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Estudose InovaçõesnaEngenharia eAgronomia

v.2

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Estudos eInovações naEngenharia e Agronomiav.2

Francisco et al.(2020) 2

E829 EstudoseInovaçõesnaEngenharia eAgronomiav.2/Organizadores:Francisco etal.

─CampinaGrande: EPTEC, 2020.105f.: il. color.

ISBN: 978-65-00-02255-1

1.Engenharias. 2.Desenvolvimento Tecnológico.3.IdeiasInovadoras. 4. Difusão. I. Francisco,Paulo RobertoMegna.II. Silva, Virgínia Mirtes deAlcântara.III. Santos,Newton Carlos.IV. Título.

CDU62Oscapítulos oumateriais publicadossãode inteira responsabilidade deseusautores.

Asopiniões nelesemitidas nãoexprimem,necessariamente,opontodevista doEditor responsável.Sua reproduçãoparcial estáautorizada desdequecite a fonte.

Créditos de ImagensdaCapaFreepick.com

Editoração, RevisãoeArte daCapaPaulo RobertoMegnaFrancisco

ConselhoEditorialDjail Santos(CCA-UFPB)

Dermeval Araújo Furtado (CTRN-UFCG)GeorgedoNascimento Ribeiro (CDSA-UFCG)Josivanda Palmeira Gomes(CTRN-UFCG)JoãoMigueldeMoraes Neto (CTRN-UFCG)

JoséWallace Barbosa doNascimento(CTRN-UFCG)Juarez Paz Pedroza (CTRN-UFCG)

Lúcia Helena Garófalo Chaves(CTRN-UFCG)LucianoMarcelo Fallé Saboya (CTRN-UFCG)Paulo daCostaMedeiros (CDSA-UFCG)

Paulo RobertoMegnaFrancisco (CTRN-UFCG)SoahdArruda Rached Farias (CTRN-UFCG)

Virgínia Mirtes deAlcântara Silva (CTRN-UFCG)

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Francisco et al.(2020) 3

Paulo RobertoMegnaFranciscoVirgíniaMirtes deAlcântaraSilva

Newton CarlosSantos(Organizadores)

Estudose InovaçõesnaEngenharia eAgronomia

v.2

1.aEdiçãoCampinaGrande-PB

2020

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Realização

Apoio

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SUMÁRIO

Capítulo1..........................................................................................................................................................6APROVEITAMENTO DO CAROÇO DE AÇAÍ NA PRODUÇÃO DE SUBSTRATO ALTERNATIVO PARA USONA OLERICULTURA................................................................................................................................................6

Capítulo2........................................................................................................................................................17CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO ARROZ NO ESTADO DE RORAIMA.............................. 17

Capítulo3........................................................................................................................................................25DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DO USO DO FÓSFORO ....... 25

Capítulo4........................................................................................................................................................31EFEITO DO TEMPO E TEMPERATURA DO ULTRASSOM NA COR INSTRUMENTAL DA POLPA DEJAMBOLÃO (Syzygium jambolanum) .................................................................................................................... 31

Capítulo5........................................................................................................................................................36PREVISÃO DE VENDAS DE COLHEDORAS DE GRÃOS POR MEIO DA ANÁLISE DE SÉRIESTEMPORAIS .......................................................................................................................................................... 36

Capítulo6........................................................................................................................................................47AVALIAÇÃO DO EFEITO DA HIDROLISE ENZIMÁTICA NA VISCOSIDADE DA POLPA DE GRAVIOLA47

Capítulo7........................................................................................................................................................52RESÍDUOS MADEIREIROS URBANOS: ABORDAGEM TÉCNICA PARA A SUA UTILIZAÇÃO COMOFONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL E SUSTENTÁVEL ................................................................................... 52

Capítulo8........................................................................................................................................................61DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE FEIJÃO-FAVA (PHASEOLUS LUNATUS L.) COMDIFERENTES TEORES DE ÁGUA ...................................................................................................................... 61

Capítulo9........................................................................................................................................................68AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE QUEIJO COALHO E DOSESTABELECIMENTOS QUE O COMERCIALIZAM NA CIDADE DE SIRINHAÉM – PERNAMBUCO .........68

Capítulo10 ..................................................................................................................................................... 75AVALIAÇÃO DO EFEITO DA PASTEURIZAÇÃO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS EBIOATIVAS DA POLPA DA GOIABA (Psidum guajava L.) ...................................................................................75

Capítulo11 ..................................................................................................................................................... 80CONTROLE DE QUALIDADE NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE MUDAS FLORESTAIS...........................80

Capítulo12 ..................................................................................................................................................... 91ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DA FUNDAÇÃO PEDRO PAES MENDONÇANO POVOADO SERRA DO MACHADO, RIBEIRÓPOLIS/SE ............................................................................ 91

Curriculum dos Organizadores ...................................................................................................................105

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Capítulo1

APROVEITAMENTO DOCAROÇODEAÇAÍNAPRODUÇÃODESUBSTRATOALTERNATIVOPARAUSONAOLERICULTURA

AntoniaFabrícia deOliveira Pinheiro¹Gabriel Leite daSilva²

Silvana GomesdosSantos³

¹TecnólogaemAgroecologiaIFPA/Campus Bragança, [email protected] emAgroecologiaIFPA/Campus Bragança, [email protected]

³Professora EBTT/IFPA/Campus Bragança,[email protected]

IntroduçãoO açaizeiro (Euterpe oleracea Mart), é

umapalmeira tropical amplamentedifundida ecultivada na região amazônica brasileira(NEVES et al., 2015). A palmeira alcançaaproximadamente em torno de 15 a 20metrosde altura, e são extraídos para consumo opalmito e o fruto. Popularmente o fruto émaisconhecido como açaí, mas tem outrasdenominações em diferentes regiões deocorrência como açaí do Pará, açaí do baixoamazonas, açaí de touceira, açaí de planta,juçara e juçaradetouceira (NASCIMENTO et al.,2008).

De acordo com Almeida et al. (2017),após oprocessamento do açaí, o vinho, que é obeneficiamento da polpa do fruto, correspondeapenas15%, eos85% restantes,sãoreferentesao caroço e fibras, que geralmente sãodescartados comorejeito orgânico.

O tratamento e a destinação final dosresíduos orgânicos urbanos e rurais sempreforamumapreocupaçãopopulacional devido asquestõesde saneamentoambiental. Namaioriadosmunicípios brasileiros, a administração selimita apenas ao recolhimento do lixodomiciliar, depositando-o em locais afastadosdapopulação,ouseja, osresíduos sãodispostosinadequadamenteno ambiente (JUNKES et al.,2002).

Descartados no meio ambiente, édesperdiçado o potencial que o caroço de açaípossui para os setores industriais e daagricultura, torna-se apenas mais um lixoorgânico que prejudica aomeio ambiente e aspopulações(LIMA, 2009).

A agroecologiaé umaciência queutilizaa basedosprincípios ecológicospara o desenhoemanejo dos sistemas agrícolas sustentáveis edeconservaçãodosrecursosnaturais (ALTIERI,1998). Práticas alternativas como adubaçãoverde, fixação biológica de nitrogênio,

compostagem, entre outras, adotadas pelosagricultores, favorece a biodiversidade nossistemasprodutivos (LONGHI, 2008).

É essencial que esses materiaisproduzidos nas agroindústrias passem portratamentos, e a compostagem pode ser umaalternativa, por oferecer um destino corretopara esses resíduos, minimizando seu impactonegativo ao ambiente, além de promover odevido tratamento para osmesmosmelhorandosuascaracterísticas (CANTÚ et al.,2017).

A agricultura demanda atualmentealternativas no quepossamser relacionadas aodesenvolvimento sustentável, sendo a buscadeproduções de substratos uma delas. Para aprodução de substratos necessita-se de fontesquesejamabundantes,e queseja debaixocustopara o produtor, desta maneira, os resíduosorgânicos ganham espaço para tal fim (ASSIS,2006).

O composto produzido pode substituirfertilizantes e adubos sintéticos, que oferecemmaiores custos e também são altamentepoluentes (CANTÚ, 2014). Suas característicasdevemconstituir boaspropriedades físicas,comcapacidadedereter aumidade,boasustentaçãopara as raízes, assim comotambémfornecer osnutrientes essenciais para o desenvolvimentodasplantas(CORTI & CRIPPA, 1998).

Levando em consideração a cadeiaprodutiva doaçaí, eobem-estarda sociedade,éfundamental que os resíduos de caroço de açaítenham umadestinação adequada, assim comopromover uma agricultura sustentável com aprodução de substratos orgânicos através decompostagempara suprir as necessidades dosagricultores(TEIXEIRA et al.,2002).

Portanto, o presente trabalho visaavaliar o potencial do caroço de açaí para aprodução de substrato orgânico para uso naagricultura.

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Material e MétodosO trabalho foi conduzido na área

experimental localizadano Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologia do Pará -CampusBragança, na latitude 01º 03’13” Sul elongitude 46º 45’56”Oeste.

Coleta esecagemOsmateriais utilizados para montagem

do experimento foram os caroços de açaí(Euterpe oleracea Mart), folhagens de feijão

guandu (Cajanus cajan) e a serapilheira,compostapor folhas egalhosemdecomposição.Os caroços de açaí foram coletados empontosde comercialização na região bragantina, noqual osmesmosapósa retirada da polpa foramalocados as margens dos estabelecimentos,como apresentado na Figura 1a. As folhas defeijão guandu, foram coletadas na áreaexperimental do IFPA-Campus Bragança(Figura 1b), e a serapilheira nas áreas dematada instituição(Figura 1c).

Figura 1.Coletadosmateriais paramontagemdapilha de compostagem-caroço deaçaí (A) feijãoguandu(B) e serapilheira(C).

Os caroços de açaí após a coleta foramdispostossobreumalonapara secagememlocalcoberto peloperíodo de15dias.

FragmentaçãoOs caroços de açaí secos, foram

triturados, com o objetivo de diminuir as

partículas domaterial, para redução do tempode decomposição (Figura 2a). Foi usado umtriturador forrageiro em duas numerações depeneira (5 e 3 cm). As folhas de feijão guanduforam cortadas com um tesourão de poda,tornando-se também um material maisacessível paradecomposição(Figura 2b).

Figura 2.Trituração docaroçodeaçaí (A); Fragmentaçãodofeijãoguandu(B).

CompostagemApilha de compostagemfoi coberta por

lona transparente de100micras,para proteçãoda chuva. A proporção usada foi de 20kg decaroço de açaí, 5kg de folhagens de feijãoguandu e 3kg de serapilheira (20:5:3), sendoque a mesma foi dividida em duas fases. De

acordo com Teixeira (2002), as misturas dosmateriais, devem se possível, serem utilizadasna proporção de 70% de material rico emcarbono e o restante dos materiais rico emnitrogênio.

Na primeira fase usou-sea proporçãototal do caroço de açaí (20kg), no entanto as

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folhas de feijão guandue a serapilheira foramusadas somente parte de suas proporções (3 e2kg). O experimento foi montado sobre umalona transparente (Figura 3a), no qual foifechada para auxiliar no aumento datemperatura.

Após 30dias da montagemdapilha decompostagem, o material foi triturado

novamente,eadicionou-seorestante dasfolhasde feijão guandue serapilheira para completaraproporção (20:5:3), portanto, 2kgdefolhasdefeijão guandu e 1kg de serapilheira forammisturados a pilha. A pilha voltou ao processode compostagememuma composteira (Figura3b).

Figura 3.Pilha decompostagemmontadainicialmente até os30dias (A); Pilha decompostagemapósos30diasatéos60dias (B).

Omanejoda compostagemconsistiu nomonitoramentoem revirar e umedecer a pilhasempre gerenciando as condições detemperatura, umidadeeaeraçãodurante todooprocesso. Para Oliveira et al. (2004) éimportantemanteromaterial úmido,molhandoomesmopelomenosumavezpor semana.

Para a aeração, o material foi reviradode cinco em cinco dias, para evitar excessodeumidade, compactaçãodocomposto, maucheiro dapilha,entre outros fatores.

O monitoramento consistiu de acordocomNunes(2009) verificar a umidadedapilha

pelo teste damão,ondeconsistiu empegar comamãoumpoucodematerial do interior da leiraecomprimi-locombastante força. Oponto idealda umidade é quando a água começa a verterentre osdedos,semescorrer.

No acompanhamento da temperatura,teve-se o auxílio de um termo higrômetro(Figura 4) em que constituiu emmonitorar amesmaas8,10,12,14,16e18hs,durante cincodias nas duas fases, e assim determinou-se ohorário depicode temperatura.

Figura 4.Monitoramento de temperatura da compostagematravés doTermo higrômetro.

Análise químicaPara análise laboratorial, foram

conduzidas ao Laboratório Agrotécnico dePiracicaba-SP, amostras coletadas dos

compostos do caroço de açaí compostadosdurante 30 e 60 dias, para identificar suaspropriedades químicas. Para comparações,foram encaminhadas também ao laboratório

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amostra de húmus de minhoca preparadoartesanalmente (serragem +aparas degrama+cascas de frutas +resíduos de legumes+borrade café +cascas de ovos) , e uma amostra desubstrato Bioplant® (cascas de pinus +esterco+serragem +fibra de coco+vermiculita +cascadearroz +cinza +gessoagrícola +carbonato decálcio +magnésio +termofosfato magnesiano(yoorin) eaditivosfertilizantes).

Ensaio embandeja(preliminar)Nas duas fases do experimento, foram

montadosensaios embandeja coma cultura daalface da variedade crespa (Lactuca sativa var.crispa) (Figuras 5ae5b),comintuito detestar aeficiência docompostona produçãodemudas.

Figura 5.Ensaio embandejamontadocomoscompostosde30dias (A) e60dias (B) decompostagem.

Odelineamento do ensaio foi emblocoscasualizados com três tratamentos e cincorepetições, em bandejas com 36 células,disposta emcasade vegetação.

Os compostos usados no primeiroensaio foi húmus de minhoca artesanal +compostodeaçaí30dias+substratoBioplant®.No segundoensaio foi utilizado o compostodeaçaí 60dias +húmuscomercial Terra Nobre®+substratoBioplant®.

Foram verificados os parâmetrosnúmerodeplantas; comprimentoderaiz;massafresca e número de folhas. Foi realizado aanálise de variância e as médias comparadaspelotestedeTukey a5% designificância.

Resultados eDiscussãoVariação detemperatura

Após o teste de temperatura para ohorário de pico, definiu-seque nas duasfases o

horário deu-sepelas 14 horas, sendo assim omonitoramento de temperatura feito noseguintehorário e decincoemcincodias.

A temperatura do composto variou de30 a 50°C (Figura 6), atingindo o pico de 50ºCno 15o dia após a montagem da pilha, quecaracteriza assim,suafasetermófila, ocorrendoaté o 30o dia do processo de compostagem.Entende-se desta maneira, que a atividademicrobiana ainda estava elevada no final doprimeiro ciclo do experimento. De acordo comPereira Neto (2007), na fase termófila ocorre oprocessodemáximadegradaçãodoscompostosorgânicos, onde a mesma é uma fase dedegradação ativa de polissacarídeos, como oamido, celulose e as proteínas, transformadotodos em subprodutos que serão usados pelamicrobiota.

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Figura 6.Monitoramento da variação da temperatura durante o processodecompostagem.

Almeida et al. (2005) citam que àmedidaquea temperatura retorna paravaloresmais baixos, até chegar na temperaturaambiente, permite assim, que aconteça arenovação de populaçõesdemicrorganismos.

A fase mesófila ocorreu a partir do 40ºdia do processo, onde a temperatura começa adecrescer, com 39ºC até atingir a mínima de30ºC,noqual segundoAlmeida et al. (2005) háoaparecimento de novosmicrorganismos.

De acordo com Kiehl (1985), a máximade temperatura excelente para a compostageméde50a70°Csendo60°Camaisindicada.Paivaet al. (2010) afirmam que a variação datemperatura ao longo do processo, indica ostipos de microrganismos predominantes nacompostagem,e consequentemente a eficiênciapara os termos agronômicos e sanitários. Aelevação da temperatura é fundamental, poiscontribui para a esterilização do material,provocando a morte de organismos patógenos(GOMES & PACHECO,1998).

Segundo Valente et al. (2009), atemperatura no processo de compostagem éafetada por alguns fatores para sua variaçãomínima e máxima, sendo alguns deles otamanho da pilha, a umidade do substrato, adisponibilidade de nutrientes, entre outros.Cooper et al. (2010) citam que, as formas edimensõesdas pilhas são variáveis, pois sãodeacordo ao local de montagem, as pilhas compoucovolumetendemaperder calor facilmente,desta maneira não podendo chegar atemperaturasmuitoaltas.

Portanto, observa-se que não ocorremvalores elevados de temperatura nacompostagem trabalhada, possivelmenterelacionado à altura da pilha, deaproximadamente 50 cm não podendo desta

maneira,ocorrer geraçãodecalor.Entretanto, acompostagem alcança o nível de 50ºC,temperatura no qual já pode ocorrer aesterilização docomposto.Valente et al. (2009)afirmam que temperatura de 50ºC com omáximo de até 70ºC proporciona condiçõesdesfavoráveis para a sobrevivência e para odesenvolvimento dos microrganismospatogênicos.

Características docompostoAo decorrer do processo de

compostagemobserva-seboadecomposiçãodapilha, entretanto, logo nos primeiros diasapresenta mau cheiro, que de acordo comTeixeira et al. (2004) é importanteconferir seoprocesso aeróbio está ocorrendo corretamentena compostagem,para assim evitar maucheiro.Comisso, descobriu-seapilha de compostagemda lona transparente, para que ocorressemelhor circulação de oxigêniona pilha, e omaucheiro fosseeliminado.

Ao final do processoda primeira fase,ocompostodo caroço de açaí aos 30dias, obteveumaaparência física de queomesmoainda nãoestava adequado, sua cor ainda estava muitoclara, e poucohomogênea(Figura 7a). Pois, porsetratar deummaterial fibroso,suaspartículasainda não estavam bemdecompostas.Oliveiraet al. (2004) relatam que as características deumsubstrato pronto são:compostohumificado,cor escura,homogêneoe comcheiro de terra.

O composto do caroço de açaí 60 diasapresenta características relacionadas a umprocesso dedecomposiçãobemavançado, comdecomposição completa dosmateriais, corescura, bemhomogêneo,e comcheiro de terraúmida (Figura 7b), comocitado por Oliveira etal. (2004).

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Figura 7.Compostosdecaroçodeaçaí dascompostagensde30dias (A) e60dias (B).

Análisequímica dossubstratosOsresultadosobtidosapartir daanálise

químicamostram que ocorre alterações no pH

entre os tratamentos avaliados, como pode-seobservar naTabela 1.

Tabela 1.Caracterização química doscompostosorgânicosAmostra pH P K Ca Mg H+Al Al Soma CTC Sat. Sat.

CaCl2 resina bases bases Almgdm-3 ---------------------------mmolc dm-3 ----------------- V% m%

HúmusdeMinhoca 7 440 315 27 31 15 0 373 388 96 0Bioplant® 5,7 610 34 108 92 38 0 234 272 86 0Açaí 60dias 4,9 51 16 17 14 38 0 47 85 55 0Açaí 30dias 5,4 310 42 16 22 34 1 80 114 70 1

*pH=Potencial Hidrogêniônico, P=Fosforo, K=Potássio, Ca=Cálcio,Mg=Magnésio, Al=Alumínio, H+Al=AcidezPotencial, CTC=CapacidadedeTroca deCátions.

Nota-se que o pH do húmus artesanalencontra-se nas condições de neutro (pH=7),enquanto o composto Bioplant® (pH=5,7), ocomposto de açaí a partir de 30 dias decompostagem (pH=5,4), e o composto de açaíapós 60 dias de compostagem (pH=4,9) seencontranascondiçõesdepHácido.Ferrazet al.(2005) cita que, o pH nos valores de 6,0 a 7,0,ocorre a adequada disponibilidade denutrientes nos substratos comerciais,e para ossubstratos orgânicos esse valor varia de 5,2 a5,5,sendo ideal a faixadepH5,5a6,5.

Para Paiva (2010),pHéumindicativonacompostagem, sua variação é referente aoestágio do processo da mesma e também dosmateriais que compõem a pilha. Haug (1993)durante oprocesso da compostagem,observouquepodeocorrer umaredução dopH,tornandoo composto suavemente ácido, isso decorrentepor conta da ação de decomposiçãodamatériaorgânica pelos fungos e as bactérias, causadodevido a liberação de ácidos. Ao longo doprocesso, estes ácidos são decompostos atéserem completamente oxidados, atingindo naetapa final do processo um pH levementealcalino.

Para Pedrosa et al. (2013), operíodo dedecomposiçãodamatéria orgânica dependedostipos demateriais queapilha écomposta,sendoque para que todo ciclo esteja completo sãonecessários aproximadamentede90a120dias,noqual acompostagempassapor todasasfases,encerrando comsua maturação, onde todos osnutrientes chegama umaestabilização.

Portanto, a soma dos dois ciclos dacompostagemsão60dias, noqual nota-sequeovalor de pH do processo de compostagempoderia ainda se estabilizar, ou sua variação,também pode ser referente à composição dosmateriais dapilha.

O composto Bioplant® obtém maiorteor de P =610mg/dm³; Ca=108mmolc/dm³;Mg =92 mmolc/dm³, seguido pelo húmus deminhoca, com valores de P =440mg/dm³; K =315,0mmolc/dm³. As somas de bases (S) e aCTC dos receptivos compostos obtém valoreselevados, sendohúmusdeminhoca comS=373mmolc/dm³; CTC = 388 mmolc/dm³ e ocompostoBioplant® comS=234 mmolc/dm³;CTC=272mmolc/dm³.

O composto de açaí após 30 dias decompostagemapresenta osseguintesvalores de

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P =310mg/dm³; K =42mmolc/dm³; Mg=22mmolc/dm³; S = 80 mmolc/dm³; CTC = 114mmolc/dm³; em relação ao composto de açaícom60dias de compostagemque apresenta osvalores de P =51mg/dm³; K =16 mmolc/dm³;Mg=14mmolc/dm³; S=47mmolc/dm³; CTC=85mmolc/dm³.Alémdisso,apresenta alumíniotóxico na concentração de1mmolcdm-3.

Desta maneira, pode-se notar que, ossubstratos comerciais apresentam maiorconcentração dos nutrientes essenciais para asplantas, pois os mesmos contêm em suasformulações uma maior diversidade demateriais eaditivos (Bioplant®), oupassamporumprocessodecompostagemlongode90a120dias (húmusdeminhoca).

Santos Júnior et al. (2014) citam que,mais do que exercer a função de suporte àsplantas,osubstrato para cultivo demudasdeveproporcionar adequado suprimento de ar eáguaaosistema radicular. Adicionalmente, estedeve ser isento de fitopatógenos, de fácilmanejo, baixo custo, alta disponibilidade e terlongadurabilidade.

Os compostos orgânicos podem serutilizadoscomoalternativas para aproduçãodemudas,pois ocultivo demonstra aptidão aousodesses substratos,o seu período de cultivo nosmesmos é curto, e os substratos pelas suascaracterísticas físicas contribuem para o seudesenvolvimento. Deacordo comSousa(1997),é difícil encontrar todasascondiçõesideais nossubstratos, entretanto suas característicasfísicas é um fator essencial para oferecer boascondições asmudas.

Considerando a concentração denutrientes no composto de açaí de 30 dias,pode-seinferir queosmesmospodemnãoestardisponíveis, devido aonível doprocessoaoqualse encontra a compostagem, com a crescenteatividade microbiológica ainda presente,verificado pelosaltosvalores detemperatura.

Para Aquino et al. (2005) os resíduosorgânicos passam por transformaçõesmetabólicas pelos fungos e bactérias, entreoutros microrganismos presentes no processode compostagem. Com isso, para realizaçãodessas atividades, os nutrientes sãoimobilizados naformaorgânica,esomenteapósa digestão da matéria orgânica por essesorganismosocorre transformação e a liberaçãodos nutrientes (P, K, Ca, Mg) em mineraisprontos para absorçãodasplantas.

No gráfico da Figura 8 pode-severificara relação C/N dos compostos dos caroços deaçaí, de 49/1para o composto de 30dias, e de22/1 para o ciclo de compostagemde 60 dias.De acordo comSharma et al. (1997), os índicesde relação C/N avaliam os níveis dematuraçãodas substâncias orgânicas e os efeitos nocrescimento microbiológico. Desta maneira, ocomposto de 60 dias mostra-se maisequilibrado, oferecendomaior quantidadedeN,que é um essencial nutriente paradesenvolvimento das plantas. Maragno et al.(2007) afirmamque,oequilíbrio darelaçãoC/Néum fator essencial na compostagem,já que, oprincipal objetivo da mesma,é criar condiçõespara fixar nutrientes, de modo a seremposteriormente utilizados comoadubo.

Figura 8.Relação C/Ndoscompostosdecaroço deaçaí 30e 60dias.

O composto de caroço de açaí após 30dias apresenta umarelação C/Nmuito elevada,emesmocontendomaioresvalores nutricionaisdoqueo de60dias, nãoestá apropriado para o

uso agrícola, devido à alta relação C/Ninfluenciar negativamente na disponibilidadedessesnutrientes. A instrução normativa nº 25do Ministério de Agricultura, Pecuária e

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50

60

Composto de Açaí 30 dias Composto de Açaí 60 dias

RelaçãoC/N

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Abastecimento (MAPA, 2009) destaca que, arelação C/N nãopodeultrapassar a 20,e o teorde nitrogênio total deve ser nomínimode 5,0gkg-1para compostosorgânicos.

O compostode açaí do período de 30 e60 dias já supre o teor de N exigido pelanormativa comvalores iguais 7,4gkg-1e 16,5gkg-1, respectivamente, entretanto, somente osubstrato de60dias decompostagemapresentavalor próximo ao exigido pela a normativarelacionadoa relaçãoC/N(22/1).

Observa-se com base noacompanhamento do processo decompostagem, que mais alguns dias decompostagem seria o suficiente para ocompostoalcançar uma relação C/N dentro doparâmetro exigido. Contudo, mesmo nascondições do estudo (60 dias) o substrato jápode suprir demandas para a produção demudas agrícolas, pois mostra que devido suarelação C/Nestápróximoaoideal,osnutrientes

presentes no substrato podem ser absorvidospela planta, assim como suas característicasfísicas apresentam boas condições para o uso,como cita os autores Ros et al. (2015) que ascaracterísticas físicas dos substratosinfluenciam diretamente para germinação edesenvolvimento dasplantas.

Análisedasmudascultivadas nossubstratosA análise de variância, mostra que não

há diferença significativa para o parâmetro denúmerode folhas. Constata-sequeonúmerodeplantas cultivadas no composto de caroço deaçaí compostadodurante 30dias, e ocompostoBioplant® não diferenciam estatisticamenteentre si (P<0,05), e são superiores as mudascultivadas em húmus de minhoca (Tabela 2).Para as variáveis de massa fresca ecomprimento de raiz, o Bioplant® obtémmelhores resultados entre os compostosorgânicos.

Tabela 2. Parâmetros de crescimento demudas de alface aos 30 dias após semeadura em substratocomercial Bioplant®, húmus de minhoca artesanal e composto de caroço de açaí após 30 dias decompostagem

*Compostodo caroço de açaí compostadodurante 30 dias CV=Coeficiente de variação. Médias de 5 repetições.Letras iguais nacolunanãodiferem estatisticamenteentre si pelo testedeTukey a5% designificância.

No composto Bioplant®, odesenvolvimento dasmudasdealfaceapresentamaior exuberância e vigor, demostrando-semais saudáveis, enquanto as mudas docompostodehúmusapresentam problemas, noqual seobserva amortede 98% dasmudasporpodridão da basedocaule e tombamento.

Os patógenos do solo são os principaisocasionadores pela perda de qualidade dasmudas,doenças comotombamentooudampingoff, são doenças comuns na fase inicial docrescimento das plantas. O tombamento écausado por fungos de solo, principalmenteaqueles dos gêneros Pythium, Phytophthora,RhizoctoniaeFusarium,epodeocorrer antes ouapós a germinação das plantas (LOPES et al.,2005).

Portanto, a partir dos sintomasapresentados nas mudas cultivadas no húmusde minhoca, poderia o mesmo apresentarproblemas de sanidade, devido sua produção

não conter padrões que garantem a suaqualidade

As mudas cultivadas no composto deaçaí compostado durante 30 dias, apresentamboagerminação, no entanto, nãomostram bomdesenvolvimento (Tabela 2), possivelmente,relacionado aelevada relação C/Ndocomposto,como demonstrado no gráfico da Figura 8.Apesar do composto apresentar o teor de Nconforme exigido pelo MAPA (2009), sua altarelação C/N reduz a disponibilidade dessenutriente, sendoomesmoumdosnutrientes demaior exigência pelas culturas onde asua baixadisponibilidade afeta significativamente odesenvolvimento dasmudas de alface. ComojácitadoporMaragnoet al. (2007), oequilíbrio darelação C/N é uns dos principais fatores nacriação de condições para a fixação dosnutrientes, para entãoabsorçãopelasplantas.

No segundo ensaio, a análise devariância, para os parâmetros, números de

Tratamentos Númerodeplantas Massafresca Comprimentoda raizUnid. G Cm

Húmusdeminhoca 2,00b 0,168b 4,626b*C.de caroçode açaí 11,40a 0,280b 2,756b

Bioplant® 11,40a 3,168a 10,100aCV% 10,12 18,36 20,84

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plantas e comprimento de raiz não sediferenciam estatisticamente (P<0,05) quando

asmudasforam cultivadas nocompostode açaíde60diasenoBioplant® (Tabela 3).

Tabela 3. Parâmetros de crescimento de mudas de alface aos 25 dias após semeadura em substratocomercial Bioplant®, húmus de minhoca Terra Nobre® e composto de açaí 60 dias após decompostagem

Tratamentos Número deplantas Massafresca Comprimentoda raizUnid. g cm

HúmusdeMinhoca 4,400b 0,280b 2,78bC.decaroçode açaí 9,200a 2,568a 3,376a

Bioplant® 8,600a 0,288b 6,994aCV% 32,92 72,82 17,19

*Compostodo caroço de açaí compostadodurante 60 dias CV=Coeficiente de Variação. Médias de 5 repetições.Letras iguais nacolunanãodiferem estatisticamenteentre si pelo testedeTukey a5% designificância.

Devido aos problemas relacionados aohúmus de minhoca produzido, o mesmo foisubstituído por um húmus comercial TerraNobre®, um composto também pronto eestabilizado, entretanto diferente do húmusproduzido artesanalmente, ele segue padrõesdequalidade daindústria. Ainda assim,ohúmusnão obteve bons resultados em nenhum dosparâmetros (Tabela 3), suas característicasaparentam um composto denso, que assimimpedeagerminaçãoecrescimentodasplantas.

As plantas cultivadas no substrato deaçaí da compostagem de 60 dias, apesar dosvalores obtidos na análise química (Tabela 1),apresentam bom desenvolvimento, no qual

mostram-se mudas exuberantes e saudáveis(Figura 9). Possivelmente decorrente doelevado teor deNquecontémnosubstrato,queapresenta um valor com o dobro deconcentração em relação ao composto de 30dias, onde perante isso, como já citado pelosautores Sharma et al. (1997) e Maragno et al.(2007), eTaízeZieger(2004), onitrogênioéumimportante elemento para plantas, sua faltaafeta diretamente na formação de raízes, noprocesso de fotossíntese, na produção etranslocação de foto assimilados e na taxa decrescimento entre folhas e raízes, sendo ocrescimentofoliar o primeiro aser afetado.

Figura 9.Mudas dealface cultivadas emcompostodecaroço deaçaí compostadodurante 60 dias,substratoBioplant® ehúmusdeminhocaTerra Nobre®.

ConclusãoO composto produzido a partir do

aproveitamento do caroço de açaí, através dacompostagem pelo período de 60 dias,apresentou características físicas desejáveis,níveis ótimos de N, e mesmo não contendoelevados teores dos demais nutrientes,promoveu bomdesenvolvimento dasmudasde

alface, e possibilitou a substituição dossubstratoscomerciais.

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Capítulo 2

CARACTERIZAÇÃODACADEIAPRODUTIVA DOARROZNOESTADODERORAIMA

HudsondoVale deOliveira1Eli CarlosdeOliveira2ÉdisonMiglioranza3

1Eng.Agrônomo;Prof. Dr. doInstituto Federal deEducação,CiênciaeTecnologiadeRoraima-IFRR, CampusBoaVista ZonaOeste,[email protected]

2Eng.Agrônomo,Dr.Pesquisador daEmpresa OmniaBrasil, [email protected]. Dr.daUniversidade Estadual deLondrina-UEL, [email protected]

IntroduçãoA conceituação da expressão cadeia

produtiva foi desenvolvida como uminstrumento de visão sistêmica, uma vez que aproduçãodebenspoderia ser representada pormeio de umsistema,no qual osdiversos atoresestariam interconectados.Essa interconexão sedaria pormeiodefluxosdemateriais, decapitale de informação com o objetivo principal desuprir um mercado consumidor final com osprodutosoriundosdestesistema(CASTRO etal.,1995; CASTRO et al., 2002; BORGES, et al.,2012).

Castro (2000) define quatropossibilidades por meio da análise prospectivade cadeias produtivas, identificar fatorescríticos de competitividade e sustentabilidadeambiental em relação a cadeias produtivascompetidoras,principalmente relacionadas aoselos agrícola e agroindustrial; oferecersubsídios à elaboração de políticas públicas demelhoria de competitividade das cadeiasestudadas; oferecer subsídios aos integrantesdestacadeiaparapromover umaprimoramentoda coordenação e da competitividade; buscarnovas oportunidades para a melhoria dacompetitividade da cadeia produtiva,contribuindo para o planejamento dodesenvolvimentosetorial e regional.

Para Batalha (1997),acadeiadeproduçãopode ser definida como a soma de todas asoperações de produção e de comercializaçãoque foram necessárias para passar de uma ouvárias matérias-primas de base a um produtofinal, isto é,até queoproduto chegueàsmãosdeseuusuário.

Devido à acirrada concorrênciaestabelecida no mercado, as empresas têmbuscado estratégias que as tornem cada vezmaiscompetitivas.SegundoBronzeri (2010), asestratégias entre as empresas de uma cadeia

produtiva influenciam todasasorganizaçõesdacadeia, ou seja, ao adotar estratégias quefortaleçam os elos envolvidos, ela tende a sefortalecer, melhorando o desempenhoeconômico-financeiro das organizações etambém da região, que se beneficia pelosempregos gerados pelas empresas, seja diretaouindiretamente.

Segundo dados do Ministério deAgricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,2006), o agronegócio tem aumentado a suaparticipação não só na pauta de exportaçãobrasileira, mas também na formação do PIB.Nesse sentido, o agronegócio tem sidoresponsávelpor 33% doPIB total dopaís,bemcomopor 37% dosempregosgeradosnoBrasil.

Nessa perspectiva, o arroz é uma culturaagrícola que se apresenta como o principalcomponente da dieta básica e diária dapopulação mundial. Além disso, é considerado,pormuitos nutricionistas, comoumdoscereaismais equilibrados, em termos de composiçãodosnutrientes,edigestivos(LUDWIG, 2004).

A cadeia produtiva do arroz tem seconfigurado como uma das que apresentammaior importância para o agronegóciobrasileiro, especialmente porque o arroz é umproduto que apresenta elevado consumo(VIANA & SOUZA, 2006; VIEIRA et al., 2012;VIEIRA et al.,2014;ZAMBERLAN & SONAGLIO,2011a).

Embora acadeiaprodutiva doarroztenhapassado por períodos de grandes desafios, taiscomo o excesso na oferta do produto,especialmenteemvirtude doaumentodasáreasde produção, as elevadas produtividades e asimportações (LAGO et al., 2007), essa cadeiaprodutiva tem se configurado como uma dasmaisimportantesparaoagronegóciobrasileiro,principalmente tendo emvista ser um produtode elevado consumo interno e que representa

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umvolume expressivo da produção degrãosnopaís (ZAMBERLAN & SONAGLIO,2011b).

Para Fochezatto (1994), a cadeiaprodutiva do arroz apresenta quatro etapase/ou elos principais, a produção de matéria-prima; o processamento industrial dessamatéria-prima;ocomércioatacadista/varejista;eoconsumidorfinal.

Na cadeia produtiva do arroz observa-se,por exemplo, que o produtor é o que menoslucra com o negócio arroz, especialmentequandoospreços se encontram muito baixos,eaagroindústria beneficiadoratemseulucro.Poroutro lado, a agroindústria sente-sepressionada pelo grande número deconcorrentes no mercado e, especialmente,pelos consumidores que tem semostrado cadavezmaisexigentes,inclusive as redes devarejo(PARAGINSKI, 2012).

No Estado de Roraima, o agronegócio doarroz tem participação significativa na geraçãode emprego, renda e, também, no ProdutoInterno Bruto (PIB), seconfigurandocomoumadas poucas cadeias produtivas que estãoefetivamente estabilizadas (CORDEIRO et al.,2009;CORDEIRO&MEDEIROS, 2010).

O fortalecimento empresarial do Estadode Roraima está atrelado a uma perspectiva dedesenvolvimento que,numprimeiro momento,está relacionada à consolidaçãodaproduçãodebensprimários quegarantam,emcurto prazo,oauto-abastecimento interno, inclusive emcrescentesníveis deprocessamentoindustrial ecujo padrão tecnológico seja compatível comoestágio de desenvolvimento regional (MDA,2010).

Nessesentido, é importante destacar quea dimensão geopolítica do Estado está sendoaproveitada comouma alavanca indispensávelpara estimular o ciclo industrial. Além disso,comaspromissoras perspectivas em relação aomercado externo,especialmente em virtude doavanço nas relações fronteiriças, têm-se aproposta de se atingir novos mercados,inclusive possibilitando o ingresso de capitaisno Estado para a expansãoe aconsolidação dasatividades produtivas (MDA,2010).

Segundoa SEPLAN/RR (2013), o PIB doEstado de Roraima ficou emR$ 6,3bilhões em

2010,sendoqueosetor terciário respondeupor82% desse total, seguidopelo setor secundáriocom 13% e pelo setor primário com 5%,apresentando um crescimento real em volumede9,6% nesseano.OPIB doEstado deRoraimateve uma participação de 0,17% do PIBnacional.

O arroz é umdos produtos agrícolas queapresentamaior importância, especialmentepor possuir umacadeia bemdefinida no Estadode Roraima, inclusive com a estruturação devárias agroindústrias que,além de forneceremprodutos para o abastecimento do mercadolocal, tambémdistribuem para outros estadosda Região Norte do país, principalmente aoEstado doAmazonas(FABRE et al.,2011).

Borges et al. (2012) ratificam essa ideiaquando destacam que uma cadeiaagroindustrial, devidamente organizada e queapresenta um adequado funcionamento narealização de suas atividades, contribui deforma significativa para o desenvolvimentosocioeconômico da região na qual ela estáinserida.

Diante destas considerações, o objetivodestetrabalho écaracterizar a cadeiaprodutivadoarroz noEstado deRoraima.

Material e MétodosO Estado de Roraima tem 80% do seu

território no extremo norte brasileiro,localizadoacimadalinha doequador.Apesardoseu extenso território, é composto por quinzemunicípios: Amajari, Alto Alegre, Boa Vista,Bonfim, Cantá, Caracaraí, Caroebe, Iracema,Pacaraima, Rorainópolis,SãoJoãodaBaliza, SãoLuís, Mucajaí, Normândia e Uiramutã.Internacionalmente, faz fronteira com aVenezuela e com a Guiana, enquantonacionalmente suas fronteiras são com osestadosdoPará e doAmazonas.Segundodadosdo IBGE (2018), a populaçãototal é de576.568habitantes, comdensidade demográfica de 2,57hab./Km²(IBGE, 2018).

Na Figura 1, é representado o PIB doEstado de Roraima, por municípios, de acordocomSEPLAN/RR (2013).

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Figura1.Produto Interno Bruto (PIB) dosmunicípiosdoEstadodeRoraima.Fonte:SEPLAN/RR (2013).

Deacordo coma classificação de Köppen,oclimadacapital doEstado (Boa Vista), queemgeral representa o comportamento dos outrosmunicípios, é do tipo Aw, ou seja, tropicalchuvoso, com estação chuvosa de abril asetembro e estação seca de outubro amarço. Amédia anual de precipitação é em torno de1.667mm,a da umidade relativa é de 70% e ada temperatura ambiente fica em torno de27,4°C(ARAÚJO et al.,2001).

O estudo caracteriza-se comoexploratório edescritivo. Trata-sedeumestudoexploratório, uma vezqueo foconãoé fornecerelementos conclusivos, mas possibilitar umamelhor compreensão da cadeia em análise. Ocaráter descritivo está atrelado ao fato dedescrever as inter-relaçõesdoselos envolvidosno processo, bem como o impacto destas emdiferentesperspectivas (GIL, 2008).

Para caracterização da cadeia produtivado arroz no Estado de Roraima levou-se emconsideraçãodadosdo IBGE e da SEPLAN/RR.Além disso, agregou-se,na coleta de dados, arealização de visitas a Associação dos

ArrozeirosdeRoraima (AARR) edeentrevistascom produtores e com um representante deuma fábrica de beneficiamento de arroz nacidade de Boa Vista, Roraima. As entrevistastiveram por focoobter informações específicassobre a estruturação da cadeia produtiva emanálise.

A realização da análise da cadeiaprodutiva do arroz, por meio de suacaracterização descritiva, foi utilizada aperspectiva dos segmentos agroindustriaispropostapor Araújo (2005). Nessaperspectiva,os segmentos em questão são divididos emantesdaporteira, dentrodaporteira edepoisdaporteira.

Resultados eDiscussãoNaFigura 2observa-sea estruturação da

cadeiaprodutiva doarroz noEstado deRoraima, conformeas informaçõesobtidasdurante a coleta dedadose considerandoaperspectiva dossegmentosagroindustriaispropostapor Araújo(2005).

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Figura 2.Cadeiaprodutiva doarroz noEstado deRoraima.Fonte: AdaptadodeAraújo (2005).

A cadeiaprodutiva doarroz noEstado deRoraima está de acordo com a perspectivaproposta por Araújo (2005), ou seja, antes daporteira, se configura com a obtenção dosinsumos produtivos, assim comopor meio daspesquisas relacionadas a cultura; dentro daporteira, por meio da produção da cultura,assim como da sua transformação e/ou seubeneficiamento; e depois da porteira, pormeioda comercialização e/ou da distribuição doarroz de forma que o produto possa chegar noconsumidorfinal.

Nesse sentido, é possível observar arepresentatividade em todos os elos da cadeiaprodutiva do arroz, nos diferentes segmentos,produção, transformação/beneficiamento,comercialização/distribuição e consumo,assimcomoidentificar a interação entre osambientesorganizacional e institucional e destes com oselosdiretamente ligadosacadeiaprodutiva.

A cadeia produtiva do arroz a nívelnacional apresenta uma segmentação padrãolevando emconta ossegmentosagroindustriaisressaltados por Araújo (2005). Porém, éimportante destacar que cada região e,especificamente, cada Estado da federação,apresenta uma cadeia diferenciada em virtudedasparticularidades decadaum.

No Estado de Roraima, a segmentaçãoantesdaporteira caracteriza-sepelas empresasque fornecemos insumos necessários para queocorra a produção do arroz. Nesse interim, éimportante ressaltar que alguns insumos sãoobtidos fora do Estado. Além dos insumos,destaca-se também a participação deinstituições de pesquisas que desenvolvem

estudos relacionados a cadeia produtiva doarroz ou,especificamente,sobreacultura como,por exemplo, o desenvolvimento de novascultiraves (CORDEIRO et al.,2001).

Além disso, ainda sobre o aspecto daprodução, é pertinente destacar que, conformeinformações do representante de uma fábricade beneficiamento de arroz na cidade de BoaVista, existiam16 grandesprodutores de arroznaregiãodaTerra IndígenaRaposaSerra doSolque,semdúvida, eram responsáveis por grandeparte da produção de arroz do Estadoconsolidando,dessaforma,acadeia agrícola emquestão. Porém, com a demarcação da região,apenas 10 destes produtores estão ematividade, em virtude da falta de incentivo(PORTAL G1,2014).

O segmento dentro da porteira, emRoraima, é representado pela produção doarroz, ou seja, pelos produtores que plantam acultura, assim como pelos responsáveis pelatransformação e/ou beneficiamento doproduto. Aqui,é importante destacar, conformeretrata a Figura 2, que esses elos estão oradentro da porteira, quando, por exemplo, obeneficiamento é feito pelo próprio produtor,que não é raro acontecer no Estado, ora nosegmento depois da porteira, quando oprodutor leva o seu produto para que ele sejabeneficiado por agroindústrias específicas quetrabalham comobeneficiamento.

A cadeia produtiva de arroz em Roraimaconta, em média, com 14 agroindústrias,gerandoempregosdiretos eindiretos. Essas sãoresponsáveis por comercializar/distribuir 27marcas de arroz produzidas no Estado

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(CORDEIRO et al.,2007;SAKASAKI et al.,2008;BRAGA et al.,2009).

No segmento depois da porteira, noEstado de Roraima, é possível observar, paraalém do beneficiamento, a questão dacomercialização/distribuição doproduto,assimcomooconsumopropriamente dito.

Com relação a comercialização doproduto, não foi possível precisar, a nível deEstado, onúmerodeelos/estabelecimentos queestão diretamente envolvidos com adistribuição doarroz.

No que se refere a distribuição do arrozproduzido em solo roraimense, Cordeiro et al.(2007) destacamque,deacordocomaAARR, dototal da produção de arroz obtida no Estado,cerca de 20a 30% é utilizada para abastecer omercado internamente. Portanto, o grandevolume de produção (70 a 80%) é destinadopara outros mercados, principalmente para oEstado do Amazonas, especialmente a suacapital, Manaus, que apresenta uma demandacorrespondente a 90.000 toneladas de arrozbeneficiado.

Brum e Portella (2007) destacamque acadeia produtiva do arroz no Brasil érepresentada no primeiro segmento (antes daporteira) pelas indústrias de insumos – quegarantem a produção da cultura; no segundosegmento(dentro daporteira) pelosprodutoresrurais – que se utilizam do insumo paramaximizar a produtividade da cultura; e, noúltimo segmento (depois da porteira), pelasindústrias de processamento, pelosempacotadores e pelas indústrias debeneficiamento, bem como pelossupermercados, pela cozinha industrial, pelasempresas de cestas básicas e, principalmente,pelo consumidorfinal.

Observa-se, portanto, que, de maneirageral, o último elemento da proposta desegmentaçãodacadeiaprodutiva ressaltada porAraújo (2005) apresenta vários eloscaracterizando, dessa forma, o segmentomaiscomplexoda cadeia emquestão.

Nesse sentido, Zamberlan et al. (2013)destacamque no segmento depois da porteirasão observados vários intermediários quepodem ser considerados como primários,secundários, terciários e assimsucessivamente,dependendoda cadeia emanálise.

Zamberlanetal.(2013) salientamquetaisintermediários se referem a empresas ou apessoas que adquirem, ou seja, compram osprodutos dosprodutores repassando-ospara osoutros níveis de comercialização dentro da

cadeia produtiva. Tal característica é evidente,principalmente, em regiões nas quais osprodutores não apresentam uma adequadaorganização da cadeia, ficando, portanto, comuma elevada dependência destesintermediários, uma vez que são estes osresponsáveis por recolher osprodutos eescoá-los, posteriomente, para os locais decomercialização.

Dentro do processo de comercializaçãoencontram-se, por exemplo, as indústrias debeneficiamento e os empacotadores. Asindústrias de beneficiamento, como o próprionome sugere, beneficiam o arroz deixando-opróprio para o consumo, bem como tambémempacotam o produto para a comercialização.Os empacotadores, por sua vez, adquirem oarroz da indústria e realizamo empacotamentodo produtopara comercializar comatacadistase/ou varejistas. Estes dois elos (atacadistase/ou varejistas) são importantes parapromover o escoamento do produto aoconsumidorfinal “fechando”, portanto,a cadeiaprodutiva (ZAMBERLAN et al.,2013).

Com relação ao consumo e, maisespecificamente, referindo-se a classificação doarroz no Brasil, Zamberlan e Sonaglio (2011a),destacam que essa classificação éregulamentada pela Portaria n° 269 de 17 denovembro de 1988. Dessa forma, o arroz éclassificado em grupos, em subgrupos, emclasses eemtipos.

No caso dos grupos, o arroz pode seenquadrar emcascaoubeneficiado; quantoaossubgrupos: comcasca natural ou beneficiado ebeneficiado integral, além de parboilizado,parboilizado integral e polido (que é o maisconsumido); quanto asclasses,oarroz podeserclassificado emlongofino, longo,médio,curto emisturado; e, por fim, quanto aos tipos o arrozpode se classificar de 1 a 5, dependendo dopercentual dedefeitosnogrão (ZAMBERLAN &SONAGLIO,2011a).

Ainda segundo Zamberlan e Sonaglio(2011a), a maioria das empresas preferetrabalhar com o arroz polido tipo 1 ou tipo 2,uma vez que são os mais aceitos pelosconsumidores. Porém, destacamquenão existeuma regra geral, pois o tipo a ser produzido ecomercializadodependemuitodaspreferênciasregionais.

DeacordocomGularte (2004), ospadrõesde consumo do arroz podem ser classificadosem três grandes modelos, como o asiático,subtropical e ocidental. No modelo asiático, oconsumomédio per capita de arroz é superior

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aos 100kg ao ano. O modelo subtropicalapresenta um consumomédio per capita entre35 e 65kg ao ano. Já no modelo ocidental esseconsumo per capita gira em torno de 10kg aoano.

Gularte (2004) destaca, ainda, que noBrasil o consumo per capita de arroz é deaproximadamente 45kg ao ano e que aspreferências de consumo de arroz sofreminfluências dos aspectos regionais dentro dopaís.

Segundoa Proteste (2014), oconsumodearroz por cada brasileiro é cerca de 25kgporano, sendo o tipo branco polido considerado opreferido da população. Observa-se, portanto,redução no consumoper capita de arroz pelosbrasileiros.

Por ser um produto pertencente a cestabásica e,portanto, essencial na alimentação daspessoas,Lagoetal. (2007) destacamqueoarroznão pode e não deve apresentar um elevadocustopara oconsumidor final. Nessesentido,osautores destacam que o grande desafio épromover a integração e a reorganização dacadeia produtiva garantindo a agregação derentabilidade àproduçãodearroz.

Borges et al. (2012) ressaltam que essaagregação pode ocorrer na medida em que osinvestimentos realizados nos diferentes elosque compõem a cadeia produtiva criamdemandas e estas, consequemente, incentivamo surgimento de novos investimentos gerandorenda, empregos,assim comobem-estarpara apopulação.

Nessa perspectiva, Borges et al. (2012)destacam, ainda, que estudos relacionados àanálise de cadeias produtivas são importantes,pois fornecem inúmeras contribuições àsociedade como, por exemplo, sugestões depolíticas públicas a serem implementadas,desenvolvimento de ferramentas decoordenação egovernança, elaboração deaçõescoletivas quebeneficiem todososelosdacadeiaprodutiva, entre outras.

ConclusãoA cadeiaprodutiva doarroz noEstado de

Roraima está bem estruturada, sendo possívelobservar claramente os elos que a compõemdentro de cada segmentação. Essa adequadaestruturaçãopodeserumfator importanteparaa consolidaçãodacultura doarroz noEstado.

Quanto aos produtores de arroz, queperpassam toda a cadeia produtiva, observou-se que a maioria possui estrutura debeneficiamento do produto. Assim,

considerando a perspectiva dos segmentosagroindustriais, o elo da transformação oraestar presente no segmentodentro da porteirae ora nosegmentodepoisda porteira.

Foi possível identificar, ainda, nosegmento depois da porteira – elementoscomercialização e consumo– que grande partedoarrozproduzidoemRoraima édistribuída naregião norte do país, especialmente para omunicípio deManaus, no Estado doAmazonas.Essa concentradadistribuição poderepresentarumaalta demandadaregiãonorte peloproduto,abrindo mercado para produtores de outrasregiões do país, inclusive impulsionado peloambiente institucional como,por exemplo,pormeiodasáreas delivre comércio.

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Capítulo 3

DESEMPENHOAGRONÔMICODECULTIVARES DEMILHOEMFUNÇÃODOUSODOFÓSFORO

LauraCarneiro Silva1Weder Ferreira dosSantos2LucasCarneiro Maciel3

LayanniFerreira SodréSantos4AdrianoSilveira Barbosa5

1AcadêmicaemAgronomia,UFT/CampusGurupi,Tocantins, [email protected] deBioprocessos e Biotecnologia, UFT/CampusGurupi, Tocantins,

[email protected] emAgronomia,UFT/CampusGurupi,Tocantins, [email protected] emAgroenergia,UFT/CampusGurupi,Tocantins, [email protected]

5Bacharel emAgronomiaeMestrando emProdução Vegetal,UFT/CampusGurupi, Tocantins,[email protected]

IntroduçãoA agricultura mundial enfrenta o desafio

de aumentar a produção de alimentos, mas aexpansãodaáreacultivada érestrita, entãoparaatender essa demanda deve se aumentar aprodutividade das culturas (SAATH &FACHINELLO, 2018). Omilho (Zea maysL.) sedestaca nesse cenário por ser o cereal maiscultivado no mundo e fonte de carboidrato naalimentação humana e animal (CONTINI et al.,2019).

O milho é uma cultura de importânciaalimentar, social, econômica e agronômica.Possui mais de 3500 aplicações, e é utilizadojuntamente com a soja como base daalimentação animal (CONTINI et al., 2019).Além disso, é utilizado nos sistemas deproduçãopara asucessãoourotaçãodeculturasoqueleva a diminuição deincidência de pragase doenças e traz outros benefícios (REIS et al.,2011;OLIVEIRA et al.,2009).

Na safra 2019-2020 a área cultivadaatingira 17milhões de ha e umaprodução totalde98milhões detoneladas.NoestadodoPará aprodução vem aumentando ano a ano, porémainda a produtividade de 3.255kg ha-1ainda éinferior à média da região norte e do Brasil(CONAB, 2019). Essa baixa produtividade édevida as altas temperaturas noturnas, o baixonível tecnológico empregado, e a falta decultivares adaptadas as condições de estresseabiótico (COELHO et al.,2019).

Omilho é uma planta exigente quanto anutrição, a extração dos nutrientes no períodovegetativo seguea ordemdecrescente: potássio(K) >nitrogênio (N) >fósforo(P), já noperíodoreprodutivo é N>K>P (MENEZES et al.,2018).

Para cada tonelada de grãos produzidos sãoexportados emmédia14,2kgdeN,1,5kgdePe2,8 kg de K (SIMÃO et al., 2017). O fósforo équase todo translocado para os grãos (87%),devido estar ligado a compostos orgânicos dereserva (RESENDE et al.,2006).

O fósforo nas plantas desempenhafunções estruturais e participa de váriosprocessos,comoa fotossíntese,síntese proteicae transferência de energia. Está ligado direta eindiretamente a maioria dos fenômenosbiológicos.Por isso,aaplicação deP eleva oteornas folhas e impacta no crescimento edesenvolvimentodasplantas (PRADO,2008).

Nos solos do cerrado uma limitação paraa produção de milho é a disponibilidade de P,que em condições naturais, é muito baixa. Eessessolosainda temalto potencial deretençãodoP aplicado (SOUSA et al.,2016a).Assim,paraobter altos rendimentos é primordial autilização da adubaçãofosfatada.Porém, dadooalto custo desses fertilizantes e como a rochafosfática,matéria prima para a fabricação,é umrecurso finito, énecessárioautilizaçãoeficientedos fertilizantes fosfatados e a busca decultivares mais eficientes no uso do fósforo(HEUER etal.,2017).

De acordo com Simão et al. (2017) aredução dos valores de remoção de nutrientespor cultivares de milho modernos evidenciaprováveis ganhos de eficiência de uso. Mas,ainda há pouca informação sobre ocomportamento dos cultivares em diferentesníveis de fósforo, principalmente no estado doPará.

Diante do exposto o presente trabalhotem como objetivo avaliar o desempenho

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agronômicodecultivares demilhoemfunçãodousodofósforonoEstado doPará.

Material e MétodosA área de estudo localizado no Sítio

Vitória nas coordenadas de 8º18’32”S e50º36’58”W, município de Santa Maria dasBarreiras, EstadodoPará. Oclimadaregiãoédo

tipo Aw segundo a classificação de Köppen, oque indica clima tropical com estação seca noinverno (DUBREUIL etal.,2017).

Amostra do solo, classificado comoArgissolo vermelho-amarelo (SANTOS et al.,2018) da área experimental apresenta teor defósforodescritos naTabela 1.

Tabela 1.Características químicae física dosolodaárea experimental para acamadade0–20 cmArgila% pHCaCl2 M.O.

dagkg-1P

mgdm-3K

mgdm-3Ca

cmolc dm-3Mg

cmolc dm-3Al

cmolc dm-3CTC

cmolc dm-315 4,8 1,7 4,9 43 1,7 0,3 0,20 5,21

M.O:Matéria orgânica.

Foram realizados dois ensaios decompetição de cultivares de milho. Os ensaiosforam instalados sob condições contrastantesde fósforo:alto P (100 kgha-1deP2O5) ebaixoP(50 kg ha-1 de P2O5), aplicados na semeadurautilizando como fonte o adubo superfosfatosimples (18% de P2O5). As doses de fósforoforam definidas acordo com a necessidade dacultura do milho, o teor do nutriente no solo elevando em conta as doses usuais dosprodutores (SOUSA & LOBATO,2004).

O delineamento experimental utilizado,emcada ensaio, foi de blocos ao acaso comdeztratamentos e três repetições. Os tratamentosforam compostospor dezcultivares, seis dessasforam os híbridos: AG1051,AG8088, BR 206,BRS 3046,PR 27D28e 2B655PW, e as outrasquatro foram as populações de polinizaçãoaberta (PPA): AL BANDEIRANTE, ANHEMBI,CATIVERDE eORION.

Aparcela experimental foicompostaporquatro fileiras de 5,00m,comespaçamento de0,90m. Na colheita, foram utilizadas as duasfileiras centrais de cada,descartando-se0,50mde cada extremidade totalizando umaárea útilde4m2.

O preparo do solo foi realizado com aaração, gradagem e sulcamento. A semeadurafoi realizada na época da chuva e a adubaçãoforam efetuadas manualmente em 23 dedezembro de 2017. Foi realizado o desbasteapós a emergência, deixandooespaçamentode0,20 m entre plantas, para obtenção de umapopulaçãode55.555plantas ha-1.

As adubações nitrogenada e potássica,emcobertura, foramparceladas nosestádiosV4e V8 (quatro e oito folhas completamenteabertas). Foi utilizada adosede150kgha-1deN

e 90 kgha-1 de K2O, tendo como fonte a ureia(43% de N) e o cloreto de potássio (60% deK2O).

Os tratos culturais, como o controlefitossanitário de doenças, pragas e plantasdaninhas foram realizados seguindo asrecomendaçõestécnicas da cultura (BORÉM etal.,2015).

A colheita foi realizada quando asplantas atingiram o estágio de maturaçãofisiológica (R6). Em seguida, as espigas foramtrilhadas e os grãospesados,onde foi calculadaa massa de grãos de cada parcela corrigida a13% de umidade e transformada em kg ha-1.Foram mensuradasas alturas de espiga (AE) ede planta (AP) com uma trena métrica,considerando adistância do soloaté a inserçãoda primeira espiga e última folha aberta,respectivamente. Ainda foi calculada aeficiência agronômica pelo método dadiferença, conformeapresentadoJohnstonet al.(2014).

Após a tabulação dos dados, foramsubmetidos ao teste de normalidade. Emseguida, realizada análise de variância paracada ensaio e,após,análise conjunta seguindoocritério da homogeneidade dos quadradosmédios residuais dos ensaios.Asmédias foramcomparadas pelo teste de grupos de Scott eKnott (1974), a5% designificância,utilizandooprogramaSISVAR (FERREIRA, 2014).

Resultados eDiscussãoObserva-sequeocorre efeito significativo

da interação (Tabela 2) para asvariáveis alturade espiga (AE), altura de planta (AP) eprodutividade(PROD).

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Tabela 2.Análisedevariância conjuntadealtura de espiga(AE), altura deplanta (AP) e produtividade(PROD) dedezcultivares demilhoemfunçãodousodofósforo

Fontedevariação Graude liberdade QuadradoMédioAE AP PROD

Ensaio 1 8906,02* 6762,82* 126417260,40*Cultivar 9 646,01* 620,73* 6392053,17*Interação 9 159,05* 105,59* 2093500,23*

Bloco (Ensaio) 4 46,52ns 10,91ns 207488,25nsResíduo 36 44,67 9,28 228271,02

Média 105,4 211,3 8043Coeficientedevariação(%) 6,3 1,4 5,9

*Significativo ensnão significativo pelotesteF aoa5% designificância.

DeacordocomPerecin eCargneluttiFilho(2008) a significância da interação demonstraque os fatores estudados são dependentes, ouseja,ocomportamentodoscultivares para essasvariáveis depende da presença ou ausência dofósforo.Oscoeficientesde variação (CV) de AE,AP e PROD são classificados como baixo e aprecisão experimental como alta (PIMENTEL-GOMES,2009).

AsmédiasdeAE (Tabela 3) variam de83a 148 cm, em baixo P os cultivares foramdivididos emdois gruposdemédia,e emalto Pem quatro grupos. As médias do cultivarPR27D28 não diferem nos dois ensaios, ejuntamente com o CATIVERDE apresentam asmaiores médias em baixo P. Em alto P oCATIVERDE apresenta a maior média, e o AG8088e BRS 3046asmenoresmédias.

Todos os cultivares apresentammaioresmédiasdeAP emalto P,quevariamde182a240

cm.Em baixoP foram formados seis gruposdemédias,e oCATIVERDE apresenta amaior, e oBRS 3046amenor.Já emalto P foramformadosquatro grupos, o CATIVERDE e o BR 206apresentam as maiores médias, e o AG8088 amenor.

Alves etal. (2019) avaliando genótiposdemilhoobtevemédiasdeAE de88cmeAP de233cm,essasmédias forammenores emaiores queas encontradas neste trabalho,respectivamente.Silva et al.(2019) estudandoocomportamento do milho em diferentes dosesde nitrogênio e Parente et al. (2016) em dosesde potássio encontraram médias de AP e AEinferiores as encontradas nesse estudo. Ecorroborando comessesresultados, Oliveira etal. (2019) tambémobservaram acréscimonaAEeAP de plantas demilho comousodofósforo.

Tabela3.Médiasdealtura deinserçãodeespiga(AE) ealtura deplanta (AP) dedezcultivares demilhoemfunçãodousode fósforo

Cultivar AE (cm) AP (cm)Baixo P AltoP Média Baixo P AltoP Média

PR27D28 104Aa 113Ac 109 195Be 225Ab 2102B655PW 86Bb 109Ac 97 199Bd 209Ad 204AG1051 93Bb 127Ab 110 211Bb 225Ab 218AG8088 85Bb 98Ad 91 199Bd 211Ad 205AL BAND. 93Bb 112Ac 102 192Be 224Ab 208ANHEMBI 83Bb 117Ac 100 202Bc 216Ac 209BR 206 94Bb 126Ab 110 205Bc 237Aa 221BRS 3046 91Bb 105Ad 98 182Bf 205Ad 194CATIVERDE 110Ba 148Aa 129 220Ba 240Aa 230ORION 94Bb 123Ab 108 203Bc 228Ab 215Média 93B 118A 105 201B 222A 211

Médias seguidas pormesmaletra minúscula na coluna emaiúscula na linha pertencem a ummesmogrupo,pelocritério deagrupamentodeScott eKnott (1974), a5% de significância.

Umaaltura de inserção daespigaelevadapredispõe asplantas aoacamamento(ZOZ etal.,2018), e ainda desfavorece o acúmulo decarboidratos nos grãos,pois as folhas acima da

espiga são mais eficientes na produtividade(ALVIM et al., 2011). Porém, uma altura deplanta e de inserção da espiga baixa afeta as

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perdas na colheita mecanizada e a pureza dosgrãos (CAMPOS et al.,2010)

AsmédiasdePRODdoscultivares (Tabela4) sãomaiores em alto P, e variam de 5446 a11486. No ensaio de baixo P as médias foramdivididas em dois grupos, e o PR27D28,2B655PW, AG 8088, BR 206 e BRS 3046apresentam-se os mais produtivos. Estasprodutividades são maiores que a média doestadodoPará (CONAB,2019).

Conforme Sousa et al. (2016b), emdisponibilidade muito baixa de fósforo aprodutividade dasculturais anuais podechegar

até 40% do potencial. E nessesambientescomrestrição de P os mecanismosdas plantas, são:alterações na arquitetura e morfologia dasraízes, aumentoda capacidade de absorver P eacidificação darizosfera (SOUSA et al.,2016a).

Em alto P as médias foram divididas emcinco grupos, o AL BANDEIRANTE e oCATIVERDE apresentam as produtividadesmais baixas.E oAG1051eBRS 3046sãoosmaisprodutivos. As produtividades alcançadas nosdois ensaios são maiores que as encontradaspor Fidelis et al. (2014).

Tabela4.Médiasdeprodutividade (PROD) e eficiência agronômica(EA) dedezcultivares de milhoemfunçãodousode fósforo

Cultivar PROD (kgha-1) EA (kg kg-1)Baixo P AltoP MédiaPR27D28 7387Ba 9482Ac 8435 422B655PW 6698Ba 10450Ab 8574 75AG1051 6344Bb 11174Aa 8759 97AG8088 7998Ba 10177Ab 9088 44AL BAND. 5824Bb 7077Ae 6450 25ANHEMBI 5446Bb 8490Ad 6968 61BR 206 7412Ba 9249Ac 8331 37BRS 3046 7136Ba 11486Aa 9311 87CATIVERDE 5501Bb 7650Ae 6576 43ORION 6169Bb 9710Ac 7939 71Média 6592 9495 58

Médias seguidaspormesmaletra minúscula na coluna eminúscula na linha pertencemaummesmogrupo,pelocritério deagrupamentodeScott eKnott (1974), a5% designificância.

Asmédiasde EA variam de 25a 97kgkg-1, o AG 1051, BRS 3046 e o 2B655PWapresentamastrêsmaioresmédias.Fidelis et al.(2014) encontraram resposta de até 26,34kgkg-1,resultado menor queneste trabalho.

ConclusãoO cultivar CATIVERDE apresentou

maiores alturas de inserção da espiga e deplantas embaixoe alto fósforo.

Oscultivares BRS 3046e AG 1051foramosmaisprodutivos emalto fósforo,e tiveram asmaioresmediasdeeficiência agronômica.

Novas propostas de estudos devemabordar ocrescimentodosistemaradicular doscultivares commaioreseficiência agronômica,etambém testar a inoculação de micorrízas noscultivares commaior produtividade em baixofósforo.

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Capítulo 4

EFEITO DOTEMPOETEMPERATURA DOULTRASSOMNACORINSTRUMENTALDAPOLPADEJAMBOLÃO(Syzygium jambolanum)

VirgíniaMirtesdeAlcântara Silva1NewtonCarlos Santos2

Raphael LucasJacintoAlmeida3VictorHerbert deAlcântaraRibeiro4LucasRodolfoInácio daSilva5AnnaPaula RochadeQueiroga6

Hilda CamilaNascimentoNogueira7

1,4DoutorandosdoPrograma de Pós-GraduaçãoemEngenharia eGestãodeRecursos Naturais, UniversidadeFederal de CampinaGrande,UFCG/CTRN/CampusCampinaGrande-PB,

[email protected];[email protected],3DoutorandosdoPrograma de Pós-GraduaçãoemEngenharia Química,Universidade Federal doRio Grande do

Norte,UFRN/CCT/UAEQ/CampusNatal–RN,[email protected];[email protected]

5Engenheiro deBiotecnologia e Bioprocessos,Mestre emEngenharia de Química,[email protected] emQuímica,Universidade Federal daParaíba, UFPB/CCT/UAQ, [email protected]

7MestrandaemExploraçãoPetrolífera eMineral, Universidade Federal deCampinaGrande,UFCG/CTT/UAEPetro/CampusCampinaGrande–PB, [email protected]

IntroduçãoJambolão (Syzygiumcumini (L.)) é uma

fruta ainda pouco explorada no Brasil e semmercado estabelecido, foi relatado como umaboa fonte de polifenóis como fenólicos ácidos,taninos e flavonoides, particularmenteantocianinas (GARCIA et al., 2020). A sua corpúrpura intensa é devido ao alto teor decompostos de antocianinas, igualmentepresentesemfrutas comouva (Vitis sp.),mirtilo(Vaccinium myrtillus), e jabuticaba (Myrciariacauliflora). É interessante notar que uma dascaracterísticas especiaisdessescompostosésuaalta solubilidade em misturas aquosas. Poroutro lado, os teores de antocianinaencontrados nos frutos de jambolão sãosemelhantes aosdetectados nosmirtilos, quejásão considerados como um produtonutracêutico de alta importância comercial(SILVA et al., 2018a). A fruta não possui altovalor comercial no Brasil e a maior parte daproduçãoé perdida,oquea torna umamatéria-prima barata para extração de antocianinas eoutros compostos(SILVA et al.,2018b).

As antocianinas são pigmentos roxos,azuise vermelhos naturais e sãoumasubclasseimportante de polifenóis/flavonoides. Essespigmentos estãopresentes emumaampla gamade flores, frutas e vegetais e foram relatadoscomo associados a uma série de benefícios àsaúde humana (HONG et al., 2020). Estudosepidemiológicos, clínicos e in vitro mostram

grandes efeitos biológicos relacionados a essescompostos,tais como:atividades antioxidantes,anti-inflamatória, antimicrobiana eanticarcinogênica(MOREIRA et al.,2017).

Devido a múltipla bioatividade destespolifenóis, a indústria de alimentos buscastécnicas alternativas para suaconservação,quenãoocasionemperdas indesejáveis epreservemascaracterísticas doproduto (TAO et al.,2020).Dentre osmétodosnãotérmicos deconservaçãodealimentos,a aplicação doultrassom temsidoestudada como tecnologia alternativa aosmétodosde tratamento térmico (TOMADONI etal.,2018). Oprocessamento de ultrassom induzmudanças químicas e físicas em diferentessistemasalimentares.Em sistemasdealimentoscomo sucos e polpas, os efeitos mecânicosocorrem como consequência da alta energiafornecida. As modificações estruturais obtidaspodemounão ser desejável no processamentode alimentos (CAMPOLI et al., 2018). ParaOrdóñez-Santos et al. (2017) este métodopreserva a qualidade das polpas de frutas,retendo grandeparte doscompostosbioativos eredução demicrorganismos patógenos.

A cor é uma característica física quepode sofrer mudançasem virtude da aplicaçãode tratamentos térmicos e não térmicos. Dessaforma,oobjetivo dopresente trabalho,éavaliaros efeitos da aplicação do ultrassom nasmedidas instrumentais de cor da polpa dojambolão.

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Material e MétodosForamutilizados, comomatéria-prima a

Jambolão (Syzygiumcumini (L.)) em estágiodematuração maduro coletado em área rural domunicípio de Lagoa Seca, Paraíba. Os frutos

foramlavados emáguacorrente, sanitizadosemágua clorada (100 ppm) por 15 minutos,despolpadomanualmentecomoauxílio defacasde açoinoxidável, obtendo-seassima suapolpa(Figura1).

Figura 1.Frutos epolpa dojambolão.

Apósodespolpamento, 50gdepolpadejambolão foram distribuídos em tubospreviamente esterilizados e submetidos aotratamento de Ultrassompor 10 e 15min a 25,40 e 50°C respectivamente. Para a realizaçãodostratamentos foi utilizado oequipamentodeultrassom do tipo banho com frequência de 40kHz.

Análise decorOs parâmetros de cor foram

determinados utilizando-se oespectrofotômetro Mini Scan Hunter Lab XEPlus (Reston,VA,EUA), nosistemadecorCielab,o qual permitiu a obtençãodosparâmetros: L*(luminosidade); a* (transição dacor verde (-a*)para o vermelho (+a*)); e b* (transição da corazul (-b*) para a cor amarela (+b*)). Após aaferição dosdadosde a* e b*, estabeleceu-seosvalores do croma (C*), que representa asaturação ou intensidade da cor, sendo 0=corimpura e 60=cor pura conforme Equação 1.

(a *)2 +(b*)2*C = (Eq. 1)

Resultados eDiscussãoNa Figura 2, observa-se os valores

obtidos para a coordenada cromática L* dapolpa de jambolão nos seus diferentestratamentos.

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US15min(50ºC)

US10min(50ºC)

US15min(40ºC)

US10min(40ºC)

US15min(25ºC)

US10min(25ºC)

Controle

Intensidade(L*)

Figura 2.Coordenadacromática L* da corinstrumental dapolpa dejambolãoemseus

diferentes tratamentos.

A polpa que não foi submetida aotratamento ultrassônico apresenta valor de10,42 para a coordenada cromática L*. Nunes(2019), ao determinar a cor da polpa dojambolãoinnatura obteve valor de10,31para amesma coordenada cromática. SegundoKim etal. (2019) este parâmetro (L*) representa aluminosidadecomvalores quepodemvariar de0 (preto) a 100 (branco) estabelecendoassimuma escala cinza. Quando se aplicado otratamento ultrassônico à polpa, observa-seaumento na intensidade da sua cor, quando seteve aumentodotempoe temperatura.

Para o tempo de 10min os valores sãode 10,81; 11,93 e 14,71,para as temperaturas

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de25,40e50°C,respectivamente. Para otempode15minosvalores sãode 10,62;13,98e14,73,para as temperaturas de 25, 40 e 50°C,respectivamente. Vale salientar que, para atemperatura de 50°C, o valor deste parâmetroapresenta umamínimaalteração.

Canuto et al. (2010) obtiveram osseguintes valores da coordenada cromática L*pra diferentes polpas de frutas: açaí (16,6),acerola (23,8); bacaba(26,8); tamarindo (33,8).

Na Figura 3, observa-se os valoresobtidos para a coordenada cromática a* dapolpa de jambolão nos seus diferentestratamentos.

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Intensidade(a*)

US15min(50ºC)

US10min(50ºC)

US15min(40ºC)

US10min(40ºC)

US15min(25ºC)

US10min(25ºC)

Controle

Figura 3.Coordenadacromática a* dacorinstrumental dapolpa dejambolãoemseus

diferentes tratamentos.

Comrelação a coordenada cromática a*polpa in natura (controle) apresenta valor de22,48. O tratamento ultrassônico promoveuaumento nos valores dessa coordenada sendomais intenso para as polpas submetidas a 10 e15 minutos na temperatura de 50°C, queapresentam valores de 24,38 e 24,26,respectivamente. Indicando uma intensificaçãoda cor vermelha após os tratamentos comultrassom.Menelli et al. (2019), ao aplicarem oprocesso ultrassônico em sucos de morango,tambémobservaram aumentonosvalores dea*com aumento do tempo e temperatura deprocesso.

De acordo com Patras (2019)geralmente, as alterações de cor observadaspodemestar relacionadas ao pH,mas tambémdevido à polimerização e escurecimento dasantocianinas. Segundo Zou e Hou (2017), a

aplicação do ultrassom pode acelerar aliberação depigmentodostecidos defrutos.

Na Figura 4, observa-se os valoresobtidos para a coordenada cromática b* dapolpa de jambolão nos seus diferentestratamentos.

0

2

4

6

8

10

Intensidade(b*)

US15min(50ºC)

US10min(50ºC)

US15min(40ºC)

US10min(40ºC)

US15min(25ºC)

US10min(25ºC)

Controle

Figura 4.Coordenadacromática b* dacorinstrumental dapolpa dejambolãoemseus

diferentes tratamentos.

Observa-senapolpacontrole (in natura)valor de 5,71 para coordena cromática b*.Santos et al. (2020) ao analisarem osparâmetros instrumentais de cor na polpaintegral de noni,obtiveram valor de 17,50paraacoordenadacromática b*.Moura etal. (2016)obtiveram valor de 4,72 para mesmacoordenada cromática em um produtoelaborado abasedemorango.Assim comoparaas outras coordenadas cromáticas analisadas, acoordenada b* tambémapresenta aumento emseus valores quando se tinha maiorintensificação dotempoe temperatura.

No entanto, apenas no tratamento com50°C ocorre umaredução novalor de 8,34para8,29quandoo tempo varia de 10para 15mim.Para Dias (2014), as alterações de corobservadas neste estudo podem ter sidocausadas pela cavitação, que governa váriasreações físicas, químicas ebiológicas, tais comoa aceleração da decomposição química departículas suscetíveis, como enzimas emicrorganismos.

Na Figura 5, observa-se os valoresobtidospara ocroma(C*) dapolpadejambolãonos seus diferentes tratamentos. O croma (C*),ou índice de saturação, caracteriza o atributoquantitativo da cor e é proporcional à suaintensidade(WIBOWO et al.,2015).

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20

25

30

Intensidade(C*)

US15min(50ºC)

US10min(50ºC)

US15min(40ºC)

US10min(40ºC)

US15min(25ºC)

US10min(25ºC)

Controle

Figura 5.Croma(C*) dapolpade jambolãoemseusdiferentes tratamentos.

A polpa do jambolão in natura,apresenta valor de 23,19para o C*,valor este,próximo ao observado por Monteiro et al.(2020) em cubos de berinjela de 22,08.Observa-seaumentoda intensidade dacor paratodos os experimentos realizados, sendoque apolpa submetidaao tratamento ultrassônico de10 min e 50 °C apresenta valor de 25,76,proporcionandomaior brilho na cor observadaem relação aos demais tratamentos. ParaPathare et al. (2013) o croma (C*) descreve obrilho da cor,ouseja,asaturação equantomaisalto valor doC*maisviva éacor observada.

ConclusãoO tratamento ultrassônico no qual a

polpa do jambolão foi submetida, promoveuaumento em todos os parâmetros de corinstrumental analisados. Sendo este aumentomais intenso, quandohouve aumentodo tempoe temperatura. No entanto, vale ressaltar aimportância de estudos futuros analisado ainfluência desse tratamento nabiodisponibilidade dos compostos presente napolpa.

AgradecimentosAo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) eàCoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoal de Nível Superior (CAPES) pelaconcessão das bolsas demestrado e doutoradoaosautores.

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Capítulo 5

PREVISÃO DEVENDASDECOLHEDORASDEGRÃOSPORMEIO DAANÁLISEDESÉRIES TEMPORAIS

Jhiorranni Freitas Souza1AndersonGomideCosta2Túlio deAlmeidaMachado3

1Mestrando noPrograma dePós-GraduaçãoemEngenharia Agrícola eAmbiental,UFRRJ, Seropédica-RJ,[email protected]

2DoutoremEngenharia Agrícola,Professor doDepartamentodeEngenharia, UFRRJ, Seropédica-RJ,[email protected]

3Doutor emEngenharia Agrícola, Professor doDepartamentodeAgronomia,IFGoiano,Morrinhos-GO,[email protected]

IntroduçãoA agricultura é um dos pilares da

economia brasileira. De acordo com dados doCentro de Estudos Avançados em EconomiaAplicada (CEPEA), o PIB do agronegóciobrasileiro cresceu 3,81% em 2019representando 21,4% do PIBtotal do país(CEPEA, 2020). O contínuo aumento damecanização e atualmente da automação tempapel fundamental nasuacrescente expansão.Acadaano,a produçãoe aprodutividade agrícolaaumentam e consequentemente há cada vezmaiores investimentos na expansão dasfronteiras agrícolas por todo o país. Ocrescimento da agroindústria com acomercialização de novas máquinas eequipamentos com tecnologias cada vez maisavançadas, dado o passar dos anos e ascondições demercado,foram se tornando maisfavoráveis aos produtores que desta formaimpulsionaram as vendas demaquinários paraaagricultura(EMBRAPA, 2020).

A Associação Nacional dos FabricantesdeVeículosAutomotores(ANFAVEA) mantémootimismo para como setor e projeta umnovocrescimento no volume de vendas em2020naordem de 2,9%, sendo prevista a venda deaproximadamente40mil unidadesdemáquinasagrícolas, entre tratores e colhedoras(ANFAVEA, 2020).

SegundoVian et al. (2014), até o séculoXVIII apenas instrumentos rudimentaresfabricadosdemadeiraeferro eramutilizadosnaagricultura. Ainda,deacordo commesmoautor,osEstados Unidos foramospioneiros no usodegrandes trilhadoras e combines (colhedorasmovidas a vapor), e a partir daí o país assumiupapelprincipal nodesenvolvimentotecnológico

e na fabricação de máquinas agrícolas(OLIVEIRA, 2016).

O aumento da população mundial e,consequente, aumentoda demanda alimentíciaobrigaram os produtores a aumentarem suaprodução em um curto espaço de tempo(SANTOS, 2018). Segundo Vian e Andrade Jr.(2010), as colhedoras de grãos foramdesenvolvidas após a segunda guerra mundialimpulsionada pelo crescimento acelerado daprodução de grãos e demandapor este tipo demáquinaagrícola.

DeacordocomPreza (2015), aindústriade colhedora de grãos começou a se implantarnoBrasil apartir de1966,comosurgimentodasprimeiras unidades produtivas concentrando-se na região sul do país. A produção de sojaatingiu a importância relativa da produção detrigo daregiãoeasproduçõesdecarne deporcoedeavesampliaram emparalelo ademandaporfarelo de soja, importante fonte de proteínavegetal naalimentaçãoanimal.

Vieira Filho (2017), destaca que nadécada de 60 foi onde a população urbanabrasileira ultrapassou a quantidade de pessoasque viviam em áreas rurais. Essa mudançademográfica ascendeu a demanda porcommodities agrícolas, exigindo da produçãonacional grandes volumes de recursos e novastecnologiaspara produçãodealimentos.

A partir do início da década de 70, aindústria de colhedora de grãos ganhouimpulso,dadoqueaproduçãoe aexportaçãodecereais e de grãos em geral passaram aconstituir fonte de divisas cambiais (AMATONETO, 1985). Segundo o do Ministério daAgricultura, Abastecimento e Pecuária (MAPA,2020), em 2019 a balança comercial do

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agronegóciobrasileiro gerou resultado líquidopositivo de7,06bilhões dedólares americanos.

A automatização das fases do processode produção agrícola comoo preparo do solo,semeadura, plantio, fertilização, cultivo eaplicaçãodedefensivos,através dautilizaçãodetratores e de seus implementos, juntamentecom cultivadores motorizados,passou a partirde então, a serem incorporadas comouso dascolhedorasautomotrizes(AMATONETO,1985).

Nos último anos, a produção brasileirade grãossemanterá emconstante crescimento,de acordo com o levantamento da CONAB(2020), o volumetotal de grãosdeverá chegara251,1milhões de toneladas, sendo 3,8%superior ao da temporada passada. Toda estaexpansão vem evidenciando o papelfundamental que as colhedoras de grãos(combines) apresentam para garantir altosíndices de produção.

Neste cenário, o Brasil destaca-seatualmente como um dos maiores produtoresde commodities agrícolas do mundo, aagricultura brasileira chegouaoséculo21comonossoprincipal pilar econômico(MAGGI, 2016).Em 2019 os produtores rurais e nossaagroindústria foram responsáveis por 43% detudo que o Brasil exportou (CEPEA, 2020). Aexpansão de área plantada, aumento da rendado produtor, quebra de paradigma tecnológicoincrementou o índice de mecanização agrícolano país. O mercado de máquinas agrícolascolhedoras de grãos no Brasil evoluiu de 5315unidades vendidas em 1976, primeiro ano dasérie histórica, para 8.539 em 2013, maiorvolume anual da série histórica conhecida, deacordo com a Associação Nacional dosFabricantes de Veículos Automotores(ANFAVEA, 2020).

Neste significativo segmento que temalta relevância para a produção agrícolabrasileira, verifica-se a necessidade de estudosquepermitam estimaravendadecolhedorasdegrãosnoBrasil apartir dautilizaçãodemodelosquantitativos, encontrando-se assim incentivopara fomentar, e através de seus resultadoscontribuírem, com informação à academia e aomercado de máquinas agrícolas no Brasil(FERNANDES 2018;OLIVEIRA, 2016).

A indústria de máquinas agricolas éinfluenciada por cicloseconômicosqueexercemgrande impacto no planejamento de vendas ecustos de produção (BARICELO, 2013). Comrelação a eles, Keynes (2010) estabelececorretamente o funcionamento dos ciclos nasgrandes economias avançadas, em que por

natureza os agentes econômicos, tomam suasdecisões baseados emexperiências dopassadopróximo,e dopresente, naesperança de prevero comportamento futuro domercado.Modelosmatemáticos podem ser ajustados paradescrever as séries ou apenas para predizervalores futuros, quando a série é decompostaem suas componentes explicáveis, comotendência, sazonalidade, ciclicidade, e nacomponente aleatória (SALES et al., 2018). Aaplicação desses modelos para estimarparâmetros econômicos no setor agrícola éutilizada para reduzir incertezas domercadoepermitir um planejamento a curto e médioprazopara as empresasbrasileiras (OLIVEIRA,2016).

Asuposiçãobásicaquenorteia a análisede séries temporais é quehá umsistema causalrelativamente constante, relacionado com otempo,queexerceuinfluência sobreosdadosnopassado e pode continuar a fazê-lono futuro.Este sistema causal costuma atuar criandopadrões não aleatórios que podem serdetectados emumgráfico da série temporal, oumediante algum outro processo estatístico(REIS, 2015).

Dentre alguns estudos encontrados,observou-seapresença depesquisascomsériestemporais em análise de demanda de veículosnoBrasil (LOURENÇO & NASCIMENTO,2012)ede regressões lineares (FAUTH et al., 2011).Oliveira (2016), buscou estimar a demanda detratores agrícolasnoBrasil paraotriênio 2016-2018,utilizando-separa este fimde técnicas demodelagem econométrica com modelosunivariados e multivariados. O autor explica aeconometria de séries temporais a partir dautilização demodelosSARIMA que semostrou,neste caso,aplicável aoajustedeummodeloaosdadosdasérie histórica.

Considerando os dados temporaisdisponibilizados pela ANFAVEA, este trabalhopossuiobjetivo de obter ummodeloa partir daanálise de séries temporais para previsão devendas de colhedoras de grãos no Brasil parao triênio 2018-2020.

Material e MétodosOs dados para desenvolvimento do

modelo de séries temporais foram obtidos nobanco de dados da Associação Nacional dosFabricantes de Veículos Automotores –ANFAVEA (2020). As observações avaliadasforam referentes as vendas nacionaisdecolhedoras de grãos. As informações foramagrupadas em registros mensais no período

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entre janeiro de 1976a dezembro de 2016,totalizando 504observações.

A estacionariedade da série é umapremissa fundamental, pois garante que osresultados do estudo do seu comportamentopossamser generalizados para outros períodosde tempo. As séries que não apresentam essacaracterística devempassarportransformaçõesemseusdadosoriginais (WOOLDRIDGE, 2012).

Foi realizadaumaanálisepreliminar dosdados através do gráfico da série original, dafunção de autocorrelação (FAC), função deautocorrelaçãoparcial (FACP) para verificaçãoda existência das componentes de tendênciaacompanhadacoma aplicação do teste Dickey-Fuller aumentadode raiz unitária (CASTRO etal., 2016). Segundo Amaral (2011), a premissade ausência de correlação serial nos errospressupõe que o erro relacionado a qualquerdasobservaçõesnãoé influenciado peloerro dequalquer outra observação.Naprática, ostestesestatísticos são aplicados nos resíduos geradospelomodelo,como objetivo de verificar se têmcomportamento puramente aleatório. Ocorrelograma é uma ferramenta comumenteusada para checar a aleatoriedade de umconjunto de dados. A presença de tendência édetectada quando as correlações nãoapresentam comportamento gradualmenteregressivo.

Para complementaraanálise,aplicou-seo teste Dickey-Fuller aumentado de raizunitária, como intuito de avaliar se a série emquestão é um processo estacionário. A sérieestacionária deve conter raízes unitárias. Ostestes de raízes unitárias são capazes dedetectar se a série foi suficientementediferenciada para se tornar estacionária(AMARAL, 2011).Em geral,quandohápresençade raiz unitária, omodelo se torna de passeioaleatório sem deslocamento, ou seja, umprocesso estocástico não-estacionário(GUJARATI, 2006).

Outra importanteanálise éa verificaçãoda variabalidade na dispersão dos dados quecompõe a série história em torno da média.Quandoconstataalta variabilidade, énecessáriaa realização de umatransformação nos dadosoriginais visando a redução nas amplitudes dedispersão e a estabilização da variância. Paraestaetapa, foi realizada uma análise dividindoas observações de cada série emgrupos de 12dados(janeiro àdezembro).Foram retiradas asmédias e os valores de desvio padrão detodosos grupose analisada a relação linearentre estesparâmetros.Coeficientes de relação

comaltamagnitude(coeficiente ângulardaretapróximo a 45°) indicam dependência destesparâmetros enecessidade de transformaçãodos dados originais nas séries. Uma vezconstatada a necessidade, foi efuada atransformação nos dados originais a partir daaplicação do logarítmo neperiano de acordocom a Equação 1. Um conjunto arbitrário, umprocessoestocásticoé umafamília Z ={Z(t), t ∈T}, tal que,para cadat ∈T, Z(t) é umavariávelaleatória (MORETTIN & TOLOI,2004).

∆Zt ∗=∆logZt (Eq.1)

A seguir, a transformação nos dadosoriginais a partir da aplicação do logaritmoneperiano foi efetuada para a redução nasamplitudes de dispersão e a esbalização davariância.

Após a transformação dos dados eanálise docomportamentonãoestacionário, foirealizado o procedimento para a eliminação doefeito da componente tendência aplicando aprimeira diferença na série transformadadeacordo coma Equação 2.

ΔZ(t) =Z(t) -Z(t-1) (Eq.2)

Para verificação da sazonalidade foiavaliado operiodogramada série transformadapara a verificação de existência de picossazonais. OtestedeKruskal-Wallis foi utilizadopara testar estatisticamente a existência dacomponente sazonalidade na sérietransformada.O efeito sazonal foi corrigido noprocessodemodelagem,estimandocoeficientesa partir dos modelos do tipoSARIMA (p,d,q)(P,D,Q)S para lagsmúltiplos de12de acordo coma Equação3.

ϕ(B)Φ(B12)(1-B12)D(1-B)dZt =θ(B)Θ(B12)ɑt (Eq.3)

Em que:Φ(B12) =1 -Φ1(B12) -.-ΦP(B12P) é ooperador autorregressivo sazonal de ordem P;Θ(B12) =1 – Θ1(B12) -...-ΘP(B12P) é ooperadorde médias móveis sazonal de ordem Q; S onúmero de diferenças simples: D indica onúmerodediferençassazonais; θ(B) =1 – θ1B -...-θqBq; ϕ(B) =1 –ϕ1B -...-ϕP(BP).

Combase nas informações da funçãodeautocorrelação e autocorrelação parcial foramtestados modelos SARIMA visando um ajustemais adequado para o conjunto de dados. Osmodelos foram selecionados com base na

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comparação estatística do teste Q(k) de Box-Pierce e Qui-quadrado para os 15 primeiroslags.Ocritério deAkaike (menor índice AIC) foiutilizado para indicar o modelo ideal pararealizar a previsão de vendasde colhedorasdegrãos para o triênio 2018-2020.

Resultados eDiscussãoNa Figura 1 observa-sea série temporal

das vendas nacionais de colhedoras de grãos

com504observações e sua evolução no tempo.A análise permite identificar que a sérietemporal apresenta sinais de tendência, umavezquehávariações emtornodamédiadasérieao longodo tempo.Ainda, é possível identificara presença de sazonalidade pelocomportamento que se repete ao longo dotempo.

Figura 1.Série temporal de vendasdecolhedorasdegrãosnoBrasil de janeiro de 1976a dezembrode2016.

Dornelas (2017) observoucomportamento similar ao comparar métodosdeprevisão de vendasaderentes aoprocessodegestão de demanda no setor de máquinasagrícolas. Produtos agrícolas tambémpossuemcomportamentos sazonais, normalmenterelacionados aos períodos de safra eentressafra, dependendodavariedade plantadae daregião emque sãoexplorados (SATO et al.,2005;MEDEIROS et al,2017).

Para análise preliminar daestacionariadade da série temporal, avalia-se a

existência da tendência nas observações aolongo do tempo por meio da avaliação docorrelograma com o uso da autocorrelação(FAC) e autocorrelação parcial (FACP) dasobservações com 36 defasagens, conformeapresentado na Figura 2. A análise permiteidentificar sinais de tendência na sérietemporal, uma vez que as correlações nãoapresentaram comportamento gradualmenteregressivo.

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Figura 2.Representaçãográficadaautocorrelação(FAC) eautocorrelaçãoparcial (FACP) com36defasagensda série temporal dasvendas decolhedoras de grãosde janeiro de 1976a dezembrode

2016.

Um comportamento similar detendência também foi observado por Oliveira(2016) ao analisar as séries temporais devendasde tratores agrícolas entre osanos2016e 2018. Além da tendência, a presença de lagscom significativa função de autocorrelaçãoparcial da FAC e FACP possibilita a análise deoutras características como a sazonalidadeobservadaporSalesetal.(2018) noestudoparapredição da produção brasileira de veículospara o 2º semestre de2015.

Apósaverificação da tendência,realiza-sea avaliação da necessidadede transformaçãodos dados.A dispersão entre o desvio padrão ea média aritmética dos dados distribuídos emgrupos de 12 amostras, demonstra uma leveinclinação da reta, o que não permite aconfirmaçãodavariabilidade nosdados(Figura3). No entanto, como critério de segurança,opta-se por aplicar uma transformaçãologarítmica nosdados.

Figura 3.Análise dadependêncialinear entremédiaeodesvio padrãodosgruposcriados apartir dasérie histórica devenda colhedorasdegrãosnoperíodo de janeiro de1976a dezembrode2016

(N=504/12).

050100150200250300350400450500

0 200 400 600 800

Desviopadrão

Média

FACP para Total_Mensal

FACpara Total_Mensal

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Na Tabela 1, observa-se o teste Dikey-Fuller Aumentado aplicado para confirmar aexistênciadeestacionaridade, oqualdemonstraqueotauestimado(-0,87)estáforadointervalo

de confiança em até 10% de significância.Portanto, a série original não apresenta raizunitária, o que permite observar que a série éumprocessoestacionário.

Tabela 1.TesteDikey-Fuller aumentadopara série temporal original dasvendasdecolhedorasdegrãosde janeiro de 1976adezembrode2016

Tau(Níveis designificância)Estimado 1% 5% 10%-0,87ns -2,58 -1,95 -1,62

ns– Nãosignificativo aumnível de 10%.

A utilização do teste Dikey-FullerAumentado para análise estatistica datendência é ummétodocomumde avaliação deestacionaridade de séries temporais queconfirma a análise visual preliminarmenterealizada comaavaliação doslags.Em trabalhoscomoOliveira (2016) e Medeiros et al. (2017)tambémpodeser abservadoaaplicação dotesteDikey-Fuller aumentado com finalidadesemelhante a esteestudo.

Assim,diante dos resultados,evidencia-se a existência de tendência e a necessidade detransformação logarítmica. Após essaconstatação foi aplicado na serie original a

primeira diferença para retirada da tendênciaeuma transformação logarítmica nasobservações. O comportamento da sérietemporal após a retirada da tendência e daaplicação da transformação logarítmica podeser observada na Figura 4. O teste de Dikey-fuller aumentado (Tabela 2) para a sérietransformada confirma que após a primeiradiferença a série temporal se tornaestacionária. O valor estatístico de -4,79,quando comparado com os valores tabeladoscríticos para 1% (-2,58),5% (-1,95) e 10% (-1,62), encontra-se dentro do intervalo deconfiança.

Figura 4.Série transformada apósaaplicaçãoda transformaçãologarítmica edaprimeira diferençanosdadosoriginais.

Tabela 2.Teste Dikey-Fuller aumentadopara série temporal transformada dasvendasdecolhedorasdegrãos dejaneiro de1976adezembrode2016

Tau (Níveis designificância)Estimado (modelo semconstante) 1% 5% 10%

-4,79* -2,58 -1,95 -1,62*– Significativo a umnível de1,0%.

Em geral, a utilização da primeiradiferença é capaz de eliminar o efeito da

tendênciadas séries temporais(VIAN & SILVA,2017). No entanto, emalgunscasos,a aplicação

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da transformação logarítmica e a aplicação daprimeira diferença nem sempre é capaz detornar a série estacionária. Nessas situações,aplicações sussessivas das diferenças sãoalternativas para obter estacionariadade dasérie. Sales et al. (2018), verificaram anecessidade de duas diferenciações para que asérie referenteaproduçãobrasileira deveículospara o 2º semestre de 2015 se tornasseestacionária.

Uma vez retirada o comportamento detendência da série avalia-seo periodogramada

série. Ao observar a Figura 5, constata-se apresença deevidências sazonais,observadas deforma contundente emperíodos de 12meses edeformasuperficial emperíodos de6meses. Apartir dotestedeKruskal–Wallis, a umnível designificância de 1%, confirma-seestatisticamente a existência de sazonalidadena série temporal, indicando queosmodelosdotipo SARIMA sãoosmaisadequadospara seremaplicadosaestasérie.

Figura 5.Períodograma dasérie histórica devenda colhedorasdegrãosnoperíodo dejaneiro de1976à dezembrode2016apósa transformação logarítmica e primeira diferença.

A sazonalidade é um efeito comumobservado em séries temporais associadas àvenda e compras de produtos. Zucoloto et al.(2018) observaram pelo períodograma apresença da componente sazonal na sérietemporal de exportação brasileira deautomóveis. Geralmente este tipo decompartamento está associado a eventosanuais, como datas comemorativas e início deatividades agrícolas. No caso desse estudo, oinício do período da colheita da sojae domilhopodemser osresponsáveis pelos picos sazonaisobservados.

Seguindo Sales et al. (2018), o modeloSARIMA incrementa omodeloARIMA pormeiodo fator sazonalidade. Contudo,omesmoautordestaca possibilidade de utilização do modeloARIMA, desde que ocorra a eliminação dainfluência da componente sazonal por meio deduasdiferenciações nas funçõesdeFACE FACP.

No caso deste estudo, optou-sepor nãoeliminar a componentesazonal,sendotestadosvinte e cinco modelos SARIMA variando ascomponentesautoregressivas emédiasmóveis.Modelos osquais apresentam FAC e FACP forado intervalo de confiança onde foramdescartados,por nãocumprir a premissa inicialpara escolha do modelo que melhor se ajustaaosdados.

A Tabela 3 apresenta os três modelosque melhor se ajustam ao conjunto de dados,com base na comparação estatística do testeQ(k) de Box–Pierce e Qui-quadradopara os15primeiros lags. Dentre os modelos de melhorajuste, o modelo SARIMA (1,1,2) x (0,1,2)12 é oselecionadopara realizar a previsão de vendasde colhedoras de grãospara o triênio 2018–2020deacordocomocritério deAkaike(menoríndice AIC). Este critério tem como ideiaprincipal estipular umapunição pela adiçãoderegressores ao modelo (ZUCOLOTO, 2018).

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Trabalhos anteriores, comoSales et al.(2018) eOliveira (2016), indicavam o usodeste critério

para a escolha domodeloquemelhor se ajustaaosdados.

Tabela3.ModelosSARIMA (p,d,q) x(P,D,Q)12de melhorajustepara representar a série temporaldevenda de colhedorasde grãosnoperíodo de janeiro de 1976à dezembrode 2017para 15 lags(k)

Modelosselecionados Qui²(k-p-q) Q(k) AICSARIMA (1,1,2) x(0,1,2)12 26,22 17,18* 463,22SARIMA (0,1,2) x(1,1,1)12 27,68 23,37* 476,51SARIMA (0,1,2) x(0,1,1)12 26,22 17,92* 482,26

*Significativo aumnível de1% .

Todos os coeficientes estimados para omodeloSARIMA (1,1,2) x (0,1,2)12 apresentam-

se significativos a um nível de 0,01 designificânciapelo testez(Tabela 4).

Tabela 4.Coeficientesestimadospara omodeloSARIMA (1,1,2) x(0,1,2)12Coeficientes Erro padrão Teste z

phi_1 0,742 0,090 8,23*theta_1 -1,916 0,065 -29,28*theta_2 0,926 0,065 14,02*Theta_1 -0,716 0,461 -15,55*Theta_2 -0,139 0,455 -3,057*

*Coeficientesignificativo aumnível de1% peloteste z.

Omodelo SARIMA (1,1,2) x (0,1,2)12 foiaplicado a série original para prever o númerode vendas de colhedoras de grãosnos36mesesque compõe o triênio 2018-2020. A sériehistórica das vendas de colhedoras degrãosno

Brasil entre janeiro de 1976 e dezembro de2016 e a série estimada pelo modelo SARIMA(1,1,2) x(0,1,2)12 coma previsão para o triênio2018-2020são apresentadas simultaneamentenaFigura 6.

Figura 6.Série histórica dasvendasdecolhedorasdegrãosnoBrasil entre janeiro de 1976e dezembrode2016esérie estimadapelomodeloSARIMA (1,1,2) x(0,1,2)12comaprevisão para o triênio 2018-

2020.

Oliveira (2016) relatou quefatores nãorelacionados aos fundamentos econômicosque

influenciam a demanda, respondem por partesignificativa da diferença entre os resultados

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estimados pelo modelo e os resultados reais.Neste contexto, a pandemia global deCovid-19vivenciada em 2020, influenciará nocomportamento padrão da série temporal,acarretando em um provável aumento nadiferença entre valores estimados e valoresreais.

O resultado da previsão do número devendasdecolhedorasdegrãosno triênio 2018-2020e o comparativo comos valores reais atémarço de 2020 já divulgados pela ANFAVEA

podem ser observados na Tabela 5. O erroabsoluto médio entre os dados estimados pelomodeloeosdadosreais sãode121,9colhedorasde grãos para obiênio 2018-2019.Omêsondeocorre maior aproximação entre o real e oestimado é março para 2018 e janeiro para2019. Os meses de dezembro de 2018 esetembrode2019sãoosqueapresentammaiordiferença entre os valores reais e os valoresestimados pelomodelo.

Tabela 5. Previsão de vendas nacionais de colhedoras de grãos para o Brasil no triênio 2018-2020eestimativa devendasmínimasemáximasemumintervalo deconfiança de95%

Jan. Mar. Jun. Set. Dez. Anual

2018

Mínimo 259 200 9 111 361 1582Previsão 452 443 285 410 680 4759Máximo 645 686 562 709 999 8034Real 270 419 480 536 979 5759Erro 182 24 195 126 299 141,8

2019

Mínimo 610 749 -- -- 234 652Previsão 446 439 283 470 667 4735Máximo 787 804 677 825 1117 9482Real 448 593 517 685 756 5580Erro 2 154 244 278 80 101,9

2020

Mínimo -- -- -- -- 117 117Previsão 443 437 282 405 462 4712Máximo 901 917 789 939 674 10842Real 340 389 -- -- -- --Erro 103 48 89,7

Ocrescimento observado nas vendas demáquinas agrícolas em março de 2018 podeestar associado a aspectos econômicospositivos, como a inflação sob controle, e oaumento nas projeções da atual safra de grãos.Os primeiros meses de 2018 apresentam taxadecrescimento anualnegativa deacordocomosdadosda (ANFAVEA, 2020), oque podeindicarque os produtores não demonstraramnecessidade de novos investimentos emmáquinas e implementos agrícolas. Asestimativas de redução na produção de grãospara a safra 2018/2019 também explicam obaixo desempenhodo setor nos últimos meses.Entretanto, a partir de agostode 2018as taxasde crescimento das vendas de colhedoras degrãos foram impulsionadas pela redução dejuros e boas perspectivas em relação às safrasagrícolas. É também possível observar que,durante o biênio 2018-2019, nos mesespróximosda colheita de sojaemilho,novembroe dezembro, há um aumento significativo dataxa de crescimento das vendas de colhedoras

de grãos, comparado, por exemplo, aos mesesde inverno.

Ainda de acordo com a ANFAVEA(2020), em 2018 foram vendidas 1.000unidades a mais de colhedoras de grãos que oprevisto pelo modelo escolhido, e em2019 foiregistrado 845unidades vendidas amais queoprevisto. Esses valores podem ter sidomotivados por recursos de financiamentos dosetor, ou seja, recursos destinados aosagricultores para o financiamento demáquinaspor meio dos programas como Moderfrota ePRONAF.

ConclusãoAs vendas de colhedoras apresentaram

sazonalidade significativa, o que levou amodelagemSARIMA. Esse modelo foi capaz decaptar a variabilidade da série de vendas decolhedoras estudada e se mostrou eficiente naprevisão, considerandoosperíodos devariaçãodomercado.

O modelo escolhido, SARIMA (1,1,2) x(0,1,2)12,apresentouumerro absolutomédiode

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141,8 colhedoras para o ano de 2018 e 101,9colhedoras para oanode 2019.

Os modelos SARIMA poderão serutilizados em outros bancos de dadosrelacionados ao setor econômico agrícolavisando o auxílio no planejamento demedidasque possibilitem desenvolvimento econômicodestesetor.

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Capítulo 6

AVALIAÇÃODOEFEITO DAHIDROLISE ENZIMÁTICANAVISCOSIDADEDAPOLPADEGRAVIOLA

VirgíniaMirtesdeAlcântara Silva1Raphael LucasJacintoAlmeida2

NewtonCarlos Santos3VictorHerbert deAlcântaraRibeiro4LucasRodolfoInácio daSilva5AnnaPaula RochadeQueiroga6

Hilda CamilaNascimentoNogueira7

1,4DoutorandosdoPrograma de Pós-GraduaçãoemEngenharia eGestãodeRecursos Naturais, UniversidadeFederal de CampinaGrande,UFCG/CTRN/CampusCampinaGrande-PB,

[email protected];[email protected],3DoutorandosdoPrograma de Pós-GraduaçãoemEngenharia Química,Universidade Federal doRio Grande do

Norte,UFRN/CCT/UAEQ/CampusNatal–RN,[email protected];[email protected]

5Engenheiro deBiotecnologia e Bioprocessos,Mestre emEngenharia deQuímica,[email protected] emQuímica,Universidade Federal daParaíba, UFPB/CCT/UAQ, [email protected]

7MestrandaemExploraçãoPetrolífera eMineral, Universidade Federal deCampinaGrande,UFCG/CTT/UAEPetro/CampusCampinaGrande–PB, [email protected]

IntroduçãoO consumo de polpas de frutas vem

aumentadono Brasil, principalmente, devido apraticidade oferecida pelos produtos,pela faltade tempo da população em preparar suco defrutas in natura, além disso, pela preocupaçãocomo consumode alimentos mais saudáveis enutritivos (MELO et al.,2020).

A graviola (Annona muricata),pertencente à família Annonaceae, é uma dasimportantes frutíferas cultivadas no NordesteBrasileiro, principalmente nos Estados daParaíba, Ceará,Pernambucoe Bahia (TELES etal., 2017). É uma fruta tropicalque apresentaalto valor, com grandes perspectivaseconômicaspara comercialização e exportação.Por apresentar excelentes característicassensoriais e valor nutritivo significativo, osprodutores apostam cada vez mais na suaindustrialização para produçãodepolpas,sucosenéctares(WATANABE etal.,2014;SÃOJOSÉ etal., 2014; CAVALCANTE et al., 2017). SegundoRamosetal.(2016),estafruta podeserusadanotratamento de abscessos, câncer, catarro,cólicas, diabetes, diarreias, insônia, depressão,hipertensão arterial, reumatismo, vermes einflamações.

Para fabricaçãodamaioria dosprodutosderivados de frutas, geralmente, se utiliza apolpa concentrada, da qual se tornaindispensável o conhecimento de suaspropriedades físicas e químicas nas etapas do

processamento. Sob o ponto de vista doprocessamento industrial, de todas aspropriedades dos fluidos é a viscosidade querequer maior atenção noestudodoescoamentodestes (ONGARATTO et al.,2015).

Uma prática geral no processamentodefrutas e vegetais é o tratamento da polpa compreparações enzimáticas apropriadas. Sucoscom baixa viscosidade, alta clareza e altanutrição são mais desejáveis pelosconsumidores. Aspectinases desempenhamumpapel crucial para reduzir a viscosidade,aumentar o rendimento e a clarificação daspolpas (GARG et al., 2016). O processo dehidrólise enzimática ocorre pela ação deenzimas.Essas enzimassãochamadascelulases,secretadas por fungosoubactérias, sendoesses,microrganismos que se alimentam da matériaorgânica (COSTAet al.,2017).

Desta forma, o presente trabalho temcomo objetivo avaliar o efeito do tempo,temperatura e concentração enzimática naviscosidade da polpa de graviola, por meio dehidrólise enzimáticacompectinase.

Material e MétodosAs graviolas (Annona muricata) foram

adquiridas nocomérciolocaldacidadedeNatal-RN.Osfrutos emestágiodematuraçãomaduroforamlavados emáguacorrente, sanitizadosemágua clorada (100 ppm) por 15 minutos e

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despolpado manualmente separando-se entãoas suasfrações: casca,polpa e sementes.

Utilizou-se também a pectinase(Pectinex Ultra SP-L, comatividade padrão de26000 PGU/mL a pH 3,5, PGU – atividade depoligalacturonase). Essas enzimas sãocomercialmente produzidas a partir dosmicrorganismos Aspergillus aculeatus,fornecidapelaempresaNovozymes(Bagsvaerd,Dinamarca).

Planejamento experimental fatorial parahidrólise enzimática

Um planejamento experimental 22 com3 repetições no ponto central, totalizando 7ensaios foi realizadopara avaliar a influência eo comportamento experimental das variáveisindependentes (variáveis de entrada), tempo,temperatura e carga enzimática, sobre avariável resposta (dependente), viscosidadedapolpa na hidrólise enzimática. A Tabela 1,apresentaosvalores utilizadosnasvariáveis deentrada. O efeito das variáveis independentessobre a variável dependente foi avaliadomediante análise estatística, utilizando-se oprogramacomputacionalStatistica® v.11.

Tabela 1.Planejamento para hidrolise enzimáticada polpade graviola, comsuasrespectivas variáveisindependenteseseusníveis reais

Variáveis -1 0 +1Tempo(min) 10 30 50

Temperatura(°C) 35 45 55Cargaenzimática(%) 0,07 0,35 0,63

Hidrólise enzimáticaPara o procedimento de hidrólise, a

polpa foi colocada em Erlenmeyers de 250mLfechados e aquecidos em banho termostáticoaté a temperatura de hidrólise. Em seguida,asenzimas foram adicionadas a polpa e mantidaemagitadormodeloTE-421(Tecnal, Piracicaba,SP) sob temperatura controlada e agitação de150rpm,durante todotempodereação.Aofinalde cada ensaio,a polpa tratada foi aquecida embanho termostático até as condições deinativação enzimática(80°C/5 min) e resfriadoaté30°C.

Determinaçãoda viscosidadePara leitura da viscosidadefoi utilizado

um viscosímetro Brookfield, modelo DVII+Proutilizando o splidlen nº 4, com velocidade derotação de5rpm etemperatura de25°C.

Resultados eDiscussãoNa Tabela 2 observa-se os valores da

variável dependentes, encontrados nosdiferentes experimentos do planejamentoexperimental fatorial, em função das variáveisindependentes.

Tabela 2. Matriz do planejamento experimental fatorial das variáveis tempo, temperatura econcentraçãoenzimáticaedosvalores de viscosidade dapolpadegraviola apósa hidróliseEnsaios Tempo(min) Temperatura (°C) Concentração(% ) Viscosidade(cP)

1 -1(10) -1(35) -1(0,07) 91,22 +1(50) -1(35) -1(0,07) 136,23 -1(10) +1(55) -1(0,07) 98,14 +1(50) +1(55) -1(0,07) 193,75 -1(10) -1(35) +1(0,63) 138,76 +1(50) -1(35) +1(0,63) 172,57 -1(10) +1(55) +1(0,63) 135,68 +1(50) +1(55) +1(0,63) 200,99 0(30) 0 (45) 0 (0,35) 139,310 0(30) 0 (45) 0 (0,35) 141,211 0(30) 0 (45) 0 (0,35) 143,1

Observa que o menor valor deviscosidade 91,2cPé oobtido para o ensaio (1)com hidrólise enzimática no nível (-1) doplanejamento experimental. No entanto, omaior valor da viscosidade200,9cPocorre parao ensaio (8) com hidrólise enzimática no nível

(+1) doplanejamento experimental. Observa-setambém,queoaumento dotempo,temperaturae concentração da enzima duramente ahidrólise enzimática possibilita um acréscimonos valores da viscosidade. Pois a hidróliseenzimática diminuiu a mobilidade das

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partículas em suspensão, aumentandoconsequentemente a viscosidade da polpa.Queirozet al. (2019) ao realizarem a hidróliseenzimática da polpa de jaca, observaram osmenores valores da viscosidade com uso domaior tempodehidrólise emaior concentraçãoenzimática, independentemente dotempo.

Para Ongarattoe Viotto (2015), quantomenor a viscosidade dofluido,menoré aperdade carga durante o escoamento, o que diminuios custos de potência com bombeamento e,consequentemente, os custos energéticos. Aviscosidade é diretamente influenciada pelapectina, cuja presença pode causar ainda, emprocessos de filtração com membranas,

incrustação e,consequentemente,a diminuiçãodofluxopermeado(VIDAL et al.,2006).

Segundo Sousa et al. (2017) aviscosidade é o principal parâmetro estudadoem alimentos líquidos e semilíquidos, e éconsiderada o meio de fundamento para secaracterizar a textura do fluido. Naindustrialização de polpa de frutas,frequentemente são utilizados processostérmicos (aquecimentoe/ouresfriamento), quepodem acarretar modificação na suaviscosidade.

A Tabela 3, demonstra a análise devariância (ANOVA) domodelo ajustadopara avariável de respostadahidrólise enzimáticae otesteF com95% deconfiabilidade.

Tabela 3.Análise devariância (ANOVA) dosmodelosajustadospara avariável derespostadahidróliseenzimáticadapolpadegraviola

ANOVAFonte devariação

SomaQuadrática

Grau deLiberdade

MédiaQuadrática Teste F

Regressão 11500,74 5,00 2300,1480 Fcalculado/ Ftabelado22,71

Resíduo 100,25 5,00 20,0500 Fcalculado/ Ftabelado0,42

F. deAjuste 93,03 - - -Erro Puro 7,22 - - -Total 11600,99 10,00 - -R² 99,13 - - -

A partir da análise dos resultadosobtidos com relação ao parâmetro deviscosidade da polpa, verifica-se que ocoeficiente de determinaçãoé superior a 99%,indicando ótimo ajuste aos dadosexperimentais. Observa-sequepara a regressãodavariável analisada,ovalor deFcalculado émaiorque o valor de Ftabelado, logo, o modelo linearapresenta-se estatisticamente preditivo, pois,para ummodeloser estatisticamente preditivo,a razãoFcalculado/Ftabelado deve ser >4.

Os efeitos individuais das variáveisindependentes (tempo, temperatura econcentraçãoenzimática) tal comodainteraçãoentre elas sobre a variável de resposta(viscosidade da polpa) apresentam modeloestatisticamente significativo (Fc≥Ftab). Pode-severificar nodiagramadePareto (Figura 1) osfatores que apresentam maior influência nahidrólise enzimáticadapolpadegraviola.

Figura 1.DiagramadePareto para influência dosfatores tempo,temperatura e concentraçãoenzimáticapara oparâmetro deviscosidade dapolpadegraviola apóshidrólise enzimática.

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Amagnitudedos efeitos é representadapelas barras horizontais enquanto que, a linhaperpendicular às barras representa amagnitude dos efeitos com significadoestatístico para p=0,05,ou seja, os fatores sãoestatisticamente significativos com95% deconfiança(SILVA JÚNIOR et al.,2020).Otempoé a variável que mais influência na respostaestudada apresentando efeito e a sua interaçãocom a temperatura são os fatores que maisinfluenciaram significativamente na

viscosidade dapolpa.Pode-seobservar tambémque a interação entre a temperatura e aconcentração da enzima são os fatores quemenos influenciam na viscosidade da polpa degraviola apósahidrolise enzimática.

Estão apresentados na Figura 2, assuperfícies de respostas obtidas para aviscosidade da polpa de graviola (variávelresposta) após o processo de hidróliseenzimática coma enzimapectinase.

Figura 2.Superfície derespostadaviscosidadedapolpadegraviola apósahidrólise enzimática,relacionando otempo,temperatura e concentraçãoenzimática.

De acordo com o planejamentoexperimental fatorial 22 verifica-se que oaumento desses fatores (tempo, temperatura econcentraçãoenzimática) favorece a oaumentoda viscosidade da polpa de graviola.

Considerando os termos significativos e comoauxílio da metodologia de superfície deresposta, obteve-se o modelo matemático(Equação 1) que representa a respostaviscosidade dapolpade jaca.

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V (cP) =61,1659 -0,4867t +163,7053T +0,0513x45,0t -0,9263t.T-1,7455x45,0t+8,6765 (Eq. 1)

Onde: V é a viscosidade da polpa (cP); t é otempo de hidrólise (min); T é temperatura dehidrólise(°C).

ConclusãoA aplicação da pectinase no tratamento

enzimático da polpa de graviola demostroueficiência na redução daviscosidade damesma.Foi perceptível quenasmenorestemperaturas,tempos e concentração enzimática,menor foi aviscosidade dapolpa.

AgradecimentosAo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) eàCoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoal de Nível Superior (CAPES) pelaconcessão das bolsas demestrado e doutoradoaosautores.

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Capítulo 7

RESÍDUOSMADEIREIROS URBANOS:ABORDAGEMTÉCNICAPARAASUAUTILIZAÇÃOCOMOFONTEDEENERGIA RENOVÁVELE

SUSTENTÁVELGabriela FontesMayrinck Cupertino1

Natália Dias deSouza2FabíolaMartinsDelatorre3

Alfredo JosédosSantosJunior4AnaniasFrancisco DiasJúnior5

1Mestranda emCiênciasFlorestais, UFES, JerônimoMonteiro-ES, [email protected]. Adjunto,UFRRJ, Seropédica – RJ, [email protected]

3GraduandaemEng.Industrial Madeireira, UFES, JerônimoMonteiro – ES, [email protected] emCiênciasFlorestais, UFES, JerônimoMonteiro-ES, [email protected]

5Dr.Prof. Adjunto,UFES, JerônimoMonteiro – ES, [email protected]

IntroduçãoObserva-se que nas últimas cinco

décadas houve um grande crescimentopopulacional no mundo seguido de um forteprocesso de urbanização. Segundo dados daFAO, a previsão é que no ano de 2050 apopulação chegue a 9,8 bilhões de habitantes,onde68% irão residir emcentrosurbanos.Esseaumento populacional emgrande escalaresultará em inúmeros danos, tanto para anatureza, comopara o próprio homem.Umdosproblemas mais sérios causados pelas grandesmetrópoles é a geração de Resíduos SólidosUrbanos (RSU), sendo esses, em geral,representados por papel, vidro, materiallignocelulósico, plástico e material orgânico(DIAS JÚNIOR et al., 2017). Estudos dasOrganizações das Nações Unidas (ONU) e doBanco Mundial afirmam que na metade desseséculoapopulaçãomundial produzirá 4bilhõesde toneladas de lixo urbano por ano.De acordocom a World Wide Fund for Nature (WWF,2019),o Brasil é oquarto país quemaisproduzlixo no mundo, ficando atrás apenas para osEstados Unidos, China e Índia. No país sãogerados em média 79milhões de toneladas deresíduos sólidos por ano,podendochegar a100milhões de toneladas no ano de 2030(ABRELPE, 2019).

Um dos instrumentos importantes quetrata dos resíduos sólidos é a Lei Federal nº12.305/2010,queinstitui a Política Nacional deResíduosSólidos (PNRS), quevisa gerenciar osresíduos sólidos,atribuindo asuaseparaçãoporfrações, processamento em usinas dereciclagem, recuperação de energias contidasnele, tratamento e disposição de tecnologias

para quando a reciclagem não for possível(BRASIL, 2010). Sua atuação é de caráterconjunto vinculada com a obrigação do poderpúblico de cada município, o qual tem comofunção implementar e executar planos paramelhor gerenciamento de resíduos sólidos.Contudo,são totalizados no país cerca de trêsmil municípios com a destinação inadequadadesse material (ABRALPE, 2016). Parte dessematerial, sendo estes depositados em aterrossanitários, os quais possuem a vida útilreduzida, em virtude da baixa eficiênciaoperacional (COSTA FILHO & CARVALHOJÚNIOR, 2019).

Outro fator relacionado ao crescimentodemográfico é o aumento do consumo deenergia. De acordo comdados do InternationalEnergy Agency (IEA, 2007), o consumo finalmundial de energia no anode 2004foi de cercade 7,6 bilhões equivalentes de petróleo (tep),estimando um crescimento de 2% ao ano. Asprojeções afirmam que a demanda por esseinsumo irá dobrar no ano de 2030 e que asreservas de combustíveis não renováveis seesgotarão nos próximos 100 anos. Nesseaspecto, as políticas que visam oaproveitamentoracional eintegral dosrecursosenergéticos disponíveis ganham força,destacando-se a biomassa (IBÁ, 2016). Emmuitospaíses é possível realizar a recuperaçãoenergética, de diferentes materiais presentesnos RSU, visando diminuir o uso decombustíveis fósseis,osquais sãoconsideradosinsegurospor serem impossíveis de renovação,e aumentar o uso de fontes de energiaalternativa (DIAS JÚNIOR et al., 2017). Dessaforma é possível reduzir o quantitativo de

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resíduos encaminhados para disposição final,com adoção de alternativa de geração deenergia a partir dosResíduosSólidos Urbanos–RSU. Os componentes a base de madeiras queconstituem o RSU, denominado ResíduosMadeireiros de Origem Urbana (RMOU) emateriais lignocelulósicos, são os que mais sedestacamquandoo objetivo é a valoração parafins energéticos, uma vez que os mesmosapresentam caráter renovável e sua conhecidaqualidade para produção de energia(ANDRADE, 2017).

O uso desses resíduos na produção deenergia é umaalternativa para agregar valor ediminuir os impactoscausados(MATTHEWS etal., 2015; CORONA et al., 2020). A fração dematerial lignocelulósicocontida no RSU podemdeixar de ser um passivo ambiental e serutilizados comomatéria prima para diferentesfinalidades, podendo gerar lucro para ogoverno, comunidades locais e sociedade emgeral (WIECHETECK, 2009). O foco daspesquisas voltadas para a transformação deenergia a partir da biomassa, visando odesenvolvimentosustentável eambientalmentecorreto, está direcionado à combustão direta

comoométodomais utilizado. A fimdeter umadefinição para o potencial usode ummaterial énecessário conhecê-lo.Análises que permitamconhecer sua estrutura, composição ecomportamento são essenciais para uma adeterminação deumamelhor aplicabilidade.

Diante disso, o presente trabalho temcomo objetivo realizar a caracterização parafins energéticos dos resíduos lignocelulósicosde origem urbana do município do Rio deJaneiro.

Material e MétodosColetaepreparo domaterial

O estudo foi realizado nomunicípio doRio de Janeiro-RJ, localizada entre ascoordenadas geográficas 22° 54′13″delatitudesul e 43° 12′ 35″ de longitude oeste deGreenwitch, emumaaltitude de20m.

Para odesenvolvimento da pesquisa,foicoletado na estação de transferência daCompanhia Municipal de Limpeza Urbana(COMLURB), localizada no bairro do Caju, omaterial lignocelulósicoclassificadoconformeaFigura 1.

Figura 1.Classificaçãodostipos deresíduos demadeira em ambienteurbano.

A coleta foi realizada nos meses deagosto a outubro de 2019, sendo o materialdenominadomix.Omaterial foi processado nopátio da estação de tratamento por umequipamento de origem alemã modelo EDGE

TRM516 usado para fazer a fragmentação epeneiramento (Figura 2). A amostragem domaterial lenhoso (mix) foi realizada de acordocomas diretrizes da NBR 10007(ABNT, 2004),quetrata da amostragemderesíduos sólidos.

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Figura 2.Picador modeloEDGE TRM516.Fonte: EDGE (2020).

Após a coleta do material, o mesmo foiencaminhando para o pátio da UniversidadeFederal Rural doRio de Janeiro, ondefoi secoatemperatura ambiente por 72 horas. Após asecagem,omaterial foimoídoemummoinhodemartelos eemseguidautilizando-seummoinhodefacadotipoWilley foiconvertidoàserragem.

DeterminaçãodaumidadeO teor de umidade para o material

lignocelulósico foi determinado pelométododanorma ABNT NBR 14929:2003, em que seutiliza opesodamassaúmida(PU) eopesofinaldamassaseca(PS), deacordocoma Equação1.

% =[( − )( )

] ∗100 (Eq. 1)

Análiseda composiçãoimediataTeor devoláteis

O teor de voláteis foi determinadoadaptando-se as normas ASTM D-1762-84(2007) para análise imediata de madeira.Primeiramente o forno do tipo mufla foiaquecidoa950°C ejuntamente oscadinhoscomo material utilizados para a determinação daumidade foram pré-aquecidos da seguinteforma: Coma porta aberta por 2minutos comtemperatura de cerca de 300°C eposteriormente direcionados para a borda doforno por 3minutos comtemperatura de cercade 500°C. Comaporta damufla fechada e comas amostras direcionadaspara a parte traseirado forno, as mesmas ficaram por 6 minutos.Após o material foi levado para o dessecadorpor 1 hora para o seu resfriamento e foiposteriormente pesado.Para obtenção do teorde voláteis foi utilizada a Equação 2,emqueseusa opesoda amostra após secagemem150°C(A), eopesodaamostraapóssecagemem950°C(B).

% á =( − ) ∗100 (Eq. 2)

Teor decinzasO teor de cinzas foi determinado por

meio da adaptação da norma ASTM D-1762-84(2007), em que se utilizou os cadinhos, compeso conhecido, contendo o material volátilutilizada para a análise anterior. Os mesmosforam tampados e encaminhados para o fornotipo mufla à 750°C por 6 horas. Após o tempoestimado o material foi levado para odessecador por 1 hora para o seu esfriamento.Efetuou-seapesagensdoscadinhos eosvaloresdopesodoscadinhosvazios e tampados(PZ), opeso inicial damassavolatizado comocadinhotampado(PI) eopesodocadinhotampadocomascinzas(PZ), foramaplicadosnaEquação3.

% =[( − )( − )

]∗100 (Eq. 3)

Teordecarbono fixoA quantidade de carbono fixo foi

determinada por diferença entre a soma dosteores (%) de materiais voláteis e cinzas e100% , por meio da norma ASTM D-1762-84(2007), sendo esse cálculo exemplificado naEquação 4.

% =100% −% á −% (Eq. 4)

Determinação dopodercaloríficoA determinação do poder calorífico

superior foi feita adaptando-sea Norma NBR8633 (ABNT, 1984) (Carvão Vegetal -Determinação do Poder Calorífico). Nesteprocedimento 0,70gda amostra absolutamenteseca foram colocadas em uma bombacalorimétrica isotérmicamodeloIKA C200.Paracada amostra, foram feitas 2 repetiçõesseguindo ametodologia de utilização propostapor Takeshita e Dias Júnior (2017). Atransformação dos valores do PCS para PoderCaloríficoInferior (PCI) foi realizadautilizando-se a Equação 5.Opercentual de hidrogênio (H)presentenomaterial como6% (BRITO, 1993).

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= −600 ∗9100

(Eq. 5)

Grande parte dossistemasde utilizaçãoda biomassa para a produção de energia nãosecam o material abaixo de 10% de umidade,portanto o poder calorífico que melhor seaproximada realidade é oPoder Calorífico Útil(PCU), derivado do PCI, e que considera umdadoteor de umidade(U), sendocalculadocombasenaEquação6(VALE et al.,2000).

= (1− )−600 (Eq. 6)

Determinação de contaminantes sólidos nãocombustíveis embiomassa

Em uma estufa a 103±2°C foramcolocados 200g do mix moído e peneirado innatura, por 4 horas. Em seguida,omaterial foiretirado daestufaecomoauxílio dodessecadorfoi esfriado para que possaser moído,visandoobter uma quantidade de 50gna peneira de 16mesh e 40 mesh sendo o mesmo separado eidentificado comoBiomassaOriginal – BO.

Para a biomassa residual, utilizou-se omaterial peneirado na fração 16 mesh e 40mesh. Essas amostras foram colocadas emumbéquer de 250mL contendo previamente 200mLdeáguadestilada. Omaterial foi agitadopor1minuto emantido em repouso por 2minutos.Em seguida a serragem que se encontravasobrenandante ao líquido foi recolhida ecolocadaemestufaatépermanecer comamassaconstante. O material foi esfriado em umdessecadore posteriormente identificado comoBiomassa Lavada – BL, sendo esse conteúdoisento de contaminantes externos, que nãoagregamna combustão(ANDRADE, 2017).

Determinaçãode teor denão combustíveistotais(NCT), não combustíveisoriginais (NCO) e nãocombustíveisadquiridos (NCA)

Em uma estufa a 103±2°C foramcolocados 200g do material mix estudado, innatura, por 4 horas. Em seguida,omaterial foiretirado e com o auxílio do dessecador eresfriado emoído,visando aobtençãode50gnapeneira de 16 mesh e 40 mesh sendoidentificado como Biomassa Original – BO.Posteriormente, utilizou-seomix peneirado nafração16meshe40mesh,essasamostras foramcolocadas em um béquer com 200mL de águadestilada. Omaterial foi agitadopor 1minuto emantido emrepousopor 2minutos.Em seguidaa serragem que se encontrava sobrenandanteaolíquido foi recolhida ecolocadaemestufaatépermanecer comamassa constante, omaterial

foi resfriado em um dessecador eposteriormente identificado como BiomassaLavada – BL, definindo esse conteúdo comoinseto de contaminantes externos. Para adeterminação do teor de não combustíveis, foiempregado a Norma ABNT NBR 13999:2003 -Papel, cartão, pastas celulósicas e madeira —Determinação do resíduo (cinza). A análise foirealizadacomaBiomassaOriginal –BOa525°C,sendo esseresultado denominadoTeor de NãoCombustíveis Totais – NCT. Para obtenção doTeor de Não Combustíveis Originais – NCOfoirealizada a mesma metodologia descrita nanorma, contudo utilizando o materialidentificado comoBiomassa Lavada – BL. Parao cálculo do Teor de Não CombustíveisAdquiridos – NCA e Taxa de ContaminaçãoExterna - TCE foi aplicado as Equações 7 e 8propostasporBrito eCeribelli (2012).

(%)= (%)− (%) (Eq. 7)

(%)= (%)(%)

(Eq. 8)

Determinação damassaespecíficaDensidadeagranel

Para determinação da densidade agranel, utilizou-se a Norma ABNT NBR6922:1981 de forma adaptada para materiallignocelulósico, a qual direciona para umacoleta representativa do material na formabruta. Foi realizado uma inspeção, espalhandoem uma superfície o mix para a retirada demateriais estranhos, como terra, e após foiacoplada em uma caixa com paredes rígidascom dimensões de 600x600x600milímetros ecom peso conhecido, a fim de não deixarespaços vazios. Para o cálculo da densidade agranel foi utilizada amassada caixavazia (M1),amassadacaixacheia (M2) eovolumedacaixa(V), conformeaEquação9.

= 2− 1 (Eq. 9)

DensidadeenergéticaPara a determinação da densidade

energética, realizou-seamultiplicação dopodercalorífico útil (PCU) e densidade a granel(ANDRADE, 2017).

AnáliseestatísticaOsdadosforamanalisados aplicando a

estatística descritiva, a fimdeseobter amédia,desvio padrãoecoeficientedevariação dos

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valores absolutosencontradosnasanálisesrealizadas.

Resultados eDiscussão

A Tabela 1 apresenta os resultadosproveniente da análise química imediata domaterial de estudo, de teores de carbono fixo,materiais voláteis e cinzas e suas respectivasvariações estatísticas.

Tabela 1.Teores decinzas,carbonofixoemateriais voláteisEstatística Cinzas CarbonoFixo MateriaisVoláteis

Teormédio(%) 4,9 18,3 76,8DesvioPadrão 0,005 0,006 0,011

Coef.Variação(%) 9,99 3,22 1,40

O teor médiode materiais voláteis é de76,8% (Tabela 1), sendo este semelhante aoencontradoporRochaetal.(2004) para resíduoagrícola,eporSouzaetal.(2012) eSilva (2016),para resíduos de madeiras tropicais, o qualpossuíam um teor médio de 84,40 e 81,85%respectivamente. Já paramadeira,opercentualde voláteis obtidos neste trabalho é similar aode Pinus taeda (SOUZA et al., 2012; SILVA,2016). Vale ressaltar que materiais voláteisafetam a ignição, uma vez que, maior será areatividade. Dessaforma,esseteor interfere emquanto a biomassa queima (KLAUTAU, 2008;VIEIRA, 2012). Dias Júnior et al. (2014),afirmam tambémque essematerial é essencialpara quando se necessita de presença dechamasnoprocessode combustão.

Já em relação ao carbono fixo, opercentual é de 18,3% (Tabela 1), valorsuperior aos encontrados para resíduosmadeireiros de origem urbana in natura esimilar aos percentuais obtidos para resíduosde soja, materiais estes que se destacam parageração de energia (WERTHER et al., 2000;ANDRADE, 2017). Castro et al. (2017)obtiveram 12,40% de teor de carbonofixoparacavacos de eucalipto, sendo o mix residualurbano com percentual mais elevado do quedessabiomassaimportante no setor energético.

Pereira etal.(2013), afirmamqueocarbonofixoé um grande contribuinte de fonte energética,uma vez que aumenta a energia durante acombustão e o rendimento energético nosfornos.

Oteor médio decinzaspara os resíduoslignocelulósicos urbanos é de 4,9%, valor estesuperior ao encontradopor para Eucalyptus sp.e para resíduosmadeireiros de origemurbana(RMOU). (PEREIRA etal.,2013;ANDRADEetal.,2017).Umelevadoteor decinzascontribui parauma diminuição da eficiência, aumento doconsumo de oxigênio para que elas possamderreter e pela perda de calor coma saída dascinzas do reator (HOFFMANN, 2010). Alémdisso, sabe-se que as cinzas contribuem paraentupimento e incrustações por escórias noequipamento(VIEIRA, 2012).NoestudodeDiasJúnior et al. (2017) foi possível observar queaomisturar os RMOU com lascas de madeira deeucalipto obteve-seuma redução de 3,09% dopercentual de cinzas sendo essa uma possívelalternativa para diminuição desse teor. Emrelação ao teor de umidade, o mesmo foi de12%.

Na Tabela 2 estão apresentados osresultados de poder calorífico, densidade agranel edensidadeenergéticapara omaterial.

Tabela 2.Valores depoder calorífico, densidadeagranel edensidadeenergéticaà12% deumidade

Estatística PCS(kcal/kg) PCI(kcal/kg)

PCU(kcal/kg)

DG(kg/m³) DE (kJ/m³)

Média 4581 4264 4258 92 1639023DesvioPadrão 153,62 144,02 143,86 11,22 40821

Coef.Variação(%) 3,35 3,38 3,38 12,20 10,43PCS=Poder Calorífico Superior; PCI=PoderCalorífico Inferior; PCU=Poder Calorífico útil; DG=DensidadeaGranel;DE=Densidade Energética.

O poder calorífico superior (PCS) é de4581 kcal/kg (Tabela 2), sendo superior aoencontrado por Souza et al. (2016) pararesíduos de poda urbana do município dePiracicaba–SP. Vieira (2012), avalia o poder

calorífico superior de diferentes biomassas,comoo bagaço de cana, lenha, casca de arroz,eucalipto e sabugo de milho, observa-se osresultados de 2127, 3097, 4009, 4402 e 4534kcal/kg, respectivamente. A Figura 4

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correlaciona os valores encontradospor Vieira(2012) com o PCS do mix lignocelulósico,elucidando graficamente um maior resultadoquando comparado com outras biomassasusadaspara fins energéticos.

Legenda: A=bagaçode cana, B =lenha, C=cascade arroz, D=eucalipto, E =sabugode

milho eF=RMOU doRJ.Figura4.Poder caloríficosuperior (PCS) dediferentes biomassasusadascomofonte de

energia.

Em relação ao Poder Calorifico Inferiordos resíduos lignocelulósicos urbano do Rio deJaneiro apresenta 4264,13kcal/kg(Tabela 3), omesmoé superior ao encontrado por Vissotto(2012) para resíduos florestais. Essa diferençapode ser ocasionada pela pequena fração dosRCC e embalagens presentes na amostraestudada.Quandoserelaciona oPCI domaterialestudado com resíduos madeireiros de origemurbana in natura, observa-se que apresentavalores similares, uma vez que para RMOUapresenta resultado variando entre 4167 a4369kcal/kg.Já paramadeira, o valor dopodercaloríficoinferior ésuperioraoencontradoparaEucalyptus spp., madeira muito utilizada parafins energéticos (ANDRADE, 2017; QUIRINO etal.,2005).Ovalor de podercalorífico útil (PCU),à 12% de umidade, encontrado para o mixurbano é de4258kcal/kg.Pereira et al. (2016)obteve o valor de3706kcal/kg para cavacos deeucalipto emmesmascondições de umidade.

A obtenção da densidade a granel foiobtida a fim de calcular a densidadeenergética(DE), umavezqueserelaciona àenergiacontidaem um dado volume demadeira (JESUS et al.,2017).ADE domaterial estudadoéde1639023kJ/m³, sendoessevalor inferior ao encontradopor Andrade (2017) para RMOU, oqual varioude3502978a4480348kJ/m³. Essa diferença devalor é resultadodabaixadensidadeagraneldo

material, visto que possui formato irregular, oque proporciona espaços vazios. Esse baixovalor pode ser explicado pela metodologia deanálise domaterial ser inadequada,visto queamesma é comumente usada para carvão e nãoresíduos lignocelulósicos.

A Figura 5 expressa os valores médiosencontrados na presente pesquisa para teoresde contaminantes e taxa de contaminaçãoexterna.

Legenda: NCT=Teor deNãoCombustíveisTotais; NCO=Teor deNãoCombustíveis

Originais; NCA=Teor deNãoCombustíveisAdquiridos; TCE=Taxa deContaminação

Externa.Figura 5.Teor de contaminantesdosresíduoslignocelulósicosurbanosdoRio de Janeiro.

A taxa de contaminantes encontrada nabiomassaporestetrabalhoéde0,085% (Figura3), valor estemuitobaixoquandocomparadoaoencontrado por Andrade (2017). Essaafirmativa podeser explicadapor grandepartedomaterial ser de origem lignocelulósica, nãotendo a presença de contaminantes comometais, concreto, argamassa, ceras, papéis deparede, óleos, vernizes e colas, os quais sãoverificados nessaanálise (RAMADE SCOTLAND,2004).

ConclusãoCom base nos resultados encontrados

pôde-seconcluir que:Em relação ao teor de cinzas, o mesmo

semostrousuperior aodeoutrosmateriais comdestaque energético, necessitando avaliarformasdereduzir essepercentual;

Omaterial emquestãopossui potencialpara geração de energia, contudo, érecomendado a realização de novasmetodologias e análises para melhor elucidaressaafirmação.

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Capítulo 8

DETERMINAÇÃODASPROPRIEDADES FÍSICAS DEFEIJÃO-FAVA(PHASEOLUS LUNATUSL.) COMDIFERENTES TEORESDEÁGUA

Paulo Roberto MegnaFrancisco1CibellyMaria AraújoLeite2NewtonCarlos Santos3SâmelaLeal Barros4

JosivandaPalmeira Gomes5

1Dr. emEng. Agrícola, UFCG,CampinaGrande-PB, [email protected]ícola UFCG,CampinaGrande-PB,[email protected]

3Mestrando emEng.Agrícola UFCG,CampinaGrande-PB,[email protected] emEng.Agrícola UFCG,CampinaGrande-PB, [email protected]

5Dra.Profa. Titular, UFCG,CampinaGrande-PB, [email protected]

IntroduçãoOfeijão-fava (Phaseolus lunatusL.), uma

das cinco espécies cultivadas do gêneroPhaseolus, é uma leguminosa tropicalcaracterizada por elevada diversidade genéticae elevado potencial de produção, que seadaptam às mais diferentes condiçõesambientais, mas desenvolve-se melhor nostrópicos úmidos e quentes (MAQUET et al.,1999), sendo amplamente distribuída pelasAméricas (GUTÍERREZ-SALGADO et al.,1995).

É uma espécie plurianual,predominantemente autógama, comaproximadamente10% de taxa de cruzamentonatural (HARDY et al., 1997). De acordo comBeyra eArtiles (2004), o hábitodecrescimentodessaespéciepodeser indeterminadotrepador,com o desenvolvimento da gema terminal emuma guia, ou determinado anão comdesenvolvimento completo da gema terminalemuma inflorescência. O feijão-fava se destacacomo uma das culturas da região Nordeste doBrasil, cultivado em regime de sequeiro, compouco uso de tecnologias, por agricultoresfamiliares, resultando em baixos índices deprodutividade, e grandeoscilação naprodução.

O feijão-fava (Phaseolus lunatus L.),tambémconhecido comofava oufeijão-de-lima,está presente entre as quatro espécies dogêneroexplorado eproduzidomundialmente; éutilizada na alimentaçãohumanae animal,parafornecer proteína vegetal, diminuindo adependência quase exclusiva dos feijões dogrupo Carioca; pode ainda ser utilizada comoadubo verde ou cultura de cobertura paraproteção do solo,sendo,portanto, uma fonte derenda e alimento (VIEIRA, 1992; ALCÂNTARA1998;PEGADOet al.,2008).

Outra característica que favorece aprodução do gênero Phaseolus, é a grandevariabilidade climática queseadaptam.Ofeijão-fava é uma leguminosa que requer poucaumidade quando comparada a outras espéciesdo mesmo gênero, e destaca-se como a maistolerante ao calor (SOTO et al., 2005). Sendoconsiderada, como cultura de importânciaeconômicaesocial,principalmente devido asuarusticidade, quepossibilita oprolongamentodacolheita em período seco (AZEVEDO et al.,2003).

No Brasil, o consumo épreferencialmente na forma de grãos verdescozidos. A fava é cultivada em quase todo oterritório nacional, atingindo relativaimportância econômica apenas em algunsEstados, incluindo a Paraíba. No ano 2000,foramproduzidas,no Brasil, 15,7mil toneladasde grãos secos de fava, numa área plantada de41,7 mil ha, sendo os maiores produtores osEstados da PB, CE, PI, PE e MG (IBGE, 2002).Conformedadosdo IBGE (2012), a Paraíba eraoprincipal Estado produtor defavadoBrasil, omaior em área cultivada e de melhorprodutividade com média, no período, foi de0,352t ha-1.Conformedadosdo IBGE (2016) AParaíba semantém como o principal produtorbrasileiro de feijão-fava,com área plantada de8.254ha, produção de 1.439 t, e produtividadede200kgha-1/ano,corresponde a 35,8% daproduçãonacional.

Tem sido observada grandevariabilidade no tamanho, cor e forma dassementes de feijão-fava, variação esta queparece estar relacionada ao genótipo.Devido àpouca exploração comercial do feijão-fava, faz-se necessário estudos morfológicos de

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sementes, pois, conforme Zimmermann eTeixeira (1996) é de fundamental importância,registrar omaiornúmeropossíveldecaracteresque identificam a planta, dando subsídios aosprogramas demelhoramento.A cultura da favatem merecido pouca atenção por parte dosórgãos de pesquisa e extensão, o que temresultado em limitado conhecimento dascaracterísticas agronômicasdacultura.

Na análise de alimentos, é de extremaimportância a determinação de seusparâmetros,podendoter diferentes finalidades,como a avaliação nutricional de um produto,controle de qualidade do alimento,desenvolvimento de novos produtos e amonitoração da legislação (AMORIM et al.,2012).

Para reduzir o teor de umidade dosalimentos, é adequado realizar o processo desecagem, que, além de prolongara vida útil,reduz significativamente os custos de certasoperações, como embalagem, transporte earmazenamento, que consequentementeaumenta o valor comercial do produto. Noentanto, a seleção das condições adequadas àoperação de secagem (temperatura, tipo desecageme tempo) influenciam diretamente naqualidade (SOUSA et al.,2017).

O teor de água dos grãos é, juntamentecom a temperatura, o fator primordial naconservação dos grãos e sementes. Quando oteor de água é baixo [11 a 13% (b.u.)], aatividade vital (respiração) é diminuída e ometabolismo éreduzido.Acombinaçãodebaixatemperatura e baixo teor de água dos grãos éideal para a armazenagemde sementes e grãosque necessitam da manutenção da suaqualidade(BRAGANTINI, 2005).

As propriedades físicas dos grãos esementes tambémsão de extrema importânciapara o dimensionamento e projeto deequipamentos transportadores, de limpeza eseparação,noempregodetécnicas utilizadas noarmazenamento e construção de silos e outrosdispositivos de armazenagem.O conhecimentodas relações entre as propriedades físicas e osfatores de deterioração, pode auxiliar nasolução de problemas relacionados àtransferência decalor emassaduranteasetapasde secagem e na aeração e para umarmazenamentocorreto doproduto(GONELI etal.,2003).

Sousa (2003) afirma que, durante oarmazenamento dos grãos de feijão, ocorremalgumas alterações químicas e estruturais quelevam a depreciação da qualidade geral e do

valor nutritivo do produto. Essa perda dequalidade caracteriza-se por mudanças na cor,no sabor e pelo aumento nograu de durezadosgrãos, resultando em acréscimos no tempo decozimento.

A qualidade dos grãos é importanteparâmetro para a comercialização e oprocessamento, podendo afetar o valor doproduto.Apesar detoda atecnologiadisponívelà agriculturabrasileira, asperdasqualitativas equantitativas, originadas durante oprocessodepós-colheita dos grãos, ainda não são bemcontroladas, e, durante o armazenamento, amassa de grãos é constantemente submetida afatoresexternos(FARONI et al.,2009).

Nesse sentido, o presente trabalho temcomo objetivo determinar as propriedadesfísicas de grãos defava emdiferentes teores deumidade.

Material e MétodosAsamostrasdefava (PhaseoluslunatusL.)

foramadquiridas emsupermercado commaiorfluxo de vendas localizado na cidade deCampina Grande–PB e encaminhadas paraanálise (Figura 1). As análises foramrealizadasno Laboratório de Armazenamento eProcessamentos de Produtos Agrícolas(LAPPA), localizado no Centro de RecursosNaturais e Tecnologia(CTRN) da UniversidadeFederal de CampinaGrande, CampinaGrande –Paraíba.

Figura 1.Grãosdefava in natura.

Amostras dos grãos foram umidificadosem teores de 48hs e 72hs utilizando-seembalagem fechada comágua e tela perfuradasuspensa. Os grãos in natura e em diferentesteores de água foram caracterizados quanto aspropriedades de teor de água determinado

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conforme metodologia prescrita nas Regraspara Análise de Sementes (BRASIL, 2009),utilizando o método da estufa, a 105 ± 3oC,durante 24horas, com3 repetições de 10grãospara avariedade, sendoosresultados expressosem% deteor deágua(b.u.).

Teor de água=100 (M -m)/M -t (Eq.1)

Em que:M=massa inicial das dosgrãos úmidase do recipiente que as contêm;m=massa final,do recipiente e das dos grãos secas; t = tara,massadorecipiente.

O tamanho e esfericidade das grãos foianalisado quanto ao comprimento, largura,espessura com auxílio de paquímetro digital(precisão de0,01mm)sendoque“a” representao comprimento ou o maior eixo, mm; “b” alargura oueixomédio,mm;e “c” a espessuraoumenor eixo, mm,utilizando 3 repetições de 10grãos para cada tratamento conformemetodologia de Mohsenin (1986). Trata-se deoutro critério para caracterizar um produtoagrícola onde se tenta aproximar formasgeométricasindefinidas à formaesférica.

Avaliaram-se, ainda, o peso de 30 grãos,onde foram contadas manualmente e emseguida pesadas em balança analítica comprecisão de 0,0001g (BRASIL, 2009). Após apesagemdasamostrasfoi calculadoa variância,o desvio padrão e ocoeficiente de variação dosvalores obtidos. O resultado de pesomédio foiexpresso emgramas.

Após foi calculado o volume (Figura 2)utilizando a Equação 2, e a seguir realizado ocálculo da massa específica real (rק) pelaEquação 3.

Vol (cm3) = massade fluido deslocado( )massaespecíficadofluido (g.cm‐3)

(Eq.2)

= m (g.cm‐3) (Eq.3)

Onde:קr =massa específica real; m=massa; Vr= volume (volume real, sem considerar aporosidadeintergranular).

Figura 2.Pesagemdamassaespecifica real.

Aporosidadefoicalculada pelométododeGustafsoneHall (1972) utilizando-seaEquação4.

=[1 -(ρ Ap/ ρun)] (Eq.4)

Onde: = porosidade (%); ρ Ap = massaespecífica aparente (kg.m-3); e ρ un = massaespecíficaunitária (kg.m-3).

A determinação do ângulo de talude dosgrãoscom3repetições foi realizada utilizando-se um aparelho construído em acrílico, comdimensões de500x200x400mm,quepermitea visualização do efeito produzido quando serealiza o escoamento do produto. Após oescoamentodomaterial determina-se o ânguloformadoentre abordadomaterial escoadocomo plano horizontal com auxílio de umdispositivo dotadodetransferidor.

Para análise dos dadosexperimentais foirealizada média,desvio padrão e coeficiente devariação.

Resultados eDiscussãoNas Tabelas 1 e 2 observa-se os

resultados obtidos para as 3 repetições dostratamentos da fava in natura (0hs) eumidificada(48 e72hs).

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Tabela 1.Propriedades físicas degrãosdefeijão-favain naturaRepetição TU

(%)M(g)

MER(g/cm3)

MEA(g/cm³)

P(%)

ARD(máx)

ARD(mín)

DMP (mm) Ea b cR1 15,77 0,76 1,25 0,80 36,13 15,00 10,00 16,39 11,36 6,01 2284,00R2 13,39 0,76 1,24 0,79 36,51 15,00 10,00 15,34 10,94 5,37 1945,89R3 15,11 0,83 1,23 0,75 38,66 16,00 13,00 16,19 11,10 5,63 2097,22

Média 14,76 0,79 1,24 0,78 37,10 15,33 11,00 15,98 11,13 5,67 2109,04Des.Pad. 1,23 0,15 0,05 0,02 1,11 0,47 1,41 0,56 0,21 0,33 362,35CV(%) 8,30 18,73 3,70 3,06 3,00 3,07 12,86 3,49 1,88 5,74 17,18

Legenda:TU: Teor deumidade;M: Massadogrão;MER: Massaespecífica real; MEA: Massaespecíficaaparente; P: Porosidade;ARD: Ânguloderepousodinâmico;DMP: Dimensõesmutuamenteperpendiculares; E: Esfericidade; CV:Coeficientedevariação.

Para o tratamento 0hs (in natura) osresultados indicam que, o teor médio de águados grãos de feijão-fava apresenta umcoeficiente de variação de 8,3%, commédia de14,76% e desvio padrão de 1,23 para avariedade estudada (Tabela 1). Bertolin et al.(2011), em trabalho realizado com diferentescultivares de feijão (Phaseolus vulgaris L.),observaram teores de águada ordemde11,45a13,85%. Estes forampróximosaosencontradosdos grãos de feijão-fava do presente trabalho.SegundoCoimbra (2007), o teor de águainicialdas sementes é um fator primordial para apadronização dos testes de avaliação daqualidade fisiológica a serem realizados,

ressaltando que o teor elevado de água podefavorecer o desempenho das sementes nostestes.

Para o tratamento com 48hs deumidificação, os resultados indicam que,o teormédio de água dos grãos de feijão-favaapresenta um coeficiente de variação de 2,8%,commédia de 16,17% e desvio padrão de 0,45paraavariedadeestudada(Tabela 2).NaTabela3,para otratamento com72hsobserva-seoteormédio de água dos grãos de feijão-favaapresentaumcoeficientedevariação de1,55%,commédiade16,02% edesviopadrãode1,55%ocorrendo umaestabilização.

Tabela 2.Propriedades físicas de grãosdefeijão-favacom48hdeumidificaçãoRepetição TU

(%)M(g)

MER(g/cm3)

MEA(g/cm³)

P(%)

ARD(máx)

ARD(mín)

DMP (mm) Ea b cR1 15,77 0,89 1,24 0,73 40,71 18,00 16,00 17,55 11,49 5,92 2274,04R2 13,39 0,86 1,24 0,74 93,88 20,00 18,00 16,83 11,32 5,69 2146,69R3 15,11 0,82 1,22 0,75 38,49 20,00 17,00 16,34 11,15 5,73 2124,57

Média 16,17 0,85 1,23 0,74 57,69 19,33 17,00 16,91 11,32 5,78 2181,77Desvio Padrão 0,45 0,09 0,04 0,01 25,61 0,94 0,82 0,61 0,17 0,12 266,75

CV(%) 2,80 10,70 3,18 0,99 44,38 4,88 4,80 3,59 1,52 2,14 12,23Legenda:TU: Teor deumidade;M: Massadogrão;MER: Massaespecífica real; MEA: Massaespecíficaaparente; P: Porosidade;ARD: Ânguloderepousodinâmico;DMP: Dimensõesmutuamenteperpendiculares; E: Esfericidade; CV:Coeficientedevariação.

Para os grãos in natura, pode-seobservar uma variação em função docomprimento (a), largura (b) e espessura (c)dos grãos, que variam de 15,34 a 16,39mm,10,94 a 11,36mm e de 5,37 a 6,01mm,respectivamente. Santos et al. (2002),trabalhando com fava, verificaram que ocomprimento dos grãosvariou de7,8a 17,5mmea largura de5,8a 11,7mm,sendoestesvaloresinferiores aos do presente estudo.Para Araújoet al. (1975), o comprimento das sementesvariaram de 9 a 23mm, e larguras entre 6 e16mm, para quatorze variedades de favaoriundas do Distrito Federal e dos estados deMinas Gerais, São Paulo e Goiás, apresentandoassim, variação na biometria das sementes defeijão-fava, em função da diversidade devariedades existente. Haja vista que, sementesmaioresapresentammaiores teores dereserva,

é importante ressaltar que as diferentescaracterísticas entre estas sementessão típicasdasvariedades (Tabela 1). SegundoSilva eCosta(2003), os tamanhos das sementes variam demuito pequenas (menos que 20 g) a grandes(mais que 40 g/100 sementes). Esta variação,também,está relacionada aogenótipo.

Nopresente trabalho, osvalores médiosda massa específica aparente dos grãos innatura sãode0,74g,correspondendo a74,00gpara cada 100 dos grãos, com médiaaproximada para os valores encontrados porAzevedoetal.(2003).Para Oliveira etal.(2011),o pesode 100 sementes variou de31,16a49,9g.Resultados ainda encontrados por Guimarãeset al. (2007), obtiveram peso de 15,0 a 88,9 gpara 100sementesde feijão-fava.

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a

b

cFigura 3.Dispersão dosvalores damassadogrãoin natura (a); massadogrãoumidificadoapós48hs(b); massadogrãoumidificado após

72hs(c).

A porosidade da massa de grãosapresenta-separa o feijão valores entre 36,13a38,66%, na faixa de umidade estudada.Observa-se que, a porosidade descrevecomportamento semelhante à maioria dosprodutos agrícolas, apresentando redução dosseusvalores coma diminuição do teor de água.Resultados similares encontrados por Resendeet al. (2008).

Conformeas Tabelas 1,2 e 3 verifica-seque, ocorre uma redução da massa específicaaparente e da massa específica unitária dosgrãos de feijão como aumento do teor de água.Os valores experimentais da massa específicaaparente e unitária para o feijão variam entre1,22 a 1,24 g cm-3 e 1,22 a 1,29 g cm-3,respectivamente, para o teor de água doproduto variando de 14,76 a 16,17. Estesresultados são coerentes com a maioria dosprodutos agrícolas pesquisados (AFONSOJÚNIOR et al., 2000; CHANDRASEKAR &VISWANATHAN, 1999; CORRÊA et al., 2004;RUFFATO et al.,1999).

Tabela 3.Propriedades físicas de grãosdefeijão-favacom72hdeumidificaçãoRepetição TU

(%)M(g) MER (g/cm3) MEA

(g/cm³)P(%)

ARD(máx)

ARD(mín)

DMP (mm) Ea b cR1 16,20 0,74 1,22 0,74 38,70 20,00 18,00 16,7010,975,93

2157,05R2 16,14 0,76 1,26 0,73 41,61 20,00 19,00 15,9311,415,912246,26R3 15,74 0,71 1,29 0,71 45,19 20,00 18,00 16,5011,225,732147,23Média 16,02 0,74 1,25 0,73 41,83 0,00 18,33 16,3711,205,86

2183,51Desvio Padrão 0,25 0,16 0,05 0,02 2,65 0,00 0,47 0,40 0,22 0,11 253,59C.V(%) 1,55 21,53 3,80 2,74 6,34 0,00 2,57 2,42 1,94 1,91 11,61

Legenda:TU: Teor deumidade;M: Massadogrão;MER: Massaespecífica real; MEA: Massa específicaaparente; P: Porosidade; ARD: Ângulode repousodinâmico; DMP: Dimensõesmutuamenteperpendiculares; E: Esfericidade; CV:Coeficiente devariação.

Verifica-se um aumento linear naesfericidade e na circularidade dos grãos defeijão como aumentodo teor de umidade.Paraos dois tratamentos de umidade (in natura e72hs)apresentamvalores queoscilamemtornode uma esfericidade média de 2109,04 a2183,51 com um desvio padrão de 362,35 e253,59, respectivamente. A importância dadeterminação da esfericidade está diretamenterelacionada com o cálculo da velocidadeterminal dosprodutos.A partir da esfericidadese determina o coeficiente de arraste cujoconhecimento é fundamental para o

desenvolvimento de máquinas que utilizamfluxo de ar para separar as impurezas (NAKA,2010). De acordo com Santos et al. (2013), emestudo realizado em grãos de feijão-caupi,verificaram queotamanhoeovolumedosgrãosaumentam proporcionalmente ao teor deumidade, visto que, quanto mais água,maior otamanhoda semente.

ConclusãoCombase nos resultados obtidos pode-

se concluir que o aumento do teor de águainfluenciou aspropriedades físicas dosgrãosde

0,00

0,50

1,00

1,50

0,0000 0,5000 1,0000 1,5000

Volume/Massa do grão(g)

0,00

0,50

1,00

1,50

0,0000 0,2000 0,4000 0,6000 0,8000 1,0000

Volume/Massa do grão(g)

0,00

0,50

1,00

1,50

0,0000 0,5000 1,0000 1,5000

Volume/Massa do grão(g)

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feijão de fava, proporcionando o aumento daporosidade, o aumento das massas específicasaparente e real, edamassaespecíficaunitária.

Dentro das características físicasestudadas, o comprimento, a largura, aespessura, o volume e a massa individualcresceram como aumento do teor de água dofeijão-fava e a massa específica aparentedecresceu comesseaumentodoteor de água.

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Capítulo 9

AVALIAÇÃODASCONDIÇÕESHIGIÊNICO-SANITÁRIAS DEQUEIJOCOALHOEDOSESTABELECIMENTOS QUEOCOMERCIALIZAMNA

CIDADEDESIRINHAÉM – PERNAMBUCODeborahSilvado Amaral1MarcosJuliano Gouveia2

Paulo ViníciusSouzaBandeira deAlmeida3DeniseSilva doAmaral Miranda4RubensMacielMiranda Pinheiro5

1Professora doDepartamentodeDesenvolvimentoEducacional do Instituto Federal doPernambuco,IFPE/Campus Barreiros–PE, [email protected]

2TécnicoemAlimentoseLaticínios doInstituto Federal doPernambuco,IFPE/Campus Barreiros–PE,[email protected]

3GraduadoemTécnicoemAlimentosdoInstituto Federal doPernambuco,IFPE/Campus Barreiros–PE,[email protected]

4,5ProfessoresdoDepartamentodeDesenvolvimento Educacional doInstituto Federal doCeará,IFCE/CampusTauá–CE, [email protected];[email protected]

IntroduçãoOqueijo de coalho, segundo a Instrução

Normativa n° 30,de 26/06/2001que aprova oRegulamento Técnico de Identidade eQualidade em que é definido como o produtoobtido a partir da coagulação do leite porintermédio de coalho ou de enzimascoagulantes apropriadas, complementada ounão pela ação de bactérias lácteas selecionadasecomercializado normalmentecomaté dezdiasapóssuafabricação(BRASIL, 2001).

Este queijo se destaca quanto acomposição, pois apresenta elevado valornutricional devido grande concentração deproteínas, sais minerais e vitaminas(MANGUEIRA et al., 2002). Além disso, ésensorialmente aceito pelo consumidor.Entretanto, as condições de processamento,armazenamento e comercialização podemcomprometer suas características sensoriais(COSTA et al.,2012). SegundoAndrade (2006),o queijo de coalho apresenta diferentescaracterísticas sensoriais dependendodaregiãoemqueele éproduzido,e queummesmoqueijofeito nomesmolocal pode apresentar umperfilsensorial diferente observado pelosconsumidores. Neste sentido, Medeiros et al.(2015) visaram estabelecer umperfil geral dascaracterísticas sensoriais do produtoprocessado na mesorregião da Paraíba,Nordeste do Brasil, assim relataram que oqueijo coalho apresenta geralmente uma coramarela clara, um aroma amanteigado, saborlevemente salgadoouácidoeumatextura firme.

O queijo coalho é um produtotipicamente nordestino e muito popular,amplamente consumido pela população local,seja na forma natural, assado ou frito, comotambém muito utilizado em preparaçõesculinárias, sendo, atualmente,muito difundidoem todo o território brasileiro (NASSU et al.,2006).É produzidoprincipalmente nosestadosdo Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba ePernambuco. A produção rural de queijo decoalho representa uma importante atividadeeconômica e social para os pequenosprodutores, especialmenteàquelesquenãotemacesso às usinas de beneficiamento,demonstrando o seu caráter popular e de altovalor comercial na região interior do estadodePernambuco(NASSU et al.,2006).

Por setratar deumprodutoperecível,quegeralmente é produzidode forma artesanal emcondiçõeshigiênico-sanitárias deficientes, paragarantir a qualidade do produto entre outrosfatores, as práticas de higienização sãofundamentais desde a obtenção, transporte earmazenamento do leite, durante as etapas deprocessamento do queijo, bem como naexposição para venda. A comercialização doqueijo coalho é, de uma forma geral, efetuadaem feiras livres, padarias, mini e supermercados, podendo chegar aos pontos devendas por produtores ou atravessadores seminspeçãoe controle dequalidade doalimento,oquepoderesultar emimpactonegativonasaúdepública(SILVA et al.,2018).

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A comercialização dequeijo decoalhoemfeira livre se destaca pela facilidade e grandediversidade nos preços. Além disso, há umapreferência do consumidor por feiras livres,devido à crença de que os alimentos alicomercializados são sempre frescos e dequalidadesuperior. Entretanto,muitas vezesosalimentos estão expostosa várias situaçõesquepropiciama suacontaminação,dasquaispodemser citadas a contaminação através dosmanipuladores quando não adotam práticasadequadas demanipulação, exposição doalimento para venda, bem como o seuacondicionamento e armazenamento emcondiçõesinapropriadas (SILVA etal.,2009).

Em supermercados, nos setores demanipulados, encontra-se com grandefrequência alimentos fracionados eminimamenteprocessados.Osdiversos tipos dequeijo normalmente são manipulados efracionados nos setores de padarias e frios, osquais requerem que as condições higiênico-sanitárias estejamsatisfatóriasparapreservar avida de prateleira dos produtos (LEITE et al.,2013). Assim, analisar as condições sanitáriasdosestabelecimentos é fundamental para queasociedade seja conscientizada de que osalimentos comercializados podemounão estaremacordo comas normas higiênico-sanitárias(MATOS et al., 2015) recomendada pelalegislaçãoespecífica.

Portanto, considerando a importância doqueijo de coalho nos comérciosPernambucanos, bemcomoa carência dedadossobre as condições higiênico-sanitárias dosqueijos e dos estabelecimentos que ocomercializam na cidade de Sirinhaém-PE, oobjetivo deste trabalho é avaliar a qualidademicrobiológica dos queijos de coalho e ascondições higiênico-sanitárias dos locais que ocomercializam(supermercadose feira livre).

Material e MétodosDiagnóstico das condições higiênico sanitáriasdosestabelecimentos

Para realizar um diagnóstico dascondições higiênico-sanitárias da feiramunicipal e dos supermercados quecomercializam queijo coalho na cidade deSirinhaém–PE, realizou-se visitas técnicas aolocal nomêsde julho de 2018.

As condições das Boas Práticas deFabricação foram avaliadas pela aplicação deum checklist com 30 perguntas (Tabela 1),baseada na Resolução RDC nº 216, de 15 desetembrode 2004da ANVISA (BRASIL, 2004).As opções de respostas para o preenchimentoda lista de verificação foram: Conforme -quando atendeu ao item observado, NãoConforme - quando não atende ou atendeparcialmente e Não Aplicável (NA) - requisitonãose justifica.

Tabela 1.Categoriasequantidadedequesitosavaliados na lista deverificaçãoCategoriasAvaliadas NºdeQuesitos

Instalações 06Hábitos higiênicose vestuário dosmanipuladores 08

Água 03Higiene dosalimentos 09

Utensílios 04

Para classificação dosestabelecimentos,foram utilizados 3 intervalos: Bom: de 76 a100% deatendimentodosquesitos;Regular: de51a 75% de atendimento dosquesitos; eRuim:de 0 a 50% de atendimento dos quesitos(BRASIL, 2002).

AnálisemicrobiológicaPara avaliar a qualidademicrobiológica

dos queijos de coalho, 10 amostras foramcoletadasaleatoriamente em5pontosdevenda,sendo 2 supermercados que comercializamqueijos com rótulo e indicação de inspeçãosanitária, e 3 pontos na feira livre quecomercializam queijos artesanais sem rótulo esem indicação de inspeção. Tais pontos de

venda foram identificados como:P1, P2, P3, P4e P5 respectivamente. Em seguida,as amostrasforam levadas em caixas isotérmicas para oLaboratório de Microbiologia do InstitutoFederal do Pernambuco campus Barreiros,sendomantidossobrefrigeração atéomomentodaanálise.

As amostras foram submetidas aanálises microbiológicas para contagens deColiformes Totais, Staphylococcus aureus ebactérias aeróbias mesófilas seguindo ametodologiapreconizada pela American PublicHealth Association(APHA, 2001).

Para o preparo das amostras, 25g dequeijo foram homogeneizados em águapeptonada (225mL) por 2 minutos.

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Posteriormente diluiçõesdecimaisseriadas(10-110-210-3) foram feitas e inoculadas nosmeiosdecultura adequadospara cadamicrorganismo.Osresultados foram avaliados considerando oscritérios microbiológicos citados pela RDC(ResoluçãodaDiretoria Colegiada),n° 12/01daANVISA (Agência Nacional de VigilânciaSanitária), para queijodecoalho.

Resultados eDiscussãoDiagnósticodas condições higiênico-sanitáriopela aplicação dochecklist

Considerando os critérios declassificação estabelecidos pela Resolução RDCn° 275(BRASIL, 2002),as condiçõeshigiênico-sanitárias dos supermercados e da feiramunicipal analisados neste estudo, sãoconsideradas regular e ruim respectivamente(Figura 1). Os supermercados alcançam 63%

(P1) e 67% (P2) de adequação ao checklist,correspondentea19e20dos30itens avaliados.Já àsbancasdecomercializaçãodequeijocoalhoda feira livre apresentam baixo percentual deconformidadesendo30% (P3), 23% (P4) e16%(P5). Resultadosemelhanteé relatadoporLeiteet al.(2013) aoavaliarem ospadrõeshigiênico-sanitários dos estabelecimentos classificadoscomo supermercados em Barra do Garças-MT(total de cinco estabelecimentos), os quaisreportam média de adequação entre 64 e 80pontos, sendo classificados como regular.Martins e Ferreira (2018) ao realizarem acaracterização das condições higiênico-sanitária dasfeiras livres dacidadedeMacapáeSantana-AP também reportaram baixopercentual de adequação, tais como 27% nafeira doNovoBuritizal (Macapá) e17% nafeiradoNovoHorizonte eaeira deSantana.

Figura 1.Percentual deadequaçãoaochecklistdaANVISA.

Deacordo comaRDCnº 216daANVISA(BRASIL, 2004) as principais nãoconformidades observadas nos supermercados(P1 e P2) são os pisos com rachaduras,atendentes que embora usam luvas, não lavamas mãos antes de manipular o queijo, a nãohigienização das facas, e tanto as embalagensquandoos utensílios não são armazenados emum local adequado, pois ficam em cima dabancada exposto para qualquer pessoa tocar,bem como a possibilidade de insetos. Quantoaos itens adequadosà legislação foi observadoqueosatendentes/manipuladores dealimentosfazemusode roupas brancas adequadas para otrabalho, não usamadornos, tais comobrincos,

colares e anéis. Além disso, mantem as unhascortadas e sem esmaltes, também seapresentam equipados com toucas e máscaras.Destaca-seaindaque,ofato deosqueijos seremembaladose terem selo de fiscalização,alémdeserem comercializados sob refrigeração, podedespertar o interesse dos consumidores maispreocupados coma conservação e a segurançadealimentos.

Em estudo semelhante Leite et al.(2013) reportaram que a avaliação higiênico-sanitária das instalações, produção,manipulação, acondicionamento e exposição àvenda dos alimentos em supermercadosfornece subsídios quepossibilitam umatomada

01020304050607080

1 2 3 4 5

Percentualdeadequação

aochecklist

Estabelecimentos

Série1 Série2 Série3

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de decisão por parte dos responsáveis pelosestabelecimentos, baseada em fatos e dados,favorecendo a melhoria da qualidade dosprodutoseserviços relacionados.

Comrelação as barracas da feira livre,observa-se que estão em desacordo com alegislação para comercialização dos queijoscoalhos, onde observa-se que as superfícies deexposição são principalmente de madeira,sendoestematerial impróprio por ser porosoede fácil absorção de água,o que podefavoreceratividades microbiológicas e possívelcontaminação dos produtos, além de que as

bancadas estarem cobertas apenas com sacosplásticos ealgunstecidosbrancos(Figura 2), osquais não são regularmente higienizados.Martins e Ferreira (2018) também reportamque é recorrente encontrar bancadas demadeira para exposiçãode alimentos em feiraslivres. SegundoaRDCn° 216daANVISA (2004),as superfícies de exposição à venda dosalimentos devem ser lisas, impermeáveis,laváveis eestar isentasderugosidades,frestaseoutras imperfeições que possam comprometera higienização dos mesmos e serem fontes decontaminação dosalimentos.

Figura 2.Pontosdevendadequeijocoalhona feira livre nacidadedeSirinhaém–PE.

Considerandoque oqueijo coalho é umprodutoperecível e queprecisa de refrigeraçãopara garantir a sua conservação e a segurançado consumo, observa-se que a exposição doproduto à temperatura ambiente é um fatorcrítico para aqualidadedoprodutoeasaúdedoconsumidor.Normalmente esta prática é usadapara favoreceravelocidadedevendaporpassarimpressão de frescor do produto. Fazendo umparalelo comum estudo feito por Falcão et al.(2018) na feira do Tabuleiro em Maceió–AL,onde100% dasbarracasavaliadasestavamsemo acondicionamento adequado, verifica-se queesta é uma característica muito presente nacomercializaçãodosqueijosnasfeiras livres. Nomesmoestudo,foi apontadaaimportância deseter uma monitoração regular nessas áreas porprofissionais qualificados ou indivíduostreinados, nomeiodeevitar abaixaouaumentoda temperatura e isso interfira na qualidadedoproduto.

Em relação as instalações, foramobservadas como inadequações a presença deanimais domésticos (cães e gatos) circulandolivremente. Comportamento semelhante foireportado por Falcão et al. (2018), os quaisrelatam apresençadeanimaiscirculantes entreas barracas. A RDC 216 (BRASIL, 2004) indicaque nãoé permitida a presença de animais nasáreas internas e externasdosestabelecimentos.Além disso, foi observado o contrário a

Legislação Nacional de que, as bancas na feiralivre são instaladas próximas de lixeiros, bemcomonãohá proteção para chuva e sol,estandoassim os produtos expostos as intempéries epragasurbanas.

Em relação as não conformidadesrelacionadas aos manipuladores de alimentos,verifica-se que osmesmos não utilizam roupaadequada para a realização do trabalho, nãodispõemdenenhum tipode touca,homenscombarba easunhasnãoestavambemlimpas.Alémdisso,observa-sequeosmanipuladores fazemouso de luvas, entretanto as mesmas não sãoarmazenadas em um local seguro, livres dapoeira local, pois encontram-se em cima dabancada. Em estudo semelhante, Costa et al.(2012) aoavaliarem operfil dosmanipuladoresde alimentos/feirantes repostaram que emrelação ao uso de equipamentos de proteçãoindividual (EPI’s) 66,6% não utilizavam luvas,33,3% não utilizavam aventais e ou batas e33,3% não utilizavam sapatos fechado. Assimreforçando a necessidadedeaçãodosórgãosdeinspeção de produtos de origem animal naaplicação de medidas de educação sanitáriacomo aplicação de treinamentos relativos amétodos de manipulação de alimentos paragarantir ofornecimentodeprodutosadequadosaoconsumo.

Os pontos P3 e P5 apresentamirregularidades no tocante à divisão do

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trabalho, onde a mesma pessoa que corta oqueijotambémrecebeodinheiro, alémdeterembarbas e usode relógio. Já no pontoP4, emboraduas pessoasrealizam tarefas diferentes, assimevitando manipular alimento e dinheiro aomesmo tempo, e não utilizassem adornos, omanipulador do queijo possui barba e fazo usodeluva transparente apenasemumaúnicamão.Sendo um ponto que merece atençãoconsiderando que, o uso da luva não eliminatotalmente apossibilidade decontaminaçãopormanipulação inadequada.

Portanto, ressalta-se a necessidade decapacitação dos manipuladores de alimentos,principalmente dos feirantes, emBoas Práticasde Fabricação. Esta é uma recomendação doCodexAlimentarius (2006), daRDC216/2004eda RDC275/02, ambas daAgencia Nacional de

Vigilância Sanitária, as quais indicam que todasas pessoas quemanipulem alimentos recebaminstrução adequada e contínua em matériahigiênica sanitária, na manipulação dosalimentos ehigienepessoal,comvistas aadotaras precauções necessárias para evitar acontaminação dosalimentos.

AnálisemicrobiológicaDe acordo com os resultados das

análises microbiológicas (Tabela 2) os valoresde Coliformes Totais são consideradosadequados para as duas amostrascomercializadas no supermercado (P1 e P2),entretanto as três amostras comercializadasnafeira livre (P3, P4 e P5) apresentam-seinadequadas para consumopor apresentaremalta contagemdeColiformesTotais.

Tabela 2.Análisesmicrobiológicasdosqueijos coletadosna cidadedeSirinhaém

Locaisde coletaMicrorganismos

ColiformesTotaisNMP/g

Bactérias MesófilasUFC/g

StaphylococcusaureusUFC/g

Supermercado P1 93 3,5x105 5,2x104P2 210 1,3x105 1,7x105

Feira livreP3 1˃,1x103 5,4x105 5,8x105P4 1˃,1x103 4,3x105 7,8x105P5 1˃,1x103 6,7x105 9,8x105

Legislação - ≤5x102 - ≤5x102

A Legislação Brasileira (BRASIL, 2001)indica queolimite máximodeColiformesTotaispara queijo coalho éde5x102NMP/g. Combasenesse limite, 60% das amostras analisadasencontram-seinadequadaspara consumo,oquepode ser consequência de carência de boaspráticas de fabricação na cadeia produtiva,desde a obtenção da matéria-prima até acomercialização desses produtos emcondiçõesinadequadas. Resultado semelhante foireportado por Santana et al. (2008) aoanalisarem a qualidade microbiológica dequeijo-coalho comercializado no mercadocentral em Aracaju, SE. Estes autoresverificaram que 93,3% dos queijos analisadosnão estavam aptos à comercialização e,consequentemente, ao consumo humano. EmestudosemelhanteSilva et al. (2018) indicaramque 100% das amostras de queijo coalhocomercializadas em feiras livres no municípiode Petrolina apresentaram contagens deColiformes Totais superiores ao limite dalegislação.

Quanto a contagem de Staphylococcusaureus,todasasamostrasavaliadas apresentamvalores superiores ao limite estabelecido na

legislação que éde500UFC/gou5x102UFC/g.Assim,100% das amostras coletadas na cidadede Sirinhaém-PE, ambas com e semrótulo/inspeção apresentam-se imprópriaspara consumo. Em estudo semelhante,avaliando a qualidade de queijos de coalhocomercializados nomunicípio doCabode SantoAgostinho-PE,Oliveira et al. (2010) reportaramque 76,19% das amostras apresentaramcontagens variando entre 1,6 x 103 a 2,0 x 105UFC/g tambémsuperiores ao querecomenda alegislação. Estes autores enfatizaram que, dasamostras classificadas comoimpróprios para oconsumohumano, 79,41%dos queijos decoalho tinham rótulo com inspeção estadual(tipo B) e 71,43% seminspeção,já asamostrasclassificadas como tipo A, apresentaramcontaminação, por este microrganismo, emnível tolerável.

Para as contagensde bactérias aeróbiasmesófilas, 100% das amostras analisadas sãoconsideradas elevadas. Comportamentosemelhantefoi reportadopor Silva et al. (2018)ao avaliaram os aspectos microbiológicos dequeijoscoalhoscomercializadosemfeiras livresdo município de Petrolina-PE, os quais

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reportaram contagens de bactérias aeróbiasmesófilas entre 6,2 x 1010 a 1,2 x 1011UFC/g,destacando que este resultado indica falha nascondiçõesbásicasdehigiene.Matosetal.(2015)relataram que os problemas encontrados nasfeiras livres quanto as condições higiênico-sanitárias estão na maioria das vezesrelacionadas com a má estrutura das bancas,dos produtores, dos produtos comercializadosde maneira incorreta e dos feirantes, os quaisapresentam necessidade de conscientização ecapacitação.

ConclusãoDiante do exposto, verificou-se que as

amostrasanalisadasestavamimpróprias para oconsumo, pois apresentaram em geralcontagens de coliformes totais, bactériasaeróbiasmesófilas e Staphylococcus aureussuperiores aos limites estabelecidos pelalegislaçãoBrasileira.

Quanto a avaliação dos pontos decomercialização de queijo coalho na cidade deSirinhaém – PE, pode-se concluir que ascondições higiênico-sanitárias, principalmentedospontosdevenda dafeira livre estavamforados padrões estabelecidos pela RDC216/2004,apresentando a necessidade de maioresinvestimentos na estrutura física, fiscalizaçãoefetiva pelos órgãos competentes, bemcomoacapacitação dos manipuladores dealimentos/feirantes.

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Capítulo 10

AVALIAÇÃODOEFEITO DAPASTEURIZAÇÃONASCARACTERÍSTICASFÍSICO-QUÍMICASEBIOATIVAS DAPOLPADAGOIABA(Psidum

guajavaL.)VirgíniaMirtesdeAlcântara Silva1

NewtonCarlos Santos2Raphael LucasJacintoAlmeida3

VictorHerbert deAlcântaraRibeiro4LucasRodolfoInácio daSilva5LarissaMonique Rodrigues6

AnastáciaMaria Mikaella CamposNóbregaAndré7

1,4DoutorandosdoPrograma de Pós-GraduaçãoemEngenharia eGestãodeRecursos Naturais, UniversidadeFederal de CampinaGrande,UFCG/CTRN/CampusCampinaGrande-PB,

[email protected];[email protected],3DoutorandosdoPrograma de Pós-GraduaçãoemEngenharia Química,Universidade Federal doRio Grande do

Norte,UFRN/CCT/UAEQ/CampusNatal–RN,[email protected];[email protected]

5Engenheiro deBiotecnologia e Bioprocessos,Mestre emEngenharia de Química,[email protected] Agrícola,Universidade Federal deCampinaGrande,UFCG/CTRN/UAEA/Campus

CampinaGrande-PB, [email protected] Agrícola, DoutoraemEngenharia deProcessos,[email protected]

IntroduçãoA goiaba (psidium guajava L.) é uma

fruta tropical encontrada principalmente nospaíses tropicais e subtropicais. Pertence àfamília das Myrtaceae. Essa fruta éfrequentemente considerada uma superfrutapor causa deseu rico conteúdode vitamina A eC e suas sementes são ricas em ácidos graxosômega-3e ômega-6polissaturados e possuemum nível especialmente alto de fibrasalimentares (LAMO et al., 2019). SegundoGhalati et al. (2020) a sua produção atingeaproximadamente 6,8milhões de toneladas noano.

A goiaba, por ser uma fruta rica emcompostosbioativos, temapresentado umaltopotencial benéfico para a saúde humana. Apossibilidade de reduzir o risco dedoençaspormeio de dietas tem atraído a atenção dacomunidade científica e de indústrias com oobjetivo de desenvolver alimentos funcionais,ouseja,alimentos ricos emcompostosbioativosque apresentam poder benéfico à saúde. Essescompostos podem ser definidos comonutrientes com ação metabólica ou fisiológicaespecífica, agindocomoantioxidantes, ativandoenzimas de detoxificação hepática, bloqueandoatividade de toxinas virais e bacterianas e,ainda, diminuindo a agregação plaquetária(MENEZES et al.,2016).

Devidoaoseualto valor nutritivo epelaexcelente aceitação para oconsumona forma innatura,a indústria teminvestido noconsumodagoiaba na forma de polpa, sucos e produtosderivados, no entanto, é limitada devido aproblemas no seu processamento, com porexemploa falta detratamento térmicos eficazes(SOUSA et al., 2019; LAMO et al., 2019). Oprocessamento térmico de alimentos induz ainativação de enzimas e microrganismos adeterminada temperatura e tempo deexposição, mas também leva à modificaçãosensorial e nutricional (SIGUEMOTO et al.,2019).

Diferentes tratamentos térmicos têmsido propostospara a conservação pós-colheita,entre eles a pauteurização (MONROY et al.,2018). A pasteurização é uma técnicatradicional e mais comumente usada até nasindústrias atuais, com intuito de aumentar avida útil do produto, no caso de frutas apasteurização é realizada geralmente com apolpa,queé a fraçãomaisconsumida(SILVA etal.,2018).

Neste sentido, o presente trabalho temcomoobjetivo realizar apasteurizaçãodapolpada goiaba e avaliar o efeito desta nas suascaracterísticas físico-químicasebioativas.

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Material e MétodosA matéria-prima utilizada no

desenvolvimento desse trabalho consistiu degoiabasda polpavermelha (psidiumguajava L.)em estádio de maturação maduras, adquiridasnocomercio local dacidade deNatal-RN.

As goiabas foram selecionadas, lavadas,higienizadas e sanitizadas em hiplocorito desódioemsolução(200ppm) por 10minutos.Emseguida foram descascadas de forma manualcomauxílio de umafaca doméstica.Comauxíliode um processador de alimentos doméstico, aspolpas foram homogeneizadas sem adição deágua e acondicionadas em um recipiente devidro (previamente esterilizado). Após orecipiente ser preenchidocomapolpadagoiabae ser lacrado, omesmofoi colocado em banhomaria a 65°C por 30minutos,o quecaracterizaumapasteurização lenta,quetemcomoobjetivoinativar enzimas e destruir microrganismospatogênicos, assim como também preservar omáximodas suas características nutricionais esensoriais. Em seguida, foi realizado oresfriamento rápido das amostras (recipientesde vidro) em banho de gelo, afim de evitar oexcesso de calor. O processo foi concluídoquando a temperatura das amostras atingiu atemperatura de20°C.

Análises físico-químicasedecompostosbioativosAs polpas de goiaba in natura e

pasteurizadas foram submetidas as seguintesdeterminações: teor de água,atividade de água(aw), pH, acidez total titulável (ATT), sólidossolúveis totais (SST), ratio (SST/ATT) e cinzasem que seguiu a metodologia de acordo comnormasestabelecidaspelo Instituto AdolfoLutz(BRASIL, 2008), sendo todas as análisesrealizadas emtriplicata. Oscompostosfenólicostotais foramquantificadosapartir dométododeFolin-Ciocalteau descrito por Waterhouse(2006), utilizando ácido gálicocomopadrão.

Teor de umidadefoi realizada emestufaà vácuo a 70ºC, onde foram pesadas 5g dasamostras em cápsulas, previamente taradas, eaquecidadurante 6horas,sobpressão reduzida≤100 mmdemercúrio (13,3 kPa), e resfriadasem dessecador até a temperatura ambiente,pesadas e repetida esta operação até pesoconstante.

Atividade de água (Aw) foi realizadaleitura direta em equipamento Aqualab® natemperaturade25°C.

O pH foi determinado pelo métodopotenciométrico, utilizando pHmetro dofabricante TECNAL. Antesde iniciar a análise,opotenciômetro digital foi ligado 15 minutosantes para estabilizar o circuito elétrico epreviamente calibrado com soluções tampõesde pH7,0e 4,0a temperatura de 20°C.

A acidez total titulável foi determinadapor titulometria comNaOH0,1N.Para isso,umaalíquota de 5g da amostra foi colocada emErlenmeyer completando-seo volume para 50ml com água isenta de CO2.Para determinaçãodo ponto de viragem foi utilizado pHmetrosendoa titulação finalizada empH iguala 8,2.Ovalor obtido foi expresso em percentual deácidocítrico.

O Teor de sólidos solúveis totais (SST)foi determinado por refratometria, utilizando-se refratômetro digital de bancada, marcaHanna e os resultados foram expressos em°Brix.

A relação sólidos solúveis/acidez totaltitulável (ratio) foi determinadopeloequilíbrioentre doce-ácidodoproduto efoi calculadapelarelaçãoentresólidossolúveiseaacideztitulável(SST/ATT).

O Teor de cinzas foi quantificado porgravimetria apósincineração emmuflaa550°C.O método de baseou na perda de peso queocorre quandoo produto é incinerado a 550ºC,comdestruição damatéria orgânica.

Os cálculos realizados para adeterminação dos compostos fenólicos totaisforam baseados em uma curva padrão comácido gálico, e as leituras realizadas emespectrofotômetro a 765nm,comosresultadosexpressos emmg100g-1deácido gálico.

AnáliseestatísticaOsresultados obtidosforamsubmetidos

àanálisedevariância defatorúnico(ANOVA) de5% deprobabilidadeeasrespostasqualitativassignificativas foram submetidas ao teste deTukey adotando-seo mesmo nível de 5% designificância. Para o desenvolvimento dasanálises estatísticas o software ASSISTATversão 7.0foi utilizado.

Resultados eDiscussãoNa Tabela 1, estão apresentados os

valores (média ± desvio padrão) dascaracterísticas físico-químicas e compostosbioativos da polpa de goiabain natura e apósoprocessotérmico de pasteurização.

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Tabela 1.Características físico-químicase compostosbioativos daspolpasde goiabanãopasteurizadas(in natura) epasteurizadas

Parâmetros Polpa de goiabaIn natura Pasteurizada

Teordeágua(%) 89,48a ±0,02 90,70a ±0,08Atividade deágua(aw) 0,981a ±0,01 0,989a ±0,01

pH 3,80a ±0,01 3,84a ±0,02Acideztotal titulável (% ácidocítrico) 0,51a ±0,12 0,48b ±0,09

Sólidossolúveistotais (°Brix) 9,72b ±0,17 11,02a ±0,19Ratio (SST/ATT) 19,06b ±0,29 22,95a ±0,28

Cinzas(%) 0,49a ±0,22 0,24b ±0,15Compostosfenólicos totais (mg100g-1de ácido gálico) 57,45b ±2,14 71,37a ±3,54

Nota:Médiasseguidaspelamesmaletra sobescritanamesmalinha nãodiferemsignificativamente aonível de5% ,pelo testedeTukey.

Apolpainnatura apresenta teordeáguade 89,48% e a polpa submetida ao processodepasteurização apresenta teor de 90,70%,evidenciando que o processo de pasteurizaçãoaumentouem1,22% oteor deáguadapolpa,noentanto, estatisticamente esse aumento não ésignificativo ao nível de 5% de probabilidadepelo teste de Tukey. Machado et al. (2019) aoavaliarem o efeito da pasteurização nascaracterísticas físico-químicas da polpa dephysalis, tambémobservaram aumento no teorde água de 80,32para 82,09%. Menezes et al.(2016) obtiveram 87,96% de teor deáguaparapolpa de goiabavariedade Paluma in natura. OInstituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2008) indicateores de umidade em frutas na faixa de 65 -95g/100g.

Para o parâmetro de atividade de água(aw), tambémse observa aumentono seuvalorde 0,981para 0,989entre a polpa in natura epasteurizada, respectivamente. Sendo esteaumento não significativo estatisticamente (p>0,05).Castroet al. (2016) obtiveram atividadede água de 0,98 para polpa de goiaba nãosubmetida a tratamentos térmicos. Fellows(2006), classifica alimentos comaw>0,95comoalimentosdealta perecibilidade.

Com relação aos valores de pH ocorreaumentode3,80para 3,84quando se aplicou oprocesso de pasteurização, no entanto essesvalores não apresentam diferençassignificativas.Morais et al. (2017) ao avaliaremo efeito da pasteurização da polpa dearaticum,verificaram queoprocessotérmico nãoalterouovalor dopH dafruta, permanecendoigual.

Os valores obtidos para acidez totaltitulável (ATT), apresentam diferençasestatísticas significativas. Sendo queoprocessode pasteurização reduziu o valor desteparâmetro para 0,48% de ácido cítrico, ondeessa redução está relacionada ao aumento do

valor de pH. Castro et al. (2016), obtiveram0,46% parapolpadagoiabainnatura,valor esteinferior aoobtidonopresentetrabalhode051%de ácido cítrico. De acordo com Araújo et al.(2016), tais alterações podemser consequênciada degradação dos ácidos orgânicos presentesdurante otratamento térmico.

SegundoAroucha et al. (2010), a acidezé importante, não somente para determinar arelação dedoçura deumproduto,maistambémpela sua grande utilidade na indústria dealimentos como conservante, podendoprolongar a vida de prateleira, índice paraavaliação de qualidade ematuridade, indicadorsensorial, entre outras funções.

Em geral, as polpas de frutasapresentam elevada atividade de água (>0,95),potencial de oxirredução elevado e pH baixo.Entre esses fatores, a acidez desempenha umfator na inibição da microbiota deteriorante,sendoosbolores e fungos filamentosos osmaisresistentes a condições adversas com baixaatividade de água, o que pode levar àdeterioração, principalmente em frutas frescas(FRANCO & LANDGRAF,2008).

O teor de sólidossolúveis totais (SST) dapolpa da goiaba in natura é de 9,72°Brix e dapolpa tratada termicamente 11,02 °Brix,evidenciando que o processo de pasteurizaçãoaumenta o ter de sólidos solúveis.Estatisticamente esses valores apresentamdiferenças significativas (p>0,05). Valoressuperiores aodopresente estudoforamobtidospor Silva et al. (2015) com21 °Brix para polpapasteurizadadearaticum. Zillo et al.(2014) emseus estudos de pasteurização da polpa deuvaia, verificaram que a polpa processada nãopasteurizada apresentou valores médiosmenores que os encontrados na polpaprocessada pasteurizada, indicando que houveperda de água durante o processamento

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térmico e, consequentemente,concentração doteor desólidossolúveis totais.

A polpa não pasteurizada (in natura)apresenta valor de 19,06 para esta relação,apresentandodiferença estatística significativa(p>0,05) comrelação a polpa pasteurizada queapresenta valor de 22,95. Esse maior valorobtido para polpa pasteurizada é emdecorrência do maior valor de sólidossolúveistotais (SST) emenorpercentual da acideztotaltitulável (ATT), indicando um equilíbrio entreos dois componentes.SegundoBRASIL (1996),oparâmetro ratio é umarelação utilizada comoindicação do grau de maturação da fruta,evidenciando qual o sabor predominante namesma, se doce ou ácido, ou ainda se háequilíbrio entre eles.

O tratamento térmico de pasteurizaçãopromoveu uma redução significativa (p>0,05)no teor de cinzasda polpade goiaba.A polpadegoiaba in natura apresenta valor de 0,49%,valor este próximoaos obtidos por Silva et al.(2019) para polpa do umbu (0,47%) e parapolpa da ciriguela (0,30%), ambasnão tratadatermicamente. Segundo Cecchi (2003), oconteúdodecinzasvaria de0,4a2,1% emfrutasfrescas erepresentamosminerais contidosnosalimentos que podem estar em grandesquantidades como o K+, Na+ e Ca+ e pequenascomooFe,MneZn.

Observa-se que ocorre um amentosignificativo no teor de compostos fenólicostotais (CFT) dapolpadegoiaba.Noqual,apolpain natura apresenta valor 57,45mg 100g-1deácido gálico e a polpa pasteurizada 71,37 mg100g-1de ácido gálico. Almeida et al. (2020) aoaplicarem o processode pasteurização lenta napolpa do juá, tambémobtiveram aumento nosvalores dos compostos fenólicos totais de101,95 para 129,78 mg 100g-1. Haida et al.(2015) quantificaram teores de compostosfenólicos totais variando de 50,06a 65,16mg100g-1de ácido gálico em polpas de goiaba innatura. Menezeset al. (2016) obtiveram 55,74mg100g-1de ácido gálico empolpas de goiabavariedade Palumainnatura.

ConclusãoDe acordo com os dados obtidos no

trabalho, foi perceptível a concentração de noteor de sólidos solúveis e dos compostosfenólicos, e diminuição do teor de cinzas,enquanto que para os outros parâmetros nãohouve diferença significativa. A temperaturaempregada na pasteurização serviu paraconcentrar os compostos bioativos, além de

evitar o escurecimento enzimático econsequentemente as perdas nutricionais doproduto.

AgradecimentosAo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) eàCoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoal de Nível Superior (CAPES) pelaconcessão das bolsas demestrado e doutoradoaosautores.

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Capítulo 11

CONTROLEDEQUALIDADENOPROCESSODEPRODUÇÃODEMUDASFLORESTAIS

ÁlisonMoreira daSilva1Elzimar deOliveira Gonçalves2AlanHenriqueMarquesdeAbreu3

Elias Costade Souza4AnaniasFrancisco DiasJúnior5

1MestrandoemCiênciasFlorestais, UFES, JerônimoMonteiro-ES,[email protected]. Adjunto,UFES, Jerônimo Monteiro-ES, [email protected] Florestal, CEDAE, Rio de Janeiro-RJ, [email protected], USP, Piracicaba-SP, [email protected]

5Dr.Prof. Adjunto,UFES, JerônimoMonteiro-ES, [email protected]

IntroduçãoCom a crescente exploração das

florestas nativas, seja pela expansão agrícola,pelapecuária extensivaoupeloaproveitamentodireto da madeira, tem se intensificado adiminuiçãoda cobertura florestal e aperda dosecossistemas naturais, provocando degradaçãoe desequilíbrio ambiental (CALDEIRA et al.,2013).Mediante a obrigatoriedade do CadastroAmbiental Rural (CAR) e do Programa deRegularizaçãoAmbiental(PRA) noatualcenáriobrasileiro, passaa existir aumentona demandapor mudas nativas de boa qualidade pararegularização ambiental e implantaçãoadequada de projetos que visam melhoria noambiente (KELLER et al., 2009;VARGAS et al.,2011,DELARMELINA et al., 2014;SILVA et al.,2015). A produção de mudas florestais commelhores características para implantação emcampo está relacionada à diversos fatores,dentre eles manejos de irrigação e defertilização, que devem ser adequados à épocado ano, ao tipo de embalagem e ao substrato(CIAVATTA et al., 2014). Entretanto, a falta deconhecimento dos viveiristas acerca de boaspráticas de manejo, ainda gera a produção demudascompadrões inferiores para plantio emcampo(DEGRANDE et al.,2012).

A determinação da viabilidade dasmudaspodeser feita a partir de umaouváriascaracterísticas morfológicas e fisiológicas. Demodo geral, a mensuração da altura da parteaérea,diâmetro decoloemassasecaestãoentreascaracterísticasmorfométricasmaisutilizadaspara a classificação e seleção de mudasflorestais (CARNEIRO et al., 2007).Oscritériosavaliados não são absolutos, visto que outrosfatores podem interferir nas respostas dadas

pelasmudas aos tratamentos em viveiro, comoaespécie ouolocal deplantio, demodoqueumamuda pode ser classificada como de ótimaqualidade para certa região, e ruim para outra(CARNEIRO, 1995;RUBIRA & BUENO,1996).

Deformaacontribuir para ocontroledaproduçãodemudas,o empregode ferramentasdequalidade comointuito delevantamento dasnão conformidades em sistemas de produção,tem sido apontado como uma solução, nosentido de contribuir para a melhoria dosprocessos relacionados a produção de mudasem fase de viveiro. O controle estatístico deprocessos (CEP), por meio de mensuraçõesdevariáveis de interesse, possibilita verificar aestabilidade de sistemas de produção,demodoa levantar variabilidade e nãoconformidades,afim de reduzir desvios e melhorar a qualidadedos produtos em questão (MONTGOMERY,2009). Contudo,a aplicação de ferramentas daqualidade no setor florestal ainda é incipiente,tornando este trabalho relevante para aobtençãoderesultados e conhecimentosacercade controle e padronização de variáveisrelacionadas àproduçãodemudasflorestais emfasedeviveiro.

Dessa forma, acredita-se que o CEPcomoferramenta podeser aplicada noprocessodeproduçãodemudas,promovendo amelhoriadaqualidade dasmudasproduzidas.Assim,esteestudo tem por objetivo levantar as nãoconformidadesevariabilidades dosparâmetrosmorfológicos em mudas de Handroanthusimpetiginosus (Ipê-roxo) e Sparattospermaleucanthum(Ipê-cinco-folhas),pormeiodoCEP.

Material e MétodosÁrea deestudoecoleta dedados

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O estudo foi conduzido no ViveiroFlorestal Universitário do Departamento deCiências Florestais e da Madeira localizado naUniversidade Federal do Espírito Santo(DCFM/UFES). O mesmo se encontra situadosobascoordenadaslatitude 20°47’Selongitude41°24’ W. De acordo com a classificação deKöppen, o clima da região do estudo é do tipoAw, com verão chuvoso e inverno seco. Atemperatura média das mínimas do mêsmaisfrio é de 11,8°C e a média das máximasdomêsmaisquenteéde34°C (PEZZOPANE & CECÍLIO,2012).Oíndicemédio pluviométrico anual é de1.293mm(INCAPER, 2014).

Para o levantamento e análise das nãoconformidades na produção de mudasflorestais, inicialmente foram realizadas visitastécnicasaoviveiro paraoconhecimentodolocaledasvariáveis atreladasaoprocessoprodutivo.Em seguida, foram conduzidas sessões debrainstorming (tempestade de ideias) com osresponsáveis pela produção demudase comosdemaisenvolvidos nas atividades rotineiras doviveiro.

Foram selecionadas para a realizaçãodeste trabalho as espécies Handroanthusimpetiginosus(Mart. exDC.)Mattos (Ipê-roxo) eSparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum.(Ipê-cinco-folhas), ambas comaproximadamente 18meses de idade, devido àdisponibilidade do viveiro no momento dadefinição da pesquisa e por serem espéciesutilizadas em projetos de reflorestamento. Acoleta dosdadosfoi feita pormeio daavaliaçãoindividual de 100mudas de cada espécie, combase no procedimento amostral dedimensionamento do tamanho mínimo deamostragemparapopulaçõesfinitas (LEVINE etal.,2000),obtidoatravés daEquação 1.

=∗ ∗ ∗( )

∗ ∗( )2

2+( −1)∗ ²

(Eq. 1)

Em que: =Númerode indivíduos na amostra;N =Número total da população; =Proporçãopopulacional de indivíduos que pertence acategoria queestamosinteressados emestudar;= Proporção populacional de indivíduos quenão pertence à categoria do estudo (q =1 – p);

∗ = se os valores de foremdesconhecidos,substitui-se por 0,5(LEVINE et al., 2000);

2= Valor crítico que

corresponde aograu deconfiança desejado; =Margemde erro ouerro máximode estimativa.Identifica adiferençamáximaentre aproporçãoamostraleaverdadeira proporçãopopulacional(p).

Os canteiros foram subdivididos emquatro quadrantes, em que foi atribuído umnúmero de forma sequencial a cada muda.Posteriormente foram selecionadas 25 mudasde formaaleatória emcadaquadrante.

Omaterial analisado foi aqueledispostona área de expedição do viveiro, ou seja, asmudas consideradas prontas para seremlevadas para o campode acordo coma equipetécnica entrevistada. Foram avaliados osseguintesatributos nasmudasflorestais: Altura(H): a altura da parte aérea foi medida comréguagraduada(cm) (Figura 1),apartir doníveldosubstrato até agemaapical que deuorigemàúltima folha (GOMES et al., 2002); Diâmetro docoleto(D): odiâmetrodocoleto(cm) foimedidorente ao nível do substrato (Figura 2) compaquímetro eletrônico (GOMES et al., 2002);Ataque de pragas/doenças e deficiêncianutricional: foram observadossintomasvisuaisdedeficiência nutricional e/ouataquedepragase/ou presença de doenças (Figura 3) eclassificados em não ou sim, respectivamente,no binário 0 e 1; Grau de enovelamento: asraízes foram analisadas e classificadas emnãoenovelada e enovelada, representadarespectivamente,pelo binário 0 e 1 (Figura 4);Agregaçãodosubstrato: analisadoeclassificadoao retirar a mudado tubete (Figura 5), emnãoagregadoouagregadoe classificados emnãoousim, respectivamente, no binário 0 e 1; Massaseca da parte aérea (MSPA) e massa seca deraízes(MSRA): foi realizadooseccionamentodocaule próximo ao substrato, dividindo-as emduas partes. Os sistemas radiculares foramlavados em água corrente sobre peneira. Emseguida, as partes aéreas e radiculares foram,separadamente, colocadas em sacos de papelKraft e levadas à estufa à 70°C, até atingiremmassa constante, para posteriormente serempesadasembalançaeletrônica deprecisão.

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Figura 1.Mensuraçãodaaltura daparte aérea dasmudas.

Figura 2.Mensuraçãodiâmetro docoleto (cm) aonível dosubstrato.

Figura 3.Sintomasvisuais dedeficiêncianutricional (a), ataquedepragas(b) presençadedoenças(c).

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Figura 4.Classificaçãodonível deenovelamentoemsemenovelamento(a) eenovelada (b e c).

Figura 5.Classificaçãodosubstrato emagregado(a) ounãoagregado(b).

Análise doprocessoedasnãoconformidadesA análiseda variabilidade doprocessoe

das não conformidades, foi feita com base naaplicação doCEP. Para isso,os dadoscoletadosforam inicialmente submetidos ao teste denormalidade (Anderson Darling) para verificarse a população apresentava distribuiçãonormal. Atendida essa pressuposição,as cartasde controle foramelaboradaspara variáveis demedidas individuais - que tratam dascaracterísticas provenientes demedidasde umindivíduo por amostra, que podem sermensuradas por meio de algum instrumento,por exemplo,massa(balança) ealtura (régua) -e para atributos - que é utilizado quando seavalia atributos de forma comparativa apadrões pré-estabelecidos - sendo adotado ográfico ,que trata de contagem de nãoconformidadespor unidade.

Para determinação dos limites para acarta decontrolepor variáveis foramutilizadasas Equações2,3 e4.

= +3 2

(Eq. 2)

= (Eq. 3)

= −3 2

(Eq. 4)

Em que:LSC=limite superior docontrole; LIC =limite inferior do controle; LM =limite médiocentral do controle; =média aritmética davariável; =médiaaritméticadasamplitudesmóveis, calculada pela equação =| −

−1|; 2=1,128,adotando n=2por amostra eutilizando a tabela de fatores para construçãodegráficosdecontrolespara variáveis, indicadoedisponibilizadopor Montgomery(2004).

Para definição dosLimites para a cartade controle por atributos foram utilizadas asEquações 5,6 e7.

= +3√ (Eq. 5)

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= (Eq. 6)

= −3√ (Eq. 7)

Em que:LSC=limite superior docontrole; LIC =limite inferior do controle; LM =limite médiocentral docontrole; =médiaaritméticadenãoconformidades; =Tamanho da amostra (1,nestecaso).

Confeccionadas as cartas, foramaplicados os seguintes critérios parainterpretação: I) Dados dentro dos limites decontrole, os pontos estão em torno da média,

representando um processo estabilizado eprevisível, sobcontroleestatístico; II) Presençade pontos acima ou abaixo dos limites decontrole, demonstra quecausasespeciais entãoatuando no processo, sendo este imprevisível,fora de controle (TRINDADE et al., 2007;MONTGOMERY, 2004;2009).

Resultados eDiscussãoVariabilidade doprocessodeproduçãodemudas

Comoobserva-se na Figura 6A,detecta-se que a altura da espécie Ipê-roxo apresentatodos os pontos de mensurações dentro doslimites estabelecidos,ouseja,para estavariáveloprocessoseencontra sobcontrole.

Figura 6.Controleestatístico davariável altura dasmudasflorestais, emque(A) correspondeaoIpê-roxoe (B) corresponde Ipê-cinco-folhas.

Contudo,é possível observar quealgunspontos se apresentam acima e abaixo da linhamédia (limite estabelecido), aproximando dolimite superior (LSC) e limite inferior (LIC). Emcontrapartida, para a espécie Ipê-cinco-folhas(Figura 6B), os pontos medidos apresentarammelhor distribuição, com poucos picosaproximandodo limite inferior (LIC). De formageral, o que se observa é que as espéciesapresentampadrãodealtura dentrodocontroleestabelecido e, considerando esta variável deforma isolada, não haveriam variações nosresultados encontrados no campo, caso asmudassejamtratadas sobasmesmascondições.

A altura das plantas fornece umaexcelente estimativa da predição do

crescimento inicial no campo(CALDEIRA et al.,2014), sendotecnicamente aceita comomedidado potencial de desempenho das mudas. Noentanto,esta característica podeser facilmenteinfluenciada por algumas práticas de manejoadotadas nos viveiros (GONÇALVES et al.,2014), como a quantidade de fertilizanteaplicado ou a disposição das mudas nasbandejas. Isoladamente, muitas vezes esteatributo nãoconsegueexplicar asdiferençasnascaracterísticas de mudas (GAZAL & KUBISKE,2004; WILSON & JACOBS, 2006). Apesar daaltura ideal para asmudasdeixaremoviveiro eserem plantadas no campo ainda ser umassunto controverso (BALDIN et al., 2015), afalta de padronização demonstra falta de

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controle na produção, acarretando emresultados imprevisíveis no campo, em queespéciesterãomaior tamanho,enquantooutras,menor. Tais variações podem ser ocasionadaspor vários motivos, dentre eles a variaçãogenética intrínseca da espécie, visto que asmudas são provenientes de sementes, o quepode acarretar diferenças significativas nahomogeneidade das mudas. Este fato pode serobservado em estudos de Konnert e Ruetz(2003), em que, trabalhando com Fagussylvatica L. afirmam a presença de

heterogeneidade dentro da própria espécie,noque diz respeito à altura. Afirmam ainda queesteserve deparâmetro para avaliação evendadasmudas,apesar de não ser obrigatório, ondeplantas comtamanho reduzidopossuemmenorchancedesobrevivência nocampo.

Em relação ao diâmetro do coleto daespécie Ipê-roxo,representado na Figura 7A, avariável se mostra com um ponto fora doslimites estabelecidos(LSC), destacadona figurapelocírculo vermelho.

Figura 7.Controleestatístico davariável diâmetro docoletodasmudasflorestais, emque(A)corresponde aoIpê-roxoe (B) corresponde Ipê-cinco-folhas.

Embora o maior diâmetro do coletocorresponda a maior rusticidade da muda,consequentementemaior probabilidade desucesso emcampo,teoricamente, em funçãodoresultado obtido, observa-se que o processodessa variável se encontra fora de controle,visto a presença de um único pontoextrapolando o limite superior. Todavia, épreciso considerar que a ida das mudaspara ocampo é resultante da demanda requeridafrente àsatividades dereflorestamento.Quandoa demandaé baixa,culmina comapermanênciadas plantas em viveiro, fazendo com que asmesmasaopassar dotempo,tornem-sevelhas ecomalgumascaracterísticas indesejadas.Diantedisso, evidencia-se a necessidade doacompanhamento contínuo do processo deprodução de mudas, visando a identificaçãoantecipada de possíveis problemas. Porexemplo, caso fosse detectado que as mudas

estivessem com diâmetros próximos ao idealpara a ida acampo,oviveiro poderia promoveruma ação de doação das referidas mudas acomunidade local. Além de promover oaumento do espaço no viveiro ocupado pormudas não conformes, o viveiro estariapromovendoumaatividade social.

Ainda, é observado pontosrelativamente próximo aos limites, onde, aoanalisar a distribuição do diâmetro do colo daespécie Ipê-cinco-folhas(Figura 7B), observa-se, também um único ponto acima do limitesuperior (LSC), destacado com círculovermelho,caracterizando umparâmetro foradocontrole estatístico, resultado análogoà espécieIpê-roxo, anteriormente apresentados. Odiâmetro do coleto das mudas, geralmente éassociado com a altura e, remete ao nível derusticidade e vigor da planta, de modo quequantomaior o diâmetro e altura, maior será a

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probabilidade de sucessoemcampo(SOUZA etal.,2006;SANTOS et al.,2010;GOMES& PAIVA,2011;SOUZAet al.,2013;MARANAet al.,2015).Entretanto, quando a variável apresentaresultados fora de controle, demonstra que emcampo,algumasmudaspossivelmente terão seucrescimento e vigor prejudicados, enquantooutras conseguirão sobreviver às condiçõesde

adversidade, não havendo previsibilidade dosresultados.

A massa seca da parte aérea é umparâmetro para avaliar a capacidade deresistência das mudas (SAMÔR et al., 2002),nessa variável, os indivíduos de Ipê-roxoapresentam-sesob controle estatístico (Figura8A).

Figura 8.Controle estatístico davariável massasecadaparte aérea dasmudasflorestais, emque(A)corresponde aoIpê-roxoe (B) corresponde Ipê-cinco-folhas.

Todavia,épossívelobservar (Figura 8A)pontos sequenciais acima da linha média, alémde picos que se aproximamdo limite superiordo gráfico. Do mesmo modo, o gráfico dacorrespondente ao Ipê-cinco-folhas secomporta da mesmaformaquanto aos picos devalores (Figura 8B), apesar da menorintensidade. Ademais,ambosnãoextrapolamoslimites impostos, mostrando controleestatístico no processo. No entanto, ao seobservar a distribuição da variável massasecadasraízes (Figura 9), depara-secomoprocessofora de controle estatístico em ambas asespécies.

O Ipê-roxo (Figura 9A) apresenta umpontoacimado limite superior (LSC), circuladoemvermelho, além de pontos sequenciais comtendênciaaficar foradecontrole.Já oIpê-cinco-folhas(Figura 9B), apresentadoispontosacimado limite superior, além de diversos pontosvariando entre os limites estipulados. Tal

resultado, possivelmente esteja associado adiversidade de idades dos indivíduosanalisados, onde ferramentas específicas, comoPDCA, SWOT são recomendadas para aimplementação de melhorias no processoprodutivo das mudas relativas às espéciesestudadas.

Neste sentido,otamanhodasraízes estádiretamente relacionado com a resistência aestresses hídricos e deficiência nutricional, demodo que o aumento do volume de raízespropicia maior exploração e contato da plantacomo solo/substrato, facilitando a absorção deágua e nutrientes (MACHINESKI et al., 2009).Deste modo, o controle do processo nessavariável émuitorelevante,devidoaofatodenãoser desejável a ocorrência de variações nasrespostas do plantio às condições adversasimpostaspelo ambiente.

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Figura 9.Controle estatístico davariável massasecaderaízes dasmudasflorestais, emque(A)corresponde aoIpê-roxoe (B) corresponde Ipê-cinco-folhas.

Aavaliação damassadematéria secaéacaracterística quemelhor reflete a produçãodemudas (GONÇALVES et al., 2008) e, apesar deser considerada umadasformasmaiseficientesde predizer a qualidade, apresenta comoempecilhoanãoviabilidade emalgunsviveiros,principalmente, por ser destrutiva e necessitarde uma estrutura mínima para mensuração

(galpão,estufas,embalagens)(GOMES & PAIVA,2012).

Análise dasnãoconformidadesdoprocessodeproduçãodemudas

As principais não conformidadeslevantadas estão apresentadasna Tabela1.

Tabela 1.Nãoconformidades detectadasnaproduçãodasmudasdasduasespéciesflorestais estudadasNãoconformidades Possíveis consequências

Substrato desmanchando(torrão nãoformado) Danosàs raízes nomomentodoplantio.

Crescimentotortuosodaraiz(enovelamento) Mortalidade ouretardamento nocrescimentopósplantio.

Deficiêncianutricional Mortalidade dasmudasemenordesempenhopósplantio.Ataque depragas Mortalidade dasmudasemenordesempenhopósplantio.Ataque de doenças Mortalidade dasmudasemenordesempenhopósplantio.

Bifurcação Crescimentomonopodialprejudicado

A contagem das não conformidades éfundamental para a análise do processo e aposterior implantação de sistemas visando amelhoria contínua do processo de produçãodemudasflorestais (SOUZA,2017). Assim,quando

se avalia individualmente as espécies,observa-seelevada variabilidade dasnãoconformidadesdas mudasque, emvários pontos, extrapola-seos limites inferiores estipulados (LSI), paraambasasespécies(Figura 10Ae 10B).

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Figura 10.Distribuição dasnãoconformidadesdasmudasflorestais, emque(A) correspondeaoIpê-roxoe (B) corresponde Ipê-cinco-folhas.

Apesar dos limites inferioresapresentarem ausência de não conformidadesnas mudas em questão, de modo que, quantomais abaixo da linha média os pontos seencontrarem, menor o número de nãoconformidades constatadas, a extrapolação dos

limites inferiores indica variabilidade nosresultados, mostrando uma não padronizaçãonoprocesso.

Em suma, ambas espécies possuemelevadas porcentagens de não conformidades,comopodeseobservar naFigura 11.

Figura 11.Não conformidades encontradas nas espécies Ipê-roxoe Ipê-cinco-folhas.

Considerando a qualidade da mudacomopré-requisito essencial para o sucessoemcampo(OZA et al., 2018), tais situações devemser corrigidas, de forma a garantir aprobabilidade de sobrevivência em meio asituações adversas impostas pelo ambiente.Verifica-se que osintomade ataque de doençasnas mudas foi a não conformidade que ocorreem maior frequência no Ipê-roxo, sendo

registrada a ocorrência de 90% (Figura 11).Enquanto, na espécie Ipê-cinco-folhas, a nãoconformidade com maior ocorrência estárelacionada amudas bifurcadas, com60% dosregistros. Para ambasasespéciesaagregaçãodesubstrato também se destaca com 62%observados na espécie Ipê-roxo,e 57% no Ipê-cinco-folhas.

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Kuboyama (2015) encontrou diversasnão conformidadesfora do controle estatístico,em análise da produção de mudas clonais deeucalipto, em dois viveiros localizados noEstado do Espírito Santo. O autor verificou aexistência de problemas relacionados aocomprimento de mini estacas, que foiconsiderado crítico e inadequados para aimplantação em campo, indicando quedeveriam ser realizadas correções visando apadronização doprocesso.

As variações e não conformidadesencontradas neste estudo podem também tersuaorigemrelacionada amão-de-obrautilizada.Este fator,determinante emtodasasavaliações,apresenta-se em comum com todas as nãoconformidades, o que evidencia a importânciade a equipe envolvida nos trabalhos do viveiroser melhor instruída emotivada.Noviveiro emquestão são recrutados estudantes para ajudarem algumas etapas, seja para fins de estágio,projetos depesquisaouainda pormeiodeaulaspráticas. Esta variação pode ser determinantepara aqualidade dasmudasanalisadas,umavezque se não houver uma equipe engajada,motivada e satisfeita, o trabalho emumviveiropodeestar completamente comprometido.

ConclusãoComa utilização do CEP, foi observada

variabilidade nas não conformidades e nosparâmetrosmorfológicosemmudasdeIpê-roxoe Ipê-cinco-folhas, as quais podemcomprometer a implantação das mudas emcampo.

Asvariáveis altura emassasecadaparteaérea apresentaram-se sob controle,favorecendooposterior sucessodaimplantaçãoemcampo.

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Capítulo 12

ANÁLISE DOGERENCIAMENTODOSRESÍDUOS SÓLIDOSDAFUNDAÇÃOPEDRO PAES MENDONÇANOPOVOADOSERRA DO

MACHADO,RIBEIRÓPOLIS/SEPaula Lima Santos¹

Heloísa Thaís RodriguesdeSouza²

¹AcadêmicaemEngenharia deProdução,FANESE, Aracaju,SE, [email protected]²Doutora emDesenvolvimentoeMeio Ambiente.Professora daFANESE. Engenheira Florestal da

SEPLOG/COGEDURB, [email protected]

IntroduçãoA evolução histórica do ser humanoe a

sua interação como meio ambiente é baseadana necessidade de sobrevivência. SegundoSilveira et al. (2018), o Período Neolítico,aproximadamente entre 10.000e20.000a.C.,édestacado pelo início da extração de recursosnaturais, com técnicas que desenvolveram aagricultura e a pecuária. Ainda segundo essesautores,éa partir destemomentohistórico quese inicia oprocessodeextração,transformação,consumo e descarte dos recursos da naturezaquenãotinhammaisproveito.

Há milhares de anos, os descartes dosresíduos sólidoseram absorvidospela naturezapois sua composição era completamenteadvinda desta,porém,comopassar dosséculos,tornou-se necessário pensar em umgerenciamento desse processo, pois o aumentodas sociedades e a evolução de tecnologiasproporcionaram para a humanidade inúmerosproblemas(SILVEIRA et al.,2018).

A Política Nacional de ResíduosSólidos(PNRS), instituída pela Lei nº 12.305de 02 deagosto de 2010 e regulamentada pelo Decretonº 7.404, de 23 de dezembro de 2010 é ummarco no que se refere a gestão dos resíduossólidosnoBrasil (JARDIM et al.,2012).A PNRSdispões sobre os princípios, objetivos einstrumentos relativos à gestão integrada dosresíduos sólidos, atribuindo responsabilidadesaos respectivos órgãos geradores (BRASIL,2010).

SegundoaPNRS (2010), osgeradoresderesíduos sólidos previstos na legislação estãosujeitos a elaborarem o Plano deGerencialmente de Resíduos Sólidos (PGRS).Este plano tem como conteúdo descrever oempreendimento estudado, diagnosticar osresíduos sólidos gerados, identificar soluçõesetc., além de estar atrelada ao planejamentoestadual e municipal de resíduos sólidos da

região, como trata o Art. 21 da Lei nº12.305/2010 no seu primeiro parágrafo(BRASIL, 2010).

Para Curi (2011), empresas quedesenvolvempráticas degestãoambiental,alémde apresentarem a sociedade e órgãosfiscalizadores a preocupação com o meioambiente, são capazes de transformar essaestratégia em lucro e produtividade. Uma vezque, a sociedade em geral, as indústrias, ocomércio, as entidades filantrópicas, asempresas de serviços, o Governo etc., sãoresponsáveis pelo tratamento do seu resíduodesde a separação até a destinação correta(BRASIL, 2010).

Em Sergipe, a Lei nº 5.857/2006estabelece a Política Estadual de GestãoIntegrada deResíduosSólidoscomoobjetivo degerenciar o manejo dos resíduos sólidosgerados no Estado, preservando o meioambiente, oportunizando benefícios sociais e odesenvolvimentosustentável(SERGIPE, 2006).

Sendoassim,oobjetivo deste trabalho éanalisar o atual gerenciamento dos resíduossólidos da Fundação Pedro Paes Mendonça(FPPM), emSerra doMachado,Ribeirópolis/SE,para otimizaçãoe elaboração de umPGRS, umavez que a região está inserida no PlanoIntermunicipal de Resíduos Sólidos do AgresteCentralSergipano(PIRS/ACS).

Material e MétodosA Fundação Pedro Paes Mendonça

(FPPM) está localizada no povoado Serra doMachado, no município de Ribeirópolis/SE(Figura 1), sendoumaorganizaçãofilantrópica,originária do compromisso socioambiental dogrupo João Carlos Paes Mendonça (JCPM). Ainstituição estudada encontra-se no agresteSergipano e, portanto, por ser povoado deRibeirópolis, está inserida noPIRS/ACS.

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Figura 1.Localização dopovoadoSerra doMachado.Fonte: AdaptadodeGoogleMaps(2020); CENSO(FPPM, 2019).

Esta instituição realiza atividades dedesenvolvimento sustentável emsuasunidades,desde a coleta seletiva até a destinaçãoadequada dos resíduos sólidos, como tambémpromove eventos comacomunidadeemprol deminimizar os impactos ambientais econscientizar a população sobre ocuidado comomeio ambiente.Contudo,ainda nãopossuiumSistema de Gestão Ambiental, principalmentecom enfoque no gerenciamento de resíduossólidos.

Ressalta-seque as operações realizadasnaFPPM sãodestinadasaprestaçãodeserviços,tais como: acolhimento ao idoso, educaçãoformal, atendimento clínico etc. (FPPM, 2019).Desta forma, não há a transformação dematérias-primas em produtos para venda, ouseja, os resíduos sólidos gerados são advindosda própria manutenção do negócio com opropósito deofertar osserviços comqualidade.

A referida Fundação possui noveunidades,as quais: Lar DonaConceição(Asilo),Centro de Educação Básica Auxiliadora PaesMendonça (CEBAPM), Educação Infantil,Pousada, Clínica Dudu Mendonça, BibliotecaPedro Paes Mendonça, Escritório de ProjetosSociais, Escritório Administrativo e CentroCultural Maria Melânia. A organização compõe

uma equipe com mais de 100 colaboradoresdistribuídosnasunidades(FPPM, 2019).

Por esta metodologia foi realizado aexecução de três objetivos específicos comoidentificar os resíduos sólidos gerados pelaFundação Pedro Paes Mendonça; mensurar osresíduos sólidos oriundos da mesma; levantaras práticas de acondicionamento, coleta,armazenamento, transporte, tratamento edestinaçãofinal dosresíduossólidosorigináriosdesta organização.

O presente trabalho utilizou-se dametodologia exploratório-descritiva de acordocomUbirajara (2017). Destaforma,utilizou-seapesquisa documental a partir da obtenção deinformações compartilhadas pela organizaçãoestudada para a análise situacional do temaproposto eobservações in loco,comointuito deconfirmar de formapresencial o queé descritoteoricamente. Por esta metodologia utilizou-sede planilhas de controle das pesagens dosresíduos sólidospor unidade setorial referenteaosmesesde janeiro a agostode2019.

A partir da análise dessas planilhas, asquais seguemummodelo padronizado (Tabela1), para identificar os tipos de resíduossólidosdaorganização,eamensuraçãoemquilogramasde cada tipo de resíduo sólido gerado emcadaunidade da FPPM. Assim como, as práticas de

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coleta seletiva, formas de acondicionamento ealguns tipos de destinação ambientalmenteadequadas observadas presencialmente. Asanálises percentuais calculadas foramalcançadaspormeiodaEquação 1.

=í í

í100%(Eq. 1)

Tabela 1.Planilha decontrole dosresíduossólidosMês/Resí-duos

Papel Papelão Plástico Metal Vidro Tetra

Pak Cascas Resto deAlimentos

ResíduoOrgânico

BorradeCafé

Rejeito TotalTotalReci-clado

Recicla-bilidade%

Jan.Fev.Mar.Abr.Mai.Jun.Jul.Ago.Total%

Comoobjetivo de verificar ascondiçõesexistentes em relação ao plano degerenciamento de resíduos sólidos identificou-se os tipos de resíduos sólidos gerados porunidade de atuação com suas respectivasmassasemquilogramas,através dautilização defolhas de verificação com a composiçãogravimétrica dosresíduossólidos.

Visando identificar os resíduos sólidosgerados,utilizou-seodiagramadecausaeefeitocomfoco em determinar o processo de origemdos resíduos sólidos, ou seja, verificar de qualatividade da organização se origina o resíduoidentificado.

A partir das análises realizadas osresíduos sólidos foram organizados emresíduos secos,orgânicose rejeitos.

Para os fins desta pesquisa foramanalisadas as atividades relacionadas aogerenciamento dos resíduos sólidos, tanto na

organização como um todo, quanto nas novesubdivisões, observando os resíduos sólidosgerados ecomoeles sãodestinados.

A referente pesquisa foiinstrumentalizada por ferramentas daqualidade tais como:diagramadecausaeefeito,capazde verificar quais as causasque levam ageração dos resíduos sólidos; folha deverificação, responsável por coletar os dadosdas mensurações dos resíduos sólidos demaneira prática e fluxograma, capaz derepresentar graficamente o fluxo do processoenvolvendo osresíduos sólidos naorganização.

Resultados eDiscussãoIdentificação dosresíduossólidosgerados

Verifica-se que os resíduos geradospodemser agrupadosemresíduossecos(Figura2), emresíduosúmidos(Figura 4) e emrejeitos(Figura6).

Figura 2.Diagramadecausae efeitodosresíduos secosdaFPPM.

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Os resíduos secos são originários deatividades diversas, referentes à compra demateriais para a limpeza edasembalagenscomalimentos. Estes resíduos tambémsão geradosatravés das atividades administrativas

cotidiana, como também em eventos diversosrealizados com a comunidade. A segregaçãodestes resíduos secos é eficaz graças a práticaem utilizar a coleta seletiva (Figura 3) nasunidades.

Figura 3.Coletaseletiva naFPPM.

Vilar et al. (2010), ao realizarempesquisa sobre agestãodosresíduos sólidos noAgreste Central Sergipano, afirmam que éausente a realização da coleta seletiva nosmunicípios englobados por esta região. Assimcomo,a inexistência de programasde EducaçãoAmbiental enfatiza os problemas ambientais,desde a elevação do número de lixões à céuaberto ao consequente aumento de catadoresinseridos nestes ambientes como forma de

obtenção de renda. Opondo-se ao que seobserva na pesquisa de Vilar et al. (2010), aFPPM realizaapráticadacoletaseletiva emsuasunidades. As causas geradoras dos resíduosúmidos (Figura 4) resumem-seao preparo dealimentos, já que a instituição fornecealimentação diária aos funcionários, aos idososque são cuidados no Lar Dona Conceição e ascrianças assistidas pelo Centro Educacional epelaEducaçãoInfantil.

Figura 4.Diagramadecausae efeitodosresíduos úmidosdaFPPM.

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De tal modo,as sobras advindas da nãoingestão destes alimentos também sãoenglobadas no diagrama. As atividades delimpeza e manutenção dos jardins tambémsãorecorrentes e geram grande volume de podas,folhas e galhos, caracterizados como resíduosorgânicos.

Estes tipos de resíduos úmidoscostumam ser recorrentes em outrasorganizações, como foi observado por Silva(2019) em seu estudo sobre a gestão dos

resíduos sólidos realizado no Colégio deAplicação (CODAP) da Universidade Federal deSergipe. Neste,osprincipais resíduos orgânicosencontrados foram frutas, resto de comidas,pódecafé,cascasdefrutas edeovos(SILVA, 2019).

As causas que apontampara a geraçãode rejeitos (Figura 5) são constituídas pelasatividades dehigienizaçãoelimpezadepessoas,assim como das atividades do serviço decuidado aos idosos e do atendimento médicorealizado na Clínica DuduMendonça.

Figura 5.Diagramadecausaeefeitodosrejeitos da FPPM.

Outro fator que influencia na geraçãodos rejeitos se refere a incorreta separaçãodestes, ou seja, os resíduos capazes de seremreaproveitados quando misturados comresíduos irrecuperáveis são caracterizadoscomorejeitos. Ainda conforme Silva (2019), nomesmo estudo realizado sobre a gestão dosresíduos sólidos realizado no CODAP, emSergipe, observou diante a classificação geral

dos resíduos identificados no local que osrejeitos encontrados são compostosbasicamente por papel higiênico e papel toalhasujos.

Mensuração dosresíduossólidosNa Tabela 2 observa-se os dados dos

resíduos sólidos em quilogramas do Lar DonaConceição.

Tabela 2.Folha de verificação do Lar DonaConceiçãoMês/Resí-duos

Papel Papelão Plástico Metal Vidro TetraPak

Resíduoorgânico

Borrade café Rejeito Total

TotalReci-clado

Recicla-bilidade%

Jan. 1,25 19,18 5,14 26,30 3,26 11,31 292,71 41,65 1514,30 1915,10 400,80 20,93Fev. 0,00 11,79 6,76 0,00 0,00 9,63 75,42 11,67 820,09 935,36 115,27 12,32Mar. 1,68 18,12 11,12 3,95 1,43 9,59 139,21 14,56 995,12 1194,78 199,66 16,71Abr. 9,40 26,15 6,43 1,57 1,89 15,51 119,42 10,50 1118,41 1309,28 190,87 14,58Mai. 18,90 30,18 20,71 5,34 0,00 15,67 122,86 8,30 1138,29 1360,25 221,96 16,32Jun. 3,53 21,74 10,94 0,00 0,00 14,69 118,69 7,13 1102,71 1279,43 176,72 13,81Jul. 9,77 16,99 15,74 0,00 2,99 18,67 130,99 8,64 1107,99 1311,78 203,79 15,54Agos. 8,84 30,41 10,36 0,00 0,00 16,96 112,42 8,07 1241,32 1428,38 187,06 13,10Total 53,37 174,56 87,20 37,16 9,57 112,03 1111,72 110,52 9038,23 10734,36 1696,13 -% 0,50 1,63 0,81 0,35 0,09 1,04 10,36 1,03 84,20 100,00 - -

Pode-se observar que no período dejaneiro a agostode 2019o Lar Dona Conceição

apresenta alto índice de resíduos orgânicos erejeitos, tendo este último um percentual de

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aproximadamente84% em relação aos demaisresíduos contabilizados.Este alto índice advémdos restos do preparo de alimentos e sobrasadvindas da não ingestão destes. Além dosserviços de cuidado aos idosos, em que sãorecolhidos rejeitos contaminantes,comofraldasdescartáveis, luvas, papel toalha, papelhigiênico etc.

Napesquisarealizada porBispo (2011),no Instituto Federal de Educação, Ciência eTecnologia, São Cristóvão/SE, a autoraenquadra os tipos de resíduos comocontaminantes biológicos. Do total mensurado

pela autora, os contaminantes biológicosrepresentaram apenas 3% do total do seuprimeiro estudo,já que o local da pesquisa nãotem atividades relacionadas ao serviço decuidado aosidososcomoé ocasoda FPPM.

A folha de verificação do Centro deEducação Básica Auxiliadora Paes Mendonça(Tabela 3) representa a mensuração dosresíduos sólidos da escola, a qual prestaserviços à comunidade coma oferta do serviçode educação, constituído pelo ensinofundamental.

Tabela 3. Folha de verificação dos resíduos sólidos do Centro de Educação Básica Auxiliadora PaesMendonçaMês/Resí-duos

Papel Pape-lão

Plás-tico

Me-tal

TetraPak Casca Resto de

AlimentoResíduoorgânico

Borradecafé

Rejeito TotalTotalreci-clado

Reciclabilida-de %

Jan. 241,24 9,80 0,70 0,00 1,50 0,00 0,00 508,90 15,40 232,24 1009,78 777,54 77,00Fev. 3,36 15,50 5,70 0,00 7,30 690,90 221,70 0,00 34,20 275,61 1254,27 978,66 78,03Mar. 6,05 19,80 11,20 0,00 5,70 507,30 167,50 0,00 30,40 277,45 1025,40 747,95 72,94Abr. 14,72 38,57 10,50 0,00 10,40 656,20 213,40 0,00 36,00 312,47 1292,26 979,79 75,82Mai. 4,59 6,90 7,30 0,00 5,70 609,50 241,80 0,00 39,60 356,88 1272,27 915,39 71,95Jun. 2,17 9,50 4,00 0,00 3,00 307,70 106,90 0,00 22,30 187,87 643,44 455,57 70,80Jul. 3,89 11,70 10,43 0,00 2,50 407,80 92,90 0,00 30,00 228,98 788,20 559,22 70,95Agos. 5,75 15,50 14,40 12,00 4,60 688,10 139,20 0,00 41,20 308,31 1229,06 920,75 74,91Total 281,77 127,27 64,23 12,0 40,70 3867,5 1183,4 508,9 249,1 2179,8 8514,68 6334,8 -% 3,31 1,49 0,75 0,14 0,48 45,42 13,90 5,98 2,93 25,60 100,00 - -

Nota-seapartir domêsdefevereiro queos resíduos orgânicos estão separados emcascas e em resto de alimentos. Essa separaçãosedápela alternativa emreaproveitar as cascascomo adubo natural em hortas da própriainstituição. Esta unidade educacional forneceaosalunosefuncionárioscercadetrês refeiçõesao dia, sendo bastante significante os númerosdos resíduos úmidos mensurados. As cascas,originárias do preparo das refeições,representam umalto valor na pesagem,tendoaproximadamente 45% do valor total emrelação aosdemaisresíduos.

Bispo (2011), ao identificar acaracterização gravimétrica dos resíduossólidosno IFS, observou naprimeira coleta dos

dados que a maior quantidade de resíduossólidos gerados foi da categoria matériaorgânica, referente as sobras tanto do preparodos alimentos, quanto das refeições servidas.Nota-se,portanto, relativa semelhançaentre osestudosrealizadosnoIFS enaFPPM emrelaçãoa abrangência do número de resíduos dematéria orgânica encontrados nas duasinstituições.

Noqueserefere afolhadeverificação daEducaçãoInfantil (Tabela 4), observa-seobaixoíndice de reciclabilidade durante o períodoanalisado, exceto no mês de agosto em que seobteve a mensuração de apenas um tipo deresíduo seco,opapel.

Tabela 4.Folha deverificação dosresíduossólidosEducação InfantilMês/Resíduos Papel Rejeito Total Total Reciclado Reciclabilidade

%Jan. 0,00 1,25 1,25 0,00 0,00Fev. 0,00 27,28 27,28 0,00 0,00Mar. 0,00 20,59 20,59 0,00 0,00Abr. 0,00 16,08 16,08 0,00 0,00Mai. 0,00 13,37 13,37 0,00 0,00Jun. 0,00 15,30 15,30 0,00 0,00Jul. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Agos. 3,50 1,16 4,66 3,50 75,11Total 3,50 95,02 98,52 3,50 -% 3,55 96,45 100,00 - -

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A Educação Infantil é uma unidade deensino que contempla crianças de 3 a 5 anos,possuindo um menor número de alunos efuncionários, em comparação ao Centro deEducação Básica Auxiliadora Paes Mendonça(CEBAPM). A mensuração do papel, comoresíduo reciclável, não afeta o alto índice derejeitos existentes nesta unidade. Nota-se,portanto, que osrejeitos mensuradostotalizamum valor de aproximadamente 96%, istoequivale ainterpretar que,aunidadenãoobtémum eficiente processo de segregação dosresíduos gerados, ou não produz grandesquantidades de resíduos capazes de seremreciclados ou terem outras formas dedestinação adequada.

Na Educação Infantil, assim como noCEBAPM, tambémsão fornecidas três refeições

ao dia, sendo geradas, por força da atividade,cascas e embalagensdosalimentos, comosacosplásticos por exemplo.Porém, não se observa amensuração destes tipos de resíduos sólidos,tornando a unidade com baixo índice dereciclabilidade durante todo o períodoanalisado.

A mensuração dos resíduos sólidosgerados na Clínica Dudu Mendonça pode serobservada a partir da folha de verificação(Tabela 5). Esta unidade oferta serviços desaúde para os funcionários da Fundação PedroPaes Mendonça, para os idosos do Lar DonaConceição,para os alunos do CEBAPM, para osalunos da Educação Infantil e para toda acomunidade.

Tabela 5.Folha de verificação dosresíduossólidos daClínica DuduMendonçaMês/

Resíduos Papel Papelão Plástico VidroBorradecafé

Resíduocontaminado Rejeito Total Total

recicladoRecicla-bilidade%

Jan. 1,30 2,65 2,78 0,00 1,39 2,93 14,85 25,90 8,12 31,35Fev. 2,38 1,13 2,56 0,00 1,35 2,33 14,20 23,95 7,42 30,98Mar. 1,13 0,95 2,52 0,00 1,37 3,09 17,88 26,94 5,97 22,16Abr. 2,13 0,47 1,90 0,00 1,48 2,18 11,22 19,38 5,98 30,86Mai. 0,94 1,02 1,53 0,00 2,06 0,61 10,45 16,61 5,55 33,41Jun. 2,71 1,33 1,19 0,00 0,82 0,00 14,91 20,96 6,05 28,86Jul. 1,26 3,36 1,64 0,67 1,48 0,86 8,38 17,65 8,41 47,65Agos. 2,15 0,86 3,34 1,22 1,55 2,95 20,90 32,97 9,12 27,66Total 14,0 11,77 17,46 1,89 11,5 14,95 112,79 184,36 56,62 -% 7,59 6,38% 9,47 1,03 6,24 8,11 61,18 100,0 - -

Dentre os serviços de atendimentoodontológico, clínico, fisioterapêutico,realização de exameslaboratoriais etc., tem-setambémasatividades realizadasemescritório ecopa.Logo,durante operíodo estudadoorejeitoé predominante, tendo um valor deaproximadamente 61% de todo o totalmensurado.

Ferle e Areias (2017), ao realizarempesquisa sobre o gerenciamento dos resíduossólidos de serviços de saúde em um Clínica

Cirúrgica, identificaram através dequestionários com os profissionais deenfermaria do local que, uma das primeirasações para a adequada gestão dos resíduoscontaminantes éasegregaçãodestesemrelaçãoaosdemaistipos deresíduos sólidos.

A folha de verificação apresentada pelaTabela 6,demonstra a distribuição dos valorespesados, emquilogramas, dos resíduos sólidosda unidadedenominadaPousada.

Tabela 6.Folha de verificação dos resíduossólidosdaPousadaMês/

Resíduos Papel Papelão Plástico Rejeito Total Totalreciclado

Reciclabilidade%

Jan. 0,00 1,10 0,78 0,88 2,76 1,88 68,12Fev. 0,00 0,00 1,15 1,77 2,92 1,15 39,38Mar. 0,00 0,00 0,83 4,03 4,86 0,83 17,08Abr. 0,09 0,00 1,24 2,23 3,56 1,33 37,36Mai. 0,18 0,00 0,99 3,67 4,84 1,17 24,17Jun. 0,67 0,00 1,91 5,57 8,15 2,58 31,66Jul. 0,50 0,00 0,70 5,76 6,96 1,20 17,24Agos. 0,26 0,00 0,50 7,42 8,18 0,76 9,29Total 1,70 1,10 8,10 31,33 42,23 10,90 -% 4,03 2,60 19,18 74,19 100,00 - -

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A Pousada é uma unidade destinada ahospedagemde convidados e funcionários deoutras cidades. A partir da análise da folha deverificação da Pousada (Tabela 6), nota-se amensuração em pequenas quantidades dosresíduos secos, tendo o papelão sendo apenasmensuradonomêsdejaneiro. Aunidade emsuaabrangência total apresenta baixosnúmerosderesíduos gerados,porémosrejeitos apresentamum valor de maior representatividade diantedos resíduos secos, sendo computado comquase74% dototal.

Contoet al. (2004), ao realizarem estudodecasosobre ageraçãodosresíduos sólidos emummeio de hospedagem,aplicou a análise dacomposição gravimétrica dos resíduos sólidosgerados em um hotel como base parainterpretar as formas de melhorias a serem

aplicadas em um processo de gerenciamentodesses resíduos. Para tal, foi observado pelosautores que a maior fração de resíduos sólidosdurante o período de um ano foi dada pelamatéria orgânica putrescível, como restos dealimentos, guardanapos sujos, etc. Em seguidatem-se o plástico e o papel como resíduos demaior número de massa perante os demaiscomponentesavaliados (CONTOet al.,2004).

A Biblioteca é uma unidade quedisponibiliza para a comunidade centenas delivros e revistas, com o intuito de incentivar aleitura na comunidade, como também recebevários eventos escolarese reuniões comgruposdiversos. A mensuração, em quilogramas, dosresíduos gerados na Biblioteca (Tabela 7) étotalmente compostapor rejeitos.

Tabela 7.Folha deverificação dosresíduossólidosdaBibliotecaMês/Resíduos Rejeito Total Total Reciclado Reciclabilidade

%Jan. 3,33 3,33 0,00 0,00Fev. 7,43 7,43 0,00 0,00Mar. 3,76 3,76 0,00 0,00Abr. 2,48 2,48 0,00 0,00Mai. 9,97 9,97 0,00 0,00Jun. 7,20 7,20 0,00 0,00Jul. 0,00 0,00 0,00 0,00Agos. 1,01 1,01 0,00 0,00Total 35,18 35,18 0,00 -% 100,00 100,00 - -

Desta forma, não se observa, a partir dafolha de verificação da Biblioteca (Tabela 7), asegregação de resíduos secos recicláveis,tampoucode resíduos úmidos. Entre osmesesde janeiro a agosto de 2019,a biblioteca gerouapenasrejeitos, sendoestesimpossibilitados deseremreciclados. Àocasião,vale ressaltar queaineficácia na segregaçãodosresíduos sólidos sedá pela falta de coleta seletiva, juntamente com

uma falta de sensibilização dos envolvidos nolocal.

A unidade denominadaProjetos Sociais éum escritório destinado a assuntos queenvolvem açõescoma comunidade,projetos decunhosocioambiental etc.Afolhadeverificaçãodesta unidade (Tabela 8) demonstra asmensurações dos resíduos sólidos no períodoavaliado.

Tabela 8.Folha deverificação dosresíduossólidosdoProjetos SociaisMês/

Resíduos Papel Plástico Resíduoorgânico

Borrade café Rejeito Total Total

recicladoRecicla-bilidade%

Jan. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Fev. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Mar. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Abr. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Mai. 0,64 0,70 0,85 0,00 2,83 5,01 2,19 43,61Jun. 0,46 1,30 0,00 0,00 1,75 3,50 1,75 50,07Jul. 1,39 0,23 0,00 0,00 2,95 4,57 1,62 35,42Agos. 1,40 0,19 0,00 0,16 3,21 4,95 1,74 35,15Total 3,88 2,41 0,85 0,16 10,73 18,03 7,30 -% 21,52 13,37 4,71 0,89 59,52 100,0 - -

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O escritório de projetos sociais sofreumudanças nas suas instalações, seja peladiminuição do número de funcionários ou pelareestruturação do layout interno. Desta forma,nota-seque oprocesso demensuração se iniciaapartir domêsdemaioequeasquantidadesderesíduos mensurados são inferiores àsquantidades encontrada nas demais unidades,

sendo o rejeito o tipo de resíduo sólido commaior valor, aproximadamente60% do total.

A folha de verificação do Escritório(Tabela 9) apresenta o resíduo eletrônico, osquais são caracterizados por produtoseletroeletrônicos, como computadores,televisão, celular, etc. Esta unidade é destinadaàs atividades administrativas, englobando asáreas decompras,departamento depessoaletc.

Tabela 9.Folha deverificação dosresíduossólidosdoEscritórioMês/Resí-duos

Papel Papelão Plástico Metal Vidro ResíduoOrgânico Eletrônico

BorradeCafé

Rejeito TotalTotalReci-clado

Recicla-bilidade%

Jan. 3,51 0,53 0,48 0,00 0,00 0,00 72,30 0,00 11,08 87,90 76,82 87,39Fev. 6,47 0,00 0,53 0,17 0,00 0,00 0,00 0,20 5,96 13,33 7,37 55,30Mar. 10,16 0,00 1,17 0,00 0,00 0,92 0,00 0,50 2,30 15,04 12,74 84,69Abr. 19,38 10,32 2,61 0,37 1,23 0,87 0,40 0,00 5,41 40,59 35,18 86,68Mai. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Jun. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Jul. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Agos. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Total 39,51 10,85 4,79 0,54 1,23 1,78 72,70 0,70 24,74 156,84 132,08 -% 25,19 6,92 3,05 0,34 0,78 1,13 46,35 0,45 15,77 100,0 - -

Esta unidade sofreu alterações em sualocalização e por esta razão a partir do mêsdemaio os resíduos mensurados nesta unidadeforam somados com os resíduos do Lar DonaConceição.Por não ter o rejeito como resíduopredominante, essa folha de verificaçãoapresenta um valor de aproximadamente46%deresíduos eletrônicos, ouseja,maisdametade

do que foi mensurado no Escritório se dá poreste tipo deresíduo.

A unidade mais recente da FPPM é oCentro Cultural Maria Melânia (CCMM), o qualfoi inaugurado no mês de junho de 2019,conforme pode-seperceber na sua respectivafolhadeverificação (Tabela 10).

Tabela 10.Folha de verificação dosresíduos sólidos doCCMMMês/

Resíduos Papel Rejeito Total Total reciclado Reciclabilidade%

Jan. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Fev. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Mar. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Abr. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Mai. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Jun. 0,76 25,79 26,54 0,76 2,84Jul. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Agos. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Total 0,76 25,79 26,54 0,76 -% 2,84 97,16 100,00 - -

Nestaunidadesãorealizadas oficinasderecreação, aulas de inglês, aulas de defesapessoal, cursos multidisciplinares, encontrocom universitários e eventos diversos.Interpreta-se,apartir dafolhadeverificação doCCMM(Tabela 10), que a unidade gera apenasrejeitos, ou seja, a segregação dos resíduosainda é precária neste período de inicializaçãodasatividades.

Orelatório gerencial(Tabela 11) ratificatodo o processo de mensuração do período dejaneiro a agosto de 2019. Este relatórioapresenta as massas dos resíduos sólidos emquilogramas, separados pelos respectivosmesesdegeração,sendodividido pela naturezado resíduo, de acordo com a possibilidade deseremrecicláveis.

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Tabela11.Relatório Gerencial SocioambientaldaFPPMSaídas Mês

Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago.Res. Secos 539,29 74,42 105,38 146,50 121,26 79,89 102,42 135,22Papelão (Kg) 33,26 28,42 38,86 46,73 38,09 32,58 32,05 46,77Tetra Pak (Kg) 12,81 16,93 15,29 25,91 21,37 17,69 21,17 24,56Plástico (kg) 9,87 16,69 26,84 22,68 31,22 19,34 28,73 28,79Papel (Kg) 381,49 12,21 19,01 45,72 25,24 10,28 16,81 21,88Metal (kg) 26,30 0,17 3,95 1,94 5,34 0,00 0,00 12,00Vidro (Kg) 3,26 0,00 1,43 3,12 0,00 0,00 3,66 1,22Isopor 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Res.Eletrônico 72,30 0,00 0,00 0,40 0,00 0,00 0,00 0,00Medicamentos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Res.Úmido 859,15 1.035,43 860,84 1.037,00 1.024,11 563,44 671,81 990,69Borra deCafé 58,44 47,41 46,83 47,98 49,95 30,25 40,12 50,97Res.orgânico 800,71 988,02 814,01 989,02 974,16 533,19 631,69 939,72Res.Perigosos 2,93 2,33 3,09 2,18 0,61 0,00 0,86 2,95Res. deSaúde 2,93 2,33 3,09 2,18 0,61 0,00 0,86 2,95Lâmpadas(un) 0,00 164 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Total deRes.Recicláveis 1.398,44 1.109,85 966,22 1.183,5 1.145,37 643,33 774,23 1.125,9

LixoComum(Kg) 1.777,91 1.153,07 1.322,04 1.469,14 1.535,44 1.361,08 1.354,06 1.583,31Total de Res.Não

Recicláveis 1.780,84 1.155,4 1.325,13 1.471,32 1.536,05 1.361,08 1.354,92 1.586,31

No processo de averiguação dos dadosdas planilhas individuais das unidades emcomparação com a planilha do relatóriogerencial, verificou-se que existe algumasdivergências nos valores apresentados. Emrelação aos resíduos de papelão observa-senorelatório gerencial umadiferença de -28,78Kgno mês de abril. Assim como, os resíduosadvindos da embalagem Tetra Pak sãocomputados com3Kgamais nomêsde agosto.Por conseguinte, no mês de janeiro, os papéisestão calculados com 134,20Kg a mais emrelação ao que se apresenta nas planilhasindividuais.

Ressalta-se que no processo deaveriguação entre as planilhas alguns valoresdivergiam por conta de arredondamentos oupor possíveis erros de digitação, ou seja, nãoforam encontradas quantidades consideráveisde valores que divergem entre as planilhasindividuais e aplanilha geral, ambasfornecidaspela instituição estudada.

A partir das análises realizadas,observando-seaquantidade deresíduos sólidosgerados por unidades e de acordo com asanálises percentuais, nota-seque a geração deresíduos orgânicos e rejeitos sãopredominantes na maioria das unidades,obtendo35,38e58,06% respectivamente.Estasanálises se dão pelas atividades exercidas naFPPM, tendo o fornecimento de refeições e osrecolhimentos de materiais infectantes comouma das atividades mais determinantes. Os

resíduossecosapresentam6,55% emrelaçãoaototal estudado.

Silva (2019), ao concluir seu estudonoCODAP inferiu sobre a importância dasegregação correta dos resíduos sólidos comoprática capazde diminuir significativamente aquantidadedosrejeitos gerados,aproveitando aoportunidade em realizar a não geração dosresíduos sólidos.

Uma vez que,a FPPM possui atividadesquegeramelevados índices de resíduos úmidose rejeitos, observa-se, também, que uma dascausas que aumenta a geração se dá pelaineficaz utilização da coleta seletiva e falha naeducação ambiental, ao se misturar materiaiscom alto potencial de reciclagem de maneirainadequada.Tal problemática seassemelhacomas questões introduzidas na pesquisa realizadanoCODAP.

Ao realizar práticas de EducaçãoAmbiental, sensibilizando os envolvidos daimportância da preservação ambiental épossível reverter osnúmerosdosresíduosnão-recicláveis em resíduos com capacidade dereciclagem ao intensificar nas unidades aimportância da correta segregação na coletaseletiva e tentar formas de minimização degeraçãodosresíduos sólidos.

Práticas de coleta, acondicionamento,armazenamento, transporte, tratamento edestinaçãofinal dosresíduossólidosdaFundaçãoPedro Paes Mendonça

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Tendo comobase as ações básicas parao gerenciamento dos resíduos sólidos,apoiando-se nas práticas de coleta,acondicionamento, armazenamento,transporte, tratamento, destinação edisposiçãofinal ambientalmente adequadadestes,utilizou-se da elaboração de fluxogramas com afinalidade deexporde formaeficazas etapasdeprocessamento realizadas com os resíduossólidos da Fundação Pedro Paes Mendonça, osquais estão agrupados em resíduos úmidos,resíduos secose rejeitos.

O fluxograma dos resíduos úmidos(Figura 6) apresenta as etapas do processo degeração, segregação, acondicionamento ouarmazenamento, transporte e o tratamento,destinação ou disposição final ambientalmenteadequada. Entende-se, a partir destefluxograma, que a Fundação Pedro PaesMendonça destina os resíduos úmidos demaneira apropriada, já que a compostageméumaformadereciclagem.

Figura 6.Fluxogramadosresíduos sólidos úmidos.

Osrestos de alimentos não ingeridos sãolevadosparaaalimentaçãodesuínos,eemtrocaaFPPM recebeaduboorgânicopara utilizar nashortas distribuídas pelas unidades. As sobrasdos alimentos do Lar Dona Conceição sãoacondicionadas em baldes e tonéis, e oarmazenamentotemporário destesé localizadoaos fundos da unidade, onde os responsáveispela coletaretiram omaterial diariamente.

A partir dasobservações in loco,nota-segrande volumedefolhagens,porémestetipo deresíduo orgânico não é mensurado oucaracterizado pela organizaçãoentre janeiro eagostode 2019. Todavia, mesmoqueo tipo de

destinação das folhagens seja adequado,torna-se imprescindível que este tipo de resíduo sejamensurado paramaior controle estatísticodaquilo que tem capacidade de ser reciclável,podendo estes dados serem utilizados emfuturos pareceresambientais.

No que se refere ao processo degerenciamento dos resíduos sólidos secos,observa-senofluxograma(Figura 7) quetrata ofluxo dos materiais desde a geração até adestinação final ambientalmente adequada,sendo a reciclagem umas das formas detratamento capazde gerar o resíduo sólido emnovamatéria-prima.

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Figura 7.Fluxogramadosresíduos sólidos secos.

De acordo com Tonani (2011, apudMEDEIROS, 2012), a reciclagem é uma dasformasde sereaproveitar osmateriais, atravésdas etapas de recuperação e reprocessamentode resíduos sólidos, tornando-os aptos paraserem utilizados na indústria ou no meiodoméstico.Esse tipo detratamento éefetuadoapartir de programas de coleta seletiva ou deunidades de triagem, como se enquadra aquestão emestudo,emqueosresíduos capazesde serem reciclados são levados para o centro

de triagem do Consórcio Público do AgresteCentral Sergipano (CPAC), localizado emRibeirópolis-SE.

Os resíduos sólidos secos sãoacondicionados em sacos plásticos earmazenadosna central de resíduos(Figura 8).Este local foi definido pela FPPM comoo pontoonde os resíduos inorgânicos são organizadosdemaneira temporária, sendoestes levados aoCPACao fimdecada semana.

Figura 8.Central deresíduossólidossecosdaFPPM.

A FPPM possui a vantagem de estarlocalizada nopovoadoSerra doMachadoqueselocalizacercade6kmdacidadedeRibeirópolis.Essa curta distância possibilita melhores

controles no escorrimento dos resíduos secospara esta central de coleta, como também naeconomia de combustível, já que os custos com

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o transporte que leva este tipo de resíduo éresponsabilidadedaFPPM.

No tocante ao fluxograma dos rejeitos(Figura 9), este se comporta de maneiradiferente em relação a finalização do processo

por apresentar a disposição final como últimaetapa do fluxo. Ressalta-se que os rejeitos sãoencontrados emgrande quantidade namaioriadasunidadesdaFPPM.

Figura 9.Fluxogramadosrejeitos daFPPM.

Os resíduos contaminados,caracterizados pelas fraldas descartáveis eresíduos de origem hospitalar sãoacondicionados em recipientes diferentes dosdemais rejeitos, estes são sinalizados cometiquetas que ratificam o objetivo dasegregação. Estes rejeitos são transportadospela empresa Torre a qual é especializada emfazer o processo de descontaminação destagama de resíduos, dispondo-os em aterrosanitário, localizadonomunicípiodeRosário doCatete/SE. Já o lixo comum, reconhecido pornãodispor deformasderecuperação,édispostoem lixão à céu aberto, no povoado FazendinhalocalizadonomunicípiodeRibeirópolis/SE.

No tocante à disposição do lixo comum,sugere-se que sejam tomadas medidas dedisposição deste resíduo de maneiraambientalmente adequada,tendo comoopçãoautilização de aterros sanitários regularizadospor órgãos competentes que são capazes dediminuir os impactos deste tipo de resíduo nomeio ambiente.Ressalta-sequea eliminação ourecuperação dos lixões a céu aberto é meta daPolítica Nacional dosResíduosSólidos.

Conclusão

Apartir dasanálises dosdadosnotou-sequenaFPPM cercade58% dosresíduossólidossão considerados como lixo comum, obtendoum alto índice de geração de resíduos sólidosem comparação aos resíduos úmidos, queobteve 35,38% do total calculado, e dosresíduos secos que apresentou 6,55% dasmensuraçõesobservadas.

Além das análises gravimétricas dosresíduos sólidos, notou-sequea FPPM dispõe olixo comumemáreas consideradas comolixão acéu aberto. Aomesmotempoemquedestina osresíduos sólidos contaminados em aterrosanitário. Os resíduos sólidos secos sãodestinados à reciclagem e os resíduos úmidossão designados a compostagem e alimentaçãodeanimais.

Sendo assim,a presente pesquisa traz aimportância da efetivação de um Plano deGerenciamentode ResíduosSólidos para FPPMa fim de torná-la mais sustentável e emconcordância com a legislação ambientalvigente.

ReferênciasBERTÉ, R.; PELANDA, A. M.; SILVEIRA, A. L.Gestão de resíduos sólidos: cenários e

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CurriculumdosOrganizadores

Paulo Roberto Megna Francisco: Pós Doutor emCiência do Solo pela UFPB. Doutor em EngenhariaAgrícola – Irrigação eDrenagempelaUFCG.Mestre emManejo deSolo eÁguapeloCCA/UFPB.Graduadopela UNESP comoTecnólogoAgrícola comespecialização emMecanização. Graduando emEngenhariaAgrícola pela UFCG.Participa deProjetos dePesquisa e Extensãojuntamente coma EMBRAPA-Algodão,UFPB-Campus JoãoPessoa,UFCG-CampusSumé,IFPB-CampusCampinaGrandeeCampusPicuí. Ministrouas disciplinas de Mecanização Agrícola, Máquinas e Motores Agrozootécnicos e Máquinas e MotoresAgrícolasnoCCA/UFPB.Atualmenteprestaconsultoria para oINCRA/PB narealização dePDA’s.ConsultorAd hoc do CONFEA como organizador e avaliador do CongressoTécnico Científico da Engenharia eAgronomia – CONTECC.Editor Chefeda EPTEC. Revisor de Periódicos da Revista Educação AgrícolaSuperior, Revista Brasileira de Agricultura Irrigada. Revista Brasileira de Climatologia, CulturaAgronômica.

NewtonCarlosSantos: Bacharel emQuímicaIndustrial pela UniversidadeEstadual da Paraíba (UEPB);Professional Internship realizado na ASA Indústria e Comércio - Vitamilho, trabalhando no setor deControledeQualidade; Especialista emCiências eTecnologia dosAlimentospelo Instituto Federal doRioGrandedoNorte (IFRN); Mestre emEngenharia Agrícola pela Universidade Federal deCampinaGrande(UFCG), atuando na área de Transferência de Calor eMassa com ênfaseemRefrigeração e SecagemdeAlimentos.Atualmente éDoutorandoemEngenharia Química naUniversidade Federal doRio GrandedoNorte (UFRN). Revisor dosPeriódicos Journal ofPlant Breending andCropScience,Research,Society andDevelopmenteRevista Saúde&CiênciaOnline.

Virgínia Mirtes de Alcântara Silva: Licenciada emCiências Biológicas pela Universidade do Vale doAcaraú-CEem2010,DoutorandaeMestreemEngenharia eGestãodeRecursosNaturais pelaUniversidadeFederal deCampinaGrande-UFCG,Especialista emGeoambiênciaeRecursosHídricos doSemiárido pelaUniversidadeEstadual da Paraíba -UEPB, Especialista emGeografiaeGestãoAmbientalpelaUniversidadeIntegrada dePatos -FIP. Atuandonasáreas de SensoriamentoRemotoeSIG, Desertificação, RestauraçãoEcológica, RecuperaçãodeÁreasDegradadaseCaracterísticas ClimatológicasdoBrasil, EventosExtremosdeChuvaeDesastresAmbientais. Doutoranda emEngenharia eGestãodeRecursosNaturais atuando naárea deCrioconservaçãodeRecursosGenéticosdeOrigemVegetal, comtemasvinculados aRefrigeração eSecagemdeAlimentos.Integra ocorpoeditorial daEPTEC. RevisordosPeriódicosAfrican Journal ofPlantScience; African Journal of FoodScience; Journal of DevelopmentandAgricultural Economics,Journal ofPlant Breeding andCropScience.

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