Éxito ou Fracaso, 5 inimigos da mente de um Jogador de Futebol profissional.

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MARÇO Coaching Esportivo © Artigo publicado em 144 MARÇO Coaching Esportivo www.futbol-tactico.com 145 O OS 5 INIMIGOS DA MENTE DE UM JOGADOR DE FUTEBOL PROFISSIONAL s jogadores do futebol profissional são pessoas que têm conseguido chegar à cima do êxito graças a seu esforço, trabalho, disciplina, por suposto, ao seu grande talento. Tenho o prazer de conhecer e conviver com esses jogadores de elite a diário e demonstram suas grandes capacidades mentais para afrontar os treinamentos e a competição. Mas também é certo que, em alguns momentos, experimentam uma luta mental que pode acabar incluso com sua carreira esportiva. Autor: Diego Gutiérrez del Pozo Coach dos Esportistas e Treinadores de Elite. (WWW.diegogutierrez.es) Coordenador do Experto Universitário em Coaching Esportivo (Escola de Inteligência – UCJC). Doutor em Ciências da Atividade Física e do Esporte na Universidade Camilo José Cela. (Madri) Preparador Físico do Futebol de Base do Clube Atlético de Madri. Fotos: Shutterstock.com

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Os jogadores do futebol profissional são pessoas que têm conseguido chegar à cima do êxito graças a seu esforço, trabalho, disciplina, por suposto, ao seu grande talento. Tenho o prazer de conhecer e conviver com esses jogadores de elite a diário e demonstram suas grandes capacidades mentais para afrontar os treinamentos e a competição. Mas também é certo que, em alguns momentos, experimentam uma luta mental que pode acabar incluso com sua carreira esportiva. www.futbol-tactico.com/pt

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OS 5 INIMIGOS DA MENTE DE UM JOGADOR DE

FUTEBOL PROFISSIONAL

s jogadores do futebol profissional são pessoas que têm conseguido chegar à cima do êxito graças a seu esforço, trabalho, disciplina, por suposto, ao seu grande talento.

Tenho o prazer de conhecer e conviver com esses jogadores de elite a diário e demonstram suas grandes capacidades mentais para afrontar os treinamentos e a competição.

Mas também é certo que, em alguns momentos, experimentam uma luta mental que pode acabar incluso com sua carreira esportiva.

Autor: Diego Gutiérrez del Pozo

• CoachdosEsportistaseTreinadoresdeElite.(WWW.diegogutierrez.es)• CoordenadordoExpertoUniversitárioemCoachingEsportivo(EscoladeInteligência–UCJC).• DoutoremCiênciasdaAtividadeFísicaedoEsportenaUniversidade• CamiloJoséCela.(Madri)• PreparadorFísicodoFuteboldeBasedoClubeAtléticodeMadri.

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perder completamente na ação e experimentar a pura alegria da competição.

"Uma das tarefas principais do treinador é voltar a despertar esse espírito para que os jogadores possam combinar-se sem esforço”. (Jackson, 2007: 89).

Eu acredito que tanto o dono do clube como Phil Jackson estão no certo.

O jogador de futebol pode conseguir grandes resultados e estar

motivado pelo medo e a ganância (ego) ou pode obter grandes realizações e estar motivado pelo amor (ser).

Quando um futebolista confia em si mesmo, está concentrado e com a mente calma, sua mente e seu corpo trabalham juntos para conseguir o objetivo, tem um desempenho espontâneo e busca a vitoria liberando toda sua energia sem perder o animo ante a derrota, podemos dizer que se está guiando por seu ser. (Gallwey,2006).

Este artigo centrará-se só nos inimigos da mente do jogador do futebol, é dizer, quando a motivação do esportista esta guiada pelo medo ou ganância.

Cada esportista é livre de utilizar determinadas estratégias para ganhar, mas quando deixamos que nosso ego tome o controle estamos pondo em perigo nossa felicidade.

Tudo isso me fez reflexionar e comecei a ordenar algumas idéias que explicassem o porquê dessas situações.

É evidente que nem todos os jogadores juvenis de projeção vão acabar jogando na primeira divisão e que têm muitos fatores que não podem controlar esses jovens esportistas, mas, porque uns chegam e outros não?

Tenho observado uma infinidade de treinamentos como muitos dos futebolistas que têm grande talento começam a receber um trato especial da sua família e no colégio. Alguns pais, incluso levam a mochila do seu filho “para que não se lesione”.

Se a isso se adiciona quando tem uns anos mais aos representantes, os fabricantes de vestimentas esportivas, meios de comunicação, etc. é difícil que o futebolista possa assimilar de forma correta todas essas bajulações e elogios.

E o mais importante de tudo, em vez de formar a uma pessoa que tem grandes capacidades para jogar ao futebol, em ocasiões, o que fazemos é fabricar uma maquina para ganhar com um ego incontrolável. Esse ego vai ser seu maior inimigo durante toda sua carreira esportiva, e incluso depois de sua retirada. (Gutierrez e Scheele, 2009).

Phil Jackson, ex-treinador da NBA nos Chicago Bulls e nos Angeles Lakers,

Escutou dizer ao proprietário de um das suas equipes que os jogadores só estavam motivados por duas forças: O medo ou a ganância. Ao que Phil respondeu-lhe que podia ser certo, mas que ele pensava que a gente também estava motivada pelo amor.

Acrescentou dizendo que “o que guia a maioria dos jogadores não é o dinheiro nem a bajulação, se não, seu amor pelo esporte. Eles vivem para os momentos nos que se podem

1. INTRODUÇÃO

Os jogadores do futebol profissional são pessoas que têm conseguido chegar à cima do êxito graças a seu esforço, trabalho, disciplina, por suposto, ao seu grande talento.

Faz uns dias encontrei-me no cinema a dois ex-jogadores que pertenciam a um clube importante da primeira divisão espanhola de futebol. Os dois eram grandes promessas, incluso um deles tinham jogado na seleção espanhola de futebol sub 19.

Agora, um deles segue jogando na terceira divisão e o outro, o da seleção espanhola, retirou-se da pratica profissional do futebol e esta desempregado.

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2. OS INIMIGOS DA MENTE DO FUTEBOLISTA

Quais são esses cinco inimigos tão perigosos para a mente que fazem com que os jogadores não desfrutem jogando ao futebol e incluso

baixem seu rendimento?

INIMIGO NUMERO 1: IDENTIFICAR-ME COM MEUS LOGROS.O jogador de futebol em muitas ocasiões identifica-se unicamente com suas realizações.

É muito simples: quando ganha-se tudo está bem e quando se perde tudo esta mal.

Qual é o perigo. O perigo é que se pode ganhar, mas se não me tenho esforçado o suficiente e meu desempenho não melhora pagarei as conseqüências ao longo do tempo.

Quando cheguem os jogos importantes pode que não esteja suficientemente preparado para conseguir meu objetivo. Tem que sacar o positivo da derrota já que dela pode-se obter aprendizagens muito valiosas e ser objetivos

com á vitoria analisando sempre as possibilidades de melhora.

INIMIGO NUMERO 2: A NECESSIDADE DE SER SUPERIOR AOS OUTROS.O verdadeiro campeão não trata de ser melhor que seu oponente. O que pretende é sempre ser o melhor que pode ser. Se o futebolista centra-se em seu crescimento tanto pessoal como profissional estará ganhando.

Valorizaram-se os outros e a nós mesmos em base ao aspecto, as realizações, e possessões e outras baremas impostas pelo ego podemos cair em sentimentos tão negativos como o ressentimento ou afastar-nos da felicidade.

INIMIGO NUMERO 3: A FAMA.Quando falo com os jogadores mais jovens da categoria de base, em ocasiões, pergunto-lhes: para que quer ser futebolista? E em mais de uma ocasião me surpreende sua resposta. Respondem-me que querem ser futebolista para “ser famosos”.

A fama não é nem boa nem má por natureza, é neutra. Depende de como a utilizemos pode ser beneficente ou prejudicial para nós.

O que sim é certo é que se te preocupa demais por como te notam os outros. Começará a fazer muito caso a essas pessoas e deixar de ser você mesmo com o perigo que acarreta. Você não é o que os outros dizem de você.

É muito mais que isso.

INIMIGO NUMERO 4: TER SEMPRE A RAZÃO.Quando nos deixamos guiar por nosso ego necessitamos ter sempre razão. O ego nos empurra a entrar em conflito com os outros e necessitar que os outros se equivoquem. Muitos jogadores são capazes de não dar seu braço a torcer com seu treinador ou com um companheiro e estar toda uma temporada amargada.

Um sábio disse um dia ao seu discípulo: que prefere ser feliz ou ter razão?

Não significa que vamos dando a razão a todo mundo, nem que nos deixemos pisar pelos demais. O que ajudaria ao futebolista a melhorar seu rendimento seria o ser empático com seu treinador e com seus companheiros e chegar a pontos de encontro onde todos saíssem ganhando.

Red Holzman disse um dia que “a marca de um bom jogador não era o que conseguia ele, se não como conseguia aumentar a atuação de seus companheiros”. (Jackson, 2007;94).

INIMIGO NUMERO 5: A NECESSIDADE DE GANHAR.A cultura do esporte dirigida pelo ego, e a da sociedade em geral nos diz que o único importante na vida é ganhar. Todos os comerciais publicitários nos convidam a serem “os ganhadores”. Mas tem um problema. O problema é que é impossível ganhar sempre.

Até os melhores jogadores e equipes da historia lhes chega o momento em que deixam de ganhar e começam a perder. (Gutiérrez, 2011).

Todos gostamos de ganhar. Mas é muito diferente “querer ganhar” que “necessitar ganhar”

Quando quero ganhar trabalho para isso com a mente e o coração, mas se não consigo, sigo trabalhando com esforço e ilusão.

Quando necessito ganhar estou dando o poder ao ego e voltamos a cair no perigo de deixar de ser feliz.

O mítico treinador John Wooden disse que o êxito e ganhar “é experimentar a paz mental como resultado direto de saber que um tem dado o melhor de si mesmo, para converter-se no melhor que è capaz de chegar a converter-se. Isto sim é GANHAR com maiúsculas. (Wooden, 2006).

Por tanto, unicamente cada pessoa pode julgar seu êxito. Se nos deixamos de comparar com os outros, se deixamos de identificar-nos com o que temos e com nossas realizações, e começamos a desfrutar cada dia para melhorar pessoal e profissionalmente, poderá começar a sentir-se em paz com nós mesmos e sermos felizes.

3. BIBLIOGRAFIA• Gallwey, T. (2006). El Juego Interior del Tenis. Editorial Sirio: Barcelona.

• Gutiérrez, D y Scheele, S. (2009). “Anatomía del Coaching Deportivo” en Conde, M. Fútbol. Camino al éxito III. Editorial Supérate: Pontevedra.

• Gutiérrez, D. (2011). “Coaching deportivo para entrenadores de fútbol (Primera parte)”. Revista electrónica Fútbol-Táctico, nº 47, pp.55-63.

• Jackson. S. y Csikszentmihalyi, M. (2002). Fluir en el Deporte. Editorial Paidotribo: Barcelona.

• Wooden, J. y Carty, J. (2005). “La pirámide del éxito”. Editorial Peniel: Buenos Aires.