Évora Monumental

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ÉVORA MONUMENTAL

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ÉVORA

MONUMENTAL

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Teatro Garcia de Resende 1906

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Introdução elativamente aos objectivos da disciplina de Cultura e Identidade, do

1º ano do curso de Educação e Comunicação Multimédia, surgiu-nos

a ideia de retratar, analisar, conhecer e identificar Évora como

cidade Património Mundial. Desta forma, “Évora Monumental” foi o

título escolhido para desenvolver pelo nosso grupo. Os objectivos a que nos

propusemos foram, sem dúvida, os de revelar aspectos ligados à cidade

enquanto património e enquanto local habitacional que, geralmente, passam

despercebidos ao cidadão comum.

Para além deste suporte escrito, no qual vamos levar a cabo os nossos

objectivos, o mesmo foi consolidado com a apresentação à turma e à

respectiva docente, no Posto de Turismo de Évora. Esta apresentação contou

com o visionamento de um pequeno filme, presenciado pelo Dr. Francisco

Bilou, responsável pelo Departamento de Turismo da Câmara Municipal de

Évora, que foi importante na consolidação da informação recolhida e da

pesquisa efectuada, ajudando-nos ao esclarecimento de algumas dúvidas

entretanto surgidas.

Após a apresentação rumamos até Monsaraz onde apanhamos o barco

de recreio para em águas do rio Guadiana nos refrescarmos com a brisa fresca

e paisagem encantadora. O objectivo era conhecer a imensidão das águas

calmas e as terras que o rodeiam. Pretendemos mostrar ao grupo e à

respectiva docente a horizontalidade da planície alentejana, o azul e o verde

das águas, os olivais e o casario branco da aldeia ribeirinha.

Monsaraz, paragem obrigatória, percorremos a zona histórica tentando

estabelecer alguma comparação com Évora. A professora explicou o

relacionamento e as diferenças entre ambas

É desta forma que pretendemos concretizar a “missão” a que nos

propusemos e aguardamos que a realização deste trabalho coincida com a

nossa realização pessoal enquanto alunos e satisfaça as pretensões da

Professora responsável pelo Projecto.

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Évora – Cidade Vora, capital da província do Alto Alentejo, é considerada uma das mais

importantes cidades do Sul do País. O Centro Histórico de Évora é

formado por ruas estreitas e uma série de travessas, pátios e largos,

cercados por muralhas medievais com uma extensão de mais de três

quilómetros. Muralhas que na altura eram consideradas inexpugnáveis.

As suas origens remontam ao período do Império Romano. O ápice do

seu desenvolvimento ocorreu durante a Idade Média, quando se tornou

residência dos reis de Portugal. O Palácio de D. Manuel, por exemplo, também

conhecido como Paço Real, foi habitado por vários monarcas portugueses.

Além disso, este palácio foi o local onde Vasco da Gama recebeu a

investidura para o comando da esquadra da Descoberta do caminho marítimo

para a Índia, bem como o sítio em que o dramaturgo Gil Vicente representou

sete dos seus autos.

As primeiras referências escritas acerca da cidade têm a sua origem em

Plínio, que lhe chama EBORA CEREALIS, título proveniente da fertilidade do

seu termo e que já era, anteriormente à ocupação romana, ponto fortificado de

alguma importância, porque integrada na nação lusitana fora capital do reino

céltico de Astolpas, sogro de Viriato.

Contudo, Évora perdeu grande parte do seu prestígio após a sua

anexação pela Espanha, em 1580. A cidade perdeu ainda mais o seu status

no século XVIII, quando a universidade jesuíta (actual Universidade de Évora)

foi fechada por Marquês de Pombal.

Porém, esta transformou-se numa cidade lindíssima, onde o passado

desafia interminavelmente a nossa curiosidade e temo-la diante dos olhos

como miraculosamente conseguiu sobreviver aos desastres e aos tumultos, às

invasões e aos saques. A sua beleza vigorosa, a pose tranquila de quem é

naturalmente dotada, a riqueza arquitectónica evidencia a marca religiosa

através das mais vinte igrejas e mosteiros espalhados pela cidade,

nomeadamente a Sé, a Capela dos Ossos ou Igreja dos Lóios.

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Palácio de D. Manuel

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Palácio de D. Manuel

“Palácio D. Manuel, designado nas crónicas e documentos oficiais

antigos como Colégio de S. Francisco, é mencionado pela primeira

vez em 1470, por altura do reinado de D. Afonso V. Ocupando os

terrenos e grande parte do primitivo convento dos padres

franciscanos, o Palácio foi ampliado, iniciando-se a primeira fase da construção

em 1483. Foi apenas no reinado de D. Manuel I que o Palácio ganhou

importância e originalidade: o rei entregou aos arquitectos Martim Lourenço,

Diogo de Arruda e ao castelhano Pêro de Trilho sucessivas construções que

decorrem entre 1507 e 1520. D. João III, filho e herdeiro de D. Manuel I,

aumentou a obra, tendo sido considerada, na altura, como a mais notável

residência do reino, a seguir ao Paço da Ribeira, em Lisboa. Por altura da dinastia filipina, o Palácio deixa de ser usado pelo rei e

servia, de longe a longe, a pousada de príncipes, embaixadores ou religiosos.

A vinda a Évora de D. Filipe III, em 1616, resultou num pedido da

Ordem dos Franciscanos de cedência de três salas do espaço. A 28 de

Setembro desse mesmo ano, o rei publicou um diploma em que confere aos

franciscanos a utilização de vários imóveis do Palácio, ainda que sob fiança de

regressarem à posse da Coroa sempre que esta achasse conveniente. Data

ainda deste período a integração do maior conjunto gótico-manuelino do Paço

Real de Évora.

Depois de muito tempo de um semi-abandono, em 1845 e segundo o

Decreto-Lei de 25 de Julho, a Câmara Municipal adquiriu ao Governo certas

partes do edifício para nelas instalar o Tribunal e a Junta de Freguesia de S.

Pedro. Quatro anos passados, algumas alas do edifício foram destruídas para

dar lugar ao novo Mercado Público da cidade.

Foi apenas no decorrer no século XX (1943) que foram iniciadas obras

de restauração do Palácio da responsabilidade dos arquitectos Baltazar de

Castro e Humberto Reis, que permitiram devolver ao Palácio as suas linhas

originais.”

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Capela dos Ossos

“Capela dos Ossos é um dos monumentos mais conhecidos de

Évora. Situada na Igreja de São Francisco, esta capela arrepia as

pessoas mais sensíveis, pois as suas paredes e pilares centrais

estão revestidos com crânios e várias partes de ossos humanos, unidos com

cimento.

Esta Capela foi construída nos séculos XVI e XVII por monges que

quiseram contemplar e testemunhar a breve passagem da vida.

O número de ossos que decoram a capela foi estimado em 5.000 e a

lenda conta que os mesmos eram de soldados que morreram numa grande

batalha ou que foram vítimas da peste.

Por cima da porta está uma inscrição pintada que relembra aos

visitantes a sua própria mortalidade: “Nós ossos que aqui estamos, pelos

vossos esperamos".

Na Capela dos Ossos, além da decoração nas paredes, existem dois

cadáveres pendurados junto ao tecto. As suas identidades são desconhecidas,

mas há várias histórias. Segundo uma lenda os esqueletos são de um homem

adúltero e seu filho menor que foram amaldiçoados pela esposa ciumenta.

Os ossos dos monges responsáveis pela decoração do interior estão

num pequeno caixão branco dentro da capela.”

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“Sé de Évora é, paralelamente com o Templo Romano, um dos mais

Sé Catedral

emblemáticos monumentos da Cidade de Évora. Localizados

praticamente lado a lado, marcam duas épocas da história

separadas no tempo, mas que seguramente ilustram a

importância do local em cada um desses períodos.

Do ponto de vista arquitectónico, a Catedral de Évora é uma das mais

importantes manifestações da arquitectura gótica no Sul de Portugal. Nenhuma

outra catedral portuguesa a iguala na elegância da combinação dos volumes, é

perfeita e harmónica.

A Sé de Évora é considerada um edifício de estilo Românico-Gótico, ou

ainda de estilo Gótico Nacional com influência cistercense e mendicante. A sua

construção foi inspirada no modelo da Sé de Lisboa e em Catedrais

estrangeiras, nomeadamente espanholas e francesas, revelando-se de grande

importância, não apenas como ponto terminal de Românico e inicial do Gótico,

mas sobretudo pela variedade de soluções de transição empregues.”

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Templo Romano

“emplo de Diana, ou melhor dito Templo Romano, surge no

ponto dominante da Acrópole da cidade de Évora, de que é

ainda a principal atracção turística e elemento decorativo.

A edificação do templo remonta às primeiras décadas do século III

D.C., tempo em que as influências culturais dos imperadores romanos

Trajano e Adriano se estendiam pela Península.

A designação de Diana, versão erudita e seiscentista é atribuída

ao Jesuíta Manuel Fialho, em Évora Ilustrada. O templo, de planta

rectangular, do estilo coríntio e do tipo hexastilo períptero, assenta em

sólido embasamento de opus incertum, donde rompe a colunata, de

fustes grego-romano, que ainda conserva parte da arquitrave e do friso.

O edifício, cujo frontão era dirigido para o lado meridional, é feito

estruturalmente de granito, à excepção dos capitéis e bases, que são de

mármore branco de Estremoz.

O Templo Romano ou de Diana, é sem dúvida uma relíquia

monumental sem igual no país e seguramente dos mais preciosos da

Península.

O seu tipo é semelhante aos templos de Antonino e Faustina, de

Roma e do de Júpiter ou Diana em Mérida.”

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Contudo, a sua singularidade não deve ser apenas procurada nos seus

monumentos, pois as suas casas pitorescas, as ruas estreitas e travessas,

pátios e largos, tudo se conjugam para o equilíbrio e a harmonia entre o

monumental e o simples, entre o erudito e o popular.

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Dinâmica Socioeconómica de Évora

e acordo com a última actualização do Instituto Nacional de

estatística, Évora (concelho) conta actualmente com cerca de 55

mil habitantes. Relativamente às contagens dos últimos censos

(2001), a população fixava-se acima dos 56 mil, sofrendo um

decréscimo de cerca de 100 habitantes nos últimos 8 anos.

No entanto, o poder local mostra-se optimista no que se refere ao

crescimento demográfico e à urbanização adjacente. Considera-se que a

dinâmica social e económica da cidade tem conseguido contrariar a tendência

da região no seu conjunto, mantendo um crescimento idêntico ao de outras

cidades médias portuguesas. Como tem sido tónica desde há muito da

população portuguesa, o êxodo rural continua a ser o principal factor

responsável pelo crescimento das grandes e médias cidades, em detrimento do

espaço rural.

Se é verdade que a população sofreu um envelhecimento significativo,

não é menos verdade que a capacidade de atracção de novos residentes tem

contrariado essa tendência. O crescimento populacional de Évora estará

associado à importância da sua função terciária.

A Universidade de Évora, a segunda mais antiga do país, contribuiu não

apenas para o aumento da população presente na cidade mas, sobretudo, para

a sua animação e vivificação.

Também, o turismo tem vindo a ter um incremento significativo a partir

do final dos anos 70, sobretudo com o aumento de turistas estrangeiros, com

um perfil sociocultural elevado. Para tal, muito contribuiu a classificação do

Centro Histórico como «Património Mundial» que data de 1986.

A proximidade de Lisboa, a riqueza patrimonial, o prestígio internacional,

a capacidade hoteleira, são exemplos de potencialidades que Évora soube

aproveitar e aprofundar para transformar a cidade em local de realização de

conferências internacionais. Esse facto já desenvolveu na cidade novas

qualificações turísticas e outras.

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No entanto, quando falamos do centro histórico de Évora, falamos em

nada mais, nada menos do que 108ha, sendo a segunda maior área da Europa

classificada como Património Mundial, logo a seguir a Roma. Se pensarmos

em toda a população que se encerra dentro da zona considerada Centro

Histórico, falamos de alguns milhares. Nem sempre é fácil preservar o conforto

e a liberdade desta parte da população se pensarmos na dimensão turística e

arquitectónica de que a cidade tem sido alvo, principalmente nas últimas

décadas. Existem regras que devem ser respeitadas para manter e conservar o

património tal como está estipulado. Sabemos perfeitamente que não é

permitido a execução de alterações ou obras sem intervenção das entidades

responsáveis. Contudo, a tentativa que se tem vindo a fazer desde o início para

proporcionar todo o bem-estar e comodidade aos habitantes da zona histórica,

tem sido um dos principais objectivos do poder local. Iniciativas como a oferta

de pinturas de casas, pequenas obras e arranjos, têm sido fundamentais para

que este equilíbrio social se mantenha.

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Turismo

Alto Alentejo é uma região onde predominam as grandes

distâncias, os horizontes rasgados e a pureza ambiental.

Aldeias e montes guardam os segredos de uma vida pacata e

simples onde as suas gentes conhecem, como poucos, os

ciclos da natureza, os hábitos dos animais, conservam as tradições, falam a

cantar e prezam os vestígios dos que por ali passaram antes deles.

Ainda que o Templo Romano seja considerado a ruína ilustre, a riqueza

patrimonial de Évora advém-lhes do facto de, durante a Dinastia de Avis ter

sido favorita dos reis e da alta nobreza que por aqui construiu palácios, casas

senhoriais e solares imponentes que escondem pátios de sonho.

Não admira, portanto, que a UNESCO tenha atribuído em 1986 a Évora

o galardão de Património Mundial. Por outro lado, a cidade conta com

escritores famosos (Virgílio Ferreira, Túlio Espanca, por exemplo) que

ajudaram também a divulgar a nível nacional e internacional a sua beleza e

singularidade.

A projecção turística é hoje uma realidade fazendo com que os turistas

sejam para os eborenses uma presença familiar. Livre de poluição, a região é

hoje um dos lugares mais procurados para acolher aos fins-de-semana gentes

das grandes áreas metropolitanas que a procuram para descansar e repousar.

Évora não tem perdido o encanto das cidades de província. Ela atrai turistas

desejosos das paisagens históricas, pois quem a visita vai-se surpreendendo

sucessivamente pela enorme diversidade de espaços. E, não há dúvida que,

depois de ter passado uma tarde ensolarada em visita aos monumentos,

contagiados pela serenidade com que os eborenses vivem, o futurista vive

mais um momento mágico quando contacta com a gastronomia regional num

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dos restaurantes de qualidade existentes e depois se deixa “perder” pelos

percursos pedonais, retomando o fôlego nos bares e discotecas que também

não faltam.

Este é o bilhete-postal que nós turistas/visitantes temos ao dispor. Sem

duvida um vasto leque de monumentos e zonas pedonais maravilhosas de

serem admiradas. Porém, O grande valor para manter viva uma cidade

histórica é a sua habitabilidade. Devem ser as pessoas, enquanto habitantes

do espaço urbano, o centro das preocupações de qualquer plano estratégico

de intervenção. Numa cidade com valor patrimonial, as condições que

propiciam a qualidade de vida devem articular-se com a sua matriz identitária,

não podendo pôr em causa os valores históricos, estéticos e vivenciais que a

caracterizam.

O turismo é uma consequência das vivências e das características

patrimoniais do Centro Histórico de Évora, mas não deve ser considerado

como condicionador das mesmas, impondo modelos desadequados da

identidade e da humanidade da cidade. O valor do património, enquanto

recurso económico, reside na associação a uma identidade e às instituições

que o criaram e lhe foram dando vida ao longo do tempo. Reduzir a realidade

patrimonial a um espaço cénico uniformizado e estereotipado, adulterando as

vivências dos seus habitantes, constitui uma diluição da sua organização social

e cultural e uma forte desqualificação da singularidade histórica da cidade e do

seu valor turístico.

A matriz identitária e a vida própria da cidade devem prevalecer.