Eugenio de Andrade
Transcript of Eugenio de Andrade
Trabalho realizado por:
Ricardo Mota nº15
Ruben Silva nº19
�Estreou-se em 1940 com a obra Narciso, torna-se mais
conhecido em 1942 com o livro de versos Adolescente, e
afirma-se como poeta na colectânea “As mãos e os frutos”.
A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente
lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do
corpo a que se chega mediante uma depuração contínua.
� Eugénio de Andrade frequentou o Liceu Passos Manuel e a
Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus
primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado
Narciso, publicou três anos mais tarde.
� Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, � Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional,
Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada
vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as
suas raras aparições públicas com “essa debilidade do coração
que é a amizade”.
� Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença
neurológica prolongada.
� Pureza (1945)
� As Mãos e os Frutos (1948)
� Os amantes sem dinheiro (1950)
� As palavras interditas (1951)
� Até amanhã (1956)
� Coração do dia (1958)
� Mar de Setembro (1961)
� Ostinato rigore (1964)
Obscuro domínio (1971) � Obscuro domínio (1971)
� Véspera de água (1973)
� Escrita da Terra (1974)
� Limiar dos pássaros (1976)
� Matéria solar (1980)
� Vertentes do olhar (1987)
� O outro nome da Terra (1988)
� Rente ao dizer (1992)
� Ser dá trabalho (1993)
� Ofício de Paciência
� Antologia Breve
� O Sal da Língua (1995)
� “A boca”,
onde o fogo de um verão muito antigo
cintila,
a boca espera a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento para ser ave,
e cantar.
�Ainda sabemos cantar,
só a nossa voz é que mudou:
somos agora mais lentos,
mais amargos,
e um novo gesto é igual ao que passou. e um novo gesto é igual ao que passou.
Um verso já não é a maravilha,
um corpo já não é a plenitude.
� Como se houvesse uma tempestade escurecendo os teus cabelos, ou, se preferes, minha boca nos teus olhos carregada de flor e dos teus dedos; como se houvesse uma criança cega aos tropeções dentro de ti, eu falei em neve - e tu calavas a voz onde contigo me perdi. a voz onde contigo me perdi. Como se a noite se viesse e te levasse, eu era só fome o que sentia; Digo-te adeus, como se não voltasse ao país onde teu corpo principia. Como se houvesse nuvens sobre nuvens e sobre as nuvens mar perfeito, ou, se preferes, a tua boca clara singrando largamente no meu peito.
� Cala-te, a luz arde entre os lábios,
e o amor não contempla, sempre
o amor procura, tacteia no escuro,
essa perna é tua?, esse braço?,
subo por ti de ramo em ramo, subo por ti de ramo em ramo,
respiro rente á tua boca,
abre-se a alma à língua, morreria
agora se mo pedisses, dorme,
nunca o amor foi fácil, nunca,
também a terra morre.
� Há muito que são velhas, vestidas
de preto até à alma.
Contra o muro
defendem-se do sol de pedra;
ao lume
furtam-se ao frio do mundo.
Ainda têm nome? ninguém
pergunta, ninguém responde.
A língua, pedra também.
de Rente ao Dizer
� Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
de O Outro Nome da Terra