“Eu era estrangeiro e vocês e acolheram” - PBCM · O Caraça em festa, ... homem de ontem e de...

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“Eu era estrangeiro e vocês me acolheram...” (Mt 25, 35)

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“Eu era estrangeiro e vocês

me acolheram...” (Mt 25, 35)

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INFORMATIVO SÃO VICENTE Boletim de circulação interna da

Província Brasileira da Congregação da Missão

Ano LI – Nº 301

Edição Especial - 2017

Rua Cosme Velho, 241

22241-125 Rio de Janeiro - RJ

Telefone: (21) 3235 2900

Fax: (21) 2556 1055

E-mail:

[email protected] [email protected] www.pbcm.com.br

Equipe responsável por esta edição do Informativo São Vicente

- Pe. Geraldo Eustáquio Mól Santos, C. M. - Ir. Adriano Ferreira Silva, C. M. - Cristina Vieira Vellaco

Revisão - Pe. Lauro Palú Formatação e Impressão

- Equipe de Mecanografia do

Colégio São Vicente de Paulo

Editorial

Há décadas o ISV – Informativo São Vicente – tem sido o principal meio de comunicação institucional da PBCM. Nestes 50 anos de existência (301 edições!) o ISV tem prestado um valoroso serviço à Província, atuando por meio de dois prismas de maior destaque: o primeiro de natureza informativa, oferecendo aos Coirmãos notícias do cotidiano provincial, cartas do Superior Geral e do Papa, homenagens aos Coirmãos e amigos falecidos, breves relatos sobre a vida missionária, entre outras contribuições. O segundo prisma, de natureza formativa, sempre esteve presente por meio dos artigos teológicos, filosóficos ou de conhecimentos gerais publicados pelos Coirmãos ou reproduzidos a partir de outras publicações de referência. Em suma, o ISV é de fundamental importância para a formação permanente dos Coirmãos e contribui para fomentar o espírito de pertença de cada membro da PBCM ao nos comunicar sobre os acontecimentos mais importantes de nosso cotidiano missionário.

Nos últimos anos, o ISV tem enfrentado grandes desafios para se manter ativo. Primeiro, por causa da evolução dos meios de comunicação. As notícias chegam muito mais rápido por meio de sites, e-mail, redes sociais, Whatsapp, fazendo com que um Informativo trimestral pareça sempre atrasado em relação às outras mídias. Segundo, há uma queda de interesse dos Coirmãos para contribuírem com o ISV, seja com notícias, seja com artigos. Isto constatado, entendemos que é preciso uma mudança no ISV, transformando-o num veículo mais ágil de comunicação. Assim sendo, esta será a última edição do ISV neste formato de brochura. A partir de 2018, o Informativo será publicado bimensalmente a modo de Folhetim, num formato parecido com a Nuntia. Ele continuará impresso, mas terá também versão em PDF para facilitar a distribuição pelas mídias mais modernas.

Está em gestação uma equipe de comunicação na PBCM, que se responsabilizará pelo Informativo e outras possíveis publicações como uma Revista Missionária. Esta equipe ainda cuidará do site da Província e também da sua introdução nas redes sociais. Contamos com a colaboração de todos os Coirmãos nessa missão de nos mantermos cada vez mais unidos por meio de uma boa comunicação.

Fraternalmente,

Ir. Adriano Ferreira, CM

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Sumário

Voz do Papa ............................................................................................

Palavra do Visitador ................................................................................

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Artigos Cotidiano Provincial e Notícias

Obituário

400 Anos depois: a vitalidade, a atualidade e a importância do Carisma Vicentino - Pe. Eli Chaves dos Santos, C. M. ....................................................................

Missão da CLAPVI em Cuba - Ir. Gustavo Alivino Silva, C. M.

Eles Merecem – Paroquianos de Riacho Fundo II .............

VII Curso da Escola de Espiritualidade Vicentina - Pe. Vanderlei Alves dos Reis, C. M. .................................

Flashs da Caminhada Formativa 2017 - Pe. Eli Chaves dos Santos, C. M. .....................................

Crônica do Encontro de Párocos, Vigários e Curas - Ir.Gustavo Alivino Silva, C. M. ........................................

O Caraça em festa, para comemorar 400 anos do Carisma Vicentino - Pe. Lauro Palú, C. M. .......................

Presença na Prelazia de Tefé-AM - Pe. Paulo Eustáquio Venuto, C. M. .................................

Posse da Diretoria CNB - Pe. Alexandre Nahass Franco, C. M.

Notícias da Tradução das Obras Completas de São Vi-cente de Paulo - Pe. Getúlio Mota Grossi, C. M. ............

Notícia da CLAPVI – Pe. José Jair Vélez Duque, C.M. ........

Notícias do Provincial – ordenações, colocações e outras. ..... Ir. Thomás Glenski ............................................................

Pe. José Athanásio Coelho ...............................................

Pe. Geraldo Nunes Costa ..................................................

Pe. Pedro Dias de Lima .....................................................

Israel Bonifácio Batista .....................................................

Maria das Mercês do Porto ..............................................

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Voz do Papa

Três verbos1 para a Família Vicentina

No seu discurso durante o Simpósio da Caridade, organizado em Roma pela Família Vicentina, o Papa Francisco sugeriu três verbos para reflexão de todos os seguidores do Carisma Vicentino. São eles:

ADORAR: São inúmeros os convites de São Vicente a cultivar a vida interior e a

dedicar-se a oração que purifica e abre o coração. A oração é especial para ele.

É a bússola de todos os dias, é como um manual da vida, é – escrevia – “o grande

livro do pregador”: Somente rezando se consegue de Deus o amor que deve ser

derramado no mundo; somente rezando se consegue tocar os corações das

pessoas ao anunciar-lhes o Evangelho (ver Carta a A. Durand, 1658). Mas para

São Vicente a oração não é apenas um dever, e menos ainda, um conjunto de

fórmulas. A oração é parar diante de Deus para estar com Ele, para dedicar

simplesmente a Ele. Está é a oração mais pura, a que deixa espaço para o

Senhor e seu louvor, e nada mais: a adoração.

ACOLHER: Chegamos ao segundo verbo: acolher. Quando escutamos essa

palavra, imediatamente pensamos em algo que fazer. Mas, na realidade,

acolher é uma disposição mais profunda: não se trata somente de abrir espaço

a alguém, mas sim de ser pessoas acolhedoras, disponíveis; acostumadas a se

dar aos outros. Como Deus para nós, assim nós para os outros. Acolher significa

redimensionar o próprio eu, endireitar a forma de pensar, entender que a vida

não é minha propriedade privada e que o tempo não me pertence. É um

desapego lento de tudo o que é meu: meu tempo, meu descanso, meus

direitos, meus programas, minha agenda. Aquele que acolhe renuncia ao eu e

faz entrar em sua vida o tu e o nós.

IR: O último verbo: Ir. O amor é dinâmico, sai de si mesmo. Aquele que ama não

fica numa poltrona olhando, esperando pelo advento de um mundo melhor,

mas, com entusiasmo e simplicidade, se levanta e vai. São Vicente dizia muito:

1 Resumo do discurso do Santo Padre Francisco à Família Vicentina .

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“Portanto, nossa vocação é ir, não a uma paróquia, nem apenas a uma diocese,

mas a toda a terra. E para fazer o que? Para inflamar os corações dos homens,

fazendo o que fez o Filho de Deus, Ele, que veio trazer fogo ao mundo, para

inflamá-lo com seu amor” (Conferência de 30 de maio, 1659). Essa vocação é

sempre válida para todos. Faça essas perguntas a você mesmo: Saio ao

encontro dos outros, como quer o Senhor? Levo aonde vou este fogo de

caridade ou me fecho para me aquecer diante da minha lareira? Queridos

irmãos e irmãs, obrigado porque estão em movimento pelos caminhos do

mundo, como São Vicente lhes pediria hoje também. Desejo que vocês não

parem, mas que prossigam, tirando da adoração de cada dia o amor de Deus e

que o espalhem por todo o mundo através do bom contágio da caridade, da

disponibilidade, da concórdia. Abençoo a todos vocês e aos pobres que

encontrem. E, por favor, os peço a caridade de que não se esqueçam de rezar

por mim.

Papa Francesco 14 de outubro de 2017

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Palavra do Visitador

O ano vai chegando ao seu final. Estamos encerrando muitas atividades

que preencheram o nosso tempo e ocuparam nossas mentes durante todo esse

tempo. Ainda temos, porém, algum tempo e muitas outras coisas estão para

acontecer antes que nos despeçamos, definitivamente, do ano de 2017.

Sem dúvida, um ano de GRAÇA DO SENHOR. Ano em que o Carisma

Vicentino completou 400 anos. Um ano de celebrações, encontros, estudos,

confraternizações, revisões, projeções para o futuro... Um tempo para

sintetizar os acontecimentos do passado, olhar, atentamente, para o presente

e lançar nossos olhares às vezes inseguros, mas livres, em direção ao futuro que

vai se aproximando e nos oferecendo oportunidades de renovação,

reconstrução, recriação deste tempo histórico sob a ação do Espírito que faz

novas todas as coisas...

Os desafios dos tempos atuais nos convidam a buscar, de maneira sincera,

com esperança, olhando atentamente para a nossa realidade, tanto social

quanto eclesial, quais possibilidades se descortinam à nossa frente e o que o

nosso bom Deus espera de todos nós. “O rio tem a sua correnteza e os barcos

que seguem o curso da água, são por ela arrastados. Caso se queira ir rio acima,

os barqueiros terão de remar sem descanso” (São Vicente de Paulo, X,244).

Estamos nos preparando para o término do Ano Litúrgico com a Festa de

Cristo Rei e iniciarmos um novo ano com o tempo do Advento, que tem a força

de renovar, em cada um de nós, os sentimentos de fé, esperança, alegria, amor

e paz. Toda a riqueza de sentimentos tem como fundamento a certeza de que

Deus é sempre fiel à aliança estabelecida com o seu poro. “Bendito seja o

Senhor Deus de Israel, porque a seu povo visitou e libertou; e fez surgir um

poderoso Salvador na casa de Davi, seu servidor” (Lc 1,68-69).

Tempo do Advento, tempo de espera, não uma pura espera, mas uma

atitude de quem vai ao encontro daquilo que se deseja, nos prepara para o

Natal do Senhor. Uma espera que nasce em nossos corações e vai crescendo

com o passar dos dias, renovando nossas energias, acrisolando nossos sonhos,

aprimorando nossa fé, dando-nos a certeza de que tempos novos virão e nossos

projetos se tornarão realidade. Um tempo poético, tempo de rezar com poesia

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e arte, esperar com alegria, criatividade, fé sempre renovada, mesmo sabendo

que desafios já conhecidos continuarão presentes e novos se apresentarão.

Mas, nunca nos esqueçamos, “Eu o Senhor, te chamei para o serviço da justiça,

tomei-te pela mão e te moldei, eu te pus como aliança do povo, como luz das

nações, a fim de abrir os olhos dos cegos, de soltar do cárcere os presos e, da

prisão os que habitam nas trevas” (Is 42,6-7).

Com todos estes sentimentos e desejos, rogo ao nosso Bom Deus que nos

traga muita saúde, equilíbrio em nossas ações e relações, animados e

revigorados para continuarmos nosso trabalho na construção do Reino,

construtores da paz que seja capaz de renovar o mundo, a vida, a nós mesmos,

a todas as gentes, e se traduz na garantia de uma vida saudável, feliz e digna

para todos.

Eis o nosso programa e tamanho desafio!

Padre Geraldo Eustáquio Mól Santos, C.M. Visitador Provincial

Província Brasileira da Congregação da Missão

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Artigos

400 Anos depois: vitalidade,

atualidade e importância

do Carisma Vicentino

“Voltemos nossa mente e nosso coração para São Vicente de Paulo, homem

de ação e de oração, de organização e de imaginação, de comando e de

humildade, homem de ontem e de hoje. Que aquele camponês das Landes,

convertido pela graça de Deus em gênio da caridade, nos ajude a todos a por

mais uma vez as mãos no arado – sem olhar para trás – para o único trabalho

que importa, o anúncio da Boa Nova aos Pobres” (São João Paulo II, 1986).

Aproxima-se a festa de São Vicente de Paulo! Toda a Igreja, em especial a

Família Vicentina, celebra com alegria o “Pai dos Pobres” e “Arauto da ternura

e da misericórdia de Deus”, cujo testemunho de fé possui hoje, 400 anos

depois, uma notável importância, vitalidade e atualidade para o nosso

seguimento de Cristo.

São Vicente de Paulo! Estamos diante de um dos grandes santos da Igreja.

Um santo muito concreto, sem nada de misticismos – por isso, pouco lembrado

pela atual onda religiosa que corre atrás de milagres, fortes emoções e prospe-

ridade. Porque muito centrado na fé e na realidade concreta da vida, São Vi-

cente aponta para questões fundamentais na vivência da fé cristã e nos deixa

uma rica e desafiante herança que, ainda hoje, no mundo cada vez mais mar-

cado pelo pluralismo, pela secularização e indiferença religiosa, fala ao coração

das pessoas e desperta para o seguimento de Cristo.

Destaco seis pontos, que nos ajudam a aproximar-nos timidamente da vi-

talidade e atualidade do carisma vicentino. Todos eles estão muito relacionados

entre si e poderiam ser desmembrados e desenvolvidos em muitos outros te-

mas para nossa reflexão.

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1. O carisma vicentino nasce e se desenvolve centrado em Jesus Cristo e nos

convida a voltar a Jesus e nele centrar nossa vida. São Vicente descobriu que

a verdadeira felicidade, a verdadeira vontade de Deus consiste em seguir Je-

sus Cristo. Ele é o Verbo Encarnado, é o “Divino Pobre”, é Deus presente no

mundo para compartilhar a sorte dos humildes e anunciar-lhes o Reino.

Cristo é a salvação que vem na figura de um pobre, é Deus que se identifica

com a causa dos pequenos e necessitados. Jesus Cristo é o centro de nossa

vida e missão, regra para nossa identidade e razão de nossa paixão pelos po-

bres. “Nosso Senhor é nosso Pai, nossa mãe e nosso tudo”. “Rogo a Nosso

Senhor que Ele seja a vida de nossa vida e a única aspiração de nossos cora-

ções”. A alegria e a razão de viver estão em Cristo, expressão máxima do

amor misericordioso de Deus Pai, que enviou seu Filho para evangelizar os

pobres e que se faz presente na face desfigurada dos pobres. Nossa tarefa

consiste em dar-nos a Cristo, para que Ele, através de nós, continue essa

mesma missão. São Vicente nos convida a voltar a Cristo, a aprofundar o en-

contro pessoal com Cristo e nele centrar nossa vida. Em nosso mundo, onde

há o perigo, segundo palavras do Papa Francisco, de “ser cristão sem Jesus”,

o carisma de São Vicente é uma inspiração e um convite para: reavivar nossa

relação com Cristo; deixar-nos seduzir por sua pessoa e converter-nos a Ele;

recuperar a identidade de discípulos missionários de Jesus; e descobrir a

compaixão, e não o poder, como modo de Deus quer reinar no mundo.

2. O carisma vicentino nasce e se desenvolve a partir de uma experiência es-

sencialmente evangélica e nos convida a liberar a força do Evangelho e a

recuperar o seu frescor original. São Vicente leu a Palavra de Deus à luz da

realidade dos pobres e da Igreja e leu a realidade dos pobres e da Igreja à luz

da Palavra de Deus. Ao longo de sua vida leu, meditou e rezou a Palavra de

Deus, especialmente o Novo Testamento. Sem se deixar levar por teorias e

esquemas espiritualistas e abstratos e sem se apegar a elementos secundá-

rios, foi ao coração do Evangelho e cultivou um profundo e apaixonado amor

pela pessoa de Jesus Cristo evangelizador dos pobres; experimentou a pre-

sença do Verbo de Deus nos pobres e abraçou a santidade da caridade mis-

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sionária de Jesus, cujo amor compassivo é inventivo ao infinito. Com a Pala-

vra de Deus aberta ao longo de toda sua vida, discerniu os apelos de Deus,

desenvolveu as práticas e virtudes missionárias, cultivou a intimidade com

Cristo e foi ao encontro dos apelos essenciais do Reino proposto por Jesus –

por isto, recomendou aos seus missionários a leitura diária de um capítulo do

Evangelho. A centralidade da Palavra em São Vicente é um apelo para bus-

carmos “recuperar o frescor original do Evangelho”, centrar a vida na pessoa

e no essencial da mensagem de Jesus, pois só Ele pode renovar nossa vida,

nossa comunidade, e tirar-nos dos esquemas egoístas e ultrapassados. São

Vicente nos ilumina para irmos ao “coração do Evangelho”, libertando-o de

tantas doutrinas secundárias e esquemas religiosos que tiram “o perfume do

Evangelho” e desafiando-nos a superar tantas formas desvirtuadas de cristi-

anismo, das quais não pode brotar uma autêntica prática de vida cristã.

3. O carisma vicentino nasce e se desenvolve dentro de uma espiritualidade

misericordiosa e encarnada e nos convida a aprofundar e abraçar a mística

da caridade missionária de Cristo. Dizia São Vicente: “Só um coração infla-

mado do amor de Deus é capaz de contagiar os outros”. Esta profunda con-

vicção tornou São Vicente uma pessoa de fé e oração autêntica, comprome-

tida, realista e atenta aos problemas concretos, sobretudo dos pobres. Seu

amor a Deus, sua oração e sua escuta da Palavra não eram uma contempla-

ção desligada da vida, mas encarnada na realidade e no compromisso con-

creto. Em São Vicente há uma profunda "unidade entre ação e contempla-

ção", ou "contemplação na ação". A intimidade com Cristo acontece na pai-

xão por Cristo nos pobres ou pelos pobres em Cristo. Trata-se de uma paixão

espiritual que se expressa no compromisso com a missão e a caridade. É uma

paixão de um amor afetivo e efetivo, que leva “a amar a Deus com a força

dos braços e o suor do rosto” e faz que ação e oração caminhem juntas. É

uma paixão revestida dos sentimentos e atitudes de Cristo (São Vicente des-

taca as cinco virtudes, que são um verdadeiro programa de santificação pes-

soal, de vida em comunidade e de ação missionária). Em outras palavras, São

Vicente abraça e desenvolve a mística da missão e da caridade, na qual, em

Cristo, os pobres são nossa herança e os destinatários da evangelização, onde

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os pobres nos evangelizam, onde somos chamados a ser uma profecia do

amor preferencial de Cristo pelos pobres... A mística missionária de São Vi-

cente é um caminho evangelicamente atual e nos ajuda a viver nossa condi-

ção de discípulos missionários de Cristo. Em nível pessoal e comunitário, esta

mística missionária nos propõe uma dinâmica de mudança; ir aos necessita-

dos e promover um testemunho com o “cheiro dos pobres”. Estamos diante

de um contexto sociocultural que enfatiza o individualismo e o consumismo

e cria uma diminuição do fervor missionário. É necessário, individual e cole-

tivamente, sair da “zona de conforto”, do comodismo, da estagnação; é pre-

ciso evitar algumas formas desvirtuadas de vivência da fé, tais como o mun-

danismo espiritual, espiritualidades pouco sadias que visam somente o bem-

estar e a prosperidade pessoal e certos estilos de vida longe de Deus e dos

pobres, etc. Somos chamados a deixar-nos surpreender pela capacidade ino-

vadora da experiência caritativa e missionária de São Vicente e reproduzir

com valor sua audácia, sua criatividade e santidade. Com São Vicente, somos

desafiados, segundo os apelos do Papa Francisco, a “não deixar que nos rou-

bem o zelo missionário”, “a alegria evangelizadora”, “o Evangelho”, e a

“nunca deixar os pobres sozinhos”.

4. O carisma vicentino nasce e se desenvolve a partir de uma profunda cons-

ciência de amor missionário à Igreja e nos convida a ser uma Igreja missio-

nária e pobre para os pobres. O carisma vicentino nasceu de uma “consciên-

cia pastoral inquieta” diante de situações concretas de pessoas cansadas e

abatidas, como ovelhas sem pastor. A partir das experiências de Folleville e

de Châtillon, sua visão se abriu a uma nova compreensão da Igreja e sua mis-

são evangelizadora. A compreensão de Igreja que rodeia São Vicente era a

da Contrarreforma: Igreja, sociedade perfeita, fortemente hierarquizada e

institucionalizada, fora do mundo, unida ao poder político, com ação predo-

minantemente sacramental e doutrinadora e com pretensão salvífica exclu-

siva. A dimensão mística e espiritual, pastoral e missionária da Igreja ficava

mais na penumbra. No encontro e diálogo com os pobres e sua realidade,

São Vicente viu no apelo do pobre o apelo de Cristo e percebeu: “O que a

Igreja precisa é ter pessoas evangélicas que trabalhem para purificá-la, ilu-

miná-la e uni-la ao seu Divino Esposo”. Daí ele aprofundou a compreensão

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da Igreja como o corpo místico de Cristo, obra do Pai, guiada pelo Espírito

Santo e continuadora da missão de Cristo. Destacou que “evangelizar era por

excelência o ofício do Filho de Deus”. A missão da Igreja é evangelizar, sobre-

tudo os pobres, que são “os membros mais preciosos do corpo de Cristo”. São

Vicente afirma à Igreja sua opção pelos pobres: “Deus começou a Igreja com

uns pobres”, “eles são os preferidos de Deus”, que segue escolhendo os pe-

quenos para continuar sua obra, pois entre eles se conservam a fé e a verda-

deira religião. Continuadora do mistério de Cristo, a Igreja deve prolongar

sua pobreza, sua predileção pelos pequenos e sua identificação com eles.

Esta proximidade e compromisso com os pobres serão para São Vicente o

sinal da pertença à verdadeira Igreja e o critério para discernir a fidelidade

da Igreja à sua missão. Assim, São Vicente trabalhou incansavelmente para

reformar a Igreja, sempre no esforço de devolver à Igreja os pobres e aos

pobres a Igreja. Esta dimensão eclesial presente no carisma vicentino nos

chama hoje a viver, abraçar e assumir intensamente os apelos e sonhos do

Papa Francisco, que deseja uma Igreja “em saída e em conversão missioná-

ria”. A Igreja deve ser “uma Mãe com os braços abertos”, “toda misericordi-

osa”, para fazer-se solidária e servidora dos pobres e sofredores, comprome-

ter-se com a justiça e anunciar com alegria a Boa Nova no diálogo e no en-

contro com todas as pessoas. Diz a Evangelii Gaudium: é preferível “uma

Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma

Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias

seguranças...” (49).

5. O carisma vicentino nasce e se desenvolve a partir de compromisso integral

com os pobres e nos convida a uma ação integral e transformadora de mis-

são e caridade. São Vicente não se limitou apenas à pregação ou a uma sim-

ples assistência social. Desenvolveu um serviço material e espiritual, com pa-

lavras e ações. Soube conjugar a evangelização com a caridade, a pregação

com a promoção, dimensões de uma mesma ação missionária que busca a

salvação da pessoa toda e de todas as pessoas, a serviço do Reino. Missão e

caridade são duas faces de um mesmo serviço, que leva a Palavra que liberta

e salva e procura construir a fraternidade e transformar as causas que geram

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pobreza e injustiça. São Vicente afirmava: “Não pode haver caridade se não

for acompanhada da justiça”. Ele nos desafia a voltar a Jesus e sua missão

libertadora, recuperar a dimensão histórica e social do Reino de Deus, abra-

çando o projeto humanizador e compassivo do Pai, um projeto de vida fra-

terna e de construção de um mundo de justiça e dignidade para todos, a par-

tir dos pobres e excluídos. Aqui se coloca hoje o desafio para todos nós: as-

sumir a metodologia de Mudança de Estruturas como método próprio de

nossa ação missionária e caritativa, comprometendo-nos com uma compre-

ensão integral e libertadora da evangelização e um modo de agir dentro de

uma dinâmica crítica, profética e transformadora, e com estratégias adequa-

das e coerentes.

6. O carisma vicentino nasce e se desenvolve dentro de uma experiência co-

munitária de ajuda mútua e participação e nos convida a promover a cola-

boração, em favor dos pobres. O trabalho empreendido por São Vicente foi

uma grande obra comunitária e participativa, um trabalho em rede, dizemos

hoje. Com profundo sentido eclesial, São Vicente reuniu ricos e pobres, mem-

bros do clero e leigos, homens e mulheres; valorizou muitíssimo os leigos,

sobretudo as mulheres; mobilizou e formou as boas vontades para um tra-

balho colaborativo. Viu que a colaboração era a chave para o êxito no serviço

aos pobres. A experiência de São Vicente é hoje um grande convite para que,

contra as pobrezas, atuemos juntos. A colaboração ajuda a promover a par-

tilha solidária dos dons e da riqueza da missão vicentina na sua diversidade,

abre perspectivas para revitalizar a vida e a missão das pessoas e grupos vi-

centinos, dá impulso para novas e criativas ações e projetos conjuntos. A co-

laboração é uma expressão e uma exigência da virtude vicentina do zelo e se

desenvolve a partir das atitudes de humildade e responsabilidade. São Vi-

cente, mestre da colaboração, colocou a humildade como uma virtude indis-

pensável para a missão. Ninguém basta a si mesmo – “eu preciso de você e

nós precisamos uns dos outros”. A colaboração requer uma atitude de reci-

procidade, interdependência e abertura à colaboração com o outro. A cola-

boração ajuda a manter o carisma rejuvenescido, amplia o horizonte da mis-

são, não nos deixa cair no perigo de fechar-nos em nossas dificuldades, ca-

rências e interesses. A consciência da missão comum e os desafios cada vez

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mais inquietantes e comuns devem conduzir-nos à superação de barreiras e

interesses ideológicos, culturais e de grupo, e promover a ajuda mútua, tudo

em benefício dos pobres. “Estamos no mesmo barco e vamos para o mesmo

porto!” (EG, 99). Estamos na mesma família e nosso porto é Cristo nos po-

bres.

Termino lembrando as palavras do Papa Francisco, que nos desafia: “Esta-

mos abertos às surpresas de Deus ou nos fechamos, com medo, à novidade do

Espírito Santo? Estamos decididos a percorrer os caminhos novos que a novi-

dade de Deus nos apresenta ou nos entrincheiramos em estruturas caducas que

perderam a capacidade de resposta?” Deus, através de São Vicente, continua

hoje nos surpreendendo e nos convidando a percorrer caminhos novos. Cabe a

nós abraçar e assumir de modo renovado o testemunho de São Vicente, para,

com generosidade, coragem e esperança, seguir firmes em nossa caminhada

vicentina, construindo outros 400 anos na fidelidade criativa à herança caris-

mática deixada por São Vicente.

Pe. Eli Chaves dos Santos, C.M. Belo Horizonte, setembro de 2017

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Missão da CLAPVI em Cuba: 100 anos da Presença Vicentina na Paróquia São Joaquim (Parte Oriente)

“A vida se ganha e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos

outros. Isso é, definitivamente, a missão” (DAp 360).

Gostaria de partilhar um

pouco da experiência ímpar e

marcante em terras de cubanas. A

mis são teve como objetivo

celebrar os 400 anos do Carisma

Vicentino e 100 anos da presença

Vicentina naquelas terras quentes

e aconchegantes, levando a Alegria

do Evangelho a todos. Estávamos representando o Brasil, Padre Vanderlei e eu,

Irmão Gustavo, da PBCM, e Padre Gilson Camargo da CMPS. Foram dias

intensos e de grandes aprendizados. A chegada em Cuba se deu no dia 29 de

julho e retornamos no dia 19 de agosto. Tivemos uma acolhida bem calorosa

por parte de nossos coirmãos e dos leigos que compõem a Paróquia São

Joaquim. A missão foi formada por coirmãos e missionários leigos de diversos

ramos que fazem parte de nossa família vicentina, vindos de vários países que

compõem a CLAPVI (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, República

Dominicana, Panamá, México, Venezuela, Peru e Cuba). Vários coirmãos

(padres e irmãos), leigos, Filhas da Caridade (uma das Filhas da Caridade

pertence à Província do Recife – Brasil, trabalha há oito anos em Cuba),

seminaristas da Congregação da Missão de Cuba e alguns vocacionados à

Congregação.

Cuba é um país que olhamos de jeito diferente, talvez pela sua forma de

governo, diferente do nosso. Ao chegar ao Brasil, inúmeras foram as perguntas

sobre a vida no país. É uma pátria bastante complexa. Como qualquer lugar do

mundo, há coisas boas e ruins, e nesta pequena notícia tentarei ser o mais fiel

ao que vivi por lá.

Cuba está dividida em três partes: Oriente, Ocidente e Centro. A Paróquia

São Joaquim está localizada na parte Oriente, distante 14 horas de viagem de

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Havana (viagem feita de ônibus). Fomos do Brasil ao Panamá, do Panamá a

Cuba (cidade de Holguín, 140 km de San Luís, cidade onde está localizada a

Paróquia). Constatei que é um povo que ama a sua pátria, conhece bem a sua

história, um povo que ama o Brasil pela sua rica diversidade. Muitas perguntas

foram feitas e várias constatações: “Como seu país é lindo!”, “O que é favela?”,

“É verdade que a violência é muita?”. Quando dizia que era missionário católico

vicentino do Brasil, era recebido com um sorriso no rosto e pediam para entrar

na sua casa. Nas ruas há outdoors e cartazes em todos os cantos exaltando

Fidel, Che, Camilo Cienfuegos e outros heróis da revolução.

Foi realizada uma conferência sobre a Realidade da Igreja Cubana, em

especial, na Igreja Particular de Santigo de Cuba, primaz do país onde está a

Paróquia São Joaquim, e uma análise social da ilha caribenha. Cuba mudou

muito depois da visita do Papa São João Paulo II; a participação da missa

dominical não chega a 2% da população. Bento XVI e o Papa Francisco também

estiveram na ilha. Há uma grande devoção a Virgem da Caridade do Cobre

(padroeira de Cuba). São João Paulo II na sua visita a Cuba disse: “Que Cuba se

abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba”, os cubanos guardam com carinho

esta frase de São João Paulo II; caminhos foram abertos, iniciaram-se passos

indeléveis nas raízes cristãs. A Igreja precisa continuar acompanhando e

encorajando o povo cubano em suas esperanças, nas suas preocupações, com

liberdade e todos os meios necessários para levar o anúncio do Reino até as

periferias existenciais da sociedade. O governo controlou a entrada de

religiosos no país, acredito que ainda controla, mas de forma mais velada. Se

falarmos mal do governo, o visto não será renovado. Existem muitos “olheiros”

no país, porém, ninguém sabe quem são eles.

Como em qualquer outro lugar, a realidade nos interpela e nos

bombardeia: os valores estão se perdendo entre as pessoas; muitos jovens não

se casam (se 40 jovens participam de um grupo, apenas os pais de dois ou três

são casados), prostituição muitas vezes incentivada pelas famílias como fonte

de renda, existe muito aborto, muitos profissionais cubanos realizando missões

em outros lugares (no Brasil temos muitos médicos cubanos, Venezuela recebe

além dos médicos, enfermeiros) em busca de uma renda maior. É bom ressaltar

que 50% do salário dos médicos que residem no Brasil é destinado ao governo,

a outra metade fica para o médico e suas despesas. Um médico em Cuba ganha

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US$ 40 por mês, um professor US$ 27, a secretária US$17. Sabemos que é

pouco, mas é o suficiente para a sobrevivência naquela nação.

Tivemos outra conferência sobre os 400 anos do Carisma Vicentino

proferida pelo Padre Francisco Javier (México). Padre Francisco nos recordou

que somos responsáveis por uma herança, Jesus Cristo presente nos pobres.

Devemos compartilhar esta herança, vivendo o amor, a misericórdia entre os

mais pobres. São Vicente teve um coração compassivo, pois ouviu os clamores

de Deus pela boca dos mais pobres. Nosso santo fundador foi um padre, zeloso

pregador, pastor, evangeli-zador e organizador. Devemos sentir-nos orgulhosos

de participar deste momento da graça em nossa Família Vicentina.

Dom Dionísio, arcebispo de Santigo de Cuba e presidente da Comissão

Episcopal teve uma fala conosco. Recordou que vamos encontrar um povo sem

participação na Igreja, mas acredita em Deus e tem profundo amor à Virgem da

Caridade. “Vocês vieram aqui para anunciar o amor gratuito de Deus, amor

incondicional; evangelizem com a vida e com a Palavra do próprio Deus”,

recordou-nos o arcebispo e nos convidou para participar da Celebração

Eucarística em sua Catedral no dia 15 de agosto, lembrando que Maria foi a

primeira grande missionária.

No primeiro dia do mês de agosto, fomos divididos em grupos e enviados

para diversas partes da Paróquia São Joaquim. Ficamos até dia 14 à tarde,

regressando para a sede paroquial. Todas as manhãs, iniciávamos nosso dia

com uma oração na Capela de onde estávamos, se tivesse capela ou numa casa,

que era chamada de Centro Missionário. Depois da oração, tínhamos um café

depois fazíamos das ruas, das montanhas, das planícies nossos campos de

evangelização, casa a casa. Tínhamos 25 centros missionários que se

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estabeleceram em uma paróquia com uma população de 135 mil habitantes.

Em cada lugar, a criatividade e a nossa experiência nos impulsionavam a visitar

as famílias, todas as famílias, embora muitas portas foram fechadas em nossa

cara, por pessoas que diziam que não eram católicas, que não tinham tempo;

sempre um paroquiano nos acompanhava em nosso trajeto missionário diário.

Tivemos encontros com crianças, jovens, enfermos, as visitas de evangelização,

confissões e celebrações eucarísticas todos os dias. Encontramos uma minoria

de católicos praticantes, a maioria sem sacramentos. País marcado pelo

sincretismo religioso, forte presença de irmãos “evangélicos” (Pentecostais,

Batistas, Testemunhas de Jeová). Candomblé é forte, vários altares encontrei

nas visitas, altares dedicados aos “santos”. Encontramos uma população alegre,

cálida e hospitaleira. As pessoas são calorosas, admiradoras das novelas

brasileiras e querem muito conhecer o Brasil. Existe uma pobreza extrema e

muitos programas de ajuda assistencial. Há pouca inspiração para melhorar sua

qualidade de vida, há um enorme controle estatal. Existem ainda muitos

enfermos na cidade onde estive, Mella. Os meios de comunicação são

deficientes. Cubanos e turistas podem sim acessar a internet, mas é meio

complicado. Há alguns lugares públicos (como praças) que tem wifi “liberado”.

Mas, para usar esse wifi, você precisa comprar um cartão da empresa do

governo. Esse cartão custa 2 CUCs e tem uma senha que te dará acesso por 1

hora. Ou seja, 2 dólares a hora. Eles comem muita carne de porco, quase todos

os dias. Além disso, frango e peixes são comuns e baratos. Já carne de vaca é

meio que artigo de luxo. Cubanos sempre são próximos, preocupados e

atenciosos.

Tivemos um passeio

comunitário. Fomos ao San-

tuário da Virgem da Cari-

dade do Cobre. A imagem

da virgem tem mais ou

menos 40 cm, tem o rosto

redondo e sustenta em seu

braço esquerdo o menino

Jesus, que traz em suas

mãos o globo. Dormimos no

antigo seminário, ao lado

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do Santuário da Virgem, onde Bento XVI ficou hospedado durante sua visita

(2012) e fomos também numa praia. Muitos paroquianos nos acompanharam

no passeio à praia.

Concluindo, a missão está a

serviço da vida, levando alegria

nas famílias, conhecendo um

pouco de suas histórias e

memórias. A missão é um tempo

de graça. Deus derrama muitas

bênçãos especiais neste tempo.

Ser missionário é ser uma

presença amiga, amorosa e

profética, capaz de manifestar o amor e a misericórdia de Deus em suas ações,

palavras e testemunhos de vida. Somos todos missionários, pois recebemos o

Batismo, porta de entrada, primeiro sinal eficaz da graça de Deus, onde nos

colocamos a servir a todos com “os olhos fixos em Jesus”. Ele é modelo, mestre

itinerante que não quis ficar parado, foi ao encontro dos pequenos, excluídos e

marginalizados. Somos continuadores de sua missão! Tomamos consciência de

que a missão se realiza no cotidiano, é fazer com responsabilidade o anúncio

do Reino, sendo dignos e transparentes conosco e com os irmãos e irmãs.

Fomos chamados para rezar, celebrar e viver com intensidade a nossa vocação

batismal. Acredito que a melhor forma de celebrar os 400 anos do Carisma

Vicentino foi nas missões em Cuba, entre os mais pobres dos mais pobres, os

mais abandonados. Eu faria tudo novamente, pois, afinal, fui evangelizado.

Abrimos nosso coração à graça de Deus. Vivemos momentos de suma

importância para nossa vida de missionários. E continuamos com a certeza que

a Virgem da Medalha Milagrosa continua derramando abundantes bênçãos

sobre nós e sobre a ilha cubana.

Irmão Gustavo Alivino Silva, C.M.

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ELES MERECEM! Paroquianos agradecem ao carinho e dedicação dos três padres da Medalha Milagrosa, que se desdobram para atender as dez comunidades do Riacho II Três personalidades diferentes, mas que se completam. Assim podemos

definir a atuação dos três padres da Paróquia Nossa Senhora da Medalha

Milagrosa. Juntos, eles têm a missão de acompanhar e evangelizar, além da

igreja matriz, as nove comunidades católicas do Riacho Fundo II. A distância é

uma das principais barreiras. Mas, é superada com muito zelo e dedicação,

características que conquistaram o carinho e o respeito dos fiéis da cidade.

Para tentar mensurar, mesmo que de forma breve, a importância de Alex

Sandro Reis, Paulo José de Araújo e Erik Carvalho para a Paróquia, a PASCOM

colheu depoimentos de membros de pastorais, grupos jovens e comunidades.

A homenagem é singela, mas dá a dimensão do reconhecimento e da gratidão

que o Riacho Fundo II tem com esses três sacerdotes.

A simplicidade é uma das principais características do padre Alex Sandro

Reis. Generoso, o mineiro de Bambuí, de 50 anos, acompanha e incentiva várias

ações sociais dentro da comunidade. É, por exemplo, diretor espiritual da

Pastoral da Saúde, que agradece ao Padre Alex pela dedicação e carinho com

os enfermos da cidade:

Jesus disse: Estava doente e viestes me visitar. Este é o trabalho que a

Pastoral da Saúde realiza, visitando, ajudando os enfermos da comunidade e

levando, principalmente, a palavra do Senhor. Queremos aqui louvar e

agradecer ao Senhor Deus pela vida do padre Alex, que vem acompanhando

a Pastoral como nosso diretor espiritual, visitando, levando a unção para os

enfermos e celebrando missas nas casas dos mesmos. Que Jesus, Maria e José

lhe deem força, sabedoria e discernimento para sempre continuar com sua

espiritualidade, humildade e fé na caminhada junto com a Pastoral. A Pastoral

agradece imensamente! Obrigada.

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Alegre, inteligente e, ainda por cima, afinado. Esse é o padre Erik Carvalho,

o caçula dos três sacerdotes. Aos 31 anos, Erik nasceu em Belo Horizonte e

construiu uma forte ligação com a juventude da Paróquia. É, como define o

grupo de jovens JUVIC, um instrumento de Deus para o Riacho Fundo II.

Padre Erik construiu um relacionamento com a juventude recheado de

alegria, amizade e beleza aos olhos de Deus. Juntos, nós apresentamos peças,

dançamos, sorrimos, aprendemos e vivemos em Cristo. O Juvic só tem

motivos para agradecer a esse amigo, que investe tanto nas nossas

«loucuras» em prol do bem. A liderança dele é muito importante, pois

desperta em nós a vontade de buscar a santidade, sem deixar de ser jovens.

Ele sempre confiou e nos deu responsabilidades, pois, assim é um pai que

quer ver seus filhos se tornando pessoas de fé e com caráter.

Padre Erik só espalha alegria e, sem dúvida, é um instrumento de Deus

não só para a juventude, mas para toda a comunidade do Riacho Fundo II. Nós

te amamos. Muito obrigada!!!

Padre Paulo José também é músico e, junto com padre Erik, anima as datas

festivas da paróquia, formando a tradicional e inconfundível dupla: “Marmita &

Marmota”. No auge dos 48 anos, o mineiro de Gurinhatã tem fôlego de menino

e o coração do tamanho do mundo. A caridade é, sem dúvida, uma de suas

principais marcas, conforme destaca a Comunidade São Francisco:

A missão do cristão é o serviço ao outro sem qualquer discriminação.

Com esse pensamento, nosso eterno padre Bonfim nos apresentou Padre

Paulo, um religioso jovem, de carisma inconfundível e simplicidade sem par.

Abraçou a nossa Paróquia como sua grande família e, com ardor missionário,

deu continuidade ao trabalho iniciado por seu coirmão vicentino Pe. Bonfim.

O que impressiona nesse homem de aparência rústica e simples é a

alegria de anunciar o Evangelho. Não tem “papas” na língua. Quando percebe

que algo não está conforme a boa nova, diz o que julga necessário ser dito.

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Para ele, a casa de Deus é de todos e para todos. O único e exclusivo dono é

o Pai Eterno. A caridade é sua marca maior. Celebrar é um dom e com ele não

há preguiça, chegando a fazer até cinco celebrações por domingo com a

mesma intensidade e vigor. Vejo que os Raios da Medalha recaíram sobre sua

cabeça, nos fazendo-os orgulhar-nos de ser católicos e de jamais perdermos a

esperança. Padre Paulo é missionário do amor e da caridade. Que Deus o

abençoe e o mantenha firme nessa missão de evangelizar a tudo e a todos.

CONGREGAÇÃO DA MISSÃO

Os padres Alex Sandro Reis, Paulo José de Araújo e Erik Carvalho fazem

parte da Congregação da Missão, que foi fundada em 1625, na França, por São

Vicente de Paulo. No Brasil, a ordem é conhecida como a Congregação dos

Padres Vicentinos ou Lazaristas. Os padres e irmãos vivem juntos, formando

comunidades de vida para desenvolver sua missão comum, que brota da

Herança Vicentina deixada por seu fundador. Os Vicentinos/Lazaristas

pertencem à Vida Consagrada como Sociedade de Vida Apostólica e tentam

expressar a espiritualidade por meio da vivência das cinco virtudes indicadas

por São Vicente de Paulo e vividas pelo próprio Cristo: simplicidade, humildade,

mansidão, mortificação e o zelo pelas almas.

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Cotidiano Provincial e Notícias

VII Curso da Escola de Espiritualidade Vicentina – CLAPVI 29 de Janeiro a 25 de fevereiro de 2017 – Curitiba

A Escola de Espiritualidade Vicentina promovida pela CLAPVI, realizou-se no Seminário Interpro-vincial de Filosofia “Nossa Senhora das Graças”, em Curitiba. A escola contou com a participação de 15 missionários vicentinos provenien-tes dos diversos países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Haiti Panamá, Peru e República Dominicana.

Na primeira semana, contamos com assessoria do Pe. Marlio Nasayó, C.M., da Província da Colômbia, que trabalhou o tema “Fundamentação Vicentina”, recordando que estamos celebrando o Ano Jubilar dos 400 anos do Carisma de São Vicente de Paulo. Destacou que é necessário aprofundar-nos no tempo e no espaço, para olharmos as raízes profundas de nossa fecunda e florescente árvore vicentina. Neste ano Jubilar da Família Vicentina devem brotar em nosso coração três aspectos essenciais: ação de graças, pedido de perdão e compromisso por tantos missionários que, durante estes 400 anos do carisma vicentino, procuraram ser fiéis ao legado deixado por São Vicente de Paulo e implica a todos como membros da Igreja e da Congregação a viver o caminho de santidade.

Na segunda semana, com a presença do Pe. Francisco Salamanca, C.M., da Província da Colômbia, que trabalhou história da Teologia Latino-Americana, o surgimento de comunidades eclesiais de base, os documentos de Medellín e Puebla, uma releitura do Concílio Vaticano II, a opção preferencial pelos pobres, dentre outros.

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Ainda na segunda semana,

Pe. Gilson Camargo, C.M., da Pro-

víncia de Curitiba, assessorou o

tema “Formação Litúrgica”. Sua

conferência começou afirmando

que a liturgia mais que ritualidade

é celebração da memória viva de

Jesus Cristo. Pe. Gilson remeteu-nos

ao Concílio Vaticano II, afirmando

ter sido esse, um Concílio, dife-

rente dos demais, por apresentar características eminentemente pastorais.

Na terceira semana, o Pe. Daniel Vásquez, C.M., da Província da Colômbia,

abordou o tema das Virtudes Vicentinas. Estas virtudes são para viver como

Jesus Cristo e imitá-lo em seu seguimento; São Vicente as extraiu da vida de

Cristo; elas servem para que as trabalhemos na salvação dos pobres, o que

significa que devemos servir aos pobres; elas servem para que o missionário

seja um homem de testemunho e que manifeste com sua vida e missão a

misericórdia de Deus.

O Pe. Carlos Fonsati, C.M., da Província de Curitiba, na quarta semana,

trabalhou o tema “As bases Bíblicas da Espiritualidade Vicentina. O que seria de

um Santo sem a Bíblia? São Vicente, como tantos outros santos, foi um homem

do Evangelho. Ele leu o Evangelho de maneira concreta e realista. Para ele, é

possível tirar bons frutos qualquer texto da Bíblia, se o explicamos ou

meditamos bem, como dizia nosso santo fundador: “na sagrada escritura não

há nenhuma palavra da qual não se possa colher algum fruto, se a explicamos

e a meditamos com cuidado…” (XI, 532). Vicente se apoiara sobre a Bíblia como

sobre uma base de granito. Dizia que todas as coisas são discutíveis “a não ser

as que determina a Sagrada Escritura” (II, 29).

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Para coroar o nosso momento de formação, terminamos com o retiro

espiritual orientado pelo Pe. José Antônio Ubillús, C.M., da Provincia do Peru.

Durante os três dias de retiro vários temas nortearam a nossa reflexão

pessoal e comunitária: Vicente de Paulo e sua experiência espiritual; Conhecer,

amar e seguir a Jesus hoje; O sentido da vocação; A comunidade; A oração;

Anunciar o evangelho nos dias de hoje.

O encerramento da Escola de Espiritualidade Vicentina culminou com a

celebração Eucarística presidida pelo Pe. Odair dos Santos, C.M., visitador

provincial da Província de Curitiba e com os agradecimentos do Pe. Jair,

secretário Executivo da CLAPVI.

Pe. Vanderlei Alves dos Reis, C.M.

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Flashs da Caminhada Formativa 2017

1. A Comunidade iniciou o ano de 2017 com 13 membros (5 teólogos, 6 prope-

deutas e dois formadores). Com dois grupos específicos de seminaristas, com

objetivos e atividades formativas distintas numa mesma comunidade, o

Planejamento Comunitário procurou contemplar essa realidade. Tem havido o

esforço por desenvolver dois programas formativos, sempre tendo o objetivo

comum de construir uma comunidade participativa, com convivência fraterna

e espírito de colaboração mútua. Ao longo dos meses, dois seminaristas (um

teólogo e um propedeuta) deixaram o seminário; no mais, sob a coordenação

dos Pes. Eli e Denilson, as atividades têm acontecido com bastante proveito,

dentro da programação estabelecida.

2. Tem havido um esforço de trabalhar, com

cada grupo, as dimensões da formação, com

muitas atividades e estudos internos. Na

dimensão humana, a psicóloga Marisa tem

desenvolvido com os propedeutas, uma vez

por semana, um programa de estudos e

atendimento pessoal, buscando ajudá-los no

aprofundamento o conhecimento de si

mesmos, em vista da maturidade humana. Na dimensão espiritual, vários

coirmãos têm ajudado na direção espiritual e na pregação de retiros. Pe. Luís

de Oliveira, uma vez por mês, tem realizado encontros de formação espiritual

com cada grupo, atividade esta bastante apreciada e valorizada pelos

seminaristas.

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3. Os estudos seguem ocupando bom tempo dos formandos e têm sido

assumidos com seriedade. Na Faculdade dos Jesuítas, estudam os teólogos; o

curso possui grande qualidade acadêmica e é bastante exigente; o currículo é

muito concentrado e contempla pouco o aspecto especificamente pastoral.

Para desenvolver a índole marcadamente pastoral-missionária da teologia, está

sendo estudado pela Comissão de Formação como proporcionar uma

complementação dos estudos, para melhor capacitação pastoral dos

estudantes. Com os propedeutas, os estudos são realizados em casa, um

programa específico com aulas ministradas pelos formadores, coirmãos de

outras comunidades e professores leigos. Vale destacar o esforço dos

propedeutas e a ajuda preciosa dos coirmãos, da psicóloga Marisa e do

Mariano, que partilha gratuitamente sua competência e experiência nas aulas

de português.

4. A pastoral tem sido uma dimensão marcante no processo formativo. Os

seminaristas e o Pe. Eli têm atuado na Paróquia Pai Misericordioso (Paulo VI). A

partir do Plano de Ação Pastoral da Paróquia, tem havido esforço de reunir-se

(reunião com os padres e irmãs da paróquia e reuniões entre os seminaristas),

para planejar e acompanhar o trabalho. Alguns seminaristas têm atuado na

animação da Família Vicentina de Belo Horizonte, com bom e recheado

calendário de atividades e muitas solicitações para assessoria em encontros de

formação. Durante as férias de julho, os teólogos fizeram seu estágio, dois em

Campina Verde e dois no Riacho Fundo: foi uma experiência muito rica, em que

se destacou a ótima acolhida e a fraterna convivência com os coirmãos. O Pe.

Denilson, também com a responsabilidade de coordenar a Pastoral Vocacional

Provincial, tem se desdobrado no serviço de animação vocacional, com muitas

viagens, visitas aos candidatos e realização de encontros, sempre contando

com a colaboração possível dos seminaristas.

5. A celebração dos 400 anos do nascimento do carisma vicentino tem sido

ocasião toda especial para iluminar a caminhada formativa neste ano. Além das

celebrações e dos estudos, a Comunidade decidiu assumir um gesto concreto:

a formação de um fundo para ajudas emergenciais a pessoas pobres, com

recursos mensais vindos da renúncia de uma quantia do fundo fixo, de parte do

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que foi orçado para os passeios e da carne durante um dia da semana. Com esse

fundo, algumas pessoas carentes já foram atendidas com cestas básicas,

remédios, ajudas para construção, etc. São pequenos gestos que apontam a

necessidade de nosso maior comprometimento com os pobres, passando das

boas intenções a ações concretas, por menores que sejam!...

6. O Seminário tem sido local para as

reuniões da Comissão de Formação,

que, sob a coordenação do Pe. Eli, já se

reuniu diversas vezes. Além de estudar

diversas questões relativas à formação,

a Comissão está empenhada na

elaboração do Programa de Formação

da PBCM. Este programa quer ser um

instrumento prático para orientar e

organizar o processo formativo na Província. Tendo como base a Ratio

Formationis da Congregação da Missão, são recolhidos os elementos mais

significativos da Ratio Formationis da PBCM e dos projetos comunitários das

Casas de Formação, bem como as principais orientações dos documentos

eclesiais e das Assembleias Gerais da C.M. Trata-se de um esforço de, a partir

da Ratio da C.M., de atualizar o trabalho formativo e dar aos formadores e

formandos um instrumento operacional, com indicações básicas e objetivas

para a formação, em vista de um trabalho progressivo, realizado dentro de uma

unidade teórica e prática. Espera-se que este Programa já esteja pronto até o

final deste ano.

Pe. Eli Chaves dos Santos, C.M.

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Crônicas do Encontro de Párocos, Vigários e Curas

Belo Horizonte – MG Primeiro Dia (16 de maio/2017)

Iniciamos nosso Encontro de Párocos, Vigários e Curas no Instituto São Vicente de Paulo, em Belo Horizonte, no dia 16 de maio de 2017. A acolhida foi no 15 de maio com o jantar. Iniciamos o dia com a Oração das Laudes, consagrando o encontro ao Deus da vida. Após as Laudes, houve o café. Durante o café tivemos a notícia que os Votos Perpétuos do Paulo César da Silva foram aprovados. E logo em seguida, Padre Manoel Godoy conduziu um momento formativo com o seguinte tema: “Missionariedade nas Paróquias”. Padre Godoy relatou um pouco de sua experiência na Paróquia Santo Antônio do Norte – Tapera, localizada em Conceição do Mato Dentro; fica situada em um grande vale, limitado por colinas, trabalhou 14 anos nesta comunidade paroquial. Hoje, está trabalhando numa periferia na Arquidiocese de Belo Horizonte, Paróquia São Tarcísio. Durante suas colocações, foi provocativo, abrindo nossos olhos para a realidade onde estamos atuando. Suscitou algumas provocações a partir da Evangelii Gaudium, do Papa Francisco. Apresentou pistas para a revitalização das paróquias, iluminado pelo Documento de Aparecida e pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. As paróquias serão renovadas quando se dispuserem a viver em “estado permanente de missão”, a serem casas de iniciação à vida cristã e de animação bíblica da vida e da pastoral, com redes de comunidades vivas e com empenho efetivo na dimensão social, a serviço da vida plena para todos.

Em seguida, tivemos um delicioso almoço e no segundo momento, fomos agraciados em ouvir um pouco da experiência missionária de Padre Getúlio Mota Grossi, coirmão de nossa Província, cheio de vitalidade, nos estimulando

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para o seguimento de Jesus nas trilhas de São Vicente de Paulo. Houve depois, momento de Partilha do Padre Wander apresentando a Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Francisco Badaró. Encerramos nossos trabalhos com a Celebração Eucarística, presidida pelo padre Wander Ferreira e concelebrada pelos coirmãos presentes. Ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia somos transformados para continuar a missão de Jesus.

Belo Horizonte – MG

Segundo Dia (17 de maio/2017)

Com alegria, iniciamos o dia consagrando nossos primeiros passos ao Deus da vida com a Oração das Laudes. Em seguida, tivemos café. O segundo dia de trabalho foi conduzido por Adilson Souza, do Instituto Axis, partilhando sobre Administração Paroquial. Apresentou os desafios de uma administração paroquial sempre dialogando com os coirmãos presentes, tirando dúvidas a respeito do tema. Tivemos almoço e na parte da tarde continuamos com o mesmo assessor e o mesmo tema. Adilson apresentou uma frase de Santo Agostinho que resume bem nossos trabalhos paroquiais: “A esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”. É preciso ainda ter olhos abertos e sensibilidade pastoral para que possamos ter uma boa administração. O dia foi carregado de conteúdos. Encerramos os trabalhos do dia celebrando a Eucaristia junto com os Padres Idosos.

Belo Horizonte – MG

Terceiro Dia (18 de maio/2017)

No terceiro dia, tivemos uma celebração eucarística presidida pelo Visitador Provincial, Padre Geraldo Eustáquio Mol Santos, às 07:00h. Na homilia, Padre Geraldo agradeceu aos padres Wander, Emanoel e Paulo José pela organização do encontro. Aos poucos, a província está demonstrando que está se unindo, e mais uma vez pelo grande número de coirmãos neste encontro. Ainda durante sua homilia, encerrou pedindo lucidez e que possamos construir pessoas cristãs, realizando vários prodígios em nossas comunidades a exemplo das Primeiras Comunidades Cristãs. Após a missa, tivemos café.

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Depois do café, ouvimos a palavra com Padre Geraldo com algumas comunicações: Missões em Cuba (31 de julho a 16 de agosto) comemorando 100 anos de Serviço da Congregação da Missão na Paróquia San Joaquín e outras informações. Após a palavra do visitador, continuamos as partilhas missionárias com a seguinte ordem: Continuação da apresentação da Paróquia Nossa Senhora da Conceição; Paróquia São José Operário – Serra do Ramalho/BA com Padre Gentil; Paróquia Nossa Senhora da Medalha Milagrosa – Riacho Fundo II/DF com Padre Paulo José; Paróquia Nossa Senhora de Lourdes – Itapuã do Oeste/RO com Irmão Gustavo e Padre Onésio; Paróquia Pai Misericordioso – Belo Horizonte/MG com Padre Weliton e Padre Juarez; Curato Nossa Senhora das Graças – Brumal/MG, Padre Hélio; Paróquia São José, Calafate, Belo Horizonte/MG com Padre Vinícius Augusto; Paróquia São José de Carinhanha/BA com Padre Paulo Venuto. Padre Paulo informou que após 36 anos de trabalho da Congregação em Carinhanha será entregue a paróquia para o bispo de Bom Jesus da Lapa/BA. Nas apresentações foi ressaltado a presença missionária-vicentina/criar consciência missionária onde estamos atuando. Infelizmente, duas paróquias não tiveram nenhuma representação: Curato Divino Espírito Santo – Contagem/MG e Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Contagem/MG. Durante as apresentações houve partilha dos Coirmãos. Foi feita uma pequena avaliação e encerramos o encontro com saboroso churrasco com a presença dos estudantes e demais coirmãos residentes em Belo Horizonte.

Irmão Gustavo Alivino, C.M.

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O Caraça em festa, para comemorar

400 anos do Carisma Vicentino

Pe. Lauro Palú, C. M.

Assembleia Civil da PBCM

À esquerda, no início da fila, o Ecônomo Provincial, Pe. Emanoel Bertunes, que coordenou a assembleia civil da Província.

No dia 30 de março, em segunda convocação, se abriu, pela manhã, a As-sembleia Civil da Província Brasileira da Congregação da Missão, com as tarefas de tomar conhecimento das contas do ano anterior e do balanço das atividades da Província, apresentados pelo Pe. Emanoel B. Bertunes, diretor Ecônomo pro-vincial, e seguidos dos orçamentos da Província e das Comunidades para o ano corrente, com a assessoria do Conselho para Assuntos Econômicos e Fiscais e com a auditoria de uma empresa externa. A Província é uma entidade filantró-pica e exerce suas atividades de formação dos nossos e de leigos em nossas obras e nos centros missionários pastorais e paroquiais, com o rigor das exigên-cias das leis brasileiras. A aprovação das contas e do orçamento por todos os Coirmãos é um modo direto de agradecer aos que administram os bens e as responsabilidades da Congregação.

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Grande Encontro da Família Vicentina

Nos dias 31 de março, 1º

e 2º de abril, ocorreu, no San-

tuário do Caraça, um grande

encontro de muitos ramos da

Família Vicentina. O tema pro-

posto foi muito empenhativo:

400 ANOS DA VOCAÇÃO VI-

CENTINA: TEMPO HISTÓRICO,

AÇÃO DO ESPÍRITO QUE

ANIMA. Participaram, da Província do Rio de Janeiro, de Curitiba e Fortaleza, 40

Padres, 1 Diácono, 6 Irmãos, 29 Seminaristas (teólogos, filósofos, noviços e pro-

pedeutas); das Filhas da Caridade, 17 Irmãs das Províncias de Curitiba, Rio de

Janeiro e Belo Horizonte; das Irmãs de São Vicente de Paulo, Servas dos Pobres,

de Gysegem, 4 Irmãs; da Congregação dos Fráteres de Nossa Senhora Mãe de

Misericórdia, 3 Irmãos, com uma visita rápida do seu Superior Geral, o queniano

Ir. Lawence Obiko e de um seu Conselheiro Geral, indonésio, aos quais agrade-

cemos a gentileza da participação, embora rápida. Dos ramos leigos da Família

Vicentina, estiveram presentes confrades e consócias das Conferências de São

Vicente de Paulo, um bonito grupo dos Missionários Leigos Vicentinos (MISEVI),

outro grupo simpático da Associação da Medalha Milagrosa, Professores, Coor-

denadores e Funcionários do Colégio São Vicente, do Rio de Janeiro, com o Pas-

tor Marcos Coelho da Silva, da Igreja Batista, marido de uma Professora; moci-

dade da Juventude Mariana Vicentina, Funcionários de diversas obras da Famí-

lia Vicentina, líderes e agentes pastorais de nossas paróquias, representantes

dos Ex-Alunos do Caraça; amigos dos Vicentinos; palestrantes convidados e en-

carregados das tendas e oficinas de que participamos com gosto. (O espaço dis-

ponível para o Encontro ficou ocupado pela simples menção de tantos convida-

dos!). Os trabalhos principais foram as palestras sobre o carisma vicentino, do

Pe. Getúlio Grossi, e do Pe. Eli Chaves sobre os desafios e as perspectivas da

Família Vicentina nos tempos presente e futuro. E também as “tendas” sobre a

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realidade social tão desafiadora, sobre os caminhos futuros da Família Vicen-

tina, sobre o acolhimento aos estrangeiros e sobre o serviço dos Pobres em co-

munidades fraternas.

Os dois conferencistas, Pe. Eli Chaves e Pe. Getúlio Grossi.

Três Províncias Brasileiras da Congregação

Os Superiores Provinciais do Rio de Janeiro e Fortaleza (Pe. Geraldo Mól e Pe. Sílvio Mi-tozo), o Assistente do Provincial do Rio (Pe. Sebastião Carvalho) e o Provincial de Curitiba (Pe. Odair Santos). Ao microfone, a Irmã Rizomar Figueiredo, F. C.

O último dia desta se-mana riquíssima foi dedicado ao encontro dos três superiores

Provinciais do Curitiba, Fortaleza e Rio de Janeiro. Trataram dos assuntos admi-nistrativos comuns e do tema da reconfiguração das Províncias, preocupação dos Governos Gerais das várias Congregações que têm diminuição de seus membros e buscam agrupar as forças. As distâncias continentais do Brasil são uma das dificuldades a vencer nos sonhos de maior união e mais intensa coo-peração entre as Províncias. Mas já temos um só noviciado para as três, enri-quecido, neste ano, pela presença de dois jovens moçambicanos, e a faculdade de Filosofia, em Curitiba, para os nossos jovens do norte, do centro e do sul.

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Outras celebrações dos 400 anos no Brasil

Neste Ano Jubilar, muitas atividades celebrativas e muitos gestos concretos de serviço aos pobres têm acontecido. Neste país de dimensões continentais, fica difícil acompanhar e partilhar toda a riqueza vicentina presente em tantas atividades, promovidas por cada ramo em particular ou conjuntamente pelos regionais

da Família Vicentina. Entre tantas iniciativas, aqui um pouco do que está acontecendo:

Paróquia Pai Misericordioso, no Bairro Paulo VI/Belo Horizonte (MG)

A Festa do Padroeiro, realizada no dia 27 de agosto, teve como tema “A Família do Pai Misericordioso celebra os 400 anos do Carisma Vicentino”. Durante a novena preparatória, cada dia numa comunidade diferente da Paróquia, se celebrou a Eucaristia e se refletiu um tema específico referente ao Carisma Vicentino. Com boa participação do povo e dentro de um ambiente de grande fraternidade, a Paróquia rezou, refletiu e aprofundou a riqueza do carisma vicentino, tão marcante e presente na sua caminhada pastoral.

Encontro de Educadores Vicentinos, em São Paulo (SP)

Educadores, colaboradores e voluntários vicentinos dos Colégios das Irmãs Vicentinas de Gysegem realizaram um encontro de espiritua-lidade, nos dias 2 e 3 de setembro no Colégio São Vicente de Paulo – Penha. Assessorado pelo Pe. Eli Chaves CM e com a presença de mais de 120 participantes, o encontro de espiritualidade foi um rico momento de união e fortalecimento de laços, em que a Família Vicentina celebrou os 400 anos de seu carisma e o nascimento da Congregação das Irmãs de São Vicente de Paulo de Gysegem.

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Encontros Vicentinos, promovidos pela SSVP

Vários Conselhos da Sociedade de São Vicente de Paulo estão realizando

seus encontros e retiros em torno da significativa celebração dos 400 anos do

Carisma Vicentino. Entre tantas inciativas, aconteceu:

Nos dias 9 e 10 de setembro, o

Conselho Central São Mateus orga-

nizou um retiro, no Centro de For-

mação Vicentina, em Vespasiano

(MG). Mais de 100 pessoas

participaram deste encontro de

espiritualidade, que refletiu e rezou

o testemunho vicentino de caridade

e missão. O retiro contou com a

assessoria do Seminarista Ezequiel, C.M. e dos Pes. Eli Chaves e Luís Oliveira,

C.M. Toda a oração se deu em torno do tema dos 400 anos do carisma

vicentino.

Nos dias 9 e 10 de setembro, na sede da Comunidade Canção Nova,

em Cachoeira Paulista (SP) o Conselho Metropolitano da SSVP de São José dos

Campos realizou o 30º Avivamento Vicentino, com o tema “No Carisma de São

Vicente e nos passos de Ozanam, agir juntos contra as pobrezas”. Participaram

aproximadamente 5.000 pessoas. O canal de televisão ‘Canção Nova’, na

manhã do domingo (10), transmitiu para todo o país a palestra do Pe. Alexandre

Nahass CM, “Os 400 anos do Carisma Vicentino”, e a Celebração Eucarística de

Encerramento, presidida por Dom José Carlos Chakarowsky C.M.

Nos dia 29 e 30 de setembro, o Conselho Central da SSVP de Bonsucesso

(MG), realizou o encontro de formação vicentina, com o tema do Ano Jubilar,

assessorado pelo Pe. Denilson Mathias, C.M., com a presença aproximada de

400 pessoas. Seguiram-se ao encontro, a procissão e a Eucaristia, com grande

participação dos fieis da comunidade paroquial.

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Celebração de São Vicente de Paulo, em São Paulo (SP)

Os colégios vicentinos estão bas-tante envolvidos na celebração deste Ano Jubilar. Um exemplo é o Colégio Virgem Poderosa, das Filhas da Cari-dade, que comemorou com uma missa festiva, na noite do dia 27 de setembro, o Dia de São Vicente de Paulo e os 400 anos do Carisma Vicentino. Instantes de reflexão, oração e alegria marcaram essa confraternização que reuniu pais, alunos e toda a equipe do CVVP. Depois de um dia com diversas atividades voltadas ao bem e à caridade, seguindo os ensinamentos vicentinos, houve um momento especial dedicado aos necessitados, quando foram recebidos os bilhetes de metrô que serão doados aos refugiados.

Manhã de Oração, em Belo Horizonte (MG)

Na Paróquia São José do Calafate, no dia 24 de setembro, o Regional BH da Família Vicentina promoveu uma Manhã de Oração, para celebrar São Vicente e os 400 anos do nascimento do Carisma Vicentino. A programação constou de bela oração, uma encenação vicentina apresentada pelo grupo de teatro da Paróquia e a Celebração Eucarística. Muita bem preparada e em ambiente de muita alegria e fraternidade, a celebração contou e com boa participação de membros dos sete ramos da FV presentes em Belo Horizonte. Esta celebração, seguramente, muito fortalece a colaboração vicentina existente neste Regional que, entre outras atividades, tem se destacado pela realização anual do Curso de Formação Missionária e das Santas Missões Populares. Durante a semana anterior à Manhã de Oração, a Paróquia do Calafate realizou uma grande campanha de recolhimento de alimentos que foram doados, através das Conferências Vicentinas, a famílias carentes da região do Bairro Paulo VI.

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Encontro da Família Vicentina, em Brasília (DF)

Uma bonita e bem participada celebração em honra de São Vicente de Paulo aconteceu em Brasília, no dia 24 de setembro, no Auditório Pedro Calmon (Setor Militar Urbano). Membros da Sociedade São Vicente de Paulo, Associação Internacional de Caridades, Companhia das Filhas da Caridade, Congregação da Missão e uma grande quantidade de fieis e devotos de São Vicente refletiram sobre os 400 anos do Carisma Vicentino e renovaram seu empenho e compromisso de continuar seu serviço de missão e caridade.

Encontro Vicentino em Recife (PE)

O 12º Encontro de Revigora-mento Vicentino (REVIC) aconteceu na cidade de Recife, no dia 8 de outubro de 2017. O objetivo do encontro foi celebrar os 400 anos do Carisma Vicentino. A festa foi celebrada por quase 2.000 pessoas vindas de seis estados do nordeste. A grande maioria era composta pelos membros da SSVP, que

planejou e executou o evento. Foi uma verdadeira celebração da Família Vicentina. Contou-se também com a presença de outros ramos da Família Vicentina: a Congregação da Missão, as Filhas da Caridade, a Associação Internacional de Caridades, a Juventude Mariana Vicentina e a Congregação das Servas dos Pobres. Pe. Denilson Matias, C.M., falou sobre o tema dos 400 anos do Carisma Vicentino, convocando a todos a deixarem sempre mais arder em seus corações a chama do carisma que nos leva a manter viva a caridade.

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Promoção da Cultura Vocacional

Pe. Tomaž Mavrič, Superior

Geral da Congregação da Missão

e das Filhas da Caridade e um

dos animadores internacionais

da Família Vicentina, escreveu a

todos, por ocasião da festa de

São Vicente, pedindo que toda a

Família Vicentina se empenhe

na promoção de uma cultura

vocacional. Somos desafiados a

testemunhar e divulgar o carisma vicentino para atrair muitas outras pessoas

para a missão de serviço a Cristo nos pobres! Em sintonia com esta

preocupação, aconteceu na Paróquia Nossa Senhora das Graças, do Riacho

Fundo II (DF), nos dias 5 e 6 de agosto, a Jornada Vocacional da Juventude

Vicentina. Esta jornada contou com a presença de jovens dos diversos grupos

da paróquia, durante dois dias, e foi conduzida por Ir. Rizomar FC e Pe. Denilson

Mathias C.M.

Acontecerá também, de 17 a 21 de outubro, o terceiro encontro do SAVV (Serviço de Animação Vocacional Vicentina) da Família Vicentina, em Curitiba (PR), com a participação de representantes das seis províncias das Filhas da Caridade, das três províncias da Congregação da Missão, de uma província das Irmãs de SVP de Gysegem, dos Religiosos de São Vicente de Paulo e dos Fráteres de N.S. Mãe da Misericórdia.

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Presença na Prelazia de Tefé – AM

No dia 1º de setembro de 2017, após um voo de cerca de 60 minutos, vindo de Manaus, precisamente às 10h45, horário local, o avião tocou a pista do aeroporto de Tefé, depois de sobrevoá-la mos-trando as águas do rio Solimões, do rio Tefé e dos igarapés que a contornam. Es-peravam-me no aeroporto o Pe. Alexan-dre (Província de Fortaleza), o Pe. Roge-lio (Província da Colômbia), além do Pe.

Hélio, diocesano. Fomos para a beira do igarapé, de onde se embarca num pe-queno barco para alcançar a ilha, o bairro do Abial, onde está a paróquia que iríamos assumir. Chamam a atenção os pequenos barcos – “catraias” – que le-vam as pessoas e cargas para o outro lado da cidade. Com as águas cada vez mais baixas, o igarapé deixa à mostra muita lama e lixo. O movimento na praia é intenso com muitas catraias e moto-táxis para o transporte.

A casa paroquial, com um jardim gramado à frente, é simples, uma adap-tação de um antigo posto médico visível nos azulejos que cobrem as paredes. No meio da tarde, um temporal com muito vento, trovões e chuva, típico dessa época – o verão amazônico – veio amenizar o calor.

Este é o cenário e as condições de parte da região missionária que nos foi entregue por D. Fernando Barbosa, bispo-prelado de Tefé. Compõem essa paróquia de Nossa Senhora do Perpé-tuo Socorro outras três pequenas co-munidades: Cristo Rei, no Abial, Cristo Redentor, na Colônia Ventura, e a de São Vicente, numa área de ocupação iniciada através das visitas dos coir-mãos Pe. Alexandre e Pe. Rogelio. Desejaram eles marcar os 400 anos do nosso carisma e da nossa presença, dando-lhe como padroeiro nosso fundador. A co-memoração da festa de São Vicente aí será simples como a sua gente e da ma-neira como sempre desejou o santo.

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Está em processo de definição a anexação de outra área – Caiambé, dis-tante cerca de 50 km, no outro lado do lago de Tefé, cujo acesso é feito por lan-cha em cerca de 2 horas. Trata-se de uma vila do município de Tefé mais algu-mas comunidades ribeirinhas próximas.

As pessoas, em sua maioria, trazem nas feições a beleza e as marcas da sua ascendência indígena. Também no jeito das casas – muitas de madeira – na vida, com seus hábitos e comida, manifestam sua cultura característica e inte-ressante.

Os trabalhos pastorais, por en-quanto, são os mesmos de qualquer pa-róquia, pois os grupos formados atuam normalmente, dependendo somente da presença e do incentivo criativo dos pa-dres. Neste sentido, já tivemos uma reu-nião com o Conselho Paroquial de Pasto-ral e encontros com os vários grupos. E, aproveitando o mês da Bíblia com o es-tudo da 1ª Carta aos Tessalonicenses,

iniciamos, nas duas comunidades já mais organizadas, uma reunião semanal no estilo dos círculos bíblicos.

Assim têm sido nossos dias já pas-sados aqui, em busca de mais conheci-mento, entrosamento com as comuni-dades e entre nós padres. Curiosidade diante da realidade com seus desafios e seus costumes não nos falta. Animação e disponibilidade para o trabalho missi-onário já nos fizeram chegar até aqui, no coração da Amazônia.

Pe. Paulo Eustáquio Venuto, C. M. Tefé, 27 de setembro de 2017

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Posse da Diretoria do CNB

No dia 03 de Setembro, mais

de 600 pessoas participaram da so-

lenidade de posse do confrade Cris-

tian Reis da Luz e sua diretoria, que

assumiram o Conselho Nacional do

Brasil da Sociedade de São Vicente

de Paulo (CNB/SSVP) pelos próxi-

mos 4 anos. O evento foi realizado

no Santuário de Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa, no Rio de

Janeiro (RJ). Vicentinos de diversas regiões do país também participaram. A ce-

rimônia de posse foi iniciada com a Santa Missa, celebrada pelo padre Alexan-

dre Nahass Franco (Congregação da Missão – C.M.), que é o assessor Espiritual

do CNB. Na homilia, ele reforçou a importância dos vicentinos na luta pela dig-

nidade dos Pobres. “Deus nos pede para que olhemos para os pobres, as prin-

cipais vítimas do atual sistema, que visa os interesses e vaidades de uma pe-

quena minoria, escravizando as pessoas em situação de vulnerabilidade social”

Em seguida, às 11h30, iniciou a posse, dada pelo confrade Renato Lima de Oli-

veira, presidente internacional da SSVP. Renato fez um agradecimento especial

à consócia Emília Fernandes Figueiró Jerônimo e diretoria dela. “Vocês contri-

buíram bastante com o crescimento da Sociedade de São Vicente de Paulo no

Brasil em vários setores e departamentos, que produziram inúmeros frutos

para a nossa SSVP”. Ao confrade Cristian, Renato Lima disse: “O confrade Cris-

tian é uma pessoa extremamente preparada para a função que hoje assume, e

depositamos nele grandes expectativas. O CNB está em boas mãos”. O presi-

dente internacional ainda presenteou o Brasil com a imagem de Ozanam que

contém uma relíquia. É um pedaço de uma roupa que foi tirado quando houve

a exumação do corpo, em 1912. Em seguida, confrade Cristian apresentou os

novos diretores do CNB.

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O tema da atual gestão do CNB

será “Na rede de caridade, servir

nossos Mestres e Senhores”. Ele foi

apresentado pelo presidente em-

possado Cristian Reis da Luz. Em seu

primeiro discurso, após ser eleito,

Cristian disse que será incansável na

luta pelos direitos dos pobres e que

estará ao lado dos vicentinos,

atento para atender aos anseios deles. “Começo minha gestão cheio de von-

tade de acertar. Aprendi a servir com minha família que é muito simples. Não

sou super-herói, mas buscarei lutar pelos Pobres e por cada vicentino espa-

lhado por todos os cantos do país”. Em nome de todos os presidentes de Con-

selhos Metropolitanos do Brasil, a consócia Sônia Cavalcanti concluiu, agrade-

cendo á diretoria que encerrou o mandato e incentivando a diretoria que co-

meça a caminhada a partir desta posse. A última pessoa a falar foi a consócia

Emília Jerônimo. Além de agradecer a todos os vicentinos que a apoiaram nos

últimos 4 anos, ela ratificou a gratidão pela oportunidade de conviver com os

confrades e consócias das bases, além de mensurar que se esforçou muito para

que o projeto Mudança de Estruturas (promoção social) fosse colocado em prá-

tica e, hoje, o termo se tornou conhecido e implantado no país e é a esperança

de uma mudança efetiva nas vidas dos Pobres.

Pe. Alexandre Nahass Franco, CM foi nomeado assessor espiritual para os

próximos quatro anos, continuando com as funções próprias deste ofício:

- Definição de uma linha de atuação para a espiritualidade na SSVP

(Ano Temático).

- Orientação a todos os Departamentos do CNB.

- Acompanhamento do Departamento Missionário do CNB, desenvol-

vendo projetos em áreas de extrema pobreza.

- Revisão de todas as matérias publicadas no Boletim Brasileiro.

- Realização de Celebrações e Momentos de Espiritualidade antes das

reuniões mensais da Diretoria do CNB (e Conselhos Metropolitanos).

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- Acompanhamento constante junto ao DENOR (o Departamento que

enfrenta os maiores problemas da SSVP no Brasil ).

- Monitoramento do processo de Canonização do Bem-Aventurado

Antônio Frederico Ozanam, com visitas, entrevistas e análises de do-

cumentos que possam confirmar a existência de um milagre.

- Presença nas Plenárias das Regiões, desenvolvendo valiosa forma-

ção.

- Preparação – e presença ativa – nos Encontros Nacionais dos Departa-

mentos do CNB.

- Facilitação do diálogo com a Igreja, em reuniões com lideranças da

CNBB, e outros Bispos.

- Ligação – e comunhão – com os Assessores Espirituais dos Conselhos

Metropolitanos.

- Trabalho junto a Juventude Vicentina.

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Notícias da Tradução das Obras Completas de São Vicente de Paulo

1. Equipe e dinâmica do trabalho:

Atualmente, a Equipe de Tradução das Obras Completas consta de cinco participantes: Irmã Neil Pimentel, F.C., Padre Lauro Palú, C.M., Professor Cosme Damião da Silva, Padre Getúlio Mota Grossi, C.M. e seu secretário, Douglas Go-mes de Oliveira, digitador e formatador dos textos, segundo as convenções adotadas, contratado pela PBCM para 5 horas de trabalho, de segunda a sexta-feira, das 8 às 13 horas. A Irmã Neil é uma operária incansável, apesar dos seus 80 e algo mais, for-mada em línguas neolatinas, inteligente, e sempre prazerosamente disponível. Padre Lauro está prestando inestimável ajuda, revendo e corrigindo as versões feitas pela Irmã Neil, com muita agilidade, depois da competente formatação do secretário. A esta altura, o respectivo tomo retorna à nossa sala de trabalho, no Cen-tro Social Padre Raimundo Gonçalves. Incorporo todas as correções no texto traduzido e releio tudo novamente, corrigindo ainda eventuais “cochilos”. Por último, geralmente, envio a cópia do texto em pauta ao nosso ex-aluno, no Ca-raça e em Petrópolis, doutor em língua portuguesa, ex-professor aposentado da UFMG, o nosso prezado amigo Cosme Damião da Silva, para uma outra revi-são complementar. Ele domina o português e entende bem a língua francesa. O trabalho retorna novamente a mim, para outra incorporação de eventu-ais novas correções. Frequentemente, convido o Professor Cosme para discus-são de algumas questões: pontuação, sentido de certas palavras, estrutura da frase. Há casos, também, em que o Padre Lauro consulta algum coirmão com-petente da França. Segundo me disse o ex-secretário geral da Congregação, o Padre Emeric, esse francês do século XVII comporta muitas dificuldades para eles próprios: palavras, expressões, construções linguísticas próprias do tempo. Depois deste “itinerário”, mandamos a cópia do tomo em tela para o res-ponsável da arte gráfica, o Valdinei, profissional muito competente. Ele cobra, por seu trabalho, muito abaixo do preço de qualquer outro profissional, con-forme pesquisa já realizada. Finalmente, o Valdinei nos envia a “boneca”, isto é, o texto final para a última revisão, alguma possível correção e a assinatura final, autorizando a Edi-tora O Lutador a imprimir o número de exemplares contido no contrato.

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Notar que, antes da assinatura, revemos a “boneca” e só a devolvemos ao Valdinei acompanhada de três ou mais folhas contendo a indicação das cartas e das páginas, onde ainda deparamos alguma correção a fazer, e a autorização, por escrito, do encaminhamento para a Editora. Longo percurso, como estão vendo, trabalhoso e cansativo! Tudo, porém, para a glória de Deus, para o bem da Igreja, para o bem das Províncias da Con-gregação da Missão, de língua portuguesa, e para o melhor conhecimento do nosso Santo Pai comum.

2. Tomos publicados, com a inserção das cartas posteriormente encontradas:

No momento, já estão publicados, disponíveis para leitura e consulta, os Tomos de I a V, cada um com mais de 700 páginas e os Tomos XI e XII, um pouco menores, com a média de 500 páginas cada um. O Tomo VI já está no prelo e deve sair ainda este ano, talvez brevemente. Como o Tomo V foi publicado no início deste ano, serão, portanto, publicados dois volumes em 2017, não mais. Já estão traduzidos os Tomos VII e VIII, cujas correções e revisões estão em andamento, segundo a dinâmica acima descrita. A Irmã Neil solicitou, generosamente, a “permissão” de iniciar a tradução do complexo Tomo XIII, o Tomo dos Documentos. Restarão, portanto, os Tomos IX e X (Conferências de São Vicente para as Filhas da Caridade), dos quais já existe uma tradução incompleta, feita pelos portugueses, e o desafiador e mais complexo Tomo XIV, o do Índice Geral Atu-alizado.

Pela Equipe, Padre Getúlio Mota Grossi

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Conferência Latino-Americana

de Províncias Vicentinas – Notícias da CLAPVI

Belo Horizonte, 27 de outubro de 2017

Aos Membros da CLAPVI

Que a graça do Senhor nos acompanhe sempre.

Comunicado:

Informo-lhes que Conferência Latino-Americana de Províncias Vicentinas

– CLAPVI – durante a presente semana, esteve reunida na região de Belo

Horizonte – Brasil – na Fazenda do Engenho, realizando a XVI Assembleia

Ordinária, segundo o lema: “IV Centenário do Carisma Vicentino: “ Conversão

Pastoral na América Latina e no Caribe”.

A Assembleia foi realizada em uma ambiente de fraternidade e com

espírito de comunhão com toda a Congregação da Missão, que durante o

presente ano está celebrando os 400 anos do nascimento do Carisma Vicentino.

As apresentações e diferentes reflexões nos levaram a fortalecer nossa

identidade vicentina com o propósito de seguir trabalhando pelos mais pobres

e necessitados nas distintas províncias, vice-províncias e regiões que integram

a CLAPVI.

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Conforme a tradição e segundo os Estatutos que regem a Conferência,

hoje elegemos o novo Conselho Executivo que regerá a Conferência durante o

próximo triênio 2018-2020, cujos integrantes são:

Pe. Odair Miguel Gonçalves: Presidente (Brasil)

Pe. José Jesús Plascencia: Vice-Presidente (México)

Pe. Gustavo Martim González: Primeiro Suplente (Argentina)

Pe. Alejandro Juan Paulino: Segundo Suplente (Puerto Rico)

Pe. José Carlos Fonsatti: Secretário Executivo (Brasil)

Pedimos suas orações ao novo Conselho Executivo e a toda Conferência

para que, fiel ao Carisma de São Vicente, possa continuar com seu trabalho

missionário em todos os lugares onde marcamos presença.

Em São Vicente, Pe. José Jair Vélez Duque, C.M.

Ex-Secretário Executivo

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Notícias do Provincial – Ordenações, Colocações e Outras

1. Celebramos, com muita alegria, juntamente com representantes de toda a Família Vicentina, no Santuário Nossa Senhora Mãe dos Homens – Ca-raça, entre os dias 31/03/2017 a 02/04/2017, com o tema: “400 anos da Vocação Vicentina: Tempo Histórico, Ação do Espírito que renova”. Du-rante toda a comemoração, celebração, olhamos, atentamente, para o Tempo Histórico, Tempos Presentes e Futuros, desafios e perspectivas. Foi um momento único de oração, estreitamento de laços fraternos, refle-xões, estudos, confraternizações.

2. Em janeiro de 2017, tivemos as Santas Missões Populares em Campo Grande – Rio de Janeiro. Com a participação de muitos Missionários Lei-gos, Irmãs, Padres, Seminaristas, visitamos muitas famílias, fizemos muitas celebrações e encontros, além de outras atividades. Estamos nos prepa-rando para janeiro/2018. Participe!

3. No Colégio São Vicente de Paulo tivemos o Encontro da Família Vicentina do Rio de Janeiro com a participação de mais ou menos 800 pessoas. Ce-lebramos, com alegria, a Eucaristia, confraternizamos e tivemos diversas oficinas de acordo com o interesse de cada participante.

4. Manhãs de Oração da Família Vicentina, por ocasião da Festa de São Vi-cente de Paulo, se espalharam por diversos lugares: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Bahia, Norte de Minas... Tempo forte... Que Deus nos abençoe.

5. Tivemos, no Rio de Janeiro, uma nova edição do PAC (Programa de Ação Colaborativa), que visa a formação para um trabalho pastoral que vise a mudança de estruturas e o estreitamento de laços para a realização de projetos comuns entre os ramos da Família Vicentina.

6. O Irmão Gustavo Alivino Silva, C.M. e o Padre Vanderlei Alves dos Reis, C.M. foram a Cuba, Santiago de Cuba, entre os dias 01 a 17 de agosto de 2017, participar, de 1º a 17 de agosto, das Missões em comemoração aos 100 anos da Paróquia São Luís.

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7. O Irmão Admar Francisco de Freitas, C.M. está participando do Centro In-

ternacional de Formação (CIF) que está acontecendo em Paris, sobre a He-

rança Vicentina. Que Deus o abençoe e que nos traga novidades e boas

notícias.

8. O Irmão Paulo César da Silva, C.M. recebeu, na Capela Dom Viçoso, em

Belo Horizonte, as Ordens Menores do Leitorato e Acolitado e está se pre-

parando para a Admissão às Ordens Sacras. Parabéns!

9. Os Coirmãos Admitidos Allyson Giovanni Garcia e Hugo Silva Barcelos tive-

ram seu pedido de incorporação definitiva à Congregação da Missão apro-

vado pelo Conselho Provincial e emitirão os Santos Votos no dia 3 de de-

zembro de 2017. Bem-vindos!

10. O Padre José Valdo dos Santos Filho, C.M. também esteve em París par-

ticipando do CIF, com o tema: “Liderança Servidora”. Ao retornar, ele nos

apresentou suas impressões sobre a viagem, o curso e parte do que apren-

deu. Obrigado Padre José Valdo!

11. O Irmão Gustavo Alivino Silva, C.M. após receber as Ordens Menores do

Leitorato e Acolitato, agora se prepara para receber o Sacramento da Or-

dem no grau do Diaconato. Será no dia 25 de novembro de 2017, em Ita-

puã do Oeste, Rondônia, onde trabalha atualmente. Estamos felizes!

12. Nosso Retiro Provincial aconteceu no Santuário Nossa Senhora Mãe dos

Homens – Caraça – Fazenda do Engenho e foi orientado pelo Vigário Geral

da Congregação da Missão, Padre Javier Álvarez, C.M. A ele e a todos os

Coirmãos que participaram o nosso muito obrigado.

13. A Comissão de Formação trabalhou seriamente na Construção do nosso

Plano de Formação, desde o Pré-Seminário (Pastoral Vocacional, Prope-

dêutico, Filosofia), Seminário (Seminário Interno e Teologia) e Formação

Permanente.

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14. Encontros Provinciais realizados: Coirmãos Jovens; Coirmãos que pres-

tam seus serviços em Paróquias, Missões, Curatos; Ecônomos, Superiores

e Administradores. Todos foram motivos de crescimento para a Província.

15. De 14 a 18 de junho de 2017 aconteceu o Encontro Nacional e o Fórum

da Família Vicentina. Participaram do Encontro o Seminarista Hugo Barce-

los da Silva, Padre Raimundo João da Silva, C.M., Padre Alexandre Nahass

Franco, C.M. e Padre Geraldo Eustáquio Mól Santos, C.M.

16. Infelizmente encerramos nossas atividades na Paróquia Missionária São

José de Carinhanha – BA. Depois de mais de três décadas da nossa pre-

sença por lá com um frutuoso trabalho na formação de lideranças e agen-

tes de pastoral acreditamos que a missão poderá caminhar com segurança

e tranquilidade.

17. Padre Hélio Correia Maia, C.M., que estava em Carinhanha, foi transfe-

rido para o Curato Nossa Senhora das Graças, no entorno do Caraça como

Cura. Bom trabalho!

18. Padre Paulo Eustáquio Venuto, C.M., que também desenvolvia sua mis-

são em Carinhanha – BA, generosamente, aceitou participar da nova

frente missionária na Prelazia de Tefé, Estado do Amazonas. A missão está

sendo organizada pela CLAPVI (Conferência Latino-americana da Provín-

cias Vicentinas) com o apoio da Cúria Geral da Congregação da Missão. A

Missão já conta com três missionários: Padre Paulo Eustáquio Venuto,

C.M. e dois outros Coirmãos, um Colombiano e outro da Província de For-

taleza. Que venham novos missionários!

19. Foi realizada, entre os dias 23 a 29/10/2017, no Santuário Nossa Senhora

Mãe dos Homens – CARAÇA – Fazenda do Engenho, a XVI Assembleia exe-

cutiva da CLAPVI com a participação de vários Padres Vicentinos de países

da América Latina e Caribe. Os Coirmãos Padres Denílson, Erik, Emanoel,

Luís Carlos Fundão, Irmão Adriano e Padre Geraldo Mól participaram da

organização de todo o encontro. Muito obrigado! Como sempre, a hospi-

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talidade generosa dos Coirmãos do Caraça agradou a todos. Também de-

vemos nossos agradecimentos aos Padres Sebastião, Raimundo e ao Coir-

mão Admitido Túlio pelo apoio que deram na recepção dos participantes

do Encontro em Belo Horizonte. Ainda, a Secretária Provincial Cristina Vel-

laco colaborou, em muito, em todo o evento. Que Deus abençoe a todos!

20. No segundo semestre de 2017 está sendo realizada a formação dos Mis-

sionários que tomarão parte nas Santas Missões Populares em Campo

Grande – Rio de Janeiro. Os encontros de formação estão sendo realizados

em Belo Horizonte e Campo Grande. Esperamos uns 60 missionários na

segunda quinzena de janeiro/2018 em Campo Grande.

21. Padre Vandeir Barbosa de Oliveira, C.M., atualmente residindo e estu-

dando em Paris, está regressando ao Brasil em dezembro/2017. Espera-

mos, com alegria, sua chegada. Ele deverá compor a Equipe de Formado-

res. Seja muito bem-vindo, Padre Vandeir.

22. E os bonitos e transformadores Projetos Sociais da Província continuam

a ser realizados com a participação de Coirmãos, Colaboradores e muitos

Voluntários. Oportunamente, enviaremos notícias de todos.

23. Entre os dias 11 a 14 de dezembro de 2017 teremos um novo Encontro

de Superiores, Ecônomos e Administradores no Instituto São Vicente de

Paulo em Belo Horizonte. Trataremos basicamente de princípios contá-

beis, registros, prestação de contas e previsões orçamentárias para o Exer-

cício Social de 2018. Ainda, tentaremos construir um documento, para

toda a PBCM, com princípios básicos de administração, que nos oriente em

tão importante trabalho.

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Obituário

Ir. Thomaz Glenski, C.M.

*28-12-1924 +7-8-2017

Um grande amigo caracense

Dia 7 de agosto deste ano de 2017, fale-

ceu em Belo Horizonte o Irmão Thomaz

Glenski, que trabalhou no Caraça durante 23

anos e foi muito conhecido dos seus hóspedes

e visitantes.

O Irmão Thomaz nasceu em Irati, no sul

do Paraná, em 1924, no dia 28 de dezembro,

quando a Igreja celebra na liturgia a festa dos

Santos Inocentes, aqueles meninos que Herodes mandou matar, quando soube

que havia nascido o Messias que os magos estavam procurando para adorá-lo

como o novo Rei de Israel... Durante toda a sua vida, o Irmão Thomaz comemo-

rava seu aniversário, logo depois do Natal, e ouvia as mesmas brincadeiras.

Neste ano, repetiu-se a alusão, mas nada em termos de brincadeira.

Na missa de corpo presente, na Casa Dom Viçoso, onde o Irmão Thomaz

viveu os últimos 13 anos de sua vida bem vivida (chegou aos 92 anos e meio...),

o Celebrante principal e o pregador da liturgia foi o Pe. Getúlio Mota Grossi,

que foi muito feliz, muito carinhoso e muito amigo, ao comentar a vida, a per-

sonalidade, os trabalhos, as virtudes do Irmão e a lembrança rica e preciosa que

ele deixou para os Padres e os outros Irmãos da Província e da Congregação em

que ele se realizou como religioso e servo fiel de Deus.

Padre Getúlio comentou que o Irmão Thomaz morreu com a inocência ba-

tismal. É uma expressão muito conhecida e muito feliz, mas que a gente pode

usar muito raramente, porque não são assim tão comuns as pessoas de que,

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quando morrem, não nos lembramos de alguma coisa ruim, algum fato desa-

gradável, em que o falecido tenha ofendido, prejudicado, marginalizado, escan-

dalizado alguém. Contam de Santo Agostinho, que tinha tido uma adolescência

e uma juventude acidentada e bastante atormentada e pouco séria, que, depois

do batismo, que recebeu aos 30 anos, nunca mais se confessou, por ter levado

extremissimamente a sério o seu compromisso com Deus. Pois, do Irmão Tho-

maz, nem isso teríamos para contar, porque com seus 18 nos, em 1941, já es-

tava no Seminário São Vicente, em Petrópolis, onde faria o Noviciado, sua inici-

ação na vida consagrada como discípulo e seguidor de São Vicente de Paulo. E

sua vida de consagrado a Deus foi sempre muito regular e observante. Em 1944,

fez a Deus os votos de pobreza, castidade e obediência e de dedicar-se, durante

toda a sua vida, na Congregação de São Vicente de Paulo, ao serviço dos Pobres.

Como Irmão, o Thomaz não era Padre, não celebrava a Missa nem podia

perdoar os pecados em confissão. Mas toda a sua vida foi consagrada à oração,

ao trabalho manual e apostólico, à ajuda ao próximo em suas necessidades.

Assim, durante o Noviciado, fez os cursos de enfermeiro e de alfaiate e até o

tiro de guerra. Ficou m Petrópolis até 1968, como alfaiate, muito conhecido e

apreciado pela elegância das batinas que fazia, com o capricho que o caracteri-

zou. De 1968 até 1972, trabalhou em Belo Horizonte como atendente numa loja

que a Província abriu para a venda dos produtos de uma granja de frangos na

região metropolitana da Capital. Depois foi deslocado para o próprio setor pro-

dutivo, na Fazenda São José, em São José da Lapa. De lá, saiu em 1981, para

trabalhar no Santuário do Caraça, onde ficou até 2004, quando se retirou para

a Casa dos Idosos, em Belo Horizonte.

Tinha tino comercial, na simplicidade de sua formação e de seu caráter. O

pregador disse que ninguém nunca teria ouvido o Irmão Thomaz falar mal de

alguém. Talvez de fato não, nunca ofendeu ninguém por nervosismo, rabugice

ou impaciência. Mas tinha suas “raivinhas”, de que nós ríamos, a partir dos “no-

mes feios” que xingava: lembro-me de dois deles, huguenote e mameluco (a bem

da verdade, não era bem mameluco, mas disfarcei um pouco...).

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Foi também uma espécie de caixeiro viajante, durante muitos anos, pois ia

ao Rio de Janeiro, a São Paulo, vinha a Belo Horizonte, para comprar terços e

medalhas, santinhos e novenas, que ajudava a vender por onde passava e onde

morou. A lojinha do Caraça conheceu seu bom gosto e seu cuidado. Era habili-

doso no fazer terços de contas muito escolhidas e vistosas.

Nos últimos anos de sua abençoada existência, na Casa dos Idosos, era fiel

às horas de oração, às celebrações, sempre nos bancos da frente na capela,

paciente com as enfermeiras e as cuidadoras, delicado, pedindo e agradecendo

seus serviços com humildade, voz mansa e sorriso extremamente bondoso. Úl-

timo irmão de sua Família do Paraná, foi visitado uns dias antes de sua morte

por uma cunhada e um sobrinho. Talvez nem os tenha reconhecido, já definiti-

vamente esgotado. Mas todos nós que o conhecemos e admiramos suas virtu-

des simples e humildes, sabemos que agora reza por nós e nos protege. Esse

temos certeza de que já descansa na paz infinita de Deus.

Pe. Lauro Palú, C.M.

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Pe. José Athanásio Coelho C.M.

*2-5-1918 +17-4-2017

A comunidade da Casa Dom Viçoso despertou com a

triste notícia do falecimento do Pe. Athanásio, às

quatro horas. Nascido em Coroaci – MG. Filho de Notel

Nunes Coelho e Maria Isabel Rodrigues, fez o curso

primário em sua terra.

Foi para o Caraça, onde se matriculou no curso de

humanidades. Terminando o quinto ano com notas

muito boas, foi para Petrópolis – RJ, onde começou o

Noviciado em março de 1938. Após o tempo de formação, estudou filosofia e

teologia, na mesma casa. Concluiu todo o tempo de estudos em 1945, onde foi

ordenado Presbítero a 8-12-1945 com mais cinco colegas, por Dom João Cavati,

C.M., que o recebera para o Noviciado e agora o consagrava sacerdote para a

Igreja, após todos os estudos.

Ordenado padre, voltou à cidade natal para celebrar as missas novas junto

dos parentes e amigos e gozar de um tempo de férias. Lá aguardou as ordens

do Provincial para inaugurar suas atividades como padre, no ano que iniciava

para ele em Irati, no Paraná, escola apostólica. Daí vai para Curitiba – PR, em

1948. Já em 1960 foi nomeado Reitor do Seminário Menor de Mariana. Durou

pouco, pois, em 1961, foi mandado para fortaleza, CE na escola apostólica.

Volta para Diamantina, Minas Gerais, em 1964.

Em 1971 fez curso de atualização no Rio de Janeiro. Daí foi para Santa

Vitória – MG, em 1972. Depois para Paraguaçu – SP, em 1973. Colocado em

Belo Horizonte, em 1974 no bairro Calafate, deu assistência ao povo da capela

Santa Terezinha, hoje, bela paróquia.

Em 1977 é enviado para Palmital, SP. Em 1980 o encontramos em Belo Vale

– MG. Daí e transferido para a Casa Provincial, RJ, em 1986. Em 2003, foi

designado para Brasília - DF, até 2007. Por fim, em 2008, foi para a casa Dom

Viçoso, onde a morte o encontrou.

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Era 17-4-2017 às 4 horas quando o Pe. Athanásio deixou este mundo para

a eternidade, confortado por todos os sacramentos e piedosa assistência dos

Coirmãos e do corpo de atendentes de enfermagem, na longa vida de 99 anos.

Ele que tinha o carisma de bem acolher os que passassem pelas casas,

onde trabalhava, é agora recebido na mansão eterna do Senhor Deus, a quem

serviu por mais de 70 anos. Foi sepultado no cemitério do Bonfim, após a missa

celebrada por treze padres, seminaristas e fiéis parentes e amigos. Agora lhe

desejamos repouso eterno junto do Pai dos pobres que o atraiu para ser

missionário na Congregação.

Pe. Célio M. Dell’Amore C.M.

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Pe. Geraldo Nunes Costa, C.M.

*31-12-1914 +28-5-2017

No domingo da Ascensão, toda a

comunidade na capela para a santa missa,

às 11:30, o Pe. Geraldo Nunes Costa deixa

esta morada terrena em busca da vida

eterna. Foi uma cena triste para os que

ficam e alegre para o que sobe na glória

definitiva e eterna.

Nascido em São João Evangelista,

filho de Clemente Rufo da Costa e

Ambrosina Nunes de Souza, foi batizado no dia 25-3-1915. Depois do

primário em sua terra, estudou em Diamantina, onde conheceu os padres da

Missão e quis seguir os passos de colegas que entraram na formação em

Petrópolis – RJ, em 1938.

Foi ordenado Sacerdote em 8-12-1943 por Dom José Pereira Alves,

Bispo de Niterói. Teve sua primeira colocação em Campina Verde, já em 1948

foi transferido para Santa Vitória, onde passou grande parte de sua vida

sacerdotal. Em 1972, mandado para Paraguaçu Paulista e voltou para Santa

Vitória em 1974. Retornou depois para Campina Verde.

Já em 2010 veio para casa Dom Viçoso, onde a morte o encontrou na

festa de Ascensão do Senhor em 28 de maio de 2017. Após a missa celebrada

na capela com nove padres e vários fiéis, foi levado para sua querida Santa

Vitória, onde foi sepultado. Era um homem simples, mas acolhedor e

disposto para todo o trabalho sacerdotal. O seu povo o acolheu com alegria

e gratidão. Passou a maior parte da sua existência na região de Santa Vitória,

que viu crescer como cidade e deu o melhor da assistência. Descansa em paz

no cemitério local.

Pe. Célio M. Dell’Amore C.M.

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Pe. Pedro Dias Lima *21-06-1976 +23-12-2016

O “Pedrinho”, como às vezes era

denominado entre nós, nascera no dia

21 de janeiro de 1976, na cidade de

Malhada, no Quilombo Tomé Nunes,

situado à margem direita do Rio São

Francisco, bem defronte de nossa ex-

missão de Carinhanha, na margem es-

querda do mesmo “Velho Chico”. Era

filho de Leobino Bernardo de Lima e

Isabel dos Santos, o sétimo de uma fa-

mília de 11 filhos.

Nas enchentes do rio, comuns até por volta de 1990, as famílias de Tomé

Nunes costumavam transferir-se para Carinhanha, pois Malhada ficava também

inundada.

Às vezes, convidavam-nos para celebrar a Eucaristia em Tomé Nunes, ge-

ralmente debaixo de algum “pé de pau”. Foi lá, durante a celebração de uma

missa, que o “Pedrinho”, com seus dez ou doze anos, me conheceu e, conforme

me relatou mais tarde, em Contagem, sentiu o desejo de ser padre.

Fez os seus estudos, fundamental e médio, em sua cidade natal de Malhada,

e dois anos de magistério em Carinhanha, no Colégio Coronel João Duque. Aluno

aplicado e badalado craque de bola.

Entrou para o Seminário Interno da PBCM em Petrópolis, sendo, portanto,

admitido na Congregação da Missão, no dia 15 de janeiro de 2001. Emitiu os

santos votos em Belo Horizonte, no dia 6 de outubro de 2006. Foi estagiário em

nossa missão-paróquia de Contagem e, posteriormente, em nossa missão-pa-

róquia de Francisco Badaró, sendo ordenado sacerdote em Malhada, sua terra

natal, por Dom Ricardo Guerrino Brusati, Bispo de Caetité, a 10 de julho de

2008.

Convidou-me para fazer a homilia em sua primeira missa, mas não pude

estar presente nem na sua ordenação sacerdotal, devido a um compromisso,

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anteriormente assumido, de celebrar a Eucaristia e o Matrimônio de comunitá-

rios amigos, por coincidência, no mesmo dia, em Carinhanha, mas bem no inte-

rior da nossa área missionária, na Comunidade Várzea da Cruz.

Confirmado em sua colocação, como missionário, na mesma missão-paró-

quia de Francisco Badaró, lá ficou até sua transferência para a missão-paróquia

Nossa Senhora de Fátima, em Contagem, Bairro Jardim Industrial, em 2010, ini-

cialmente como Vigário Paroquial e, posteriormente, como Pároco.

Após conversar comigo num retiro espiritual, no Engenho, em 2015, solici-

tou ao Padre Visitador, Padre Geraldo Mol, a minha colaboração como compa-

nheiro de casa e Vigário Paroquial. Aceitei prazerosamente, e, após oito dias de

retiro inaciano em Itaici, por ocasião dos meus 60 anos de padre, cheguei a

Contagem no dia 15 de agosto de 2015.

Convivi com o Padre Pedro até 15 de agosto de 2016, véspera de minha

transferência de volta para a Casa Dom Viçoso, por ordem do Padre Visitador.

O Padre Pedro se notabilizou, na Província, pelo seu espírito jovial e sua

convivência alegre e fraterna. Como missionário, pude testemunhá-lo em Con-

tagem, granjeava a simpatia dos fiéis pelo seu inegável carisma de acolhida e

abordagem fácil, alegre, simples e caridosa. Sempre me transmitia a impressão

de estar muito identificado com sua vocação e de celebrar a Eucaristia com fé,

convicção e muita alegria. Atendia com fidelidade os doentes e os familiares

enlutados pela morte de parentes. Fiquei sabendo, agora, que recebera o título

de cidadão honorário de Contagem, conforme notícia na Folha de Contagem

de 9 a 15 de dezembro de 2011. Em nossas conversas, jamais ouvi do Padre

Pedro comentário desfavorável a respeito de coirmão algum.

Gostava de festa e disse-me que pedira a Jesus para não morrer antes dos

40 anos e que queria celebrar seus 8 anos de sacerdócio. Teve a alegria das duas

celebrações, e bem solenes.

A doença de Chagas, de que era portador, começou a manifestar-se, em

sua forma severa e agressiva, exatamente na véspera de minha transferência

de volta para a casa Dom Viçoso. Havíamos combinado rezar, pela última vez,

no dia 16 de agosto, às 7h15. Padre Pedro não apareceu para a oração. Passou

mal à noite. Levei-o, imediatamente, para o primeiro atendimento, feito pelo

nosso médico Doutor Audary. Foi o início de sua dolorosa “via crucis”. Veio a

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falecer no dia 23 de dezembro de 2016, no Hospital Madre Tereza, vítima de

fulminante AVC hemorrágico.

Depois da missa de corpo presente, na Igreja Nossa Senhora de Fátima,

com enorme e emocionada participação de fiéis, foi conduzido, a pedido da fa-

mília, para Malhada, sua cidade natal, onde foi sepultado, na presença de todos

os familiares.

Fui celebrar a Eucaristia que marcara para o dia 21 de janeiro de 2017, no

Quilombo onde nascera, quando completaria 41 anos. Contava com o restabe-

lecimento da própria saúde e esperava ser liberado para a viagem a Tomé Nu-

nes... mas viajara, antes, para a casa do Pai. Memória dolorosa, mas gratifi-

cante!

O povo perdoa muito a quem o ama, e Deus, mais ainda, pois é “amor,

paciência e perdão” (Sl 85).

Descanse em paz, Padre Pedro Dias Lima!

Pe. Getulio Mota Grossi, C.M.

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Israel Bonifácio Batista

*05-06-1929 † 26-02-2017

Na paz de Cristo, com todos os sacramentos da Igreja Católica, morreu, no Hospital Madre Tereza, após doze dias de internado, o confrade vicentino, afiliado à Congregação da Missão (PBCM) o senhor Israel Bonifácio Batista. Nascido em Pedro Leopoldo – MG, veio cedo, com dezesseis anos, para Belo Horizonte. Teve uma infância e adolescência turbulenta, pois perdera sua mãe Maria Raimunda de Melo. Seu pai, Antônio Pedro Batista, não foi feliz no segundo casamento, visto a madrasta não se afeiçoar aos pequenos filhos do viúvo. Fê-los sofrer bem mais que o carinho da mãe falecida.

Aqui na capital se virou como pode e até descobriu que era epilético. Padeceu muito, sem perder a fé e a esperança na cura, conseguida como milagre do Pe. Antônio Pinto de Urucânia, mais pela Medalha Milagrosa. Foi Motorista de caminhão – ônibus – marceneiro. Casou-se com Maria da Glória e não teve filhos, mas se dedicou com a esposa às conferências Vicentinas e Catequeses paroquial no bairro Ermelinda. Na sua casa nasceu a catequese do bairro e serviu de local para as primeiras celebrações do Pe. Heli, nos domingos e festas, para os fiéis do bairro. Fez doação desta residência para a Mitra Arquidiocesana, em memória dele e de sua esposa, para os fiéis e a Igreja de Belo Horizonte Ermelinda.

Vicentino fervoroso, ministro da Sagrada Comunhão, ele e sua esposa foram Missionários Leigos em Belo Horizonte,em Bambuí – MG e também foram para Cametá – Pará, junto com Dom José Elias Chaves, Bispo eleito para aquela prelazia. Dinâmico e criativo fez belos trabalhos de Evangelização. Voltando à capital mineira, após saída do Sr. Bispo do Pará, trabalhou no Caraça – MG e de lá voltou para a sua casa em Belo Horizonte.

Ficando viúvo, solitário, foi acolhido na Casa Dom Viçoso, da PBCM. Aqui passou de 2005 até 26/4/2017, após ficar doze dias no Hospital Madre Tereza, onde a irmã morte o encontrou com 88 anos. Rezemos para que descanse em paz no Bonfim – BH- sepultura da PBCM e com Missa Celebrada por nove Padres, tal o afeto que mereceu pelo seu serviço missionário-vicentino que exerceu.

Descanse em Paz! Pe. Célio M. Dell’Amore C.M.

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Maria das Mercês do Porto *18-10-1939 + 21-06-2017

Nascimento de uma “irmã” Vicentina.

Nos idos de outubro de 1939, lá pelas bandas de

Nossa Senhora do Porto, lugarejo simples, perto da

Chapada de Diamantina, nasce uma criança pobre,

raça negra, sem a proteção de um pai... Esquecida de

sua família, a pequena “preciosidade” foi rodando sem

rumo... até encontrar um ”porto seguro” para se

abrigar

Uma família piedosa de N. S. do Porto, a

família Pires, adota aquela criança, e a registra e

batiza. Mais tarde seu padrinho, Padre Pires, leva a pequena Mercês para

morar no Seminário e estudar com as Filhas de Caridade em Diamantina.

Mais uma vez, a pequena “joia” se vê abandonada, seu padrinho Padre

Pires, morre repentinamente, nas escadarias do Seminário de Diamantina.

Como a pequena criança, sem orientação, não se desenvolvia nos estudos , o

Padre José Pires de Almeida, primo do falecido Padre Pires, e as Irmãs

resolveram enviar a Mercês para estudar em outro ambiente. O Colégio Santa

Isabel, em Petrópolis, recebe a pequena órfã. Mas a tentativa não logrou os

efeitos desejados.

Já adolescente, vai a Mercês para a Serra do Caraça. Sob a proteção de

N.S. Mãe dos Homens e os cuidados das Filhas da Caridade, a jovem foi

aprendendo a cuidar de casa, da limpeza, a tratar dos coelhos, etc. Morava na

Casa das Sampaias e tinha o carinho delas.

Padres João Saraiva e Célio Dell’Amore chegam ao acordo para levar a

Mercês para ajudar no Seminário de Brasília. Como os padres Lazaristas

entregaram a Direção do Seminário à Arquidiocese, novamente a jovem

Mercês é transferida para Assis, SP, onde reencontra os Padres João Saraiva e

Célio Dell’Amore.

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Trabalhava no Seminário e morava com as Irmãs da Beneficência Popular.

Novamente a obra do Seminário é interrompida e a Mercês na rua. O Padre

João Saraiva era o Superior da Casa de Campina Verde abriu mais uma vez as

portas de nossa Casa Lazarista para ela. Aí, sim, ela pôde viver por mais de

quarenta anos sua conturbada vida de nômade.

Em Campina Verde ela estudou um pouco mais, fez muitas amizades,

batizou os filhos de suas amigas etc. Foi fichada como funcionária da PBCM e

aposentou por tempo de serviço.

Campina Verde e nossos coirmãos formaram para ela uma comunidade

Cristã que foi sua verdadeira FAMÍLIA VICENTINA. Ela recebeu o Título de

Afiliada à Congregação da Missão e, nesta qualidade, viveu as virtudes

Vicentinas :

Simplicidade – Gostava de roupas bem vermelhas, mas de uma pobreza

evangélica.

Humildade – não conhecia ninguém de sua família, não tinha sobrenome. Era

simplesmente filha de Deus.

Mortificação – Vida de procura de sua origem não tinha namorados. Gostava

muito de vinho, mas até o seu“Chapinha” ela renunciou.

Mansidão – era toda paz, mas de gênio forte.

Zelo – Cuidava bem das coisas de seu ofício.

Com a idade já pesando e a doença, câncer, adiantada, foi morar na nossa

Casa Dom Viçoso.

Recebeu os devidos tratamentos, mas não resistiu as cirurgias e foi para a

Casa do Pai.

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Na recordação de sua morte foi escrito assim:

Maria das Mercês do Porto

*18 de outubro de 1939. Em Senhora do Porto.

+ 21 de junho de 2017. Em Belo Horizonte.

Na simplicidade aproveitou a vida.

Na angústia procurou sua família.

No serviço encontrou a Província da

Congregação da Missão - São Vicente.

Foi acolhida como nossa irmã.

Na alegria conquistou muitos amigos e amigas.

Na partida deixou muita saudade.

Sua lembrança ficará sempre viva em nossas memórias.

Deus te acolha junto a Virgem Maria e São Vicente de Paulo.

AMÉM.

Pe. Sebastião de Carvalho Chaves, C.M.