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Pe. Antônio de Lima Brito nds
EXPRESSÕES DE HUMANIDADE
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CENFAVOS significa Centro de Formação de Animadores Vocacionais Sioniense. Trata-se de uma organização especializada em:
• Orientação Vocacional,• Animação Vocacional,• Assessoramento Vocacional,• Capacitação de Animadores
Vocacionais.
POR QUÊ CENFAVOS?
Deus quer a salvação de todos(Cf. 1Tm 2, 4; Jo 6, 38-39; 10, 10).
A Animação Vocacional exige uma boa formação. Os cristãos necessitam de maior conscientização, quanto à sua corresponsabilidade de promover as vocações.Há urgência de maior investimento de recursos humanos e materiais na Promoção Vocacional. Mais racionalização na aplicação dos recursos destinados às vocações.A realidade atual reclama por uma inovação na maneira de animar as vocações. Há falta de centros formadores de agentes. Com mais Animadores competentes e santos, a Igreja intensificará a presença do Reino de Deus no mundo, tornando os humanos mais dóceis ao chamado divino.
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EXPRESSÕES DE
HUMANIDADE
Pe. Antônio de Lima Brito, nds
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CENTRO DE FORMAÇÃO DE ANIMADORES VOCACIONAIS SIONIENSE
Rua Lino Coutinho, 436 - Ipiranga - São Paulo - SPFones: (11) 2619-9314 - (11) 97337-7605
BRITO, Antônio de Lima
Expressões de Humanidade,
São Paulo, Ed.Cenfavos, 2016.
Revisão:
Elisabeth Guimarães
Capa e diagramação:
Antonio Carlos Piantino
Impressão:
Edições Loyola
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SUMÁRIO
Introdução ...............................................................5
Expressões de humanidade ..................................7
Tolerância nota dez ..............................................17
A riqueza do perdão .............................................21
Conclusão .............................................................25
Notas bibliográficas ..............................................27
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O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, é
a criatura terrestre predileta do Pai Eterno. (Cf. Gn 1,26; Sl 8,4-7)
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INTRODUÇÃO
A qualidade da vida humana depende fundamentalmente
do respeito à dignidade da pessoa. Esse respeito deve ser expres-
so, sobretudo, nas relações interpessoais e sociais. A grandeza do
ser humano requer sempre reconhecimento à sua prioridade. Nin-
guém pode, pois, minimizá-lo, colocando-o em segundo plano em
favor do dinheiro, carro, TV, rádio, celular etc.
Visando a promoção do ser humano, apresentamos, nesse
livrinho, algumas expressões de humanidade, entre elas, a tole-
rância e o perdão. Com isso, esperamos resgatar alguns valores
éticos, morais e culturais comprometidos por uma nova cultura e
mau uso da tecnologia.
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A melhor maneira de se curtir a vida é vivê-la com os outros
e para os outros no amor. (Cf. 1Cor 12,1-13,13)
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I - SER HUMANO: IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS
Segundo a bíblia, o ser humano é criado à imagem e seme-
lhança de Deus (1). “Homem e mulher Deus os criou” (2). O que sig-
nifica imagem e semelhança? A resposta a essa questão procede do
ser de Deus. Saber, pois, quem é o humano requer o conhecimento
do divino. Sem pretensão de exaustão, apresentamos alguns traços
do perfil de Deus, como pressupostos da antropologia bíblica.
Deus é Pai, Filho, Espírito Santo, Comunidade (3); Pessoa
(4), Criador (5), Único (6), Universal (7), Santo, Perfeito (8), Eterno
(9), Infinito (10), Bom (11), Verdadeiro (12), Justo (13), Sábio (14) ,
Bom Pastor (15), Mestre (16), Luz (17), Caminho (18), Servo (19),
Alimento (20), Cordeiro (21), Paz (22), Vida (22ª), Imutável (23).
Como o grão de milho tem tudo para ser um pé de milho,
coisa parecida ocorre com o ser humano que possui todos os atri-
butos divinos em nível finito, segundo sua condição de criatura.
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Apesar de suas limitações, ele tem fome de todos os atributos di-
vinos, é faminto de plenitude. A dignidade humana provém des-
sa semelhança com Deus. Viver de acordo com essa dignidade é
realizar o plano do Criador, ser santo (24). Mesmo não vivendo se-
gundo sua semelhança com Deus, pecando, a pessoa não a perde,
continua humana, mas insatisfeita, frustrada. É como o grão de
milho carunchado. Mesmo assim é milho, ainda que não possa re-
produzir nem alimentar. A realização plena do grão de milho é mul-
tiplicar-se e/ou alimentar; a do ser humano é viver plenamente em
si, enquanto criatura, as qualidades divinas, presentes nele desde
o nascimento, servir com perfeição seus semelhantes, reproduzir e
gozar a glória eterna (25).
1 - Pai
Deus partilha seu poder de “paternidade-maternidade”,
conferindo aos mortais a alegria de comunicarem aos filhos a vida
e o amor.
2 - Filho
O jeito amoroso do ser de Deus o levou a gerar seu Filho a
quem ama e por quem é amado perfeitamente (26).
3 - Espírito Santo
O amor mútuo entre Pai e Filho é tão perfeito, tão pleno que
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se identifica com o próprio Deus, o Espírito Santo (27). Deus é puro
espírito. Embora haja, na criatura humana, coesão e articulação
entre espírito e corporeidade, deve haver supremacia do espírito
sobre a matéria. Ainda que faça parte integrante da pessoa, o
corpo é efêmero e o espírito imortal.
4 - Comunidade
Pai, Filho e Espírito Santo constituem uma família trinitária,
paradigma para todas as famílias cristãs, sobretudo para os religiosos
consagrados, vocacionados a serem sinais escatológicos. Chamado à
santidade, o ser humano só se realiza vivendo em comunidade que é
um agrupamento de pessoas inter-relacionadas, vivenciando um es-
tado de comunhão. A vida comunitária objetiva o aprimoramento de
seus membros e o cumprimento de uma missão específica. São essas
as razões de sua existência. A vida em comum revela fraquezas e
grandezas. A constatação de limitações deve ser encarada com realis-
mo e esperança. Sabe-se que a vida partilhada não é feita com pessoas
perfeitas, mas para aperfeiçoá-las. Cabe, entretanto, ressaltar que a
comunidade tem o direito de estabelecer um nível mínimo de exigên-
cia comportamental para a permanência de seus membros. Em contra-
partida, os valores pessoais, boas ações e progressos merecem reco-
nhecimento, que age como reforço, estímulo para sua continuidade. É
bom lembrar que as qualidades dos fortes devem suprir a limitação dos
fracos, os bens dos aquinhoados, a penúria dos desprovidos.
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A vida comunitária restrita tem por fim a realização de seus
membros, tornando-os construtores de uma sociedade semelhante à
Trindade. As regras de convivência e relações interpessoais decorrem
da dignidade humana, da vocação à santidade, da cultura e nível de
educação. Tais normas denominam-se “boas maneiras”. Correspon-
dem às exigências do relacionamento interpessoal. Agir com “boas
maneiras” é tratar os outros como gente, com dignidade; é reconhecer
o valor da pessoa com quem se relaciona. Constata-se, entretanto,
uma diminuição generalizada dessa prática tão necessária à vida so-
cial. Lembramos aqui alguns gestos mais comuns de “boas maneiras.”
II - BOAS MANEIRAS
1 - Muito obrigado
Ao receber um copo d’água ou outro benefício, devo di-
zer muito obrigado. Ao fazê-lo, reconheço-me devedor de gratidão
pelo bem recebido e a obrigação de reproduzi-lo em favor do ben-
feitor ou de alguém necessitado. Todo bem recebido é dívida ética
e moralmente contraída. Além disso, meu agradecimento estimu-
la quem fez a boa ação a continuar fazendo o bem (28).
2 - Desculpe-me
Essa expressão é própria de quem prima pela verdade e
o bem. Tem coragem de encarar o prejudicado como credor de sa-
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tisfação e reparação. Pedir desculpa é inclinar-se diante do direito
do ofendido, da verdade e do bem. Suplicar perdão é respeitar o
direito do outro. Quem pede desculpa restaura as saudáveis rela-
ções. Desculpe-me é linguagem dos humildes que reconhecem o
mal praticado ou o bem omitido (29).
3 - Por favor
Essas duas palavras expressam o reconhecimento da não
obrigatoriedade do atendimento, por parte da pessoa a quem se pede.
Por favor diz mais, respeita a liberdade, eliminando o perigo de au-
toritarismo, imposição e motiva o outro a corresponder à solicitação.
Quem assim procede quase sempre consegue o desejado. Por favor é o
modo dos educados que sabem abrir portas, angariar simpatia, aque-
cer relações. Por favor contém uma delicadeza que encanta a todos.
Ele é tão eficaz que transforma a súplica em convencimento, o supli-
cante em credor. Quando bem expresso, o por favor sensibiliza de tal
modo que não deixa nenhuma saída a não ser o pronto atendimento.
4 - Cumprimento
Bom dia, boa tarde, boa noite demonstram que os cum-
primentados são percebidos como pessoas. Sim, cumprimentar é
perceber e pela percepção valorizar. Passar por alguém e não cum-
primentá-lo é ignorá-lo, reduzí-lo a nada. Há indelicadeza maior
que chamar o outro de nada? Nada é o não ser. Não é uma injustiça
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tratar quem é como não sendo? Não é um gesto grandioso manifes-
tar a percepção da presença de alguém, com um fraterno cumpri-
mento, fazendo-o sentir-se gente? Só quem é grande no ser perce-
be a maravilha humana, até mesmo quando submersa na miséria.
O cumprimento não é apenas percepção do ser. Ele é um caminho
para “ser-mais”. (30). Em razão disso, percebida a aproximação de
alguém, deve-se ficar em posição adequada ao cumprimento. Nun-
ca dar as costas a quem passa, ignorando-o, priorizando o celular.
5 - Bem-vindo
Bem-vindo manifesta alegria e ternura a quem chega.
Sua presença é motivo de felicidade para todos que o acolhem. Di-
zer bem-vindo é abrir-se ao outro e tê-lo como um bem. É demons-
trar contentamento com sua pessoa e presença. Bem-vindo é uma
expressão festiva de inserção do visitante no recinto, evento, grupo
etc. Só quem se sente bem acolhido tem prazer de chegar e perma-
necer. O bem-vindo sincero confere ao visitante tal prazer (31).
6 - Até logo
Dizer até logo é uma maneira delicada de pedir permis-
são para sair. Por que isso? Porque sem permissão, sair é abando-
nar quem fica, ignorar o outro, é fugir, é desrespeito, humilhação.
Ao dizer até logo, dou satisfação à pessoa com quem estou e co-
munico a ela o anseio de reencontrá-la em breve.
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7 - Com licença
Há inúmeras circunstâncias em que a educação exige
dizer com licença. Exemplos: passar entre pessoas; interferir numa
conversa; levantar-se de uma mesa; retirar-se de um grupo; fechar
uma porta diante de alguém; sentar-se entre duas pessoas; inter-
romper uma aula ou palestra etc. O pedido de licença emerge do
reconhecimento do direito do outro. É uma solicitação de conces-
são. Respeitar o direito de alguém é um valor a ser cultivado; é
uma atitude adequada às relações humanas. Quem respeita sem-
pre acerta.
8 - Solidariedade
Ela é uma das maiores virtudes; um dos fatores mais efi-
cazes para o relacionamento humano. Ao identificar-se com o outro
e sua situação, o solidário entra em comunhão com ele de manei-
ra mais comprometida, partilhando seu ser, seu saber, seu tempo,
seus bens. Nunca deixa o outro só. Com sua ação solidária constrói
fraternidade, qualidade de quem é profundamente humano (32).
9 - Dar preferência
Preferir os outros a si mesmo significa conferir-lhes a pre-
cedência no bem. Exemplos: ao entrar no elevador, em um banco,
numa loja; esperar que o pedestre ou um veículo passe; ao entrar
no ônibus ou carro; ao sentar-se à mesa de refeição; ao servir-se
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etc. É necessária muita vigilância para não condicionar o dar pre-
ferência a fatores inconsistentes como: aparência, “status”, fama,
etc. Não é fácil preferir os outros a si mesmo gratuitamente. Só
quem ama é capaz de tamanha façanha (33).
10 - Equilíbrio
O equilíbrio é a medida certa com que se deve agir; é a
virtude da moderação, ponderação tão necessária ao relacionamen-
to humano. O equilíbrio resulta do autocontrole frente às adversida-
des da vida. Como as coisas nem sempre ocorrem segundo nossos
desejos, temos que enfrentar forças antagônicas, contrariedades da
existência, o antagonismo do sim e do não. Mesmo diante de gra-
ves desafios, urge preservar a estabilidade emocional, responsável
pelo autocontrole. Emocional estável não permite compulsão, his-
teria, precipitação, causas de comportamento irrefletido, danoso. O
equilibrado tem visão ampla; não se deixa prender a ninharias; ele
busca o bem maior, sabe ponderar, esperar. “O homem paciente é
cheio de entendimento, o impulsivo exalta a estultícia” (34).
11 - Alegria
A alegria é indispensável ao acolhimento, sobretudo, em
se tratando do primeiro contato. É uma chave mágica que abre
toda porta humana. É uma ordem de comando que desarma todos.
O alegre é um conquistador de simpatia. Relaciona-se, quase sem-
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pre, com facilidade e êxito. Qual é a razão da força da alegria? Ela
indica harmonia, felicidade, desejo de todos, homens e mulheres.
Ao depararmos com alguém alegre, percebemos que a felicidade é
possível. Sentimo-nos acolhidos e amados por ele. O alegre valori-
za-nos tanto que faz do encontro conosco uma festa. Ser alegre é
ver os outros como motivo de festejo (35).
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Só o amor é capaz de qualificar positivamente as relações humanas.(Cf Rm 13, 8-10; 1Cor 13, 1-13)
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Tolerância é o poder de absorção de adversidades. O to-
lerante suporta a contrariedade, porque é superior a ela. É indul-
gente com os fracos. Encontra razão para desculpá-los. Oferece-
lhes sempre nova chance. Em sua mente, é certa a conversão do
faltoso. A condescendência e o perdão são virtudes de quem vê o
fraco acima de sua fragilidade. Longe de conivência, tolerância é
um amortecedor emergente do amor, que se entrepõe às partes,
evitando atrito entre elas.
Fora Deus, nada no universo é igual ou superior ao ser humano.
Criados à imagem e semelhança do Divino, homem e mulher são o ápi-
ce da criação. Em função deles, devem girar as demais criaturas (mi-
nerais, vegetais, animais etc ). Não obstante sua grandeza, o humano é
frágil. Está sujeito a variáveis que extrapolam seu controle. Carrega em
si a possibilidade paradoxal do bem e do mal. Os binomes antônimos
bondade/maldade, amor/ódio, liberdade/opressão, altruísmo/ egoísmo,
perdão/vingança, paciência/impaciência são algumas de suas marcas
indeléveis. Quando o polo negativo desses binomes predomina, o de-
sarranjo é resolvido, em grande parte, com a indulgência.
TOLERÂNCIA NOTA DEZ
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Em virtude de sua dignidade de filho de Deus e fragilidade,
o ser humano merece, de antemão, respeito. Em caso de falta grave,
deverá ser corrigido adequadamente, com pena terapêutica, e res-
sarcir o dano causado, se possível. Correção, pena e ressarcimento
só se justificam em vista da extinção do mal e não do malfeitor.
Há, porém, deslizes que a simples transigência resolve.
Basta, para tanto, o amor que gera compreensão, paciência, per-
dão e reconciliação. É o que ocorre, quase sempre, com os espo-
sos, pais e filhos. Ainda hoje, muitos casais celebram suas bodas
de casamento. Por que isso? Porque ciúmes, divergências na edu-
cação dos filhos, conflitos econômicos, atraso em eventos, vaida-
de, comida sem ou com muito sal, barulho, omissões, grosseria etc
são neutralizados pelo “amor-compassivo”. A relação dos pais com
os filhos não deixa por menos.
A saúde da sociedade depende, entre outros fatores, da
qualidade da convivência social. Com frequência, o convívio é com-
prometido por atitudes inconvenientes. Em muitos casos, a relevân-
cia é a melhor solução. Demais, ela enseja uma reflexão sobre a falta,
oportunizando ao malfeitor espaço para sua conversão.
A vida em São Paulo, por exemplo, seria bem mais difícil
e violenta, se o paulistano não suportasse as buzinadas desneces-
sárias; se motorista e pedestre não se perdoassem, em razão de
suas imprudências; se os passageiros não tolerassem os empurrões
e pisadas; se os condutores de ônibus não relevassem os insultos
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dos usuários; se estes não desculpassem as bruscas freadas; se os
transeuntes se vingassem das trombadas nos lugares mais apinha-
dos; se no trânsito, os “apressadinhos” não fossem poupados; se nas
colisões, os envolvidos não contemporizassem; se os moradores do
prédio não admitissem o barulho da festa de aniversário; se o padre
não compreendesse o choro de criança na missa e o atraso da noiva.
Isso é pouco. A vida apresenta muito mais. Contudo, constata-se
que alguns, por não terem querido engolir um mosquitinho sequer,
largaram o cônjuge, abandonaram a família, demitiram-se do em-
prego, desistiram do estudo; outros, por motivos injustificáveis, fú-
teis, cumprem 10, 20, 30 anos de prisão. Tudo isso é lamentável.
Como é necessária a tolerância, a condescendência em nossa vida!
Desejar que o outro seja perfeito, sim; mas supor que ele já o
seja, não. Logo, presumir, excelência máxima de alguém não predis-
põe à tolerância. Se, entretanto, cada um exigir de si mesmo o máxi-
mo possível, todos tornar-se-ão mais transigentes com as fraquezas
alheias. Ademais, mede-se a maturidade do indivíduo pelo grau de
sua exigência de perfeição feito a outrem. Quem menos exige mais
tolera; quem mais tolera mais ama; quem mais ama mais gente é.
Aos que praticam o “amor-tolerância” nota 10 (1).
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Perdoa sempre quem considera o pecador maior que seu pecado.
(Cf. . Gn 1,26; Sl 8,4-7; Mt 18, 21-22; 25, 31-46)
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Rubens, dez anos: -“Papai, por que o senhor pediu perdão
à mamãe”? - “Filho, fui estúpido com ela; devo reparar o estrago de
meu desamor. O perdão cura o agressor e o agredido. Pedindo des-
culpa, reconheço meu erro. Se ela me absolve, saro a ferida aberta
em sua mãe, por minha estupidez. Além disso, fico feliz”.
Dorival está certo. Pedir e conceder perdão resultam,
de fato, em reconciliação. Sempre, pois, que houver negação de
amor nas relações interpessoais, a solução está no apelo humilde
de absolvição e no generoso indulto (1).
A súplica de remissão, humilde e contrita, comove,
quase sempre, o credor e o motiva a suprimir a dívida. Se o supli-
cante tem firme propósito de regeneração, aumenta a possibilida-
de de anistia (2). Usar, porém, subterfúgio, como pedir um objeto
emprestado, para se reconciliar, não é um bom caminho. Essa es-
tratégia insinua pouca humildade e contrição. O pedido de descul-
pa ideal é explícito, direto, oportuno.
Perdoar é absolver o culpado de um dano cometido. É
desculpá-lo. Não é esquecimento do mal sofrido. Como ferimento
A RIQUEZA DO PERDÃO
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curado, a ofensa perdoada deixa, sim, cicatriz. Essa, se bem cuida-
da, mesmo arquivada na memória, não interferirá na relação com o
absolvido.
Em virtude de seu valor e serventia, conserta-se carro
enguiçado, geladeira danificada, roupa rasgada. Chama-se o agrô-
nomo para sanar a plantação praguejada; leva-se ao veterinário o
cão enfermo. Se todas essas providências são louváveis e necessá-
rias, com maior razão, os cuidados reparadores dos humanos (3).
Esses não podem, consequentemente, jamais ser descartados em
virtude de eventuais deslizes (4). Criada à imagem e semelhança
divinas (5), a pessoa é de tão grande valor (6) que o Pai sacrificou
seu Filho para salvá-la (7).
Essa grandeza humana merece o perdão (8), que so-
brepõe a pessoa à sua falta; reconstrói a unidade dilacerada; rea-
ta amizade e fraternidade; resgata segurança perdida; melhora o
estado psicossomático; devolve a paz; santifica, salva.Vingar-se,
entretanto, é negar o bem, ceder ao mal, experimentar o nada, a
mentira, a frustração, condenação (9).
Em fidelidade à sua missão, Jesus ensina e vive a
misericórdia (10). Ordena a busca da ovelha perdida (11); festeja
a volta do filho pródigo (12); acolhe Zaqueu e hospeda-se em sua
casa (13); em refeição com um fariseu, defende e perdoa a pecado-
ra arrependida (14); livra e absolve a mulher adúltera ameaçada de
apedrejamento (15); interrogado por Pedro, quanto ao número de
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vezes que se deve perdoar, o Nazareno responde: “setenta vezes
sete” ou seja, sempre (16).
A convicção da eficácia do amor justifica todo tipo
de perdão (I7). Esse, embora parecendo fraqueza aos olhos insen-
satos, é uma das maiores expressões da gratuidade do amor. Ele
é próprio dos fortes, que não se cansam de amar nem se curvam
ao falacioso prazer da omissão ou vingança (18). O misericordioso
tem Deus como primeira riqueza e o próximo como segunda (19);
comporta-se conforme sua vocação à santidade; segue Jesus, “Ca-
minho, Verdade e Vida” (20); enquanto discípulo, busca asseme-
lhar-se ao Mestre; por isso, não nega seu “amor-perdão”; dedica-se
à plenitude da lei: o amor, única via de salvação (21).
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MANDAMENTO DE JESUS CRISTO SOBRE O AMOR
“Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem
em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito.
Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto
e vos torneis meus discípulos.
Como o Pai me ama, assim também eu vos amo.
Perseverai no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes
no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de
meu Pai e persisto no seu amor.
Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em
vós, e a vossa alegria seja completa.
Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua
vida por seus amigos.
Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor.
Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto
ouvi de meu Pai.
Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí
para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça.
Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao
Pai em meu nome, ele vos conceda.
O que vos mando é que vos ameis uns aos outros”
(Jo 15, 7-17).
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A bíblia apresenta o homem e a mulher como criaturas di-
ferenciadas pela sua altíssima dignidade. No livro do gênesis, ela
diz que eles foram criados “à imagem e semelhança de Deus” (1).
Em Mateus, Jesus se identifica com o ser humano (2). O salmista
assim se expressa: “... que é um mortal para dele te lembrares e
um filho de Adão, que venhas visitá-lo? E o fizeste pouco menos
que um deus, coroando-o de glória e beleza” (3).
Percebe-se, nesses textos bíblicos, o destaque relevante
conferido aos seres humanos. Trata-se de uma dignidade confe-
rida por Deus e a ser respeitada por todos. Não há, portanto, ne-
nhuma razão que justifique o desrespeito à dignidade do homem
e da mulher.
Embora sejam desafios, a defesa e promoção da dignidade
humana, fraternidade, justiça e paz são tarefas de todos. O cami-
nho para sua consecução é o amor concreto, manifesto na solida-
riedade e convivência fraterna.
C O N C L U S Ã O
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SEM O AMOR NADA TEM VALOR“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver
caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.
Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de
transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.
Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos
pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
se não tiver caridade, de nada valeria!
A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja.
A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante.
Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses,
não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão,
o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará.
A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita.
Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, falava como criança, pensava como
criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem,
eliminei as coisas de criança.
Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então
veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei
totalmente, como eu sou conhecido.
Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três.
Porém, a maior delas é a caridade”
(1Cor 13, 1-13).
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EXPRESSÕES DE HUMANIDADE
(1) Cf. Gn 1, 26. (2) Cf. Gn 1, 17. (3) Cf. Mt 28, 19; 11, 25; Jo 1, 1. (4)
Cf. Mt 28, 19. (5) Cf. Gn 1, 1-27. (6) Cf. Mt 12, 19; Jo 17, 3; Dt 6, 4. (7)
Cf. Dt 6, 4. (8) Live 19, 2; 11, 44; Mt 5, 49; 1Pd 1,16; Jo 6, 68-69; Tg 1,4.
(9) Cf. Gn 21, 33. (10) Cf. Sl 145, 3; 147, 5. (11) Cf. Ex 33, 19; Mc 10,
18; Jo 10,18 ;Tg 3, 4. (12) Cf. Jo 14, 16. (13) Cf. Is 20, 22; 46, 12-13; Sb.
12, 15. (14) Cf. Rm 16, 27. (15) Cf. Sl 22; Jo, 10,11. (16) Cf. Mt 8, 19.
(17) Cf. Jo 8, 12. (18) Cf. Jo 14, 6. (19) Cf. Mt 20, 26-28. (20) Cf. Jo 6,
51; 6,35. (21) Cf. Jo 1, 29. (22) Cf. Is 11, 1-9. (22a) Cf. Jo 14, 6 (23) Cf.
Tg 1, 17. (24) Cf. Rm 8, 28-30; Ef 1, 3 -14. (25) Cf. Jo 6, 38; Ef 1, 3-14;
Rm 8, 28-30. (26) Cf. Jo 3, 16-17; 6, 38. (27) Cf. 1Jo 4, 7-8.16). (28) Cf.
Lc 17, 11-19. (29) Cf. Mt 6, 12-14; 18, 23-35. (30) Cf. Rm 16, 16. (31)
Cf. Rm 12, 13; 15, 17. (32) Cf. Mt 25, 31-46; Lc 10, 29-37. (33) Cf. Mt
19, 30; 20, 24-28. (34) Pr 14, 29. (35) Cf. Jo 16, 22-24.
NOTASBIBLIOGRÁFICAS
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E X P R E S S Õ E S D E H U M A N I D A D E
TOLERÂNCIA NOTA 10
(1) Cf. Jo 15, 12-17; 1Cor 13, 1-13; 2Cor 11, 19-20.
A RIQUEZA DO PERDÃO
(1) Cf. Gal 6, 1. (2) Cf. Lc 18, 9-14. (3) Cf. Jo, 6, 38-39. (4) Cf. Mt 18,
21-35. (5) Cf. Gn 1, 26. (6) Cf. Sl 8, 4-6; Mt, 25, 40.45. (7) Cf. Gal 4, 4-5;
Jo 6, 38-39; 10, 10. (8) Cf. Mt 6, 12; 18, 21-35. (9) Cf. Live 19, 17-18; 4,
1-5,20. (10) Cf. Mt 10, 9-13. (11) Cf. Lc 15, 4-7. (12) Cf. Lc 15, 11-32.
(13) Cf. Lc 19, 1-10. (14) Cf. Lc 7, 36-50. (15) Cf. Jo 8, 1-11. (16) Cf.
Mt 18, 21-22. (17) Cf. 1Cor 12, 31-13, 13. (18) Cf. Mt. 5, 20-48. (19) Cf.
Dt 6, 4-5; Mt 22, 34-40; Hb 10, 38; 11, 4. (20) Cf. Jo 14, 6. (21) Cf. Rm
13, 8-10.
CONCLUSÃO
(1) Cf. Gn 1, 29. (2) Cf. Mt 25, 31-46. (3) Sl 8, 5-6.
Bíblia de Jerusalém (Revista), 9ª ed., Paulus, São Paulo, 1973
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Pe. Antônio de Lima Brito nds
Nasceu em Camocim, Ceará, em 1941. É membro da Congregação dos Religiosos de Nossa Senhora de Sion desde 1965. Foi ordenado Presbítero em 1975.Formado em Filosofia pela Faculdade Nossa Senhora Medianeira, São Paulo, e em Teologia pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, São Paulo. É pós-graduado em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.Desde 1969, estuda animação vocacional e trabalha nessa área. Tem prestado relevantes serviços a dioceses e congregações religiosas brasileiras na organização e dinamização dessa pastoral. Atua também junto a educadores e alunos de escolas públicas e particulares. Foi pároco da Igreja São José do Ipiranga, São Paulo, por mais de 10 anos. Atualmente, coordena o Centro de Formação de Animadores Vocacionais Sioniense - CENFAVOS
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CENTRO DE FORMAÇÃO DE ANIMADORES VOCACIONAIS SIONIENSE
Rua Lino Coutinho, 436 - Ipiranga - São Paulo - SPFone: (11) 2619-9314 - (11) 97337-7605
[email protected] - www.cenfavos.org.br
EXPRESSÕES DE HUMANIDADE
A alegria é indispensável ao acolhimento, sobretudo, em
se tratando do primeiro contato. É uma chave mágica
que abre toda porta humana. É uma ordem de coman-
do que desarma todos. O alegre é um conquistador de
simpatia. Relaciona-se, quase sempre, com facilidade e
êxito. Qual é a razão da força da alegria? Ela indica har-
monia, felicidade, desejo de todos, homens e mulheres.
Ao depararmos com alguém alegre, percebemos que a
felicidade é possível. Sentimo-nos acolhidos e amados
por ele. O alegre valoriza-nos tanto que faz do encontro
conosco uma festa. Ser alegre é ver os outros como mo-
tivo de festejo (35).
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