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  • Artigos

    259Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    Sasquia Hizuru ObataMestre em engenharia civil e doutoranda

    em arquitetura FAAP;Engenheira Civil.

    So Paulo SP [Brasil][email protected]

    Arquitetura txtil: aplicaes em coberturas de eventos

    Este artigo tem por objetivo apresentar os sistemas principais em arquitetura txtil e exemplos para coberturas de espaos destinados a eventos de todo o tipo. Para atender este objetivo o artigo est, primeiro, estruturado por uma contextualizao das arquiteturas txteis como um painel da evoluo e aplica-es na construo de coberturas para eventos. Na seqncia, encontra-se o item sobre as condies bsicas e direcionamentos tcnicos para aplicao das arquiteturas txteis para coberturas. O artigo finalizado com exemplos e descries da aplicao dessa tipologia arquitetnica e consideraes que justificam a aderncia desse sistema para a construo de coberturas para espaos de eventos.

    Palavras-chave: Cobertura de eventos. Arquitetura txtil.

  • 260 Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    1 Introduo

    1.1 ContextualizaoUm das aplicaes mais vistas das arquitetu-

    ras txteis, que se destacam pelas dimenses e for-

    mas diferenciadas, so as coberturas de eventos,

    apresentando-se, muitas vezes, para arquitetos e

    engenheiros, como um potencial tecnolgico, por

    seu contexto histrico e aplicaes atuais, fixadas

    por Drew (1979) como a terceira gerao das pro-

    dues arquitetnicas modernas.

    As arquiteturas txteis, tambm conhecidas

    como tensoestruturas, referem-se classe de es-

    truturas em membranas que apresentam rigidez

    em razo da geometria, que depende do estado

    de tenso de trao, ou seja, trata-se de estruturas

    tracionadas e/ou protendidas.

    Fazem parte do conjunto de estruturas, de

    forma ativa, sendo um sistema sujeito a uma nica

    condio de tenso (ENGEL, 1997).

    Tais arquiteturas so reconhecidas e utiliza-

    das desde as mais antigas civilizaes, tanto em

    tendas pelos povos nmades quanto nas mais di-

    versas travessias de rios, crregos e vales, o que

    viabilizou tambm o desenvolvimento e as con-

    quistas histricas.

    As aplicaes atuais, como edificaes de

    maior durabilidade, esto atreladas prpria

    evoluo da tecnologia dos materiais txteis e do

    surgimento do ao, destacando-se como boom a

    Revoluo Industrial, em que as construes das

    coberturas atingiram grandes vos.

    Um destaque especial deve ser dado ao arqui-

    teto alemo Frei Otto, que, em meados dos anos

    50, transps as arquiteturas txteis da condio

    de uma construo rstica e desprovida de capa-

    cidade estrutural para um tipo de estrutura leve e

    de formas arrojadas, por meio de mtodos fsicos

    e experimentais (ROLAND, 1989).

    No caso de Frei Otto, o caminho de seus m-

    todos seguia a construo de maquetes de arame

    cobertas com bolhas de sabo, que eram posicio-

    nadas na frente de um fundo branco com uma gra-

    de milimetrada. Por meio de fotos retiradas desse

    modelo, eram concebidas as coberturas, nas quais

    a sombra nas fotos representava a cobertura ideal

    ou, simplesmente, a superfcie minimal (OTTO;

    RASCH, 1992).

    Ainda hoje busca-se a forma e, algumas ve-

    zes, o dimensionamento por meio de modelos e

    maquetes e, em certos casos, com sensores (ex-

    tensmetros) conectados; no entanto, j existem

    softwares que no permitem apenas a busca da

    forma, mas tambm a anlise de carregamentos,

    dimensionamentos e cortes das membranas.

    No Brasil, pode-se dizer que as arquitetu-

    ras txteis ainda so consideradas incipientes em

    aplicaes, alm de no participarem como dis-

    ciplina de formao de arquitetos e engenheiros.

    Entretanto, podero apresentar-se como oportu-

    nidade, dado o anncio do Brasil como sede para

    a copa de 2014, que poder exigir no s a cober-

    tura de estdios, mas tambm locais temporrios

    para eventos paralelos.

    Como exemplo de aplicao das arquiteturas

    txteis em coberturas de eventos, este trabalho

    tem o palco do Rock in Rio, que pode ser conside-

    rado uma das grandes obras no Brasil.

    2 Os sistemas bsicos de arquitetura txtil para coberturas

    Historicamente, a arquitetura txtil utiliza-

    da desde as aes construtivas mais antigas e rudi-

    mentares, como o uso de pele de animais ou o de

    fios tranados (Figuras 1 e 2).

    Cita-se o desenvolvimento das tecnologias

    mecnicas por seu impacto nas construes de m-

    quinas de transporte e nas edificaes engenhosas,

    anotadas dinamicamente desde o Renascimento e

  • Artigos

    261Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    reformuladas pelo novo pensamento criado na era

    industrial e no fim do sculo 19, tendo os bales e

    dirigveis como exemplo (Figura 3).

    No entanto, somente no incio do sculo 19,

    esse tipo de estrutura gerou, na engenharia e ar-

    quitetura, aes de impacto caracterizadas como

    contnuas no desenvolvimento de sistemas estru-

    turais novos, alm de representar uma inteligncia

    construtiva para os arquitetos (STACH, 2002).

    Tal fato justificado pela maior compreen-

    so dos conceitos fsicos e da evoluo nas apli-

    caes das cincias, levando a aes de projetos

    adequados e de maior preciso, promovendo o

    desenvolvimento de novos materiais e processos

    que incluem os bales e dirigveis que ressurgi-

    ram como recurso compositivo no iderio da

    construo de uma cidade instantnea do grupo

    de arquitetos Archigram.

    As propostas de coberturas instantneas do

    grupo Archigram, representadas nas Figuras 4 e 5,

    ocorriam em uma associao fluida, participante

    de diversos concursos internacionais desde 1961, e

    com vrias aplicaes de materiais txteis, segundo

    Drew (1979).

    Figura 1: Tenda negra de povos nmades Fonte: Oliveira, 2001

    Figura 2: Ponte suspensa feita de cordas Fonte: Otto e Rasch, 1992.

    Figura 3: Dirigvel N 6, de Alberto Santos Dumont, que venceu o prmio Deutsche, em 1901 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Dirigivelsantosdumont.jpg

    Figura 4: Cidade instantnea do grupo de arquitetos Archigram, com membranas suspensas por bales Fonte: http://www.archigram.net/projects_pages/instant_city_4.html

  • 262 Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    Atualmente, reconhece-se a diversidade de

    formas aplicadas de arquitetura txtil, como as

    apresentadas nos itens 2.1 e 3 deste artigo.

    Como direcionamentos s condies corren-

    tes de aplicaes, seguem os sistemas mais utiliza-

    dos e seus principais esforos, indicados por veto-

    res (setas), nas figuras: sistema de tenda com apoio

    externo (Figura 6); sistema de tenda com apoio in-

    terno (Figura 7); sistema de tenda revestindo uma

    malha estrutural (Figura 8), e tenda estruturada

    pneumaticamente (Figura 9).

    Nas tendas estruturadas pneumaticamente,

    o ar pressurizado em volume fechado interna-

    mente suporta o espao envolvente, estabilizan-

    Figura 5: Cidade instantnea do grupo de arquitetos Archigram, com membranas suspensas por bales Fonte: http://www.archigram.net/projects_pages/instant_city.html

    Figura 6: Tenda com apoio externoFonte: Os autores

    Figura 7: Tenda com apoio internoFonte: Os autores

    Figura 8: Tenda revestindo uma malha estruturalFonte: Os autores

    Figura 9: Tenda estruturada pneumaticamenteFonte: Os autores

  • Artigos

    263Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    do-o contra foras atuantes. A fora da membra-

    na diretamente descarregada nas extremidades,

    como na Figura 10.

    2.1 Vos de alcance e materiais componentesA Tabela 1 apresenta um painel de formas de

    aplicao relacionando os vos e materiais corren-

    tes para esses sistemas.

    Figura 10: Foras na tenda estruturada pneumaticamenteFonte: Os autores

    Tabela 1: Definio de esquema estrutural de forma ativa, em face do material e vo a ser alcanado

    Sistema Estrutural

    Materiais Bsicos dos componentes

    Vos em Metros

    Tipo Exemplo Intervalo Total Intervalo adequado

    Sist

    em

    as

    de

    Ca

    bo

    s

    Sistemas de cabos paralelos

    S metal Metal+Concreto armado

    50 a 550 80 a 500

    Sistemas de cabos radiais

    S metal Metal+Concreto armado

    30 a 250 60 a 200

    Sistema de cabos biaxiais

    S metal Metal+Concreto

    armado/ +Madeira25 a 200 50 a 120

    Fonte: adaptado de Engel, 1997

  • 264 Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    Sist

    em

    a d

    e T

    en

    da

    Tendas apoiadas diretas

    Txtil + Metal /+ Madeira Plstico/ Membrana +

    Metal/ +Madeira5 a 40 10 a 25

    Tendas onduladas

    Txtil + Metal /+ Madeira Plstico/ Membrana +

    Metal/ +Madeira20 a 100 30 a 70

    Tendas apoiadas indiretas

    Plstico/ Membrana + Metal/ +Concreto

    Txtil + Metal /+ Concreto 20 a 150 30 a 80

    Sist

    em

    a P

    ne

    un

    m

    tico

    Sistemas de controle de ar interno

    Plstico/ Membrana + Metal

    Sem estrutura de sustentao

    10 a 50 10 a 40

    Com estrutura de sustentao

    70 a 300 90 a 220

    Sistema de colcho ar colcho de ar

    Plstico/ Membrana + Metal/ +Madeira/ +Con-

    creto20 a 120 20 a 70

    Sistemas de tubos de ar

    Plstico/ Membrana 10 a 70 10 a 50

    Continuao da Tabela 1

  • Artigos

    265Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    2.2 Algumas consideraes sobre aplicabilidade das arquiteturas txteis A aplicabilidade dessa tipologia constru-

    tiva est muito mais atrelada ao conhecimento

    da tecnologia construtiva, sendo esta a primeira

    desvantagem quanto aplicabilidade, ou seja, o

    desconhecimento de alguns itens do potencial tec-

    nolgico, a saber:

    Apossibilidade,porsuaprprianatureza,de

    gerar formas no tradicionais e complexas;

    Ousodemateriaiscomoasmembranas,os

    txteis e os filmes, e de novos materiais que

    conferem uma formao topolgica singular;

    Atrela-se a aderncia natural dos materiais

    txteis aos conceitos de sustentabilidade e

    atendimento ao meio ambiente, quanto

    pequena quantidade de material que utiliza,

    pelo aproveitamento da iluminao natural,

    quanto translucidez ou transparncia;

    Aoportunidadede constituir equipamentos

    urbanos ldicos ou de impacto visual, que

    permitam a aplicao de uma diversidade de

    cores;

    Ofatodeasestruturasseremcaracterizadas

    ou mesmo compatibilizadas para atuar como

    equipamentos de fechamento ou pele ativa

    em inmeros projetos j realizados, como,

    recentemente, o Cubo Aqutico de Beijin

    e Ninho Estdio Nacional Olmpico da

    Sist

    em

    as

    de

    arc

    os

    Arcos lineares

    Concreto armado Madeira laminada

    Metal15 a 100 25 a 70

    Abbadas

    Alvenaria 4 a 30 8 a 20

    Abbadas reticuladas

    Metal Madeira 10 a 150 20 a 90

    Continuao da Tabela 1Fonte: adaptado de Engel, 1997

  • 266 Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    China e, no ano 2000, o Eden Park, todos

    em ETFE (Etileno Tetrafluoretileno);

    Agamadetiposdetecidosemembranasper-

    mite sua utilizao tanto para obras de pe-

    queno porte quanto de grande porte e gran-

    des vos, como os apresentados na Tabela 1

    deste artigo, e de acordo com a resistncia

    estrutural ou no;

    Devido oferta demembranas e tecidos es-

    truturais de grande durabilidade, que atingem

    a indicao de at 50 anos de garantia pelos

    fabricantes, as arquiteturas txteis no mais

    ficam confinadas ao patamar de construes

    transitrias, e sim na qualidade de construes

    permanentes e compatveis com os outros tipos

    de materiais estruturais. Como comparativo,

    indica-se aqui o concreto estrutural que tem

    a durabilidade de 50 anos garantida para as

    aes projetuais, construtivas e de manuten-

    o para edifcios comuns, e de 100 anos, para

    obras de arte. Essa indicao se faz compara-

    tivamente, uma vez que as arquiteturas txteis

    no possuem normas sedimentadas e aplica-

    das ao Brasil, como o concreto e a madeira,

    entre outros materiais que trazem a indicao

    inclusive da escolha, segundo a agressividade

    do meio, pela NBR 6118 (ABNT, 2003), para

    as estruturas de concreto, e

    Porserummaterialdefechamentoouvedao

    muito leve, cerca de 1 a 3% do peso do vidro,

    confere a essa tipologia construtiva a habili-

    dade e aderncia s construes temporrias

    e transitrias1 e equipamentos urbanos transi-

    trios, ou seja, de atendimento a um evento ou

    mesmo por prazo determinado.

    Desse potencial h, sim, desvantagens suplan-

    tadas por formas e intervenes tcnicas simples,

    como o problema de condensao de vapores nas

    coberturas, que so sanados pelo estudo adequado

    da circulao interna dos vapores e gases e, em situ-

    aes crticas, por meio da fixao de equipamen-

    tos condensadores ou de ventiladores.

    Outro exemplo a situao de conformao

    de um ambiente-estufa, ou o problema de amor-

    tecimento trmico, que pode ser sanado por meio

    de camadas de membranas e tecidos, assim como

    se realiza com outros materiais vedantes, ou com a

    instalao de ventiladores e em condies extre-

    mas de aspersores de gua.

    Portanto, existem vrios problemas, mas as tc-

    nicas so viabilizadas pelo conhecimento e entendi-

    mento da tecnologia construtiva. No entanto, sob o

    ponto de vista do processo projetual, nas arquitetu-

    ras txteis, encontram-se dificuldades fsicas e com-

    putacionais inerentes a sua constituio estrutural.

    Tais dificuldades decorrem das solues ini-

    ciais do projeto e conduzem a uma nica aproxi-

    mao vivel, ou seja, por meio de simulaes e

    solues numricas que exigem a aplicao com-

    putacional razes levantadas por Lewis (1998) e

    arroladas a seguir:

    1 A ausncia da rigidez flexo da membrana

    inviabiliza a previso da forma da estrutura,

    uma vez que a configurao real de equilbrio

    uma incgnita da anlise estrutural;

    2 As cargas aplicadas, as tenses iniciais e a

    configurao da membrana interagem e esta

    ltima adapta sua configurao s cargas apli-

    cadas;

    3 A combinao das cargas aplicadas com as

    tenses internas depende da curvatura da

    membrana, que d origem a um conjunto de

    equaes no-lineares de equilbrio;

    4 A no-linearidade, geralmente, do tipo ge-

    omtrico, e as deformaes permanecem nos

    limites de linearidade da relao tenso-defor-

    mao do material, e

    5 A inabilidade da membrana para resistir s

    tenses de compresso um fato que se d

    pela manifestao de rugas na membrana, o

  • Artigos

    267Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    que prejudica a esttica do projeto final e a m

    distribuio das tenses internas.

    Diante desses fatos, pode-se dizer que no con-

    texto atual, h um pleno desenvolvimento de solu-

    es para esses problemas, a partir dos quais j se

    podem desenvolver mtodos computacionais para

    ajudar os arquitetos e engenheiros em projetos de

    arquiteturas txteis. No entanto, no Brasil, esses

    programas fazem parte apenas das pesquisas aca-

    dmicas e de certa falta de conhecimento do mer-

    cado profissional. Diferentemente do Brasil, j exis-

    tem tecnologias computacionais comercializadas

    e em uso comum em diversos projetos na Europa,

    Canad, Estados Unidos, Japo etc.

    3 Exemplos de aplicaes: arquiteturas txteis em coberturas de eventos

    A Figura 11 representa a primeira constru-

    o de arquitetura txtil do mundo, projetada

    por Shukhov, em 1896, localizada em Nizhny

    Novgorod, Rssia.

    Na Figura 12, encontra-se a cobertura retr-

    til projetada por Bodo Rasch para o Pavilho da

    Venezuela, na Expo2000, em Hannover.

    A Figura 13, no mesmo evento do Pavilho

    da Hungria, tambm representa uma cobertura

    com txtil arquitetnico.

    As Figuras 14 e 15 apresentam coberturas

    pneumticas temporrias utilizadas no Reino Unido.

    4 Cobertura de evento em arquitetura txtil: o palco do Rock in Rio

    O palco do Rock in Rio 2001, Figura 16,

    projeto do engenheiro civil Nelson Fiedler, foi o

    maior palco executado at hoje: 88 metros de di-

    metro em vo livre, partindo de uma geodsica

    composta por icosaedros, formando uma malha

    estrutural metlica dupla.

    Figura 11: Construo da primeira arquitetura txtil Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Shukhov

    Figura 12: Pavilho da Venezuela, na Expo2000, em Hannover

    Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Expo_2000

  • 268 Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    A fundao consiste em uma sapata semicir-

    cular nervurada, e a superestrutura corresponde

    a uma trelia metlica tridimensional, geodsica,

    formada por tringulos de icosaedros em dois pla-

    nos sobrepostos. Veja o detalhe na Figura 17.

    A superestrutura, projetada para absorver as

    combinaes de esforos externos aplicados, rece-

    Figura 14: Domo inflvel para eventos Fonte: http://www.inflate.co.uk/i-structures.html

    Figura 15: Domo inflvel temporrio Fonte: http://www.inflate.co.uk/i-architecture.html

    Figura 13: Pavilho da Hungria, na Expo2000, em Hannover Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Expo_2000

  • Artigos

    269Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    be como cobertura uma membrana de PVC po-

    lister, com 11500m, projetada estruturalmente.

    A superestrutura e a membrana de cobertura

    configuram um conjunto estrutural que deve ser

    analisado como uma tensoestrutura, uma vez que

    a membrana encontra-se apoiada sobre mastros

    areos suportados por tirantes conectados aos ns

    da geodsica metlica, fixada base de concreto.

    Para executar esta obra, foram utilizados

    mtodos computadorizados, tornando possvel o

    desenvolvimento da estrutura e dos mdulos de

    sua cobertura.

    Nesses mtodos, destaca-se um conjunto de

    softwares especficos, desenvolvidos por Fiedler

    para modelagem e anlise da membrana em sua

    fase executiva, conforme Figura 18.

    A membrana final consiste, ao todo, em 88

    mdulos (Figura 19), subdivididos em 12 setores

    que se ramificam em 6 subsetores, gerando 6336

    peas, compondo um gigantesco quebra-cabeas,

    que forma toda a cobertura final.

    Independentemente de existirem diferentes

    mdulos para executar esse grande laminado sin-

    ttico, a soluo estrutural adotada para estabi-

    lizar a forma desejada foi a mesma em todos os

    casos, isto , no baricentro dos tringulos do pla-

    Figura 16: Palco Mundo Rock in Rio 2001, projeto do engenheiro Nelson Fiedler Fonte: http://www.inflate.co.uk/i-architecture.html

    Figura 17: Trelia tridimensional formada por tringulos de icosaedros Fonte: Obata, Fidler e Patrcio, 2001

    Figura 18: Imagem grfica pr-execuo Fonte: Obata, Fidler e Patrcio, 2001

  • 270 Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    no mais externo, fixaram-se mastros telescpios

    ligados por cabos atirantados em seus vrtices.

    A soluo tensoestrutural se resume em

    cada mastro, trabalhando a compresso e apoia-

    do nos cabos, estende-se gerando trao vertical

    na membrana, Figura 20.

    Tomados esses conceitos e o conhecimento

    de tensoestruturas, no s o palco, mas todas as

    tendas do Rock in Rio foram executadas em ar-

    quitetura txtil e demonstram que, alm de ser

    uma tecnologia inovadora, trata-se de uma alter-

    nativa aos sistemas estruturais convencionais.

    6 Consideraes Finais

    Acredita-se ainda que a arquitetura txtil es-

    teja revestida pelo desconhecimento do meio aca-

    dmico e profissional, embora sejam estruturas

    de extrema beleza esttica, agregadas leveza e

    capacidade de vencer grandes vos.

    No entanto, as aplicaes em coberturas de

    eventos propiciam no s uma mostra, mas tam-

    bm uma configurao de avanos com que pou-

    cos arquitetos e engenheiros ousaram se envolver

    at o momento, ou mesmo no utilizaram da tec-

    nologia construtiva das arquiteturas txteis.

    Dessa forma, as coberturas de eventos, por

    serem, normalmente, direcionadas a grandes p-

    blicos, compreende-se o fato de exigirem grandes

    vos e necessitarem de agilidade de montagem e

    desmontagem, e de serem aptas aplicao de ar-

    quiteturas txteis. Portanto, induzem um aumen-

    to de seu uso e uma busca pelo conhecimento, o

    que poder resultar no crescimento dos estudos e

    de incrementos tecnolgicos, exigidos tanto para

    os materiais empregados nesse tipo de estrutura

    quanto pelos parmetros projetuais.

    Citem-se, ainda, as prximas aes do poder

    pblico para reformas e modernizao de estdios

    que aquecero o mercado das arquiteturas txteis,

    tendo em vista a aprovao do Brasil como sede

    para a copa de 2014.

    Fabric architecture: applications in coverings of events

    The aim of this article is to present the systems in fabric architecture and examples of cover-

    Figura 20: Esquemtico da soluo tensoestrutural adotada nos mdulos Fonte: Obata, Fidler e Patrcio, 2001

    Figura 19: Mdulos grficos da cobertura Fonte: Obata, Fidler e Patrcio, 2001

  • Artigos

    271Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.

    Nota1 Segundo o Cdigo de Obras de So Paulo (PMSP, 2008), so

    obras de carter no permanente, passveis de montagem, desmontagem e transporte, tais como circos, galpes inflveis, caixas automticas implantadas em imvel distinto da agncia bancria, cabines de recepo de filmes, quiosques para venda de lanches etc.

    Referncias ARCHIGRAM.NET. Disponvel em: http://www.archigram.net/projects_pages/instant_city_4.html. Acesso em: 5 jul. 2007.

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    ings of spaces for events of the whole type. For this focus, this article is structured firstly by the context of the fabric architectures as a scheme of the evolution and applications in the construction of coverings for events. After this, there are the basic conditions and technical ways for application of the fabric architectures for covering spaces. The article is concluded with examples and descriptions of the application of this architectural typology and considerations that justify the adherence of this system for the construction of coverings for spaces of events.

    Key words: Covering of events. Fabric architecture.

    Recebido em 16 maio 2008 / aprovado em 3 nov. 2008

    Para referenciar este texto

    OBATA, S. H. Arquitetura txtil: aplicaes em coberturas de eventos. Exacta, So Paulo, v. 6, n. 2, p. 259-271, jul./dez. 2008.