Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens...

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo Dissertação de Mestrado em: Ciências do Desporto com especialização em Jogos Desportivos Colectivos Filipe Miguel Branquinho Vaz Vila Real, Maio de 2015

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Explorando a sincronização dos movimentos dos

jovens futebolistas ao longo do jogo

Dissertação de Mestrado em:

Ciências do Desporto com especialização em

Jogos Desportivos Colectivos

Filipe Miguel Branquinho Vaz

Vila Real, Maio de 2015

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Este trabalho foi expressamente elaborado

com vista à conclusão do 2º Ciclo de estudos

em Ciências do Desporto e à obtenção do grau

de Mestre em Desporto: Especialização em

Jogos Desportivos Colectivos.

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

AGRADECIMENTOS III

AGRADECIMENTOS

Tal como no futebol, a vida é um sistema complexo, aberto, dinâmico e caótico pelo

que ao longo destes anos tive a honra e felicidade de contactar com centenas de milhares

de pessoas que me fizeram ser como e quem sou hoje em dia!

Na busca incessante que elaboro na tentativa de encontrar essas pessoas deparo-me

com a dificuldade e impossibilidade de nomear/relembrar cada uma dessas pessoas

contudo, este trabalho também é vosso.

Dessa forma, irei somente destacar um conjunto reduzido de pessoas/grupo que me

permitirá abranger o número máximo de pessoas a quem sinto que devo honrar o seu

nome neste trabalho que tanto orgulho lhes dará!

O primeiro grupo (porque sim!) pertence à minha família! Felizmente tenho uns

pais que sempre se esforçaram para que eu e a minha irmã pudéssemos lutar por tudo o

que sonhamos/ambicionamos! Ao meu Avô José, minha Avó “da aldeia” e Tio Né que

estão lá cima a olhar por nós todos! À minha irmã por ser minha irmã e basta! A todos

os outros familiares por serem do meu sangue!

Posteriormente agradecer a todos aqueles a quem eu considero como amigos…no

Karaté destacar três pessoas especiais entre tantas outras magnificas pessoas: Sensei

Mário Marques, Zé e Hélder….o sentimento é inexplicável. OSS! Ao Sensei H.

Kanazawa por ter ser um ídolo desde que me lembro.

Passamos para o “grupo” da Faculdade e, primeiramente queria destacar aquele

grupo fantástico que ao longo da licenciatura me permitiu estar feliz em Vila Real (Dino,

Fábio, Fred, Jorge e Xico….saudades vossas meus irmãos!); posteriormente enaltecer o

professor e orientador desta Tese, o Professor Jaime Sampaio pela forma como me

cativou nas suas aulas e, por toda a paciência e incentivo na conclusão desta tese; ao

Professor Vítor Maçãs pelas suas aulas de futebol; ao Professor Nuno Leite por quem

a empatia que criei por si me leva a destaca-lo neste momento. Não menos importante

para a conclusão desta tese esteve o papel fundamental do Bruno Gonçalves (muito

obrigado por tudo!) e da Alex! Por último, às pessoas (Alexandra, Débora, Isabel,

Marisa e Tracy) que me convidaram para ser seu padrinho…não sei o que viram em

mim para ter um papel tão importante na vossa vida académica mas aceitei com muito

gosto!

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

AGRADECIMENTOS IV

Apesar de não os ter conhecido na faculdade obviamente não podia deixar passar

em vão a importância dos amigos do infantário/básico e secundário. Esquerda, Pedro,

gémeos, Ló, Sandro; Sandrine; Raquel; Vanessas; Rita e Marília etc….que contente fico

em vos ver bem! Às gémeas (Elisa, Camila, Vanessa e Pamela) pela amizade criada! E a

todos os professores(as) com quem tive o prazer de aprender (em especial à Prof.

Elisabete).

Não menos importante está o “grupo da bola”….A todos os meus colegas de

equipa (João Paulo, Joãozinho; Sobral, Rui Mário, Hélio, Manu, David, Filipão, Lalá,

Mika etc etc etc); aos meus treinadores (Tito, Augusto, Sr. Camilo, Antas, Rochinha e

Hernâni…penso não me ter esquecido de nenhum); às pessoas (treinadores) que muito

me ensinaram até hoje (João Baptista; Andreia, Pipito, e Liliana…aos adjuntos Miro,

Cardoso, Luís Silva, João Luís, Garcia, Pedro Bessa, Pedro Vilar, Inácio e Garcia… não

esquecendo também o Arantes, Fábio Araújo, Dani, Pedro Silva, Reis, Baía, José

Miranda, Isabel, Telmo, Álvaro, Mesquita, Gustavo, Fábio Ferreira e André Mota…ainda

aos Coordenadores Carlos Campos e Ângelo Caetano…e por último mas não menos

importante, Nuno Faria!!!) e às referências (Josep Guardiola, José Mourinho, Tiago

Moreira, João Neves, Miguel Lopes e Mara Vieira) e, obviamente a todos os meus

pernetas fraquinhos que eu já tive a oportunidade de treinar (tal como já havia dito

anteriormente “acordo e trabalho para que TODOS possam viver as melhores

experiências possíveis”; um dia quero ver-vos lá cima ). Não posso esquecer a “minha”

primeira equipa: o futebol feminino da UTAD! Por fim, agradecer a alguém por quem

o sentimento de respeito e admiração é difícil de explicar: o Professor Vítor Frade.

Não posso também deixar de destacar uma pessoa como o Jocelino! E, para

terminar queria deixar dois agradecimentos muito especiais para a D. Rosa (e família) e

D. Armanda (e família) por me terem recebido em suas casas como um se eu fosse vosso

filho e, por me permitirem sentir como em “minha casa”.

Termino com a certeza da felicidade dos bons (e maus) momentos que já passei

convosco e, apesar de não conviver diariamente com a maioria de vocês acreditem que

tenho um carinho muito especial por todos vocês (apesar de muitas vezes parecer ausente

e insensível às vossas manifestações de carinho!).

Um muito (sincero) OBRIGADO! OSS!!

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

RESUMO V

RESUMO

As equipas de futebol possuem um determinado tipo de organização que, quanto

melhor for a coordenação entre todos os factores que a influenciam, melhor será a

optimização do rendimento da equipa. O objectivo do presente trabalho foi comparar a

percentagem de sincronização nos movimentos das díades de futebolistas durante vários

períodos de um jogo de futebol. A amostra foi constituída por 22 jogadores de futebol do

género masculinos (idade: 18.1±0.7 anos de idade; massa corporal: 70.5±4.3 Kg; altura:

1.8±0.3 m; épocas como federado: 9.4±1.3), pertencentes a uma equipa da 1ª Divisão do

Campeonato Nacional de Juniores (Zona Norte, época de 2010-11). Os 22 jogadores

realizaram um jogo recorrendo ao porte de um dispositivo GPS cuja função permitiu-nos

ter 5 dados por segundo da localização, em termos espaciais, da localização de cada um

dos jogadores no terreno de jogo levando-nos posteriormente a percebermos como é que

os jogadores se movimentam e interagem ao longo do jogo de futebol. Os dados dos dois

Guarda-Redes foram excluídos de análise. Tal como esperado, encontramos o par de

jogadores “Defesa Central Esquerdo – Defesa Central Direito” como o par que passou

mais tempo coordenado independentemente do sentido de jogo ou seja,

independentemente se a equipa se encontra a atacar ou a defender, o par de jogadores que

passa mais tempo coordenado é o “Defesa Central Esquerdo – Defesa Central Direito”.

Pela percepção dos riscos que uma descoordenação no sector defensivo pode provocar na

obtenção de um golo para o adversário, os jogadores que actuam no sector defensivo,

tendem a assumir comportamentos mais previsíveis e mais coordenados entre si e entre

os restantes companheiros de equipa. Outros factores que contribuem para o aumento do

tempo de coordenação entre pares de jogadores são as proximidades entre os pares;

missões tácticas semelhantes; corredor de jogo e as variáveis situacionais do jogo. Quanto

a este último ponto, fizemos uma comparação por Período de jogo das ligações

estabelecidas entre as diferentes díades de jogadores e, verificamos que há uma tendência

de os jogadores assumirem ligações mais fortes no início de cada uma das partes do jogo

e, com o desenrolar do mesmo parece haver a tendência das ligações fortes diminuírem

e, aumentarem as ligações fracas.

Palavras chave: Coordenação; Futebol; Períodos de jogo; Ligações; Díades.

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

ABSTRACT VI

ABSTRACT

Football teams have a certain type of organisation that is boosted by inter-player

synchronisation. The purpose of this study was to compare the synchronisation

percentages from dyads of players during various periods of a football game. The sample

consisted of 22 male football players (age: 18.1±0.7 years old; body mass: 70.5±4.3 Kg;

height: 1.8±0.3 m and playing experience: 9.4±1.3), playing at elite youth team of a 1st

Division of National Portuguese Championship (North Zone, season 2010-11). All the 22

players performed a game wearing a 5Hz GPS device whose function, providing the

location of each player on the pitch. Data from the two Goalkeepers were excluded from

analysis. As expected, we find that the dyad of players “Left Central-Back – Right

Central-Back” as the pair that spent more time synchronised regardless of the direction

of play. That is, whether the team is attacking or defending, the pair of players more

synchronised was “Left Central-Back – Right Central-Back”. The perceived risk that a

lack of synchronisation in the defensive pitch can have on getting a goal for the opponent,

players operating in the defensive sector, tend to take more predictable behavior and more

coordinated with each other and among the remaining team mates. Other factors

contributing to the increase in time coordination between pairs of players are also the

proximity of the pairs; similar tactics missions; section of play and situation variables of

the game. Related to the last point, we made a comparison per game period of the

connections established between the different dyads of players and we find a tendency

for the players to take stronger connections at the beginning of each part of the game and,

with the course of the game seems to have a trend of strong connections decrease and

increase the weak connections.

Keywords: Coordination; Football; Periods of play; Connections; Dyads.

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

INDICE GERAL VII

Índice Geral

Agradecimentos ............................................................................................................... III

Resumo ............................................................................................................................ V

Abstract .......................................................................................................................... VI

Índice Geral ................................................................................................................... VII

Índice de Quadros ......................................................................................................... VIII

Índice de Figuras ............................................................................................................ IX

Abreviaturas...................................................................................................................... X

1. Introdução ..................................................................................................................... 1

2. Objectivos ................................................................................................................... 13

3. Metodologia ................................................................................................................ 14

3.1 Participantes ........................................................................................................ 14

3.2 Procedimentos ..................................................................................................... 14

3.3 Equipamentos ...................................................................................................... 15

3.4 Processamento das Variáveis Posicionais ........................................................... 15

3.5 Processamento dos dados e análise estatística ..................................................... 17

4. Resultados ................................................................................................................... 18

5. Discussão dos Resultados ........................................................................................... 25

6. Conclusão .................................................................................................................... 35

7. Bibliografia ................................................................................................................. 38

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

INDICE DE QUADROS VIII

Índice de Quadros

Quadro 1: Correlações intra e inter-sectoriais defensivas/ofensivas .............................. 19

Quadro 2: Correlações intra e inter-sectoriais ofensivas/defensivas .............................. 21

Quadro 3: Número de ligações das diferentes díades de jogadores entre os 4 períodos de

jogo .......................................................................................................................... 22

Quadro 4: Comparação do número de ligações das diferentes díades entre o início de

cada parte da partida com o os finais de cada parte da partida ....................................... 24

Quadro 5: Comportamento das equipas relativamente ao tipo de ligações estabelecidas

entre as diferentes díades de jogadores ........................................................................... 24

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

INDICE DE FIGURAS IX

Índice de Figuras

Figura 1: Coordenação “Em-Fase”: ambos os jogadores aproximam relativamente ao

Centroide ........................................................................................................................ 17

Figura 2: Coordenação “Em-Fase”: ambos os jogadores afastam-se relativamente ao

Centroide ........................................................................................................................ 17

Figura 3: Coordenação “Anti-Fase”: Em relação ao Centroide, o Jogador A está a

afastar-se enquanto que Jogador B está a aproximar-se (movimento antagónico) .. 17

Figura 4: Coordenação “Anti-Fase”: Em relação ao Centroide, o Jogador A está a

aproximar-se enquanto que Jogador B está a afastar-se (movimento antagónico) .......... 17

Figura 5: Campogramas Equipa 1 ................................................................................... 31

Figura 6: Campogramas Equipa 2 ................................................................................... 32

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

ABREVIATURAS X

ABREVIATURAS

ABREVIATURA DESCRIÇÃO

CD Centroide Defensivo

DC Defesas Centrais

DCD Defesa Central Direito

DCE Defesa Central Esquerdo

DL Defesas Laterais

DLD Defesa Lateral Direito

DLE Defesa Lateral Esquerdo

EE Extremo Esquerdo

ED Extremo Direito

GPS Sistema de Posicionamento Global

km/h Quilómetros por hora

MC Médio Centro

Nº Número

PL Ponta de Lança

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

INTRODUÇÃO 1

1. INTRODUÇÃO

Na aparência simples de um jogo de Futebol esconde-se um fenómeno que assenta

numa lógica complexa, decorrente da elevada imprevisibilidade e aleatoriedade dos

factos do jogo, o que conduz a dificuldades acrescidas na previsão dos desfechos das

partidas (Garganta, 1997), sendo talvez estes os ingredientes que anos após anos foram

tornando o jogo de futebol como a modalidade desportiva de maior expressão mundial,

alcançando uma popularidade sem precedentes na história da humanidade (Garganta,

1997, 2006a; Giacomini & Greco, 2008; Graça & Mesquita, 2002; Pollard & Reep, 1997;

Reilly, 1996). Actualmente, o Futebol é praticado, sem excepção, em todas as nações

(Reilly, 1996).

O jogo de futebol é um jogo entre duas equipas. Quando uma das equipas detém a

posse da bola, os seus elementos interagem na tentativa de tenta ultrapassar a oposição

dos adversários no sentido de se aproximar da baliza, rematar e marcar golo. Por sua vez,

os elementos da equipa que não possui a bola, necessitam de estabelecer relações de

cooperação no sentido de impedir a progressão e os remates dos adversários, ao mesmo

tempo que tenta apoderar-se da bola para atacar (Duarte, Araujo, Correia, et al., 2013;

McGarry, Anderson, Wallace, Hughes, & Franks, 2002; Wade, 1978) pois a finalidade

dos comportamentos dos jogadores é guiada pelo objectivo de vencer o jogo (Dietrich,

1978; Gréhaigne, 1989; Oslin, Mitcheli, & Griffin, 1998). Trata-se, portanto, de uma luta

incessante pelo tempo e pelo espaço, dentro dos constrangimentos impostos pelo

regulamento, no sentido de que sejam realizadas as tarefas pretendidas (Garganta, 1997).

Vários autores vêm colocando este jogo no lote dos denominados Jogos

Desportivos Colectivos (Castelo, 2006, 2009; Duarte, Araujo, Correia, et al., 2013;

Garganta, 1997; Teodorescu, 1984) tal como o Basquetebol, Andebol, Futsal entre outros.

Estes podem ser considerados de acordo com a sua natureza e similaridade (Bunker &

Thorpe, 1982; Gréhaigne, 1989, 1992; Gréhaigne & Godbout, 1995; A. Pinto, 2007;

Ramos, 2003) estando o Futebol no grupo de jogos de invasão/território (Bayer, 1994;

Bunker & Thorpe, 1982; Carvalho, 2003; Castelo, 2003; Garganta & Pinto, 1998;

Gréhaigne, 1992; Leal & Quinta, 2001; Moreno, 1994; Teodorescu, 1984). De acordo

com alguns autores (Bayer, 1994; A. Pinto, 2007), as modalidades que se incluem neste

grupo possuem em comum as seguintes características: existência de um objecto (bola,

disco), que pode ser jogado pelo jogador quer com a mão, quer com o pé ou por

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 2

intermédio de um instrumento; um terreno de jogo estandardizado que limita a acção dos

jogadores; um alvo a atacar ou a defender (baliza, cesto); os companheiros que,

cooperando, ajudam a progressão da bola; os adversários cuja oposição é preciso vencer;

e, por fim, a existência de um regulamento que necessita ser respeitado. Deste modo, este

processo envolve uma forte componente de interacção e coordenação entre os diferentes

elementos que os obrigam a actuar como um grupo/equipa e exibir relações intra e inter

pessoais/equipa com o objetivo de ganhar o jogo (Davids, Araújo, & Button, 2012;

Duarte, 2012; McGarry et al., 2002; Travassos, Araujo, Correia, & Esteves, 2010).

Sendo que os jogos desportivos colectivos disputam-se num contexto

permanentemente variável (Garganta, 1996, 1997; Konzag, 1991; Morino, 1985; Pawels

& Vanhille, 1985; A. Pinto, 2007; Pittera & Riva, 1982), de oposição e cooperação

(Delfini, 1994; Garganta, 1997; Konzag, 1991; Moreno, 1994; Sisto & Greco, 1995) onde

o factor estratégico-táctico assume uma importância capital (Barth, 1994; Deleplace,

1994; Gréhaigne, 1989; Mombaerts, 1996), muitos autores consideram o jogo de futebol

como um sistema constituído por outros sistemas dando assim origem a vários

subsistemas (Gréhaigne, 1989) com interacções intra e inter-dinâmicas (Lames &

McGarry, 2007), sendo portanto um sistema aberto, dinâmico, complexo e não-linear

(Bourbousson, Seve, & McGarry, 2010b; Castelo, 1992; Cunha e Silva, 1995; Davids,

Araújo, & Shuttleworth, 2005; Dunning, 1994; Garganta, 2005, 2006b; Garganta &

Gréhaigne, 1999; Grehaigne, Bouthier, & David, 1997; Júlio & Araújo, 2005; Lames &

McGarry, 2007; McGarry, 2005; McGarry et al., 2002) e caótico (Dunning, 1994) sendo

estes extremamente sensíveis a pequenas perturbações (Dunning, 1994; Garganta, 2008;

Tarnowski, 1993). Ou seja, ténues diferenças nas condições iniciais poderão, portanto,

em certas circunstâncias, levar a mudanças maiores no comportamento do sistema

(Garganta, 2008; Santos, 1989).

Neste tipo de sistemas, o comportamento colectivo emerge a partir de padrões de

coordenação interpessoal entre os seus agentes (Bar-Yam, 2005; Frencken, Lemmink,

Delleman, & Visscher, 2011; Passos et al., 2009), como resultado de trocas de energia,

matéria e informação entre eles (exemplo: os jogadores) e o meio ambiente (exemplo:

constrangimentos do jogo que afectam constantemente o comportamento dos jogadores)

(Beek, Peper, & Stegeman, 1995; Kugler, Kelso, & Turvey, 1980). Turvey (1990) afirma

que neste tipo de sistemas, todos os elementos cooperam espontaneamente no sentido de

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 3

atingir um “entendimento comum” para atingir os objectivos pretendidos. Para este

denominado “entendimento comum”, alguns autores sugerem a emergência do conceito

de sinergias (Bernstein, 1967; Turvey, 2007) interpessoais como um conceito chave para

a compreensão do processo em que as componentes individuais (os jogadores) quando

partilham tarefas comuns, interagem no sentido de aumentar a coordenação entre os seus

elementos, reduzir os graus de liberdade do sistema (equipa), criando assim a emergência

de um único comportamento colectivo (Riley, Richardson, Shockley, & Ramenzoni,

2011), ficando o sistema muito maior que a soma das suas partes (Sumpter, 2006). Assim

sendo, visto que indivíduos/jogadores apesar de possuírem altos níveis de variabilidade

individual na sua tomada de decisão necessitam de coordenar as suas relações com os

restantes companheiros no intuito de atingir as suas metas então, uma equipa de futebol

pode ser considerado como um “superorganismo” (Seeley, 1989; Wilson & Sober, 1989;

Wilson & Wilson, 2007) demonstrando a emergência dos padrões da coordenação

interpessoal dos diferentes elementos que a constituem (Duarte, 2012).

A optimização dos sistemas complexos como o caso do futebol levam à

denominada performance desportiva, decorrendo esta de um alto grau de

desenvolvimento e especialização de diversos factores durante o processo de treino

(Bangsbo, 2002; Castelo, 2002; Dantas, 1998; Folgado, Duarte, Fernandes, & Sampaio,

2014; Garganta, 1997, 2006a; Sampaio & Maças, 2012), tradicionalmente agrupados em

quatro macrodimensões: táctica, técnica, física e psicológica (Bangsbo, 1994; Castelo,

2002; Dellal et al., 2010; Kunze, 1981; Miller, 1995; Ramos, 2003; Soares, 2005;

Tavares, 1993). Sendo que para (Seirul-lo, 1993) a optimização dum sistema num dado

momento, resulta da confluência de distintos níveis de organização dos demais sistemas

que o compõem. É a concordância dessas confluências que mediatiza o caminho da

optimização.

Nesse sentido, vários autores têm procurado perceber os constrangimentos que

caracterizam os diferentes jogos desportivos, no sentido de modelar um quadro de

exigências que se constitua como referência fundamental para o treino (Dufour &

Verlinden, 1994; Garganta, 1997; Garganta & Silva, 2000; Gréhaigne, 1989; Reep &

Benjamin, 1968; Sampaio & Maças, 2012). Contudo, apesar de vários autores salientarem

a pertinência de uma análise orientada para a vertente estratégico-táctica do jogo (Barth,

1994; Deleplace, 1994; Garganta, 1997, 2001; Gréhaigne, 1989; Mombaerts, 1996) a fim

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 4

de se entenderem em termos de interacções espácio-temporais entre os jogadores e não

só as exigências individuais de cada jogador ao longo do jogo (Folgado, Duarte, et al.,

2014; Gréhaigne, Godbout, & Bouthier, 1999; Stacey, 1995). Contudo, a verdade é que

no domínio da investigação e da produção bibliográfica, a performance no jogo de

Futebol foi, e continua a ser, largamente referenciada a partir de factores energéticos e

biomecânicos e das características fisiológicas dos jogadores (Bangsbo, 1994; Faina et

al., 1988; Reilly, 1990; Talaga, 1984). Estão nestes casos, por exemplo, a utilização da

Frequência Cardíaca para quantificar o dispêndio físico de cada jogador (Bangsbo, Mohr,

& Krustrup, 2006; Brito, Krustrup, & Rebelo, 2012; Jeong, Reilly, Morton, Bae, & Drust,

2011) pela sua relação com o consumo energético (Castagna, Impellizzeri, Chaouachi,

Bordon, & Manzi, 2011; Jeong et al., 2011; Little & Williams, 2007). Também foram

feitos diversos estudos na descrição dos padrões de movimentos durante o treino

(Barbero-Alvarez, Coutts, Granda, Barbero-Alvarez, & Castagna, 2010; Dellal et al.,

2012; Krustrup, Mohr, Ellingsgaard, & Bangsbo, 2005) e na competição (Carling &

Dupont, 2011; Di Salvo et al., 2007; Lago, Casais, Dominguez, & Sampaio, 2010).

Contudo, na nossa opinião, este tipo de indicadores pouco informam acerca da forma

como a equipa joga, como os seus elementos interagem uns com os outros e que tipos de

padrões de movimentos é que são verificados pois, os dados observados centram-se em

estudos de análise quase exclusivamente a indicadores individuais (Issurin, 2010; Smith,

2003).

Nesse sentido, o estudo do comportamento dos intervenientes do jogo, centrado nas

acções e interacções dos actores e na sua relação com o envolvimento pode proporcionar

outro tipo de informação relevante. É nas articulações do sistema que este tece a sua

identidade e é também nelas, e através delas, que cria condições para a manter ou alterar,

em função das circunstâncias e das respectivas debilidades e mais-valias dos

intervenientes (Garganta, 2005). Actualmente, acredita-se que as equipas desportivas

podem ser estudadas como sistemas sociais (Frencken et al., 2011) tendo os primeiros

estudos sido realizados através da análise do comportamento em sistemas colectivos da

natureza no intuito de chegar ao entendimento de como é que as grandes populações de

organismos interagem e adaptam as suas acções para atingir objectivos comuns

(Deneubourg & Goss, 1989). Por exemplo, os estudos dos sistemas biológicos relevaram

a emergência espontânea (não controlada externamente) de comportamentos colectivos

em cardumes de peixes (B. Partridge, 1982; B. Partridge & Pitcher, 1979), enxames de

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 5

abelhas (Visscher & Camazine, 1999) e colónias de formigas (Mallon, Pratt, & Franks,

2001; Pratt, Mallon, Sumpter, & Franks, 2002). Leis semelhantes foram encontradas em

estudos do comportamento humano tais como a origem das denominadas “ondas

mexicanas” em eventos desportivos de larga escala (Farkas, Helbing, & Vicsek, 2002),

fuga em situações de pânico (Farkas & Vicsek, 2005; Helbing, Farkas, & Vicsek, 2000)

ou os fluxos de trafego (Yuan, Wang, Xu, & Li, 2005).

Tal como já foi exposto anteriormente, acredita-se que o factor estratégico-táctico

assume uma preponderância fulcral no que toca aos jogos desportivos-colectivos (Barth,

1994; Deleplace, 1994; Gréhaigne, 1989; Mombaerts, 1996) consideram-se portanto que

uma das principais chaves na performance no futebol é o posicionamento da equipa e a

distribuição dos jogadores no campo (Duffield, Reid, Baker, & Spratford, 2010;

Kannekens, Elferink-Gemser, & Visscher, 2011), porque reflecte a tomada de decisão

colectiva no respeito pelos princípios de jogo definidos pela equipa. Nesse sentido, uma

das mais importantes tarefas a realizar é a identificação de variáveis tácticas que possam

ilustrar/capturar o comportamento emergente (Bourbousson, Seve, & McGarry, 2010a;

Duarte, Araujo, Correia, & Davids, 2012).

No intuito de se conseguir captar o comportamento dos jogadores, diversos estudos

têm sido realizados recorrendo a dispositivos como o GPS. A validade e fiabilidade deste

tipo de aparelho tecnológico já foi comprovada através de diversos estudos (Coutts &

Duffield, 2010; Duffield et al., 2010; Gray, Jenkins, Andrews, Taaffe, & Glover, 2010;

Johnston et al., 2012; MacLeod, Morris, Nevill, & Sunderland, 2009) sendo usualmente

testada via uso de uma Simulação de Circuito para Desportos Colectivos (Coutts &

Duffield, 2010; MacLeod et al., 2009). Estes dispositivos também têm sido utilizados

para a captura de comportamentos complexos em grupo (Duarte, Araujo, Correia, et al.,

2012; Duarte, Araujo, Correia, et al., 2013; Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013; Passos,

Araujo, Davids, Gouveia, & Serpa, 2006) através da análise de variáveis relacionadas

com o grau de dispersão e agregação das equipas no terreno de jogo, comumente

denominadas de “variáveis posicionais compostas” (Duarte, Araujo, Correia, et al., 2012),

como por exemplo:

i) A área ocupada pelas equipas (Frencken et al., 2011; Schollhorn, 2003)

que é calculada como a área de um polígono através da ligação dos jogadores

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 6

posicionados na periferia do campo e, expressa as formas e a área ocupada por toda a

equipa em cada momento do jogo e sua variação ao longo do jogo.

ii) O centro geométrico da equipa (Lames, Erdmann, & Walter, 2010;

Schollhorn, 2003; Yue, Broich, Seifriz, & Mester, 2008a) que é calculado através da

posição média de todos os jogadores ao longo do jogo em ambos os eixos de direcção

(x,y) e, representa o ponto médio da equipa ou “centro de massa” da equipa; e através

dela podem-se verificar os movimentos oscilatórios da equipa seja em termos de

aproximação/afastamento das balizas ou das linhas laterias. Também pode ser utilizado

como um indicador de proximidade das equipas.

iii) O “stretch índex” da equipa (Bourbousson et al., 2010b) que segundo (Yue

et al., 2008a) também é conhecido como “radius”, é calculada como a média da distância

vectorial de cada jogador para o centro de equipa correspondente (Yue et al., 2008a)

sendo a alternativa possível o cálculo da decomposição das posições dos eixos x e y dos

movimentos dos jogadores. Esta variável representa o valor médio da dispersão dos

jogadores à volta do centro geométrico de cada equipa que, segundo (Bourbousson et al.,

2010b) varia em função das trocas de posse de bola entre as equipa.

iv) O “team range”, também conhecido como o comprimento e a largura da

equipa (Lames et al., 2010), é calculado a partir da diferença entre a posição máxima e a

mínima dos jogadores em termos do sentido do eixo do x para a profundidade e do eixo

do y para a largura da equipa. Representa portanto o tamanho da equipa em termos de das

direcções de profundidade e de largura podendo revelar como estão espalhadas as equipas

no terreno de jogo.

Com a referência aos sistemas de detecção do posicionamento do jogador, novos

estudos foram surgindo no sentido de revelar como é que os jogadores e as equipas

interagem constantemente durante o jogo (Duarte, Araujo, Correia, et al., 2012). Por

exemplo, foi demonstrado que o centro geométrico e o team ranges (largura e

profundidade) entre duas equipas de futebol em confronto tendem a mover-se fortemente

sincronizado no sentido longitudinal (baliza-baliza) e lateral (linha lateral-linha lateral)

(Lames et al., 2010). Situação semelhante foi verificada nos estudos de Duarte, Araujo,

Freire, et al. (2012); Frencken and lemmink (2008); Frencken et al. (2011) e Bourbousson

et al. (2010b) relativamente aos altos níveis de sincronização entre os centros das equipas

em termos do plano longitudinal (baliza-baliza). Usando a medida do stretch índex, (Yue

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 7

et al., 2008a) também encontraram uma forte sincronização dos centros geométricos no

sentido longitudinal contudo, relativamente ao sentido lateral apesar de se verificar uma

relação dinâmica em anti-fase (ou seja, quando uma equipa está contraída a outra está

estendida no terreno de jogo) com um atraso de cerca de 2 segundos. Alguns autores

(Bourbousson et al., 2010b; Frencken & lemmink, 2008; Yue, Broich, Seifriz, & Mester,

2008b) sugerem que tal situação acontece porque quando uma equipa está a atacar tende

a expandir (abrir) no sentido de aumentar as distâncias entre os defesas abrindo assim

espaços por forma a criar perigo na baliza adversária; em contra partida, a equipa sem

posse de bola tende a contrair-se (fechar) juntando os seus jogadores e diminuindo as

distâncias entre eles resultando assim numa área de ocupação menor. Sendo estes

comportamentos de contracção versus expansão da equipa segundo Bourbousson et al.

(2010b) estão tipicamente relacionados com as trocas de posse de bola entre as equipas.

Dessa forma, a equipa com mais posse de bola deverá ter uma maior dispersão dos seus

jogadores no terreno de jogo comparativamente à equipa adversária (Bourbousson et al.,

2010b). Relativamente à coordenação no plano longitudinal, visto que o objectivo do jogo

é marcar golos então à partida o centroide da equipa que está a atacar move-se na direcção

da baliza adversária e, em contra partida, é esperado que o centroide da equipa sem posse

de bola recue na direcção da baliza que defendem pois essa equipa tem por objectivo

prevenir e impedir que a equipa adversária marque golo (Frencken & lemmink, 2008).

Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013) observaram um jogo de futebol da Premier

League e verificaram que apesar de haver uma sincronização a nível dos centros

geométricos das equipas, repararam através do “team ranges” que ambas as equipas

apresentaram estratégias de jogo completamente diferentes, já que a equipa da casa

mostrou ter uma tendência em apresentar padrões colectivos de comportamento

caracterizados por altos níveis de profundidade, enquanto que a equipa visitante

apresentou padrões de comportamento em que a propagação lateral foi predominante nos

dois períodos da partida. Segundo os autores, estes dados sugerem que a equipa visitante

tentou predominantemente explorar os espaços laterais do campo, possivelmente através

de uma maior circulação lateral da bola (característica de equipas em jogam em ataque

organizado). Em contra partida, a equipa da casa tentou explorar predominantemente os

espaços livres em profundidade o que provavelmente poderá estar relacionado com um

número mais reduzido de passes entre os seus elementos e com um estilo de jogo mais

directo (Franks, 1996).

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 8

Apesar destes estudos terem sido muito importantes, Frencken, Poel, Visscher, and

Lemmink (2012) afirmam que no caso do jogo formal de futebol 11 contra 11, o centro

da equipa não apresenta grande variabilidade e poder descritivo relativamente à forma

como a equipa joga e como os seus intervenientes interagem entre si. Neste seguimento,

Gonçalves, Figueira, Maças, and Sampaio (2014) sugerem que a definição de centroides

específicos por sectores (defensivo, intermédio e ofensivo) possa capturar o

comportamento táctico dos jogadores com mais precisão.

No sentido de aumentar o conhecimento acerca do comportamento colectivo nos

jogos desportivos colectivos e de se compreender melhor a forma como os intervenientes

(jogadores) interagem entre si, outros estudos foram elaborados no âmbito do futebol

utilizando técnicas de processamento de sinal (como exemplo a fase relativa)

(Bourbousson et al., 2010a, 2010b; Duarte, Araujo, Correia, et al., 2012; Folgado, Duarte,

et al., 2014) que, segundo Bourbousson et al. (2010b) e Kurz and Stergiou (2004) podem

ser utilizadas para descrever e quantificar a sincronização espacial e temporal entre dois

agentes oscilantes.

Nesta visão acerca do jogo, Sampaio e Maças (2012) realizaram um estudo pré-pós

teste para avaliar os comportamentos tácticos em jogos reduzidos de alunos universitários

sujeitos a um período de treino em futebol, tendo calculado a fase relativa das distâncias

entre cada jogador e a sua posição ao centroide da equipa. No pré teste não foram

revelados fortes indicadores de coordenação entre as diferentes díades de jogadores

contudo, 13 semanas de treinos após o pré-teste, os dados do pós-teste permitiram

identificar um aumento na estabilidade no sentido de coordenação em modos de em-fase

e em anti-fase. Sugerindo assim que o aumento do conhecimento táctico/expertise leva a

aumentos de níveis de coordenação.

Os mesmos autores vão portanto ao encontro de Duffield et al. (2010) e Kannekens

et al. (2011), sugerindo que o posicionamento dinâmico dos jogadores possa ser um

indicador de performance relevante porque oferece informações acerca do espaço

ocupado pela equipa, da distribuição dos jogadores no campo e como é que os

constrangimentos do ambiente (jogo) afectam a dinâmica da equipa. Por outro lado, como

o posicionamento de cada jogador é condicionado do ponto de vista estratégico e táctico

então, seria esperado que jogadores expert pudessem possuir repetidos padrões de

comportamento resultando em níveis de coordenação superiores comparativamente a

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 9

jogadores não-expert. Mesmo tendo por base o respeito pela natureza do caos, o

posicionamento dos jogadores expert deverá ser mais regular (Sampaio & Maças, 2012).

Folgado, Lemmink, Frencken, and Sampaio (2014), elaboraram um estudo onde

através do rácio da profundidade da equipa pela largura tentaram comparar o

comportamento táctico de jovens jogadores de diferentes idades e diferentes níveis de

expertise. Os resultados obtidos reforçaram a ideia de que um estado maior de

estabilidade de coordenação poderá estar relacionado com o aumento do conhecimento

táctico do jogo e consequentemente uma melhor performance. Estes dados parecem estar

de acordo com o estudo prévio de Sampaio e Maças (2012).

Esta situação foi também verificada por outros autores em expertise onde

demonstraram que os jogadores expert possuem uma melhor capacidade perceptiva e

cognitiva (MacMahon, Starkes, & Deakin, 2009; Poplu, Ripoll, Mavromatis, & Baratgin,

2008) levando a que o seu processo de decisão seja muito mais relacionado com os

padrões estruturais do momento ou seja, depende da posição do jogador, da sua orientação

e direcção (Couzin, 2009; Poplu et al., 2008) já que segundo Bardy e Laurent (1998)

sugeriram que, os jogadores expert são mais sensíveis a informações visuais no sentido

de explorar e utilizar a variabilidade momentânea para aumentar a estabilidade do

comportamento em sistemas de elevado nível de organização.

Portanto, aumentar a qualidade do jogador (expertise) deverá contribuir para um

aumento na coordenação inter-jogadores (Sampaio & Maças, 2012) pois os jogadores

tendem a ajustar constantemente a sua posição no campo (MacMahon et al., 2009; Poplu

et al., 2008) de forma a estarem o melhor posicionado possível. Sampaio e Maças (2012)

sugerem ainda que os padrões de movimentos que os jogadores possuem estão mais

dependentes do posicionamento dos seus colegas de equipa do que do local de campo em

si.

Também utilizando a análise da fase relativa, Travassos, Araujo, Vilar, e McGarry

(2011) realizaram o primeiro estudo no sentido de verificar as tendências de coordenação

das díades intra-equipa num jogo de futsal (5 contra 5). Este estudo mostrou uma forte

atracção dos comportamentos em-fase para a equipa sem posse de bola mas uma fraca

atracção entre os elementos da equipa com posse de bola sugerindo que na presença da

posse de bola os seus elementos tentam explorar diversas interacções dinâmicas para

perturbar a estrutura defensiva do adversário.

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 10

Estudo semelhante foi realizado por Gonçalves et al. (2014) mas neste caso o jogo

analisado foi um jogo formal de 11 contra 11. Neste estudo foi analisada a relação entre

cada jogador com o seu centroide específico por sector de jogo já que os autores dividiram

a equipa em 3 sectores de jogo (defensivo, intermédio e ofensivo) tendo verificado todos

os jogadores assumiam maiores níveis de coordenação com o seu centroide específico de

posição.

Para os referidos autores, estes dados sugerem que o posicionamento de um jogador

é influenciado pelo centroide específico, provavelmente pelo facto do processo de tomada

de decisão e de coordenação intra-jogadores tornar-se facilitada quando os jogadores

possuem missões tácticas semelhantes e as distâncias são menores (Gonçalves et al.,

2014). Estes dados parecem estar de acordo com Travassos et al. (2010) quando afirmam

que é possível que missões tácticas semelhantes a diferentes escalas da equipa

(individuais, sectoriais, grupais, colectivas) possam influenciar o acoplamento de pares

de jogadores tornando-os mais coordenados) dessa forma, não será de estranhar que

estudos recentes demonstraram que os pares de jogadores com elevados níveis de

sincronização são formados por jogadores vizinhos (exemplo defesa central-defesa

central) (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Passos et al., 2011) possivelmente pela

revelação de um certo nível de dependência da proximidade para se estabelecerem níveis

superiores de movimentos sincronizados.

No que se refere aos níveis de sincronização entre os elementos da zona defensiva,

Gonçalves et al. (2014) sugerem que os jogadores compreendem os riscos associados a

descoordenações em zonas defensiva estando esta afirmação de acordo com Headrick et

al. (2012) quando afirmam que os jogadores necessitam de estabelecer maiores níveis de

coordenação em zonas próximas da baliza que defendem pois, devem tentar reduzir os

espaços abertos que o adversário queira aproveitar para fazer golo (Duarte, Araujo, Freire,

et al., 2012).

Dessa forma, os dados do estudo de Gonçalves et al. (2014) vão totalmente ao

encontro dos verificados no estudo de Duarte, Araujo, Davids, et al. (2012) sugerindo que

o sucesso dos atacantes é caracterizado por um alto nível de irregularidade enquanto que

o sucesso dos defesas possui um comportamento inverso, ou seja é caracterizado por altos

níveis de regularidade/coordenação.

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 11

Contudo, o facto de parecer existir uma forte influencia do centroide-especifico

para a tomada de decisão o mesmo não significa que é eliminada a influencia de outro(s)

tipo(s) de constrangimento(s) (Davids & Araujo, 2010; Sampaio & Maças, 2012) pois

por exemplo, ao longo do jogo, o posicionamento dos defesas pode ser afectado pelo

centroide dos médios ou dos avançados, fornecendo assim diversas opções de

possibilidades de acção. No estudo de Gonçalves et al. (2014), foi verificado uma maior

irregularidade relativamente aos jogadores que compunham o centroide ofensivo estando

os dados de acordo com o que foi encontrado em outros estudos (Duarte, Araujo, Davids,

et al., 2012; Travassos et al., 2011). Uma possível justificação para estes altos níveis de

irregularidades pode ser encontrada no tipo de tarefas que estes jogadores possuem já que

são responsáveis máximos pela criação de contínuas situações de golo imprevisíveis de

forma a surpreender o adversário (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012).

Relativamente aos outros dois centroides, foram verificados altos níveis de

coordenação dinâmica sobretudo no sector intermédio contrariamente ao que pudesse ser

espectável no sentido de ser o sector defensivo (Gonçalves et al., 2014). Estes dados

parecem estar de acordo com Kannekens et al. (2011) e Sampaio e Maças (2012) referindo

que os jogadores que actuam como médios revelaram os melhores dados no que toca ao

seu posicionamento e tomada de decisão. Gonçalves et al. (2014) chegam mesmo a

afirmar que o papel principal destes jogadores é o de controlar o centro do terreno do jogo

através de uma boa coordenação espacial inter-jogadores podendo inclusivamente ser

considerado o “core” do campo pelo que o controlo dessa zona de campo é de extrema

importância.

Folgado, Duarte, et al. (2014), a fim de clarificarem algumas problemáticas acerca

da importância das cargas físicas no decorrer da denominada “pré-época” elaborou um

estudo onde analisaram as distâncias percorridas em jogos da pré-época contra diferentes

níveis de qualidade/dificuldade de oposição (Primeira Divisão; Segunda Divisão e

Amadores) sendo estes jogos uma das estratégias dos treinadores para o desenvolvimento

das diversas dimensões do jogo (Folgado, Duarte, et al., 2014).

Os mesmos autores no referido estudo analisaram ainda as tendências de

movimentos de sincronização das diferentes díades tendo os dados demonstrado

diferenças estatisticamente significativas de acordo com o nível de oposição das equipas.

Curiosamente foram encontrados níveis de coordenações mais fortes nos jogos contra

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

INTRODUÇÃO 12

equipas de elevado nível (Folgado, Duarte, et al., 2014). Uma possível justificação que

os autores encontram para o verificado deve-se ao facto de o jogo contra adversários de

nível elevado (Primeira divisão) deva obrigar a um trabalho de colaboração maior para

conseguir ganhar vantagem sobre o adversário em ambas as fases do jogo: ataque e

defesa. Duarte, Araujo, Correia, et al. (2013), chegam mesmo a afirmar que parece existir

uma forte atracção sinergética entre o comportamento das duas equipas, ou seja, é

possível que o aumento ou diminuição dos níveis de sincronização entre as equipas

também esteja sincronizado o mesmo é dizer que se uma equipa possui níveis de

coordenação mais elevados então é esperado que a outra equipa tenha necessidade de

elevar os seus níveis de coordenação. Estes dados parecem estar de acordo com Fajen,

Riley, e Turvey (2009) que afirmam que em determinadas condições ambientais, os

indivíduos (jogadores/equipas) são capazes de ajustar continuamente os seus

comportamentos, baseando-se em propriedades de informações como as suas posições,

movimentos e mudanças de movimentos de outros indivíduos.

Apesar das importantes contribuições teóricas e práticas promovidas pelos estudos

mencionados anteriormente, os autores sugerem uma proposta de análise às tendências

de movimentos de sincronização tendo em consideração os diferentes patamares de

velocidade de jogo (Folgado, Duarte, et al., 2014) pois no estudo de Sampaio e Maças

(2012) verificou-se que os jogadores apresentaram maior regularidade no seu

comportamento a velocidades mais baixas (<13km/h-1) tendo tido mais dificuldade em

ajustar o seu posicionamento em velocidades maiores.

Através de alguns estudos elaborados em análises notacionais, foram reportadas

algumas questões levantadas como influenciadoras da performance desportiva como as

variáveis situacionais (Lago, 2009, 2012; Taylor, Mellalieu, James, & Barter, 2010;

Taylor, Mellalieu, James, & Shearer, 2008): local de jogo (Gómez, Gómez-Lopez, Lago-

Penas, & Sampaio, 2012; Lago-Peñas & Dellal, 2010; Lago-Peñas & Lago-Ballesteros,

2011; Tucker, Mellalieu, James, & Taylor, 2005), qualidade do adversário (Lago-Peñas

& Lago-Ballesteros, 2011; Lago et al., 2010; Taylor et al., 2008), momentos chave do

jogo (inicio da partida, intervalo, reinicio da partida e fase final da partida) (Duarte,

Araujo, Folgado, et al., 2013), evolução da marcha do resultado do jogo (Bloomfield,

Polman, & O'Donoghue, 2005; Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013; Lago & Martin,

2007; Taylor et al., 2008), percentagem de posse de bola (James, Mellalieu, & Holley,

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

OBJECTIVOS 13

2002; Lago-Peñas & Dellal, 2010; Lago & Martin, 2007) e, ainda a própria fadiga (Mohr,

Krustrup, & Bangsbo, 2005) contudo, relativamente a este ultimo tópico apesar de se

acreditar que possa ser uma causa para a incapacidade de manutenção da organização da

equipa e da exibição de comportamentos colectivos menos complexos, ou seja,

funcionam de forma mais regular e previsível (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013) a

verdade é que ainda não se compreende muito bem quais os efeitos da fadiga nos

processos de sincronização da equipa (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013). Por

exemplo, no estudo de Royal et al. (2006) em jogos de polo aquático de elevado nível

foram verificados um declínio no que toca ao desempenho técnico mas, verificaram

também uma estabilização no que toca à precisão e uma melhoria na tomada de decisão

em função do aumento de fadiga. Uma possível justificação que pode ajudar a explicar

esta melhoria na toma de decisão com o aumento da fadiga acumulada pode ser

encontrado na sugestão de Bernstein (1967) quando afirma que em fenómenos sociais

como o caso do futebol, cada individuo tem um considerável grau de liberdade dentro da

equipa, contudo, com o aumento da fadiga o individuo deixa de equacionar um número

alargado de possibilidades devido à sua incapacidade física tornando dessa forma

indivíduos mais estáveis, previsíveis e coordenados (Passos et al., 2011). Dessa forma,

Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013) consideram mesmo que a presença da fadiga, do

stresse e do conhecimento prévio das características da equipa adversária podem

influenciar os processos de coordenação através da redução da variabilidade dos

movimentos dos agentes que constituem o sistema.

2. OBJECTIVOS

O objectivo do presente trabalho foi comparar a percentagem de sincronização nos

movimentos das díades de futebolistas durante vários períodos de um jogo de futebol.

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

METODOLOGIA 14

3. METODOLOGIA

3.1 Participantes

A amostra foi constituída por 22 jogadores de futebol do género masculinos (idade:

18.1±0.7 anos de idade; massa corporal: 70.5±4.3 Kg; altura 1.8±0.3 m; épocas como

federado: 9.4±1.3), pertencentes a uma equipa da 1ª Divisão do Campeonato Nacional de

Juniores (Zona Norte, época de 2010-11). Todos os jogadores e seus Encarregados de

Educação foram informados acerca dos procedimentos de recolha, requerimentos

necessários, benefícios e riscos, tendo ainda assinado uma declaração em como estavam

plenamente de acordo com o estudo a ser realizado, tendo sempre a possibilidade de

abandonar livremente o estudo. O protocolo de recolha de dados seguiu as indicações

estabelecidas na Declaração de Helsinki e foi aprovado pelo Comité de Ética do Centro

de Investigação em Ciências do Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano, Vila Real,

Portugal.

3.2 Procedimentos

Previamente à fase principal da recolha de dados, todos os jogadores realizaram 20

minutos de aquecimento standard com corrida, alongamentos e exercícios de manutenção

de posse de bola. Posteriormente, o Treinador principal distribuiu os jogadores, o mais

equilibradamente possível, por duas equipas (11 jogadores para cada equipa), tendo como

critério a capacidade individual de passe, controlo de bola, conhecimento de jogo, posto-

específico, capacidade física e, titularidade em jogos oficiais (Aguiar, Botelho,

Gonçalves, & Sampaio, 2013; Hill-Haas, Dawson, Impellizzeri, & Coutts, 2011). As duas

equipas utilizaram o mesmo Sistema de Jogo (1-4-3-3), sendo constituídas por 1 Guarda-

redes, 4 Defesas (2 Defesas Centrais e 2 Defesas Laterais), 3 Médios (2 Médios

Defensivos e 1 Médio Ofensivo) e 3 Avançados (2 Extremos e 1 Ponta de Lança). Foi

requerido aos jogadores para assumirem os “comportamentos standard” subjacentes ao

posto-específico assumido ao longo do jogo (Di Salvo et al., 2007). As duas equipas

realizaram um jogo de 11x11 num campo oficial de relva natural (dimensões: 105m de

comprimento e 70m de largura), com aplicação de todas as regras de jogo.

A situação de Jogo dividiu-se em duas partes de 25 minutos de duração, perfazendo

um tempo total de 50 minutos. Entre cada parte existiu um período de 10 minutos de

intervalo, deliberadamente manipulado para minorar os efeitos de fadiga nas variáveis em

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

METODOLOGIA 15

estudo (Mohr, Krustrup, & Bangsbo, 2003). A sessão terminou com 10 minutos de retorno

à calma com Jogging e exercícios de alongamentos.

3.3 Equipamentos

O registo da posição de cada jogador ao longo do tempo foi obtido através de

sistemas de posicionamento global (GPS Sport System SPI PRO, GPSports, AU) com

capacidade de recolher dados a 5-Hz. O GPS é um dispositivo de pequena dimensão e

não causa nenhum impedimento ao jogador, já que é colocado num “colete” apropriado.

Após a sessão todos os registos contidos em cada um dos GPS’s foram transferidos para

um computador através de um interface adequado (GPSport Team AMS) e guardados

para posterior análise dos dados.

Foi registada a hora a que cada elemento recebeu o seu dispositivo, ou seja, a hora

a que o dispositivo foi ligado, foi ainda registada a hora a que cada momento do protocolo

(aquecimento, 1ª parte do jogo, intervalo, 2ª parte do jogo e retorno à calma) começou e

acabou. A validade e fiabilidade do GPS como elemento capaz de medir o movimento

dos atletas já foi comprovada (Coutts & Duffield, 2010; Duffield et al., 2010; Gray et al.,

2010; Johnston et al., 2012; MacLeod et al., 2009).

Tal como foi proposto em outras investigações (Duarte, Araujo, Folgado, et al.,

2013; Lames et al., 2010) as medidas de desempenho foram calculas através dos 10

jogadores de campo tendo portanto sido excluído os dados relativos aos Guarda-Redes de

cada equipa.

3.4 Processamento das Variáveis Posicionais

Através dos dados obtidos das diversas localizações em que cada jogador esteve no

campo ao longo do jogo, foram definidos 3 Centroides Sectoriais diferentes: (1) Centroide

Defensivo, como sendo o ponto médio entre os 4 Defesas; (2) Centroide Intermédio, isto

é o ponto médio entre os 3 elementos que jogaram no Meio-Campo (Médios); e um (3)

Centroide Ofensivo, como sendo o ponto médio entre os 3 atacantes da equipa (2

extremos mais o Ponta de Lança). As coordenadas dos jogadores (latitude e longitude)

foram transformadas em coordenadas cartesianas (x,y) e assim, a título de exemplo:

Centroide dos Defesas = Soma de todas as diferentes posições em que cada um dos quatro

defesas se encontrou ao longo do jogo a Dividir pelo número toral de elementos que

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METODOLOGIA 16

constitui o Sector Defensivo (4). Ou seja, Centroide dos Defesas = Σ ((Σ DEx, Σ DEy) +

(Σ DCEx, Σ DCEy) + (Σ DCDx, Σ DCDy) + (Σ DDx, Σ DDy))/4.

Não obstante esta situação, foram calculadas todas as distâncias de cada jogador a

cada um dos diferentes Centroides (defensivo, intermédio e Ofensivo). Por exemplo, foi

calculada (ao longo de todo o jogo) a distância real do Defesa Direito da “Equipa 1” ao

Centroide Defensivo, Centroide Intermédio e, Centroide Ofensivo. A fórmula utilizada

que permitiu obter todas as distâncias consideradas foi o Teorema de Pitágoras: Distância

(DD,CD)=√((DDx − CDx) 2 + (DDy − CDy)2. O mesmo procedimento foi realizado para

todos os casos.

A Fase Relativa foi calculada usando a transformação de Hilbert (Palut & Zanone,

2005) com o objectivo de obter padrões de coordenação inter-centroides (i.e.

centroide/centroide). Os resultados obtidos são expressos em ângulos sendo que valores

próximos dos 0° (e múltiplos 360º) significam que as 2 séries temporais estão

coordenadas “Em-Fase”. Por outro lado, valores próximos dos 180° (ou múltiplos 360º)

significam que as 2 séries temporais estão coordenadas em “Anti-Fase”. Foi considerado

que os jogadores se encontram coordenados “Em-Fase” no intervalo entre -30° e +30°.

Para a coordenação em “Anti-Fase”, caso os valores se encontrassem nos ângulos

compreendidos de -150° e -210° ou entre 150° e 210°.

O modo de coordenação “Em-Fase” significa que as séries temporais em causa

revelam comportamentos idênticos, e.g., ambos os jogadores se aproximam/afastam do

centroide (ver figura 1 e 2 para observação inferencial), enquanto que o modo de

coordenação “Anti-Fase” significa que as séries temporais em causa revelam

comportamentos antagónicos, e.g., um jogador aproxima-se do centroide e outro afasta-

se (ver figura 3 e 4 para observação inferencial)

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METODOLOGIA 17

3.5 Processamento dos dados e análise estatística

De acordo com os tempos de coordenação de cada par de jogadores com as posições

específicas, foi realizada uma análise de Clusters com Log-likelihood como medida de

distância e Schwartz’s Bayesian como critério. Com este procedimento, foram obtidos 3

grupos em função do tempo de coordenação (inferior, intermédio e superior). Para

identificar diferenças entre os grupos formados, foi aplicada uma análise de variância

ANOVA para um fator (i.e., tempo de coordenação).

Foram utilizados os coeficientes de correlação de Spearman (rho) para identificar

as relações entre as variáveis em estudo.

Figura 2: Coordenação “Em-Fase”: ambos os

jogadores afastam-se relativamente ao

Centroide

Figura 1: Coordenação “Em-Fase”: ambos

os jogadores aproximam relativamente ao

Centroide

Figura 4: Coordenação “Anti-Fase”: Em

relação ao Centroide, o Jogador A está a

aproximar-se enquanto que Jogador B está a

afastar-se (movimento antagónico)

Figura 3: Coordenação “Anti-Fase”: Em

relação ao Centroide, o Jogador A está a

afastar-se enquanto que Jogador B está a

aproximar-se (movimento antagónico)

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

RESULTADOS 18

Os cálculos foram obtidos através da utilização do software MATLAB (version 6.5;

The Math-Works Inc., Natik, MA) e o processamento estatístico no software SPSS

(versão 18.0, Chicago, Illinois, USA). O nível de significância foi mantido em 5%.

4. RESULTADOS

Os quadros 1 e 2 apresentam as relações entre pares de jogadores numa

perspectiva independente da equipa em causa e da parte do jogo analisado (1ª ou 2ª parte),

quer as correlações intra e inter-sectoriais defensivas/ofensivas (quadro 1) quer as

ofensivas/defensivas (quadro 2).

Relativamente ao Quadro 1 pode-se observar uma maior prevalência de

correlações entre os jogadores que constituem o sector defensivo. Por exemplo, os DLE,

apresentam elevados valor de correlação com os seus companheiros de sector (DLD (ρ =

.638, p < .001), DCD (ρ = .542, p < .001), e DCE (ρ = .407, p = .001)) e do mesmo

corredor: EE (ρ = .378, p = .002). A mesma tendência de correlação é estabelecida entre

os DLD que se relaciona mais com os jogadores do sector defensivo: DLE, DCD e DCE

por ordem de importância, sendo ainda a natural grande proximidade de coordenação com

o ED (ρ = .331, p = .009). Também se verificou forte associação com o extremo do lado

oposto (EE, ρ = .339, p = .006). Ainda de notar a forte relação entre os Defesas Centrais

sendo, inclusivamente, os pares de jogadores que mais forte ligação possuem.

Relativamente aos elementos do sector intermédio, o Quadro 1 indica-nos que

cada um dos elementos desse sector passa mais tempo coordenado com o PL da equipa

comparativamente ao qualquer outro companheiro de equipa. A excepção é feita ao MC1

que, apesar de possuir uma forte ligação para com o PL, o par com quem passou mais

tempo coordenado foi o MC3 (ρ = .330, p = .008). Relativamente ao sector avançado, os

jogadores que actuam como EE possuem um grande tempo de coordenação com todos os

restantes companheiros sendo a excepção feita ao DCE; MC2; MC3 e PL (ver Quadro 1

para observação inferencial). Naturalmente, possuem uma grande relação com os DLE (ρ

= .378, p = .002) seguindo-se o Extremo do lado contrario e o DLD (ρ = .360, p = .004;

ρ = .339, p = .006, respectivamente). Em situação semelhante encontra-se o ED que, passa

muito tempo coordenado com o DLD e com o Extremo do lado contrario mas, nenhum

deles ultrapassa o tempo que se encontra coordenado com o PL (ver Quadro 1 para

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RESULTADOS 19

observação inferencial). Por fim, o PL passa muito tempo coordenado com o ED (ρ =

.528, p < .001) e, numa menor proporção com todos os elementos do sector intermédio.

Quadro 1: Correlações intra e inter-sectoriais defensivas/ofensivas

DLE DCE DCD DLD MC1 MC2 MC3 EE PL ED

DLE CC 1 .407** .542** .638** 0,176 -0,015 0,162 .378** 0,103 0,186

Sig. (2-tailed) . 0,001 0 0 0,163 0,905 0,201 0,002 0,417 0,148

N 72 63 63 64 64 64 64 64 64 62

DCE CC .407** 1 .731** .518** -0,143 -0,2 -0,077 0,223 0,038 0,24

Sig. (2-tailed) 0,001 . 0 0 0,264 0,116 0,547 0,079 0,768 0,058

N 63 71 63 63 63 63 63 63 63 63

DCD CC .542** .731** 1 .567** -0,11 -0,235 -0,135 .285* -0,002 0,164

Sig. (2-tailed) 0 0 . 0 0,391 0,064 0,293 0,024 0,989 0,198

N 63 63 71 63 63 63 63 63 63 63

DLD CC .638** .518** .567** 1 0,201 -0,073 0,099 .339** 0,106 .331**

Sig. (2-tailed) 0 0 0 . 0,111 0,569 0,437 0,006 0,404 0,009

N 64 63 63 72 64 64 64 64 64 62

MC1 CC 0,176 -0,143 -0,11 0,201 1 0,119 .330** .319* .308* 0,108

Sig. (2-tailed) 0,163 0,264 0,391 0,111 . 0,35 0,008 0,01 0,013 0,404

N 64 63 63 64 72 64 64 64 64 62

MC2 CC -0,015 -0,2 -0,235 -0,073 0,119 1 0,055 0,021 .369** 0,072

Sig. (2-tailed) 0,905 0,116 0,064 0,569 0,35 . 0,665 0,871 0,003 0,576

N 64 63 63 64 64 72 64 64 64 62

MC3 CC 0,162 -0,077 -0,135 0,099 .330** 0,055 1 0,074 .376** 0,214

Sig. (2-tailed) 0,201 0,547 0,293 0,437 0,008 0,665 . 0,559 0,002 0,095

N 64 63 63 64 64 64 72 64 64 62

EE CC .378** 0,223 .285* .339** .319* 0,021 0,074 1 0,152 .360**

Sig. (2-tailed) 0,002 0,079 0,024 0,006 0,01 0,871 0,559 . 0,23 0,004

N 64 63 63 64 64 64 64 72 64 62

PL CC 0,103 0,038 -0,002 0,106 .308* .369** .376** 0,152 1 .528**

Sig. (2-tailed) 0,417 0,768 0,989 0,404 0,013 0,003 0,002 0,23 . 0

N 64 63 63 64 64 64 64 64 72 62

ED CC 0,186 0,24 0,164 .331** 0,108 0,072 0,214 .360** .528** 1

Sig. (2-tailed) 0,148 0,058 0,198 0,009 0,404 0,576 0,095 0,004 0 .

N 62 63 63 62 62 62 62 62 62 70

** CC (Correlation Coefficient) is significant at the 0.01 level (2-tailed).

* CC (Correlation Coefficient) is significant at the 0.05 level (2-tailed).

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RESULTADOS 20

Relativamente às ligações inter e intra-sectoriais ofensivas/defensivas (Quadro 2),

podemos verificar que existe uma forte ligação entre todos os elementos do sector

defensivo e, entre cada um desses elementos com os restantes companheiros de equipa.

Por exemplo, os resultados demonstram que os DL passam muito tempo coordenado com

todos outros colegas com exceção do MC2 e, do mesmo modo que no Quadro 1, existe

uma natural tendência para passar mais tempo coordenado com o Extremo do seu lado.

Os DLE parecem ter os MC1 (ρ = .537, p < .001) como o elemento com o qual possui

uma ligação mais forte sendo, que os DLD passam mais tempo coordenados com os ED

(ρ = .441, p < .001).

Relativamente ao comportamento dos DC, constatamos, há semelhança do que já

tínhamos verificado no Quadro 1, que é entre o par de defesas centrais que se estabelece

a ligação mais forte de coordenação dentro da equipa. Revelam ainda grande coordenação

com os DLE e também com o MC1 (ver Quadro 2 para observação inferencial) e uma

menor correlação com MC2, EE, ED, PL (p > .05).

No sector intermédio, os dados sugerem duas posições distintas dentro dos três

elementos do meio-campo. Se os jogadores que actuam como MC1 possuem uma ligação

forte com todos os seus colegas de equipa à excepção do PL em contra partida, os

jogadores da Posição MC2 apenas apresentam valores de correlação significativos com

dois elementos do seu sector (MC1: ρ = .472, p < .001 e MC3: ρ = .358, p = .004). É com

os elementos que actuam como MC1 que possuem maior tempo de coordenação.

Relativamente ao outro elemento que constitui o sector intermédio, este parece ser um

misto do MC1 e MC2 sendo que passa muito tempo coordenado com a grande maioria

dos companheiros da equipa, com exceção do DCE, ED e PL (p > .05). Os jogadores da

posição MC3 passam mais tempo coordenados com o MC1 (ρ = .445, p < .001) do que

com qualquer outro jogador da equipa. Para além dos colegas de sector, o MC1 possui

uma ligação de coordenação muito forte com o DLE, seguindo-se então os seus dois

colegas de sector, MC2 e MC3 por ordem de maior coordenação (ver Quadro 2 para

observação inferencial).

Tendo em conta o sector constituído pelos dois extremos e PL, verificamos que os

jogadores que actuam como extremo, possuem o seu par de maior coordenação o jogador

que joga como Extremo do lado contrário seguindo-se o DLE com maior valor de

correlação (p < .001). O ED ainda demostra ter uma proximidade maior com o MC1

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

RESULTADOS 21

contudo, o EE acrescenta não só o jogador dessa posição como também o MC3 e o PL

(ver Quadro 2 para observação inferencial). Já o PL, para além de estabelecer uma forte

ligação com o EE (ρ = .360, p < .003), é com o DLE que estabelece maior valor de

correlação (ρ = .421, p = .001).

Quadro 2: Correlações intra e inter-sectoriais ofensivas/defensivas

DLE DCE DCD DLD MC1 MC2 MC3 EE PL ED

DLE CC 1 .453** .546** .400** .537** 0,087 .288* .476** .421** .447**

Sig. (2-tailed) . 0 0 0,001 0 0,496 0,021 0 0,001 0

N 72 64 64 64 64 64 64 64 64 64

DCE CC .453** 1 .751** .365** .409** 0,094 .271* -0,049 0,011 0,071

Sig. (2-tailed)) 0 . 0 0,003 0,001 0,459 0,03 0,698 0,934 0,576

N 64 72 64 64 64 64 64 64 64 64

DCD CC .546** .751** 1 .338** .401** 0,204 .371** 0,01 0,023 0,032

Sig. (2-tailed) 0 0 . 0,006 0,001 0,107 0,003 0,935 0,857 0,802

N 64 64 72 64 64 64 64 64 64 64

DLD CC .400** .365** .338** 1 .310* 0,015 .345** .437** .307* .441**

Sig. (2-tailed) 0,001 0,003 0,006 . 0,013 0,908 0,005 0 0,014 0

N 64 64 64 72 64 64 64 64 64 64

MC1 CC .537** .409** .401** .310* 1 .472** .445** .404** -0,021 .320**

Sig. (2-tailed) 0 0,001 0,001 0,013 . 0 0 0,001 0,869 0,01

N 64 64 64 64 72 64 64 64 64 64

MC2 CC 0,087 0,094 0,204 0,015 .472** 1 .358** 0,228 -0,065 0,183

Sig. (2-tailed) 0,496 0,459 0,107 0,908 0 . 0,004 0,071 0,609 0,147

N 64 64 64 64 64 72 64 64 64 64

MC3 CC .288* .271* .371** .345** .445** .358** 1 .292* 0,227 0,105

Sig. (2-tailed) 0,021 0,03 0,003 0,005 0 0,004 . 0,019 0,071 0,41

N 64 64 64 64 64 64 72 64 64 64

EE CC .476** -0,049 0,01 .437** .404** 0,228 .292* 1 .360** .692**

Sig. (2-tailed) 0 0,698 0,935 0 0,001 0,071 0,019 . 0,003 0

N 64 64 64 64 64 64 64 72 64 64

PL CC .421** 0,011 0,023 .307* -0,021 -0,065 0,227 .360** 1 0,176

Sig. (2-tailed) 0,001 0,934 0,857 0,014 0,869 0,609 0,071 0,003 . 0,163

N 64 64 64 64 64 64 64 64 72 64

ED CC .447** 0,071 0,032 .441** .320** 0,183 0,105 .692** 0,176 1

Sig. (2-tailed) 0 0,576 0,802 0 0,01 0,147 0,41 0 0,163 .

N 64 64 64 64 64 64 64 64 64 72

** CC (Correlation Coefficient) is significant at the 0.01 level (2-tailed).

* CC (Correlation Coefficient) is significant at the 0.05 level (2-tailed).

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

RESULTADOS 22

Relativamente aos níveis de coordenação entre as diferentes díades de jogadores

por períodos (Quadro 3), verificamos que as equipas tendem a estabelecer maior número

de coordenações fortes no 1º ou 3º período sendo que foram encontradas 39,74% ligações

fortes no 3º período da Equipa 1 e, 29,49% ligações fortes no 1º período da equipa 2. No

que diz respeito ao período em que as equipas estabeleceram maior número de

coordenações fracas entre as diferentes díades de jogadores, as ambas as equipas

possuíram maiores níveis no 4º e último período de jogo, tendo a Equipa 1 registado

42,31% das ligações fracas entre os seus jogadores enquanto que a Equipa 2 registou um

pouco menos: 41,03%.

Em contra partida, foi no 3º período de jogo (recomeço da parida) que ambas as

equipas apresentaram menor número de ligações fracas entre os seus jogadores (apenas

23,08% para a Equipa 1 e, 33,33% para a Equipa 2) tendo o 4º e último período do jogo

ter relevado o menor número de ligações fortes para ambas as equipas com apenas 20,51%

de ligações fortes para a Equipa 1 e, somente 17,95% para a Equipa 2.

Quadro 3: Número de ligações das diferentes díades de jogadores entre os 4 períodos de jogo

Nº de ligações 1º PERÍODO

C. Defensivo C. Intermédio C. Ofensivo Total (Nº) %

Equipa 1

Ligações Fortes 8 12 6 26 33,33

Ligações Intermédias 7 7 10 24 30,77

Ligações Fracas 15 5 8 28 35,90

Equipa 2

Ligações Fortes 5 7 11 23 29,49

Ligações Intermédias 12 11 2 25 32,05

Ligações Fracas 13 6 11 30 38,46

Nº de ligações 2º PERÍODO

C. Defensivo C. Intermédio C. Ofensivo Total (Nº) %

Equipa 1

Ligações Fortes 8 7 7 22 28,21

Ligações Intermédias 10 7 9 26 33,33

Ligações Fracas 12 10 8 30 38,46

Equipa 2

Ligações Fortes 4 9 8 21 26,92

Ligações Intermédias 9 11 9 29 37,18

Ligações Fracas 17 4 7 28 35,90

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

RESULTADOS 23

Nº de ligações 3º PERÍODO

C. Defensivo C. Intermédio C. Ofensivo Total (Nº) %

Equipa 1

Ligações Fortes 11 11 9 31 39,74

Ligações Intermédias 10 8 11 29 37,18

Ligações Fracas 9 5 4 18 23,08

Equipa 2

Ligações Fortes 9 2 9 20 25,64

Ligações Intermédias 10 16 6 32 41,03

Ligações Fracas 11 6 9 26 33,33

Nº de ligações 4º PERÍODO

C. Defensivo C. Intermédio C. Ofensivo Total (Nº) %

Equipa 1

Ligações Fortes 9 6 1 16 20,51

Ligações Intermédias 8 7 14 29 37,18

Ligações Fracas 13 11 9 33 42,31

Equipa 2

Ligações Fortes 3 5 6 14 17,95

Ligações Intermédias 9 13 10 32 41,03

Ligações Fracas 18 6 8 32 41,03

Quando juntamos os valores de ambas as equipas (Quadro 4) e, agrupamos os

inícios das partes dos jogos e os comparamos com as partes finais dos jogos (Duarte,

Araujo, Folgado, et al., 2013), verificamos que existe uma clara tendência em baixarem

os números de ligações fortes com o decorrer do tempo de jogo e, em contra partida

aumentarem o número de ligações fracas. Por exemplo, verificamos que relativamente ao

Centroide Ofensivo houve uma perda percentual de 22, 81% de ligações fortes entre os

inícios das partes com os finais das mesmas! Em sentido oposto, verificamos um aumento

de 11,11% de ligações fracas relativamente ao Centroide Defensivo com perda para os

inícios das partidas. Como curiosidade, podemos verificar que é no Centroide Intermédio

onde se verificam maiores percentagens de ligações fortes e intermédias e, menores

percentagens de ligações fracas.

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RESULTADOS 24

Quadro 4: Comparação do número de ligações das diferentes díades entre o início de cada parte da

partida com o os finais de cada parte da partida

Nº de Ligações 1º+3º Período 2º+4ºPeríodo Total % Diferença %

1º+3ºP vs 2º+4ºP

C. Defensivo

Ligações Fortes 33 24 57 23,75 -15,79

Ligações Intermédias 39 36 75 31,25 -4,00

Ligações Fracas 48 60 108 45,00 11,11

C. Intermédio

Ligações Fortes 32 27 59 30,73 -8,47

Ligações Intermédias 42 38 80 41,67 -5,00

Ligações Fracas 22 31 53 27,60 16,98

C. Ofensivo

Ligações Fortes 35 22 57 29,69 -22,81

Ligações Intermédias 29 42 71 36,98 18,31

Ligações Fracas 32 32 64 33,33 0,00

Os dados sugerem ainda que houve um comportamento distinto entre as duas

equipas (Quadro 5) devido à grande diferença no que se refere ao tipo de estabelecimento

de ligações entre os diferentes pares de jogadores de cada equipa pois a Equipa 1 teve

mais 15,45% de ligações fortes e menos 2,24% de ligações fracas que a Equipa 2. A

Equipa 1 teve maior percentagem de ligações do tipo fracas (34,94%) seguindo-se as

intermédias (34,62%) e por último as ligações fortes (30,45%). Por sua vez, a Equipa 2

verificou uma maior percentagem de ligações do tipo intermédias (37,82%), seguindo-se

as ligações fracas (37,18%) e por último as ligações fracas (25,00%).

Quadro 5: Comportamento das equipas relativamente ao tipo de ligações estabelecidas entre as

diferentes díades de jogadores

EQUIPA 1 EQUIPA 2 TOTAL Equipa 1+2

Nº de Ligações % Nº de Ligações % Nº de Ligações %

Ligações Fortes 95 30,45 78 25,00 173 27,72

Ligações Intermédias 108 34,62 118 37,82 226 36,22

Ligações Fracas 109 34,94 116 37,18 225 36,06

Como curiosidade, verificamos que o tipo de ligações mais frequente foram as

ligações intermédias com 36,22% sendo que no 1º+3º Período foram registadas 110

ligações intermédias (correspondendo a 35,26% das ligações desse período) e, no 2º+4º

período foram encontras 116 ligações intermédias (correspondendo a 37,18% das

ligações desse período), dando assim um total de 226 ligações em 624 ligações possíveis.

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 25

Seguiram-se as ligações fracas com 225 ligações dando uma percentagem de

36,06% sendo que no 1º+3º Período foram registadas 102 ligações fracas

(correspondendo a 32,69% das ligações desse período) e, no 2º+4º período foram

encontras 123 ligações fracas (correspondendo a 39,41% das ligações desse período). Por

último, obtendo 173 ligações em 624 possíveis, encontramos as ligações fortes com

apenas 27,72% sendo que das 173 ligações, 100 foram verificadas no 1º+3º Período

(correspondendo a 32,05% das ligações desse período) e, apenas 73 ligações fortes no

2º+4º Período (correspondendo a 23,40% das ligações desse período).

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Considerando que o jogo de futebol se caracteriza pela qualidade das relações de

coordenação que os jogadores conseguem estabelecer entre si e entre os adversários, é de

todo pertinente tentar medir essa coordenação. Neste sentido, este estudo teve como

objectivo identificar a percentagem de coordenação nos movimentos das díades de

futebolistas durante vários períodos de um jogo de futebol.

Na generalidade, os dados obtidos parecem estar de acordo com o que a literatura

nos informa, nomeadamente no que diz respeito à existência de maior coordenação entre

os elementos que compõem o sector defensivo e intermédio provavelmente pela

percepção dos riscos acentuados de surgirem falhas ou desequilíbrios que possam ser

aproveitados pelo adversário (Headrick et al., 2012). Ou seja, os jogadores demonstram

uma maior coordenação nas zonas próximas da baliza que defendem (Duarte, Araujo,

Davids, et al., 2012; Gonçalves et al., 2014; Headrick et al., 2012; Kannekens et al., 2011;

Sampaio & Maças, 2012) porque tentam reduzir os espaços abertos e consequentemente

as oportunidades do adversário fazer golo (Bourbousson et al., 2010b; Duarte, Araujo,

Freire, et al., 2012; Frencken & lemmink, 2008; Yue et al., 2008b). De facto, pela

proximidade da baliza que protegem, uma descoordenação entre os elementos mais

defensivos da equipa pode desproteger espaços de jogo que, em último caso, a equipa

adversária pode aproveitar para concretizar em golo.

Os dados obtidos, confirmam que existiu essa tendência porque a díade de

jogadores que passou mais tempo coordenado pertence ao sector defensivo (DCE-DCD

r=0,751). Podemos desta forma afirmar que a proximidade com a baliza que se defende é

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 26

um factor que aumenta a importância de cada acção realizada e entendido assim, os

jogadores assumem menos comportamentos de risco e baseiam mais o seu

comportamento em acções mais coordenadas com quem os rodeiam pois os jogadores

tendem a ajustar constantemente a sua posição no campo (Gonçalves et al., 2014;

MacMahon et al., 2009; Poplu et al., 2008) de forma a estarem o melhor posicionados

possível, em função da localização e parâmetros cinemáticos da bola, companheiros de

equipa e adversários.

Os resultados indicam que, independentemente do sector de jogo, os jogadores que

possuem missões tácticas semelhantes tendem a criar ligações mais fortes entre si. Por

exemplo, o par DCE-DCD (independentemente do sentido de jogo foi sempre o par que

estabeleceu uma maior coordenação entre si); os elementos da posição MC2 e MC3 no

sentido ofensivo/defensivo tiveram o elemento da posição MC1 como o par de maior

coordenação; ou ainda o ED que, independentemente do sentido de jogo também teve um

elemento do seu sector como o elemento com o qual passou mais tempo coordenado (no

sentido defensivo/ofensivo foi o PL e no sentido ofensivo/defensivo foi o EE).

É possível assim verificar que existiu uma forte influência intra-sectorial no que

toca à possibilidade de se estabelecerem elevadas relações de coordenação entre dois

pares de jogadores. Ou seja, os jogadores tendem a coordenar-se com quem está mais

próximo (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Gonçalves et al., 2014; Passos et al., 2011;

Sampaio & Maças, 2012; Travassos et al., 2010). Para os elementos que não se

enquadram na influência da relação intersectorial, o factor que nos pareceu estar

associado ao aumento do tempo de coordenação entre esses elementos foi o corredor de

jogo. Tanto o jogador MC2 como o MC3 no sentido defensivo/ofensivo tiveram o PL

como o elemento com quem estabeleceram maior coordenação; no sentido

defensivo/ofensivo o EE teve o seu par com maior tempo de coordenação o DLE e, o

DLD no sentido ofensivo/defensivo teve como elemento preferencial de coordenação o

ED. Como já foi referido anteriormente, estes resultados parecem ser resultado da

actuação em diferentes corredores do jogo, que influencia esta coordenação entre

jogadores, já que o MC 2, o MC3 e o PL actuam no corredor central e, os Defesas Laterais

criaram forte coordenação com os Extremos que actuam no seu corredor.

Relativamente a este último facto, em que ambos os defesas laterais mostraram

grande coordenação com os extremos, algo que poderá explicar tal situação é o facto da

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 27

já referia proximidade entre os elementos e, das missões tácticas atribuídas ao esses

jogadores dessas posições serem cada vez mais semelhantes pois actualmente os laterais

possuem uma participação muito mais activa na criação de situações de finalização

(Barros, 2002; Vieira & Garganta, 1996) e, os extremos têm cada vez mais obrigações

em termos defensivos, levando Lobo (2005) a afirmar que uma das principais “vitimas”

da tendência evolutiva do jogo ao longo dos tempos foram o fim dos extremos e o

nascimento dos defesas laterais ofensivos. Historicamente, a criação de oportunidades de

golo estava atribuída aos elementos do sector mais avançado da equipa e, é por isso que

estes elementos possuem maior irregularidade (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012;

Gonçalves et al., 2014; Travassos et al., 2011; Wade, 1997). Esta irregularidade

provavelmente decorre da interpretação dos princípios de jogo da equipa no sentido de

criar situações de finalização para o próprio jogador ou para os seus colegas (Gonçalves

et al., 2014), que são mais imprevistas e inesperadas e fazem aumentar a irregularidade

dos atacantes (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012).

A evolução do jogo obrigou a que as equipas saibam atacar e defender e passar de

um momento para o outro sem hipotecar o equilíbrio colectivo e objectivos da equipa

através da coordenação das acções dos jogadores reguladas pelos princípios gerais e

específicos da equipa (Garganta & Pinto, 1998) e, é dessa forma, que as funções dos

defesas laterais vão para além do saber defender pois também têm que saber atacar e ser

competente no 1x1 ofensivo, percepcionar e agir em espaços menos explorados, no

sentido de destabilizar a estrutura defensiva adversária pois os corredores laterais foram

e continuam a ser uma dos locais preferenciais para criar situações de golo (Barros, 2002;

Castelo, 1996; Cunha, 1999; Dufour, 1993; Jinshan, Xiaoke, Yamanaka, & Matsumoto,

1993; Mombaerts, 1991; Olsen & Larsen, 1997; D. Partridge, Mosher, & Franks, 1993;

Silva, 1999). Dessa forma, a evolução do jogo fez com que os treinadores deslocassem o

olhar para as interacções dos jogadores e sua relação com o envolvimento/contexto do

jogo pois é através desta articulação que permite criar condições para manter ou alterar o

equilíbrio do sistema (Garganta, 2005) sendo que para Pinto e Garganta (1996) o

equilíbrio defensivo é uma das características a considerar para um processo de jogo

ofensivo evoluído.

Esta preocupação, fez com que muitos treinadores de renome nacional e

internacional afirmassem que têm como preocupação a prevenção do momento da perda

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 28

de bola (Pedro Emanuel cit por Soares, P., 2009; José Mourinho cit por Amieiro, N.,

2004), daí haver uma grande necessidade de a equipa estar bem posicionada no momento

em que se tem a posse de bola, porque ao perdê-la, estará em melhores condições de a

poder recuperar rapidamente (Jesualdo Ferreira cit por Amieiro, N., 2004; Rui Quinta cit

por Teixeira, L., 2009) que, só poderá ser possível se existir um permanente equilíbrio do

sistema no desenrolar do processo ofensivo obtido pelo permanente equilíbrio posicional

dentro do seio da equipa, o qual se traduz na ocupação cuidada e inteligente dos espaços

de jogo (Amieiro, 2004) seja em processo ofensivo ou defensivo.

Contudo, especulativamente, parecem ser poucas as equipas que dão liberdade aos

elementos que actuam na posição de Defesa Central para saírem dos espaços

característicos das suas posições. De facto, estes jogadores estão confinados a

determinados espaços da sua posição, pelo que a menor liberdade para serem elementos

desequilibradores da estrutura defensiva adversária faz com que sejam jogadores mais

equilibradores da sua própria equipa e, consequentemente, maior será a possibilidade de

se encontrarem coordenados entre si. Por outro lado, as suas zonas de actuação também

são menos ocupadas pela equipa adversária, facto que promove o aumento da

coordenação devido a esta menor interferência. Esta especulação parece ir de acordo com

José Oliveira cit por Amieiro, N. (2004) onde defende que é fundamental existirem

sempre três defesas na estrutura defensiva (os dois defesas centrais mais um dos defesas

laterais), nunca podendo subir simultaneamente os dois defesas laterais ao mesmo tempo.

Opinião semelhante possui Nelo Vingada cit por Teixeira, L. (2009) afirmando que no

plano da organização ofensiva contempla sempre um dos laterais e, caso a bola seja

recuperada no lado direito, o defesa lateral direito tem permissão e liberdade para

participar no processo ofensivo da equipa. Já Paulo Sérgio cit por Teixeira, L. (2009) vai

mais longe e afirma que até poderá dar liberdade aos dois laterais para atacarem se, um

dos médios garantir o equilíbrio defensivo mas, caso não se verifique esse abaixamento

de um dos jogadores do meio campo então deverá ser o lateral do lado oposto a equilibrar

a equipa dando assim liberdade total ao lateral do lado do ataque.

Relativamente ao comportamento do sector intermédio nos diferentes sentidos de

jogo, tal como já expusemos, podemos aferir que apesar de actuarem no mesmo sector de

jogo, podem possuir missões tácticas muito distintas (desde equilibradores da equipa a

desequilibradores) e, dessa forma ocuparem diferentes zonas do campo. José Oliveira cit

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 29

por Amieiro, N. (2004) afirma ainda que certos jogadores que fazem parte do meio campo

devem estar posicionados em determinados locais de forma a terem, simultaneamente

durante o processo ofensivo, um papel de ajuda ofensiva e um papel nos equilíbrios

defensivos da própria equipa e, (Pedro Emanuel cit por Soares, P., 2009; José Oliveira

cit por Amieiro, N., 2004) chegam mesmo a afirmar que durante o processo ofensivo,

existem elementos que não possuem uma participação tão activa pois estão envolvidos

em outras missões para a eventualidade de perda de bola.

O grande objectivo destes elementos do sector intermédio é o de controlar o centro

do terreno através de boa coordenação espacial inter-jogadores, porque é a zona que

possibilita o desenrolar de mais opções no jogo (Gonçalves et al., 2014). Uma óptima

distribuição em campo dos elementos que constituem este sector poderá aumentar a

qualidade do jogo, especialmente quando o jogo passa por eles (Wade, 1997), porque

aumentam o número de possibilidades de passes para todos os lados (Gonçalves et al.,

2014).

Em todo caso, uma melhor eficiência e coordenação forte entre os diferentes

elementos do sector intermédio do campo e, entre o seu sector para com o sector defensivo

e ofensivo, poderá permitir, por um lado, uma recuperação rápida da posse de bola após

a perca da mesma e, por outro lado, um aumento do número de possibilidades de criar

situações de golo (Gonçalves et al., 2014) e, com isso mais próximos de dominar o jogo.

Tentando agora observar diferenças entre os sentidos de jogos, se olharmos para

o sentido ofensivo/defensivo (ver quadro 2 para observação inferencial) constatamos que

o número de ligações fortes e o tempo em que os pares de jogadores passam coordenados

é muito maior no sentido ofensivo/defensivo comparativamente ao sentido

defensivo/ofensivo (ver quadro 1 para observação inferencial) pois no sentido

ofensivo/defensivo a equipa encontra-se a defender logo a necessidade de se

estabelecerem maiores níveis de coordenação é maior no intuito de evitarem situações de

golo para a equipa adversária (Bourbousson et al., 2010b; Duarte, Araujo, Davids, et al.,

2012; Duarte, Araujo, Freire, et al., 2012; Frencken & lemmink, 2008; Gonçalves et al.,

2014; Headrick et al., 2012; Kannekens et al., 2011; MacMahon et al., 2009; Poplu et al.,

2008; Sampaio & Maças, 2012; Yue et al., 2008b). Verificamos assim que os nossos

dados estão de acordo com (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Gonçalves et al., 2014;

Travassos et al., 2011; Wade, 1997) pois em processo ofensivo (sentido

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 30

defensivo/ofensivo), os jogadores tendem a criar acções mais irregulares a fim de

provocarem desequilíbrios na estrutura defensiva adversária.

No momento do jogo, onde a equipa se encontra a defender, todos os jogadores

parecem assumir um compromisso maior com os princípios estabelecidos pelo treinador

e consequentemente todos tendem a passar mais tempo coordenados com os restantes

colegas de equipa independentemente das missões tácticas que cada jogador possui e do

corredor de jogo em que cada elemento actua. Por exemplo, ambos os Defesas Laterais

em momento defensivo conseguiram apresentar níveis de coordenação elevadas com

quase todos os seus companheiros de equipa sendo a excepção o jogador da posição MC2.

Situação semelhante foi encontrada no jogador que actua na posição de MC1 tendo

estabelecido ligações mais fortes com todos os colegas em especial com o DE

previsivelmente por uma maior necessidade de ajudar a fechar esse corredor de jogo

devido à forma como a sua equipa e a equipa adversária delinearam o jogo

estrategicamente. Apenas não conseguiu estabelecer relações fortes com o jogador que

actua como PL. Em todo o caso, verificamos dois elementos que parecem se destacar dos

restantes companheiros de equipa pois assumem pouca predisposição para estar

coordenado com os restantes companheiros aquando do momento defensivo. Falamos dos

jogadores que actuam como PL e MC2. No caso do PL assumir reduzidas preocupações

com o momento defensivo poderá ser uma indicação do próprio Treinador no intuito de

garantir uma possibilidade ofensiva após ganho da posse de bola e/ou para conseguir

restringir o número de elementos adversários em zonas mais perigosas do campo.

Curiosamente, este jogador assume maior tempo de coordenação com o Defesa Esquerdo.

Relativamente ao MC2 presumivelmente poderá ser alguém que é mais protegido

relativamente às missões defensivas dando uma maior enfase nesse momento a outros

jogadores ou, simplesmente foi um elemento que fugiu às suas responsabilidades no

processo defensivo tendo unicamente estabelecido relações fortes com os companheiros

de sector (MC1 e MC2).

Verificamos ainda que independentemente do sentido, o par de jogadores que

passam mais tempo coordenados são o DCE-DCD (r=0,751). Posteriormente apresenta-

se o par EE-ED (r=0,692) no sentido ofensivo/defensivo e, por fim, destaque também

para o par DLE-DLD (r=0,638) no sentido defensivo/ofensivo por apresentarem uma

forte ligação de coordenação entre ambos. Estes foram os três pares que apresentaram os

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 31

valores mais altos. Por tudo o que já foi exposto, é fácil de compreender que o par DCE-

DCD possui características muito próprias que lhes permitem estar muito tempo

coordenados. Já relativamente aos pares EE-ED uma presumível explicação poderá ser

as missões semelhantes que possuem e para o par DLE-DLD talvez o facto de terem que

coordenar as suas decisões em função de outros colegas para garantirem que a equipa se

mantenha equilibrada no momento do processo ofensivo, fá-los aumentar o tempo de

coordenação entre ambos. Dessa forma, mais uma vez, verificamos que a proximidade

entre jogadores, seja por missões tácticas semelhantes ou pela influência do corredor de

jogo, foram catalisadores de aumento do tempo de coordenação entre pares de jogadores.

Quando observamos o comportamento das equipas ao longo do jogo analisado,

conseguimos detectar que cada equipa se comportou como um organismo diferenciado

apesar de todos os intervenientes de cada equipa sofrerem o mesmo processo de

treino/aprendizagem ao longo da época. Este facto poderá ser justificado por algumas

variáveis situacionais que influenciam o comportamento das equipas contudo, apesar de

ter sido pedido aos jogadores para assumirem os comportamentos standard reduzindo

assim a probabilidade de se verificarem comportamentos inesperados pelos seus colegas

e consequentemente diminuição do tempo de coordenação entre as diferentes díades de

Figura 5: Campogramas Equipa 1

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 32

jogadores. Em todo o caso, jogar o jogador X é diferente de jogador o jogador Y e

consequentemente o desenrolar do jogo também é diferente por si só.

Podemos verificar (ver figura 5 e figura 6 para observação inferencial) que a

Equipa 1 e a Equipa 2 possuem padrões de comportamentos diferenciados no que se refere

ao tipo estabelecimento de ligações de coordenação. De facto, a Equipa 1 parece verificar

maiores níveis de coordenação comparativamente à Equipa 2 sobretudo relativamente ao

Centroide defensivo e intermédio. Podemos supor que o resultado de jogo lhes tenha sido

favorável desde os primeiros minutos da equipa pois o número de ligações fortes é

superior comparativamente ao da Equipa 2 o que poderá significar que a Equipa 2 teve

mais tempo a posse de bola na procura de reduzir e/ou igualar a marcha do marcador

obrigando a Equipa 1 a assumir comportamentos mais defensivos e, a Equipa 2 a assumir

mais comportamentos irregulares no tempo por fim a destabilizar a estrutura defensiva da

Equipa 1 (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Travassos et al., 2011).

Por não termos acesso a algumas das variáveis situacionais do jogo analisado

(marcha do marcador; percentagem de posse de bola, entre outros), a nossa justificação é

somente uma possível interpretação dos dados verificados.

Figura 6: Campogramas Equipa 2

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 33

Uma outra possível justificação advém da teoria de que os jogadores expert

tendem a aumentar o tempo de coordenação entre si (Folgado, Lemmink, et al., 2014;

Sampaio & Maças, 2012) e, na distribuição dos jogadores pelas duas equipas, talvez

alguns dos melhores jogadores do sector defensivo e intermédio possam ter ficado juntos

na Equipa 1 e consequentemente pela melhor capacidade perceptiva e cognitiva e do jogo

dos seus intervenientes terem assumido maiores tempo de coordenação entre eles e os

jogadores que os rodeiam (MacMahon et al., 2009; Poplu et al., 2008). Pela sua maior e

melhor qualidade de jogo, podem ainda ter influenciado os restantes companheiros a

terem assumido comportamentos mais assertivos levando-os a estarem mais vezes

coordenados com os restantes companheiros já que a sua experiencia e capacidade de ler

o jogo pode influenciar a tomada de decisão de quem os rodeiam (Fajen et al., 2009).

Através do Quadro 3, podemos supor que, à partida a Equipa 1 era constituída por

elementos com melhor qualidade de entendimento do jogo pois, independentemente do

Período analisado, verificamos que a Equipa 1 teve sempre, sem excepção, maiores

percentagens de ligações fortes e, menores percentagens de ligações fracas nos períodos

1 e 3. Ou, como já afirmamos anteriormente, talvez o facto de estarem em vantagem no

marcador os levou a assumirem comportamentos mais coordenados entre os diferentes

pares de jogadores a fim de evitarem sofrer golo.

Relativamente à única variável situacional do objectivo do nosso estudo,

conseguimos encontrar padrões de comportamento semelhantes nas duas equipas já que

reparamos que o número de ligações fortes é maior nos inícios de cada uma das duas

partes e tende a baixar até ao final das mesmas sendo que em sentido inverso encontramos

as ligações fracas que, com o passar do tempo parecem assumir maior preponderância.

Estes dados parecem estar de acordo com os verificados no estudo de Duarte, Araujo,

Folgado, et al. (2013).

Acreditando que os factores fisiológico apesar de poderem influenciar os níveis

de coordenação, não significa que necessariamente o tempo de coordenação entre as

diferentes díades vá baixar (Duarte, Araujo, Folgado, et al., 2013), eliminamos dessa

forma o desgaste físico como a principal causa do facto das ligações fortes de

coordenação tenderem a diminuir com o desenrolar do jogo e em contra partida, a

aumentarem as ligações fracas. Como possível justificação, colocamos novamente o

resultado momentâneo do jogo (Bloomfield et al., 2005; Duarte, Araujo, Folgado, et al.,

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 34

2013; Lago & Martin, 2007; Taylor et al., 2008) levando a que uma das equipas assuma

comportamentos mais irregulares na tentativa de reduzir a marcha do marcador ou de

empatar a partida ou de se colocar em vantagem no marcador e, sugerimos ainda como

hipótese, o facto de nos inícios das partes os jogadores possuírem frescas as indicações

dadas pelos treinadores antes do inicio de cada uma das partes (início de jogo e intervalo)

optando dessa forma por cumprir mais afincadamente essas mesmas indicações!

Quando analisamos os períodos de jogo independentemente das equipas (ver

Quadro 3 para observação inferencial) e “eliminamos” dessa forma a condicionante da

marcha do marcador, os dados parecem estar novamente de acordo com os verificados

por Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013) pois os dados assumiram bastantes semelhanças

quando analisados em separadamente e por equipa-a-equipa. Por exemplo, os dados

indicaram que quando somamos o número de ligações fortes da equipa 1 com as ligações

fortes da equipa 2, vamos encontrar o 3º Período (início da 2ª Parte) como o Período onde

se verificam um maior número de ligações desse tipo (51 ligações) tendo ainda verificado

61 ligações do tipo intermédio e, 44 ligações fracas. Este foi o melhor período em termos

de estabelecimento da qualidade das ligações entre os intervenientes das partidas pois,

em nenhum outro período verificaram-se mais ligações fortes e intermédias e menores

ligações fracas.

Em contra partida, no 4º Período do jogo a situação parece inverter pois é neste

período do jogo onde se verificaram o menor número de ligações fortes (30 ligações) e o

maior número de ligações fracas (65 ligações).

Mais uma vez os dados parecem os dados parecem estar de acordo com os

verificados por Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013) onde, os inícios de cada uma das

partes também revelaram maiores indicies de coordenação, tendo os mesmos baixado

com o aproximar do final das partes.

Como possível justificação para estes dados, acreditamos que o facto do 3º

Período ter sido aquele que verificou melhores prestações a nível de coordenação deva-

se ao facto de os jogadores terem ouvido algumas correcções de posições feitas ao

intervalo pelos treinadores levando a que os jogadores iniciassem a 2ª Parte (3º Período)

com informações frescas acerca dos aspectos a melhorar. Já para o 4º e último Período de

jogo (final da partida), concordamos com a opinião de Duarte, Araujo, Folgado, et al.

(2013) que a fadiga não é por si só um indicador para a diminuição do tempo de

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

CONCLUSÃO 35

coordenação pois, o facto de os jogadores estarem mais cansados fisicamente pode leva-

los a agirem de forma mais estável, de forma mais previsível e coordenada (Bernstein,

1967; Passos et al., 2011). Em todo o caso, certo é que as equipas tendem a mostrar

menores níveis de coordenação com o aproximar do final de cada uma das partes e, como

possível justificação apresentamos o resultado do jogo como o principal causador desta

maior descoordenação nas fases finais das partes dos jogos isto porque o ser humano é

um ser competitivo e na ansia de obter o resultado desejado arrisca (seja na procura do

golo que possa reduzir a diferença no marcador, seja o golo que possa igualar a partida,

seja o golo da vitória ou até mesmo um golo que coloque o resultado numa diferença

superior) podendo assim por em causa a estabilidade da organização da própria equipa e

consequentemente maiores irregularidades e menores tempos de coordenação entre as

diferentes díades da própria equipa.

6. CONCLUSÃO

Com a evolução do jogo de futebol, parece haver a necessidade de abordar o jogo

numa perspetiva complexa e dinâmica de forma a aceder mais adequadamente à

performance desportiva, utilizando particularmente variáveis que representem melhor a

estratégia e os comportamentos tácticos dos jogadores ao longo do jogo (Gréhaigne,

1989).

Este tipo de análise, é na nossa opinião, uma ferramenta que poderá vir a tornar-se

essencial ou mesmo vital para a análise da performance dos jogos, análise das equipas

adversárias ou, até mesmo dos próprios treinos da equipa pois o jogo de futebol é

fortemente influenciado por inúmeros factores onde a simples mudança de um par de

jogadores X-Y para X-Z ou Y-Z ou até mesmo ser o mesmo par mas jogando em outros

sítios, poderá levar ao aumentou ou diminuição do tempo de coordenação entre os

jogadores. Dessa forma, um maior conhecimento sobre o nosso treino, sobre a evolução

do padrão de jogo pretendido; sobre a evolução de cada jogador sobre o jogar pretendido

levará a um rendimento superior (Gonçalves et al., 2014).

Dessa forma, este tipo de análise do treino e do jogo poderá vir assumir-se como

uma ferramenta útil na ajuda da tomada de decisão por parte dos treinadores em alguns

aspectos como a escolha dos titulares; que pares de jogadores dão mais garantias de

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

CONCLUSÃO 36

estabelecimento maior tempo de coordenação entre si; momentos chave como as

substituições; momentos chave como a prevenção dos últimos minutos de jogo onde as

equipas parecem diminuir o tempo de coordenação entre as diferentes díades; foco da

intervenção antes e durante o jogo por maior e melhor conhecimento sobre o

comportamento que os jogadores estão a ter no jogo, entre outras tantas decisões que os

treinadores tomam ao longo do decorrer do próprio jogo e da preparação do mesmo.

O nosso estudo visou a análise da coordenação entre os diferentes pares de

jogadores ao longo dos diferentes períodos do jogo sendo que definimos o 1º Período

como o Início da Partida; o 2º Período como o Final da 1ª Parte; o 3º Período como o

Início da 2ª Parte e; por último o 4º Período como o Final da 2ª Parte e consequente final

do jogo.

Tendo em conta os dados do nosso estudo, verificamos que parecem existir alguns

indicadores que catalisam a possibilidade do aumento do tempo de coordenação entre as

diferentes díades de jogadores, como por exemplo o sector onde jogam, a proximidade

entre jogadores, o tipo de missões que possuem e, o Período do jogo em causa.

Os nossos dados parecem estar de acordo com a literatura pois encontramos o par

DCE-DCD como o par que passou mais tempo coordenado (r=0,751 sentido

ofensivo/defensivo) presumivelmente pelo facto de actuarem zonas próximas da baliza

(Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012; Gonçalves et al., 2014; Headrick et al., 2012;

Kannekens et al., 2011; Sampaio & Maças, 2012); pelo facto de possuírem missões

semelhantes que levam à tentativa de impedir a equipa contrária de fazer golo

(Bourbousson et al., 2010b; Duarte, Araujo, Freire, et al., 2012; Frencken & lemmink,

2008; Gonçalves et al., 2014; Travassos et al., 2010; Yue et al., 2008b) e, por a

proximidade entre ambos ser bastante grande (Gonçalves et al., 2014; MacMahon et al.,

2009; Poplu et al., 2008).

Pelas missões que os atacantes possuem, verificamos que os elementos que

constituem o sector avançado possuem menores níveis de coordenação com os colegas

de equipa pois são os máximos responsáveis pela criação de situações de golo

imprevisíveis de forma a surpreender o adversário (Duarte, Araujo, Davids, et al., 2012;

Gonçalves et al., 2014; Travassos et al., 2011; Wade, 1997).

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EXPLORANDO A SINCRONIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS JOVENS FUTEBOLISTAS AO LONGO DO JOGO

CONCLUSÃO 37

O facto de termos encontrado elevados níveis de coordenação entre os laterais e os

extremos do mesmo corredor de jogo, fez-nos supor que o corredor de jogo poderá

também ele ser um possível catalisador para o estabelecimento de maiores ou menores

níveis de coordenação entre as diferentes díades de jogadores.

Quando analisamos os níveis de coordenação estabelecidos ao longo do jogo,

reparamos que há uma tendência para se estabelecerem maiores níveis de coordenação

nos inícios das partes de jogo ou seja, 1º e 3º Período de jogo, sendo que com o aproximar

do final de cada uma das partes há uma clara diminuição do número de ligações fortes e

um aumento do número de ligações fracas. Este tipo de comportamento também foi

verificado no estudo de Duarte, Araujo, Folgado, et al. (2013). Talvez o facto de os

jogadores terem acabado de ouvir as informações dos treinadores antes do início de cada

uma das partes possa levar os jogadores a que os jogadores assumam alguns

comportamentos mais regulares e mais previsíveis aos colegas aumentando assim o

tempo de coordenação entre as diferentes díades e, com o desenrolar de todas as

condicionantes do jogo, os jogadores assumam comportamentos mais irregulares e

consequentemente maiores dificuldades em se estabelecerem ligações fortes entre eles.

Visto que somente analisamos um jogo de futebol onde, alguns factores importantes

como os momentos dos golos; o tempo de posse de bola; os indicadores fisiológicos; a

possibilidade de se poderem elaborar substituições; intervenção antes, durante e após cada

uma das partes; etc, não foram contemplados para análise. Contudo, na nossa opinião

seria importante aprofundar este tipo de análise do jogo e do treino com esses indicadores

por fim a termos mais certezas acerca dos impactos que essas variáveis situacionais do

jogo possuem no tipo de ligações que os jogadores conseguem estabelecer entre si. Por

exemplo, pegando somente na possibilidade de se fazerem substituições, poderíamos

analisar que impacto tem uma substituição? Será que possui um impacto imediato ou, os

jogadores demoram algum tempo a ajustarem-se ao elemento novo na equipa? Será igual

a entrada de um jogador novo aos 75 minutos de jogo ou aos 85 minutos? Em que sector

e/ou corredor devemos mexer para conseguirmos prolongar o máximo possível a

coordenação entre os diversos sectores da equipa? Estas e muitas outras perguntas são

certamente aquilo que faz deste desporto algo que nos fascina e dos faz querer estar mais

perto de perceber melhor a lógica do jogo.

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Explorando a sincronização dos movimentos dos jovens futebolistas ao longo do jogo

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