Estudo etnobotânico e etnofarmacológico de plantas medicinais ...
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___________________________________________ISSN 1983-4209 - Volume 07– Número 01 – 2012
1Graduando(a) em Ciências Biológicas pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Areia,
Brasil. ([email protected]), ([email protected]).; 2Graduando em Agronomia pelo Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Areia, Brasil. ([email protected]),
([email protected]); 3Professor da Universidade Estadual da Paraíba, campus III, Centro de Humanidades,
Guarabira, Brasil, ([email protected]).; 4 Professor do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais
do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Areia, Brasil. ([email protected]). Esse estudo
foi apresentado em forma de painel no VI Encontro Nordestino de Etnobiologia e Etnoecologia e II Encontro Paraibano
de Etnobiologia e Etnoecologia, Areia, Paraíba, Brasil, 2011.
ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE MYRACRODRUON URUNDEUVA ALLEMÃO NO VALE
DO PIANCÓ (PARAÍBA, NORDESTE, BRASIL)
Rodrigo Ferreira de Sousa1, Daniel da Silva Gomes
2, Arliston Pereira Leite
2, Suellen da Silva
Santos1, Carlos Antônio Belarmino Alves
3 e Reinaldo Farias Paiva de Lucena*
4.
RESUMO - No presente estudo buscou-se informações sobre o conhecimento e uso de
Myracrodruon urundeuva Allemão em uma comunidade rural no município de Itaporanga (Paraíba,
Brasil). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os chefes de famílias (homens e
mulheres), participando 15 pessoas na comunidade Pau D`Arco. Nas entrevistas objetivou-se
identificar e diferenciar os usos atuais dos usos potenciais para se obter informações mais precisas
sobre a relação das pessoas com essa espécie. Os usos foram distribuídos em sete categorias de usos
madeireiros e não madeireiros. Foram registradas 51 citações de uso por homens e 28 por mulheres.
A separação de uso atual de uso potencial é importante como visto no presente estudo, no qual se
observou que quando consideradas todas as citações de uso atribuídas a M. urundeuva obteve-se na
comunidade Pau D‟arco um uso madeireiro superior aos 88%, mas com a separação do uso atual do
potencial, essa porcentagem caiu consideravelmente para 44,3% de uso atual. Logo, considera-se
com os resultados desse estudo o fato de que a notória popularidade e o uso parcial ou total dos
recursos naturais disponibilizados pela espécie M. urundeuva pode trazer ameaças de extinção local.
Unitermos: Aroeira, Caatinga, Etnobotânica.
ABSTRACT - In the present study were sought information about knowledge and use of
Myracrodruon urundeuva Allemão in a rural community in the municipality of Itaporanga (Paraiba,
Brazil). Semi-structured interviews were conducted with the heads of families (men and women),
15 people participating in the community Pau D'Arco. In the interviews aimed to identify and
differentiate the current uses of the potential uses to obtain more precise information on the
relationship people have with this species. The uses were divided into seven categories of timber
and non-timber uses. 51 citations of use were recorded for men and 28 for women. The separation
of current use of potential use is important as seen in this study, which noted that when considering
all the quotes attributed to use M. urundeuva was obtained in Pau D'arco use a timber above the
88%, but with the separation of the current use of the potential, that percentage dropped
significantly to 44,3% in current use. It is therefore considered the results of this study the fact that
the notorious popularity and use all or part of the natural resources available for the species M.
urundeuva can bring the threat of local extinction.
Uniterms: Aroeira, Caatinga, Ethnobotany
INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre Myracrodruon urundeuva Allemão e o seu uso por populações locais,
principalmente, as localizadas na região dominada pela vegetação de caatinga no semiárido
nordestino, vem sendo documentada em estudos etnobotânicos (Monteiro et al., 2006a; Oliveira et
al., 2007; Lucena, 2009; Albuquerque et al., 2011; Lucena et al., 2012), contudo, são estudos
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pontuais, e necessita-se de mais pesquisas realizadas em diversas regiões desse ecossistema para
que, unindo tais resultados, se possa ter uma noção da relação entre as populações rurais e essa
espécie em um contexto mais amplo (regional) e não apenas local, o que pode trazer grandes e
importantes informações para planos de uso, manejo e conservação, visto que essa espécie está
ameaçada de extinção de acordo com a lista oficial do Ministério do Meio Ambiente (MMA) de
espécies ameaçadas de extinção segundo a Instrução Normativa Nº 06 de 23 de setembro de 2008
(MMA, 2008).
M. urundeuva além de ser uma espécie amplamente conhecida na região do semiárido, tem
sido utilizada, ao longo das gerações, para diversas finalidades, principalmente atendendo as
necessidades de subsistência da população rural, indo desde usos madeireiros a não madeireiros,
como por exemplo, o uso medicinal e o uso para construção de cercas (Albuquerque & Andrade,
2002a,b; Albuquerque & Lucena, 2005; Monteiro et al., 2006a; Albuquerque & Oliveira, 2007;
Lucena et al., 2007; Oliveira et al., 2007; Lucena et al., 2008; Monteiro et al., 2008; Ramos et al.,
2008a,b; Lucena, 2009). Outros estudos também vêm sendo realizados com foco nessa espécie, pelo
fato dela está ameaçada de extinção, os quais vêm analisando seus usos e presença em sistemas
agroflorestais, a conservação de seus recursos genéticos, estudos químicos e bioquímicos (Nobre-
Júnior et al., 2009; Gaino et al., 2010; Sá et al., 2009; Sousa et al., 2010).
A realidade de M. urundeuva se agrava muito na região do semiárido em virtude do processo
de degradação, desertificação, e demais alterações ambientais, que essa região vem passando ao
longo dos anos (Garda, 1996; Fernandes, 2002). Os estudos etnobotânicos são altamente
qualificados para realizar o registro de conhecimento e uso dessa espécie, além de fornecer
informações para seu manejo e conservação, principalmente, por levar em consideração e envolver
de forma ativa em suas pesquisas as populações locais que mantêm vínculos de conhecimento e uso
com essa planta (Monteiro et al., 2006a; Albuquerque & Oliveira, 2007; Lucena et al., 2007;
Oliveira et al., 2007; Lucena et al., 2008; Monteiro et al., 2008; Ramos et al., 2008a,b; Lucena,
2009).
Sendo assim, o presente trabalho buscou registrar informações etnobotânicas referentes a M.
urundeuva coletadas em uma comunidade rural localizada no sertão do estado da Paraíba, além de
promover o conhecimento sobre essa espécie em áreas de caatinga ainda não estudadas com o
enfoque etnobotânico, buscando comprovar se em tais regiões essa espécie é utilizada da mesma
forma como vem sendo registrada e apresentada na literatura etnobotânica.
Esse estudo também faz parte de uma pesquisa de amplitude maior que está sendo
desenvolvida em diversas cidades e regiões do estado da Paraíba pelo grupo de pesquisadores e
alunos (graduação e pós graduação) do Laboratório de Etnoecologia do Centro de Ciências Agrárias
da Universidade Federal da Paraíba, o qual vem buscando determinar os padrões de uso de espécies
vegetais no semiárido paraibano. Para alcançar tal resposta, são necessários estudos em diversas
comunidades, por isso a importância de estudos de etnobotânica geral, como o presente estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O presente estudo foi realizado na comunidade rural de Pau D`Arco, município de
Itaporanga (Paraíba, Nordeste do Brasil) (Figura 1), o qual apresenta clima semiárido quente, com
uma curta estação chuvosa (IBGE, 2010). O município está inserido na mesorregião do Sertão e
microrregião do Vale do Piancó, possuindo uma área territorial de 468km2, localizado nas
coordenadas 7º18‟14”S e 38º09‟00”O, com altitude de 191m acima do nível do mar (IBGE, 2010).
Comunidade estudada
A comunidade Pau D`Arco localiza-se, aproximadamente, a 8km do centro urbano do
município. Na referida comunidade encontram-se oito residências habitadas. Possui um campo de
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futebol, uma capela de crença católica, sete açudes (todos privados) e uma escola desativada.
Devido à escassez de chuvas na região, foi construído um poço artesiano, por meio de uma ação
governamental, para suprir as necessidades hídricas dos moradores. Os primeiros contatos com a
comunidade foram mediados por agentes de saúde da localidade, sendo informados sobre a
finalidade e a importância do trabalho. Foram entrevistados moradores locais que conhecem e
fazem uso de plantas para diferentes finalidades. Na equipe de pesquisadores envolvidos na
pesquisa, tinham um membro que era natural de Itaporanga, e sua família residia na comunidade, o
que facilitou o acesso aos informantes, garantindo uma maior confiabilidade das informações.
Com relação ao acesso à educação, as crianças da comunidade Pau D‟arco se deslocam para
a comunidade vizinha (São Pedro) para estudarem na escola municipal de ensino fundamental
Joaquim Gomes de Melo. Alguns moradores trabalham como diaristas em fazendas locais e em
outras comunidades vizinhas. Algumas mulheres ainda trabalham como professoras na escola do
município, e como domésticas em casa e/ou nas fazendas da região.
A vegetação da comunidade é predominantemente um estrato arbustivo-herbáceo, com
predomínio de espécies como Croton blanchetianus Baill. (marmeleiro), Poincinela pyramidalis
Tul. (catingueira) e Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro), com uma presença pouco expressiva
de cactáceas.
Inventário etnobotânico sobre Myracrodruon urundeuva Allemão
Os dados etnobotânicos necessários ao presente estudo foram coletados por pesquisadores
do Laboratório de Etnoecologia da Universidade Federal da Paraíba, por meio de entrevistas
semiestruturadas (Albuquerque et al., 2010), realizadas no mês de janeiro de 2010. Para cada
informante foi explicado o objetivo do estudo, e em seguida foram convidados a assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, que é solicitado pelo Conselho Nacional de Saúde por meio do
Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução 196/96). O estudo foi desenvolvido com aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) do Hospital Lauro Wanderley da
Universidade Federal da Paraíba, com registro de protocolo CEP/HULW nº 297/11, Folha de Rosto
nº 420134.
Os informantes da pesquisa foram os chefes domiciliares, considerando-se tanto o homem
como a mulher, entrevistando-se 15 informantes (oito homens e sete mulheres) (100% dos
informantes). O formulário utilizado nas entrevistas abordou perguntas específicas sobre M.
urundeuva, por meio do qual se registraram seus usos locais, bem como as categorias nas quais os
mesmos poderiam se enquadrar. Perguntaram-se quais usos eram atribuídos (madeireiros e não
madeireiros), quais partes eram utilizadas, qual a finalidade o uso e como se usava. As categorias
foram determinadas de acordo com a literatura (Albuquerque & Andrade, 2002a,b; Ferraz et al.,
2006; Lucena et al., 2008; Lucena, 2009), sendo elas: combustível, construção, tecnologia,
forragem, medicinal e veterinário. Em cada categoria, as citações de uso foram divididas em
subcategorias. Outra divisão observada foi com relação aos usos madeireiros e não madeireiros.
Além disso, foi distinguido o que era uso atual (citações de uso das plantas que as pessoas
informaram efetivamente utilizar) de uso potencial (baseado nos usos que os informantes afirmaram
conhecer, porém não utilizam em seu cotidiano) (Lucena et al., 2012).
Nas entrevistas buscou-se identificar e diferenciar os usos atuais dos usos potenciais para se
obter informações mais precisas sobre M. unrundeuva. Para isto, foi compreendido que o uso atual
baseia-se nas citações de uso que as pessoas informaram realmente utilizar; o uso em potencial
baseia-se nos usos que os informantes citaram conhecer, porém não utilizam (Lucena et al., 2012).
Essa distinção foi obtida nas entrevistas, no primeiro momento foi perguntado aos informantes
sobre os usos atribuídos a “aroeira”, depois dessas informações organizadas em planilhas do Excel,
foi realizada uma nova visita a cada informante, momento no qual se fez a distinção entre uso atual
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de uso em potencial. Com posse da planilha, foi perguntada a pessoa a condição de cada citação de
uso, se a mesma era atual ou não.
Durante as entrevistas buscou-se evitar a influência direta de outras pessoas durante a
mesma. Para isto, foram realizadas entrevistas individuais e em horários diferentes (Philips &
Gentry, 1993). As informações foram corroboradas e confirmadas com a utilização de técnicas
investigativas como a observação direta e a turnê guiada (Albuquerque et al., 2010).
A coleta do material botânico para identificação científica foi realizada com a ajuda de
informantes da comunidade. Sendo processado em campo e conduzido para o Laboratório de
Etnoecologia para tratamento, em seguida sendo identificado e incorporado ao acervo do Herbário
Jayme Coelho de Morais (EAN) da Universidade Federal da Paraíba.
RESULTADOS
Conhecimento e usos locais de Myracrodruon urundeuva Allemão
Os informantes da comunidade reconheceram diversos usos para M. urundeuva, os quais
foram distribuídos em seis categorias: forragem, combustível, construção, medicinal, tecnologia e
veterinário. Dentro de cada categoria, foram atribuídas subcategorias, como por exemplo, lenha e
carvão na categoria combustível, e construções rurais e domésticas na categoria construção.
Os usos de M. urundeuva foram divididos em madeireiros e não madeireiros com
predomínio do uso madeireiro (87% das citações de uso) com destaque para a categoria construção.
O destaque para o uso madeireiro se dá pela utilização de M. urundeuva nas construções de cerca,
visto que sua madeira é utilizada como estaca, mourão e forquilha. Na categoria combustível
registraram-se 15 citações de uso, sendo destas, sete para carvão e oito para lenha, todas de uso
atual (Figura 2). A categoria tecnologia recebeu 13 citações e se dividiu em cinco subcategorias:
ancoreta, cabo de ferramentas (enxada, chibanca, foice, pá, picareta, roçadeira), canga I (uso em
carroça de boi), canga II (uso em cultivador de roçado) e cangalha. A subcategoria cangalha foi a
mais expressiva, obtendo quatro citações de uso (31% das citações), sendo três citações de uso atual
e uma citação de uso potencial.
A categoria construção recebeu 42 citações de uso e foi dividida em construções rurais
(estaca e mourão) e construções domésticas (linha de telhado). A utilização de M. urundeuva para a
fabricação de linhas de telhado de casas parece estar relacionada a usos passados, em que as pessoas
do semiárido utilizavam com maior frequência os produtos florestais na construção de suas
moradias, o que pode ser comprovado nesse estudo, no qual as citações de uso potencial foram de
66%. Já com relação à construção de cercas, foram registrados usos atuais, tanto para a confecção
de estacas (87,5% de uso atual) como para mourão (70% de uso atual).
Com relação ao uso de M. urundeuva para fins medicinais (Figura 3), foram registradas sete
citações (três potenciais e quatro atuais). Na comunidade Pau D`Arco, os informantes mencionaram
utilizar essa espécie para o tratamento de doenças como inflamações gerais, ferimentos externos e
tosse, preparando os remédios com a casca (100% de citações de uso pelos informantes), em forma
de molho (33%) (a casca é mergulhada em água), lambedor (cozinhar junto com umburana -
Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet.) (17%), xarope (33%) e colocar a parte utilizada (casca
triturada formando o pó) sobre o ferimento (uso tópico) (17%).
Na categoria veterinária foi registrada apenas duas citações, sendo uma de uso atual (quando
a planta é efetivamente utilizada no cotidiano da comunidade) e a outra de uso potencial (quando a
planta tem seu uso conhecido, porém, não é utilizada). Esse uso é destinado ao tratamento de
inflamações gerais e para “desocupar” o parto do gado bovino (limpar o útero da vaca após o parto).
A categoria forragem foi identificada na utilização das folhas de M. urundeuva para a alimentação
dos rebanhos, principalmente do gado bovino e caprino, sendo registrada uma citação de uso atual
na comunidade.
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Manejo e disponibilidade local de Myracrodruon urundeuva Allemão
Em se tratando do local de coleta de M. urundeuva, os informantes evidenciaram que
coletam, ora nas áreas de vegetação de suas propriedades rurais, ora nas áreas pertencentes a
vizinhos ou amigos da comunidade. Essas informações de coleta estão relacionadas ao uso efetivo
da planta, desconsiderando-se nessa análise os usos potenciais. Contudo, por meio de conversas
informais e caminhadas nos fragmentos florestais com alguns informantes, percebeu-se, que não há
uma zona específica de extração da madeira, porém, quando o uso é destinado à fabricação de um
medicamento, eles preferem locais de vegetação que não estejam próximos às estradas e nem as
residências, ou qualquer tipo de área que tenha sofrido alguma ação antrópica, preferindo buscar as
cascas em indivíduos que estejam em áreas de vegetação nativa e que não sofreram nenhuma ação
antrópica. Segundo os informantes, as cascas de indivíduos de áreas modificadas não apresentam o
mesmo potencial médico de áreas preservadas.
DISCUSSÃO
Conhecimentos e usos de Myracrodruon urundeuva Allemão
No presente estudo, os atributos medicinais de M. urundeuva foram secundários, visto que
os usos madeireiros se sobressaíram, principalmente na construção de cercas e em sua utilização
como combustível (lenha), seguido de tecnologia (cabo de ferramentas). Assim como na
comunidade Pau D‟arco em Itaporanga, a utilização dessa espécie em construções de cercas foi
registrado por Nascimento et al. (2009), em estudo realizado em uma comunidade rural do
semiárido pernambucano, no município de Caruaru, na qual foi registrado um número elevado de
indivíduos de M. urundeuva nas cercas da comunidade. Esse uso também foi registrado no estudo
de Lucena (2009) em duas comunidades no município de Soledade, na região do Curimatau da
Paraíba. Esse potencial de uso madeireiro apresentado pela “aroeira” também foi registrado em
outros estudos no semiárido nordestino (Albuquerque & Andrade 2002 a,b; Ferraz et al., 2005,
2006; Lucena et al., 2008; Ramos et al., 2008 a,b; Lucena et al., 2011), o que evidencia a
necessidade de pesquisas que avaliem a real situação de uso e conservação dessa espécie, pois
nesses estudos não foi distinguido se o uso atribuído a essa espécies está sendo efetivamente
utilizado ou se está apenas no registro de conhecimento de cada pessoa, não sendo requisitado no
presente momento.
Apesar dessa espécie estar ameaçada de extinção, sua grande procura para usos madeireiros
se dá, principalmente, por sua capacidade e característica peculiar de ter sua madeira fortemente
resistente aos ataques de decompositores, animais como cupim, e a ação de desgaste provocada pela
umidade e pelos microorganismos encontrados no solo (Maia, 2004). Em algumas regiões da
caatinga, estudos evidenciam que essa espécie é mantida após a derrubada da vegetação (Sampaio,
2002), justamente por seu potencial de uso, mesmo sendo tal uso proibido por lei (Portaria
Normativa nº 83, de 26 de setembro de 1991).
Considerando-se os usos madeireiros de M. urundeuva, outro uso que a literatura vem
registrando é seu uso como combustível, tanto na fabricação de carvão como na utilização com
lenha para abastecer os fogões domésticos nas residências da zona rural (Ramos et al., 2008 a,b; Sá
& Silva et al., 2008; Lucena, 2009). Contudo, esses usos mudam de acordo com a região, por
exemplo, no presente estudo, houve uma distinção entre uso atual e uso potencial, e observou-se
que, no caso do uso para lenha, na comunidade de Pau D‟arco foram registrados usos potenciais, já
para o carvão obteve-se uso atual. Já Sá & Silva et al. (2008) e Lucena (2009) já encontraram usos
potenciais para carvão e usos atuais para lenha nas comunidades estudadas por esses autores, o que
vai de encontro ao achados de Itaporanga, evidenciando a necessidade de mais estudos em outras
comunidades e cidades para se entender melhor a dinâmica de uso dessa espécie, nesse caso
particular do uso como combustível.
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M. urundeuva apresentou, em Pau D‟arco, sete indicações na categoria medicinal. Almeida
et al. (2010) realizaram uma pesquisa específica com plantas medicinais nas comunidades Barrocas
e Cachoeira, localizadas na cidade de Soledade e registrou o mesmo número de indicações
terapêuticas. Esse pouco conhecimento e uso dessa espécie para fins medicinais pode ser
considerado baixo, quando comparado a outras comunidades na região da catinga e aos achados de
outros estudos, como, por exemplo, o de e Albuquerque et al. (2007) que registraram 24 indicações
em uma análise realizada com 22 artigos científicos publicados revistas cientificas. Já no estudo de
Araújo et al. (2008) foram registradas 15 indicações terapêuticas. Dentre todos os atributos
utilitários apresentados pela “aroeira”, o medicinal é um dos mais pesquisados, com muitos artigos
publicados na área da etnobotânica (Almeida & Albuquerque, 2002; Almeida et al., 2005; Silva &
Albuquerque, 2005; Almeida et al., 2006;Monteiro et al., 2006b; Albuquerque & Oliveira, 2007;
Albuquerque et al., 2007a,b; Oliveira et al. 2007; Araújo et al., 2008; Almeida et al., 2010).
Implicações para a conservação
Considerando que M. urundeuva está ameaçada de extinção (Instrução Normativa Nº 06 de
23 de setembro de 2008 do Ministério do Meio Ambiente), e vislumbrando os dados obtidos no
presente estudo, no qual se registrou um uso expressivo dessa espécie para finalidades madeireiras,
torna-se imprescindível pesquisas que avaliem, de forma mais profunda e específica, a atual
situação dessa espécie na vegetação dessa cidade e de outras na região do semiárido para analisar se
os espécimes ainda presentes têm capacidade suporte de atender a demanda das populações locais, e
o grau de recrutamento de indivíduos jovens e em regeneração. Com posse de tais informações fica
mais viável estabelecer estratégias de uso, manejo e conservação da “aroeira do sertão” nas regiões
onde se identificar risco de extinção local eminente.
Outro ponto a ser destacado é que nos estudos realizados que busquem tais respostas,
principalmente, os de caráter etnobotânico, é o de separar as citações de uso potencial das de uso
atual, para que uma real utilização seja registrada, a partir da qual, se pode indicar tendências de uso
e possíveis pressões de uso (Albuquerque & Lucena, 2005; Lucena et al., 2012). Essa separação é
importante como visto no presente estudo, no qual se observou que quando consideradas todas as
citações de uso atribuídas a M. urundeuva obteve-se na comunidade de Pau D‟arco um uso
madeireiro superior aos 88%, mas com a separação do uso atual do uso potencial, essa porcentagem
caiu consideravelmente para 44,3% de uso atual. Essa separação foi evidenciada e comprovada por
Lucena et al. (2012), que comprovaram que a distinção entre conhecimento (uso potencial) e uso
efetivo (uso atual) pode modificar o elenco e o ordenamento das espécies mais importantes
localmente.
CONCLUSÃO
Os dados coletados em Itaporanga são de grande importância para tomadas de decisões
sobre a conservação de M. urundeuva, e os mesmos devem ser visto com atenção buscando, se
possível, uma triangulação com outras fontes de dados e com informações sobre essa espécie
registradas em outros estudos desenvolvidos no domínio da caatinga. Além disso, confirmou os
achados de outros estudos etnobotânicos sobre essa espécie.
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Figura 1: Localização do município de Itaporanga, estado da Paraíba, Nordeste do Brasil.
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Figura 2: Utilização de Myracrodruon urundeuva Allemão para fins de combustível no município
de Itaporanga, estado da Paraíba, Nordeste do Brasil.
Figura 3: Registro da utilização de Myracrodruon urundeuva Allemão para fins medicinais no
município de Itaporanga, estado da Paraíba, Nordeste do Brasil.