ESTUDO PARA A INSTALAÇÃO DE INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE RESÍDUOS DE … · 2016-08-11 · O...
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ESTUDO PARA A INSTALAÇÃO DE
INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE
RESÍDUOS DE PODA PARA
UTILIZAÇÃO COMO COMBUSTÍVEIS
EM CALDEIRAS DE LEITO
FLUIDIZADO
Adelino Carlos Maccarini (utfpr)
Este estudo foi realizado com o intuito de dar destino mais adequado
aos resíduos de poda na cidade de Pato Branco, que até então eram
levados aos lixões. Fez-se estudo de viabilidades, para a instalação de
uma pequena indústria de fragmenttação desses resíduos para
utilização como insumo energético em fornos industriais ou em
caldeiras aquatubulares, com sistema de combustão em leito
fluidizado. Estas caldeiras, por conseguinte, geram calor e vapor para
ser utilizado industrialmente.
Palavras-chaves: Poda, caldeira, alternativas energéticas,
gerenciamento de resíduos, lixo, resíduos sólidos.
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
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1. Introdução
Logo após a virada deste século, as preocupações quanto à preservação ambiental tem
aumentado intensamente. A eminente falta do petróleo, as indagações sobre a destruição do
meio ambiente, poluição, desenvolvimento sustentável, o efeito-estufa na Terra, qualidade
ambiental, entre outras preocupações, colocaram à tona a necessidade de encontrar novas
alternativas energéticas. Sobre isto, Figueiredo (1995, pág. 30) comenta que “com relação à
crise energética, suas características se confundem com as da crise ambiental”.
Desta maneira, enfatiza Rodrigues (1983) que a partir do início da década de 1980,
aumentaram de forma exponencial as preocupações quanto ao gerenciamento de resíduos
sólidos urbanos e a troca do petróleo por fontes alternativas de energia, principalmente
provindas de fontes renováveis. Mandelli (1991) frisa que desde o início da década de 1970 já
se tem vinculado o lixo com energia e o balanço energético entre os processos de fabricação
dos produtos com a energia economizada pela própria reciclagem dos mesmos.
Maccarini et alli (2009) constataram que a poda de árvores no meio urbano gera uma grande
quantidade de resíduos, principalmente pelo corte anual realizado pelos órgãos municipais. O
estudo sobre formas adequadas para a destinação destes resíduos pode ter importante
contribuição para a sociedade em vista da carência de pesquisas sobre esta temática. Uma
possibilidade para a utilização da biomassa originada da poda consiste na sua conversão em
energia térmica para uso industrial ou doméstico, complementam os autores.
Na maioria dos municípios brasileiros, o destino deste resíduo de poda são os aterros e lixões.
No município de Pato Branco, ele é triturado e amontoado em leiras para compostagem e
posterior utilização como adubo em plantio de mudas de árvores.
O presente trabalho pretende fazer um estudo para implantação de indústria de processamento
de resíduos de poda de árvores provindo das vias públicas com a posterior comercialização
em indústrias para queima em fornalhas.
A metodologia de custeio utilizada foi a avaliação de viabilidades com cálculos a partir da
utilização de princípios de custeio por Absorção Total, Absorção Parcial e Custeio Direto,
com a finalidade de compará-los e avaliá-los criticamente entre o que foi realizado com o que
foi planejado.
2. Objetivos
a) Buscar alternativas de comercialização voltadas ao destino dos resíduos de poda de árvores,
em municípios de pequeno e médio portes, para queima e aproveitamento energético na
indústria;
b) Estudar meios de gerenciar os resíduos de poda gerados no corte anual de árvores em
logradouros públicos.
3. Revisão de literatura
Uma das grandes preocupações ambientais na atualidade se refere à substituição de
combustíveis fósseis por fontes alternativas de energia, vinculada com o futuro próximo do
planeta.
Argumentam Pirie et alli (2004), que os primeiros impactos ambientais de que se tem
conhecimento surgiram do uso excessivo da madeira há aproximadamente 400 a.C. quando
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grandes áreas de florestas da Grécia viraram desertos devido ao desmatamento causado pela
indústria de cerâmica e pela pastagem intensiva. Outras grandes nações de navegadores
acabaram com suas florestas para construir embarcações.
De acordo com Baquedano et alli (2002), no ano de 2050 a humanidade precisará de 3,5
planetas Terra, se o consumo de madeira for como na Grã-Bretanha. Quanto ao consumo de
energia, se precisaria de 8,3 planetas Terra.
3.1. A biomassa como fonte de geração de energia e outros usos diversos
De onde vem a energia que é utilizada para gerar o calor de caldeiras e fornalhas das
indústrias? Responde EPE (2009), que em média de 25,5% vem da biomassa de extração
vegetal (lenha e bagaço de cana). Outra parte vem de combustíveis fósseis (petróleo, carvão,
gás) e uma pequena parcela de energia hidroelétrica, nuclear, entre outras.
Em contrapartida, o consumo de lenha, no ano de 2005, de acordo com a mesma fonte, esteve
na ordem de 5.633 tep (tonelada equivalente de petróleo), correspondendo a 7,7% da matriz
energética nacional na indústria. Dentro destas estimativas de consumo, alguns autores, como
Gabrielli (2005), afirmam que poderá faltar madeira no estado do Paraná, por falta de árvores
plantadas. Ocorrência esta chamada de “apagão florestal”, em nível de Brasil, tendo em vista
uma possível falta de madeira para os próximos 30 anos se nenhuma providência for tomada
urgentemente, como por exemplo, o replantio de árvores e a otimização em sua utilização.
Rodrigues (1983) menciona que no início da década de 1980 muitas indústrias como, por
exemplo, a Nestlé e a COPENE, estavam optando pela substituição de óleos combustíveis
fósseis, por resíduos vegetais, animais e industriais. De acordo com o mesmo autor, citando
um estudo do antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), as indústrias
madeireiras do Paraná e Santa Catarina produziam os seguintes resíduos que eram passíveis
de aproveitamento energético: Serraria, 43%; serraria e beneficiamento, 46%; beneficiamento, 31%; laminadores e fábricas de compensados, 41%.
O reaproveitamento da casca, ramos e folhas das árvores em algumas indústrias,
correspondem a 37% das necessidades próprias de combustíveis. Cita ainda Rodrigues (1983),
que o IBDF realizou nos primeiros anos da década de 1980 um Inventário Florestal Nacional,
com os seguintes dados provindos de produtos e resíduos:
Estado Medida para serraria Lenha e resíduos de copa Total
milhões de toneladas % milhões de toneladas %
Paraná 147 29,9 344 70,1 491 Santa Catarina 134 30,1 311 69,9 445 Rio Grande do Sul 102 33,2 205 66,8 307 Fonte: RODRIGUES (1983) apud IBDF
Tabela 1 - Quantificação da madeira na região Sul do Brasil destinada para serraria e como resíduos
Verifica-se na Tabela 1 que em torno de 65 a 70% do volume da madeira em toras extraídas
das florestas eram perdidos na forma de costaneiras, serragens e outros resíduos gerados
durante o desdobro (processo mecânico primário). No Brasil, de acordo com Ipiranga (1996),
essa perda está entre 40 e 60%. De acordo com Menezes & Schneider (1988), as perdas totais
no corte para a espécie Eucalyptus grandis, chegam a 36,64% e as perdas de ponta chegam a
34,28%.
Segundo Bermann (2001), no ano de 1999, no Brasil, o consumo energético de biomassa foi
superior a 41 Mtep (tep significa, de acordo com Knijnik, 1994, toneladas equivalentes de
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petróleo). A lenha, enfatiza EPE (2009), teve no ano de 2005 um consumo aproximado de
5.633 tep, correspondendo a 7,7% da matriz energética nacional na indústria. Contudo, a
lenha já chegou a representar 24% desta mesma matriz no ano de 1970 e o bagaço de cana
18,3% em 1972. Alguns autores como Gabrielli (2005), dizem que poderá faltar madeira no
Estado do Paraná, por falta de árvores plantadas. Já Ataides (2005) e CREA-PR (2004),
prevêem o que chamam de “apagão florestal” em nível de Brasil, tendo em vista uma possível
falta de madeira para os próximos 30 anos, se nenhuma providência for tomada urgentemente,
como por exemplo, o replantio de árvores e a otimização em sua utilização. Para suprir estas
necessidades, Neto (2006) diz que no ano de 2007 foram investidos no Estado do Paraná,
recursos para aumentar a produção de biomassa.
3.2. Caracterização quantitativa de massa vegetal em árvores
Cita Rodrigues (1983) que, na fotossíntese, a energia solar é necessária para que a planta use a
água que retira do solo e o gás carbônico absorvido do ar, transformando em matéria orgânica,
como glicose, celulose e outros, desprendendo o oxigênio para a atmosfera. O inverso disso,
de acordo com o mesmo autor, é a oxidação desta matéria orgânica, seja por queima,
biodegradação (como o apodrecimento), ou outro processo, consumindo desta forma o
oxigênio do ar e liberando água, gás carbônico e energia. Quando a madeira entra em
combustão, ela estará liberando esta energia que foi acumulada pelas reações químicas devido
à fotossíntese. De acordo com Graça (1992), o carbono disperso no ar poderá ser recuperado e
reacumulado a partir de qualquer manejo florestal rotativo e periódico em processo de
crescimento, em que se constitui num reservatório permanente de carbono.
3.3. Poda de árvores
Podar uma árvore é, segundo Ferreira (1993), desbastar ou aparar ramos de plantas; cortar as
ramas inúteis das árvores. Nos logradouros municipais ela é realizada geralmente com
objetivos de embelezamento e para minimizar a altura dos galhos, evitando que se encostem
aos fios ou em veículos. Na região Sul do Brasil é realizada em períodos anuais, geralmente
nas estações frias, aproveitando a dormência das plantas causada pelo frio.
Observa-se que a poda de árvores no meio urbano gera uma grande quantidade de resíduos,
principalmente pela atividade anual realizada pelos órgãos municipais. Na maioria dos
municípios brasileiros, o destino dos resíduos de poda são os aterros ou nos lixões, conforme
Figura 1, causando além da redução de sua vida útil, problemas ambientais devido à formação
de efluentes formados no processo de decomposição. Uma possibilidade para minimizar isto,
é a utilização desta biomassa na conversão em energia térmica para uso industrial ou
doméstico.
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Figura 1 - Lixão onde são depositados os resíduos de poda na cidade de Pato Branco
Em uma cidade como Pato Branco, com população estimada em 70.160 habitantes e 16,22
km2 de área urbana (IBGE, 2010), estudos realizados por Maccarini et alli (2009)
comprovaram que são gerados anualmente em torno de 6.000 toneladas de madeira e folhas
verdes provindas da poda de mais de 10.000 árvores que estão situadas nas vias da cidade.
Entre estas árvores, mencionam os autores, estão o ligustro (70%), a aroeira periquita (20%) e
10% de outras plantas, como a extremosa e algumas espécies de citrus.
O corte é realizado de forma parcialmente mecanizada, com motosserras (Figura 2). Dos
resíduos são separados os troncos dos galhos finos. Os troncos são deixados para secagem e
posterior queima em caldeiras com aproveitamento do calor. Em certas circunstâncias, como
enfatiza Palhano (2009), os galhos finos são triturados e amontoados em leiras para
compostagem e posterior utilização como adubo em plantio de mudas de árvores. Na Figura
3, observa-se as particularidades sobre estes resíduos triturados depositados no lixão.
Figura 2. A poda de ligustros na cidade de Pato Branco
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Figura 3 - Particularidades sobre os resíduos depositados no lixão
4. Materiais e métodos
4.1. Princípios de custeio
A metodologia utilizada foi a avaliação de viabilidades com cálculos a partir da utilização de
princípios de custeio por Absorção Total, Absorção Parcial e Custeio Direto, para poder
compará-los e avaliá-los criticamente entre o que foi realizado com o que foi planejado.
4.2. Conceito de produtividade que será utilizado pela empresa
Citam Rinaldi & Maçada (2002) que profissionais de diversas áreas utilizam diferentes
formas de medir a produtividade. A mais aceita, enfatizam os autores, utiliza o estudo dos
indicadores que permitem avaliações ao longo do tempo. Abordam Silva & Zotes (1996),
apud Rinaldi & Maçada (2002), que “produtividade é um componente de sucesso e fator de
competitividade das empresas, e por isso se faz importante o seu monitoramento através de
indicadores que apóiem decisões administrativas”. Borges & Kliemann (1993), destacam que
“a produtividade e o gerenciamento de custos são pontos de vital importância para a tomada
de decisões e devem ser tratados com exatidão como iniciativas de decisões futuras, com
investimentos certos em setores certos, gerenciando aquilo que se pode medir”. Esclarecem
ainda Rinaldi & Maçada (2002) que produtividade de um recurso em um intervalo de tempo
“é a quantidade de produtos ou serviços produzidos no intervalo de tempo, dividido pela
quantidade necessária deste recurso, dependendo de variáveis como capital, mão-de-obra
direta, gastos gerais”. Citam ainda os autores que “a produtividade em serviços é a razão entre
os serviços prestados e o número de funcionários e equipamentos utilizados”. Citam também
que produtividade “é a relação quantitativa e qualitativa dos resultados (produtos) e dos vários
recursos, como a força de trabalho e os esforços – insumos – para alcançar os objetivos
organizacionais”. Arenas & Yepes (1993), enfatizam que a produtividade está associada à
relação entre os produtos ou resultados e os recursos físicos e materiais utilizados na produção
de serviços.
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Gaither & Frazier (2001), descobriram que investimentos em tecnologia e treinamento dos
empregados é uma fonte de produtividade. Dizem ainda que a “produtividade só poderá ser
obtida aumentando-se a produção do homem, seja ele investidor, trabalhador ou gerente”. Por
outro lado, enfatizam ainda Rinaldi & Maçada que os baixos índices de produtividade podem
estar relacionados à lentidão e à incapacidade das pessoas em absorver e processar as novas
tecnologias.
Francischini (1997), apud Rinaldi & Maçada (2002), citam que nas micros e pequenas
empresas, a aplicação de ferramentas como a consulta a operários mais experientes,
levantamentos de dados, adequação do arranjo físico, limpeza da fábrica, estocagem adequada
de materiais e movimentação de trabalhadores, podem aumentar e melhorar a produtividade, a
partir da diminuição de perdas no processo produtivo.
O aumento da produtividade gera em contrapartida uma série de benefícios que atingem a
empresa, os trabalhadores e a sociedade, medindo o quanto as pessoas e organizações
correspondem às expectativas. Já Reydon et al. (2003), inserem os conceito de melhorias
ambientais e ganhos de competitividade, atrelados simultaneamente à produtividade.
4.3. informações de custos
Foram realizadas duas análises (hipóteses) para o gerenciamento destes resíduos:
a) A primeira é que a Prefeitura Municipal realize a poda das árvores e transporte os resíduos
até o local de trituramento. O pátio onde deverá ser instalada a indústria para triturar os
resíduos está situado próximo ao lixão da cidade de Pato Branco e pertence à própria
Prefeitura Municipal, que o deverá ceder em consignação.
b) Outra possibilidade é que a Prefeitura Municipal nem realize a poda das árvores e nem
forneça os resíduos no local para triturá-los. Para isto, a empresa estudada deveria ter que
realizar estes procedimentos.
Foram também realizados estudos partindo da possibilidade em alugar caminhões conforme a
Tabela 4, para realizar o transporte dos resíduos picotados desde a fábrica até a indústria que
se localiza a 62 quilômetros de distância. Esta avaliação gerou duas possibilidades:
a) Ou se contrata um motorista e caminhão com volume médio de 40m³, e capacidade de até
16 toneladas, com carroceria de eixo duplo, chamado popularmente de “trucado”;
b) Ou se contrata outro motorista e caminhão com volume médio de 23 m³, e capacidade de
até 9,2 toneladas, com carroceria de eixo único chamado popularmente de “toco”.
O primeiro caminhão deverá ser contratado por quilometragem percorrida, que é de R$ 1,60
por quilômetro rodado, independente do tempo de espera para carregamento e
descarregamento.
O segundo caminhão deverá ser contratado por viagem, que é de R$ 200,00 cada viagem de
124 quilômetros, também independente do tempo de espera para carregamento e
descarregamento.
A quantidade máxima de viagens diárias para cada caminhão é de duas de 124 quilômetros.
TIPO DE CAMINHÃO
PARA ALUGUEL
Custo do
aluguel
Capacidade
volumétrica (m³)
Capac. de
carga (ton)
Custo por
viagem
Custo por carga
(R$/ton/viagem)
"TRUCADO" R$/km 1,60 e
R$/dia 280,00 40 16 R$ 198,40 R$ 12,40
"TOCO" R$/viagem 23 9,2 R$ 200,00 R$ 21,70
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200,00
Tabela 4 - Particularidades sobre os custos de aluguel dos caminhões com total de 124 quilômetros percorridos
entre a ida e a volta
Para os cálculos médios de salários dos operadores, foram tomados como base os salários dos
funcionários da Prefeitura Municipal, que realizam as atividades de poda.
Quanto à geração anual de resíduos de poda na cidade, foram tomados como base, estudos
previamente realizados Maccarini et alli (2009) que são de 6.000 toneladas geradas nos cinco
meses em que ocorrem as atividades de corte das árvores.
Aconselha-se, de acordo com estudos já realizados pelos mesmos autores, que os galhos e
folhas deverão ficar entre 25 a 30 dias ao sol, para que ocorra a evaporação de maior parte da
umidade. Neste período, perde-se em média 60% de umidade, ficando desta forma, o cavaco
mais valorizado industrialmente em conseqüência de seu aumento do poder calorífico.
Foram realizados alguns orçamentos de picadores de madeira (ver ANEXOS), dos quais,
apenas dois que se encaixaram nas propostas de trabalho. Entretanto, foi utilizado como base,
apenas uma proposta a de R$ 85.000,00, pois a segunda, apesar de seu orçamento ser mais
baixo (R$ 48.000,00), a máquina não satisfaz completamente às condições propostas e
também porque se precisaria de um trator para acionar o equipamento, o que inviabilizaria o
sistema, devido aos custos de um trator deste porte (tratores das marcas Massey Ferguson
modelo 620, ano 1995 e tratores da marca John Deere modelo 5600 ano 2000, custam
aproximadamente R$ 40.000,00).
Para realizar os cálculos, foi utilizada uma Planilha Excel da empresa Microsoft.
4.4. métodos de custeio utilizados para o cálculo da instalação e operação da indústria
utra possibilidade é em adotar o Método do Target Cost (Custo-Meta) em que visa
compreender a origem dos custos e medí-los, no sentido de reduzir o custo dos produtos até
que seja atingido o custo-meta. Neste caso, deveria ser determinado o custo-meta (preço
estimado com características e funcionalidades) e atingir o custo-meta usando técnicas de
redução de custos, em que o custo é guiado pelo preço, enfocando o comprador do produto,
sendo que os custos poderão ser determinados no projeto, envolvendo a empresa como um
todo e orientando a mesma para o custo do seu ciclo de vida.
Talvez um dos métodos indicados seria o UEPs (Unidade de Esforço Padrão) o qual
fundamenta-se na simplificação do controle de gestão através do conceito de Unidade de
Esforço Produção, visando desta forma unificar a produção sob um só referencial
determinado. Pode representar o esforço humano, da máquina ou equipamento utilizado, dos
capitais investidos ou da energia aplicada. Satisfaz as necessidades gerenciais, quanto ao
controle dos custos industriais e medição da produtividade (controle de eficiência, eficácia e
ociosidade) para o “peão” da fábrica. A sua maior contribuição está na apropriação mais
precisa dos custos indiretos de fabricação aos produtos. No entanto, para despesas
administrativas é mais difícil de aplicá-lo, sendo feita de maneira arbitrária.
4.5. Onde poderão ser utilizados os resíduos de poda
Uma indústria alimentícia da região, consultada com fins de estreitar relações comerciais e
negociar o cavaco processado, utiliza em média de 10.000 toneladas por ano de cavaco seco
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de lenha (com umidade relativa de até 30%) e paga em média R$ 32,00/ton, misturado ou não
com folhas. Esta indústria, em épocas de falta de lenha, já chegou a pagar R$65,00/ton de
cavaco provinda de mais de 1.500 km de distância.
Devido à necessidade iminente de energia e alternativas energéticas, estudou-se a viabilidade
de criação de uma indústria que processe este resíduo e disponibilize para a geração de calor,
gerando divisas e conservando o meio ambiente.
4.6. Descrição da empresa a ser criada
A empresa a ser estudada e descrita a seguir, se baseia no gerenciamento de resíduos de poda
de árvores para serem utilizados em caldeiras industriais com geração de energia térmica. As
atividades envolvem o processamento, a fragmentação em forma de cavacos e a
comercialização.
Esta empresa deverá trabalhar em terreno junto ao lixão da cidade de Pato Branco, cedido em
consignação pela Prefeitura Municipal, onde serão depositados os resíduos. Este terreno
deverá ter área mínima de 3.000 m², para depósito de galhos e a alocação da máquina de
triturar com o silo, bem como área para a manobra de caminhões para descarregar galhos e
carregar o material triturado.
Já existe a instalação de postes e rede de energia elétrica até a base da fábrica proposta.
O número de empregados previstos na empresa é de:
Um operador de máquinas;
Três auxiliares para descarregar galhos e folhas de árvores na máquina para que sejam
fragmentados (triturados);
Um administrador (gerente) da empresa;
Dois motoristas com caminhões locados a serem contratados como terceirizados.
O expediente de trabalho é de nove horas diárias, de segunda a sexta-feira.
Os equipamentos, máquinas e materiais de escritório necessários e seus custos são:
ITEM Custos em R$
Máquina de picotar os resíduos de poda e troncos de árvores com até 150 milímetros de
diâmetro
85.000,00
Silo para armazenar resíduos já picotados 2.500,00
Estrutura metálica para suportar o silo 2.190,00
Toldo de lona com área de cobertura de 28m² (4metros X 7metros), com estrutura metálica 1.900,00
Materiais de escritório e outros 1.100,00
Tabela 2 - Equipamentos, máquinas e materiais de escritório necessários para a instalação da indústria
EQUIPE PARA
FABRICAR O
CAVACO
Número de
funcionários
Salário mensal
de cada
operário
Encargos 13º salário,
férias, 1/3 férias, fundo de
garantia (8%), etc./mês
Encargos trabalh.
(20% INSS + 3%
acid. Trab.)
sub-total
(para cada
funcionário)
total (com
número total de
funcionários)
Operários para levar
galhos ao picotador 3 R$ 550,00 R$ 150,94 R$ 126,50 R$ 827,44 R$ 2.482,33
Operador de
máquina 1 R$ 1.000,00 R$ 274,44 R$ 230,00 R$ 1.504,44 R$ 1.504,44
Administrador 1 R$ 3.000,00 R$ 823,33 R$ 690,00 R$ 4.513,33 R$ 4.513,33
TOTAL R$ 8.500,11
Tabela 3 – Particularidades sobre valores em Reais para os custos de contratação dos funcionários
5. Resultados
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Considerado-se um poder calorífico médio de 3.500 kcal/kg, ter-se-ia em torno de
7.000.000.000 kcal/ano de disponibilidade de energia térmica, o equivalente a 648 tep/ano, se
este resíduo fosse gerenciado. Isto equivale a aproximadamente 22 caminhões-tanque, cheios
de petróleo.
O estudo mostra que, dependendo da situação de gerenciamento a se propor, a empresa
poderá obter lucro ou prejuízo. Na Tabela a seguir estão registrados os lucros ou prejuízos
obtidos pela empresa considerando que a Prefeitura ceda os resíduos à empresa criada,
cabendo a esta última apenas em triturar e transportar os cavacos para as indústrias de queima.
Tipo de
caminhão
Prejuízo ou lucro da empresa considerando o
recolhimento médio de 55 ton/dia
Lucro da empresa considerando a produção
máxima da máquina de 90 ton/dia
diário mensal diário mensal
trucado R$ 254,87 R$ 791,80 R$ 17.419,60
"toco" R$ -134,57 R$ -2.960,52 R$ 206,01
Tabela 5 - Comparações entre o lucro e prejuízo para duas situações distintas da empresa criada
Entretanto, como é visto na mesma Tabela, que os resultados do caminhão “toco” não foram
tão satisfatórios quanto ao caminhão trucado. Percebe-se que, na primeira situação, mesmo
que os resíduos sejam recolhidos e entregues pelo órgão municipal, considerando a produção
média mensal de 55 ton/dia, a empresa arca com um prejuízo de R$ 2.950,52. Por outro lado,
considerando os mesmos parâmetros, o transporte com o caminhão trucado geraria R$
5.607,16 de lucro sem os descontos dos impostos, ou R$ 5.424,93 de lucro líquido
(envolvendo a exclusão devido aos impostos de 3,25% e 4,12%). Considerando-se a produção
de 90 ton/dia de cavaco, de acordo com a produção da máquina (absorção total), com o
caminhão “toco” gera-se lucro de R$ 4.532,17 e lucro líquido de R$ 4.384,88 considerando o
desconto dos impostos. Em contrapartida, com o caminhão trucado gera-se lucro de R$
17.419,60 e lucro líquido de R$ 16.701,91 com o desconto dos impostos. A quantidade média
de caminhões trucados a serem utilizados para o transporte do cavaco é de 1,5, considerando a
produção média de 55 ton/dia e de 2,5 considerando a produção máxima da máquina de 90
ton/dia. A quantidade média de caminhões “tocos” a serem utilizados é de 2,5 e 4,5
respectivamente, considerando os mesmos parâmetros anteriormente utilizados pelo caminhão
trucado.
O ponto de equilíbrio desta empresa, considerando os custos diretos totais para sua instalação
de R$ 115.259,50 e o lucro gerado pela absorção parcial utilizando-se o caminhão trucado
(R$ 5.424,23) envolvendo juros e correção monetária média de 1%, indicam que em um
período de 24 meses poderá ser pago o investimento realizado.
A Tabela 6 faz comparações entre os custos unitários em Reais por tonelada para a fabricação
e transporte do cavaco, considerando a absorção total, a parcial e custos variáveis entre a
utilização do caminhão trucado e o caminhão “toco”.
Custos unitários em R$/ton para fabricação e transporte do cavaco
Absorção total Absorção parcial Variável
Utilizando-se o caminhão trucado R$ 9,49 R$ 5,98 R$ 0,59
Utilizando-se o caminhão “toco” R$ 9,88 R$ 6,38 R$ 0,99
Tabela 6 - Custos unitários em R$/ton para fabricação e transporte do cavaco utilizando caminhão trucado e
“toco”
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A Tabela 7 a seguir mostra uma simulação em que a Prefeitura se recusasse em realizar a
poda nos logradouros, deixando para que a empresa proposta o faça e o transporte até o local
de fabricação do cavaco. Percebe-se a partir desta situação que ainda prevalece a desvantagem
do caminhão toco em relação ao trucado. Entretanto, independente do tipo de caminhão ali
utilizado, ocorrerão prejuízos na instalação desta empresa.
Considerando o que realmente é podado Considerando a produção da máquina
caminhão
Prejuízo ou lucro Prejuízo ou lucro
diário mensal diário mensal
Trucado R$ -2.813,81 R$ -61.903,76 R$ -2.276,88 R$ -50.091,32
“Toco” R$ -3.203,25 R$ -70.471,44 R$ -2.862,67 R$ -62.978,75
Tabela 7 - Comparações entre lucros ou prejuízos da empresa proposta em que ela realizará a poda e o seu
devido recolhimento
6. Conclusões e recomendações
Seguindo recomendações dos autores, a produtividade nesta indústria deverá ser atrelada com
parceria na qualidade, contratando-se operadores experientes, leiaute otimizado, sistema
eficiente de armazenamento de cavacos para evitar o retrabalho e treinamento constante dos
funcionários, para que processem os materiais dentro dos padrões adequados de qualidade.
Será muito difícil em se atingir a produtividade máxima do picotador proposta pelos
fabricantes que é de 10 ton/h. Ali deverão ser descontados os tempos de ineficiência,
ociosidade, quebra de máquina, paradas por motivos fisiológicos, entre outros motivos.
A princípio, não serão gerados refugos, já que todo o cavaco será aproveitado, independente
de seu tamanho e da sua composição física como galhos, folhas e cascas de árvores.
A empresa deverá ser eficiente e competitiva, tendo em vista previsões de expansão neste
setor em nível regional, a partir do momento em que forem percebidos os resultados positivos
desta indústria instalada, com um olhar atento aos possíveis concorrentes diretos a serem
formados. Outra situação para o qual deve procurar pisar com cautela é porque no futuro não
se sabe se o órgão municipal irá ou não entregar os resíduos gratuitamente no pátio de
processamento dos cavacos. Para isto, o procedimento adequado para assegurar o futuro da
empresa a ser instalada será realizar contratos diretos com os órgãos municipais envolvidos e
garantir por certo período - em anos – o fornecimento de resíduos de poda para a indústria
instalada. Contratos com as empresas compradoras também deverão ser firmados, para
garantir a comercialização do cavaco pelo mesmo período anteriormente formalizado entre os
órgãos municipais.
O assunto em questão é de grande importância para resolver uma pequena parcela da
problemática causada pelo destino inadequado dos resíduos de cidades de pequeno porte,
além do suprimento de biomassa para geração de energia em indústrias regionais.
7. Referências bibliográficas
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12
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ANEXOS
INFORMAÇÕES A RESPEITO DAS MÁQUINAS PARA PICOTAR GALHOS
MODELO NÚMERO 1
MODELO PLT 560
Altura nominal de alimentação...............................................120mm
Altura máxima da madeira.....................................................180mm
Largura nominal....................................................................570mm
Largura máxima....................................................................600mm
Peso aproximado.................................................................3000 Kg
Tipo do rotor..................................................................................N
Diâmetro do rotor..................................................................560mm
Número de facas............................................................................6
Número de contra facas..................................................................1
13
Rotação do motor..............................................................1100RPM
Velocidade de alimentação.................................................28 m/min
Capacidade de produção..................................................10 ton/hora
Comprimento aproximado do cavaco........................................15mm
Malha de peneira.........................................................................40
Diâmetro das polias motora e movida....................................250/400
Correia tipo/quantidade...................................................C103- 5 pçs
Base do Motor - carcaça......................................................250 S/M
Potência do motor/ tensão...........................................100CV - 380 V
Tipo de correia transportadora/comprimento MB140/2 24" X1/ 8" X 6600
Valor R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais)
PICADOR DE DISCO
Características Técnicas:
Modelo PDF-320R
Tipo picador de disco duplo
Abertura vertical entrada 320 mm
Abertura horizontal entrada 260 mm
Produção máxima 10 a 40 m3/h (05 a 12 ton/h)
Diâmetro do disco 1.050 mm
Rotação do disco 540 rpm (direto)
Origem da potência trator (3º ponto)
Número de facas 02
Rolo superior 01
Rolo inferior 01
Sistema de abertura superior da boca rolamentos de esferas
Potência motor do disco 75/105 cv
Comprimento nominal cavaco (ajustável) 07 a 30 mm
Comprimento calha de alimentação 1.500 mm
Sistema de segurança chave stop com leve toque
Válvula de engrenagem eletrônica variador de velocidade
Peso aproximado 1.200 kg
Valor do picador florestal...................................................................R$ 48.000,00