Evol Canetas

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Pesquisa desenvolvida no decorrer do curso de Desenho Industrial/Prgramação Visual do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, UFES. Parte das fotografias foi tirada pelo próprio designer.

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[ a evolução no design da caneta ]História da Técnica e do Desenho Industrial

Universidade Federal do Espírito SantoSetembro de 2003

Sandra Medeiros

Dimitri Santos NevesNilton C. SodréPaulo Sérgio NunesWalter de Aguiar

Dicentes

Docente

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[ moto-contínuo tecnológico-evolutivo coletivo ]

“A cada nova técnica novas tensões enovas necessidades levam o homem adesenvolver novas técnicas.”

Bernd Löbach

Uma análise aprofundada no de-senvolvimento dos vários objetosque hoje povoam nosso cotidianofaz invariavelmente transparecerbastante do que podemos chamarde evolução dos meios de produ-ção, bem como das técnicas e, agrosso modo, das possibilidadeslegadas à indústria por aqueles queexerceram o design através dosséculos.Apresentamos A Evolução no De-sign da Caneta com a proposta deaprofundarmos estudos no campoda história do design, através depesquisas pautadas pelas obras deautores consagrados como BerndLöbach, McLuhan e Rafael DenisCardoso, nas abordagens direta-mente ligadas ao design, e, nosaspectos tecnológico e econômico,Nathan Rosenberg.Nossa escolha por um objeto pre-sente em toda a história recente dacultura e da civilização permitirá aoleitor vislumbrar não só o desenro-

lar do que podemos propriamentechamar design, ou seja: a evoluçãopós Bauhaus - mas irá muito antesdeste momento, próximo mesmodas primeiras manifestações de es-crita, quando o uso da tinta trouxe anecessidade de dispositivos cadavez mais engenhosos, capazes deacompanhar o ritmo da produçãodos documentos e obras literárias.E como a evolução tecnológica éalgo que se multiplica geometrica-mente mediante as possibilidadesde combinações e o surgimento desempre novas necessidades (mui-tas vezes decorrentes dos avançosanteriores, numa espécie de moto-contínuo coletivo), nos vemos obri-gados a analisar também os me-andros do processo através da his-tória, tentando ressaltar a naturezacíclica com que soluções geram pro-blemas a serem solucionados,numa progressão infinda. Imagensdispostas ao longo das páginas tra-

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nos valemos de cronogramas en-contrados em websites como:www.metmuseum.org,www.historychannel.com, ewww.pbs.org.A seguir, conforme se estruturava oestudo, contamos com a orientaçãoda dosecente Sandra Medeiros en-quanto desenvolvíamos, paralela-mente, um leiaute que se adequas-se às nossas aspirações: o resul-tado é apresentado nas próximaspáginas, divididas em 4 seções,sendo que na última parte reunimosalgumas informações complemen-tares.A caneta foi, portanto, entre tantosoutros objetos, aquele que nos apra-zou explorar, e não fosse o bastantea sua presença marcante na histó-ria e no cotidiano de todo o mundo,gostaríamos de ressaltar um seuvalor mais resguardado, talvez mes-mo despercebido pelo leitor em suaingenuidade e leviana curiosidade.Escolhemos este instrumento por-que percebemos que não obstantetenha vindo de há muito, está aindafadado a acompanhar longos capí-tulos de nossa história, como ficaráclaro.Mais ainda - e aqui exprimimos algodo orgulho de nosso fazer diário -nos decidimos por um tal objeto porsimbolizar, não em seu caráter feti-chista e sim no funcional, o nossoexercício de designers gráficos.Pois diferentemente do carbono docarvão, evoluído até o grafite, a ca-neta representa não só o gesto dodesigner, mas também a impres-são. O uso da tinta, sempre adequa-da à aplicação e seus processos,garante à caneta a representaçãode nosso fazer profissional, e a tor-na, incontestavelmente, merecedo-ra desse estudo.

www.philips.com/design/vof

A Magic Pen é um dis-positivo inteligente de re-cepção. Informações ge-radas durante a escrita eo desenho são gravadas.Elas podem ser carrega-das depois da caneta,através do “tinteiro”, paradentro do computador.Pode inclusive ser utiliza-da para gravar falas, u-sando o processo de di-tado voz-texto.

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“Hoje o Personal Digital Assistant (PDA) é composto deuma caixa preta inteligente (tablet) e uma caneta de conta-to; imagine reverter a descrição, colocando a inteligênciana caneta mesma. Você cria de repente algo muito poderoso,quase mágico.”Khody Feiz, design de produto.

[ vision of the future ]

çam paralelos com a linha de racio-cínio proposta, possibilitando umacompreensão mais abrangente eprecisa deste percurso percorridopelo objeto em seu desenvolvimen-to. A cada novo capítulo, uma cha-mada dará a tônica da abordagem,fortalecida por títulos que se farãoclaros à medida que a leitura se dá,compondo-se diante do leitor umaapresentação não puramente line-ar, mas cheia de intertextos e ob-servações fundamentais para seevidenciar a correspondência dasobras pesquisadas com a realida-de histórica da caneta.As imagens apresentadas foramobtidas através dos websites dosfabricates Bic, Montblanc, Parker eWaterman; do site conceitual Visionof the future mantido pela Philips; etambém extraídas de livros como Odesign do Século, Design de A a Z,A palavra Escrita e o Anuário 2003de canetas da Fountain Pen Hospi-tal.Para embasamento teórico foramfundamentais os capítulos Estéticado design industrial e configuraçãosimbólico-funcional de produtos in-dustriais da obra de Löbach; a intro-dução ao desenvolvimento da es-crita de Wilson Martins apresenta-da em A palavra escrita; trechos daobra de McLuhan, Os meios de co-municação como extensões do ho-mem, além de O Design do Século,de Michael Tambini e artigo de J. G.Fraga publicado pela revista ArcDe-sign.Depois de feita uma triagem e des-bastado o material, tratamos decompor uma estrutura cronológicaa fim de localizar na história as di-versas informações, e assim, po-dermos tratá-las de forma mais con-cisa e dinâmica. Neste momento

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[ desmistificação do processo criativo ]

“Um problema central no exame dos avanços técnicos, e que tornadifícil até mesmo definir ou caracterizá-lo prontamente, é que eletoma vários aspectos diferentes. Porque o processo técnico não éuma coisa, é muitas coisas...”

Nathan Rosenberg

Pensar no desenvolvimento técnicode um objeto pode parecer, a princí-pio, uma consideração dos diversasetapas por que passou até alcan-çar seu estagio atual: resultado daintervenção de mentes inventivasque, aqui e ali, se esforçaram portrazer ao mundo suas concepçõesdo que se convencionou chamarinovação. Assim, inovação após ino-vação, os nossos “objetos moder-nos” viriam sendo construídos porum clã de gênios, recolhidos emseus complexos universos pesso-ais. Nathan Rosenberg em sua obraInside the Black Box: Technologyand Econo-mics (1982), descreve oseguinte:

“Economistas vêm tratando o fenô-meno tecnológico como se compon-do de eventos que transpiram dentrode uma caixa preta. Eles logicamenteperceberam que estes eventos têmconseqüências econômicas signifi-cativas, e de fato devotaram esfor-ços e ingenuidade consideráveis pa-

ra traçar, e até medir, algumas des-sas conseqüências. Não obstante, aprofissão dos economistas aderiumais diretamente a uma conduta auto-imposta por não pesquisar muito se-riamente a respeito do que transpiradentro daquela caixa.”

A conduta descrita desses econo-mistas é mais ou menos a mesmaadotada pela massa que, diante dasinovações surgidas no mercado,demonstram um misticismo seme-lhante, explorado cada vez mais pelomarketing. Os comerciais criadospara marcas como OMO ou Wella,por exemplo, trazem sempre a ima-gem de poderosos laboratórios e-quipados com o que há de mais fan-tasticamente distante da realidadeda dona de casa, sempre num visu-al futurista e com animações didáti-cas de estruturas moleculares quemostram a magia da ação daqueleproduto inovador, ou mesmo mila-groso. Parece ser destes recôndi-

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tos misteriosos, divinamente bran-cos e cheios de luz que vêm as ino-vações tecnológicas. E isso basta,

desde que lave melhor a roupa oudeixe os cabelos parecidos com osda última vedete holywoodiana.Em nossa análise, entretanto, de-monstraremos que por detrás dasatitudes inventivas de personalida-des (com suas equipes de colabo-radores) há um emaranhado de cir-cunstâncias responsáveis por ge-rar a demanda, os meios, e até ascaracterísticas da inovação, ele-mentos que poderiam ser tomadoscomo simples competência ou pre-ferência do designer.Todo processo engendrado o é porforça de uma energia, uma tensão,que se configura a partir das condi-ções sociais, culturais e, em se tra-tando de um mundo capitalista: eco-nômicas. Tais condições formamuma malha de tensões capaz de,numa espécie de convulsão, impul-sionar ou possibilitar um avançotecnológico, que por sua vez permi-tirá outros tantos, numa espécie dereação em cadeia, pois a cada res-posta obtida surgem novas ques-tões decorrentes. Cada avanço, cadainovação ou incremento levanta, in-variavelmente, questões novas. Atransformação no cotidiano de umasociedade implica numa transfor-mação mais ou menos radical.Adaptar-se às novas condições es-tabelecidas é sempre um processoque gera novas questões, novas ten-sões que requerem novos esforços.O homem está fadado à evoluçãocontínua enquanto houver dentrenós espíritos questionadores ou sim-plesmente dispostos a mudanças.O designer mais experimentadocertamente concluirá, cedo ou tar-de, que nada está pronto, evoluídoaté o limite; e que seu exercício nãoé conclusivo e sim evolutivo, indefi-nidamente aperfeiçoador.

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[ a caneta embrionária ]

“Os romanos chegaram a fabricar calami de bronze, que fo-ram, assim, um prenúncio da pena metálica, dela separadospelo reinado da pena propriamente dita, a pena das aves.”

Wilson Martins

Buscar um início para a história dacaneta remete a um momento mui-to anterior a seu surgimento, de for-ma que se faz necessária uma re-gressão prévia, a fim de situar o leitorno contexto de seu aparecimento.Podemos definir por escrita o atode gravar formas sobre um suportecom a intenção de uma construçãolingüística. Das mais primitivasmodalidades de escrita até as maissofisticadas, existe sempre a ne-cessidade de instrumentos ade-quados. Os ancestrais da canetaremontam, sob esta ótica, aos maisprimitivos intentos da humanidadepré-histórica. Faz-se providencial aseparação, a fim de direcionar maisobjetivamente a atenção do leitor,entre instrumentos de entalhe oudesgaste e instrumentos a tinta,mais diretamente aparentados aonosso objeto de estudo.

Já no correr dos 3000 a.C. registra-se o uso de pincéis pelos egípcios,para sua escrita pictórica. Os roma-nos, por volta de 1300 a.C. utiliza-vam, além de uma modalidade pró-pria de estilete, o calamus: uma es-pécie de caniço para escrita sobrepapiros ou pergaminhos. Nas pala-vras de Wilson Martins:

“Esse caniço, chamado comumentecalamus, foi, por conseguinte, o an-tepassado direto da nossa pena. Oscalami eram conservados em esto-jos apropriados, que muitas vezesse carregavam pendurados na cin-tura, junto com os recipientes de tin-ta. Os romanos chegaram a fabricarcalami de bronze, que foram, assim,um prenúncio da pena metálica, delaseparados pelo reinado da pena pro-priamente dita, a penas das aves.”

Os calami foram largamente utiliza-dos até pelo menos o século VI denossa era, havendo registros de suaaplicação ainda no século XVI.

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Cabe acentuar que o conhecimentode materiais não é de valia prática àprodução de artefatos até que sedominem as técnicas necessáriaspara trabalhá-los. E uma vez domi-nando-se a técnica, cabe ainda ave-riguar a validade de sua aplicação.Dificuldades na manipulação doaço, por exemplo, (já conhecido des-de aquela época) podem ter levadoa uma predileção pelo cobre na con-fecção dos calami.O mesmo quadro se repete hoje naindústria, enquanto que no extremooposto, chega-se a projetar objetosem função de um dado material,notadamente quando a facilidade deobtenção, e conseqüentes possibi-lidades de lucro, são consideravel-mente elevadas (seja por baixoscustos de processamento ou porum forte apelo estético, por exem-plo).Já a partir de 600 d.C., com a cres-cente dificuldade para se conseguircalami de boa qualidade, as penaspassaram a ser utilizadas comoinstrumento de escrita.

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Cálamo com estojo, segundo uma pintura depompéia.

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[ evolução a duras penas ]

“Eram escolhidas, como se sabe, as penas daasa, chamadas remígias, o que provavelmen-te deveria facilitar os vôos da imaginação.”

Wilson Martins

As remígias, penas das asas, dosgansos eram as mais procuradas:as hastes possuíam um bom com-primento, além de uma espessuraadequada tanto à boa empunhadu-ra quanto ao corte, que permitiauma ponta de espessura apropria-da. Tinham também a capacidadede reter a tinta no interior do bulboaté que se lhe aplicasse leve pres-são.O preparo das penas era um pro-cesso bastante artesanal. A pontada pena era aparada até a espes-sura desejada e, em seguida, mer-gulhada em areia aquecida para queficasse mais rígida. Por causa dasdiferenças naturais das própriaspenas e dos cortes feitos, além daprópria pressão exercida pela mão(que causava variações na espes-sura dos caracteres), cada pena tor-nava-se um instrumento de escrita

único.O uso dessas penas resultou aindana modificação do estilo da escritada época. Inicialmente utilizadas pa-ra o desenho das letras maiúsculas,elas foram usadas mais tarde nasminúsculas, permitindo maior ve-locidade da escrita.As notáveis restrições impostaspelo sistema que se estendeu porséculos a fio, certamente causarãoalguma exaltação nos leitores me-nos experimentados na área dasevoluções. Partamos das chateaçõesmais evidentes: os respingos portoda a superfície desenhada caligra-ficamente (constituía então uma artede poucos, e para poucos) e a lentasecagem do excesso de tinta naspáginas (o que era, antes de maisnada, um desperdício do líquido)eram características da ferramentatão sumariamente aparada à medi-da do desgaste. A secagem daspáginas demandava superfícies

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amplas, uma vez que ajuntar as fo-lhas ainda úmidas seria catastrófi-co. Mas a mais impressionante daslimitações não se encontra entreestes fatores. Trata-se de um as-pecto ligado ao raciocínio e à capa-cidade de vazão das idéias peloescritor. Imaginemos que ritual nãoconstituía a escrita. A cada tantassílabas havia a necessidade demolhar a pena, retirar os excessose conduzir a ponta molhada por so-bre o papel (tentando de todas asformas evitar os respingos) paraentão imprimir à página mais umastantas letras e retomar o ritual. A estecompasso penoso estava limitadasua expressão escrita: horas a fiopara produzir uma seqüência razoá-vel de páginas, em caracteres exu-berantes, certamente muitas vezesmaiores que os encavalados naspáginas digitadas da atualidade (oque constituía uma outra dificulda-de relativa à obtenção do suporte).A pena será utilizada numerosasvezes na produção de diversos dosdocumentos que nos contam hojeum pouco de nossa história e nostransmitem a poética e a ciência detempos passados. Sua valorizaçãocomercial, entretanto, não se pode-ria desenvolver muito, uma vez quese tratava de objeto tão simplório,praticamente aplicado em estadobruto, e, em geral abundante.

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[ uma ferramenta mais resistente ]

“Sem a escrita, privilégio do homem, cada indivíduo, reduzido àsua própria experiência, seria forçado a recomeçar a carreira queo seu antecessor teria percorrido, e a história dos conhecimentosdo homem seria quase a da ciência da humanidade”.

Encyclopédie

A pena era ainda vastamente utiliza-da em torno de 1800. Nessa épocaum ourives americano, não se adap-tando às inconveniências da ferra-menta, criou para si uma pena deaço. Chamado Pellegreno William-son, trabalhara inclusive uma fendaa fim de conferir maior elasticidadeà ponta metálica. A patente é reque-rida três anos mais tarde, por BryanDonkin, um engenheiro inglês, que,entretanto, não explorou o inventocomercialmente. O novo invento bre-ve traria a necessidade de novos in-crementos.O mundo assiste ao florescimentoda primeira revolução industrial. Acrescente demanda por velocidadee capacidade nos transportes tornaestes dois fatores sinônimos de lu-cratividade. A indústria do aço desen-volve-se para compor locomotivas eestradas de ferro mais eficientes.Logo resultaria daí que um grupo defabricantes ingleses, através de umprocesso de alimentação por placas

de aço, desenvolve uma forma deproduzir penas com grande poten-cial comercial (preços menores emaior qualidade).O processo de corte de lâminas emoldagem é semelhante ao dosdias atuais. 1830 via nascer umanova indústria de massa que homo-geneizou a espessura dos traços apena. Entretanto, o desgaste conti-nuava, e a forma de proteger as no-vas penas foi introduzir um materialmais duro a suas pontas: o rubi, ini-cialmente, e o irídio passam a seraplicados.A necessidade de molhar a penano tinteiro permaneceria ainda poralgumas décadas, mas era eviden-te que diante de tantas evoluçõestécnicas, a pena não poderia sedemorar como gargalo da produçãoescrita. A própria revolução industri-al trazia consigo a necessidade denovos e mais detalhados registrosde produção, contratos, acordos,vendas, entre outros.

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[ aposentadoria do tinteiro ]

“Em 1900, os pricípios fundamentais para uma caneta-tinteiro bem-sucedida estavam estabelecidos: um reservatório para tinta, um sis-tema de carregamento e um método para conduzir a tinta até aponta. Encontrar a melhor combinação era um desafio constante...”

O Design do Século

Os desenvolvimentos técnicos deuma nova era trariam novas ques-tões ao design da caneta: um mo-delo em níquel de 1850 marca a tran-sição tecnológica. De produtor des-conhecido, a caneta com reservató-rio em couro de porco não funciona-va muito bem, mas já tentava evitarque se mergulhasse a pena no tin-teiro a cada palavra. Surge nestemomento uma série de canetas comos mais diversos implementos nabusca por incorporar uma carga detinta e aposentar o tinteiro definitiva-mente. O processo, entretanto, nãoé linear, e várias marcas se esforça-vam por desenvolver a melhor solu-ção e fazer o melhor uso comercialdela.Na segunda metade do século, aciência era posta a serviço da indús-tria em nome do desenvolvimento detécnicas que permitissem maior pro-dução, melhor aproveitamento de

materiais ou energia e força de tra-balho, ou no melhor aproveitamen-to do tempo. Conforme as novaspossibilidades iam surgindo, osprojetistas e designers iam-se va-lendo delas em seus projetos, nocaso das canetas produzidas emmassa, restringidos pela viabilida-de comercial, enquanto que no ca-so dos artigos de luxo, aproveitan-do-se dos novos processos, maiscomplicados e menos comunspara, a despeito do custo da pro-dução, confeccionar objetos únicos,desejados pelas altas classes.Desenvolveram-se vertiginosamen-te os meios de transporte, a fim deescoar a produção e fornecer supri-mentos à indústria. Como conse-qüência, o transporte de passagei-ros evolui de tal forma, que viagensantes inconcebíveis pela mente daépoca se tornam possíveis. Rosen-berg aponta que:

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Década de 1850, produtor desconhecido, Estaca neta em níquel com reservatório em courode porco pretendia evitar que se mergulhassea pena no tinteiro a cada palavra. Apesar doavanço técnico, este tipo de modelo ainda nãofuncionava muito bem.

1899, Paul E. Wirt. As canetas decoradas emouro eram muito comuns da década. A similari-dade entre os desenhos de várias marcas su-gere que usados os mesmos fornecedores.

Década de 1910, Waterman. O n.º 420 é umdos modelos mais raros das canetas emfiligrana, existem apenas quatro no mundo hoje.Como na caneta acima, a tinta era colocada noreservatório com conta-gotas.

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“Uma invenção que reduza o custoda geração de energia afeta de for-mas diversas diferentes indústrias.No passado, tais reduções de custoeram essenciais para o desenvolvi-mento da indústria do alumínio, umaintensa consumidora de eletricidade.Essas reduções tiveram um papelexpressivo no barateamento de fer-tilizantes comerciais e no aumento daintensidade com que eram utilizadosna produção de alimentos. Sua signi-ficância para a produção de esfe-rográficas ou guarda-chuvas, entre-tanto, foi provavelmente muito peque-na. Na medida em que essas inova-ções na geração de energia pude-ram promover uma redução massivano custo da energia (a consumaçãode algo há muito desejado!) inova-ções subseqüentes, conhecidas porserem tecnicamente viáveis, maseconomicamente pouco atrativas,puderam passar ao campo da viabili-dade econômica.”

Eis um exemplo da potencialidadede uma segunda fase da revoluçãoindustrial. A busca simultânea desoluções técnicas nas diversas áre-as possibilitou que resultasse desuas interações práticas um sal-tohistoricamente inigualável até en-tão. O desenvolvimento do auto-móvel particularmente, com os con-seqüentes desenvolvimentos dastecnologias dos combustíveis e daborracha para os pneus vieram apromover um crescente domíniodas possibilidades químicas dopetróleo, o que, por fim, possibilitouo a produção dos emborrachadose, já em 1930, dos plásticos que uti-lizamos, dentre outras coisas, naconfecção de nossas canetas maisa-cessíveis. Conforme aponta Ro-senberg, isso não seria o bastantese os processos não fossem eco-nomicamente atraentes. O prodígiofoi, portanto, a simultaneidade com

que se deu o desenvolvimento nasmais diversas áreas, gerando umadisponibilidade cada vez maior eprogressivamente mais atraente, doponto de vista econômico, dos no-vos meios e possibilidades de pro-dução.Foi anos antes, em 1880 que a PaulE. Wirt & Mabie e a Todd & Bard, duascompanhias norte-americanas, pa-tentearam a mesma invenção. Cri-avam a primeira caneta-tinteiro ba-seada no princípio da capilaridade:sem formar vácuo, a tinta fluía sua-vemente do reservatório para o pa-pel: finalmente um objeto prático,simples e portátil, mas que logodemandaria novos desenvolvimen-tos.Dois anos mais tarde, Lewis EdsonWaterman experimenta as restri-ções do novo processo ainda pre-maturo: corretor de imóveis, diantede um importante negócio, perde ocliente para um concorrente sim-plesmente porque sua caneta, alémde não escrever, respingara todo ocontrato. Decepcionado, dedica-seao projeto de uma caneta com a qualpudesse contar sempre, e dá ori-gem à Waterman, uma das maistradicionais marcas de canetas-tin-teiro ao receber, na Exposition Uni-verselle de 1889, medalha de bron-ze – a mais alta honra concedida auma caneta tinteiro.A configuração econômica e a dis-ponibilidade da tecnologia configu-ram uma proliferação de empresasno ramo: ainda em 1882 a inglesaWaterman; a Parker em 1891; em1908 é fundada na Alemanha a Mon-tblanc (então conhecida como Sim-plo Filler Pen Company); a Sheafferem 1912, nos EUA; as já instintasThomas de La Rue (1881 – 1957) eLeBoeuf (1918 – 1936).

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WatermanConta-gotasc. 1903Lewis E. Waterman, pioneiro emcanetas-tinteiro, fundou suaempresa de sucesso patente-ando um design que aperfeiço-ava o carregamento, incluindodelicados sulcos sob a ponta.

EspecificaçõesPaís: EUAMaterial: Borracha rígidacom aro de ouroComprimento: 13 cm

Costumava-seusar umconta-gotaspara encher oreservatório

A pena é feita deborracha rígidapreta, com um arodecorado em ouro

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Neste contexto, a caneta sofre umaramificação em sua linha de desen-volvimento: diferentes dispositivosde segurança antivazamento, pro-cessos de recarga variados, prote-gidos pelas várias marcas atravésdas patentes, que lhes garantiamo direito de exclusividade da aplica-ção de seus dispositivos por váriosanos, gerando uma multiplicidadede soluções, uma vez que este ouaquele fabricante só poderia se va-ler da inovação do concorrente me-diante sua aprovação, e pagamen-to dos direitos.Em 1900, Waterman alcança umaprodução anual de 227.000 unida-des: um marco significativo para aépoca. Os mercados ainda eramsuficientes para absorver a produ-ção limitada das várias marcas,mas os acontecimentos do séculoque hora se iniciava transforma-riam definitivamente aqueles mol-des comerciais.

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1925, Wahl-Everrsharp. Em pau-rosa,esta ca neta apresenta mais uma ino-vação na tecnologia desses instrumen-tos: a pequena alavanca lateral permitiaencher a caneta sem desmontá-la.

1940, Parker. Uma das ca netas maisfamosas do mundo, Parker n.º 51 so-breviveu, em várias formas, por duasdécadas. Quando foi lançada, seu sis-tema de enchimento “vacumatic” era omais avançado da época.

Década de 1900, Aurora . Um dos pri-meiros modelos da Aurora, esta cane-ta em borracha dura vermelha é do tipo“safety pen”. Nelas, um sistema de es-piral interno impedia que a tinta vazas-se quando a caneta não estava sendousada.

1936, Montblanc. A mais cobiçada dalinha Montblanc Platinum Lined, a n.º128PL tem um sistema de rosca paracolocar a tinta. A celulóide especial deque é feita era produzida pela Bayer.

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[ uma nova ordem mundial ]

“Competição feroz de preços coexiste com ní-veis muito altos de concentração do produtore diferenciação significante dos produtos.”

Nathan Rosenberg

Outra face do desenvolvimento de-corrido da segunda revolução indus-trial é a necessidade crescente pormercado, fator determinante para aeclosão da I Grande Guerra. Váriosfabricantes, capazes de produzirmercadorias inéditas em várias par-tes do globo, ousam expandir suasfronteiras comerciais bem cedo. In-vestem no mercado exterior atravésde agentes ou filiais que se vão po-sicionando estrategicamente. Separa alguns a presença de mão-de-obra e facilidade de obtenção dematérias-primas são determinan-tes, para outros vale a credibilidadede uma localização nobre, conquan-to independentemente das desvan-tagens econômicas, seus clientescertamente comprarão seus artigosde luxo conforme as possibilidadesde seu extrato social mais elevado.A dominação imperialista se conso-lidava com desvantagens para apotência que mais crescia industri-

almente: a Alemanha, berço de vári-as das tradicionais marcas de ca-netas nascidas naquele início deséculo.Às guerras cabe o mérito de catali-sadoras do desenvolvimento tecno-lógico. São incontáveis as vezes emque desenvolvimentos militares ge-ram incrementos técnicos no âmbi-to comercial. Citemos por exemploo caso da indústria aeronáutica quese desenvolveu em grande partedevido ao interesse dos países emse valerem de aeronaves nos com-bates. Se novamente consultarmosRosenberg, leremos:

“A indústria de aeronaves comerci-ais é a única entre as indústrias pro-dutoras em que uma organização depesquisa do governo, a NationalAdvisory Committee on Aeronautics(NACA), ainda se mantém para ser-vir às necessidades do design deaeronaves.Organizações de pesquisa similares,mantidas conjuntamente pelo gover-

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no e pela indústria para desenvolverpesquisas de inovações tecnológi-cas diversificadas, vêm sendo re-centemente defendidas para outrasindústrias pelos consultores. (...)É crucial notar, além disso, que aNACA desenvolveu poucas pesqui-sas básicas durante este período.Antes de 1940, ela funcionava pri-mariamente para prover infra-estru-tura de pesquisa, o que disponibili-zou grandes estruturas de informa-ções e testes em design, como ostúneis-de-vento.”

Para a indústria de aviões comerci-ais, as reduções nos custos de fer-ramentas e maquinário de produ-ção foram consideráveis, proporci-onan-do a existência das grandescompanhias aéreas da atualidade.A NACA viria a se chamar NASA anosdepois. Para as canetas, assimcomo para vários objetos produzi-dos nessa época, a mudança maisnotável que o consumidor pôdeacompanhar foi a apropriação dasformas aerodinâmicas, que reforça-remos à diante.

Processos de produção mais ágeisdavam vazão a quantidades cadavez maiores de produtos com con-siderável economia, decorrente dobarateamento causado por pesqui-sas em setores de maior consumoenergético, como a indústria bélicaou do alumínio. Conforme baratea-vam-se os processos, gradativa-mente os lucros davam lugar a umademocratização dos produtos, fren-te à sempre crescente concorrên-cia.Cresce o mercado de capitais, sur-gem as Sociedades Anônimas(S.A.) e os holdings. Para empresascomo a Waterman, devido à tradi-ção de negócios em família, ape-nas em 1971 seria incorporado oS.A. e, dadas as pressões de umanova organização econômica mun-dial, em 1987 a marca passaria afazer par-te do grupo Gillete: refle-xos das mudanças que se impu-nham já a partir do início do século.Em 1928 surge o famoso e podero-so cartel de companhias petrolífe-ras conhecido como “sete irmãs”,reunindo a Exxon, Chevron, Gulf Oil,Móbil Oil, Texaco, British Petroleume Royal Dutch/Shell. Mais poderosodo que muitos Estados, o cartel con-trola, em muitas regiões, todas asetapas da atividade petrolífera. A in-corporação das várias etapas daprodução torna-se mais tarde umatendência das grandes empresaspara obtenção de maiores lucros econtrole da qualidade.A produção aumenta tanto que nãoencontra vazão frente aos baixossalários pagos e traz como conse-qüência a crise de 1929 com a que-bra da Bolsa de NY. Segundo Rafa-el Cardoso Denis, em Uma introdu-ção à história do design, após Que-bra da Bolsa, com a queda nas ven-

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1960, Shaeffer. “Pen for men VII”, emplástico, tem um sistema exclusivochamado Snorkel. O mecanismo eratão complexo que sobrava pouco es-paço para o reservatório de tinta.

O método Snorkel, da sheaffer, utilizaum tubo fino que emerge do ladoinferior da ponta quando o usuáriogira o botão na extremidade dacaneta. O tubo é, então,mergulhado na tinta.Estendendo e contraindo omecanismo de sucção,a tinta é sugada paradentro da bolsa de borracha.A ponta permanece secaem todo o processo.

Caneta Snorkel,da Sheaffer

Os cartuchos das esferográficasconvencionais são abertos para per-mitir que a tinta alimente a ponta. Osegredo por trás da Fisher Space Penreside em características singularesdo design da tinta e nas tolerânciasda fabricação de alta perfrmance daponta esferográfica e do soquete.

A tinta é levada à ponta por pressão àgás, permitindo à caneta escrever emqualquer posição. Um benefício adici-onal do design hermético é que ele evitaque a tinta se resseque, dando àFisher Space Pen uma vida útil esti-mada de 100 anos.

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[ a escrita no espaço ]A maior parte das canetas depende da gravidade para alimentar suaspontas. Assim sendo, não escrevem de cabeça para baixo, ou mesmoperpendiculares às paredes. Situação similar é encontrada no espaço,dada a ausência de campo gravitacional.

[ sistema de carregamento snorkel ]

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das, diversos produtos foram refor-mulados estéticamente com o in-tuito de aumentar as vendas.

“No design, a admiração pela veloci-dade como elemento estético deuorigem a um modismo bastante pe-culiar durante a década de 1930. Ins-pirados nas formas aerodinâmicasaplicadas a trens, automóveis e prin-cipalmente aviões (...), um grandenúmero de objetos industrializadospassou a sofrer um arredondamentoe/ou alongamento assimétrico dasformas, às vezes com aplicação denervuras estruturadas na horizontal,remetendo claramente às linhas deforça das histórias em quadrinhos.Essa tendência ficou conhecida comostreamlining em referência à pala-vra inglesa streamline, que denota alinha de fluxo de uma corrente de ar– marcou de forma extraordinária aconfiguração de muitos produtos, in-clusive alguns que dificilmente teri-am necessidade de qualidades ae-rodinâmicas, como canetas ou rádi-os.”

A reformulação estética ficou co-nhecida como styling, e tornou-seuma poderosa aliada dos fabrican-tes para a venda de seus produtos,que tornavam-se rapidamente ob-soletos, ultrapassados medianteconstantes mudanças nos valoresestéticos.Torna-se evidente a necessidade deestar presente em diferentes paí-ses e de diversificar a produção afim de se obter uma estabilidadefrente às bruscas mudanças eco-nômicas. Percebemos um caniba-lismo empresarial: empresas mai-ores comprando as menores enfra-quecidas ou mesmo quebradasapós as crises. A Montblanc, porexemplo, adquire em 1935 uma fac-ção de produtos em couro e passaa oferecer acessórios para escritó-

rio. Conforme a tendência se tornamais forte, expandiu negócios paraas áreas de jóias, relógios, perfu-mes, e bolsas executivas de clas-se, sendo hoje uma refinada bouti-que.

Pen for Men, daSheaffer 1960O carregamento por alavancade Waltre A. Sheaffer d e1907,usado muito nas quatro déca-das seguintes, alçou-o à lide-rança no design de canetas. APen for Men emprega o siste-ma Snorkel (veja acima).

A Pen for Man foiprojetada com umcorpo amplo , deforma supostamentemasculina

EspecificaçõesPaís: EUAMaterial: PlásticoComprimento: 11 cm

A caneta pode sercarregada sem anecessidade demergulhar a ponta natinta

EspecificaçõesPaís: EUAMaterial: Plástico comaro de ouroComprimento: 11 cm

Parker 61 1956Embora semelhante à Parker 51,a modelo 61 tem carregamentoincomum, usando uma nova tintachamada Super Quink. A bolsade tinta, e não a ponta, é imersana tinta, que é puxada para den-tro da bolsa por atração capilar.

A Parker 61 eraproduzida em plásticopreto, vermelho,cinza ou turqueza

A ponta daParker 61 eravulnerável

Montblanc 149Masterpiece c. 1970A caneta Masterpiece data de 1924,e este modelo 149 foi lançado nosanos 70. A cifra 4810 gravada naponta refere-se á altura da monta-nha, e simboliza os altos padrõesde fabricação da empresa.

EspecificaçõesPaís: AlemanhaMaterial: Plástico comaro de ouroComprimento: 13,25 cm

A estrela branca representao pico do Mont Blanccoberto de neve

Com 13,25 cm decomprimento e bemlarga, a Montblanc éuma caneta sólida,pesada

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[ dicotomia e síntese do objeto-instrumento ]

“Somente quando um produto for capaz de prender a atençãodo usuário durante um certo tempo, torna-se possível a possepsíquica deste produto, sobrepujando seu uso prático.”

Bernd Löbach

Em 1919 a Bauhaus vem revolucio-nar o design dos objetos e dos pré-dios. A busca de uma concepçãofuncionalista, em que a estética eraa estética da função, faz enormesucesso, principalmente nos Esta-dos Unidos. A caneta, entretanto,trazia de sua longa jornada evoluti-va, traços cada vez mais personali-zados, buscando atender a diferen-tes gostos. Se já trazia alguma vari-eda-de antes e durante a adoçãogene-ralizada da estética fria daBauhaus, depois que essa frieza semostrou nociva à psique humana,como afirma o próprio Löbach, pu-demos observar uma explosão deestilos e variações, mais ou menosousadas, que se por um lado se jus-tificou pe-la concorrência, por outroconfigu-rou um fetiche muitas vezescaro, mas bastante difundido.Mais mudanças significativas ocor-rem com a eclosão da II Guerra (39-45) e desenvolvimentos tecnológi-cos subseqüentes. Ainda em 1938,

Lázló Biró desenvolvera uma cane-ta com sistema de esfera alimenta-do por ação capilar e com tinta desecagem rápida. Entretanto, des-considerando possíveis problemasno funcionamento do protótipo, se-ria apenas em 1958 que a indús-tria estaria madura para produzir a“Volkswagen das canetas”: a Bic erao modelo das massas. Mais baratae descartável, a caneta aprimoradapor Marcel Bich cresceu no merca-do, sua empresa incorporou váriasoutras no ramo de artigos de pape-laria (incluindo a americana Shea-ffer) e, na década de 90, vendia exor-bitantes 3 trilhões de unidades aoano. Até o fim do século haveria umareviravolta no mercado de canetas.O sucesso dos modelos descartá-veis vem demonstrar um momentosocial de democratização do produ-zir da escrita. As pessoas são inci-tadas a escrever pela disputa nomercado de trabalho bem comopara seu bem-estar cotidiano.

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Da coleção 1999 da Cartier, a“Dandy” é banhada a ouro edecorada com listas em laqueincrustada. Grip em onix.

Com uma produção de 20 milhõespor dia em todo o mundo, a canetamais democrática de todos os tem-pos dispensa apresentações. Osistema “rollerball” revolucionou aindústria de canetas, colocando naponta do reservatório uma bolinhaque é molhada de tinta na medidaem que se escreve. A transparên-cia foi outra inovação, que permitever quando a tinta vai acabar.

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A evolução das estruturas sociaistira das mãos do escriturário o privi-légio da lida com documentos. Con-tratos os mais variados passam aser firmados diretamente entre usu-ário e bancos ou lojas, financeiras,imobiliárias, advogados e ou-tros.Escrever torna-se imprescindível navida moderna: é a caneta a ferra-menta mais adequada à maioriados casos.Delineia-se assim uma divisão cla-ra no momento em que se faz pos-sível produzir uma caneta para asmassas. De um lado a caneta ins-trumento, ferramenta de escrita. Deoutro, a caneta objeto, luxo, fetiche.Observando-se as formas imutá-veis da Bic ao lado da Aurora Dia-mond (atualmente a mais caras)percebere-mos que a primeira nãose presta ao preenchimento de che-ques multimilionários, e a segundanão é fruto de um esforço por de-mocratizar a escrita. Mas os extre-mos parecem ilustrar apenas o con-fronto inicial das diferentes linhas,no que Bernd Löbach chama deconfigurações prático-funcional esimbólico-funcional, numa dualida-de entre instrumento vs. status,questões cada vez mais presentesna concepção estética quanto na vi-abilidade eco-nômica dos produtos.Immanuel Kant sugeriu que “os ob-jetos podem ser julgados belosquando satisfazem a um desejodesinteressado”. Acrescentou que“os fundamentos da resposta doindivíduo à beleza existem em suaestrutura de pensamento”. Partindodesse princípio, a satisfação do ho-mem não estaria restrita apenas asuas necessidades práticas, mastambém àquelas de fundo psicoló-gico. A partir do momento em que,

já no fim dos anos 20, o plásticoadmite variedade de cores, nota-mos o emprego, pelos diferentesdesigners, de cores primárias, maisfortes, quando o produto é destina-do às classes populares, ao passoque às classes de maior poder aqui-sitivo destinavam produtos de co-res mais sóbrias.Mais à frente virá uma série de atri-butos de ordem meramente estéti-ca assumidos pelos vários e dife-rentes modelos Bic (um reflexo dasneces-sidades dos diferentes usu-ários); ao passo que grifes maiscaras tenderão a diluir os altos pre-ços em linhas colecionáveis, a fimde alcançar extratos um pouco maisbaixos sem castrar as possibilida-des de lucros que os produtos deluxo oferecem.A Bic 4Cores por exemplo, aindaque útil, teve seu grande sucessonão pela necessidade de 4 cores,mas pelo prazer de tê-las todas àmão. Tanto marcas tradicionaisquanto as emergentes tratam dedisponibilizar uma variedade cadavez maior de modelos para a escri-ta. Cores, formas, pesos e até ossons das tampas e mecanismosretráteis são explorados na buscapor destaque dentre os diversosconcorrentes. As qualidades técni-cas se desenvolvem tanto que asgarantias vitalícias antes oferecidasjá não têm mais importância do queas características estéticas quandoda escolha do comprador.O início dos anos 80 vê surgir a em-presa Lamy, com canetas que setornaram rapidamente populares,mais pelo apelo estético do que porinovações técnicas propriamenteditas.O fetichismo entre os colecionado-res é prontamente explorado pelos

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Canetas Bic 1938László Biró desenvolveu em1938 a Biro, uma caneta queutilizava tinta de secagem rápi-da, ação capilar e ponta de es-fera. Marcel Bich adquiriu apatente em 1958 e criou umaversão descartável, a Bic. Nadécada de 90, três milhões deBics são vendidas por ano.EspecificaçõesPaís: FrançaMaterial: Plástico

Canetas Lamy 1982Os design de canetas de WalterFabiam para a empresa alemãLamy foram um enorme suces-so, elevando-as imediatamenteà categoria de “clássicos”. Asca netas ganharam popularida-de devido ao estilo, e não aavanços técnicos.

EspecificaçõesPaís: AlemanhaMaterial: Plástico

Canetas componta de fibra 1963As primeiras canetas com pon-ta de fibra, desenvolvidas noJapão em 1963 pela Pentel, usa-vam um tubo interno de bambu,que foi substituído por outro defibra, que conduzia a tinta até aponta por ação capilar, num sis-tema usado ainda hoje.EspecificaçõesPaís: JapãoMaterial: Plástico

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fabricantes: resgatam modelos his-tóricos e passam a renovar os atri-butos estéticos com muito maior fre-qüência do que são atualizadas astecnologias da escrita. Parece quea caneta alcançou finalmente umpatamar de excelência funcional,sendo possível apenas as diversasvariações decorativas, muitas ve-zes apoiadas em ícones da culturapop ou estreantes nas telas do cine-ma. Mera ilusão. Surgem canetascapazes de escrever em diferentessuportes que se disseminam no co-tidiano: canetas para transparências,para CD´s, para tecidos ou que es-crevem de cabeça para baixo e atédentro d´água (mostrando que háainda muito o que explorar). Cane-tas com tinta especial possível dedesmanchar, proibidas pela possi-bilidade de fraudes em documen-tos e cheques. Novas esferográficascapazes de quilometragens extra-ordinárias de escrita com cargasque durariam tranqüilamente por 80anos. Mas quem quer carregar omesmo objeto por tanto tempo? Épreciso renovar sempre o interessedo consumidor. Adicionar elemen-tos capazes de prender sua a-ten-ção, elementos para todos os gos-tos e todas as idades. A novidade éo carro-chefe das vendas e inovarcontinua sendo palavra de ordemno mercado.

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[ desmaterialização do meio ]

“Qual será o impacto das novas tecnologias sobre os indiví-duos e as comunidades, e quais as oportunidades que elasirão oferecer para aprimorar e estender nossa experiência?”

Philips, Vision of the Future

Rádio e televisão: As bases da co-municação moderna têm carátergerador de informação. Exercemuma espécie de monólogo hipnóti-co ao qual as populações dos vári-os países se vêm adequando como passar do tempo. Não se podefalar de democracia dos meios, umavez que para difundir uma idéia épreciso ser “eleito” para tanto. O te-lefone pertence a uma outra gamade meios de comunicação que per-mite a interação e é, portanto de na-tureza mais democrática. Celularese Internet se localizam entre os doisextremos, pois combinam o caráterdemocrático da livre interação, comcomunicação em duas vias, à ne-cessidade de decodificadores maisou menos elitizados por seu custo.Ainda assim, a interatividade a nívelglobal interpenetra sistemas empre-sariais, governamentais e financei-ros a ponto de se falar de “aldeiaglobal”. A economia se entrelaça deforma que a quebra na economia deum país se faz ecoar nas bolsas devalores de todo o mundo.

Especulação, sistemas de crédito,compras eletrônicas: o capital sevolatiliza e assume a forma de dígi-tos nos monitores dos computado-res e nos letreiros das bolsas. Ohomem desenvolve uma realidadeparalela, virtual. Os documentosdeixam de ser assinados para so-frerem autenticação mecânica oumediante 4 dígitos. Empresas nosmais diversos setores nascem pa-ra funcionarem apenas no nível dosbits, sem qualquer estrutura concre-ta. Os contatos sociais assumem aforma de Chats, incorporam-se per-sonagens: a sociedade se transfor-ma, e a caneta é transportada paraos novos aparatos eletrônicos, des-provida do bulbo de tinta, capaz deescrever nos PDA´s ou nas mesasdigitalizadoras. Reassume aí suafunção e vai sendo trabalhada parapermitir a expressão humana sujei-ta a novas leis nada físicas. A sen-sibilidade ao toque ganha grada-ções para garantir maior controle

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ao usuário, num prenúncio de umaevolução que apenas os conceptdesigners conseguiram percebermais amplamente, e aguardam omomento em que o imaginável setorne necessário, e logo obsoleto,para então projetarem-se num futu-ro ainda mais distante preparandoos caminhos para as transforma-ções posteriores.

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[ o homem sem fim ]

“O meio é a mensagem. As sociedades sempre foram moldadasmais pela natureza do meio pelo qual os homens se comunica-vam do que pelo conteúdo da comunicação.”

Marshall McLuhan

A escrita está tão arraigada no pro-cesso de transformação social quefaz da caneta e demais próteses daexpressão peças-chave neste pro-cesso. Retomamos a Encyclopédiepara reforçar que “Sem a escrita,privilégio do homem, cada indiví-duo, reduzido à sua própria experi-ência, seria forçado a recomeçar acarreira que o seu antecessor teriapercorrido, e a história dos conhe-cimentos do homem seria quase ada ciência da humanidade”.A caneta e seus ancestrais são, jáque a fala não necessita de próte-ses, o mais antigo instrumento deregistro da cultura. A mensagemfoi, por muito tempo, do tamanhoexato que a fala permitiu, para serlimitada mais tarde pela escrita, e,conseqüentemente, pelo instru-mento que possibilita escrever. Asrestrições que um processo primi-tivo de escrita impunha eram amembrana delimitadora da cultura,além da qual, tudo o que se sou-

besse individualmente tinha o al-cance exato da fala.Com a escrita a cultura passa a teralém da dimensão fenomênica, doinstantâneo, uma dimensão histó-rica, registrada e passiva de trans-porte. Dimensão que expande oshorizontes da humanidade. Passa-mos a um desenvolvimento quesempre se continua a partir de ondepararam os antecessores, o que trásquestões sempre novas.Cada vez que o potencial do escritorultrapassa as possibilidades do ins-trumento de escrita, faz-se neces-sário um avanço. Este avanço terásempre sua validade equivalente aotempo gasto para o novo objeto setornar novamente restritivo, nascen-do então a necessidade por novodesenvolvimento, por um novo ob-jeto.Assim ocorre com todos os artefa-tos em uso: conforme têm suas ca-pacidades ultrapassadas pelas de-

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Entretanto, a demanda do usuárionão é meramente funcional. Há pa-ralelamente uma demanda psíqui-ca, seja de ordem auto-afirmativa ouafetiva. Busca-se através dos obje-tos, conforme assinala Löbach, umaauto-representação: o homem “seesforça por ser reconhecido pelosoutros membros do seu grupo. Istolhe proporciona, tendo atingido ameta, uma sensação de aceitaçãoe segurança social”, o que vale parademandas de ambas as naturezas.A posse psíquica do produto é, por-tanto, essencial para o equilíbriopsíquico dos homens e, conformesuas capacidades vão sendo ex-pressas através dos diversos mei-os em evolução, as necessidadespsíquicas também evoluem. São osmeios que possibilitam, portanto,não apenas a expansão quantitati-va como também a expansão quali-tativa, psíquica, da cultura.Cabe ao designer posicionar-seconscientemente dentro do contex-to da sociedade que o cerca, e queestá em constante transformação,para realizar de forma dinâmica einterativa os desenvolvimentos e ino-vações de meios que possibilitemo pleno desenvolvimento psíquico-cultural de sua época.Nesta evolução constante, a canetahoje não passa de mero coadjuvan-te, mas talvez por força de um reco-nhecimento por sua atuação pionei-ra, vem sendo incorporada pelasnovas tecnologias áudio-visuais, ese mantém como meio de expres-são, prótese que permite ao homemimprimir cifras binárias num univer-so virtual.

www.philips.com/design/vof[ vision of the future ]

A simplicidade de inter-faces naturais tais comoescrita e fala, combina-da com a simples metá-fora de uma caneta, per-mitem o desenvolvimen-to de um produto que éde uso fácil e altamentepessoal.

mandas de seus usuários, geramtensões que levam à busca por umincremento ou uma inovação capa-zes de permitir o pleno exercício dafunção.

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Cerca de R$ 2,6 milhões. Este é opreço da caneta Diamond Aurora,uma peça única que esteve em ex-posição, nesta terça-feira, na joalhe-ria Oswaldo Moscon do ShoppingPraia da Costa, em Vila Velha. Mui-tos curiosos estiveram na frente daloja para, pelo menos, conseguir vera caneta mais cara do mundo. Tam-bém não faltou música clássicapara dar um clima charmoso aoevento.Vila Velha é a primeira cidade brasi-leira a conhecer a Diamond Aurora.A caneta italiana durou dois anospara ser fabricada.Segundo o diretor comercial da Au-rora no Brasil, Dário Castilho, a ca-neta possui cerca de 1.919 diaman-tes. “A parte superior da caneta con-ta com um diamante de 20 quilates.A composição da caneta mais carado mundo conta ainda com 200g deplatina”, disse o diretor.Dário Castilho informou ainda quejá existem duas pessoas interes-sadas na Diamond Aurora. “Já exis-tem dois xeiques árabes interessa-dos na peça. Quando a caneta che-gar na fábrica, na Itália, ela deveráseguir para os dois interessados”.O diretor comercial da Aurora noBrasil destacou que é um grandeprivilégio dos capixabas conhece-rem primeiro a Diamond Aurora.A Diamond Aurora realizará umapequena turnê pelo Brasil. A canetadeverá permanecer no país por dezdias. Em seguida, a Diamond Auro-ra entra em exposição em São Pau-lo.

[ Caneta de R$ 2,6 milhões em exposição em Vila Velha ]

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