ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA...

23
ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013

Transcript of ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA...

Page 1: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA

ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA

DEZEMBRO DE 2013

Page 2: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Introdução

Neste contexto de investigação-ação utilizou-se a aula construtivista que realça a importância que têm as ideias dos alunos sobre os conteúdos que lhes são propostos a aprender. Essas ideias prévias entendidas como uma atividade mental desenvolvida pelo próprio aluno, o qual constrói e modifica o significado que atribui ao conteúdo proposto.

Page 3: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Foi numa perspetiva de construtivismo social, teoria da aprendizagem que privilegia a cognição em contexto social como meio de influência na formação do indivíduo a partir de conhecimentos abertamente partilhados (Fosnot, 1999), que se enquadrou o primeiro estudo piloto com alunos da 10ª classe da Escola Magistério Primário de Benguela, com o intuito de indagar a aplicabilidade do modelo de uma aula construtivista, ou “Aula Oficina” (Barca, 2004), no contexto escolar de Angola.

Page 4: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Objetivos do estudo

Analisar a consistência das conclusões obtidas no momento inicial da investigação (Estudo Exploratório);

Analisar o contributo da atuação do professor na gradual apropriação pelos alunos, no processo da experiência, de conceitos históricos consentâneos com a epistemologia da História;

Indagar a aplicabilidade do modelo de uma aula construtivista em contexto de sala de aula;

Ensaiar uma categorização de ideias dos alunos com base nos dados recolhidos.

Page 5: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

METODOLOGIAAmostra participante

A experiência teve lugar numa Escola do Segundo Ciclo do Ensino Secundário denominada Magistério Primário de Benguela vocacionada para Formação de Professores para o Ensino Primário, numa turma da 10ª classe. Esta turma é composta por 42 alunos com idades compreendidas entre 21 a 26 anos, tendo participado 41 alunos. Esta escola abrange alunos provenientes de toda a província, de todos estratos sociais, englobando o meio urbano mas com maior incidência do meio rural. A Experiência decorreu com a participação da professora de história dessa turma e a investigadora, autora deste estudo.

Page 6: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Procedimentos no terrenoSequência de aulas com uma duração de 180 minutos

tendo cada uma delas a duração de 90 minutos e distribuídas em nove momentos diferentes.

1ºmomento: colocação das questões orientadoras; 3ºmomento: Realização do exercício “Observe com

atenção as imagens 9 e 10 e compare-as com a fonte 11. Justifique a sua resposta”;

5º momento: Elaboração de síntese em grupo pelos alunos, utilizando os conceitos utilizados na aula;

9º momento: elaboração de uma narrativa individualmente em que explicitem o que mais gostaram de aprender nas aulas em que participaram, e porquê.”

Page 7: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Fontes analisadas na 1ª fase do estudo pilotoA invasão imperialista europeia da África dirigiu-se e processou-se em quatro direções principais:•Contra o Norte de África pelos franceses na Argélia, Marrocos, Tunísia e mais tarde pelos britânicos no Egipto e italianos na Líbia.•Contra África Ocidental pelos britânicos, franceses e muito menor escalamento pelos alemães, enquanto os portugueses se ocupavam de Angola.•Contra África Austral pelos boers (os descendentes de colonos holandeses nascidos na África) que chegaram ao Cabo da Boa Esperança em 1625; posteriormente pelos britânicos e finalmente pelos alemães no Sudoeste africano (atual Namíbia).•Contra a África Oriental pelos árabes vindos da Arábia meridional e depois pelos britânicos, portugueses, e pelos italianos que se apoderaram da maior parte da Somália. Entretanto o rei Leopoldo II da Bélgica pela força e meios fraudulentos ficou com a bacia do Congo. Redescoberta: Nova visão ou interpretação de algo que já se conhecia.

Invasão: Entrada violenta ou arrogantePartilha: Divisão de bens, de herança, de lucros, etc.; partição.Exploradores: Viajante que explora regiões desconhecidas que merecem estudo.- Militar que, indo adiante de uma tropa em marcha, vai explorando o terreno.- Pessoa que explora a ignorância ou as circunstâncias especiais de outrem.Imperialismo: Opinião favorável ao regime imperial;

-Forma de governo em que a nação é um império;-Tendência para a expansão dos grandes Estados modernos.

Imperialista: Pessoa partidária do imperialismo.

Page 9: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Análise de dados

As respostas dos alunos sobre a Invasão e Partilha da África no momento inicial e final das aulas foram analisadas de forma indutiva a partir das ideias dos alunos, que foram emergindo ao longo do estudo. Por conseguinte, geraram-se nove categorias do (1º,2º,3º)momentos, e onze categorias (nono momento) em torno da conceptualização dos alunos e sobre questões epistemológicas que se levantaram sobre a Historiografia.

Estas categorias organizadas segundo o modelo de progressão conceptual (Lee, 2001) são as seguintes, por ordem de elaboração crescente:

Page 10: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Categorias da 1ª fase do estudo piloto

9 – Compr. avançada

8 - Compreensão

7 – Compr. aproximada

6- Compreensão vaga

5- Passado

4 – Copia fragmentada

3- Estereótipo

2- Incoerência

1 - Incompreensão

Categorias (1º,3º,5º) momentos

7 – Compr. aproximada

Page 11: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Categorias do nono momento

11- Vários países colonizadores

10- Exploração económica

9 - Invasão da África

8- Valores

7- Partilha da África

5- exploração científica

4- História da África

1- Incompreensão2- Incoerência 3- Elogios

Page 12: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Quadro 1 – Categorias e exemplos referentes ao primeiro momento” Que razões motivaram a invasão e partilha da África?”

Categoria /Exemplos

2 – Incoerência - As razões que mantiveram com a partilha de África e a partilha que mantiveram com os europeus não foi saudável no princípio sim, mais ao decorrer do tempo tudo começou a ser diferente e queriam ocupar de tudo um pouco.

3 – Estereótipo - As razões que mantiveram a invasão e partilhas da África porque os europeus pensavam que os africanos eram burros e que não tinham noções das coisas por isso chegaram e invadiram o continente africano de princípio era para coloniza-los depois começou haver as ambições quando viram a humildade dos africanos e fizeram deles o que bem entenderam.

Que e os seus negócios consideraram os africanos como produtos.

Page 13: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

3º momento “Observe com atenção as imagens 9 e 10 e compare-as com a fonte 11. Justifique a sua resposta”

FFffff

DIVIDIR PARA DOMINAR: A PARTILHA DA ÁFRICA - 1880-1990O expansionismo europeu pode muito bem ser traduzido através do pensamento de Cecil Rhodes [Conquistador, político inglês, organizador da anexação por parte da Grã-Bretanha de extenso território na África do Sul, dono de grande fortuna conseguida através da exploração de diamantes e ouro na região do Transvaal.]. “... essas estrelas... esses vastos mundos que nunca poderemos atingir.” E afirmava: “Se eu pudesse, anexaria os planetas.” A conquista ou partilha da África (1884/1885) não se deu, contudo, sem resistência, em que pese a superioridade bélica dos Estados espoliadores. Fonte 10

Page 14: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Resposta do aluno Xinje à atividade orientada

Nesta figura entendi que antigamente as pessoas vestiam mal isto porque tinham pouca importância em termo de vestuário e não houve as condições que existe agora, e dedicavam-se mais a agricultura.Já na fonte 10 mostra que o país está a mudar e tem liberdade isto porque eles já conseguem vender os seus produtos e já conseguem com facilidade coisas que eles não tinham no passado.

Page 15: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Resposta dos alunos, 5º momento “Elaboração de síntese em grupo”(metacognição)

2-Incoerência - Concluindo e resumindo ao tema que é a partilha do mundo teremos a dizer que os europeus foram os primeiros povos exploradores de África. Houve redescoberta de partilha devido a invasão dos povos europeus e africanos. Os imperialistas que comandavam os partidários e o imperialismo que deram o seu contributo.

4- Cópia fragmentada - De acordo com a clássica tese de John A. Hodson, espata em sua obra imperialista de 1902.

Stanley, Livingstone, Cameroun Magyar, alguns exploradores portugueses como Serpa pinto, Ivens, Capelo, Silva Porto e Henrique de Carvalho. A segunda metade do século XIX em torno do ano 1880, assistiu a transição do imperialismo informal. Que devido a invasão do continente africano os exploradores partilharam a divisão do continente africano.

Page 16: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Resposta dos alunos, 9º momento “Elaboração de narrativa individual (metacognição)”

4 – História da África - Durante as aulas passadas com a professora nova gostei muito. O tema das descobertas e curiosidade contínua científica e o espirito de aventura dos exploradores, que os europeus exploraram o nosso continente e me fez conhecer mais o nosso continente.

6 – Partilha da África - Aprendi que os exploradores e viajantes chegaram ao continente africano foi repartido pelos europeus a procura de mão-de-obra barata para poder fazer. Henrique de Carvalho, Serpa Pinto e Silva Porto também deram o seu contributo isto é ajudando fundaram algumas província em Angola.

Page 17: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

5- Exploração científica - Durante o tema o que mais me marcou foi o monte das disjuntas nas ocupações das terras onde não havia lista de quem podia ter mais parcelas. O momento de classificar as figuras em que alguns depois de pôr fim as disputam, alguns impérios sentia saudade de puder voltar a dominar África.

Page 18: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Gráfico comparativo entre o 1º e o 3º momentos

2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 Total 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 TotalPrimeiro momento terceiro momento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0.0

36.6

17.1 17.1

2.4

22.0

2.4 2.4

100.0

0.0

53.7

14.6

2.44.9

24.4

100.0

Series1 Series2 Series3 Series4

Page 19: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Gráfico referente ao 5º momento (metacognição/síntese em grupo)

Total

2 46

3

2

1

41

7.3 4.92.4

100

Gráfico referente a síntese do quinto momento

Series1 Frequência Percentagem

Page 20: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Gráfico referente ao nono momento(metacognição)

1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 Total0

20

40

60

80

100

120

4.9 2.4 4.912.2 14.6

24.4

4.9 4.9 4.99.8

2.49.8

100.0

Gráfico referente ao nono momento

FrequênciaPorcentagem

Page 21: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Conclusões provisórias Este estudo constitui um processo reflexivo, ao verificar que maior

parte dos alunos apresentaram inúmeros textos fracionados pouco argumentativos em que se denota uma frágil autonomia, apoiando-se constantemente nos textos ao seu alcance, copiando mal, ou apresentando textos com sequências discursivas incoerentes, e ideias fragmentadas o que será fruto da pedagogia tradicional.

Constata-se a reduzida elaboração de resposta de grande parte dos alunos, quando submetidos à questões problematizadoras sobre o estudo das fontes, e especificamente em emitirem juízos de valor e inferências nas atividades em que se exija a transformação da informação para solução de tarefas a partir da interpretação, análise e cruzamento de fontes com diferentes perspetivas, na construção do seu próprio conhecimento histórico.

Ressalta-se ainda insuficiências respeitantes ao quadro referencial teórico dos sujeitos;

Page 22: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Conclusões provisórias Necessita-se efetuar mudanças na atuação dos professores,

favorecer a criação de espaços de reflexão através de questões dirigidas aos alunos, articulando as suas vivências, valores, usando como suporte a pesquisa, análise e a elaboração de conclusões no contexto em estudo.

Constata-se a ausência de bases epistemológicas da ciência histórica e do seu ensino;

Os alunos compreendem o passado numa perspetiva relacionada

com o seu quotidiano, sua própria história de vida, distante do saber histórico, fazem breve retornos ao passado e deixam transparecer constantemente um panorama de miséria, de barbárie, do caos, da falta de liberdade, ao mesclar as suas ideias desprovido de qualquer noção de temporalidade, mas com algum sentido de períodos de rutura e mudanças, numa “perspetiva africanizada”, atribuindo ao período de colonização e ao tráfico de escravos, a raiz de todos os problemas que a África se encontra mergulhada.

Page 23: ESTUDO PILOTO SOBRE A AULA CONSTRUTIVISTA ANGELINA AGUIARES CIED, U. MINHO, PORTUGAL; UKB, ANGOLA DEZEMBRO DE 2013.

Muito obrigada!