteiam este trabalho são: (a) contribuir para a

história do português brasileiro, com o levantamento de corpus e análise da posição dos clíticos nos

séculos XIX e XX, olhando não somente para os contextos sintáticos em que ocorrem, mas também para

a influência dos fatores sociais para um determinado tipo de comportamento linguístico; (b) identificar

quais gramáticas aparecem nas missivas por meio dos contextos de próclise e ênclise; (c) verificar em

que contextos sintáticos as normas do Português Europeu atuam fortemente na escrita dos missivistas.

Os resultados preliminares, com base na análise de dados oriundos de 11 cartas da Zélia e do Jerônimo

escritas para seus filhos entre 1896 e 1919, revelaram um quadro de competição de gramáticas em que

a diferença entre ela e ele se dá não só no percentual de próclise em relação à ênclise, mas também nos

contextos morfossintáticos de um e de outro. Acredito que os resultados finais com toda a família

apontarão para um quadro de competição de gramáticas também que pode envolver as gramáticas do

português europeu, que entra na escrita dos brasileiros via escolarização, e do português brasileiro, sendo

proeminente esta última por se tratar de cartas pessoais trocadas entre familiares. O corpus que permitirá

o aprofundamento do trabalho é constituído de cartas pessoais da família Pedreira Ferraz Abreu

Magalhães pertencentes ao Corpus Compartilhado Diacrônico (www.letras.ufrj.br/laborhistorico) e

escritas entre 1877 – 1948, trocadas entre pais e filhos, irmãos e avô e netos, totalizando 170 cartas.

Consideramos, para análise, fatores linguísticos, como Posição e Tipo de Clítico, Forma Verbal e Padrão

de Colocação, Tipo de Construção com Clíticos, Ordem do Sujeito, Contexto imediatamente Anterior e

o Tipo de Estrutura da Oração com Clítico, Tipo Sintático da Oração, Local da Ocorrência na Carta, e

fatores extralinguísticos, como Período de Tempo e Faixa Etária. Para as análises estatísticas, foi

utilizado o programa Goldvarb X (SANKOFF, TAGLIAMONTE & SMITH, 2005).

VARIAÇÃO E MUDANÇA NA EXPRESSÃO DO ACUSATIVO ANAFÓRICO EM PB E PE:

UM ESTUDO CONTRASTIVO

Antônio Anderson Marques de Sousa

Orientador: Maria Eugenia Lammoglia Duarte

Mestrado

Pretendemos apresentar um estudo comparativo entre as gramáticas do PB e do PE, analisando a

expressão do acusativo anafórico nos séculos XIX e XX. Decidimos optar pelo termo acusativo no lugar

de objeto direto (OD), por verificarmos que os OD não são os únicos constituintes que recebem caso

acusativo. Os sujeitos de minioração e de completivas reduzidas de verbos sensitivos (ver, ouvir),

causativos (fazer) e de permissão (deixar) também recebem caso acusativo e estão suscetíveis à variação:

[o Carlos], vi-[o] chegar; [o Carlos], vi [ele] chegar; [o Carlos], vi [Ø] chegar e [o Carlos], vi [o

engraçadinho] chegar. No Brasil, o tema foi estudado primeiramente por Omena (1978) com base na

fala de adultos em processo de alfabetização, constatando a ausência de clíticos acusativos, a baixa

produtividade de pronome nominativo e a preferência por objetos nulos. Duarte (1986: 89) confirma a

baixa produtividade de pronome nominativo, a quase extinção de clítico e postula uma nova variante: o

SN anafórico. A nossa amostra é composta de peças teatrais brasileiras e portuguesas dos séculos XIX

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e XX, divididas em sete períodos cronológicos. Os dados serão coletados e codificados conforme a

metodologia da sociolinguística variacionista e tratados por um programa computacional e estatístico.

Os pressupostos teóricos que embasam nosso estudo são da Teoria da Variação e Mudança, de

Weinreich, Labov e Herzog (1968), o que nos garante um modelo de estudo baseado na busca de

respostas relativas a (i) restrição, (ii) implementação, (iii) transição e (iv) encaixamento. Também nos

embasamos na Teoria de Princípios e Parâmetros de Chomsky (1981) para o levantamento de grupos de

fatores e para a interpretação paramétrica da mudança.

ESTRATÉGIAS DE INDERTERMINAÇÃO EM PEÇAS PORTUGUESAS:

UMA ANÁLISE DIACRÔNICA

Marianna Maroja Confalonieri Cardoso

Orientadora: Maria Eugênia Lammoglia Duarte

Mestrado

O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise das estratégias pronominais de indeterminação

com base em peças portuguesas escritas ao longo dos séculos XIX e XX e então comparar os resultados

obtidos com os encontrados por Vargas (2012) para peças escritas no Rio de Janeiro compreendendo o

mesmo período de tempo. A análise de Vargas mostra um claro processo de mudança em direção ao uso

novas estratégias de indeterminação do sujeito – como o uso dos pronomes você/tu e a gente, além de

uma drástica redução no uso do clítico indefinido se – que está, sem dúvida, relacionado ao crescente

preenchimento da posição de sujeito no português brasileiro (PB) (Duarte, 1993) e a uma redução no

quadro de clíticos de terceira pessoa (Duarte, 1989, 1995; Freire, 2000, entre muitos outros). Como o

português europeu (PE), apresenta um sistema de sujeitos nulos e de clíticos pronominais mais estável

(Duarte, 1995; 2007), nossa expectativa para esta pesquisa é que o PE conservaria as formas tradicionais

de indeterminação: o emprego do verbo na 3ª pessoa do plural com o pronome não expresso, uma forma

de indeterminação que exclui o falante, e o uso do clítico se, que pode ou não incluir o falante. Os

resultados preliminares obtidos confirmam nossas hipóteses. Nosso referencial teórico utiliza o modelo

de estudo da mudança proposto por Weinreich, Labov & Herzog (2006 [1968]) e toma como

componente gramatical para o levantamento de hipóteses e a interpretação dos resultados o quadro de

Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1981), além dos estudos já realizados sobre o tema. A metodologia

utilizada segue a metodologia variacionista (Braga e Mollica, 2003). A amostra é constituída de peças

de teatro portuguesas de caráter popular, distribuídas em sete sincronias, que vão de 1835 a 1996,

aproximando-se bastante dos períodos contemplados na amostra de Vargas para o PB.

A ALTERNÂNCIA DO IMPERATIVO DE 2ª PESSOA – TU E VOCÊ – EM CARTAS

DO RIO DE JANEIRO

Érica Nascimento Silva

Orientador: Célia Regina dos Santos Lopes

Doutorado

O presente trabalho tem por objetivo fazer um estudo sociolinguístico acerca do imperativo no português

brasileiro relacionado à 2ª pessoa do singular tu e você em cartas do Rio de Janeiro dos séculos XIX e

XX. Partindo de trabalhos como os de Paredes (2003), Cardoso (2009) e Scherre (2012), que apontam a

predominância de formas relacionadas ao imperativo de tu no sudeste/sul do Brasil, pretende-se traçar

diacronicamente o comportamento dos pronomes de 2ª no modo imperativo considerando trabalhos que

tratam da inserção de você no português brasileiro. Em virtude da entrada de você, como atestam vários

trabalhos (SOUZA, 2012; DUARTE, 1993, 1995; LOPES, 2008), o quadro pronominal sofreu algumas

mudanças, visto que essa forma passou a ocorrer em contextos antes destinados a tu, embora ainda

mantivesse um valor de distanciamento típico de Vossa Mercê, pronome que o originou. Dessa forma,

por volta da década de 1930, você suplanta tu em número de ocorrência. Interessa-nos, assim, observar

se tal caráter do pronome você se reflete, ou não, em seu uso como forma imperativa. Uma das questões

a ser investigada é se os valores atribuídos ao imperativo ao longo do século XX acompanharam a

evolução histórica dos valores assumidos por você observados nos estudos já feitos. O imperativo de tu

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e você, portanto, teria seguido a mesma trajetória histórica já apresentada em outros trabalhos ou seria

uma mudança paralela? Para tanto, consideraremos a teoria da Sociolinguística Laboviana (LABOV,

1994) como um aporte teórico para apontar os fatores linguísticos e extralinguísticos – através do

programa Goldvarb X – que estariam influenciando o uso do imperativo de tu ou de você.

POSSESSIVOS SIMPLES E PERIFRÁSTICOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO:

INVESTIGANDO A 3ª PESSOA

Dailane Moreira Guedes

Orientador: Célia Regina dos Santos Lopes

Mestrado

A pesquisa em andamento tem como objetivo avaliar a configuração da alternância entre os pronomes

possessivos de 3ª pessoa do português brasileiro, representados pelas formas simples seu e a forma

perifrástica dele (além de suas flexões de gênero e número). O propósito é verificar, tendo como aparato

teórico as premissas da Sociolinguística (WEINREICH, LABOV & HERZOG, 1968; LABOV, 1972) e

as diferentes hipóteses da literatura temática (CERQUEIRA, 1993; PERINI, 1995; MÜLLER, 1997), se

a alternância é um caso de substituição ou especialização de formas. O corpus utilizado consiste em

amostras da fala carioca, retiradas do projeto Concordância, no qual se encontram amostras das

variedades africanas, brasileiras e europeias da língua portuguesa. A hipótese que norteia o trabalho é a

de que a escolha entre os dois pronomes é determinada pelos traços semânticos do referente possuidor,

uma vez que fatores como a natureza (específica ou genérica) e a animacidade (animado ou inanimado)

se mostraram relevantes na escolha entre os dois pronomes no exame inicial dos dados. Para além de

uma análise de corpus, realiza-se também um estudo experimental pautado na metodologia da

Psicolinguística (DERWING & ALMEIDA, 2005; TRAXLER, 2012; MAIA, 2015), a fim de que se

possa avaliar experimentalmente se os resultados encontrados na análise posterior se confirmam na

tarefa psicolinguística. Por meio de um teste de aceitabilidade, serão avaliados os comportamentos dos

falantes diante de sentenças com seu e dele e sua relação com os traços de natureza e animacidade do

referente possuidor.

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RESUMOS LITERATURA BRASILEIRA

A poética do “Eu” de Augusto dos Anjos: princípios e desdobramentos da Ironia e do Monólogo

Dramático

Andrea Luiza Blanco

Orientador: Ronaldes de Melo e Souza

Mestrado

Pesquisamos a poética de Augusto dos Anjos tendo como base as perspectivas da Ironia, do Monólogo

Dramático e daquelas nascentes na particularidade articulada nesta obra intitulada “Eu”. O conceito de

Ironia da tradição pré-romântica alemã nos é caro na crítica de arte posto que aqui se represente uma

verdadeira ruptura do pensamento filosófico hegemônico que - mimético, pragmático, lógico-causal,

tratadista - autoritariamente se abstrai da forma e força particular a cada experiência de realidade.

Buscamos hermeneuticamente o diálogo da poesia anjosiana com os desdobramentos da Imaginação e

do Eu na filosofia crítica, reflexiva, ensaística, chistosa, mística, fragmentária de F. Schlegel, Novalis e

Fichte. A própria dialética anjosiana nos leva a um permanente diálogo entre parte e todo, ordinário e

extraordinário, superando-se, portanto, os caminhos da abstração ou da formatação do mundo numa

teoria ou rótulo geral. Não sem auxílio crítico M.H. Abrams e de Ronaldes de Melo e Souza,

sublinhamos nos pressupostos filosófico-poéticos da Ironia o seu atento olhar ao corpo e realidade

originados da obra. A materialidade constelada na sempre tensional lírica de Augusto dos Anjos, tão

estranha e maravilhosa, é realização construída como limiar de autorreflexão e drama. Percebemos a

confluência dos momentos de crítica - em monólogo e reflexões narrativas - unidos aos momentos da

tomada e montagem dramatizadas por experiências de pathos. Estudaremos, em “Monólogo de uma

Sombra”, o assombroso drama panteístico da treva da poesia de Augusto dos Anjos, drama do intelecto

e da carne representando-se excessivamente pertencentes à ruína.

Jornada à terra crua: o lugar da poesia na obra poética de Cora Coralina

Maykol Vespucci

Orientadora: Anélia Montechiari Pietrani

Mestrado

Com base nos três livros de poemas publicados de Cora Coralina – Poemas dos becos de Goiás e

estórias mais, Vintém de cobre e Meu livro de cordel –, o presente trabalho objetiva analisar o lugar

que a poeta concede à poesia dentro da própria obra. A poesia, como atividade imaginativa e

expressiva, é uma das temáticas a que Cora se dedicou em suas criações. Nessa perspectiva, o poema é

colocado ora como meio de reconstrução e análise da própria história e do contexto social em que

viveu, ora como meio que a permite superar as feridas causadas por conflitos externos à poesia. Assim, a poesia de Cora Coralina assume o papel de um lugar de preservação de memórias e

reflexão sobre conflitos em um trabalho de reconstrução de si mesma em um cenário onde problemas e

celebrações dividem espaço. Como o trabalho não pretende se pautar pela biografia da escritora, essa

imagem que Cora Coralina cria de si mesma no interior da própria poesia será sua face relevante. A construção desse cenário em que a poesia é colocada como objeto de cura é feita a partir de

imagens comuns em sua obra. As pedras como obstáculos, as flores como objeto a ser celebrado e a

imagem da estrada como percurso poético são três metáforas recorrentes. Estas têm origem na imagem

da terra, que Cora também utiliza como temática de maneira não metafórica. Assim, a poesia se

constrói como meio imaginativo que permite a criação de um caminho que a escritora pode percorrer

em busca de si mesma e do contexto passado, como evidenciado, por exemplo, no poema “Errados

rumos”, nos versos “Eu avante na busca fatigante de um mundo impreciso, todo meu / feito de sonho

incorpóreo e terra crua”.

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Do Eros cosmogônico em Avalovara, de Osman Lins

Lyza Brasil Herranz

Orientador: Ronaldes de Melo e Souza Mestrado

O projeto busca compreender como se dá a instauração de um novo cosmos sob o signo sagrado do Eros

cosmogônico no romance Avalovara (1973), de Osman Lins. O objetivo principal do trabalho, que se

vincula à linha de pesquisa “Estudos de narrativa brasileira”, é investigar a originalidade da concepção

osmaniana do Amor, que, além de desconstruir a metafísica platônica ainda em vigor na sociedade

moderna ao promover a união, há tanto tempo perdida, entre corpo e espírito, concebe o Amor como

centro de um tríptico formado também por Vida e Pensamento. Através de suas conjunções, sime-trias

e alinhamentos, o Amor leva à realização do ser humano em todas essas esferas; o Paraíso alcançado ao

final da narrativa representa a integralização do projeto global de conhecimento a que esse livro se

propõe – e que se expande à própria criação literária. Assim, a correspondência metaficcional

estabelecida entre a sala em que os personagens principais entram no início do romance e o texto que

está sendo escrito evidencia o ver-dadeiro ponto de convergência, o acontecer fulcral e propiciatório: a

linguagem, a Pala-vra Poética.

Travessia e comportamento das águas no sertão mitopoético de Guimarães Rosa

Pedro Cornelio Vieira de Castro

Orientador: Ronaldes de Melo e Souza

Mestrado

Ao estudarmos as obras de Guimarães Rosa, nos deparamos com um universo de significados e

significantes muito vasto, talvez infinito. O uso da língua e das imagens faz de seu sertão um espaço

inédito na literatura, embora seja confundido muitas vezes com uma obra de caráter regionalista. A

dissertação pretende trabalhar o aspecto mitopoético do sertão rosiano, em Grande sertão: veredas,

investigando as principais características da obra de Rosa: a nascitividade da natureza; formatividade da

linguagem; prodigalidade divina; predestinação do homem.Com alto teor imagético, o romance carrega

complexas questões envolvendo o ser humano. Essas questões se inserem a partir da narração, em

primeira pessoa, de Riobaldo, sempre dirigida a um homem “muito culto”. Entretanto, esse homem

jamais intervém na narrativa, demonstrando que o diálogo travado não é com ele, mas com um tipo

específico de leitor. A partir de reflexões explícitas tiradas do livro, faz-se necessário entender quem é

esse leitor a quem Rosa se dirige e de que modo acontece esse diálogo. As questões veladas do romance

são elucidadas através da concepção de diálogo e physis, que vão desencadear uma noção de

monodiálogo e esclarecer as quatro características de Grande sertão: veredas, enunciadas no primeiro

parágrafo. O trajeto que o trabalho vai seguir será o dos significados dos rios da obra rosiana. Para isso,

torna-se necessário desvendar os significados de quatro dos mais importantes rios do romance: o de-

Janeiro, o Urucuia, o São Francisco, o misterioso rio “que viesse adentro da casa de meu pai” e por

último, mas não menos importante, o Rio Baldo, que é o próprio narrador.

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Do enlace isomórfico entre trama imagética e devir telúrico: uma poética de Guimarães Rosa

Thales de Barros Teixeira

Orientador: Ronaldes de Melo e Souza

Mestrado

Minha dissertação tem por objetivo trazer à tona a relação de isomorfia que Guimarães Rosa estabelece

entre as tramas imagéticas de seus textos e o corpo mesmo da natureza que neles se constrói. O devir

telúrico, ou seja, a transformação permanente do mundo, aqui, é o que viabiliza o movimento

metamórfico das imagens poéticas rosianas e vice-versa. Se consideramos a natureza enquanto entidade

que devém, é porque, em Rosa, o mundo natural é concebido como Terra Mater, a antiga divindade

Gaia, ente animado, personagem vivo, atuante, que permanentemente pensa e fala ao narrador. Não se

trata, portanto, da natureza estática e inanimada como hoje o Ocidente concebe. A natureza enquanto

Gaia existe em forma de devir permanente, metamorfoseando-se sempre, porque está em consonância

com o conceito grego pré-platônico de physis: processo dinâmico, brotação incessante, que põe as coisas

em constante estado de transe. Como uma imagem poética é um ineditismo em todos os seus

aspectos, Guimarães Rosa, assim acredito, percebeu que poderia, na passagem de uma imagem à outra,

construir formalmente as metamorfoses da natureza enquanto Gaia, e assim fazer das imagens,

isomorficamente, o corpo mesmo da natureza. Se as imagens são entidades novas, a construção de uma

trama imagética cria naturalmente um caminho metamórfico, assim como a natureza rosiana, tornando

possível a fusão das duas premissas – da imagem poética e do devir telúrico – em um único movimento

literário.

Manuel Bandeira: tísico porque poeta

Fernando Pereira Impagliazzo

Orientador: Eucanaã Ferraz

Mestrado

O objetivo do presente estudo é investigar o itinerário da persona tísica na poesia, na correspondência e

na autobiografia de Manuel Bandeira. Segundo Antonio Candido e Gilda de Melo e Souza, na introdução

de Estrela da vida inteira, o poeta utiliza, “elementos de sua psicologia individual”, de forma a traçar “o

contorno de um personagem”. Contemplada na tensão entre os estudos do poeta modernista e do poeta

povoado por índices românticos, propõe-se a abordagem de um poeta atualizador do romantismo. O

poeta que “faz versos como quem chora” é, ao ponto da insurgência biográfica, um bricoleur, um potente

desentranhador de quintessências líricas. Na poesia, abordaremos o intervalo entre A cinza das horas

(1917) e Libertinagem (1930). A suspeita é que, ao contrário do amadurecimento que a crítica observa

em 1930, já em 1917, há lentos indícios de um poeta ironicamente confessional como em Pneumotórax

(1930).

O POETA E A REVOLUÇÃO: A INFLUÊNCIA DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA E DO

COMUNISMO INTERNACIONAL NA OBRA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Marco Marcelo Bortoloti

Orientador: Eucanaã Ferraz

Doutorado

O trabalho parte da hipótese de que a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e a ideologia comunista que

ganhou força internacionalmente na década de 1930 tiveram maior impacto na obra do poeta Carlos

Drummond de Andrade do que a Segunda Guerra Mundial. Para isso, compara a produção estrangeira

do período com os poemas de três livros de Drummond, escritos entre 1935 e 1945: “Sentimento do

Mundo”, “José” e “A Rosa do Povo”. Os inúmeros pontos de contato entre a obra do poeta mineiro e a

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dos autores revolucionários que gravitaram no entorno da Guerra da Espanha, levam a concluir que o

engajamento a uma ideologia socialista foi muito mais determinante na conformação da sua poesia nas

décadas de 1930 e 1940 do que a experiência de um conflito mundial. O trabalho também investiga o

papel de Drummond como funcionário do Estado Novo, revelando através de documentos sua função

nos bastidores do regime, e a tensão entre esta atuação junto a um governo repressor e a poesia de espírito

revolucionário que produziu no período.

LEMBRE-SE DA MULHER TRISTE

a poesia de Adalgisa Nery

Ramon Nunes Mello

Orientador: Eucanaã Ferraz

Mestrado

A dissertação tem como objeto de interpretação a obra da poeta e escritora brasileira Adalgisa Nery,

especialmente sua produção poética. Propõe-se, com tal recorte, uma leitura sobre como a presença do

“essencialismo” influenciou a autora, procurando demonstrar que a obra de Adalgisa é fortemente

marcada pela tristeza e melancolia, transformando sua voz num longo canto de angústia – à margem do

Modernismo Brasileiro.

A RAZÃO DA VERTIGEM: FIGURAÇÕES DA SUBJETIVIDADE NA POESIA DE

FERREIRA GULLAR

Suzanny de Araujo Ramos

Orientador: Eucanaã Ferraz

Doutorado

Se a pluralidade de vozes e de perspectivas estéticas são marcas fundamentais da poesia de Ferreira

Gullar, a apreensão materialista da realidade constitui-se como uma constante. Neste trabalho,

investigamos como tal percepção expõe a urgência de uma procura – sempre recomeçada no espanto –

da própria verdade do ser. Trata-se, mais propriamente, de compreender como a apurada atenção ao

mundo revela um sujeito em tensão, que, num jogo de espelhos, transfere à linguagem a inquieta

necessidade de fundar um mundo e, nele, a si mesmo. Num primeiro momento, procuraremos reconhecer

os procedimentos reflexivos que influem no próprio modo de ser da escrita de Ferreira Gullar; neste

caso, o espanto e a intencionalidade reflexiva que atravessam sua obra. Em seguida, na tentativa de

reconhecer as ressonâncias dessa subjetividade lírica, focalizaremos três momentos-chaves nos quais

podemos vislumbrar o sistema de pensamento que demarca a poesia do autor, a saber: a procura de uma

verdade da linguagem; a seguir, da verdade do social e do coletivo; e, por fim, da verdade de uma

realidade material que, mediante a experiência sensível, se coloca ao sujeito como impulsionadora de

um desejo de encontro e reconhecimento.

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Telas e letras, Chaplin e poesia: The Tramp em território literário brasileiro.

Tatiana Corrêa da Silva

Orientador: Eucanaã Ferraz

Mestrado

Não há, até hoje, artista que se equipare à iconicidade de Charles Chaplin (1889-1977) no cinema e na

cultura mundial. Em 56 anos de uma intensa carreira, transpõe, para suas produções, experiências de

arte e de vida – dissociáveis – que são lapidadas a partir de sua perspectiva peculiar, subjetiva, única. A

busca pela naturalidade no simples, a valorização do marginal, o trabalho com avessos: ao explorar em

seus filmes o que é considerado pelos telespectadores e críticos como o que está fora do padrão, indo

contra o senso comum, o cineasta levou inovação à sétima arte. Pretendemos, durante esta pesquisa,

olhar para a linguagem cinematográfica desenvolvida por Chaplin, em especial a (des)construção de

Carlitos, e pensar sobre as marcas que inspiraram e foram incorporadas aos nossos poetas modernistas

de forma explícita, implícita, ocular e reflexiva. Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e

Vinícius de Moraes, envolvidos de maneiras singulares com o cinema, o clown e suas gags, terão seus

papeis de destaque na constituição do que chamaremos de poética chapliniana.

Como se livrar do trauma da existência:

o vazio, a morte e o limbo na trilogia de Evandro Affonso Ferreira

Alita Tortello Caiuby

Orientador: Godofredo de Oliveira Neto

Doutorado

A abordagem literária de Evandro Affonso Ferreira evita o mundo narrativo sequencial, de

encadeamentos lógicos, de ação. Antes, apoia-se na suspensão da vida, no limiar entre a ação e o nada,

na existência límbica. É a audácia de não-narrar o presente para confirmar que a vida é só uma eterna

espera. O último livro do autor mineiro, Os piores dias de minha vida foram todos, ficou em 3º lugar do

Prêmio Jabuti de Literatura, em 2015. O anterior, O Mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de

Rotterdam, de 2012, levou o primeiro lugar, em 2013. E Minha mãe se matou sem dizer adeus, de 2010,

foi vencedor do prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte - 2010) e também finalista do

Jabuti 2011. Esse é o corpus estudado para esta tese. O projeto literário de EAF nas obras aqui analisadas

consolida-se nas suas contraposições intencionais. Ao longo de suas páginas colocam-se as questões

sobre vazio e pleno; completo e incompleto; ausência e presença; concluso e inconcluso; loucura e

sanidade e assim por diante. Desse processo de antinomias resultam ainda dois debates indispensáveis:

a oposição polêmica entre vida e morte, na medida em que explora e extrapola esses conceitos, e, por

fim, o estado transitório entre duas noções opostas, a que chamo de “limbo”. Isso porque justamente por

apontar eixos divergentes e relativizá-los, mostra que esses limites podem não ser assim tão claros.

A escrita do indizível em local desagregador: memórias de Maura Lopes Cançado

Flávia Danielle Rodrigues Silva

Orientador: Dau Bastos

Mestrado

A temática da loucura sempre marcou presença na literatura, porém poucas obras a abordam em um

hospital psiquiátrico, a partir do olhar do paciente. Hospício é Deus: diário I (1965), de Maura Lopes

Cançado, faz aflorar a subjetividade de uma interna que usa a escrita como maneira de sobreviver aos

horrores do local. Relata temores, angústias, o fascínio pelo desvario, além de detalhes sobre a infância

e a vida antes do confinamento. Além do diário, a autora mineira escreveu contos, reunidos na coletânea

Page 28: Faculdade de Letras Coordenação do Programa de Pós-Graduação ...

O sofredor do ver (1968), que chamam a atenção pela qualidade, assim como pelo fato de serem repletos

de dados biográficos e retomarem questões abordadas em Hospício é Deus. Propomos, então, uma

análise comparativa no interior da obra da autora – composta apenas pelos dois livros citados –, de modo

a verificarmos as convergências e distinções entre o diário e a ficção curta. O assunto a perpassar os dois

volumes impõe o aproveitamento de reflexões desenvolvidas em livros como História da loucura, de

Michel Foucault. Também se faz pertinente pensar o diário e a memória a partir de obras como Memória

e sociedade: lembrança de velhos, de Éclea Bosi; O pacto autobiográfico, de Philippe Lejeune; e

Arquivar a própria vida, de Phillip Artières. Mas enfatizaremos sobretudo a teoria da literatura, para

pensar intercessões e diferenças entre os gêneros cultivados pela escritora e verificar em que medida o

assunto e o estado em que ela se encontrava contribuíram para a criação de vazios a serem suplementados

pelo leitor (conforme Wolfgang Iser). À luz da Estética da Recepção esperamos compreender também

o fato de os dois livros terem merecido uma acolhida inicial lisonjeira, mas seguida de anos de um

esquecimento contrastante com o prestígio de que gozam agora, quando, reeditados, têm sido lidos

amplamente.

Procedimentos literários na crônica de Machado de Assis

Thaís Velloso

Orientador: Dau Bastos

Mestrado

A proposta desta pesquisa é analisar a crônica de Machado de Assis, com foco em seu aspecto literário.

Para isso, utilizamos especificamente crônicas da seção “A Semana”, do jornal Gazeta de Notícias,

aparecidas em um momento em que o escritor já tinha muitas publicações nas chamadas “páginas

menores” dos periódicos, uma vez que “A Semana” só se inicia em 1892, quando o autor somava mais

de três décadas de escrita regular de crônicas. Diante dessa perspectiva, abordaremos inicialmente o

surgimento do folhetim no Brasil – influenciado pela imprensa francesa – e seus primeiros folhetinistas,

com destaque para José de Alencar. Sabendo que Alencar antecede Machado nos folhetins, uma breve

comparação entre os dois certamente contribuirá para a elucidação de algumas características que o

gênero apresentou nos trópicos. Em seguida, trataremos exclusivamente de Machado de Assis. Nesse

sentido, apresentaremos um panorama geral de suas crônicas, com o objetivo de analisar

meticulosamente seu estilo e ver em que medida o cronista influenciou a construção do narrador

machadiano. Os paralelos e cruzamentos entre a crônica, o conto e o romance do escritor certamente

realçarão pontos em comum e diferenças entre os três tipos de texto, ampliando e aprofundando a visão

dos escritos ficcionais do autor.

O trágico em Autran Dourado

Verônica Fonsêca dos Santos Silva

Orientador: Godofredo de Oliveira Neto

Mestrado

A presente pesquisa, que se encontra em andamento, tem como objetivo principal desvelar a verdadeira

significação que o trágico assume no romance de Autran Dourado. O escritor mineiro faz uma

reinterpretação original da tragédia grega em seu romance, sendo que esta é assim atualizada para

reinaugurar o sentido da existência de seus personagens. Os personagens de Autran Dourado vivem um

drama de agonia e morte, o drama da existência, a busca do sentido da vida. Para compreendermos o

real sentido do trágico nos romances douradianos, faz-se necessário descontruímos a interpretação

ocidental de tragédia grega preconizada pelo filósofo Aristóteles que a tem como drama de ações. Para

desvelarmos a verdade da poesia dos poetas gregos Ésquilo, Sófocles e Eurípides, é necessário

reconhecermos que o drama grego não é um drama de ações e sim um drama de paixões, em outras

palavras, a tragédia grega é um drama estático, pois o que realmente interessa aos poetas são os efeitos

dos eventos na vida dos personagens, ou seja, as emoções suscitadas. E esse é o tema central da presente

pesquisa em andamento.

Page 29: Faculdade de Letras Coordenação do Programa de Pós-Graduação ...

RESUMOS

LITERATURAS PORTUGUESA E AFRICANAS

Voz, memória e silêncio: Llansol e a escrita do tempo jubiloso

Aline Pupato Couto Costa

Orientador: Jorge Fernandes da Silveira

Doutorado

“Nada foi, tudo está sendo”, assim nos fala Maria Gabriela Llansol em Finita. É por essa perspectiva

do continuum, da sua textualidade que é “força de pujança”, e do registro da imagem como “cena fulgor”

trazida em fragmentos que esse trabalho busca identificar a presença da voz, da memória e do silêncio

na escrita de Maria Gabriela Llansol, assim como os mecanismos pelos quais estes elementos se

articulam com vista à expressão no corpus textual de um tempo jubiloso. A pesquisa que aqui se projeta

traz como foco central os livros Um beijo dado mais tarde, Parasceve, Amar um cão e Amigo e amiga

– curso de silêncio de 2004, assim como a investigação no espólio em Sintra. Se a ideia da voz, da

memória e do silêncio muitas vezes vem acompanhada de uma negatividade, de uma melancolia e de

um certo niilismo, em Maria Gabriela Llansol não há angústia, pois “nada foi, tudo está sendo”. O que

seria um fim, é apenas transformação; metamorfose dada pela decepação da memória, aquela que, sem

excluir o já passado, conjuga com o novo uma nova simetria pelos efeitos da dobra que vem em silêncio,

no elo afetuoso entre uma palavra e outra. Acredita-se, portanto, que a ideia do tempo jubiloso esteja

compreendida como resultado de um projeto de escrita cujo processo de elaboração tenha origem na

articulação da voz, da memória e do silêncio.

Do trauma à trama em Jerusalém de Gonçalo M. Tavares

Eliana Aparecida Pinto da Cunha

Orientadora: Gumercinda Nascimento Gonda

Mestrado

Do romance, Jerusalém, alguns caminhos a percorrer: O deslocamento do sentido de vitima e carrasco.

A crueldade como traço perverso da condição humana. O mecânico, o automático e o repetitivo

atravessando a normalidade de uma existência burocratizada, constante, linear e doente. A banalização do gesto inscrito no corpo violentado e estéril O corte, o choque e a interrupção como leitmotiv de um

nonsense absurdamente concreto e palpável. Atração e repulsa na representação poética de homens com e sem qualidades em situações-limite. O corte seco a toda e qualquer possibilidade lírica e humana em

nós. A impossibilidade do gesto/discurso amoroso na era dos extremos. A dor concentrada de uma humanidade violentadamente incapaz de redenção. Gestos exatos, precisos e falhados a rasurarem uma

existência/ escrita que procura sentido. Do corpo dilacerado a outros corpus. Do mundo fechado, concentrado e doente ao universo infinito de uma escritura forjada na dor. Escrita como arquivo, rastro

e restos a vislumbrar uma Jerusalém outra a partir de dispositivos de memória, história e literatura em

tempos de desastres3, descentramentos e desubjetivações. O anônimo e o singular como testemunhos de

uma falta que arde. Nossa cultura, nosssa violência, nossa sobrevivência.

A criação do texto literário e a falta sentida no mundo que se pretende suprir pela linguagem, a

confissão de que a vida não basta. A escrita literária incorporando um sentido ausente. A narrativa de

Gonçalo Tavares a se inscrever no ato de recolher a dor do outro e fazê-lo voltar a pulsar. Pulsão de vida

ou de morte a lembrar-nos que a existência tem um pacto consciente com a finitude além da dor e do

prazer. Lembrar, escrever e esquecer em deslocamentos.

3 Acaba de ser aprovada a PEC 241 no Congresso Nacional depois do golpe parlamentar midiático no Brasil. Tempos marcados por desastres no Brasil e no mundo: furacão no Haiti, crise dos refugiados, crescimento da direita nazista em todo o mundo.

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“Quanto mais prosaico mais poético”: Adília Lopes e a poesia contemporânea brasileira

Autora: Karine Ferreira Maciel

Orientadora: Sofia Maria de Sousa Silva

Mestrado

A partir de 2002 Adília ocupa um papel notório na poesia contemporânea brasileira, seja a partir da

Antologia publicada em 2002 pela editora paulista Cosac & Naify e pela carioca 7Letras, que constava

de um Posfácio de Flora Süssekind, seja pelo destaque que ocupa na edição da revista Inimigo Rumor

n°10, de 2001, que lhe dedica nada menos que a publicação do livro O poeta de Pondichéry (1986),

uma entrevista e dois ensaios críticos: um de Osvaldo Manuel Silvestre e outro de Américo António

Lindeza Diogo.

Marília Garcia, no livro Um teste de resistores de 2014, registra em versos esse processo de inserção de

Adília Lopes na poesia brasileira. Nesse livro, que é uma espécie de diário, cheio de descrições e

pormenores, também as citações são numerosas e Adília aparece citada, ao lado de poetas como Wislawa

Szymborska, Gertrude Stein, entre tantas outras personalidades. Ainda relacionada à citação, podemos

pensar na poesia de Alice Sant‟Anna em seu primeiro livro, Dobradura (2008) e a relação com a poesia

de Adília.

Uma outra poetisa brasileira que trava diálogo com Adília Lopes é Angélica Freitas. Não mais através

da citação, e sim pelo estilo e conteúdo. A poesia dessa autora se relaciona com a de Adília na incidência

de determinadas temáticas e no que diz respeito a um estilo prosaico, que por vezes não vai além de uma

afirmação objetiva e quase banal.

O presente trabalho pretende estudar a recepção de Adília Lopes pela crítica, pelas editoras e por poetas

contemporâneos brasileiros. Interessa-nos, além de esmiuçar a maneira como estes últimos dialogam

com Adília, se através da citação, do estilo ou do conteúdo, também refletir sobre a causa dessa

notoriedade que Adília detém. Para isso, nos apoiaremos principalmente nas teorias de estética da

recepção, mais especificamente, nas de Hans Robert Jauss.

O poema como palco: a cena da escrita de Mário Cesariny

Maria Silva Prado Lessa

Orientadora: Sofia Maria de Sousa Silva

Mestrado

Esta pesquisa tem como objeto de estudo seis poemas do surrealista Mário Cesariny. Construídos como

artes poéticas, os textos encenam um poeta condenado a lutar contra o “peso” que as palavras adquiriram

ao longo do tempo, em busca de um novo leitor e de um tempo futuro no qual as palavras haverão se

tornado puras – em que serão pura potência de significado e não mais surgirão com “raízes, com

associações” (POUND, 2006, p. 40). No entanto, os poemas estão eles próprios sempre em diálogo com

outros poetas, outros tempos, outras vozes que são evocadas quase que fantasmagoricamente, ao

apostarem na intertextualidade como modo de criação. Cesariny toma para si as palavras que já foram

de outros, entrando em um jogo que atravessa os tempos e as vozes dos homens, engrossando o coro e

adensando ainda mais a trama textual da linguagem poética. A solução desse aparente paradoxo é

possível se considerarmos a esperança do tempo de “acordar”, o tempo de “nomes puros”, e a esperança

de comunicação baseada na intertextualidade, representada pelo “nosso dever falar”, como algo irônico,

sentido como desejo de inscrição na tradição, “o nosso querer falar”. Pretendo analisar de que forma

esses poemas estabelecem o jogo intertextual, quais as forças que põem em ação e como desestabilizam

o nosso papel pretensamente assegurado de leitores, ao nos incluírem na cena de escrita.

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De suplício e amor, Mariana encontra Inês

Raquel Góes de Menezes

Orientador: Jorge Fernandes da Silveira

Doutorado

Inês de Castro, umas das personagens mais revistadas da obra camoniana representando um discurso

amoroso, neste trabalho será apresentada em perspectiva a uma outra celebre personagem da história da

literatura portuguesa, Mariana Alcoforado. A amante de D. Pedro e a Freira de Beja serão colocadas em

diálogo com o intuito de ler estas histórias de amor (e súplica) à luz do amor camoniano.

A trapaça discursiva em Bolor, de Augusto Abelaira

Carlos Roberto dos Santos Menezes

Orientadora: Ângela Beatriz de Carvalho Faria Mestrado

Bolor, romance singular de Augusto Abelaira, ainda desperta inquietações que o tornam, ainda hoje, um

texto fundamental e intrigante, pertencente à mais alta literatura produzida durante o período político-

cultural denso dos anos 60 em Portugal. Contudo, para além da sua temática, já muito focalizada em

diversos estudos anteriores que servem de base para a atual reflexão crítica, a sua fortuna crítica ainda

solicita uma leitura atenta quanto a sua forma de composição. A partir da leitura rente do texto literário,

busca-se compreender alguns dos processos de elaboração da forma romanesca e como a sua estrutura

pode ser concebida como chave de interpretação, não só da temática, mas também da própria obra em

si. No viés de Vilma Arêas, pretende-se compreender “como o romance constrói o seu traço, de que

modo a matéria-prima de uma „realidade‟ (coada pela ideologia) sofre os processos característicos da

condensação, do deslocamento e da teatralização para compor um „recit‟ ficcional” (ARÊAS, s/d, p. 79).

Como apoio teórico desta investigação, destacam-se as seguintes obras: A Cicatriz e o Verbo, Vilma

Arêas (s/d); O Pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet (2008), de Philippe Lejeune; Devires

Autobiográficos - a atualidade da escrita de si (2009), de Elizabeth Muylaert Duque-Estrada e O que é

o autor? (1992), de Michel Foucault.

Em trânsito – O estrangeiro que habita a ficção de Olga Gonçalves

Flávio Silva Corrêa de Mello

Orientadora: Ângela Beatriz de Carvalho Faria

Mestrado

O Objetivo deste trabalho é dissertar sobre o romance A Floresta em Bremerhaven, da escritora

portuguesa contemporânea Olga Gonçalves. Pretende-se apresentar tópicos de análise sobre questões

identitárias, recursos narrativos e enfocar ensaístas que teceram reflexões críticas sobre a autora em

estudos de teoria literária e sociologia, principalmente, em Portugal. Busca-se citar, estudar e

exemplificar questões e apontamentos cunhados por estudiosos que problematizaram a discussão de

indivíduos descentrados e/ou distantes de seu país no momento histórico da Revolução dos Cravos e ao

longo da História da nação portuguesa. Serão destacadas, inclusive, marcas da narrativa oral presentes

na obra e inerentes às personagens situadas num entrelugar. A pesquisa focará três trânsitos (tessituras,

teceres). O primeiro versará sobre as concepções de identidade, de alteridade, de ausência e sobre o

tempo histórico e trans-histórico, a partir das reflexões críticas presentes em Eduardo Lourenço,

Boaventura de Souza Santos e Isabel Allegro Magalhães. Serão entretecidos os conceitos referentes ao

“aquém e além-mar”, o de nação destinada aos grandes feitos, de reminiscência camoniana, e a condição

de periferia excluída e emudecida durante o salazarismo. O segundo estabelecerá o valor da oralidade

presente na obra, explorando-o a partir da memória, do esquecimento (Paul Ricoeur e Ecléa Bosi) e do

Page 32: Faculdade de Letras Coordenação do Programa de Pós-Graduação ...

conceito de diáspora (Stuart Hall), ampliando-o ante a perspectiva da dispersão econômica. Neste

trânsito, será fundamental o estudo de Sílvio Renato Jorge, um dos primeiros a focalizar a obra de Olga

Gonçalves, no Brasil. O terceiro buscará tecer um paralelo entre uma possível matriz neorrealista

(Alexandre Pinheiro Torres) e a matiz que nos possibilitará ver qual paisagem ou qual cor o Cravo de

Abril assumirá na obra selecionada.

O masculino à procura de um discurso possível: as “vidas desperdiçadas” nos romances de José

Saramago

Maria Carolina de Oliveira Barbosa

Orientadora: Mônica do Nascimento Figueiredo

Doutorado

Este trabalho pretende apresentar parte da análise que proponho em minha tese de doutorado em

Literatura Portuguesa, que tem como objetivo analisar os caminhos percorridos pelas personagens

masculinas dos romances História do cerco de Lisboa (1989) e Todos os Nomes (1997). Novamente,

como fiz no Mestrado, revisito a obra de José Saramago, com o objetivo de mostrar que as trajetórias

dessas “figurações ficcionais” (REIS, 2015, p. 15) revelam-se também percursos de descoberta da

realidade inicialmente vazia na qual estão imersos e da possibilidade de construir um discurso para ser

ouvido – e lido, já que se materializa sob a forma de escrita. Dessa forma, parto dos conceitos de

intertextualidade, autoria e personagem para estabelecer um diálogo entre essas obras. Para isso, porém,

retomo o romance O ano da morte de Ricardo Reis (1984), texto que, ao apresentar o heterônimo

pessoano como personagem em meio a Lisboa ditatorial de 1936, já “ensaia” a problematização da ideia

de “vida desperdiçada” (SARAMAGO apud REIS, 1998, p.57) comumente atribuída aos “homens” da

ficção saramaguiana.

Viagens iniciáticas: Aventuras do conhecimento e do autoconhecimento na narrativa de Helder

Macedo

Mariana de Mendonça Braga

Orientadora: Teresa Cristina Cerdeira da Silva

Mestrado

A escrita de Helder Macedo se constitui como fértil terreno de intertextualidades e de relações

intratextuais as quais resultam altamente producentes e esclarecedoras na obra do autor, que retoma

insistentemente certas constantes temáticas, referências obsessivas e imagens reiteradas. Cabe, pois, à

minha pesquisa uma leitura detalhada de dois romances eleitos, Pedro e Paula e Tão longo amor, Tão

curta a vida, bem como da produção ensaística de Helder Macedo, com atenção sobretudo a dois

estudos: Camões e a Viagem Iniciática e "Reconhecer o desconhecido". Está sendo, portanto, aplicada

a estratégia das "passagens paralelas" de que nos fala Antoine Compagnon em O demônio da teoria, por

estar se mostrando viável manter o diálogo entre diversas produções autorais.

O objetivo desta pesquisa consiste na leitura de questões relativas ao espaço e à transposição de

fronteiras do discurso como viagens de conhecimento e autoconhecimento e como representações

alegóricas, de acordo com o conceito benjaminiano. Até agora, a análise do corpi vem confirmando as

hipóteses levantadas, no que concerne às fronteiras interartes atravessadas pelos narradores helderianos,

às trajetórias pessoais de alguns personagens e à imagem dos mapas imaginários e modificados presente

em Tão longo amor, Tão curta a vida.

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Lee-Li Yang: o epistolar em transe poético

Camila de Toledo Piza Costa Machado

Orientadora: Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco

Mestrado

A saudade e o amor podem, de maneiras diversas, criar e recriar cenários. O desejo fruto de relações

interpessoais também é capaz de impulsionar inaugurações de novos universos. Na poesia, a avidez por

desvendar outros horizontes faz com que movimentos de linguagem não se restrinjam a folhas de papel:

a concepção de novas lógicas, na cosmovisão virgiliana, é capaz de fazer, se refazer e se desfazer. Novas

perspectivas culminam na gênese dos heterônimos, desdobramentos do poeta, redescobertas da natureza

humana. Lee-Li Yang é uma dessas vozes poéticas, moradia da saudade, do erotismo e do amor. Através

de suas cartas – que são simultaneamente poemas, vice e versa –, o poema respira, transpira e transborda

diálogos e monólogos; versos e cantos; danças e políticas. Endereçadas a seu amante Duarte Galvão,

heterônimo guerrilheiro de Virgílio de Lemos, a poesia de Lee-Li Yang encontra no entrelugar entre

carta e poema um espaço em que pode cantar a saudade, o desejo, o amor e ser, singularmente,

metapoética. Assim, as relações entre a carta, como um gênero originalmente comunicativo, e a poesia,

um modo de transgressão da linguagem, serão apresentados de maneira a contribuir para o estudo da

poesia do escritor moçambicano. O livro Mar de mim: coração de gozo, publicado em 1952, será o alvo

principal das reflexões deste estudo sobre a poesia encontrando abismos na superfície do texto, em que

o silêncio, o canto e a arte se fundem para ser, em suas existências, eternas no instante efêmero da vida.

Dos estilhaços da memória: A angústia em Nós, os do Makulusu, de José Luandino Vieira

Isabel Bellezia dos Santos Mallet

Orientadora: Maria Teresa Salgado

Doutorado

A intenção condutora deste trabalho caminha em favor da maturação de um processo reflexivo acerca

das particularidades e especificidades que envolvem a sociedade angolana no momento em que

acontecem as lutas pela libertação de Angola, tempo que, revestido de caos e angústias várias, apresenta-

se como palco propício ao nascimento de uma produção ficcional não menos dilacerante e visceral. Com

objetivo, portanto, de fazer desta uma contribuição de bases sólidas aos estudos das Literaturas Africanas

de Língua Portuguesa, foi eleito como objeto de nossa apreciação o romance angolano, Nós os do

Makulusu (1967), de José Luandino Vieira. O livro, escrito em apenas uma semana, enquanto seu autor

encontrava-se preso no Tarrafal, revela a presença da angústia como chave mestra para a escolha de

recursos estéticos sofisticados, guiados, sobretudo, pelo narrador-personagem, cujo descentramento

evidente marca uma estética da angústia, que se pretende investigar ao longo desta pesquisa. Tal

investigação busca, antes, enfatizar que a densidade temática e estética do texto em análise corrobora,

pois, o diálogo com a memória, a história e a barbárie, em cuja crueldade repousa o impasse da

representação: “como fazer a morte e a destruição significarem”?

As cartografias dos sonhos nas esquinas da memória

Laize Santos de Oliveira

Orientadora: Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco

Mestrado

Em Sonhos azuis pelas esquinas, observamos uma mudança na poética – já anunciada em Os

transparentes – do escritor angolano Ondjaki. Para além da narrativa habitualmente memorialística da

infância, nos deparamos com um narrador adulto que transforma espaço e tempo numa fluidez quase

impalpável, a partir de uma atmosfera onírica. Nesta, surgem revelações de um sujeito cindido entre dois

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universos de escrita.

Efetuando uma leitura literária das cidades ficcionalizadas neste livro e de seus diversos simbolismos,

nossa dissertação focalizará um cotidiano que dá ênfase a cenários urbanos, interpretando as cartografias

poéticas construídas a partir de espaços reais, oníricos e imaginários. Serão estudadas as influências que

as relações entre cidade e literatura exercem no constructo do livro, assim como os arrolamentos dos

jogos intertextuais tecidos em vários contos que nos levam a levantar a hipótese de uma dualidade, uma

fratura na identidade deste sujeito que busca em sua escrita um cosmopolitismo sem obliterar, entretanto,

as questões nacionais e as tradições africanas, o que, deste modo, faz com que haja, em seu livro, um

claro diálogo entre tradição e modernidade.

O espaço da infância na narrativa de José Luandino Vieira: lembranças, questionamentos e

ruptura

Autor: Marco Antônio Fuly

Orientador: Maria Teresa Salgado Guimarães da Silva Mestrado

Esta dissertação pretende mostrar a evolução do pensamento do escritor angolano José Luandino Vieira

a respeito das circunstâncias adversas que antecederam a independência de Angola, bem como a sua

preocupação com os rumos que a utopia revolucionária estava tomando naqueles últimos anos da

colonização portuguesa implantada no país. Na análise das obras A Cidade e a Infância (1960),

Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto & Eu (1972) e Nosso Musseque (2013) –– todas escritas entre

1954 e 1972 ––, observa-se que o referido autor valorizou sobremaneira o ambiente da infância. E foi

neste contexto de aventuras desmedidas que o olhar dos meninos para o mundo dos adultos configurou

a oposição combativa de Luandino Vieira ao regime colonial português e o desejo de uma pátria justa e

livre aos angolanos. Com estes posicionamentos, a narrativa luandina, nas três obras supracitadas,

evidencia os anseios e a voz do povo através de algumas histórias narradas por personagens comuns que

se distanciam do cotidiano de opressão e se permitem reviver as suas experiências na fase da infância

dentro do musseque. Neste topônimo, onde as histórias assentam-se em um antigamente bom de se viver,

o estilo de vida dos moradores autóctones revela o quanto o ente colonizado – discriminado e explorado

pelo colonizador, que a todo instante procura implantar-lhe os valores da cultura europeia – encontra

condições favoráveis para preservar sua língua materna, suas tradições culturais e suas referências

históricas.

O espaço da infância é, portanto, perspectivado na dimensão de personagens não-adultas, realçando,

assim, a memória evocativa, criticando o cotidiano massacrante e questionando a utopia que se forjava

no ardor da luta pela independência de Angola.

Viagem por letras e imagens em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra

Kezia Leão da Silva

Orientador: Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco

Mestrado

O romance Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, do escritor moçambicano Mia Couto,

apresenta o tema da viagem como forma de resgate de uma memória perdida do narrador-personagem.

O deslocamento físico e psicológico principia a transformação do sujeito. A (re)construção da memória

do indivíduo ocorre em letras e imagens polifônicas que o texto literário provoca.

A obra aborda a busca por uma memória coletiva por parte do narrador-personagem, que reflete em sua

construção identitária, ao retomar o lugar de origem – Ilha de Luar-do-Chão – e ao (re)descobrir sua

própria memória individual.

Pretende-se tratar do local – Ilha de Luar-do-Chão – como espaço de retomada da memória identitária

do sujeito e do coletivo, vista como o retorno à casa. A origem será trabalhada a partir da análise familiar

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e a representação do local para a construção do indivíduo, além do papel da tradição diante da

modernidade. A memória identitária também será pensada através das imagens e letras que o texto

literário constrói. Têm-se as fotografias e cartas a fim de revelar questões essenciais à descoberta do ser

cuja memória e identidade se encontram incompletas.

Mariano não está só na (re)criação da memória dos Malilanes. Através da polifonia, cria-se um jogo em

que a voz pertence ao coletivo. Observa-se um romance baseado na oralidade múltipla das personagens,

sendo as vozes individuais e coletivas essenciais para a percepção de memória e identidade da Ilha de

Luar-do-Chão.

Espaço e poética em Noémia de Sousa

Daniela da Glória Silveira de Souza Vianna

Orientador: Nazir Armed Can

Mestrado

A obra Sangue Negro, de Noémia de Sousa, é composta por 49 poemas e constitui-se de partes: “Nossa

voz”, “Biografia”, “Munhuana 1951”, “Livro de João” e “Sangue Negro”. Seus poemas, longos e fortes,

são considerados marcos da produção poética feminina, africana, moçambicana. Através da voz de

Noémia viaja-se pelo território moçambicano. Ler a sua poesia é rever criticamente a escravatura e o

processo de reificação, ao qual o negro fora submetido, e também descobrir povos e culturas, permeados

de credos, mitos e ritos.

Assim, seus poemas marcam a história e fazem sua representação. Nesse campo de sonhos, lutas,

desejos, afirmação e resistência que traduz sua poesia, Sousa surge como uma voz reivindicatória,

demonstrada pelo seu comprometimento com a situação histórica, política e econômica do seu país. Seu

trabalho enfoca a busca pelos valores que afirmem a moçambicanidade, enfatizando a questão da

africanidade.

Pretende-se abordar o espaço como retomada da memória identitária do sujeito e do coletivo. Seguindo

esta proposta de leitura, pretende-se ainda refletir outras problemáticas relacionadas ao universo

feminino, não se restringindo apenas à opressão feminina, mas também discutir a crítica à colonização

e à escravidão, e como Noémia afirma sua identidade como moçambicana.

Nesse sentido, a obra da escritora é expressiva por trazer ao conhecimento do leitor a experiência de

vida de indivíduos excluídos, além de retratar a violência imposta pelo colonialismo que ainda hoje

manifesta seus desdobramentos.

Concluindo, Sangue negro de Noémia de Sousa é uma obra de ontem, hoje e do amanhã que nunca

deixará de sonhar, lutar e defender seus ideais diante da dor e sofrimento e até mesmo da surdez das

sociedades tidas como detentoras do poder.