ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO SERVIÇO … · No Brasil, este aumento da população de idosos vem...
Transcript of ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO SERVIÇO … · No Brasil, este aumento da população de idosos vem...
1
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES – CPqAM
DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA – NESC
ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO
SERVIÇO ODONTOLÓGICO DO
PAM CENTRO –RECIFE
ADRIANA DOS SANTOS DINIZ
VANÊSSA PEDROSA PERES DA SILVA VERÔNICA DE FÁTIMA DA SILVA SANTOS
Prof. PETRÔNIO JOSÉ DE LIMA MARTELLI
Recife, 2001
2
ADRIANA DOS SANTOS DINIZ VANÊSSA PEDROSA PERES DA SILVA
VERÔNICA DE FÁTIMA DA SILVA SANTOS
ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO SERVIÇO ODONTOLÓGICO DO
PAM CENTRO -RECIFE
Relatório do pôster apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação latu sensu em nível de Especialização em Saúde Pública do Departamento de Saúde Coletiva / CpqAM / FIOCRUZ/MS, sob a orientação do Professor Petrônio Martelli.
Recife - 2001
3
ADRIANA DOS SANTOS DINIZ
VANÊSSA PEDROSA PERES DA SILVA VERÔNICA DE FÁTIMA DA SILVA SANTOS
ESTUDO DO ACESSO DO IDOSO AO SERVIÇO ODONTOLÓGICO DO
PAM CENTRO-RECIFE
Relatório do pôster apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Curso de Pós – Graduação latu sensu em nível de Especialização em Saúde Pública do Departamento de Saúde Coletiva/CpqAM/FIOCRUZ/MS, pela Comissão formada pelos Professores: Orientador:________________________________________
Prof.Petrônio José de Lima Martelli / NESC
Debatedor: _______________________________________ Marina Mendes / Prefeitura de Olinda
Recife – 2001
4
RESUMO
No Brasil, o aumento proporcional da população de idosos vem merecendo destaque. É
conhecido que este grupo etário possui um perfil de saúde bucal comprometido, representado
principalmente pela perda de dentes. Quando se discute as condições de saúde bucal da
população de idosos com 65 anos ou mais, estas têm sido relegada a segundo plano.
O presente trabalho discute o atendimento odontológico ao idoso sobre o prisma do acesso
em seus vários níveis, no serviço odontológico do Centro de Saúde PAM CENTRO pertencente
ao Distrito Sanitário I da Prefeitura do Recife. Foi realizada uma pesquisa de campo, através da
aplicação de um questionário aos idosos usuários do referido sistema, assim como de uma
entrevista à cirurgia-dentista que os atendeu . A partir dos dados obtidos, foram discutidos os
quatro níveis de Acesso: Acessibilidade, Disponibilidade, Acomodação e Aceitabilidade, assim
como a identificação de barreiras a este acesso. Estas informações tiveram como objetivo,
oferecer respaldo para avaliar se esta porção da população vem sendo suprida em suas
necessidades de saúde bucal, bem como para elaborar ações de Planejamento dentro das Políticas
Públicas de Saúde frente ao desafio do envelhecimento populacional no Brasil.
Unitermos: envelhecimento populacional; acesso; barreira.
5
SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 06
REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................... 09
OBJETIVOS............................................................................................................................ 11
MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................... 12
RESULTADOS....................................................................................................................... 14
DISCUSSÃO........................................................................................................................... 22
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 27
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................................................... 30
ANEXOS................................................................................................................................ 33
6
1-INTRODUÇÃO
O século XX deverá ficar na história como um período de grandes transformações na
expectativa de vida da espécie humana. Num espaço relativamente curto de tempo ocorreram
aumentos sem precedentes no tempo médio de vida das pessoas. Esta longevidade , unida à
diminuição da proporção de jovens pela queda da natalidade e fecundidade, corresponde ao
crescimento da proporção de pessoas com idade avançada numa mesma população . No Brasil,
este aumento da população de idosos vem merecendo destaque, uma vez que tem ocorrido num
contexto de graves crises econômicas e ausência de um desenvolvimento social pleno (Ramos,
1993). É um fenômeno predominantemente urbano, advindo sobretudo do intenso movimento
migratório iniciado na década de 60, motivado pela industrialização promovida pelas políticas
desenvolvimentistas (BRASIL, 1999).
Nas regiões Sul e Sudeste, o envelhecimento da população brasileira teve seu início na
segunda metade dos anos 70, quando houve um importante declínio da taxa de fecundidade
(Esteves, 1998 ). Esse mesmo autor afirma que, hoje, a baixa fecundidade e o envelhecimento da
população são fenômenos generalizados, ocorrentes em todas as classes sociais e em todas as
regiões do país.
Associado à baixa fecundidade, houve um aumento na expectativa de vida dos brasileiros
que foi estimada em cinco anos, entre 1980 e 2000. Isto permitiu suposições para o período de
2000 a 2025 de uma expectativa média de vida próxima aos 80 anos para ambos os sexos
(Anuário Estatístico-IBGE, 1982). Atualmente a esperança de vida ao nascer no Brasil é de 68
anos, sendo identificado um processo de feminilização no envelhecimento (BRASIL, 1999).
De acordo com OMS, a população de idosos no Brasil crescerá, entre 1950 e 2025, 16
vezes contra 5 vezes da população total; o que colocará o país, em termos absolutos, como a
sexta população de idosos do mundo. Este crescimento populacional é mundialmente, o mais
acelerado e só comparável ao do México e Nigéria (Silvestre, 1996). Desta forma, a população
idosa vem alterando a pirâmide populacional e as projeções para os próximos anos indicam que
82% dos idosos brasileiros estarão morando nas grandes cidades (BRASIL, 1999). De acordo
com Carvalho apud Esteves (1998), este crescimento é um processo irreversível.
Faz-se necessário que todos que atuem junto ao sistema de saúde tenham claro estas
transformações demográficas que terão desdobramento epidemiológicos, para que possam
influenciar no planejamento e na tomada de decisão na área de saúde. O sistema de saúde
7
necessita ser desenvolvido e aperfeiçoado visando o cuidado com esta população crescente de
idosos com problemática multifacetada e, na maioria das vezes, dispendiosa (Camargo, 1994).
Os idosos não foram historicamente objeto privilegiado das práticas de saúde. As
necessidades sociais de saúde, têm correspondido à valorização social do corpo humano como
decorrente de sua força de trabalho. Há uma orientação destas práticas de saúde para a porção da
população considerada ativa, enquanto que é delegada a segundo plano, a porção inativa,
considerada marginalizada (Ferrari e Camargo, 1993).
Pucca (1996), em concordância com Ferrari e Camargo (1993), afirma que ocorre uma
exclusão social e marginalização daqueles que estão fora do mercado de trabalho. Este autor
atribui este fenômeno à opção de “Desenvolvimento Nacional”, no qual, à medida que a
população de idosos aumenta, diminui a capacidade do setor público em absorver o aumento
dessa nova demanda populacional.
Embora os idosos estejam destinados a viver 20 anos mais, a tendência é encontrar um
crescente número de idosos com a saúde debilitada e funcionalmente incapacitados (Camargo Jr.,
1994). O fato desta população idosa utilizar constantemente os serviços de saúde com várias
internações hospitalares, realizar exames subsidiários e maior número de consultas ao médico,
passa a ser determinante social e assim sendo, o idoso é inserido no rol de necessidades em saúde,
inclusive no atual sistema de saúde- SUS (Ferrari e Camargo, 1993). Há um alto custo no
atendimento ao idoso devido às doenças serem crônicas e múltiplas, exigindo um atendimento
multiprofissional e intervenções contínuas (BRASIL, 1999).
O grupo etário de idosos possui um perfil de saúde bucal comprometido. Segundo o
“Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal”, realizado em 1986 no Brasil (MS, 1986) as
condições de saúde bucal no grupo etário de 50 a 59 anos de idade, são críticas representadas
principalmente pelo edentulismo (Pucca, 1996). Quando se discute as condições de saúde bucal
da população idosa com 60 anos ou mais, estas têm sido relegada a segundo plano. A perda total
de dentes, é aceita equivocadamente pela sociedade, pelos odontólogos e especificamente pelas
pessoas adultas naturalmente como conseqüência da idade (Rosa e col, 1992).
Esta incoerência percebida nos serviços públicos de saúde e a perspectiva de uma crescente
população idosa despertam o interesse para o estudo do acesso do idoso ao serviço odontológico
que, no caso do presente trabalho, deu-se através de uma pesquisa de campo. Esta pesquisa
buscou conhecer o acesso do idoso aos serviços odontológicos na Cidade do Recife, cuja
8
população de idosos na faixa etária acima de 60 anos é de 116.998 correspondendo à 8,55% da
população total (IBGE, 1998). Tomou-se como referência o Centro de Saúde PAM CENTRO
pertencente ao Distrito Sanitário I.
Foi questionado o serviço de odontologia oferecido pela Prefeitura da cidade do Recife,
neste Centro, quanto a garantia de acesso integral (Princípio da Integralidade- SUS) e universal
(Princípio da Universalidade - SUS) aos idosos.
Considerou-se de alta relevância dispor destas informações,como meio de analisar se as
necessidades de saúde bucal vêm sendo atendidas, bem como oferecer respaldo ao planejamento
de ações dentro das Políticas Públicas de Saúde, desafiadas pelo envelhecimento populacional.
9
2- REFERENCIAL TEÓRICO
Nas últimas décadas, a fragilidade das políticas sociais e econômicas gerou um hiato entre
os direitos sociais constitucionalmente garantidos e a efetiva capacidade de oferta aos serviços
associados aos mesmos. Como continuidade do processo iniciado pela Reforma Sanitária, cujas
repercussões culminaram na redação do artigo 196 da Constituição de 1988, o processo de
consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) está deflagrado (MS,1997).
Considerando-se que a Constituição Brasileira (BRASIL,1988), através dos artigos 196 e
198, passou a garantir a Saúde como um direito de todos e dever do Estado; a crescente
população de idosos necessita ser contemplada em seu usufruto dos serviços de saúde, de acordo
com os Princípios do SUS. A Política Nacional do Idoso – PNI – de 1998, contempla direitos
específicos dos idosos que são reforçados pela Portaria no 1.395/GM da Política de Saúde do
Idoso (BRASIL, 1999), cujo propósito é “a promoção do envelhecimento saudável, a
preservação e/ou melhoria ao máximo possível da capacidade funcional dos idosos, a prevenção
das doenças, a recuperação da saúde daqueles que adoecem e a reabilitação daqueles que venham
a ter sua capacidade funcional comprometida ou restringida”. Esta política define as diretrizes
que devem nortear todas as ações do setor saúde indicando as responsabilidades institucionais.
Nos artigos já citados, a Constituição define o Princípio da Universalidade como a garantia
de atenção à saúde, por parte do Sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a Universalidade, o
indivíduo passou a ter acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles
contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e dever dos governos municipal,
estadual e federal. Ainda na Constituição brasileira, encontramos a definição do Princípio da
Integralidade como reconhecimento, na prática, de que :
• Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade;
• As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível
e não podem ser compartimentalizadas;
• As unidades prestadoras de serviço com os seus diversos graus de complexidade, formam
também um todo indivisível, configurando um Sistema capaz de prestar assistência integral;
• O homem é um ser integral, biopsicosocial, e será atendido, com esta visão holística, por um
Sistema de Saúde também Integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua saúde.
10
Uma condição fundamental para que os idosos possam dispor dos serviços de saúde do
SUS na sua integralidade e universalidade é o Acesso.
O Termo Acesso é definido por Penchanski e Thomas apud Giovanella e Fleury (1996)
como um conceito geral que sumariza um conjunto de dimensões específicas que descrevem a
adequação entre os clientes e o sistema de saúde, tais como:
Disponibilidade- Relação entre o volume e o tipo de serviços existentes e o volume de clientes e
o tipo de necessidades;
Acessibilidade- Relação entre localização da oferta e a localização dos clientes, tomando em
conta os recursos para transporte, o tempo de viagem, a distância e os custos;
Acomodação ou Adequação funcional- Relação entre o modo como a oferta está organizada para
aceitar clientes (sistema de agendamento , horário de funcionamento, serviços de telefone) e a
capacidade/ habilidade dos clientes acomodarem-se à estes fatores e perceberem a conveniência
dos mesmos;
Capacidade financeira (Affordability) – Relação entre os preços dos serviços segundo o
mantenedor, o depósito requerido para a entrada de clientes e a capacidade de pagar, ou a
existência de seguro saúde por parte do cliente;
Aceitabilidade – relação entre atitudes dos clientes sobre os profissionais e as características das
práticas dos provedores de serviços , assim como a aceitação pelos provedores de prestar serviços
àqueles clientes.
Serão adotados para o nosso estudo, quatro destas cinco dimensões referidas pelos autores:
Disponibilidade, Acessibilidade, Acomodação ou Adequação Funcional e Aceitabilidade, pois a
dimensão de Capacidade Financeira não está adequada as características do serviço público.
O acesso ao serviço é primordial para a promoção da saúde. Há uma necessidade de se
minimizar o máximo possível as barreiras existentes que possam interferir neste acesso. De
acordo com ROCHA (1996) o termo Barreira define-se como obstáculo. Nos serviços de saúde
este obstáculo é identificado com a negação ou impossibilidade de acesso do usuário.
11
3-OBJETIVOS
Geral: Analisar diferentes dimensões do acesso do idoso ao serviço odontológico da unidade de
saúde PAM CENTRO Recife.
Específicos:
1- Descrever o serviço odontológico oferecido na unidade de saúde PAM CENTRO;
2- Identificar as barreiras de acesso ao atendimento odontológico do idoso;
3- Analisar os quatro níveis de acesso (Disponibilidade, Acessibilidade, Acomodação ou
Adequação Funcional e Aceitabilidade) do idoso ao serviço odontológico da unidade PAM
CENTRO;
4- Mapear a procedência do idoso analisando a distância da unidade PAM CENTRO;
5- Delinear o perfil do idoso usuário do serviço odontológico da unidade de saúde PAM
CENTRO.
12
4-MATERIAIS E MÉTODOS
1-Tipo de estudo: O estudo foi classificado como sendo do tipo observacional, transversal,
descritivo, com desenho seccional.
2- Local de Estudo: A área de estudo foi o Centro de Saúde PAM CENTRO por se constituir a
única referência de atendimento odontológico ao idoso incluída nos serviços de saúde oferecidos
pela Prefeitura do Recife. Dispõe de uma atenção diferenciada ao idoso no tratamento
odontológico, num contexto de escassez deste tipo de atendimento. O Centro de Saúde PAM
CENTRO foi municipalizado em 1996. Funciona atualmente em um prédio pertencente ao INSS,
inserido no Distrito Sanitário I . O prédio é vertical, composto de seis andares com 18 salas por
andar. Os quatro primeiros andares e a sobreloja são destinados à instalação do Centro. Destaca-
se ainda a equipe de odontologia, composta por 9 Cirurgiões-Dentistas e 1 Técnico em Higiene
Dental, que inclui odontologia para idosos e pacientes excepcionais, atendimento a crianças e
pequenas cirurgias. Dos Cirurgiões–Dentistas, 02 realizam o atendimento ao idoso encontrando-
se,um deles, de licença na ocasião da pesquisa.
Localiza-se em um centro urbano, na rua da Palma, no 57, no bairro de Santo Antônio, num
local, com fluxo intenso de pessoas trabalhadoras naquela região. A região apresenta terminal de
ônibus e de metrô, assim como importante corredor de ônibus, formado pelas Avenidas
Guararapes e Dantas Barreto, onde circulam linhas de praticamente todos os bairros e municípios
da região metropolitana.
3- Tempo de Estudo: A referida área foi investigada durante os meses de setembro e outubro de
2001.
4- População do Estudo: Segundo a Política Nacional do Idoso ( PNI, Art.2o), Idosos são pessoas
com 60 anos ou mais. Os autores Chaimowicz e Greco (1998) e Esteves (1998) consideraram em
seus estudos a faixa etária acima de 65 anos como referencial de população idosa. A população
estudada nesta pesquisa de campo incluiu, em concordância com este último autor, pacientes
pertencentes à faixa etária de 65 anos ou mais, atendidos no serviço de odontologia do Centro de
Saúde PAM CENTRO, no ano de 2000 e 2001. Esta população estimada foi de 260 indivíduos.
13
Devido à greve dos servidores federais, o Centro de saúde teve suas atividades reduzidas
tendo sido necessário a localização dos pacientes via correspondência. Foram enviadas 260 cartas
das quais aguardou-se resposta. A coleta dos dados foi feita de forma aleatória, onde foram
entrevistados os indivíduos por ocasião da chegada para o atendimento, ou da efetuação de um
telefonema, como resposta às cartas. Dos pacientes contatados, 84 responderam e foram
entrevistados. O tamanho da amostra foi calculado em 84 indivíduos, através do método de
amostragem aleatória simples, onde o nível de confiabilidade foi de 95%.
5- Unidade de Análise /instrumentos: O estudo consistiu na aplicação de questionários (em
anexo) aplicados aos idosos que receberam atendimento odontológico nesta unidade de saúde,
homens e mulheres acima de 65 anos, assim como à profissional, que respondeu um questionário
específico. A unidade de análise foi a “fala do usuário/profissional ” e o instrumento (ou
procedimento) foi o “questionário”.
6- Processo de análise: Análise das falas dos pacientes e do profissional, como respostas aos
questionários, obtendo desta forma, subsídios para o entendimento do acesso do idoso ao serviço
odontológico do Centro. Na análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva para estimar os
parâmetros populacionais requeridos no questionário. Em busca de associações entre as variáveis
pesquisadas, foi aplicado o teste Qui-quadrado. O teste foi realizado ao nível de 95% de
confiabilidade e utilizados os softwares EPI INFO versão 6.04 na formação do banco de dados
(entrada dos dados) e o SPSS versão 8.0 na análise descritiva e na aplicação do teste Qui-
quadrado.
14
5-RESULTADOS
O atendimento a idosos, que funciona no turno da manhã, cobre uma média de 12 pacientes
por dia. Este serviço é realizado simultaneamente ao atendimento de pacientes excepcionais,
sendo estes últimos priorizados pela Direção do Centro.
Nos meses em que se realizou a pesquisa, houve uma redução nos atendimentos em virtude
da greve dos servidores do INSS. Apesar do atendimento odontológico pertencer à Prefeitura do
Recife, acredita-se que os pacientes tomando ciência da greve no Centro de Saúde PAM
CENTRO concluíram que o referido atendimento encontrava-se , da mesma forma, paralisado.
No serviço de atendimento odontológico aos idosos do PAM CENTRO, são realizados
procedimentos restauradores, exodontias e tartarectomias.
Por ocasião da entrevista aos pacientes atendidos no serviço odontológico para idosos do
Centro de Saúde PAM CENTRO entre os meses de setembro e outubro de 2001 ; observou-se
que a faixa etária predominante na busca por este tipo de serviço é de 65 a 70 anos de idade, com
uma representatividade de 50%. Os pacientes entre 71 e 75 anos de idade representam 31% e
apenas 16% estão acima de 75 anos. Dos pacientes entrevistados; 55,42% são do sexo feminino,
enquanto que 44,58% são do sexo masculino.
Analisando a renda, em salários mínimos, 69,1% possui renda de um salário mínimo;
17,3% recebe de 2 e 3 salários e apenas 11,1% possui renda acima de 3 salários mínimos.
Percebe-se que a grande maioria dos idosos não necessita de acompanhante em seu
deslocamento com cerca de 80,7% dos entrevistados relatando ir ao Centro sozinhos .
Agregada à predominância de idosos que vão sozinhos até ao Centro de saúde, observa-se
que a maioria dos pacientes entrevistados não tem dificuldade de locomoção para chegar até lá. O
Gráfico 1 mostra uma proporção maior de idosos sem dificuldades de locomoção com 85,7% ( n
= 72 ) da amostra, contra 14,3% ( n = 12 ) que representam aqueles que relatam algum tipo de
dificuldade.
15
Gráfico 1. Distribuição dos indivíduos entrevistados , segundo a dificuldade de locomoção para
chegar ao Centro de Saúde PAM CENTRO.
Um dado relevante é que, daqueles idosos que têm dificuldade de locomoção, cerca de
88,9% apresentaram alguma justificativa relacionada a problemas de saúde.
Quanto ao meio de transporte utilizado para chega ao Centro de Saúde; 95,2% dos pacientes
entrevistados informaram utilizar-se de ônibus; 2,4% citaram o metrô como meio de transporte;
1,2% afirmou fazer uso de táxi e 1,2% vai caminhando até a unidade (Tabela 1).
Tabela 1. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM CENTRO, segundo o
meio de transporte utilizado para chegar ao Centro.
Meio de transporte N % Ônibus 80 95,2 Metrô 2 2,4 Táxi 1 1,2 Caminhando 1 1,2 Carro próprio 00 0,0 Transporte alternativo 00 0,0 Total 84 100,0
Avaliando a distância percorrida pelos pacientes em seus deslocamentos até o Centro de
Saúde PAM CENTRO, foi investigado o número de conduções necessárias ao deslocamento até
o Centro. Dos entrevistados, 77% pegam apenas uma condução para chegar ao Centro, 20,2%
necessitam de duas condições e 1,2% pegam 3 conduções ou mais.
Analisando o tempo gasto pelos entrevistados no deslocamento até o PAM CENTRO,
constata-se que 45,8% levam entre 15 e 30 minutos; 28,9% levam entre 30 e 60 minutos e 14,5%
14,3
85,7
Sim
Não
16
24,4
75,6
Sim
Não
levam mais de 60 minutos com apenas 10,8% gastando menos de 15 minutos para chegar ao
Centro ( Gráfico 2 ).
Gráfico 2. Distribuição dos indivíduos entrevistados, segundo o tempo gasto com o
deslocamento até o Centro de Saúde PAM CENTRO.
10,8
45,8
28,9
14,5
0
10
20
30
40
50
%
< 15 15 - 30 31 - 60 > 60
Tempo (em minutos)
*1 indivíduo não respondeu
Relacionando possíveis dificuldades para encontrar o prédio do Centro de Saúde PAM
CENTRO observa-se que 92,8% dos entrevistados não referiram dificuldade alguma, enquanto
que 7,2% pronunciaram algum tipo de dificuldade
Em relação à dificuldade de locomoção dentro do Centro, 75.6% ( n = 62 ) não encontram
quaisquer dificuldades, enquanto que 24,4% ( n = 20 ) relatam dificuldade de locomoção, dos
quais 70% (n = 14) referem-se à presença de escada, como principal obstáculo (Gráfico 3).
Gráfico 3. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM CENTRO, segundo
dificuldade de locomoção dentro do Centro.
* 1 indivíduo não respondeu.
17
Quanto à dificuldade de encontrar a sala do dentista, 94% não externaram dificuldades,
porém 6% afirmaram-nas ( Gráfico 4).
Gráfico 4. Distribuição dos indivíduos entrevistados segundo a dificuldade de encontrar a sala do
dentista, no Centro de Saúde PAM CENTRO.
6
94
Sim
Não
Quando perguntados se conseguiram ser atendidos ao buscar o serviço odontológico, 90,5%
dos entrevistados responderam que sim enquanto que 9,5% relataram não ter conseguido
atendimento facilmente (Gráfico 5).
Gráfico 5. Distribuição dos pacientes idosos entrevistados, segundo a facilidade na obtenção do
atendimento odontológico no Centro de Saúde PAM CENTRO.
90,5
9,5
Sim
Não
A programação do atendimento aos idosos é realizada de acordo com a necessidade
odontológica e a disponibilidade de horário destes, já que possuem uma intensa rotina de
acompanhamento médico. A demanda é espontânea, porém, a marcação é feita por agendamento
antecipado.
Analisando o sistema de marcação de consultas, 93,2% fizeram-na pessoalmente, no
próprio Centro, enquanto que 6,8% utilizaram telefone para efetuar a marcação. A maioria (63%)
18
dos entrevistados não conhece o sistema de marcação de consulta via telefone e o percentual
restante (37 %) que tem conhecimento deste meio facilitador de marcação, em sua maioria, não
utiliza este serviço.
Quando indagados sobre o tempo transcorrido entre o dia do agendamento e o dia da
primeira consulta, os pacientes entrevistados responderam seguindo uma distribuição uniforme
entre as categorias estudadas, onde se destaca que 41,3% foram atendidos num período de 1 a 7
dias, 23,8% no mesmo dia da marcação , 21,3% aguardam de 7 a 15 dias e apenas 13,8% após
quinze dias.
Avaliando a forma como os pacientes chegaram até o serviço odontológico; houve um
equilíbrio entre aqueles encaminhados por funcionários do Centro (33,3%) e aqueles orientados
por amigos ou parentes (30,9%). A placa do Centro foi o que chamou a atenção de 14,8% dos
entrevistados; 3,7% afirmaram chegar até ao Centro de Saúde através de propaganda e apenas
13,6% foram encaminhados pelo profissional que lhes atendeu noutra especialidade (Tabela 2).
Tabela 2. Distribuição dos idosos entrevistados segundo o tipo de encaminhamento para o
tratamento odontológico do Centro de Saúde PAM CENTRO.
Como soube do serviço odontológico N % Encaminhamento por funcionário do Centro 27 33,3 Indicação de um amigo ou parente 25 30,9 Observando a placa do Centro 12 14,8 Encaminhamento pelo profissional que lhe atendeu 11 13,6 Meios de comunicação 03 3,7 Outros 03 3,7 Total 81 100,0
*3 indivíduos não responderam
A respeito da qualidade do atendimento em geral do Centro de Saúde PAM CENTRO,
observa-se que 86,4% consideram o atendimento bom, 11,1% regular e 2,5% ruim (Tabela 3).
Tabela 3. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM CENTRO, segundo a
qualidade do atendimento do Centro.
Qualidade do atendimento N % Bom 70 86,4 Regular 09 11,1 Ruim 02 2,5 Total 81 100,0
* 3 indivíduos não responderam
19
A grande maioria (85,3%) dos pacientes considera o tratamento odontológico para idosos
do PAM CENTRO, de boa qualidade, 12% consideram regular e 2,7% ruim ( Tabela 4 ).
Tabela 4. Distribuição dos indivíduos entrevistados segundo a qualidade do tratamento
odontológico, atendidos no PAM CENTRO.
Qualidade do tratamento N % Bom 64 85,3 Regular 09 12,0 Ruim 02 2,7 Total 75 100,0
* 1 indivíduo não respondeu.
Considerando-se uma associação entre a qualidade do atendimento em geral oferecido
pelo Centro de Saúde e a qualidade do tratamento odontológico para idosos; 96,8% dos pacientes
consideraram bom o atendimento do Centro, também consideraram bom o tratamento
odontológico ( Tabela 5 ).
Tabela 5. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM CENTRO, segundo o
cruzamento de opiniões sobre a qualidade do atendimento em geral do Centro e do tratamento
odontológico para idosos.
Qualidade do tratamento odontológico Qualidade do Bom Regular Ruim Total Atendimento no Centro
N % N % N % N
Bom 61 96,8 04 44,4 00 0,0 65 Regular 02 3,2 05 55,6 00 0,0 09 Ruim 00 0,0 00 0,0 02 100,0 02 Total 63 100,0 09 100,0 02 100,0 74 • 1 indivíduos não responderam
Com relação à conclusão do tratamento, 56% dos entrevistados tiveram seus tratamentos
concluídos, enquanto que 44% ainda aguardam conclusão.
Quando questionados se teriam como ser avisados caso não houvesse atendimento no dia
marcado, (Tabela 6), a grande maioria (82,2%) respondeu que sim, pois 61,7%, destes, têm
telefone residencial próprio, 28,3% têm telefone de família ou parentes, e apenas 5% utilizam
telefone de vizinhos. Somente 17,8 % não poderiam ser avisados.
20
Tabela 6. Distribuição dos indivíduos entrevistados e atendidos no PAM Centro, segundo a
condição de ser avisado caso não haja atendimento no dia marcado.
Pode ser avisado n % Sim 60 82,2 Não 13 17,8 Total 73 100,0 *11 indivíduos não responderam
O presente estudo observou que 57,1% dos usuários do PAM CENTRO provêm de Recife e
42,9% de outros municípios, sendo 21,5% de Olinda, 11,9% de Jaboatão 2,4% de Paulista e
7,1% procedentes de outras localidades (Tabela 7).
Tabela 7. Distribuição dos idosos entrevistados e atendidos no PAM Centro, segundo município
de procedência.
Municípios N %
Recife 48 57,1
Olinda 18 21,5
Jaboatão dos Guararapes 10 11,9
Paulista 02 2,4
Outros 06 7,1
Total 84 100,0
22
6-DISCUSSÃO
A maioria dos idosos (81%) que procuram o serviço odontológico do Centro de Saúde
PAM CENTRO pertencem à faixa etária de 65 a 75 anos.
Dos entrevistados, 80,7% afirmam deslocar-se até o Centro sem acompanhante, o que
sugere a presença de facilitadores no acesso, já que a maioria não necessita de auxílio em sua
locomoção. Isto é confirmado quando se observa que 85,7% dos pacientes da amostra não
referem dificuldade de locomoção para chegar ao Centro de Saúde investigada (Gráfico 1). Estes
achados revelam que os idosos possuem autonomia, demonstrando um grau satisfatório de
independência. Considerando-se que 95,2% dos pacientes são usuários de ônibus (Tabela 1),
pode-se reconhecer os referidos facilitadores na diversidade de linhas de ônibus que dão acesso
ao Centro, frisando-se que a mesma está situada num grande centro urbano; assim como na
garantia de transporte gratuito ao idoso acima de 65 anos, que é dada pela Constituição Federal
(Artigo230, parágrafo 2o) e fixada pela Lei Municipal 1409 de 8 de junho de 1989.
Silvestre (1999), por outro lado, analisa que esta auto-suficiência pode revelar a solidão dos
idosos, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Esta condição, está relacionada às alterações
que ocorrem nas famílias de hoje pois, nos grandes centros urbanos, vem aumentando a
proporção de pequenas famílias em detrimento das famílias extensas. Este fenômeno é
progressivo e mundial. Já a migração rural, ocorre prioritariamente às custas do êxodo da
população jovem, que geralmente deixa seus familiares idosos em seu local de origem.
O perfil de independência do idoso, representa um fator favorável na acessibilidade do
serviço de saúde, porém, deve ainda ser considerado o percentual restante (14,3%/n=12) de
pacientes detectados pela pesquisa, que afirmam dificuldades de locomoção para chegar até o
local de atendimento. Destes referidos pacientes, 88,8% apresentam justificativas relacionadas a
dificuldades físicas inerentes à idade . Estas limitações correspondem a um quadro de doenças
decorrentes do envelhecimento e representam uma barreira no acesso do idoso ao serviço de
saúde. Os 19,3% de idosos que necessitam de acompanhante para chegar ao Centro, enquadram-
se nestas limitações; o que vem a corroborar com o autor Silvestre (1999), que afirma que “o
idoso é um indivíduo que, muitas vezes cria uma dependência funcional, e que, nestes casos
sempre existe alguém,geralmente da família, que o ajuda a fazer suas Atividades de Vida Diária
(AVD).
23
Analisando ainda o item acessibilidade, foi investigado o número de conduções necessárias
para chegar ao Centro, assim como o tempo gasto para tal. Dos entrevistados, 77% fazem uso de
apenas uma condução, com o tempo médio gasto de trajeto predominando (45,8%) entre 15 a 30
minutos (Gráfico 2). Este curto espaço de tempo gasto com a locomoção deve-se ao fato da
maioria dos pacientes serem oriundos de áreas próximas ao PAM CENTRO (Figura 1) a despeito
de pertencerem a outros Distritos sanitários. A predominância de pacientes advindos de outros
Distritos Sanitários se deve provavelmente ao Centro de Saúde localizar-se em uma região
predominantemente comercial com poucas residências. Desta maneira, como os pacientes são
referidos segundo seu local de residência, estes são registrados como advindos de outros
Distritos.
Segundo a Diretoria Executiva de Programação e Controle- DPCAA (Prefeitura do Recife/
2000), em 1999, 46,8% dos usuários do PAM CENTRO pertenciam a outros municípios. De
janeiro a março de 2001, o percentual de usuários de outros municípios, caiu para 41,41%
(DPCAA / Prefeitura do Recife, 2001).
O presente estudo observou que 57,1% dos usuários do PAM CENTRO – RECIFE provêm
do próprio município e, dos 42,9% de pacientes vindos de outros municípios, 21,5% são de
Olinda, 11,9% de Jaboatão, 2,4% de Paulista e 7,1% procedentes de outras localidades (Tabela
7). Dos municípios citados, Olinda não possui serviços de referência para o atendimento ao idoso,
assim como o município de Paulista. O município de Jaboatão dos Guararapes realiza este tipo
de atendimento de forma preferencial aos pacientes idosos, onde são reservadas 8 das 16 fichas
para os idosos que procuram a marcação. O atendimento preferencial a idosos é realizado por um
cirurgião-dentista em cada distrito do município. No 1o Distrito o atendimento é realizado na
Policlínica José Carneiro Lins, no 2o Distrito na Policlínica Mariinha Melo e no 3o Distrito na
Policlínica Francisco Loureiro. Estes percentuais confirmam uma concentração de atendimentos
no PAM CENTRO advinda da migração de pacientes de outros distritos e de outros municípios
como resultado da carência deste tipo serviço especializado ou quando existente, da falta de uma
divulgação mais efetiva.
Avaliando a forma de encaminhamento pelo qual os pacientes chegaram até o serviço
odontológico, percebe-se que tem predominado, dentre estes pacientes idosos, o senso comum na
busca ao tratamento; já que, apenas 13,6 % dos que buscam atendimento, foram referenciados
pelo profissional que lhes atendeu noutra especialidade. Necessário se faz, um olhar específico
24
para as necessidades, deste grupo de usuários, que não vêm sendo contempladas no momento das
consultas médicas em geral.
A localização central do serviço do PAM CENTRO, parece representar mais um facilitador
no acesso, já que uma grande representatividade de idosos ( 92,8%) não teve dificuldade de
encontrar o Centro de Saúde PAM CENTRO .
A maioria de idosos atendidos no Centro (75,6%) não encontra dificuldades de locomoção
na área interna do Centro de Saúde PAM CENTRO (Gráfico 3). Apesar do acesso da rua ao
prédio se fazer por uma escadaria com quatro degraus e uma rampa íngreme, do hall interno do
prédio visualiza-se facilmente dois elevadores que têm capacidade cada um para 7 pessoas. Há,
entre os elevadores uma escada que dá acesso aos outros andares.
Dos 24,4% que têm dificuldade de locomoção dentro do Centro, a presença de escadas é
referida como principal barreira na locomoção para 70% dos idosos (Gráfico 3). O acesso de
escada torna-se difícil, tendo em vista que esta é curva, estreita e íngreme, caracterizando uma
barreira no acesso. Deve-se considerar ainda, a fobia a elevador, comum a esta faixa etária.
Analisando o atendimento odontológico, em específico, percebe-se que os pacientes em sua
grande maioria (94%), não tiveram dificuldade de encontrar a sala de atendimento odontológico
ao idoso (Gráfico 4). Esta realidade vem a endossar as afirmações da Cirurgiã-Dentista de idosos
e pacientes excepcionais, que defende a idéia de que o ambiente interno do serviço é favorável
promovendo ao paciente e aos funcionários bem estar e tranqüilidade contribuindo, assim, para
um trabalho de melhor qualidade. Ainda segundo esta profissional, o fato da sala se localizar
externamente ao grande centro de atendimento daquele Centro, consiste num fator facilitador que
contempla o item acessibilidade, pois evita que os pacientes percorram corredores repletos de
filas e causadores de stress antes do atendimento. Além disso o serviço conta com o sistema de
marcação de consultas por telefone que é um item positivo no requisito acomodação. A Cirurgiã-
Dentista, no entanto não acha que o atendimento está à contento, necessitando para tal, da
inclusão de um serviço de prótese para suprir a grande demanda desta classe de pacientes. A
Prefeitura do Recife ainda não dispõe deste tipo de serviço de prótese representando uma
barreira no acesso do idoso aos serviços necessários. Na sala de atendimento para idosos do
Centro de Saúde PAM CENTRO, há também o atendimento de pacientes excepcionais, cujos
tratamentos são realizados pela mesma profissional , e priorizados pela Direção do Centro.
25
Cerca de 90,5% dos idosos relataram facilidade na obtenção do atendimento odontológico
(Gráfico 5 ). Isto se deve provavelmente ao tempo de espera entre o agendamento e a primeira
consulta que, para a maioria (65,1%) foi de apenas 7 dias.
Após a primeira consulta a profissional se dispõe a agendar seus pacientes para a próxima
sessão, evitando-se as filas. Isto demonstra uma inclinação pessoal para o atendimento ao idoso,
enquadrando-se no critério de Aceitabilidade. Este fato demonstra ainda, um bom oferecimento
de vagas e garantia do acesso quanto à Acomodação.
O percentual de idosos que utiliza o telefone como meio de marcação de consultas é ínfimo
(6,8%) em relação àquele que permanece se deslocando até a unidade de saúde para realizar suas
marcações . Supõe-se que isto ocorra porque 63% não conhecem o serviço de marcação de
consultas por telefone . Porém, parece haver também uma influência cultural, onde os idosos se
conformaram em não serem valorizados ou considerados. O comportamento destes pacientes
parece reproduzir uma atitude de submissão de uma porção da população historicamente
subjugada e esquecida. Não sentem segurança na marcação por telefone, pois esta lhes parece
uma facilidade não merecida. Não há, portanto, credibilidade na efetividade deste sistema, por
parte da grande maioria dos usuários.
Essa forma de marcação poderia ser estimulada haja vista que 82,2% dos pacientes têm
como ser contatados por telefone pelo Centro, com cerca de 61,7% possuindo telefone residencial
próprio, e os demais com possibilidade de serem contatados por telefone de parentes ou vizinhos,
o que representa o Acesso quanto à Acomodação. Por outro lado, o Centro de saúde necessita
colocar em prática o contato com os pacientes via telefone nos casos de não ser possível o
atendimento no dia agendado. Este recurso ainda não é utilizado com freqüência.
No que se refere ao Acesso quanto à Aceitabilidade, a grande maioria (85,3%), de acordo
com a Tabela 4, considera de boa qualidade o serviço odontológico oferecido no PAM CENTRO.
Da mesma forma na Tabela 5, é considerado de boa qualidade o atendimento em geral do Centro
de Saúde (86,4%). Esta satisfação é percebida quando da associação da variável Qualidade do
tratamento odontológico com a variável Qualidade do atendimento do PAM CENTRO. Os
pacientes, que consideram o tratamento odontológico bom, também têm a mesma opinião quanto
à qualidade do atendimento em geral do PAM CENTRO (Tabela 5).
Avaliando a conclusividade do tratamento oferecido, constatou-se que 56% dos
entrevistados tiveram seu tratamento concluído enquanto que 44% estão por finalizar .
26
Traçando um perfil do paciente atendido no serviço odontológico do PAM CENTRO,
identifica-se um idoso aposentado, com renda média mensal de um salário-mínimo, onde se
enquadram 69,% dos pacientes; com predominância do sexo feminino, e, em sua maioria, não
residente no Distrito Sanitário I. Destes pacientes atendidos 61,7% possui telefone residencial
próprio, 28,3 % fazem uso do telefone de familiares e 5% utiliza telefone de vizinhos.
Este perfil apresenta um usuário com baixo poder aquisitivo, que, inserido num contexto de
escassez de serviço especializado, reforça a responsabilidade do SUS como promotor de saúde de
uma porção da população em franco crescimento.
Segundo Ferrari e Camargo (1993/6) , hoje o idoso passa ser específico e destacadamente
objeto de atenção nas práticas de saúde. Isto porque o tamanho da população idoso permite
pensá-la como extrato de consumo e como grupo social com força reivindicatória ou referência a
seus direitos sociais.
27
7– CONCLUSÃO
A partir de informações obtidas na pesquisa de campo foi possível traçar o perfil dos idosos
usuários do serviço odontológico do PAM CENTRO. Eles enquadram-se numa faixa etária de
idosos jovens; são aposentados com uma renda média mensal de um salário-mínimo e, em sua
maioria, possuem telefone residencial próprio. Há a predominância do sexo feminino sobre o
masculino.
De acordo com os objetivos deste trabalho de pesquisa, foram identificados fatores
favoráveis, assim como barreiras ao acesso dos idosos ao serviço odontológico do PAM
CENTRO .
O Centro de Saúde PAM CENTRO foi identificado como a única referência de atendimento
odontológico para idosos na Cidade do Recife.
A maioria dos idosos não necessita de acompanhantes assim como não refere dificuldades
de locomoção em seu deslocamento até o Centro de Saúde PAM CENTRO ou à sala de
atendimento odontológico. Esta mesma representatividade de idosos não tem dificuldades de
encontrar estes locais de atendimento. Isto demonstra um grau satisfatório de independência
destes pacientes que denota facilitadores no acesso ao local do serviço quanto à Acessibilidade.
Estes facilitadores foram identificados: na localização central do PAM CENTRO, que é de fácil
identificação; na localização térrea e externa da sala de atendimento odontológico; na existência
de um grande corredor de ônibus na região; na passagem gratuita garantida por lei para idosos
acima de 65 anos; assim como no relativo curto espaço de tempo (15 a 20 minutos) gasto pela
grande maioria com o transporte coletivo.
Analisando facilitadores no acesso ao serviço, constatou-se que, quanto à Acomodação, esta
é contemplada na ausência de filas para marcação de consulta. A marcação é realizada mediante
agendamento antecipado onde se procura respeitar os horários de conveniência de cada paciente.
A profissional que, realiza o atendimento há nove anos, realiza pessoalmente a marcação das
voltas indicando uma disposição pessoal para o atendimento aos idosos o que vem mais uma vez
contemplar o item Aceitabilidade.
O agendamento para os pacientes idosos pode ser realizado por telefone e este se constitui
em uma estratégia do Centro, para facilitar a rotina destes pacientes; o que, novamente,
contempla o Acesso quanto a Acomodação.
28
O tratamento oferecido pelo Centro de Saúde PAM CENTRO é considerado de boa
qualidade pelos pacientes idosos, assim como o é o serviço odontológico em específico. Isto
representa um ponto positivo no item Aceitabilidade, que é reforçado pela predominância de
pacientes, que obtiveram seu tratamento concluído, sobre àqueles que ainda não o concluíram.
Os pacientes não referem, em sua maioria, a presença de barreiras na parte interna do
Centro, demonstrando um bom nível de Acessibilidade nestes ambientes.
As vagas para o atendimento são obtidas com facilidade contemplando, portanto o requisito
de Acesso quanto à Disponibilidade. O período identificado entre a marcação e a primeira
consulta dos pacientes, é, em sua maioria de um a sete dias, com uma significante representação
de pacientes com atendimento imediato.
Constatou-se que o serviço odontológico para idosos do Centro de Saúde PAM CENTRO
consegue abranger com eficácia os quatro níveis de Acesso referidos.
Inserida nas limitações identificadas no serviço, é constatada a concentração de demanda
naquele Centro que sofre sobrecarga, uma vez que não há outro centro de referência com tal
especialidade na cidade do Recife. A oferta de serviço foi identificada como pequena, uma vez
que, este Centro absorve a demanda do demais Distritos Sanitários, além de receber pacientes de
municípios outros.
Quando avaliada a forma como os pacientes são referenciados ao serviço, detectou-se uma
predominância entre aqueles encaminhados por funcionários, amigos ou parentes, sobre àqueles
encaminhados por profissionais do Centro. Este fato revela a necessidade de uma correta
divulgação do serviço odontológico aos profissionais de saúde de forma a garantir a
funcionabilidade do sistema de referência e contra-referência do SUS.
O serviço de marcação de consultas por telefone, é sub-utilizado, já que a maioria dos
idosos, mesmo possuindo telefone para contato, desconhece esse serviço facilitador.
Dos idosos que conhecem o sistema de marcação por telefone, muitos não o utilizam devido à
incerteza quanto à sua eficácia. É preciso estimular a marcação de consultas por telefone no PAM
Centro.
Como forma de suprir a carência de Recursos Humanos, fundamentais à organização de
novos serviços de atendimento ao idoso, faz-se necessário a capacitação de profissionais que se
encontram inseridos na Atenção Básica da Rede (Programa de Saúde da Família), assim como
nas Unidades e Centros de Saúde da Prefeitura. Esta qualificação se realizaria através de
29
parceiras com Universidades e Cursos de Capacitação, tornando viáveis serviços como o de
Prótese, até então inexistentes.
Pode-se afirmar indubitavelmente que o serviço odontológico do PAM CENTRO é
pioneiro no atendimento ao idoso na Cidade do Recife , uma vez que apesar de único e das
poucas limitações, contempla os quatro níveis de Acesso. Desta forma, este serviço precisa ser
valorizado pelos órgãos gestores, que devem incentivar sua multiplicação, visando diminuir a
sobrecarga da demanda idosa em crescimento.
30
8-REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1- BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília,
DF: Senado, 1988.
2- BRASIL. Política de Saúde do Idoso. Portaria no. 1.395/GM, de 10 de dezembro de 1999.
Disponível em: http://www.ufrgs.br/3idade/portaria1395gm.html. Acesso em: 03 jan.2002
3- CAMARGO Jr., K. R. País Jovem com Cabelos Brancos: A Saúde do Idoso no Brasil. Revista
Saúde em Debate, n. 44, p. 69-70, set, 1994.
4- CARVALHO, E. F. Perfil Epidemiológico e a IX Conferência Nacional de Saúde. Um Século
de Desafios da Peste à Sida. Revista Saúde em Debate, n. 33, p. 43-49. 1991.
5- CHAIMOWICZ, F., GRECO, D.B. Dinâmica da institucionalização de idosos em Belo
Horizonte, Brasil. Revista de Saúde Pública. Disponível em: http://www.scielosp.org. Acesso
em 07 jun. 2001.
6-CONASEMS. Ministério da Saúde. ABC do SUS: doutrinas e princípios. Brasília, p.20-30.
1999.
7- DPCAA. Diretoria Executiva de Programação Controle e Avaliação. Prefeitura do
Recife.2000 .
8- DPCAA. Diretoria Executiva de Programação Controle e Avaliação. Prefeitura do
Recife.2001 .
9- ESTEVES, B. O Brasil de Cabelos Brancos. Revista Ciência Hoje, Minas Gerais, v.23, n.
137,p. 18-21, abr. 1998.
31
10- FERRARI, M.A.C., CAMARGO, M.M.P. Atenção a saúde do idoso: sua inserção no Sistema
Único de Saúde (SUS). Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v.
4/7, p. 5-16, 1993/6.
11- GIOVANELLA,L. ; FLEURY, S. Universalidade da Atenção à Saúde: Acesso como
categoria de análise. p.177-198. In: EIBENSCHUTZ, C.(org.) . Política de Saúde: o Público e o
Privado. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1996. 312p.
12- IBGE. Anuário Estatístico do Brasil, Rio de Janeiro.1982.
13- IBGE. Anuário Estatístico do Brasil, Rio de Janeiro.1998.
14- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Levantamento epidemiológico em saúde bucal, zona urbana
1986. Brasília, Divisão Nacional de Saúde Bucal, 1988.
15- MUTO, E.; CARVALHO, R. Como anda a saúde dos idosos no Brasil ? Revista Ciência
Hoje, Minas Gerais, v. 23, n. 137, p. 22-29, abr. 1998.
16- POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO. Declaração Universal dos Direitos humanos. Programa
Nacional de Direitos Humanos.____ Brasília : Ministério da Justiça, Secretaria Nacional dos
Direitos Humanos, 1998, 76p.
17- PUCCA Jr, G. A. Saúde Bucal do Idoso: Aspectos sociais e preventivos. In: Papaléo Netto,
M. Gerontologia. Atheneu. São Paulo.1996, p. 297-310.
18- RAMOS, L. R.. A Explosão Demográfica da terceira idade no Brasil: Uma questão de saúde
pública. Gerontologia. v.1 , n.1, p .3-8, 1993.
19- RAMOS, L. R.. Envelhecimento populacional: uma realidade brasileira. Rev. Saúde
Pública, v.21, n.3, p.211-24, 1987.
32
20- ROCHA, R. Minidicionário . São Paulo: Scipione,1996.
21- RONCALLI, A. G. A organização da demanda em serviços públicos de saúde bucal :
universalidade, equidade e integralidade em saúde bucal coletiva. 2000. 156 f. Tese
(Doutorado em Odontologia ) - Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho, Araçatuba.
22- ROSA, A.G.F. et al . Condições de Saúde Bucal em pessoas de sessenta anos ou mais no
município de São Paulo(Brasil). Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 26, n.3, p.155-60,
1992.
23- SILVESTRE. J.A. et al. O envelhecimento populacional brasileiro e o setor saúde. Arquivos
de geriatria e gerontologia. n.1 ,p . 81- 89, set. 1996.
34
QUESTIONÁRIO PARA ENTREVISTA DO PROFISSIONAL DO PAM CENTRO
1) Quanto tempo você trabalha com idosos na unidade PAM centro ?
2) Quando o serviço odontológico para idosos teve o seu início ?
3) Quantos idosos são atendidos por dia?
4) Quais as principais necessidades odontológicas dos idosos atendidos neste Centro?
5) Quantas vagas são reservadas ao atendimento do idoso por dia?
6) Como é programado o atendimento ao idoso?
Demanda espontânea com enfrentamento de filas ( )
Demanda espontânea com Agendamento antecipado ( )
7) Em caso de agendamento, como este é realizado?
Pessoalmente pelo próprio paciente ( )
Pessoalmente por um representante do paciente ( )
marcação por telefone ( )
8) Qual a sua avaliação sobre a qualidade do serviço prestado ao idoso considerando-se suas
necessidades peculiares ?
9) Além dos serviços já oferecidos pelo posto ao idoso, que outros poderiam ser prestados?
10) Em relação ao ambiente físico de trabalho, como você classificaria o local de atendimento ao
idoso?
11) Você acha que o ambiente físico contribui para a qualidade do atendimento?
12) Como você descreveria a participação do pessoal auxiliar (recursos humanos) no serviço de
atendimento ao idoso?
13) Com relação ao material de consumo e equipamentos, estão à contento?
14) O serviço de atendimento ao idoso vem sendo uma prioridade diante da direção do posto?
35
QUESTIONÁRIO PARA OS PACIENTES
Quanto à Acessibilidade:
1- Para vir ao Posto PAM CENTRO, geralmente você vem sozinho ou acompanhado?
Sozinho ( ) Acompanhado ( )
2- Você tem dificuldade de locomoção para chegar até o PAM CENTRO ?
SIM ( ) NÃO ( ) Em caso afirmativo, qual ?_______________________
3- Qual o seu meio de transporte ?
Carro próprio ( ) Ônibus ( ) Táxi ( )
Vem caminhando ( ) Metrô( ) Transporte Alternativo ( )
4- Se você necessita de condução para vir, quantas você precisa pegar?
1 ( )
2 ( )
3 ( )
5- Quanto tempo você leva para chegar à unidade PAM CENTRO?
Menos de 15 min.( ) Entre 15 e 30 minutos( ) Entre 30-60 min.( ) + de 60 min ( )
6- Qual o bairro que você mora ?
______________________________
36
7- Você teve dificuldade de encontrar o PAM CENTRO ?
SIM ( ) NÃO ( ) Em caso afirmativo, qual ? __________________________
8- Você tem dificuldade de locomoção dentro do posto PAM CENTRO?
SIM ( ) NÃO ( ) Em caso afirmativo, qual ? ________________________
9- Você encontrou a sala do dentista facilmente ?
SIM ( ) NÃO ( )
Quanto à Disponibilidade:
1- Você conseguiu ser atendido quando buscou serviço odontológico? (VAGA)
SIM ( ) NÃO ( )
Quanto à Acomodação:
1-Quando você fez sua marcação você precisou vir ao posto ou marcou pelo telefone ?
( )veio ao posto ( )por telefone
2- Você sabia que havia marcação por telefone?
SIM ( ) NÃO ( )
37
3- Após a marcação da primeira consulta, quantos dias demorou para ser atendido ?
Mesmo dia ( ) 1 dia ( ) 1-7 dias ( ) 7-15 dias ( ) + de 15 dias ( )
Quanto à Aceitabilidade:
1-Como você soube da existência do serviço odontológico para idosos no PAM CENTRO?
( ) Indicação de um amigo ou parente
( ) Encaminhamento por um funcionário do Posto
( ) Encaminhamento por um profissional que lhe atendeu
( ) Através de uma propaganda ( meios de comunicação)
( ) Observando a placa do Posto
2- Você gostou do atendimento oferecido pelo posto de saúde ?
BOM ( ) REGULAR( ) ( )RUIM
3-Você está satisfeito com a qualidade do tratamento odontológico ?
BOM ( ) REGULAR ( ) ( )RUIM
4- Você concluiu o tratamento ?
SIM ( ) NÃO ( )
38
Caracterização do Usuário:
Qual a sua renda mensal?
( ) Zero
( ) 1 Salário Mínimo
( ) 2 a 3 Salários Mínimos
( ) + de 3 Salários Mínimos
PERFIL
1-Você tem como ser avisado caso não possa ser atendido no dia marcado ?
SIM ( ) NÃO ( )
Como?
Celular ( ) Telefone Residencial ( ) Orelhão ( )
Próprio ( ) Vizinho( ) Família ou Parente ( )