ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO SERVIÇO … · No Brasil, este aumento da população de idosos vem...

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1 FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES – CPqAM DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA – NESC ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO SERVIÇO ODONTOLÓGICO DO PAM CENTRO –RECIFE ADRIANA DOS SANTOS DINIZ VANÊSSA PEDROSA PERES DA SILVA VERÔNICA DE FÁTIMA DA SILVA SANTOS Prof. PETRÔNIO JOSÉ DE LIMA MARTELLI Recife, 2001

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES – CPqAM

DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA – NESC

ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO

SERVIÇO ODONTOLÓGICO DO

PAM CENTRO –RECIFE

ADRIANA DOS SANTOS DINIZ

VANÊSSA PEDROSA PERES DA SILVA VERÔNICA DE FÁTIMA DA SILVA SANTOS

Prof. PETRÔNIO JOSÉ DE LIMA MARTELLI

Recife, 2001

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ADRIANA DOS SANTOS DINIZ VANÊSSA PEDROSA PERES DA SILVA

VERÔNICA DE FÁTIMA DA SILVA SANTOS

ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO SERVIÇO ODONTOLÓGICO DO

PAM CENTRO -RECIFE

Relatório do pôster apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação latu sensu em nível de Especialização em Saúde Pública do Departamento de Saúde Coletiva / CpqAM / FIOCRUZ/MS, sob a orientação do Professor Petrônio Martelli.

Recife - 2001

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ADRIANA DOS SANTOS DINIZ

VANÊSSA PEDROSA PERES DA SILVA VERÔNICA DE FÁTIMA DA SILVA SANTOS

ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO SERVIÇO ODONTOLÓGICO DO

PAM CENTRO-RECIFE

Relatório do pôster apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Curso de Pós – Graduação latu sensu em nível de Especialização em Saúde Pública do Departamento de Saúde Coletiva/CpqAM/FIOCRUZ/MS, pela Comissão formada pelos Professores: Orientador:________________________________________

Prof.Petrônio José de Lima Martelli / NESC

Debatedor: _______________________________________ Marina Mendes / Prefeitura de Olinda

Recife – 2001

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RESUMO

No Brasil, o aumento proporcional da população de idosos vem merecendo destaque. É

conhecido que este grupo etário possui um perfil de saúde bucal comprometido, representado

principalmente pela perda de dentes. Quando se discute as condições de saúde bucal da

população de idosos com 65 anos ou mais, estas têm sido relegada a segundo plano.

O presente trabalho discute o atendimento odontológico ao idoso sobre o prisma do acesso

em seus vários níveis, no serviço odontológico do Centro de Saúde PAM CENTRO pertencente

ao Distrito Sanitário I da Prefeitura do Recife. Foi realizada uma pesquisa de campo, através da

aplicação de um questionário aos idosos usuários do referido sistema, assim como de uma

entrevista à cirurgia-dentista que os atendeu . A partir dos dados obtidos, foram discutidos os

quatro níveis de Acesso: Acessibilidade, Disponibilidade, Acomodação e Aceitabilidade, assim

como a identificação de barreiras a este acesso. Estas informações tiveram como objetivo,

oferecer respaldo para avaliar se esta porção da população vem sendo suprida em suas

necessidades de saúde bucal, bem como para elaborar ações de Planejamento dentro das Políticas

Públicas de Saúde frente ao desafio do envelhecimento populacional no Brasil.

Unitermos: envelhecimento populacional; acesso; barreira.

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SUMÁRIO

Pág.

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 06

REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................... 09

OBJETIVOS............................................................................................................................ 11

MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................... 12

RESULTADOS....................................................................................................................... 14

DISCUSSÃO........................................................................................................................... 22

CONCLUSÃO......................................................................................................................... 27

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................................................... 30

ANEXOS................................................................................................................................ 33

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1-INTRODUÇÃO

O século XX deverá ficar na história como um período de grandes transformações na

expectativa de vida da espécie humana. Num espaço relativamente curto de tempo ocorreram

aumentos sem precedentes no tempo médio de vida das pessoas. Esta longevidade , unida à

diminuição da proporção de jovens pela queda da natalidade e fecundidade, corresponde ao

crescimento da proporção de pessoas com idade avançada numa mesma população . No Brasil,

este aumento da população de idosos vem merecendo destaque, uma vez que tem ocorrido num

contexto de graves crises econômicas e ausência de um desenvolvimento social pleno (Ramos,

1993). É um fenômeno predominantemente urbano, advindo sobretudo do intenso movimento

migratório iniciado na década de 60, motivado pela industrialização promovida pelas políticas

desenvolvimentistas (BRASIL, 1999).

Nas regiões Sul e Sudeste, o envelhecimento da população brasileira teve seu início na

segunda metade dos anos 70, quando houve um importante declínio da taxa de fecundidade

(Esteves, 1998 ). Esse mesmo autor afirma que, hoje, a baixa fecundidade e o envelhecimento da

população são fenômenos generalizados, ocorrentes em todas as classes sociais e em todas as

regiões do país.

Associado à baixa fecundidade, houve um aumento na expectativa de vida dos brasileiros

que foi estimada em cinco anos, entre 1980 e 2000. Isto permitiu suposições para o período de

2000 a 2025 de uma expectativa média de vida próxima aos 80 anos para ambos os sexos

(Anuário Estatístico-IBGE, 1982). Atualmente a esperança de vida ao nascer no Brasil é de 68

anos, sendo identificado um processo de feminilização no envelhecimento (BRASIL, 1999).

De acordo com OMS, a população de idosos no Brasil crescerá, entre 1950 e 2025, 16

vezes contra 5 vezes da população total; o que colocará o país, em termos absolutos, como a

sexta população de idosos do mundo. Este crescimento populacional é mundialmente, o mais

acelerado e só comparável ao do México e Nigéria (Silvestre, 1996). Desta forma, a população

idosa vem alterando a pirâmide populacional e as projeções para os próximos anos indicam que

82% dos idosos brasileiros estarão morando nas grandes cidades (BRASIL, 1999). De acordo

com Carvalho apud Esteves (1998), este crescimento é um processo irreversível.

Faz-se necessário que todos que atuem junto ao sistema de saúde tenham claro estas

transformações demográficas que terão desdobramento epidemiológicos, para que possam

influenciar no planejamento e na tomada de decisão na área de saúde. O sistema de saúde

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necessita ser desenvolvido e aperfeiçoado visando o cuidado com esta população crescente de

idosos com problemática multifacetada e, na maioria das vezes, dispendiosa (Camargo, 1994).

Os idosos não foram historicamente objeto privilegiado das práticas de saúde. As

necessidades sociais de saúde, têm correspondido à valorização social do corpo humano como

decorrente de sua força de trabalho. Há uma orientação destas práticas de saúde para a porção da

população considerada ativa, enquanto que é delegada a segundo plano, a porção inativa,

considerada marginalizada (Ferrari e Camargo, 1993).

Pucca (1996), em concordância com Ferrari e Camargo (1993), afirma que ocorre uma

exclusão social e marginalização daqueles que estão fora do mercado de trabalho. Este autor

atribui este fenômeno à opção de “Desenvolvimento Nacional”, no qual, à medida que a

população de idosos aumenta, diminui a capacidade do setor público em absorver o aumento

dessa nova demanda populacional.

Embora os idosos estejam destinados a viver 20 anos mais, a tendência é encontrar um

crescente número de idosos com a saúde debilitada e funcionalmente incapacitados (Camargo Jr.,

1994). O fato desta população idosa utilizar constantemente os serviços de saúde com várias

internações hospitalares, realizar exames subsidiários e maior número de consultas ao médico,

passa a ser determinante social e assim sendo, o idoso é inserido no rol de necessidades em saúde,

inclusive no atual sistema de saúde- SUS (Ferrari e Camargo, 1993). Há um alto custo no

atendimento ao idoso devido às doenças serem crônicas e múltiplas, exigindo um atendimento

multiprofissional e intervenções contínuas (BRASIL, 1999).

O grupo etário de idosos possui um perfil de saúde bucal comprometido. Segundo o

“Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal”, realizado em 1986 no Brasil (MS, 1986) as

condições de saúde bucal no grupo etário de 50 a 59 anos de idade, são críticas representadas

principalmente pelo edentulismo (Pucca, 1996). Quando se discute as condições de saúde bucal

da população idosa com 60 anos ou mais, estas têm sido relegada a segundo plano. A perda total

de dentes, é aceita equivocadamente pela sociedade, pelos odontólogos e especificamente pelas

pessoas adultas naturalmente como conseqüência da idade (Rosa e col, 1992).

Esta incoerência percebida nos serviços públicos de saúde e a perspectiva de uma crescente

população idosa despertam o interesse para o estudo do acesso do idoso ao serviço odontológico

que, no caso do presente trabalho, deu-se através de uma pesquisa de campo. Esta pesquisa

buscou conhecer o acesso do idoso aos serviços odontológicos na Cidade do Recife, cuja

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população de idosos na faixa etária acima de 60 anos é de 116.998 correspondendo à 8,55% da

população total (IBGE, 1998). Tomou-se como referência o Centro de Saúde PAM CENTRO

pertencente ao Distrito Sanitário I.

Foi questionado o serviço de odontologia oferecido pela Prefeitura da cidade do Recife,

neste Centro, quanto a garantia de acesso integral (Princípio da Integralidade- SUS) e universal

(Princípio da Universalidade - SUS) aos idosos.

Considerou-se de alta relevância dispor destas informações,como meio de analisar se as

necessidades de saúde bucal vêm sendo atendidas, bem como oferecer respaldo ao planejamento

de ações dentro das Políticas Públicas de Saúde, desafiadas pelo envelhecimento populacional.

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2- REFERENCIAL TEÓRICO

Nas últimas décadas, a fragilidade das políticas sociais e econômicas gerou um hiato entre

os direitos sociais constitucionalmente garantidos e a efetiva capacidade de oferta aos serviços

associados aos mesmos. Como continuidade do processo iniciado pela Reforma Sanitária, cujas

repercussões culminaram na redação do artigo 196 da Constituição de 1988, o processo de

consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) está deflagrado (MS,1997).

Considerando-se que a Constituição Brasileira (BRASIL,1988), através dos artigos 196 e

198, passou a garantir a Saúde como um direito de todos e dever do Estado; a crescente

população de idosos necessita ser contemplada em seu usufruto dos serviços de saúde, de acordo

com os Princípios do SUS. A Política Nacional do Idoso – PNI – de 1998, contempla direitos

específicos dos idosos que são reforçados pela Portaria no 1.395/GM da Política de Saúde do

Idoso (BRASIL, 1999), cujo propósito é “a promoção do envelhecimento saudável, a

preservação e/ou melhoria ao máximo possível da capacidade funcional dos idosos, a prevenção

das doenças, a recuperação da saúde daqueles que adoecem e a reabilitação daqueles que venham

a ter sua capacidade funcional comprometida ou restringida”. Esta política define as diretrizes

que devem nortear todas as ações do setor saúde indicando as responsabilidades institucionais.

Nos artigos já citados, a Constituição define o Princípio da Universalidade como a garantia

de atenção à saúde, por parte do Sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a Universalidade, o

indivíduo passou a ter acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles

contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e dever dos governos municipal,

estadual e federal. Ainda na Constituição brasileira, encontramos a definição do Princípio da

Integralidade como reconhecimento, na prática, de que :

• Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade;

• As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível

e não podem ser compartimentalizadas;

• As unidades prestadoras de serviço com os seus diversos graus de complexidade, formam

também um todo indivisível, configurando um Sistema capaz de prestar assistência integral;

• O homem é um ser integral, biopsicosocial, e será atendido, com esta visão holística, por um

Sistema de Saúde também Integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua saúde.

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Uma condição fundamental para que os idosos possam dispor dos serviços de saúde do

SUS na sua integralidade e universalidade é o Acesso.

O Termo Acesso é definido por Penchanski e Thomas apud Giovanella e Fleury (1996)

como um conceito geral que sumariza um conjunto de dimensões específicas que descrevem a

adequação entre os clientes e o sistema de saúde, tais como:

Disponibilidade- Relação entre o volume e o tipo de serviços existentes e o volume de clientes e

o tipo de necessidades;

Acessibilidade- Relação entre localização da oferta e a localização dos clientes, tomando em

conta os recursos para transporte, o tempo de viagem, a distância e os custos;

Acomodação ou Adequação funcional- Relação entre o modo como a oferta está organizada para

aceitar clientes (sistema de agendamento , horário de funcionamento, serviços de telefone) e a

capacidade/ habilidade dos clientes acomodarem-se à estes fatores e perceberem a conveniência

dos mesmos;

Capacidade financeira (Affordability) – Relação entre os preços dos serviços segundo o

mantenedor, o depósito requerido para a entrada de clientes e a capacidade de pagar, ou a

existência de seguro saúde por parte do cliente;

Aceitabilidade – relação entre atitudes dos clientes sobre os profissionais e as características das

práticas dos provedores de serviços , assim como a aceitação pelos provedores de prestar serviços

àqueles clientes.

Serão adotados para o nosso estudo, quatro destas cinco dimensões referidas pelos autores:

Disponibilidade, Acessibilidade, Acomodação ou Adequação Funcional e Aceitabilidade, pois a

dimensão de Capacidade Financeira não está adequada as características do serviço público.

O acesso ao serviço é primordial para a promoção da saúde. Há uma necessidade de se

minimizar o máximo possível as barreiras existentes que possam interferir neste acesso. De

acordo com ROCHA (1996) o termo Barreira define-se como obstáculo. Nos serviços de saúde

este obstáculo é identificado com a negação ou impossibilidade de acesso do usuário.

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3-OBJETIVOS

Geral: Analisar diferentes dimensões do acesso do idoso ao serviço odontológico da unidade de

saúde PAM CENTRO Recife.

Específicos:

1- Descrever o serviço odontológico oferecido na unidade de saúde PAM CENTRO;

2- Identificar as barreiras de acesso ao atendimento odontológico do idoso;

3- Analisar os quatro níveis de acesso (Disponibilidade, Acessibilidade, Acomodação ou

Adequação Funcional e Aceitabilidade) do idoso ao serviço odontológico da unidade PAM

CENTRO;

4- Mapear a procedência do idoso analisando a distância da unidade PAM CENTRO;

5- Delinear o perfil do idoso usuário do serviço odontológico da unidade de saúde PAM

CENTRO.

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4-MATERIAIS E MÉTODOS

1-Tipo de estudo: O estudo foi classificado como sendo do tipo observacional, transversal,

descritivo, com desenho seccional.

2- Local de Estudo: A área de estudo foi o Centro de Saúde PAM CENTRO por se constituir a

única referência de atendimento odontológico ao idoso incluída nos serviços de saúde oferecidos

pela Prefeitura do Recife. Dispõe de uma atenção diferenciada ao idoso no tratamento

odontológico, num contexto de escassez deste tipo de atendimento. O Centro de Saúde PAM

CENTRO foi municipalizado em 1996. Funciona atualmente em um prédio pertencente ao INSS,

inserido no Distrito Sanitário I . O prédio é vertical, composto de seis andares com 18 salas por

andar. Os quatro primeiros andares e a sobreloja são destinados à instalação do Centro. Destaca-

se ainda a equipe de odontologia, composta por 9 Cirurgiões-Dentistas e 1 Técnico em Higiene

Dental, que inclui odontologia para idosos e pacientes excepcionais, atendimento a crianças e

pequenas cirurgias. Dos Cirurgiões–Dentistas, 02 realizam o atendimento ao idoso encontrando-

se,um deles, de licença na ocasião da pesquisa.

Localiza-se em um centro urbano, na rua da Palma, no 57, no bairro de Santo Antônio, num

local, com fluxo intenso de pessoas trabalhadoras naquela região. A região apresenta terminal de

ônibus e de metrô, assim como importante corredor de ônibus, formado pelas Avenidas

Guararapes e Dantas Barreto, onde circulam linhas de praticamente todos os bairros e municípios

da região metropolitana.

3- Tempo de Estudo: A referida área foi investigada durante os meses de setembro e outubro de

2001.

4- População do Estudo: Segundo a Política Nacional do Idoso ( PNI, Art.2o), Idosos são pessoas

com 60 anos ou mais. Os autores Chaimowicz e Greco (1998) e Esteves (1998) consideraram em

seus estudos a faixa etária acima de 65 anos como referencial de população idosa. A população

estudada nesta pesquisa de campo incluiu, em concordância com este último autor, pacientes

pertencentes à faixa etária de 65 anos ou mais, atendidos no serviço de odontologia do Centro de

Saúde PAM CENTRO, no ano de 2000 e 2001. Esta população estimada foi de 260 indivíduos.

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Devido à greve dos servidores federais, o Centro de saúde teve suas atividades reduzidas

tendo sido necessário a localização dos pacientes via correspondência. Foram enviadas 260 cartas

das quais aguardou-se resposta. A coleta dos dados foi feita de forma aleatória, onde foram

entrevistados os indivíduos por ocasião da chegada para o atendimento, ou da efetuação de um

telefonema, como resposta às cartas. Dos pacientes contatados, 84 responderam e foram

entrevistados. O tamanho da amostra foi calculado em 84 indivíduos, através do método de

amostragem aleatória simples, onde o nível de confiabilidade foi de 95%.

5- Unidade de Análise /instrumentos: O estudo consistiu na aplicação de questionários (em

anexo) aplicados aos idosos que receberam atendimento odontológico nesta unidade de saúde,

homens e mulheres acima de 65 anos, assim como à profissional, que respondeu um questionário

específico. A unidade de análise foi a “fala do usuário/profissional ” e o instrumento (ou

procedimento) foi o “questionário”.

6- Processo de análise: Análise das falas dos pacientes e do profissional, como respostas aos

questionários, obtendo desta forma, subsídios para o entendimento do acesso do idoso ao serviço

odontológico do Centro. Na análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva para estimar os

parâmetros populacionais requeridos no questionário. Em busca de associações entre as variáveis

pesquisadas, foi aplicado o teste Qui-quadrado. O teste foi realizado ao nível de 95% de

confiabilidade e utilizados os softwares EPI INFO versão 6.04 na formação do banco de dados

(entrada dos dados) e o SPSS versão 8.0 na análise descritiva e na aplicação do teste Qui-

quadrado.

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5-RESULTADOS

O atendimento a idosos, que funciona no turno da manhã, cobre uma média de 12 pacientes

por dia. Este serviço é realizado simultaneamente ao atendimento de pacientes excepcionais,

sendo estes últimos priorizados pela Direção do Centro.

Nos meses em que se realizou a pesquisa, houve uma redução nos atendimentos em virtude

da greve dos servidores do INSS. Apesar do atendimento odontológico pertencer à Prefeitura do

Recife, acredita-se que os pacientes tomando ciência da greve no Centro de Saúde PAM

CENTRO concluíram que o referido atendimento encontrava-se , da mesma forma, paralisado.

No serviço de atendimento odontológico aos idosos do PAM CENTRO, são realizados

procedimentos restauradores, exodontias e tartarectomias.

Por ocasião da entrevista aos pacientes atendidos no serviço odontológico para idosos do

Centro de Saúde PAM CENTRO entre os meses de setembro e outubro de 2001 ; observou-se

que a faixa etária predominante na busca por este tipo de serviço é de 65 a 70 anos de idade, com

uma representatividade de 50%. Os pacientes entre 71 e 75 anos de idade representam 31% e

apenas 16% estão acima de 75 anos. Dos pacientes entrevistados; 55,42% são do sexo feminino,

enquanto que 44,58% são do sexo masculino.

Analisando a renda, em salários mínimos, 69,1% possui renda de um salário mínimo;

17,3% recebe de 2 e 3 salários e apenas 11,1% possui renda acima de 3 salários mínimos.

Percebe-se que a grande maioria dos idosos não necessita de acompanhante em seu

deslocamento com cerca de 80,7% dos entrevistados relatando ir ao Centro sozinhos .

Agregada à predominância de idosos que vão sozinhos até ao Centro de saúde, observa-se

que a maioria dos pacientes entrevistados não tem dificuldade de locomoção para chegar até lá. O

Gráfico 1 mostra uma proporção maior de idosos sem dificuldades de locomoção com 85,7% ( n

= 72 ) da amostra, contra 14,3% ( n = 12 ) que representam aqueles que relatam algum tipo de

dificuldade.

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Gráfico 1. Distribuição dos indivíduos entrevistados , segundo a dificuldade de locomoção para

chegar ao Centro de Saúde PAM CENTRO.

Um dado relevante é que, daqueles idosos que têm dificuldade de locomoção, cerca de

88,9% apresentaram alguma justificativa relacionada a problemas de saúde.

Quanto ao meio de transporte utilizado para chega ao Centro de Saúde; 95,2% dos pacientes

entrevistados informaram utilizar-se de ônibus; 2,4% citaram o metrô como meio de transporte;

1,2% afirmou fazer uso de táxi e 1,2% vai caminhando até a unidade (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM CENTRO, segundo o

meio de transporte utilizado para chegar ao Centro.

Meio de transporte N % Ônibus 80 95,2 Metrô 2 2,4 Táxi 1 1,2 Caminhando 1 1,2 Carro próprio 00 0,0 Transporte alternativo 00 0,0 Total 84 100,0

Avaliando a distância percorrida pelos pacientes em seus deslocamentos até o Centro de

Saúde PAM CENTRO, foi investigado o número de conduções necessárias ao deslocamento até

o Centro. Dos entrevistados, 77% pegam apenas uma condução para chegar ao Centro, 20,2%

necessitam de duas condições e 1,2% pegam 3 conduções ou mais.

Analisando o tempo gasto pelos entrevistados no deslocamento até o PAM CENTRO,

constata-se que 45,8% levam entre 15 e 30 minutos; 28,9% levam entre 30 e 60 minutos e 14,5%

14,3

85,7

Sim

Não

16

24,4

75,6

Sim

Não

levam mais de 60 minutos com apenas 10,8% gastando menos de 15 minutos para chegar ao

Centro ( Gráfico 2 ).

Gráfico 2. Distribuição dos indivíduos entrevistados, segundo o tempo gasto com o

deslocamento até o Centro de Saúde PAM CENTRO.

10,8

45,8

28,9

14,5

0

10

20

30

40

50

%

< 15 15 - 30 31 - 60 > 60

Tempo (em minutos)

*1 indivíduo não respondeu

Relacionando possíveis dificuldades para encontrar o prédio do Centro de Saúde PAM

CENTRO observa-se que 92,8% dos entrevistados não referiram dificuldade alguma, enquanto

que 7,2% pronunciaram algum tipo de dificuldade

Em relação à dificuldade de locomoção dentro do Centro, 75.6% ( n = 62 ) não encontram

quaisquer dificuldades, enquanto que 24,4% ( n = 20 ) relatam dificuldade de locomoção, dos

quais 70% (n = 14) referem-se à presença de escada, como principal obstáculo (Gráfico 3).

Gráfico 3. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM CENTRO, segundo

dificuldade de locomoção dentro do Centro.

* 1 indivíduo não respondeu.

17

Quanto à dificuldade de encontrar a sala do dentista, 94% não externaram dificuldades,

porém 6% afirmaram-nas ( Gráfico 4).

Gráfico 4. Distribuição dos indivíduos entrevistados segundo a dificuldade de encontrar a sala do

dentista, no Centro de Saúde PAM CENTRO.

6

94

Sim

Não

Quando perguntados se conseguiram ser atendidos ao buscar o serviço odontológico, 90,5%

dos entrevistados responderam que sim enquanto que 9,5% relataram não ter conseguido

atendimento facilmente (Gráfico 5).

Gráfico 5. Distribuição dos pacientes idosos entrevistados, segundo a facilidade na obtenção do

atendimento odontológico no Centro de Saúde PAM CENTRO.

90,5

9,5

Sim

Não

A programação do atendimento aos idosos é realizada de acordo com a necessidade

odontológica e a disponibilidade de horário destes, já que possuem uma intensa rotina de

acompanhamento médico. A demanda é espontânea, porém, a marcação é feita por agendamento

antecipado.

Analisando o sistema de marcação de consultas, 93,2% fizeram-na pessoalmente, no

próprio Centro, enquanto que 6,8% utilizaram telefone para efetuar a marcação. A maioria (63%)

18

dos entrevistados não conhece o sistema de marcação de consulta via telefone e o percentual

restante (37 %) que tem conhecimento deste meio facilitador de marcação, em sua maioria, não

utiliza este serviço.

Quando indagados sobre o tempo transcorrido entre o dia do agendamento e o dia da

primeira consulta, os pacientes entrevistados responderam seguindo uma distribuição uniforme

entre as categorias estudadas, onde se destaca que 41,3% foram atendidos num período de 1 a 7

dias, 23,8% no mesmo dia da marcação , 21,3% aguardam de 7 a 15 dias e apenas 13,8% após

quinze dias.

Avaliando a forma como os pacientes chegaram até o serviço odontológico; houve um

equilíbrio entre aqueles encaminhados por funcionários do Centro (33,3%) e aqueles orientados

por amigos ou parentes (30,9%). A placa do Centro foi o que chamou a atenção de 14,8% dos

entrevistados; 3,7% afirmaram chegar até ao Centro de Saúde através de propaganda e apenas

13,6% foram encaminhados pelo profissional que lhes atendeu noutra especialidade (Tabela 2).

Tabela 2. Distribuição dos idosos entrevistados segundo o tipo de encaminhamento para o

tratamento odontológico do Centro de Saúde PAM CENTRO.

Como soube do serviço odontológico N % Encaminhamento por funcionário do Centro 27 33,3 Indicação de um amigo ou parente 25 30,9 Observando a placa do Centro 12 14,8 Encaminhamento pelo profissional que lhe atendeu 11 13,6 Meios de comunicação 03 3,7 Outros 03 3,7 Total 81 100,0

*3 indivíduos não responderam

A respeito da qualidade do atendimento em geral do Centro de Saúde PAM CENTRO,

observa-se que 86,4% consideram o atendimento bom, 11,1% regular e 2,5% ruim (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM CENTRO, segundo a

qualidade do atendimento do Centro.

Qualidade do atendimento N % Bom 70 86,4 Regular 09 11,1 Ruim 02 2,5 Total 81 100,0

* 3 indivíduos não responderam

19

A grande maioria (85,3%) dos pacientes considera o tratamento odontológico para idosos

do PAM CENTRO, de boa qualidade, 12% consideram regular e 2,7% ruim ( Tabela 4 ).

Tabela 4. Distribuição dos indivíduos entrevistados segundo a qualidade do tratamento

odontológico, atendidos no PAM CENTRO.

Qualidade do tratamento N % Bom 64 85,3 Regular 09 12,0 Ruim 02 2,7 Total 75 100,0

* 1 indivíduo não respondeu.

Considerando-se uma associação entre a qualidade do atendimento em geral oferecido

pelo Centro de Saúde e a qualidade do tratamento odontológico para idosos; 96,8% dos pacientes

consideraram bom o atendimento do Centro, também consideraram bom o tratamento

odontológico ( Tabela 5 ).

Tabela 5. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM CENTRO, segundo o

cruzamento de opiniões sobre a qualidade do atendimento em geral do Centro e do tratamento

odontológico para idosos.

Qualidade do tratamento odontológico Qualidade do Bom Regular Ruim Total Atendimento no Centro

N % N % N % N

Bom 61 96,8 04 44,4 00 0,0 65 Regular 02 3,2 05 55,6 00 0,0 09 Ruim 00 0,0 00 0,0 02 100,0 02 Total 63 100,0 09 100,0 02 100,0 74 • 1 indivíduos não responderam

Com relação à conclusão do tratamento, 56% dos entrevistados tiveram seus tratamentos

concluídos, enquanto que 44% ainda aguardam conclusão.

Quando questionados se teriam como ser avisados caso não houvesse atendimento no dia

marcado, (Tabela 6), a grande maioria (82,2%) respondeu que sim, pois 61,7%, destes, têm

telefone residencial próprio, 28,3% têm telefone de família ou parentes, e apenas 5% utilizam

telefone de vizinhos. Somente 17,8 % não poderiam ser avisados.

20

Tabela 6. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM Centro, segundo a

condição de ser avisado caso não haja atendimento no dia marcado.

Pode ser avisado n % Sim 60 82,2 Não 13 17,8 Total 73 100,0 *11 indivíduos não responderam

O presente estudo observou que 57,1% dos usuários do PAM CENTRO provêm de Recife e

42,9% de outros municípios, sendo 21,5% de Olinda, 11,9% de Jaboatão 2,4% de Paulista e

7,1% procedentes de outras localidades (Tabela 7).

Tabela 7. Distribuição dos idosos entrevistados e atendidos no PAM Centro, segundo município

de procedência.

Municípios N %

Recife 48 57,1

Olinda 18 21,5

Jaboatão dos Guararapes 10 11,9

Paulista 02 2,4

Outros 06 7,1

Total 84 100,0

21

Figura 1- Mapa da distribuição geográfica da procedência dos usuários atendidos no PAM CENTRO.

22

6-DISCUSSÃO

A maioria dos idosos (81%) que procuram o serviço odontológico do Centro de Saúde

PAM CENTRO pertencem à faixa etária de 65 a 75 anos.

Dos entrevistados, 80,7% afirmam deslocar-se até o Centro sem acompanhante, o que

sugere a presença de facilitadores no acesso, já que a maioria não necessita de auxílio em sua

locomoção. Isto é confirmado quando se observa que 85,7% dos pacientes da amostra não

referem dificuldade de locomoção para chegar ao Centro de Saúde investigada (Gráfico 1). Estes

achados revelam que os idosos possuem autonomia, demonstrando um grau satisfatório de

independência. Considerando-se que 95,2% dos pacientes são usuários de ônibus (Tabela 1),

pode-se reconhecer os referidos facilitadores na diversidade de linhas de ônibus que dão acesso

ao Centro, frisando-se que a mesma está situada num grande centro urbano; assim como na

garantia de transporte gratuito ao idoso acima de 65 anos, que é dada pela Constituição Federal

(Artigo230, parágrafo 2o) e fixada pela Lei Municipal 1409 de 8 de junho de 1989.

Silvestre (1999), por outro lado, analisa que esta auto-suficiência pode revelar a solidão dos

idosos, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Esta condição, está relacionada às alterações

que ocorrem nas famílias de hoje pois, nos grandes centros urbanos, vem aumentando a

proporção de pequenas famílias em detrimento das famílias extensas. Este fenômeno é

progressivo e mundial. Já a migração rural, ocorre prioritariamente às custas do êxodo da

população jovem, que geralmente deixa seus familiares idosos em seu local de origem.

O perfil de independência do idoso, representa um fator favorável na acessibilidade do

serviço de saúde, porém, deve ainda ser considerado o percentual restante (14,3%/n=12) de

pacientes detectados pela pesquisa, que afirmam dificuldades de locomoção para chegar até o

local de atendimento. Destes referidos pacientes, 88,8% apresentam justificativas relacionadas a

dificuldades físicas inerentes à idade . Estas limitações correspondem a um quadro de doenças

decorrentes do envelhecimento e representam uma barreira no acesso do idoso ao serviço de

saúde. Os 19,3% de idosos que necessitam de acompanhante para chegar ao Centro, enquadram-

se nestas limitações; o que vem a corroborar com o autor Silvestre (1999), que afirma que “o

idoso é um indivíduo que, muitas vezes cria uma dependência funcional, e que, nestes casos

sempre existe alguém,geralmente da família, que o ajuda a fazer suas Atividades de Vida Diária

(AVD).

23

Analisando ainda o item acessibilidade, foi investigado o número de conduções necessárias

para chegar ao Centro, assim como o tempo gasto para tal. Dos entrevistados, 77% fazem uso de

apenas uma condução, com o tempo médio gasto de trajeto predominando (45,8%) entre 15 a 30

minutos (Gráfico 2). Este curto espaço de tempo gasto com a locomoção deve-se ao fato da

maioria dos pacientes serem oriundos de áreas próximas ao PAM CENTRO (Figura 1) a despeito

de pertencerem a outros Distritos sanitários. A predominância de pacientes advindos de outros

Distritos Sanitários se deve provavelmente ao Centro de Saúde localizar-se em uma região

predominantemente comercial com poucas residências. Desta maneira, como os pacientes são

referidos segundo seu local de residência, estes são registrados como advindos de outros

Distritos.

Segundo a Diretoria Executiva de Programação e Controle- DPCAA (Prefeitura do Recife/

2000), em 1999, 46,8% dos usuários do PAM CENTRO pertenciam a outros municípios. De

janeiro a março de 2001, o percentual de usuários de outros municípios, caiu para 41,41%

(DPCAA / Prefeitura do Recife, 2001).

O presente estudo observou que 57,1% dos usuários do PAM CENTRO – RECIFE provêm

do próprio município e, dos 42,9% de pacientes vindos de outros municípios, 21,5% são de

Olinda, 11,9% de Jaboatão, 2,4% de Paulista e 7,1% procedentes de outras localidades (Tabela

7). Dos municípios citados, Olinda não possui serviços de referência para o atendimento ao idoso,

assim como o município de Paulista. O município de Jaboatão dos Guararapes realiza este tipo

de atendimento de forma preferencial aos pacientes idosos, onde são reservadas 8 das 16 fichas

para os idosos que procuram a marcação. O atendimento preferencial a idosos é realizado por um

cirurgião-dentista em cada distrito do município. No 1o Distrito o atendimento é realizado na

Policlínica José Carneiro Lins, no 2o Distrito na Policlínica Mariinha Melo e no 3o Distrito na

Policlínica Francisco Loureiro. Estes percentuais confirmam uma concentração de atendimentos

no PAM CENTRO advinda da migração de pacientes de outros distritos e de outros municípios

como resultado da carência deste tipo serviço especializado ou quando existente, da falta de uma

divulgação mais efetiva.

Avaliando a forma de encaminhamento pelo qual os pacientes chegaram até o serviço

odontológico, percebe-se que tem predominado, dentre estes pacientes idosos, o senso comum na

busca ao tratamento; já que, apenas 13,6 % dos que buscam atendimento, foram referenciados

pelo profissional que lhes atendeu noutra especialidade. Necessário se faz, um olhar específico

24

para as necessidades, deste grupo de usuários, que não vêm sendo contempladas no momento das

consultas médicas em geral.

A localização central do serviço do PAM CENTRO, parece representar mais um facilitador

no acesso, já que uma grande representatividade de idosos ( 92,8%) não teve dificuldade de

encontrar o Centro de Saúde PAM CENTRO .

A maioria de idosos atendidos no Centro (75,6%) não encontra dificuldades de locomoção

na área interna do Centro de Saúde PAM CENTRO (Gráfico 3). Apesar do acesso da rua ao

prédio se fazer por uma escadaria com quatro degraus e uma rampa íngreme, do hall interno do

prédio visualiza-se facilmente dois elevadores que têm capacidade cada um para 7 pessoas. Há,

entre os elevadores uma escada que dá acesso aos outros andares.

Dos 24,4% que têm dificuldade de locomoção dentro do Centro, a presença de escadas é

referida como principal barreira na locomoção para 70% dos idosos (Gráfico 3). O acesso de

escada torna-se difícil, tendo em vista que esta é curva, estreita e íngreme, caracterizando uma

barreira no acesso. Deve-se considerar ainda, a fobia a elevador, comum a esta faixa etária.

Analisando o atendimento odontológico, em específico, percebe-se que os pacientes em sua

grande maioria (94%), não tiveram dificuldade de encontrar a sala de atendimento odontológico

ao idoso (Gráfico 4). Esta realidade vem a endossar as afirmações da Cirurgiã-Dentista de idosos

e pacientes excepcionais, que defende a idéia de que o ambiente interno do serviço é favorável

promovendo ao paciente e aos funcionários bem estar e tranqüilidade contribuindo, assim, para

um trabalho de melhor qualidade. Ainda segundo esta profissional, o fato da sala se localizar

externamente ao grande centro de atendimento daquele Centro, consiste num fator facilitador que

contempla o item acessibilidade, pois evita que os pacientes percorram corredores repletos de

filas e causadores de stress antes do atendimento. Além disso o serviço conta com o sistema de

marcação de consultas por telefone que é um item positivo no requisito acomodação. A Cirurgiã-

Dentista, no entanto não acha que o atendimento está à contento, necessitando para tal, da

inclusão de um serviço de prótese para suprir a grande demanda desta classe de pacientes. A

Prefeitura do Recife ainda não dispõe deste tipo de serviço de prótese representando uma

barreira no acesso do idoso aos serviços necessários. Na sala de atendimento para idosos do

Centro de Saúde PAM CENTRO, há também o atendimento de pacientes excepcionais, cujos

tratamentos são realizados pela mesma profissional , e priorizados pela Direção do Centro.

25

Cerca de 90,5% dos idosos relataram facilidade na obtenção do atendimento odontológico

(Gráfico 5 ). Isto se deve provavelmente ao tempo de espera entre o agendamento e a primeira

consulta que, para a maioria (65,1%) foi de apenas 7 dias.

Após a primeira consulta a profissional se dispõe a agendar seus pacientes para a próxima

sessão, evitando-se as filas. Isto demonstra uma inclinação pessoal para o atendimento ao idoso,

enquadrando-se no critério de Aceitabilidade. Este fato demonstra ainda, um bom oferecimento

de vagas e garantia do acesso quanto à Acomodação.

O percentual de idosos que utiliza o telefone como meio de marcação de consultas é ínfimo

(6,8%) em relação àquele que permanece se deslocando até a unidade de saúde para realizar suas

marcações . Supõe-se que isto ocorra porque 63% não conhecem o serviço de marcação de

consultas por telefone . Porém, parece haver também uma influência cultural, onde os idosos se

conformaram em não serem valorizados ou considerados. O comportamento destes pacientes

parece reproduzir uma atitude de submissão de uma porção da população historicamente

subjugada e esquecida. Não sentem segurança na marcação por telefone, pois esta lhes parece

uma facilidade não merecida. Não há, portanto, credibilidade na efetividade deste sistema, por

parte da grande maioria dos usuários.

Essa forma de marcação poderia ser estimulada haja vista que 82,2% dos pacientes têm

como ser contatados por telefone pelo Centro, com cerca de 61,7% possuindo telefone residencial

próprio, e os demais com possibilidade de serem contatados por telefone de parentes ou vizinhos,

o que representa o Acesso quanto à Acomodação. Por outro lado, o Centro de saúde necessita

colocar em prática o contato com os pacientes via telefone nos casos de não ser possível o

atendimento no dia agendado. Este recurso ainda não é utilizado com freqüência.

No que se refere ao Acesso quanto à Aceitabilidade, a grande maioria (85,3%), de acordo

com a Tabela 4, considera de boa qualidade o serviço odontológico oferecido no PAM CENTRO.

Da mesma forma na Tabela 5, é considerado de boa qualidade o atendimento em geral do Centro

de Saúde (86,4%). Esta satisfação é percebida quando da associação da variável Qualidade do

tratamento odontológico com a variável Qualidade do atendimento do PAM CENTRO. Os

pacientes, que consideram o tratamento odontológico bom, também têm a mesma opinião quanto

à qualidade do atendimento em geral do PAM CENTRO (Tabela 5).

Avaliando a conclusividade do tratamento oferecido, constatou-se que 56% dos

entrevistados tiveram seu tratamento concluído enquanto que 44% estão por finalizar .

26

Traçando um perfil do paciente atendido no serviço odontológico do PAM CENTRO,

identifica-se um idoso aposentado, com renda média mensal de um salário-mínimo, onde se

enquadram 69,% dos pacientes; com predominância do sexo feminino, e, em sua maioria, não

residente no Distrito Sanitário I. Destes pacientes atendidos 61,7% possui telefone residencial

próprio, 28,3 % fazem uso do telefone de familiares e 5% utiliza telefone de vizinhos.

Este perfil apresenta um usuário com baixo poder aquisitivo, que, inserido num contexto de

escassez de serviço especializado, reforça a responsabilidade do SUS como promotor de saúde de

uma porção da população em franco crescimento.

Segundo Ferrari e Camargo (1993/6) , hoje o idoso passa ser específico e destacadamente

objeto de atenção nas práticas de saúde. Isto porque o tamanho da população idoso permite

pensá-la como extrato de consumo e como grupo social com força reivindicatória ou referência a

seus direitos sociais.

27

7– CONCLUSÃO

A partir de informações obtidas na pesquisa de campo foi possível traçar o perfil dos idosos

usuários do serviço odontológico do PAM CENTRO. Eles enquadram-se numa faixa etária de

idosos jovens; são aposentados com uma renda média mensal de um salário-mínimo e, em sua

maioria, possuem telefone residencial próprio. Há a predominância do sexo feminino sobre o

masculino.

De acordo com os objetivos deste trabalho de pesquisa, foram identificados fatores

favoráveis, assim como barreiras ao acesso dos idosos ao serviço odontológico do PAM

CENTRO .

O Centro de Saúde PAM CENTRO foi identificado como a única referência de atendimento

odontológico para idosos na Cidade do Recife.

A maioria dos idosos não necessita de acompanhantes assim como não refere dificuldades

de locomoção em seu deslocamento até o Centro de Saúde PAM CENTRO ou à sala de

atendimento odontológico. Esta mesma representatividade de idosos não tem dificuldades de

encontrar estes locais de atendimento. Isto demonstra um grau satisfatório de independência

destes pacientes que denota facilitadores no acesso ao local do serviço quanto à Acessibilidade.

Estes facilitadores foram identificados: na localização central do PAM CENTRO, que é de fácil

identificação; na localização térrea e externa da sala de atendimento odontológico; na existência

de um grande corredor de ônibus na região; na passagem gratuita garantida por lei para idosos

acima de 65 anos; assim como no relativo curto espaço de tempo (15 a 20 minutos) gasto pela

grande maioria com o transporte coletivo.

Analisando facilitadores no acesso ao serviço, constatou-se que, quanto à Acomodação, esta

é contemplada na ausência de filas para marcação de consulta. A marcação é realizada mediante

agendamento antecipado onde se procura respeitar os horários de conveniência de cada paciente.

A profissional que, realiza o atendimento há nove anos, realiza pessoalmente a marcação das

voltas indicando uma disposição pessoal para o atendimento aos idosos o que vem mais uma vez

contemplar o item Aceitabilidade.

O agendamento para os pacientes idosos pode ser realizado por telefone e este se constitui

em uma estratégia do Centro, para facilitar a rotina destes pacientes; o que, novamente,

contempla o Acesso quanto a Acomodação.

28

O tratamento oferecido pelo Centro de Saúde PAM CENTRO é considerado de boa

qualidade pelos pacientes idosos, assim como o é o serviço odontológico em específico. Isto

representa um ponto positivo no item Aceitabilidade, que é reforçado pela predominância de

pacientes, que obtiveram seu tratamento concluído, sobre àqueles que ainda não o concluíram.

Os pacientes não referem, em sua maioria, a presença de barreiras na parte interna do

Centro, demonstrando um bom nível de Acessibilidade nestes ambientes.

As vagas para o atendimento são obtidas com facilidade contemplando, portanto o requisito

de Acesso quanto à Disponibilidade. O período identificado entre a marcação e a primeira

consulta dos pacientes, é, em sua maioria de um a sete dias, com uma significante representação

de pacientes com atendimento imediato.

Constatou-se que o serviço odontológico para idosos do Centro de Saúde PAM CENTRO

consegue abranger com eficácia os quatro níveis de Acesso referidos.

Inserida nas limitações identificadas no serviço, é constatada a concentração de demanda

naquele Centro que sofre sobrecarga, uma vez que não há outro centro de referência com tal

especialidade na cidade do Recife. A oferta de serviço foi identificada como pequena, uma vez

que, este Centro absorve a demanda do demais Distritos Sanitários, além de receber pacientes de

municípios outros.

Quando avaliada a forma como os pacientes são referenciados ao serviço, detectou-se uma

predominância entre aqueles encaminhados por funcionários, amigos ou parentes, sobre àqueles

encaminhados por profissionais do Centro. Este fato revela a necessidade de uma correta

divulgação do serviço odontológico aos profissionais de saúde de forma a garantir a

funcionabilidade do sistema de referência e contra-referência do SUS.

O serviço de marcação de consultas por telefone, é sub-utilizado, já que a maioria dos

idosos, mesmo possuindo telefone para contato, desconhece esse serviço facilitador.

Dos idosos que conhecem o sistema de marcação por telefone, muitos não o utilizam devido à

incerteza quanto à sua eficácia. É preciso estimular a marcação de consultas por telefone no PAM

Centro.

Como forma de suprir a carência de Recursos Humanos, fundamentais à organização de

novos serviços de atendimento ao idoso, faz-se necessário a capacitação de profissionais que se

encontram inseridos na Atenção Básica da Rede (Programa de Saúde da Família), assim como

nas Unidades e Centros de Saúde da Prefeitura. Esta qualificação se realizaria através de

29

parceiras com Universidades e Cursos de Capacitação, tornando viáveis serviços como o de

Prótese, até então inexistentes.

Pode-se afirmar indubitavelmente que o serviço odontológico do PAM CENTRO é

pioneiro no atendimento ao idoso na Cidade do Recife , uma vez que apesar de único e das

poucas limitações, contempla os quatro níveis de Acesso. Desta forma, este serviço precisa ser

valorizado pelos órgãos gestores, que devem incentivar sua multiplicação, visando diminuir a

sobrecarga da demanda idosa em crescimento.

30

8-REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1- BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília,

DF: Senado, 1988.

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de Desafios da Peste à Sida. Revista Saúde em Debate, n. 33, p. 43-49. 1991.

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Recife.2000 .

8- DPCAA. Diretoria Executiva de Programação Controle e Avaliação. Prefeitura do

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9- ESTEVES, B. O Brasil de Cabelos Brancos. Revista Ciência Hoje, Minas Gerais, v.23, n.

137,p. 18-21, abr. 1998.

31

10- FERRARI, M.A.C., CAMARGO, M.M.P. Atenção a saúde do idoso: sua inserção no Sistema

Único de Saúde (SUS). Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v.

4/7, p. 5-16, 1993/6.

11- GIOVANELLA,L. ; FLEURY, S. Universalidade da Atenção à Saúde: Acesso como

categoria de análise. p.177-198. In: EIBENSCHUTZ, C.(org.) . Política de Saúde: o Público e o

Privado. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1996. 312p.

12- IBGE. Anuário Estatístico do Brasil, Rio de Janeiro.1982.

13- IBGE. Anuário Estatístico do Brasil, Rio de Janeiro.1998.

14- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Levantamento epidemiológico em saúde bucal, zona urbana

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Hoje, Minas Gerais, v. 23, n. 137, p. 22-29, abr. 1998.

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M. Gerontologia. Atheneu. São Paulo.1996, p. 297-310.

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32

20- ROCHA, R. Minidicionário . São Paulo: Scipione,1996.

21- RONCALLI, A. G. A organização da demanda em serviços públicos de saúde bucal :

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(Doutorado em Odontologia ) - Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista Júlio

de Mesquita Filho, Araçatuba.

22- ROSA, A.G.F. et al . Condições de Saúde Bucal em pessoas de sessenta anos ou mais no

município de São Paulo(Brasil). Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 26, n.3, p.155-60,

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23- SILVESTRE. J.A. et al. O envelhecimento populacional brasileiro e o setor saúde. Arquivos

de geriatria e gerontologia. n.1 ,p . 81- 89, set. 1996.

33

ANEXOS

34

QUESTIONÁRIO PARA ENTREVISTA DO PROFISSIONAL DO PAM CENTRO

1) Quanto tempo você trabalha com idosos na unidade PAM centro ?

2) Quando o serviço odontológico para idosos teve o seu início ?

3) Quantos idosos são atendidos por dia?

4) Quais as principais necessidades odontológicas dos idosos atendidos neste Centro?

5) Quantas vagas são reservadas ao atendimento do idoso por dia?

6) Como é programado o atendimento ao idoso?

Demanda espontânea com enfrentamento de filas ( )

Demanda espontânea com Agendamento antecipado ( )

7) Em caso de agendamento, como este é realizado?

Pessoalmente pelo próprio paciente ( )

Pessoalmente por um representante do paciente ( )

marcação por telefone ( )

8) Qual a sua avaliação sobre a qualidade do serviço prestado ao idoso considerando-se suas

necessidades peculiares ?

9) Além dos serviços já oferecidos pelo posto ao idoso, que outros poderiam ser prestados?

10) Em relação ao ambiente físico de trabalho, como você classificaria o local de atendimento ao

idoso?

11) Você acha que o ambiente físico contribui para a qualidade do atendimento?

12) Como você descreveria a participação do pessoal auxiliar (recursos humanos) no serviço de

atendimento ao idoso?

13) Com relação ao material de consumo e equipamentos, estão à contento?

14) O serviço de atendimento ao idoso vem sendo uma prioridade diante da direção do posto?

35

QUESTIONÁRIO PARA OS PACIENTES

Quanto à Acessibilidade:

1- Para vir ao Posto PAM CENTRO, geralmente você vem sozinho ou acompanhado?

Sozinho ( ) Acompanhado ( )

2- Você tem dificuldade de locomoção para chegar até o PAM CENTRO ?

SIM ( ) NÃO ( ) Em caso afirmativo, qual ?_______________________

3- Qual o seu meio de transporte ?

Carro próprio ( ) Ônibus ( ) Táxi ( )

Vem caminhando ( ) Metrô( ) Transporte Alternativo ( )

4- Se você necessita de condução para vir, quantas você precisa pegar?

1 ( )

2 ( )

3 ( )

5- Quanto tempo você leva para chegar à unidade PAM CENTRO?

Menos de 15 min.( ) Entre 15 e 30 minutos( ) Entre 30-60 min.( ) + de 60 min ( )

6- Qual o bairro que você mora ?

______________________________

36

7- Você teve dificuldade de encontrar o PAM CENTRO ?

SIM ( ) NÃO ( ) Em caso afirmativo, qual ? __________________________

8- Você tem dificuldade de locomoção dentro do posto PAM CENTRO?

SIM ( ) NÃO ( ) Em caso afirmativo, qual ? ________________________

9- Você encontrou a sala do dentista facilmente ?

SIM ( ) NÃO ( )

Quanto à Disponibilidade:

1- Você conseguiu ser atendido quando buscou serviço odontológico? (VAGA)

SIM ( ) NÃO ( )

Quanto à Acomodação:

1-Quando você fez sua marcação você precisou vir ao posto ou marcou pelo telefone ?

( )veio ao posto ( )por telefone

2- Você sabia que havia marcação por telefone?

SIM ( ) NÃO ( )

37

3- Após a marcação da primeira consulta, quantos dias demorou para ser atendido ?

Mesmo dia ( ) 1 dia ( ) 1-7 dias ( ) 7-15 dias ( ) + de 15 dias ( )

Quanto à Aceitabilidade:

1-Como você soube da existência do serviço odontológico para idosos no PAM CENTRO?

( ) Indicação de um amigo ou parente

( ) Encaminhamento por um funcionário do Posto

( ) Encaminhamento por um profissional que lhe atendeu

( ) Através de uma propaganda ( meios de comunicação)

( ) Observando a placa do Posto

2- Você gostou do atendimento oferecido pelo posto de saúde ?

BOM ( ) REGULAR( ) ( )RUIM

3-Você está satisfeito com a qualidade do tratamento odontológico ?

BOM ( ) REGULAR ( ) ( )RUIM

4- Você concluiu o tratamento ?

SIM ( ) NÃO ( )

38

Caracterização do Usuário:

Qual a sua renda mensal?

( ) Zero

( ) 1 Salário Mínimo

( ) 2 a 3 Salários Mínimos

( ) + de 3 Salários Mínimos

PERFIL

1-Você tem como ser avisado caso não possa ser atendido no dia marcado ?

SIM ( ) NÃO ( )

Como?

Celular ( ) Telefone Residencial ( ) Orelhão ( )

Próprio ( ) Vizinho( ) Família ou Parente ( )