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A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES
COMERCIAIS NAS CALDAS DA RAINHA
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa
Lisboa
Setembro de 2006
Ficha Técnica
Coordenação Geral:
Paulo Bento
Doutoramento: Manchester University Mestrado: ISCTE Licenciatura: ISCTE
Coordenação Científica:
Pedro Moreira
Doutoramento: ISCTE Mestrado: ISCTE Licenciatura: ISCTE
Coordenação Técnica:
Helena Pinto de Sousa
Mestrado: London Business School Licenciatura: ISCTE
Equipa Técnica: Alexandra Viegas
Jorge Fernandes
Sérgio Costa
Lisboa, Setembro de 2006
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
RELATÓRIO FINAL
- Página 3 -
ÍNDICE
1. Problemática .............................................................................................11
2. Revisão da Literatura ...............................................................................19
2.1. Introdução ...............................................................................................19
2.2. Economia Regional e Urbana .................................................................19
2.2.1. Conceitos fundamentais ...............................................................................................19
2.2.2. Desenvolvimento Económico e Regional .....................................................................27
2.2.3. Análise Espacial Regional ............................................................................................29
2.2.4. Da formação de cidades às redes de centros urbanos ................................................30
2.3. Urbanismo Comercial..............................................................................32
2.4. Formatos Comerciais e Comportamento do Consumidor .......................37
3. Estudos Empíricos sobre o Comércio – “benchmarking”....................47
3.1. Introdução ...............................................................................................47
3.2. Portugal...................................................................................................48
3.2.1. Centros Comerciais em Lisboa - os novos espaços de consumo (1991) ....................48
3.2.2. Estudo de Impacto das Grandes Superfícies Comerciais na Área
Metropolitana do Porto (1994) ......................................................................................52
3.2.3. Centros Comerciais em Portugal – conceito, tipologias e dinâmicas de
evolução (2000) ............................................................................................................58
3.2.4. Comércio Tradicional em Contexto Urbano – dinâmicas de modernização e
políticas públicas (2000) ...............................................................................................59
3.2.5. Observar o Comércio em Portugal (2001)....................................................................61
3.2.6. Comércio e Distribuição – os centros comerciais no horizonte 2010 (2001) ...............63
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RELATÓRIO FINAL
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3.2.7. Centros Comerciais Regionais em Leiria – viabilidade económica e impactos
na cidade (2005) ...........................................................................................................65
3.3. Caldas da Rainha....................................................................................67
3.3.1. Estudo do Comércio do Centro das Caldas da Rainha (1998) ....................................68
3.3.2. URBCOM – Estudo Prévio (2001) ................................................................................79
4. Enquadramento Socio-Económico .........................................................83
4.1. Introdução e Enquadramento Histórico...................................................83
4.2. Metodologia ............................................................................................85
4.2.1. Definição da área geográfica a considerar na análise .................................................86
4.2.2. Pesquisa e recolha de informação ...............................................................................91
4.2.3. Análise e tratamento estatístico da informação recolhida ............................................94
4.3. Análise Demográfica ...............................................................................95
4.3.1. Evolução da População ................................................................................................95
4.3.2. Densidade Populacional ...............................................................................................99
4.3.3. Estrutura Etária ...........................................................................................................101
4.4. Análise Social .......................................................................................102
4.4.1. Desemprego ...............................................................................................................102
4.4.2. Analfabetismo .............................................................................................................103
4.4.3. Criminalidade ..............................................................................................................104
4.5. Análise Económica................................................................................105
4.5.1. Estrutura Sectorial ......................................................................................................105
4.5.2. Poder Económico........................................................................................................108
4.5.3. Imobiliário....................................................................................................................110
4.6. Análise do Tecido Comercial ................................................................112
4.6.1. Unidades Comerciais de Dimensão Relevante ..........................................................114
4.6.2. Centros Comerciais ....................................................................................................126
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4.6.3. Comércio Tradicional ..................................................................................................132
5. Reflexão Estratégica ..............................................................................145
5.1. Introdução .............................................................................................145
5.2. Caldas da Rainha – situação actual......................................................145
5.3. Projectos e Principais Impactos ............................................................152
5.4. Alinhamento da Problemática ...............................................................157
5.4.1. Objectivos Estratégicos das Caldas da Rainha..........................................................157
5.4.2. Eixos Estratégicos Definidos para a Região Oeste....................................................159
5.4.3. Avaliação do Grau de Alinhamento ............................................................................160
5.5. Cenários para Decisão..........................................................................164
5.5.1. Cooperação – Não autorizar.......................................................................................166
5.5.2. Competição – Autorizar ..............................................................................................170
6. Sumário, Conclusões e Recomendações.............................................173
6.1. Introdução .............................................................................................173
6.2. Sumário e Conclusões ..........................................................................173
6.2.1. Tendências .................................................................................................................173
6.2.2. Problemática ...............................................................................................................175
6.2.3. Economia Regional e Urbana.....................................................................................178
6.2.4. Urbanismo Comercial .................................................................................................180
6.2.5. Formatos Comerciais e Comportamento do Consumidor ..........................................182
6.2.6. Estudos Empíricos – “Benchmarking” ........................................................................184
6.2.7. Enquadramento Demográfico, Social e Económico (e Comercial) ............................187
6.2.8. Reflexão Estratégica...................................................................................................196
6.3. Recomendações ...................................................................................202
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NAS CALDAS DA RAINHA
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7. Anexos.....................................................................................................202
7.1. Mapa do Índice de Poder de Compra Concelhio ..................................202
7.2. Conteúdo das listagens fornecidas pela DGE.......................................202
7.3. Preferências de Consumo.....................................................................202
7.4. Insígnias das UCDR em funcionamento em 2004 ................................202
7.5. Insígnias das UCDR autorizadas desde Julho de 2004........................202
7.6. Listagem das UCDR nas Caldas da Rainha, de acordo com a DGE em
2006 202
7.7. Extracto da Lei nº 12/2004, de 30 de Março .........................................202
7.8. Centros Comerciais Belgas – Mérenne-Schoumaker (1974) ................202
7.9. Centros Comerciais Europeus – Johnatan Reynolds (1993) ................202
7.10. Estatísticas do Cadastro Comercial - 2000 ...........................................202
8. Bibliografia..............................................................................................202
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Índice de Figuras
Figura 1 – Algumas Panorâmicas Comerciais nas Caldas da Rainha ......................................... 35
Figura 2 – Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa ........................................................... 38
Figura 3 – Trafford Centre, Manchester, Reino Unido.................................................................. 41
Figura 4 – Shopping Bom Sucesso, Porto .................................................................................... 42
Figura 5 – Trafford Centre, Manchester, Reino Unido.................................................................. 43
Figura 6 – Fórum Montijo .............................................................................................................. 43
Figura 7 – Centro Comercial Colombo, Lisboa ............................................................................. 44
Figura 8 – NorteShopping, Porto................................................................................................... 44
Figura 9 – Imagem de uma Pastelaria Tradicional nas Caldas da Rainha................................... 84
Figura 10 – Representação Gráfica e Algumas Fotografias da Área Onde se Desenvolve o
Comércio Tradicional das Caldas da Rainha................................................................................ 85
Figura 11 – Representação Gráfica dos Pólos Considerados na Análise.................................... 90
Figura 12 – Taxas de Crescimento da População Residente (Total) – 1992-2002...................... 97
Figura 13 – Densidade Populacional (Habitantes por Km2) – 2004............................................. 99
Figura 14 - Índice de Envelhecimento: 1991 vs. 2004................................................................ 101
Figura 15 – Taxa de Natalidade e Taxa de Mortalidade - 2004.................................................. 102
Figura 16 – Variação percentual da Taxa de Desemprego – 1991 vs. 2001 ............................. 103
Figura 17 – Variação percentual da Taxa de Analfabetismo – 1991 vs. 2001 ........................... 104
Figura 18 – Taxa de Criminalidade - 2004.................................................................................. 105
Figura 19 – Número de Empresas (por Concelho da Sede), segundo a CAE - 2003 ................ 106
Figura 20 – Pessoal ao Serviço, segundo a CAE - 2003............................................................ 107
Figura 21 – Volume de Negócios das Empresas (por Concelho da Sede), segundo a CAE
- 2003 .......................................................................................................................................... 108
Figura 22 – Índice do Poder de Compra - 2004.......................................................................... 109
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
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Figura 23 – Número de UCDR Abertas em Território Continental até 2004 .............................. 115
Figura 24 – Dados Evolutivos das UCDR - 2001 vs. 2004 ......................................................... 116
Figura 25 – UCDR por Escalões de AEV.................................................................................... 118
Figura 26 – Volume de Vendas por Escalões de AEV ............................................................... 118
Figura 27 – Área de Venda das UCDR (m2) por 103 habitantes - Julho de 2004 ..................... 120
Figura 28 - Área de Venda das UCDR (m2) Autorizadas pela Lei 12/2004, por 103
habitantes .................................................................................................................................... 124
Figura 29 – Total da Área de Venda das UCDR (m2) por 103 Habitantes (Julho de 2004 +
Autorizações Lei 12/2004)........................................................................................................... 125
Figura 30 – EUROPA - Área Bruta Locável (m2) por 103 Habitantes ........................................ 129
Figura 31 – Densidade de Centros Comerciais vs. Densidade Urbana - Portugal..................... 130
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RELATÓRIO FINAL
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Índice de Tabelas
Tabela 1 – Concelhos com Densidade Populacional mais Elevada (Habitantes por Km2) –
2004............................................................................................................................................... 99
Tabela 2 – Densidade Populacional e Demográfica do Concelho das Caldas da Rainha -
2001............................................................................................................................................. 100
Tabela 3 – Índice do Poder de Compra nos Concelhos do Distrito de Leiria - 2004.................. 110
Tabela 4 – Número Médio de Pessoas ao Serviço (segundo a actividade, por escalões de
AEV) - Portugal............................................................................................................................ 117
Tabela 5 – Sector de Actividade das UCDR - 2004.................................................................... 119
Tabela 6 – Área de Venda das UCDR, por Distrito - 2004 ......................................................... 120
Tabela 7 - Autorizações Concedidas ao Abrigo da Lei nº 12/2004, de 30 de Março, por
motivo - 01/05/2006..................................................................................................................... 121
Tabela 8 - Autorizações Concedidas ao Abrigo da Lei nº 12/2004, de 30 de Março, por
categoria (apenas novas unidades e expansões) - 01/05/2006 ................................................. 122
Tabela 9 – Quadro Resumo - Lei nº 12/2004 ............................................................................. 123
Tabela 10 – Indicadores dos Centros, Galerias e Condomínios Comerciais, segundo o
escalão do número de estabelecimentos em 1999, 2000 e 2001 .............................................. 131
Tabela 11 – Nº de Estabelecimentos de Comércio a Retalho em Portugal - 2000 .................... 133
Tabela 12 – Composição do Comércio a Retalho por Categoria Principal - 2000 ..................... 136
Tabela 13 – Composição da Base de Dados das Páginas Amarelas, por Distrito..................... 138
Tabela 14 - Composição da Base de Dados das Páginas Amarelas, por Ramo de
Actividade Principal ..................................................................................................................... 139
Tabela 15 – Composição da Base de Dados da ACCCRO, por Sector de Actividade .............. 143
Tabela 16 – Composição da Base de Dados da ACCCRO, por Ramo de Actividade ............... 143
Tabela 17 – Classificação do Contributo das Grandes Superfícies para o Desenvolvimento
das Caldas da Rainha e da Região Oeste.................................................................................. 160
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NAS CALDAS DA RAINHA
RELATÓRIO FINAL
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Lista de Abreviaturas
ABL – Área Bruta Locável
ACCCRO – Associação Comercial dos Concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos
AEV – Área de Exposição e Venda
AIRO – Associação Industrial da Região do Oeste
APCC – Associação Portuguesa de Centros Comerciais
CAE – Classificação das Actividades Económicas (Rev. 2.1.)
CECOA – Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins
CR – Caldas da Rainha
DGCC – Direcção-Geral do Comércio e da Concorrência
DGE – Direcção-Geral da Empresa (ex. DGCC)
DGOTDU – Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano
GECIC – Grupo de Estudos Cidade e Comércio
INE – Instituto Nacional de Estatística
NUTS – Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos
PME – Pequena e Média Empresa
PROCOM (Programa) – Sistemas de Incentivos à Modernização do Comércio
UCDR – Unidades Comerciais de Dimensão Relevante
URBCOM (Programa) – Sistemas de Incentivos a Projectos de Modernização do Comércio
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NAS CALDAS DA RAINHA
1. PROBLEMÁTICA
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1. PROBLEMÁTICA
Introdução
A expansão ou instalação/implantação1 de grandes superfícies comerciais nas
Caldas da Rainha, à semelhança do que sucedeu noutras cidades portuguesas,
coloca desafios ao comércio tradicional do centro histórico. É conhecida dos
comerciantes a apetência que hoje os cidadãos têm por esse tipo de formato,
pelo que encaram a chegada das novas superfícies comerciais (apenas) como
uma ameaça, vendo como elevada a probabilidade de um desvio do fluxo de
consumidores, que habitualmente os sustentavam, para os novos formatos
comerciais.
Face à relevância histórica que o comércio tradicional tem tido no
desenvolvimento do centro das cidades, é frequente (e tentador) estabelecer
uma correlação directa entre a destruição do comércio tradicional do centro da
cidade e a destruição do próprio centro histórico. Sem negarmos ou
menosprezarmos a ligação, até porque, se outra razão não existisse, ela está
presente (e normalmente de forma dominante) na generalidade dos estudos
(vide Capítulo 3), procuraremos, a par da inegável relação2, introduzir outros
níveis de análise na discussão.
1 Por simplicidade de exposição, doravante somente instalação ou implantação.
2 N.B. diferente de correlação.
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1. PROBLEMÁTICA
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Antecedentes
O movimento de expansão das grandes superfícies tornou-se particularmente
evidente em Portugal, a partir da década de 90, contribuindo para o
empobrecimento, desqualificação e desertificação dos centros urbanos. Tais
efeitos mostraram-se particularmente perniciosos em contextos geográficos
onde a resistência do comércio tradicional ao reposicionamento estratégico se
combinou com a inércia da administração local, ao nível da sua política de
desenvolvimento sustentável, em geral, e de urbanismo comercial, em particular.
Não sendo uma situação nova, a problemática que está na origem da realização
deste trabalho de investigação, de acordo com a teoria dominante, pode ser
balizada entre duas questões fundamentais, como teremos a oportunidade de
desenvolver no ponto 2.3. Por um lado, trata-se de problema de ordem
funcional-geográfico que, grosso modo, aponta para uma dissociação entre a
evolução do comércio e o desenvolvimento da cidade. Por outro, afirma-se como
um conflito de interesses de ordem funcional-político, que se traduz num
desequilíbrio de forças entre os principais actores do sistema: a administração
pública, os comerciantes e os cidadãos/consumidores.
Ambas as questões se encontram intrinsecamente relacionadas e a sua não
resolução tem motivado, noutros contextos, um desvio de clientes do comércio
(dito) tradicional para os novos formatos comerciais, com consequências
nefastas para a atractividade dos centros urbanos tradicionais, com todas as
implicações que daí decorrem para as cidades (e para o Concelho). É um
problema estrutural, que age como uma força de atracção de outros mais e que
torna pertinente o presente trabalho de investigação.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
1. PROBLEMÁTICA
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- Página 13 -
Orientação da investigação
A instalação de grandes superfícies comerciais nas Caldas da Rainha, estando
ligada (umbilicalmente, segundo alguns) a um problema de ordem estrutural,
como é o declínio dos centros urbanos, não pode ter como escopo de análise o
impacto no comércio tradicional (das Caldas da Rainha), sob pena dele
resultarem recomendações fechadas em perspectivas disciplinares e limitadas
no horizonte temporal.
Numa época em que a percentagem da população urbana nos países ditos
industrializados ronda os 80%, a importância do centro das cidades é
indubitável, sendo igualmente inquestionável a importância do urbanismo
comercial e do comércio no centro da cidade. Contudo, a evolução das cidades
é um fenómeno complexo, em que as variáveis de mudança diferem ao longo do
tempo, por uma conjugação de inúmeros factores. O urbanismo comercial,
sendo da máxima relevância para entendermos o fenómeno económico das
cidades, não esgota o campo de estudo da economia urbana3.
Compulsados outros estudos sobre o tema, alguns dos quais deram corpo ao
Capítulo 3, seleccionada a informação relevante, de entre a amalgama
disponível4, cedo se percebeu que, para este trabalho apresentar contribuições
úteis na discussão da problemática em referência, evitando o ruído, e, por fim
mas não menos importante, para ser um instrumento de apoio à decisão, seria
crucial recolocar a questão de investigação.
3 Por exemplo, se entrarmos no campo de estudo da economia regional e urbana, é sabido que os factores de
localização relativos revelam a existência de fenómenos de atracção, de repulsão ou neutralidade, representados por
vários indicadores objectivos, mas também subjectivos ou comportamentais.
4 Paradoxalmente insuficiente, incompleta e frequentemente não fidedigna (vide Secção 4.2.2.).
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
1. PROBLEMÁTICA
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A interiorização e racionalização do imperativo de situar o problema na sua
dimensão essencial, ou seja, a sua colocação entre a necessidade de articular a
actividade comercial, nas mais variadas formas, com o desenvolvimento
(sustentável) da cidade a longo prazo acabou por alargar o escopo de análise.
A assumpção de que o propósito fundamental estará em ampliar a capacidade
de atracção da cidade em termos de fluxos populacionais, garantindo a sua
sustentabilidade a longo prazo, sem que tal implique a dissociação entre o
comércio e a cidade (pois isso traz outros problemas), permite-nos reconfigurar
o problema de partida e enunciar a questão de investigação norteadora do
desenvolvimento dos trabalhos, da seguinte forma:
Qual a solução que melhor defende a atractividade da cidade das Caldas
da Rainha a médio e longo prazo?
A resposta a esta questão envolve e simultaneamente responsabiliza uma série
de actores. Porém, como não parece aconselhável para a sustentabilidade da
cidade que se deva permitir que o comércio evolua ao sabor do simples jogo de
forças dos interesses em presença, é natural assumir que compete à
administração local o desempenho do papel principal para a promoção activa do
equilíbrio entre as diversas formas comerciais e a requalificação dos espaços
urbanos.
Por outro lado, a administração local tem um espaço geográfico de intervenção
limitado e a dicotomização do comércio é uma realidade que vai sendo cada vez
mais incontornável dentro ou fora da sua esfera de jurisdição. Assim, numa
perspectiva mais operacional, o seu papel deve passar por potenciar os
benefícios e tentar delimitar a extensão dos efeitos perversos para a cidade, que
a instalação das novas superfícies comerciais pode implicar.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
1. PROBLEMÁTICA
RELATÓRIO FINAL
- Página 15 -
É neste contexto de reflexão estratégica sobre a sustentabilidade da cidade a
longo prazo, mas também de recomendação operacional sobre medidas a
adoptar no curto prazo, que se insere o objectivo genérico da presente
investigação.
Tendo os contornos da problemática subjacente a este trabalho devidamente
estabilizados, a questão fundamental da investigação justificadamente
enunciada e os objectivos gerais assumidos, faltam ainda algumas
considerações do ponto de vista metodológico e da estrutura do trabalho para
encerrarmos este capítulo introdutório.
Breves considerações metodológicas
Do ponto de vista metodológico, pese embora a elevada quantidade de dados
recolhidos e analisados, o estudo situa-se no domínio das investigações
qualitativas. Foram efectuadas diversas entrevistas individuais e em grupo aos
actores considerados como mais pertinentes para a realização de um estudo
deste tipo. Referimo-nos, nomeadamente, a responsáveis e representantes da
Câmara Municipal das Caldas da Rainha, da ACCCRO, da AIRO, da
Assembleia Municipal, etc. Para além das entrevistas, o estudo foi municiado
por uma intensa recolha documental que passa, por exemplo, por elementos
que constituem as candidaturas dos projectos em causa, outros trabalhos de
investigação realizados neste domínio, estatísticas das fontes oficiais, etc.
Limitações
Ao nível das limitações para a execução deste estudo, poderíamos apontar
várias. Contudo, referimo-nos somente às duas fundamentais: i) prazo de
execução do trabalho (conhecido à partida, mas nem por isso deixou de ser um
constrangimento); ii) insuficiência e falta de qualidade da informação
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
1. PROBLEMÁTICA
RELATÓRIO FINAL
- Página 16 -
quantitativa5 (apesar das suspeitas à partida, a realidade acabou por revelar-se
muito mais limitativa e impeditiva).
Como é natural em qualquer investigação na área das ciências económicas e
sociais, a quantidade e qualidade da informação disponível determina,
inevitavelmente, a natureza e alcance da própria investigação. A informação tida
à partida como necessária e suficiente, normalmente, não existe. A informação
pode padecer de vários problemas, designadamente: i) ser demasiado
detalhada e de difícil agregação; ii) possuir detalhe insuficiente; iii) ser
inconsistente, mesmo quando a fonte é única; iv) ser incompatível, quando se
reúne a partir de duas ou mais fontes; v) possuir falhas ou interregnos num
determinado período; vi) estar disponível para um curto período de tempo; vii)
estar disponível para um certo período de tempo ou de área, para umas
variáveis, e disponível para um outro período de tempo ou área, para outras
variáveis.
Entre as insuficiências ou deficiências da informação, importa destrinçar as que
são impeditivas dos estudos e limitativas dos mesmos. Em relação ao caso
concreto desta investigação, as primeiras serão abordadas de seguida, sendo
as últimas objecto de referência na Secção 4.2.2.
À partida para este estudo, tínhamos a ambição de entrar numa nova dimensão
da investigação quantitativa sobre os impactos que a implantação de novas
unidades comerciais pode ter a médio e longo prazo, numa cidade ou região.
Os estudos compulsados são essencialmente qualitativos e, quando vão além
da caracterização do comércio (“novo” ou “tradicional”), baseiam-se em
5 As limitações da informação (quantidade e qualidade) são objecto de realce na generalidade dos estudos a abordar no
Capítulo 3 – vide, por exemplo, Marques et al. (2001). As inúmeras discrepâncias nas fontes usadas acabam depois por
se tornar também indissociáveis da variedade e diferença de conceitos utilizados.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
1. PROBLEMÁTICA
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inquéritos realizados numa data bem delimitada no tempo6. Independentemente
da forma mais ou menos conseguida como se relaciona os resultados dos
inquéritos e a restante informação, também ela pontual ou fotográfica (por
vezes, para algumas variáveis, compara dois períodos), o resultado é uma
abordagem inevitavelmente estática.
Estando em presença de estudos “cross-sectional” (várias realidades ou
variáveis num ponto específico no tempo), com tratamento estatístico de
diferentes níveis de sofisticação ou rigor, seria interessante encetarmos uma
abordagem dinâmica, passando da fotografia para o filme, avaliando a realidade
passada, ponderando a presente para perspectivar a futura. Isso levar-nos-ia a
explorar “panel data”, usando técnicas de estatísticas multivariada (várias
realidades ou variáveis ao longo vários períodos de tempo consecutivos – ex. 40
trimestres), ou “time series”, privilegiando o aprofundamento do conhecimento
do(s) processo(s) subjacente(s) à(s) realidade(s).
Percorrer o caminho que nos propúnhamos desbravar levará tempo7. A título
ilustrativo, para o uso de “panel data”, seria possível explorar o comportamento
de um conjunto de variáveis durante um período significativo de tempo, antes
(por exemplo, 20 trimestres) – 0 – e depois (por exemplo, 20 trimestres) – 1 –
da implantação de uma grande superfície - recurso a “dummy variables”. A
6 Devemos para já abstrair-nos de efectuar alusões ao rigor científico de alguns desses inquéritos.
7 Um percurso idêntico levou mais de quatro décadas a investigadores de todo o Mundo, num campo bem menos
complexo como é o das fusões e aquisições. Documentando um pouco melhor o exemplo, Nelson (1959) e Gort (1969)
deram dois importantes contributos, mas as análises iam pouco além de correlações parciais. Mitchell e Mulherin (1996)
serviram de gatilho a um conjunto de estudos que produziu então avanços significativos [ex.: Andrade e Stafford (2000) e
Bento (2004)]. A década de 80 foi o ponto de viragem, na medida em que se iniciaram tentativas para explorar o
fenómeno das fusões com recurso à causalidade e co-integração [ex.: Geroski (1984), Crook (1995, 1996) e Clarke e
Ioannidis (1996)]. Só na década de 90 se deu novo avanço significativo, com a introdução de modelos não-lineares
[ex.:Town (1992) e Linn e Zhu (1997)] e, adicionalmente, com a introdução de abordagens a um nível mais desagregado
[ex.:Resende (1996, 1999) e Bento (2004)].
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
1. PROBLEMÁTICA
RELATÓRIO FINAL
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passagem de 0 para 1 representaria uma ruptura, como que um choque, o qual
também poderia ser explorado usando “time series” – é bem possível que
modelos com mudança Markoviana de regime, entre dois (ou mais) estados,
descrevam de forma eficiente o processo de evolução (do comércio) de uma
determinada área. A implantação de grandes unidades comerciais, mas também
industriais ou de serviços, funcionaria como um choque, conduzindo a uma
mudança de regime.
Infelizmente, aquilo que preconizávamos é impossível de realizar em Portugal. A
informação necessária a esse tipo de investigação, muito pior do que ser
deficiente, não existe. Por isso, neste caso a informação existente é impeditiva.
Estrutura
Finalmente, quanto à estrutura do trabalho, considerámos que devíamos
distribuí-lo por seis capítulos. No primeiro, que agora termina, procurámos lançar
a problemática orientadora da realização do trabalho. O segundo, terceiro e
quarto constituem produtos da extensa recolha de informação, efectuada ao
nível da literatura ajustada ao tema, dos estudos de casos semelhantes, ou de
dados estatísticos que nos permitam efectuar o enquadramento pertinente da
cidade e da região. O quinto baseia-se nos “inputs” dos capítulos anteriores para
a reflexão estratégica sobre o problema, e, por sua vez, alimenta o sumário,
conclusões e recomendações com que encerramos este relatório.
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2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Introdução
Em resultado da problemática apresentada no capítulo anterior e,
designadamente, da necessidade de alargamento do escopo de análise, a
revisão da literatura, para além do urbanismo comercial (2.3) e do
comportamento do consumidor (2.4), presentes na generalidade dos estudos em
torno dos (novos) formatos comerciais citadinos, contempla primeiramente uma
breve revisão ao nível da teoria da economia regional e urbana.
2.2. Economia Regional e Urbana
A economia regional e urbana estuda a problemática da organização económica
dos espaços regionais e urbanos, pelo que se afigura como pertinente uma
breve revisão da literatura nessa área, até porque a introdução das grandes
superfícies comerciais provoca alterações, mais ou menos significativos, nessa
mesma organização local ou regional. No que respeita concretamente à
estrutura do presente estudo, percorrer brevemente os principais conceitos e
temáticas tradicionalmente abordados no âmbito da economia regional e urbana
providenciará o suporte teórico necessário a algumas das orientações seguidas
no Capítulo 4.
2.2.1. Conceitos fundamentais
Espaço na Teoria Económica
O espaço é uma dimensão intrínseca a todos os fenómenos económicos e não
é neutro do ponto de vista da localização das actividades económicas. As
representações mais simples do espaço são as que se referem ao espaço
geográfico, onde se destacam os conceitos de distâncias e densidades,
conceitos a reter para o Capítulo 4.
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A variável distância (seja ela medida em quilómetros ou em tempo) tem sido
considerada como a mais importante, embora se lhe reconheça alguma perda
de importância recente [Costa et al. (2002)]. Associado a esta variável, está o
conceito de contiguidade (continuidade) entre os espaços físicos, também ele
central no Capítulo 4, por ser considerado como um factor favorável à expansão
da actividade económica.
Existem fenómenos económicos em todos os espaços, que, no entanto, não se
manifestam de igual modo - um determinado fenómeno poderá ser considerado
relevante num determinado espaço e insignificante num outro. A dimensão
relevante para o espaço é determinada pela natureza dos fenómenos
económicos e pela área necessária para abarcar todas as suas características
essenciais – a sua dimensão poderá ser local, regional, nacional ou
internacional [Bento (2005)].
O espaço económico é um espaço multidimensional, uma vez que os
fenómenos não influenciam apenas as variáveis de natureza económica. Deste
modo, para além das variáveis estritamente económicas (ex.: poder de compra),
é necessário considerar outras variáveis, nem sempre de fácil quantificação:
i) de índole social (ex.: níveis de solidariedade social)8; ii) de natureza física
(ex.: condições climatéricas)9; iii) de cariz histórico (ex. a própria importância
histórica)10. Esse conceito de multidimensional, como se pode constatar ao
8 Por exemplo, em países como o Reino Unido ou os Estados Unidos, os privados (empresas e particulares) assumem
um papel muito activo ao nível da caridade e da solidariedade, quando comparado com países como Portugal, onde
esse papel é confiado, quase exclusivamente, ao Estado.
9 As condições climatéricas são apontadas como uma das causas para os países do Norte serem mais prósperos do que
os do Sul – ao nível dos Hemisférios ou, por exemplo, da Europa.
10 A cidade das Caldas da Rainha, por exemplo e como abrodaremos no Capítulo 4, ganhou uma proeminência na
Região do Oeste que mantém até aos nossos dias (note-se, contudo, que há vozes que se levantam invocando a perda
desse papel que, a não ter acontecido, acontecerá num futuro não muito distante).
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longo desta investigação, é indissociável e aplicável à problemática
apresentada.
Assim, quantificar de forma rigorosa os impactos de um determinado
investimento, em todas as suas dimensões, é uma tarefa quase impraticável. A
empreitada torna-se especialmente árdua, para além do problema da
quantificação, por os efeitos não ocorrerem no mesmo momento, com a mesma
intensidade, nem terem a mesma duração. Essas dificuldades têm sido sentidas
por outros, como por nós, na tentativa de compreensão dos múltiplos efeitos da
implantação de grandes superfícies comerciais.
O Território e a Localização
O território, ou seja, o espaço construído ou transformado pelo Homem,
proporciona capacidades desiguais para promover investimentos. De facto, a
distribuição de recursos é assimétrica, o que tem condicionado, ao longo dos
tempos, a localização de actividades económicas e o ritmo de criação de
riqueza. Assim se justifica, por exemplo e com abordaremos nos Capítulos 4 e 5,
a forma como a indústria das grandes superfícies tem evoluído no espaço.
A localização e o desenvolvimento de actividades económicas podem ter como
consequência a construção ou a destruição de um território. A intervenção do
Homem contribui para diferenciar as suas componentes, sendo uma das
características essenciais de qualquer processo de desenvolvimento [Costa et
al. (2002)]. Consequentemente, é natural a preocupação das administrações
(centrais e locais) quando se trata de decidir sobre o acolhimento, ou não, de
projectos que, pela dimensão ou novidade, possam mexer com o “status quo”.
Factores de Localização
Entende-se por factor de localização todo o elemento que diferencia o espaço e
é susceptível de influenciar as decisões de localização das actividades
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económicas, como seja uma grande superfície comercial. A escolha da
localização assume um carácter estratégico, sendo levada especialmente a
sério em projectos de maiores dimensões ou por investidores e promotores
profissionais, uma vez que a sua reversibilidade implica custos materialmente
relevantes. Normalmente faz-se referência aos seguintes factores de localização
[Bento (2005)]:
• Variáveis com expressão económica e de fácil quantificação (o poder de
compra, mas também o nível de fiscalidade, o custo e acessibilidade das
matérias primas ou da mão-de-obra, etc.);
• Variáveis sem expressão económica e de difícil quantificação (ex.: as
economias de aglomeração, a qualidade das infra-estruturas de
transporte e comunicação, o papel histórico de uma cidade numa região,
ou de uma região num país);
• Variáveis de natureza pessoal dos agentes económicos promotores dos
investimentos, igualmente de difícil consideração (ex.: pertencer ou
simpatizar com uma determinada cidade ou região).
Ainda que em certos casos a localização da actividade não obedeça a qualquer
estudo de localização11, à medida que aumenta o valor do investimento e o grau
de profissionalismo dos promotores, a determinação do local exacto é
normalmente efectuada com base em factores de decisão, a uma escala
regional ou local12. A implantação de grandes superfícies comerciais é disso um
bom exemplo.
11 A estes casos corresponde uma localização condicionada, sendo a situação mais corrente das micro e pequenas,
particularmente as de natureza familiar.
12 Por exemplo, a adopção de um sistema de incentivos financeiros e fiscais ao investimento regionalmente diferenciado
constitui um factor de localização de âmbito regional.
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2. REVISÃO DA LITERATURA
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Racionalidade dos Agentes Económicos
Os agentes económicos, quando conduzidos por critérios de racionalidade
individual, podem maximizar os seus interesses, sem que isso implique
necessariamente a optimização dos objectivos dos restantes actores, ou da
sociedade em geral [Alves (2001)]. Racionalmente, ao que tudo indica, os
promotores das novas unidades comerciais entendem que instalar-se nas
Caldas da Rainha lhes permite aumentar a sua riqueza. Por outro lado, também
racionalmente, os representantes do comércio tradicional entendem que essa
entrada de novos actores tem um impacto negativo na sua riqueza acumulada e
futura. Em qualquer dos casos, estamos perante racionalidades individuais que
poderão divergir ou colidir com a riqueza actual e futura dos cidadãos, aqui
numa acepção ampla, ou seja, entendendo a riqueza como a qualidade de vida
e o património individual e colectivo (económico, arquitectónico, ambiental, etc.).
Neste contexto, faz-se por vezes referência ao óptimo de Pareto, uma solução
que maximiza os objectivos de cada agente económico [Costa et al. (2002)].
Caracteriza-se pela circunstância de que nenhum dos agentes pode melhorar a
sua situação sem deteriorar a posição e provocar a reacção imediata de, pelo
menos, um outro agente. O óptimo dos consumidores é atingido se, para o
conjunto dos bens considerados, a preferência relativa for igual para todos eles.
Para os produtores, o óptimo é obtido quando a eficácia relativa dos factores for
igual em todos os produtores. Uma vez mais, pelo menos conceptualmente,
torna-se facilmente perceptível a ligação com a problemática, tanto no que
respeita à reacção (dos representantes) do comércio tradicional, como aos
comummente aceite diferentes níveis de eficácia e, por fim, como ao
(des)nivelamento das preferências relativas dos consumidores em relação às
duas formas de comércio.
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Externalidades e Economias de Aglomeração
O espaço não possui a propriedade da divisibilidade perfeita, pelo que o seu uso
gera externalidades positivas e/ou negativas13. Por isso, tendo em atenção o
bem-estar dos cidadãos em geral, o uso do espaço tende a ser regulado, a nível
local, regional ou nacional. Esse é o princípio subjacente aos pedidos de
aprovação dos projectos submetidos junto da Câmara Municipal das Caldas da
Rainha para a implantação de grandes superfícies comerciais.
Quando os agentes económicos se encontram bastante próximos uns dos
outros e geram benefícios mútuos, as externalidades espaciais designam-se por
economias de aglomeração [Bento (2005)]. Contudo, essas economias não se
desenvolvem indefinidamente, uma vez que estão sujeitas à lei dos rendimentos
decrescentes14. Na perspectiva do consumidor-utilizador, as vantagens advêm
sobretudo de o acesso a determinados bens ou serviços ser facilitado e de o
custo dos mesmos tender a ser inferior. Advém daí, por exemplo, os cálculos
efectuados em torno das densidades de área de venda, bem como da
quantidade e diversidade de unidades comerciais (novas ou tradicionais)
instaladas ou autorizadas a instalar num determinado espaço.
Ordenamento do Território
Por força da existência de externalidades, os poderes políticos deverão orientar
a sua actuação com vista à organização e ordenamento do território, tendo por
ambição dar resposta à superação dos desequilíbrios existentes mas, também,
13 A construção de uma nova via rodoviária pode gerar externalidades positivas (para os viajantes, porque
descongestiona o trânsito) e negativas (para os residentes, por provocar poluição sonora). O mesmo pode acontecer
com a instalação de uma unidade económica numa área, pois pode aparecer predominantemente como geradora
(directa e indirecta) ou destruidora (directa e indirecta) de emprego.
14 Isto significa que a partir de uma determinada dimensão da cidade ou região, começam a coexistir economias (em
determinadas áreas) e deseconomias (noutras áreas) [Costa et al. (2002)].
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2. REVISÃO DA LITERATURA
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criar condições para que, no futuro, os mesmos sejam minimizados ou não se
verifiquem. Assim, a política de ordenamento do território não deverá ser uma
simples consequência de políticas sectoriais, mas sim um pressuposto das
mesmas, tendo em vista a optimização da função de bem-estar dos vários
agentes [Alves (2001)].
No caso concreto das cidades, como veremos adiante, o seu rápido crescimento
tem provocado desequilíbrios, alguns deles nem sempre fáceis de resolver – as
Caldas da Rainha não são excepção. É tão importante corrigir esses
desequilíbrios como minimizar o aparecimento de novos. Para isso, é
fundamental que nas acções a tomar se minimizem os condicionamentos
(desequilíbrios passados, políticas sectoriais, etc.) – o importante é maximizar o
bem-estar do cidadão a longo prazo e isso apenas se consegue com
desenvolvimento (sustentado).
Desenvolvimento, Urbanização e Ambiente
O desenvolvimento é um processo de transformações económicas e sociais,
entre outras, que ocorre num determinado território e permite que as suas
populações possam beneficiar de níveis crescentes de bem-estar. O
crescimento económico tem sido um, ou o principal, sustentáculo do
desenvolvimento, a pontos de ser frequentemente tido como sinónimo [Bento
(2005)].
Indissociável do crescimento económico e do desenvolvimento tem sido o
aumento da população citadina, galopante desde o início do século XX. As
cidades deixaram de ser um complemento das actividades económicas, para
passarem a ser elas próprias uma espécie de motor de todas as actividades
(económicas e sociais) [Bento (2005)].
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A par das externalidades positivas, fundamentais para o crescimento
económico, as cidades têm sido igualmente geradoras de externalidades
negativas, designadamente na área ambiental (ex.: o congestionamento, ruído e
poluição gerados pelo tráfego automóvel) [Alves (2001)]. O objectivo de corrigir
ou impedir graves externalidades ambientais, provocadas pelo crescimento das
cidades, está longe de ter sido alcançado [Bento (2005)].
Organização do Espaço Português
As cidades portuguesas, quando comparadas com as suas congéneres
europeias, são de reduzida dimensão, mas, mais grave do que isso, é a
qualidade inferior dos bens e serviços fornecidos e ainda a fraca apetência para
a cooperação e relacionamento [Alves (2001)]. Seria desejável que as cidades
estabelecessem relações de complementaridade e permuta; contudo, a
necessária especialização horizontal em algumas áreas de actividade é
praticamente inexistente [Costa (2002)].
A diversidade e qualidade de bens e serviços disponibilizados às populações
têm melhorado em Portugal, mesmo nas cidades de dimensão pequena ou
média (como é o caso das Caldas da Rainha) ou do interior e com baixo poder
de compra (como não é o caso das Caldas da Rainha) – vide Capítulo 4.
Contudo, continua a existir um diferencial significativo relativamente à média das
congéneres europeias. Isso resolve-se reorganizando, reclassificando,
regenerando e restabelecendo novos “standards” de exigência, por parte dos
actores actuais, mas a pensar nos actores futuros.
Portugal e, em boa medida a Europa do Sul, apresenta dificuldades várias ao
nível da cooperação: entre indivíduos, entre empresários, entre associações,
entre poderes locais e entre os vários poderes. Comparativamente aos países
do Norte da Europa, mas também ao Japão, por exemplo, apesar da exibição de
muito mais afectividade (a facilidade de nos cumprimentarmos e a tolerância ao
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toque, por exemplo), confiamos num circulo muito reduzido de pessoas (família
e pouco mais). A elevada desconfiança relativamente a terceiros é,
reconhecidamente, um entrave à cooperação, à realização de negócios e ao
desenvolvimento em geral [Moreira (2005)].
2.2.2. Desenvolvimento Económico e Regional
Os modelos de desenvolvimento regional podem ser distinguidos pelas suas
conclusões quanto à convergência/divergência dos processos de
desenvolvimento espacial.
Um tipo de modelos, inseridos numa lógica keynesiana, considera que a procura
cria a oferta, bem como a existência de factores de produção para responderem
aos estímulos da procura, parecendo mais adequados a uma perspectiva de
curto prazo [Costa et al. (2002)]. No âmbito da problemática em questão e de
forma simplificada, enquadra-se nesta lógica a postura assumida pelo comércio
tradicional, das Caldas da Rainha e de outras cidades, a qual considera a oferta
existente adequada e suficiente para satisfazer as necessidades actuais da
população.
Um segundo tipo de modelos inclui-se na tradição neoclássica. As críticas à
ideia de que a oferta cria a sua própria procura não anulam a visão do
desenvolvimento determinado pela capacidade produtiva, que parece ser mais
adequada a uma perspectiva de longo prazo. O que está em causa a longo
prazo é a capacidade regional de inovação, a capacidade de organizar os
factores de produção e a capacidade de organizar novos mercados [Costa et al.
(2002)]. Por contraposição ao parágrafo anterior, este tipo de modelos
coadunar-se-ia mais com uma postura defensável pelos promotores das novas
superfícies comerciais, por considerarem que possuem uma capacidade
superior para inovar e para satisfazer as necessidades cada vez maiores e mais
sofisticadas dos consumidores.
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Seria desejável que, no mesmo modelo, fossem explicitadas as funções de
procura e produção, contemplando as visões de curto e longo prazo. Em vez de
contributos parcelares, teríamos uma abordagem integrada; contudo, isso
requereria equações de equilíbrio e a explicitação dos mecanismos de equilíbrio
considerados relevantes. Não tem sido nem é essa a abordagem usual.
Perroux (1969) introduziu a noção de pólo de crescimento, segundo a qual o
crescimento nos vários espaços não só não surge simultaneamente, nem com a
mesma intensidade, como se propaga segundo diferentes vias e com efeitos
variáveis na economia e na sociedade em geral. Perroux considerava o
crescimento económico como o resultado da propagação de impulsos com
epicentro em pólos (“clusters”) de empresas e indústrias. O conceito de parque
industrial, por exemplo, está associado à noção de pólo, sendo considerado um
“cluster” organizado à volta de um núcleo de indústrias com uma forte
capacidade para transmitir impulsos de crescimento através de laços a montante
ou a jusante.
O impacto do pólo no desenvolvimento regional dependerá da combinação dos
efeitos de polarização e de difusão. Os efeitos de polarização estão associados
ao desenvolvimento de economias de aglomeração e aos efeitos das migrações
dos factores (trabalho e capital) da periferia para o pólo. Os efeitos de difusão
estão relacionados, numa primeira fase, com o aumento da procura e do
rendimento dos factores. Numa segunda fase, estes efeitos poderão passar pela
deslocação de actividades do pólo para a periferia (em virtude do surgimento de
deseconomias de aglomeração no pólo ou de processos de divisão espacial do
trabalho).
O conceito de pólo (de desenvolvimento) será importante para a metodologia
usada no enquadramento a efectuar no Capítulo 4 e, naturalmente, para a
reflexão estratégica a efectuar no Capítulo 5.
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2.2.3. Análise Espacial Regional
Partindo do princípio que interessa proceder à comparação de vários espaços, é
um dado adquirido que os recursos existentes e a capacidade para os aproveitar
ou potenciar variam de espaço para espaço. A medição e avaliação dessas
diferenças é, por exemplo, necessária quando os poderes públicos procuram
implementar medidas que permitam eliminar ou atenuar as desigualdades. O
apuramento das diferenças pressupõe a escolha de um termo de comparação
ou padrão que permita concluir sobre a existência de desvios (detecção do
problema) e da respectiva amplitude (gravidade do problema).
Concretizando, podemos comparar a distribuição regional de uma determinada
realidade ou fenómeno com a da superfície. Seja essa realidade representada
pela variável X e a superfície pela variável Y, então para cada região r, as
proporções da dita realidade e de superfície são representadas por Xr/X e Yr/Y,
respectivamente. Por vezes é útil estabelecer a comparação em termos de
densidades: Xr/Yr e X/Y
É possível concluir se a situação de uma dada região se afastou ou aproximou
do conjunto de regiões, isto é, do padrão. A variação regional (∆r) constitui uma
primeira medida de análise da atenuação ou acentuação dos (des)equilíbrios
regionais existentes. A análise individualizada dos ∆r permite comparar a
similaridade das evoluções da região r e do espaço padrão.
É ainda possível estimar o valor assumido pela variável X, numa região r e no
momento 1, se evoluir de acordo com a taxa de crescimento padrão.
É facilmente perceptível a utilidade deste conceitos na problemática em apreço
e, consequentemente, para a estrutura e substância do enquadramento
efectuado no Capítulo 4, municiador da reflexão estratégica no Capítulo 5 e, por
fim, do sumário, conclusões e recomendações do Capítulo 6.
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Identificação e Classificação das Regiões
A delimitação de regiões é um trabalho fundamentalmente orientado pelos
objectivos que se pretendem atingir, pois são esses objectivos que irão
determinar as características que interessa destacar nos espaços elementares a
agregar [Costa et al. (2002)]. Esta ideia é importante para algumas das opções
enunciadas no Capítulo 4, como de resto para a generalidade dos estudos, uma
vez que a classificação e categorização são, genericamente falando, uma
simplificação da realidade que se pretende explorar.
2.2.4. Da formação de cidades às redes de centros urbanos
A formação e desenvolvimento das cidades
O Século XX é o século da consumação da passagem de uma sociedade rural
para uma sociedade urbana15. Crescimentos tão acentuados geram, quase
inevitavelmente, situações de crise numa ou mais vertentes económico-sociais
(desemprego, criminalidade, pobreza e exclusão social), ambientais (poluição do
ar, ao nível freático e sonoro) e paisagísticas (insuficiência ou ausência de
ordenamento em termos da construção de redes viárias e dos edifícios) [Bento
(2005)].
Não cabendo aqui a discussão em torno do conceito de cidade16, o verdadeiro
desafio passa pelas entidades oficiais alcançarem um crescimento sustentado,
15 Em 1900 menos de 10% da população mundial vivia em cidades, enquanto que actualmente metade da população
mundial é urbana. Em valor absoluto, o aumento da população urbana durante os últimos 100 anos foi verdadeiramente
espectacular, passando de 148 milhões de habitantes em 1900 para 2.200 milhões em 1990.
16 Esta pode ser considerada simplesmente um lugar de forte concentração de pessoas e actividades, um espaço
caracterizado pela continuidade da construção, um lugar de concentração de poder político, um lugar caracterizado pelo
modo de vida, etc. Os critérios utilizados para definir as áreas urbanas variem de país para país, em função da
organização política, administrativa e territorial de cada um. Ainda assim, o critério mais utilizado é o de considerar como
urbanas as áreas que possuem uma densidade populacional relativamente elevada.
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com elevados padrões de bem-estar para os cidadãos. A produção de
informação para análise, planeamento e tomada de decisão tendo em vista esse
objectivo é normalmente escassa e disponibilizada extemporaneamente. Essa
realidade é particularmente grave em Portugal, uma vez que a recolha e
constante tratamento e análise continua longe de ser uma prioridade, como
acontece por exemplo nos Estados Unidos17.
Passando da informação concreta, auxiliar e fundamental para a tomada de
decisão, para a informação genérica, ela existe e é bem mais rigorosa. No caso
de Portugal, poder-se-á dizer que, entre 1981 e 2001, a população global das
cidades do Continente diminuiu em termos absolutos, devido sobretudo ao
decréscimo significativo da população nas cidades de Lisboa (31%) e Porto
(22%). A explicação está na crescente terciarização das zonas centrais dessas
cidades e na sua desertificação em termos residenciais, em favor das periferias.
A rede de centros urbanos
As redes urbanas assumem características de um sistema que não é autónomo,
ficando o seu centro dependente da área que apoia, isto é, da região que o
envolve18. Assim, cada região fica dependente da capacidade funcional dos
seus centros, ou seja, da forma como aqueles desempenham o seu papel. Essa
capacidade é determinante para o sucesso do desenvolvimento da região.
Por outro lado, o estádio de desenvolvimento e a capacidade para
desempenharem essas funções condicionam as categorias de funções que lhes
são confiadas. As funções básicas são normalmente levadas a cabo por todos,
17 Mencionado no capítulo anterior, voltaremos à problemática da informação na Secção 4.2.2.
18 Devem criar-se condições para que seja possível recorrer com maior facilidade aos bens e serviços necessários com
maior frequência, aceitando-se que se despenda um esforço relativo maior para os bens e serviços menos procurados
[Costa et al. (2002)].
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as funções intermédias apenas por alguns e as funções superiores por menos
ainda [Alves (2001)]. O sucesso de um centro pode avaliar-se pela sua
dimensão, associada ao nível hierárquico mais elevado das funções que
desempenha, o qual quanto mais elevado mais favorece a sua dimensão
futura19.
2.3. Urbanismo Comercial
Como referimos no Capítulo 1 e uma vez efectuado um primeiro
enquadramento, com uma breve revisão da literatura ao nível da economia
regional e urbana, o estudo em apreço sugere-nos também um levantamento
cuidado da literatura em torno do urbanismo comercial. Lopes e Moreira (2004)
sugerem, a este propósito, duas perspectivas de abordagem que surgem
recorrentemente no enquadramento teórico de trabalhos com objectos de
estudo próximos do nosso. Os autores referem-se, nomeadamente, a uma
perspectiva funcional-geográfica de abordagem ao problema que, não raras
vezes, desencadeia um conflito de interesses que necessita de ser enquadrado
à luz de uma perspectiva funcional-politica. Tais perspectivas têm pertinência
por si próprias, embora a abordagem sistémica do problema que nos propomos
estudar torne o seu entrecruzamento obrigatório.
A revisão da literatura sobre o urbanismo comercial que se segue procura
cumprir esta linha, explicitando em primeira instância, cada uma das
perspectivas de per si e, focando em segundo lugar, a indispensabilidade da sua
integração no auxílio à tomada de decisão e ao desenvolvimento sustentável
das Caldas da Rainha e da região.
19 É de esperar que os centros que desempenham funções raras possuam mais população, porque é mais elevado a sua
importância e porque determinado tipo de bens e serviços só são disponibilizados por entidades públicas ou privadas, a
partir de determinado número de pessoas.
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O problema de ordem funcional–geográfico traduz-se na possibilidade da
implantação de novos formatos comerciais (com elevada capacidade de
atracção) contribuir para a dissociação entre o comércio e a cidade, com as
consequências nefastas que dai advêm. No caso específico dos centros
comerciais, “as suas implicações económicas, sociais e ambientais são vastas,
tanto ao nível do aparelho comercial preexistente, como na imagem da própria
cidade e nas práticas do urbanista.” [Cachinho (1991), p. 198]. A sua
proliferação, segundo Dawson (1983) pode significar, a longo prazo, a perda do
ambiente comercial tradicional, familiar e personalizado em que as cidades
historicamente se revêem.
Nesta linha o urbanismo comercial preocupa-se, fundamentalmente, em não
permitir que esta desarticulação entre a evolução do comércio e o
desenvolvimento da urbe suceda, uma vez que, se por um lado, a cidade serve
de suporte às actividades comerciais, estas por outro, servem de rosto à cidade.
Uma visão histórica do desenvolvimento do comércio e da cidade torna
efectivamente impossível negar ao comércio um papel modelador da cidade. Na
prática, o comércio, conjugado com outras actividades, estrutura de uma
maneira decisiva os traços dos núcleos urbanos, introduz variedade e
diferenciação na vertente paisagística e é uma componente vital para a
animação do espaço citadino.
Na ausência de uma política global que delimite e oriente o desenvolvimento do
comércio e a sua implantação no tecido urbano, este aparece de uma forma
mais ou menos espontânea, não pensada nem planeada, muitas vezes dispersa
e, por vezes, mesmo inconveniente do ponto de vista da gestão urbanística.
Salgueiro (1989), por exemplo, alerta para a possibilidade de emergência de um
novo tipo de cidade, mais fechada, onde as ruas despidas de montras e de
animação poderão transformar-se em verdadeiros corredores de trânsito, que
conduzem e protegem zonas de habitação, trabalho e lazer. Neste sentido, a
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cidade e o comércio não devem existir ou crescer como realidades distintas, de
costas voltadas, uma vez que se encontram intimamente ligadas e dependentes.
O problema da dissociação entre o comércio e a cidade (funcional-geográfico) é
potenciador de um conflito de cariz funcional-político, que se traduz no
desequilíbrio de forças entre os principais actores que intervêm na dinâmica do
comércio. Referimo-nos, especificamente, a um triângulo de interesses
constituído pelos consumidores, comerciantes e administração pública.
Este desequilíbrio, cuja génese se encontra nas mudanças ocorridas ao longo
das duas últimas décadas e meia, ganha novos contornos em Portugal nos anos
90. Os consumidores começaram a optar por novos formatos comerciais, num
processo em tudo semelhante ao que já era comum no resto da Europa
Ocidental e, anteriormente, na América do Norte. O fenómeno instala-se no
nosso país em paralelo com o processo de desenvolvimento acelerado.
Os consumidores tornaram-se mais sofisticados, despertaram novas
necessidades e novos gostos, e não demorou muito até que se importassem
novas formas comerciais. Estas nascem do conceito de satisfação total do
cliente e procuram ir ao encontro das suas necessidades. A sua atractividade é
muito elevada, perdendo-se uma boa parte dos antigos conceitos de venda a
retalho, próprios do chamado comércio tradicional.
Quando surgiram estas novas formas comerciais, contrastantes por demais com
o comércio que as precederam, os comerciantes não estavam, na maior parte
dos casos, prontos para ver o seu lugar privilegiado junto dos consumidores ser
disputado por outros concorrentes.
A generalidade dos comerciantes não conseguiu modernizar-se, nem
associar-se, acabando por perder consumidores para os novos concorrentes e,
nalguns casos, por fechar as portas. A partir desse momento estabeleceram-se
dois caminhos paralelos: o comércio tradicional e as novas formas comerciais.
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2. REVISÃO DA LITERATURA
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Figura 1 – Algumas Panorâmicas Comerciais nas Caldas da Rainha
É preciso compreender que, marginalmente a este fluxo moderno e dinâmico
que hoje caracteriza o comércio das maiores cidades portuguesas, subsistem
formas comerciais extremamente vulneráveis, que requerem intervenção a
múltiplos níveis. O papel de gestor e decisor de intervenções costuma ser
atribuído à administração pública. À administração (central e local), que recebe
pressões, tanto dos consumidores como dos comerciantes, cabe a difícil tarefa
de compatibilizar estas pressões e atender às diferentes responsabilidades que
lhe são cometidas.
Num contexto em que a população portuguesa se segmentou e perdeu
homogeneidade, em que emergiram novas necessidades, novos problemas e
novas oportunidades, etc., o triângulo constituído pela administração pública, os
comerciantes e os consumidores, desequilibrou-se. Hoje, cada um dos vértices
apresenta motivos de descontentamento diferentes e, frequentemente, cada um
dos actores vai imputando responsabilidades e esgrimindo argumentos com os
outros vértices.
Embora o problema funcional-geográfico e o conflito funcional-político possam
parecer, à primeira vista, de carácter distinto, eles estão ligados, quer através
dos seus componentes, quer através dos seus efeitos. Considerem-se alguns
exemplos para reflexão:
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2. REVISÃO DA LITERATURA
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• Um ponto de venda a retalho existe num local específico (corpóreo), tem
uma determinada presença física, isto é, concretiza-se urbanisticamente.
Este ponto de venda porém, tem também uma presença social, na medida
em que providencia emprego, animação, comunicação, etc. Quando não
existe uma correspondência coerente entre a procura e a oferta, o problema
de ordem funcional-geográfico ganha visibilidade acrescida, com zonas
comerciais pouco atractivas, sem fluxo populacional que providencie
recursos para a sua manutenção e melhoramento. Com a zona comercial a
desqualificar-se significativamente, o problema degenera amiúde num
conflito de cariz funcional-político entre, pelo menos, os três vértices do
triângulo.
• A adopção de novas formas comerciais está também associada ao uso de
novas estruturas urbanísticas, geralmente de grande volumetria, fora do
centro e fechadas à urbe circundante, quando a mesma existe. Por vezes,
estas zonas tornam-se verdadeiros enclaves urbanísticos, interrompendo a
fluidez do tecido urbano, criando um problema de cariz funcional-geográfico.
No entanto e em contrapartida, constituem-se como um centro de grande
atractividade de consumidores e, potencialmente, de visitantes da cidade. Os
conflitos de interesses de teor funcional-político, envolvidos com a instalação
de uma infra-estrutura deste tipo, derivam da dinâmica sócio-urbana ter as
características de um sistema aberto.
• A concentração de lojas dentro de um espaço comercial fechado faz com
que uma parte significativa da movimentação de pessoas deixe de se fazer
nas ruas e se transfira para dentro de um edifício, com implicações ao nível
do povoamento, habitação, segurança, animação, turismo, etc. Ignorar estes
efeitos de sinergia, de carácter funcional-geográfico, desencadeia efeitos
perversos ao nível do urbanismo comercial e faz emergir um sem número de
conflitos de ordem funcional-político, potenciando problemas acrescidos de
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2. REVISÃO DA LITERATURA
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governação para a administração pública (tantas vezes alheada de uma
percepção ajustada à realidade do funcionamento do sistema urbano).
Através dos exemplos acima, constata-se que o espaço urbano é um sistema
aberto, que interage com outros sistemas (como o social ou o económico) e que
o comércio, na unidade de ponto de venda a retalho, é um elemento, por si só,
importantíssimo, para a gestão destes sistemas, quer como instrumento
regulador, quer como alvo de regulação. Assim sendo, a gestão das interacções
entre a perspectiva funcional-geográfica e a perspectiva funcional-politica é
essencial quando se pretende ter um espaço urbano atractivo e dinâmico.
2.4. Formatos Comerciais e Comportamento do Consumidor
A revisão da literatura sobre a disponibilização de novos formatos comerciais
aos cidadãos ficaria sempre incompleta se não contemplasse os próprios
formatos e os consumidores.
Os novos formatos comerciais proporcionaram uma alternativa ao consumidor,
contribuindo decisivamente para a modificação do seu processo de decisão de
compra. São várias as tipologias sobre formatos comerciais que podem ser
encontradas na literatura; no entanto, optamos por seguir a proposta por Lopes
e Moreira (2004), na medida em que coloca em oposição os formatos que dão
corpo à questão essencial destacada na problemática deste trabalho.
• “Espaços Comerciais Tipo A - “são espaços comerciais de primeiro plano
(na economia da região), ditos "tradicionais", cujo crescimento foi mais
natural, orgânico e espontâneo, quando comparados com outros espaços
comerciais. A malha urbana é geralmente antiga e bem enraizada na
cidade” [Lopes e Moreira (2004), p. 319].
• “Espaços Comerciais Tipo B – são espaços comerciais que participam
fortemente, à semelhança dos espaços tipo A, na dinâmica comercial da
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2. REVISÃO DA LITERATURA
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região. Vulgarmente chamados de centros comerciais (shopping centres), a
diferença fundamental, comparativamente às outras zonas, encontra-se no
planeamento prévio que estes empreendimentos tiveram, que se traduz em
infra-estruturas modernas, ocupação estratégica de pontos de grande
acessibilidade, grande volumetria, e consequente localização periférica
relativamente ao centro tradicional da cidade (Rousseau, 1997)” [Lopes e
Moreira (2004), p. 319].
Figura 2 – Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa
Lopes e Moreira (2004) categorizam ainda um Espaço Comercial tipo C, que
identificam com zonas comerciais da cidade que, à semelhança dos espaços
comerciais do tipo A, tiveram um crescimento orgânico, acompanhando a malha
urbana preexistente e cuja área de influência ultrapassa claramente os limites
do comércio de bairro.
O histórico de repetidos sucessos na implantação de formatos comerciais do
tipo B, que colocam dificuldades e nalguns casos a sobrevivência em causa de
zonas comerciais tradicionais (tipo A e C), fundamenta-se no quadro da
literatura ao nível da estratégia de adaptação ao meio e, particularmente, às
necessidades dos consumidores, protagonizada pelos diferentes formatos.
A estratégia efectiva-se na envolvente na qual as organizações comerciais estão
inseridas e, comummente, surge dividida em dois grandes domínios, consoante
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as variáveis que nela actuam possam, ou não, ser controladas. A envolvente
controlável é constituída pelos aspectos que podem ser, mais ou menos,
manipulados ou alterados pelas organizações. Como exemplo de variáveis
controláveis temos:
• A localização dos pontos de venda;
• A gestão operacional;
• A gestão do sortido;
• A fixação dos preços;
• O ambiente e serviços existentes no ponto de venda;
• A comunicação;
• Os métodos promocionais.
Dentro da envolvente não controlável temos variáveis que, apesar de
influenciarem o funcionamento das organizações comerciais, não são passíveis
de serem alteradas ou modificadas. Como exemplo de variáveis não
controláveis podemos apontar as seguintes:
• Os consumidores;
• A concorrência;
• A tecnologia;
• A conjuntura económica;
• A sazonalidade;
• As restrições legais.
O ponto fundamental decorre da constatação que enquanto os novos formatos
comerciais do tipo B têm concentrado esforços na envolvente controlável, o
comércio tradicional tem desenvolvido a sua estratégia privilegiando a
envolvente não controlável.
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2. REVISÃO DA LITERATURA
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De facto, os espaços comerciais de tipo B têm pautado a sua actuação pela
procura da diferenciação e do sucesso comercial, apostando, por exemplo, no
serviço pós-venda, na acessibilidade ou na publicidade junto dos potenciais
consumidores. O comércio tradicional, por sua vez, tem preferido exigir que a
administração central e local crie restrições legais ao crescimento de novos
empreendimentos comerciais, instaurando medidas proteccionistas. Por outro
lado, raramente aposta numa estratégia de gestão e de comunicação dirigida às
necessidades do consumidor. Ora, como no mercado o cliente é o Rei, o seu
juízo final tem sido no sentido de privilegiar o formato que melhor o compreende
e responde às suas necessidades.
Apesar de se encontrarem algumas e honrosas excepções de casos bem
sucedidos ao nível do comércio tradicional, a verdade é que a maior parte das
vezes a solução de tipo B tem-se mostrado como «a receita», com elevado
sucesso junto dos consumidores, possuindo ainda a vantagem de ser facilmente
replicável em contextos geográficos diversos. Nesse sentido, a literatura tem
procurado identificar e modelar o conjunto de variáveis controláveis pelos
empreendimentos comerciais de tipo B.
Cachinho (1991), por exemplo, defende que na base da afirmação dos centros
como modelo comercial, estarão não só os benefícios ao consumidor, mas
também as vantagens proporcionadas aos retalhistas que a ele aderem. Ao
nível do consumidor, o autor destaca a grande variedade de estabelecimentos
comerciais e de certas funções lúdicas e sociais para além da economia de
tempo, que tornam o acto de compra e de abastecimento mais aprazível.
Quanto aos retalhistas, Cachinho considera que “economizam nos custos da
aquisição da loja, beneficiam directamente das economias de aglomeração
resultantes da reunião no mesmo espaço de vários tipos de estabelecimentos
comerciais, podem praticar horários de funcionamento mais alargados que nas
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formas de comércio convencionais e ainda tirar proveito da imagem de marca
veiculada pelo centro” (p. 197).
Figura 3 – Trafford Centre, Manchester, Reino Unido
Rousseau (1997), por seu turno, considera existir um “mix” estratégico de
variáveis - composto por produtos e serviços, comunicação e distribuição física -
que os centros comerciais dominam e que, de alguma forma, lhes têm garantido
o sucesso da sua abordagem ao consumidor.
As abordagens são múltiplas, mas consideramos pertinente destacar a
perspectiva de Lopes e Moreira (2004) que, inspirando-se numa vasta revisão
da literatura e na abordagem de Rousseau (1997) em particular, procuram
identificar os factores críticos de sucesso que devem nortear a oferta das zonas
comerciais, no sentido de efectivarem a sua estratégia de aproximação às
necessidades do consumidor. Segundo Lopes e Moreira, “estes factores
expressam «áreas» que as organizações comerciais podem manipular (logo
ligadas à envolvente controlável), de maneira a optimizar o fluxo populacional”
(p. 324 e 325). Cada um desses factores é composto por aspectos mais
específicos, que a seguir se apresentam.
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Factor Comunicacional
O factor comunicacional é talvez o mais importante, pois é aquele que permite
colocar a unidade comercial na lista mental de espaços comerciais a frequentar
pelo consumidor. Este factor tem três aspectos específicos a considerar: o
conceito de zona comercial (que pretendem transmitir aos clientes), a
publicidade, o marketing e as acções promocionais (que além de contribuírem
para uma dada imagem, visam fidelizar os clientes) e a decoração da zona
comercial.
1 - Conceito de Zona Comercial
2 - Publicidade, Marketing e Animação
3 - Decoração
Figura 4 – Shopping Bom Sucesso, Porto
Factor Físico
O factor físico reúne um conjunto de componentes que se prendem com as
características das infra-estruturas comerciais. Tratam-se de aspectos
manipuláveis que se concretizam fisicamente e produzem efeitos ao nível dos
fluxos populacionais.
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4 - Layout 7 - Pedonalização
5 - Acessos 8 - Climatização
6 - Localização 9 - Estacionamento
Figura 5 – Trafford Centre,
Manchester, Reino Unido
Factor dos Serviços e Produtos
O factor de serviços e produtos tenta reunir tudo aquilo que uma zona comercial
pode oferecer aos clientes, de modo a que estes se sintam o mais satisfeitos
possível na frequência da mesma. Traduz-se nos horários de funcionamento
das lojas e dos serviços associados, no “mix” de lojas existentes no espaço
comercial, na segurança e na limpeza.
10 - Segurança
11 – Horário das Lojas
12 – “Mix” das Lojas
13 – Limpeza
Figura 6 – Fórum Montijo
Da investigação conduzida por Lopes e Moreira (2004) resultou a confirmação
empírica das treze componentes como “muito importantes” para o consumidor,
por um lado, e a constatação de que as zonas de tipo B analisadas em Lisboa
(ex. Colombo) e Porto (ex. Norte Shopping) se encontram melhor apetrechadas
em cada uma das treze componentes do que as zonas tradicionais de comércio
de tipo A (Baixa/Chiado, em Lisboa, e Santa Catarina, no Porto), por outro.
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Figura 7 – Centro Comercial Colombo, Lisboa
Figura 8 – NorteShopping, Porto
A orientação para o consumidor protagonizada pelos espaços comerciais do tipo
B concedeu-lhes vantagens competitivas que não podem, na perspectiva de
Lopes e Moreira (2004), ser combatidas por cada comerciante isoladamente.
Isso só será possível através da constituição e funcionamento de redes
inter-organizacionais.
Tal implica que cada comerciante compreenda que “no quadro das actividades
desenvolvidas pela concorrência intra-zona, existem possibilidades de
inter-cooperação empresarial” (p. 342). Ficando, deste modo, reunidas as
condições para que, numa fase seguinte, possam de forma sustentável
“cooperar com os comerciantes da [sua] zona para que esta no seu todo possa
competir com outras zonas comerciais” (p. 342).
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Segundo os mesmos autores, como não é expectável que cada comerciante
tenha esta capacidade de mobilização de per si, “esta cooperação deve ser
induzida institucionalmente, seja por via associativa, seja por via estatal
(Câmara e Estado)” (p. 343). Na mesma linha, o Observatório do Comércio
(2000) defende que a revitalização do comércio, elemento chave para a vivência
urbana das cidades, exige a criação de parcerias público-privadas e gestão
planeada dos centros urbanos20.
Para finalizarmos, importa constatar que, de acordo com Lopes e Moreira
(2004), o espectro de cooperação inter-organizacional em ordem a responder às
necessidades do consumidor, não deve cingir-se ao pequeno comércio.
“Torna-se necessário dotar a zona de oferta de restauração e lazer, bem como
obter âncoras, que apesar de terem uma dimensão média acabam por atrair
mais população às zonas de comércio tradicional” (p. 343).
20 A este propósito, o Observatório do Comércio (Junho, 2000) aborda também as boas práticas Norte-Americanas e
Inglesas em termos de implementação de parcerias para a gestão do centro das cidades, a identificação dos diferentes
papéis que cada interveniente na parceria pode desempenhar e as recomendações e princípios orientadores para a
continuidade dessas parcerias.
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2. REVISÃO DA LITERATURA
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO – “BENCHMARKING”
3.1. Introdução
Este capítulo apresenta alguns exemplos de estudos empíricos em torno do
comércio, abordando vários factores críticos de mudança, indissociáveis de
alterações no modus vivendi do cidadão em geral e do consumidor em
particular.
À semelhança daquilo que acontece com a informação e investigação noutras
áreas, a quantidade e qualidade de estudos disponíveis para o caso português
fica muito aquém daquilo que acontece em relação a outros países.
Menosprezando as questões históricas e culturais que possam servir de
justificação para essa realidade, concede-se que, no início da investigação,
chegou a ponderar-se trazer à discussão vários exemplos europeus, no sentido
de apresentar um elevado número de casos, formando uma referência sólida
para o presente trabalho. À medida que a investigação foi avançando, por
razões várias21, entendeu-se por bem apresentar somente estudos empíricos
realizados sobre a realidade do nosso País22. Perdeu-se na abrangência, mas
ganhou-se em objectividade e comparabilidade.
Os estudos empíricos abaixo apresentados indicam, sem que necessariamente
o demonstrem, que a problemática da evolução do comércio tem sido analisada
por diferentes prismas, por diversas áreas disciplinares, com objectivos e
metodologias distintos, assim como com profundidades e rigores de análise
21 As diferenças culturais dos cidadãos, os comportamentos distintos em termos de hábitos (de consumo e outros), os
diferentes poderes de compra e estádios de desenvolvimento, questões climatéricas, etc.
22 Note-se, contudo, que os estudos apresentados neste capítulo não esgotam os estudos compulsados (sobre
realidades portuguesas ou estrangeiras), sendo certo que alguns são mesmo objecto de referência noutros capítulos.
Um exemplo paradigmático diz mesmo respeito a Lopes e Moreira (2004), uma das referências fundamentais no
Capítulo anterior.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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diferenciados. Assim sendo, acabámos por proceder à apresentação dos
estudos, respeitando a estrutura dos mesmos, em vez da utilização de uma
matriz de análise comum. Por outro lado, e também por força da rápida evolução
verificada no comércio ao longo dos últimos vinte ou trinta anos em Portugal,
optou-se pela apresentação numa base cronológica. Podendo ser criticável,
julga-se servir os propósitos da presente investigação, na medida em que facilita
sobremaneira a explanação do estádio de desenvolvimento do próprio estudo da
problemática em apreço. Finalmente, efectuou-se uma separação, surgindo em
primeiro lugar os relativos a outras áreas do País e, de seguida, os respeitantes
às Caldas da Rainha.
3.2. Portugal
3.2.1. Centros Comerciais em Lisboa - os novos espaços de consumo (1991)
Centrando a análise nos centros comerciais (em Lisboa), Cachinho (1991)
enquadra o tema com a apresentação da evolução da actividade comercial em
meio urbano, a nível mundial e em Portugal. O autor recua bastante no tempo
para dar sustentáculo ao estudo e, sobretudo, por entender que os centros
comerciais bebem no passado uma boa parte da sua inspiração.
Considerando que o comércio reflecte e é reflexo das características, evolução e
estádio de desenvolvimento das sociedades, permanecendo uma actividade
económica essencialmente ligada às cidades, Cachinho aborda a formação do
aparelho comercial urbano e as mutações comerciais do último século e meio,
nomeadamente no que se refere à periferia urbana versus centro da cidade. O
aumento da motorização, do nível de vida e exigência, bem como a crescente
“falta de tempo”, são apontados como indissociáveis do fenómeno.
O autor encerra o primeiro capítulo apontando a inevitabilidade de uma
mudança radical no comércio e distribuição em Portugal. Conclui afirmando que
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NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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a situação existente, à época, prejudica o consumidor (pelas deficientes
condições de abastecimento), o industrial (pelas dificuldades de escoamento
dos produtos) e, por último, o próprio comerciante (pelo trabalho extenuante a
que se submete em busca da sobrevivência).
Com o intuito de introduzir rigor na análise, o autor problematiza em torno das
definições e origens dos centros comerciais, procedendo de seguida a uma
análise do seu crescimento e difusão, não só em Lisboa e no País, mas também
a nível Mundial. O autor sublinha que a diversidade de situações englobadas
sob o rótulo de centro comercial tornava impossível encontrar uma definição
única; contudo, procura precisar o conceito23.
Cachinho sublinha que, contrariamente aos Estados Unidos, no que concerne à
Europa é evidente a ausência de estudos ou mesmo de meras estatísticas
credíveis sobre a evolução do fenómeno no passado - em relação a Portugal o
problema é ainda mais gritante24.
O autor defende que o comportamento do consumidor, apesar de ser
extremamente difícil de modelar25, possui um lugar de destaque na problemática
em torno dos centros comerciais, dedicando-lhe, por isso, um capítulo.
23 Antevendo, desde logo, que não era tarefa fácil, o autor fez o percurso de visita desde as tipologias tradicionais até às
classificações mais recentes. No final, apesar de ter optado pela não adopção de uma definição rígida de centro
comercial, conclui que só a criação de uma tipologia poderá respeitar a diversidade de formas que o fenómeno pode
apresentar.
24 Apesar do esforço levado a cabo pelo Observatório do Comércio, concentrado no tempo e indissociável dos fundos
oriundos da União Europeia canalizados para o efeito, como se refere em 4.2.2, a realidade não se alterou
significativamente.
25 Na verdade se a recolha e tratamento da informação relativa aos traços do consumidor, natureza das unidades
comerciais e lugares de compra não levanta grandes dificuldades, o mesmo não se poderá afirmar para as atitudes e
imagens dos consumidores - pouco propícias à quantificação e não directamente observáveis.
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NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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De um lado apresentam-se os modelos clássicos, nos quais se salienta a
minimização da distância (medida em acessibilidade e custo), a racionalidade
(perfeita) do consumidor e o (livre) funcionamento do mercado; do outro lado, os
modelos comportamentalistas, onde o que contam são as experiências
passadas e as apreciações subjectivas que o indivíduo faz em cada momento,
ou seja, uma diversidade de variáveis que modelam o comportamento. Dada
essa diversidade, as conclusões baseadas em modelos comportamentalistas
estão longe de ser unânimes26.
Em seguida, no estudo dos centros comerciais em Lisboa, o autor aponta as
seguintes perguntas base: i) quem é que frequenta este ou aquele centro
comercial? ii) porquê? e iii) como? Acaba por concluir que a chave do sucesso
dos centros comerciais (de Lisboa) passa pela capacidade de responder à
diversidade de gostos, desejos, necessidades e exigências (da vida “moderna”)
dos utilizadores.
Por último mas não menos importante, Cachinho aborda os impactos dos
centros comerciais, designadamente em termos económicos, sociais e
ambientais, admitindo, desde logo, que “(…) associar a difusão dos centros
[comerciais] com as causas das mudanças no comércio e nas práticas urbanas
não é [tarefa] fácil” (p. 169).
O autor argumenta que nem sempre os analistas avaliaram o fenómeno de
forma objectiva e desapaixonada, deixando transparecer a influência dos
próprios valores (sociais, políticos e ideológicos). Acrescenta ainda que as
preocupações com as mudanças provocadas pelos centros comerciais no
comércio tradicional vinham induzindo estudos parciais, menosprezando outras
repercussões ao nível do emprego, na satisfação da procura à escala local e
26 De qualquer forma, o autor considera importante integrar também a vertente comportamental para explicar a tipologia
e localização espacial dos centros comerciais.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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regional ou, até mesmo, em termos da modernização do próprio aparelho
comercial.
Segundo o autor, necessita de comprovação a tão apregoada ligação entre o
declínio do centro da cidade e a implantação de novas formas de distribuição na
periferia, em particular os centros comerciais. O problema parece não estar nos
centros comerciais, mas sim na composição e localização que compete
fortemente com a falta de animação e de viabilidade económica do comércio
tradicional27.
Por outro lado, o autor argumenta que em diversos países, onde os centros de
distribuição e comércio atingiram elevado sucesso (levando a pensar que o
comércio tradicional nos centros da cidade teria os dias contados), a
revitalização do comércio tradicional nas áreas centrais tem ocorrido com base
nas inovações trazidas pelos centros comerciais – pedonalização de ruas,
criação de galerias comerciais, substituição de algum comércio por actividade de
lazer (ex. cinemas), etc.
Segundo o autor, o centro das cidades, cujo estereótipo do comércio passa
largamente pela qualidade dos bens ou serviços fornecidos e pelas fortes
margens de lucro, teve que ajustar-se a uma clientela mais numerosa e mais
jovem, que compra essencialmente por impulso, onde a imagem (das marcas
difundidas pela publicidade) é mais importante que a qualidade, que vai ao
centro para se divertir e, por isso, exige uma maior diversidade de oferta. A
própria imagem do centro das cidades tem vindo a mudar, por força da
influência dos centros comerciais.
27 “Melhor preparados que … [as áreas de comércio tradicionais] … para responder às exigências da sociedade
moderna, os centros comerciais rapidamente conquistaram o agrado do citadino e fizeram sucesso no mundo da
distribuição…” [Cachinho (1991), p. 171].
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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O autor aborda, ainda que sumariamente devido à falta de informação, outras
áreas de influência dos centros comerciais. Refere que são vários os impactos:
i) mesmo antes da inauguração (ex. preços do imobiliário nas proximidades,
levando mesmo por vezes à promoção de certas urbanizações); ii) ao nível do
emprego (destroem postos de trabalho e criam postos de trabalho – o balanço é
difícil de efectuar) e das próprias práticas comerciais e hábitos de consumo
(cada vez mais indissociáveis daquilo que é a sociedade moderna, pautada pela
flexibilidade da produção, do consumo, do lazer e do repouso), onde a gestão
do tempo se tornou fulcral.
PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
Considerando a falta de estudos que ainda hoje existe sobre o tema,
nomeadamente em termos de rigor, não apenas metodológico, o trabalho
elaborado por Cachinho, à data em que foi realizado, era sem dúvida notável.
Baseando-se largamente em bibliografia estrangeira, da qual foram retirados
alguns dados (em muitos casos respeitantes a décadas anteriores), o estudo
encontra-se bem estruturado, formando um todo coerente. Configura um esforço
importante para aprofundar uma problemática que, como se veio a confirmar,
era já de toda a pertinência.
3.2.2. Estudo de Impacto das Grandes Superfícies Comerciais na Área
Metropolitana do Porto (1994)
Breves considerações
O coordenador do trabalho (Eduardo Machado) começa por dar conta da “falta
de condições” para a equipa efectuar o estudo, nomeadamente porque a
informação válida existente era escassa e dificilmente relacionável, do ponto de
vista científico. O coordenador argumenta ainda que a insuficiência de dados
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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que permitisse a construção do conhecimento, de forma sistemática e
organizada, era resultado da ausência de conceitos “aglutinadores e
especificadores” na recolha de informação, mas também da reduzida produção
teórica em torno do tema.
É-nos dado conta que o grupo de trabalho, “preocupado com o consenso obtido
por via da objectividade científica” (p. 9), optou por uma abordagem mais
qualitativa, reconhecendo que a aposta na interdisciplinaridade terá sacrificado
níveis mais profundos de rigor científico ao nível das várias disciplinas – com o
aprofundar dos trabalhos, eram cada vez mais as barreiras intransponíveis entre
as várias áreas.
Ainda segundo o coordenador, o estudo foi delineado, desde o início, no sentido
de serem atingidos quatro objectivos, os quais foram conseguidos em “maior ou
menor grau” (p. 10):
1. Concluir sobre o impacto da instalação de grandes superfícies comerciais
na Área Metropolitana do Porto.
2. Propor medidas ou níveis concretos de intervenção tendo em vista o
desenvolvimento equilibrado da estrutura do sector no país, considerando
as necessidades sociais dos consumidores bem como a estrutura já
existente nas suas relações com os sectores a montante.
3. Produzir informação muito concreta e que pudesse servir de referencial
estratégico para o sector no seu esforço de perspectivar a sua evolução.
4. Levantar um conjunto de questões, que deverão ser objecto de estudos
complementares, reforçando a competência estrutural do sector e a
consciência de si.” (p. 10).
Segundo Eduardo Machado, “(…) todos os trabalhos individuais exceptuando a
análise psico-sociológica, por motivos óbvios, respeitaram na sua estrutura (…)”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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uma metodologia comum: 1) Constatações; 2) Tendências; 3) Cenários
prováveis; 4) Cenários desejáveis; 5) Intervenções28.
Ainda segundo o coordenador, adoptou-se como centro de gravidade o
consumidor, embora o principal destinatário do próprio estudo fosse o comércio.
Por outro lado, o relatório não contempla “(…) sínteses de conclusões, de forma
a não desvalorizar os trabalhos de especialidade, que (…) devem manter todo o
seu valor substantivo.” (p.12). Também no que respeita às propostas de
intervenção, elas não foram aglutinadas num todo coerente, deixando para as
«estruturas públicas e privadas» a tarefa de “(…) definir no concreto e com os
meios específicos, as suas próprias políticas de intervenção.” (p. 13).
Ordenamento Territorial
Rio Fernandes divide a sua explanação em três partes: i) comércio – território;
ii) comércio de rua – «comércio imobiliário»; iii) centro – periferia. Cada uma das
partes foi abordada com a seguinte grelha: verificação, sentido da mutação,
cenário 1, cenário 2 e proposta.
Em relação ao tópico “comércio – território”, ele é tratado com alguma
superficialidade. No que concerne ao ponto “comércio de rua - «comércio
imobiliário»”, a análise é melhor estruturada; contudo, continua a afigurar-se
como simplista. As melhorias são contudo mais notórias quando se passa à
análise “centro – periferia”.
O autor apresenta ainda catorze pontos sob o título “poderiam constituir
objectivos e acções a empreender”.
28 Na realidade tal acabaria por não acontecer. Acresce o facto de não ter existido uniformização na própria terminologia.
Ao que Eduardo Machado apelida de “Constatações”, “Tendências”, “Cenários prováveis”, “Cenários desejáveis” e
“Intervenções”, Rio Fernandes designa “Verificação”, “Sentido da mutação”, “Cenário 1”, “Cenário 2” e “Proposta”. A
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RELATÓRIO FINAL
- Página 55 -
Análise psico-sociológica do comportamento do consumidor
Tal como foi avançado pelo coordenador do trabalho, “por motivos óbvios”, a
análise psico-sociológica do comportamento do consumidor obedece a uma
estrutura diversa das restantes.
Filomena Cardoso passa da “lógica do consumidor da área metropolitana do
Porto” para e evolução das tendências do consumidor em França, voltando-se
de seguida à “lógica do consumidor da área metropolitana do Porto”, sem que
se procure justificar e esclarecer o leitor sobre os fundamentos da orientação
que a investigação vai tomando (o porquê das opções tomadas).
Análise de Gestão
O tema “análise de gestão” carece de introdução – no capítulo e no próprio
preâmbulo elaborado pelo coordenador do estudo. A primeira parte é constituída
pelos pontos que se seguem (subdivididos em tendências, cenários e
propostas):
• Modelos de gestão e atitude empresarial de marketing
• Organizações criativas para um comércio moderno
• Novas tecnologias para um comércio moderno
• Associativismo e individualismo
• Desenvolvimento comercial
investigação de Carlos Ribeiro encontra-se dividida somente em três vertentes: “Tendências”, “Cenários” e “Propostas”.
Finalmente, José de Matos expõe “Verificações”, “Tendências”, “Cenário A”, “Cenário B” e “Medidas”.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
- Página 56 -
Análise económica
Está-se em presença de uma análise rigorosa, bem estruturada e sustentada.
Para além da introdução, as verificações e tendências são antecedidas e
enquadradas por vários conceitos, dados e estatísticas.
José de Matos destaca o factor proximidade como característica dominante no
conceito comércio. A noção económica de equilíbrio é apresentada como
relacionada com os conceitos de mercado e concorrência. O conceito de
saturação está, de alguma forma, relacionado com o conceito de equilíbrio em
concorrência.
O autor não conseguiu afastar a hipótese sobre a repercussão no consumidor
do acréscimo detectado nos custos de distribuição, induzidos pelo
funcionamento das grandes superfícies, através do mecanismo indirecto de
subida dos custos e dos preços na distribuição.
José de Matos concede, mais adiante, que a ineficiência relativa das grandes
superfícies não prejudica a forma ou modo de venda, enquanto fórmula
comercial. Acrescenta mesmo que as grandes superfícies vinham sendo um
sucesso e apresentavam reais vantagens técnicas em termos de organização e
gestão. O autor esclarece que não se estava perante uma forma de organização
ineficiente, mas sim ante o aproveitamento de uma situação transitória de
vantagem concorrencial.
Contudo, o autor conclui que as grandes superfícies, praticando preços artificiais
inferiores ao restante comércio (não reflectindo os verdadeiros custos de
distribuição), deverão ter sido as principais responsáveis pela evolução negativa
da situação económico-financeira das empresas tradicionais.
Em termos de verificações, o autor acrescenta que as grandes superfícies
revelam desempenhos de gestão claramente superiores ao comércio tradicional,
nomeadamente em termos de “marketing” e “merchandising”, constituindo um
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
- Página 57 -
bom veículo de disseminação de novas técnicas e tecnologias. De qualquer
forma, os factores de diferenciação e de concorrência que prevalecem não são
intrínsecos às fórmulas comerciais em confronto, mas sim factores como
horários, localização e dimensionamento.
Considerando as dificuldades sentidas pelas grandes superfícies para cobrir os
elevados custos de distribuição, o autor antevia a tendência para a criação de
mega espaços comerciais, onde o “clássico” hipermercado se mantinha como
pólo de atracção do consumidor, mas ao qual seria adicionado comércio
independente e lazer. Os lucros do empreendimento (não do hipermercado)
seriam assim conseguidos por via da gestão de uma autêntica cidade comercial.
PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
O estudo, na realidade, não se apresenta como um trabalho único29. Estamos
perante quatro peças com níveis distintos de rigor formal e científico - com
excepção da análise económica, que é sólida (concorde-se com ela ou não), o
trabalho final denota carências e fica aquém do expectável. Sem dúvida que a
anunciada reflexão “mais global e integrada”, na fase final do estudo, não foi
conseguida.
Tratando-se de um estudo sobre o “impacto das grandes superfícies comerciais
na «Área Metropolitana do Porto»”, dos quatro objectivos apenas o primeiro se
coaduna com o título e com o esperado âmbito regional do projecto. Subsistem
algumas dúvidas se mesmo o primeiro objectivo foi alcançado.
29 O próprio coordenador, embora até aí nada o fizesse antever, no final das considerações emprega a expressão “todos
os trabalhos individuais”.
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RELATÓRIO FINAL
- Página 58 -
3.2.3. Centros Comerciais em Portugal – conceito, tipologias e dinâmicas de
evolução (2000)
Cachinho et al. constatam que apesar da importância económica, social e
urbanística, bem como das críticas de que têm sido alvo, os centros comerciais
continuam a ser um fenómeno pouco estudado em Portugal30. A falta de
informação e as graves lacunas contidas nas (poucas) estatísticas disponíveis
explicam, em parte, o reduzido número de estudos, dentro e fora das
universidades.
Atendendo à falta de dados, os autores começaram por efectuar, durante o ano
de 1999, um levantamento exaustivo dos empreendimentos existentes,
caracterizando-os do ponto de vista da dimensão, natureza dos projectos,
entidades promotoras, perfil dos comerciantes, padrões de localização, modo de
funcionamento, etc.31.
A falta de estudo e complexidade do tema levou os autores a conduzir o estudo
com base na exploração dos seguintes aspectos: i) discussão do conceito;
ii) evolução e distribuição espacial dos empreendimentos; iii) tipificação das
unidades; e iv) metamorfose do sector.
Os autores concluíram que devido aos desequilíbrios regionais, da urbanização
e do desenvolvimento, bem como pela natureza eminentemente urbana daquele
tipo de empreendimentos, a proliferação dos centros comerciais era um
fenómeno fundamentalmente do litoral.
30 “De pequeno negócio imobiliário de construtores civis e proprietários de espaços devolutos, sem qualquer experiência
na produção de espaços orientados para a venda a retalho e a prestação de serviços, transformaram-se, em menos de
três décadas, num sector de actividade de elevada rentabilidade, disputado por grandes grupos empresariais tanto
nacionais como estrangeiros.” (p. 147).
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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Ainda no capítulo das conclusões, os autores sustentam que, por força do “mix”
comercial, os centros comerciais, mais do que lugares de abastecimento das
famílias, são espaços de compra e lazer, lançando por terra a relação linear
frequentemente estabelecida entre o declínio do comércio tradicional e o
crescimento e difusão do conceito em referência. A concorrência entre os dois
conceitos é um facto, mas também a complementaridade é indesmentível.
Os autores apresentam também a tendência para o aumento da dimensão dos
centros, das próprias lojas (pontualmente através da redução do número de
lojas) e para a melhoria da qualidade dos espaços interiores.
PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
O estudo vale sobretudo pelo grande mérito do levantamento exaustivo dos
centros comerciais existentes em Portugal. Em termos metodológicos afigura-se
como um trabalho bem conseguido. Lamentavelmente, designadamente por
força da importância do tema, escasseiam estudos idênticos (na importância do
levantamento e na consistência metodológica) elaborados desde então -
seguem-se duas excepções contemporâneas.
3.2.4. Comércio Tradicional em Contexto Urbano – dinâmicas de
modernização e políticas públicas (2000)
Fernandes et al. (2000) escolheram como objecto de estudo o comércio
retalhista, em particular o pequeno comércio independente, isolado e pouco
profissionalizado, situado em contexto urbano. Propuseram-se: i) sistematizar as
principais causas e consequências das dinâmicas específicas do comércio
31 Foram identificados 789 centros comerciais, com características muito distintas. Os autores distinguem claramente
entre os que possuem uma gestão integrada, promovidos com profissionalismo, e os promovidos por empresas sem
experiência, tidos como meros projectos imobiliários.
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urbano e da sua envolvente; ii) definir um quadro teórico, técnico e prático tendo
em vista o seu desenvolvimento sustentado.
Os autores escolheram como ponto de partida a ideia de fundo de que, à data,
não existia (consenso sobre a) estratégia para o comércio, obrigando à definição
rápida de linhas de orientação. Apontada a necessidade de clarificação de
alguns conceitos, dispuseram-se a realizar um “diagnóstico-base”, focado nos
“problemas-chave”32.
De seguida os autores desenvolveram um quadro de estudo e reflexão,
apoiados numa metodologia bem definida33, resultando em três partes
principais: i) comércio e território; ii) comércio e competitividade; iii) comércio e
medidas de política. Segue-se uma última, na qual os autores apresentam um
conjunto de propostas e orientações ao nível da articulação territorial, da
dinamização sectorial e da dinamização empresarial.
Como conclusão global, os autores apontam a necessidade da construção de
“territórios de comércio competitivo”, privilegiando a dimensão sub-regional, do
município ou grupo de municípios, valorizando a diversidade, a coesão e a
articulação da cidade com o comércio.
PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
Trata-se de mais um trabalho, na senda de outros desenvolvidos no âmbito do
Observatório do Comércio. Assim, estamos perante mais uma análise bem
estruturada, com metodologia clara e definida, mas também uma abordagem
(demasiado) similar, na linha das anteriores (e seguintes) - uma abordagem
32 Desqualificação e empobrecimento da paisagem urbana; Desequilíbrio urbanístico e ambiental; Centros da cidade
envelhecidos; Aparelho comercial extremado; Cooperação insuficiente e com deficiências; Falta de gestão comercial
integrada e de qualificação dos recursos humanos.
33 Onde não falta a habitual referência à falta de informação e à falta de fiabilidade de alguma da informação existente.
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alternativa parece nunca ter sido uma opção. Contudo, não deixa de ser um
contributo para o conhecimento dos desafios com que se deparava e depara o
comércio (tradicional, isolado e independente) no contexto urbano.
3.2.5. Observar o Comércio em Portugal (2001)
O trabalho apresentado por Marques et al. (2001) constitui uma síntese de
alguns dos trabalhos desenvolvidos no interior do Observatório do Comércio;
contudo, inclui também informação de outras fontes e procede a alguma
comparação internacional. O leitor é desde logo avisado que o relatório não é
simétrico ou equilibrado – em determinadas áreas a informação é mais pobre,
noutras os trabalhos desenvolvidos foram mais aprofundados, etc. A
honestidade continua com o alerta quanto às discrepâncias nas fontes usadas e
nos conceitos utilizados34.
O último capítulo e, porventura, mais significativo, é dividido em seis partes: i) os
formatos; ii) as actividades; iii) o espaço; iv) o tempo do comércio; v) os
trabalhadores do comércio; e vi) os consumidores.
Na primeira parte, os autores analisam as tendências mais recentes nos vários
formatos de distribuição, privilegiando os formatos mais modernos, sem prejuízo
da referência aos formatos tradicionais e à necessidade da sua coexistência.
Para além da distribuição por grosso e dos centros comerciais, os autores
visitam ainda o formato do comércio electrónico, menos estudado, mais recente,
mas certamente com impacto nos restantes.
Na segunda parte, as actividades de comércio são analisadas em profundidade
e, uma vez mais, para além dos sectores tradicionalmente com mais peso
34 No sentido de tentarem ultrapassar a falta de harmonização conceptual, os autores propõem, nos dois primeiros
capítulos, conceitos e indicadores tendo em vista a caracterização da realidade comercial, do ponto de vista
macroeconómico.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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(alimentar, vestuário, etc.), tenta entrar-se em campos que as alterações no
estilo de vida levaram a desbravar: produtos e serviços relacionados com o
desporto, a saúde, a estética e o bem-estar.
Na terceira parte, os autores enveredam pela análise espacial, estudando as
formas de comércio, em contexto urbano e contexto rural. Faz-se referência aos
projectos ao nível do urbanismo comercial (com os quais se procura tornar os
centros tradicionais em locais atraentes, acessíveis, animados e activos), à
função económica e social do comércio rural (abordando algumas propostas
para a sua revitalização) e, por fim, ao comércio ambulante (a sua importância
económica é de difícil quantificação, mas de indesmentível relevância, dado o
número de feiras e mercados que se realizam no país).
Os autores abordam, numa quarta parte, a questão dos horários de
funcionamento de algumas formas de comércio - a regulamentação dos horários
tem sido apontada como uma forma de moderar a concorrência, no sentido de
proteger os formatos tradicionais.
As mudanças ocorridas no comércio trouxeram também alterações ao nível dos
empregados no comércio, sendo objecto de análise na quinta parte. As
condições de emprego e a empregabilidade lançaram para o centro da
discussão a importância da (constante) formação profissional.
Por fim, mas não menos importante, os autores centram-se nos consumidores,
uma vez que são eles os destinatários de toda a actividade comercial.
PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
Apesar de se tratar de um trabalho síntese, estamos perante uma obra extensa
e, por isso, tornava-se impraticável analisá-la aqui em pormenor. Ainda assim, é
importante concluir que, do ponto de vista da estrutura e da metodologia, é um
trabalho muito sólido.
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3.2.6. Comércio e Distribuição – os centros comerciais no horizonte 2010
(2001)
Tendo como pano de fundo as profundas alterações socio-económicas
verificadas nas últimas três décadas em Portugal, as quais contribuíram
decisivamente para as mudanças dos padrões de consumo das populações,
Melo et al. (2001) analisam sinteticamente, para alguns países europeus, o
desenvolvimento da actividade comercial e suas condicionantes.
As autoras avaliam, ainda que forma breve, as respostas que o sector do
comércio deu em função das alterações socio-económicas (Europa e Portugal).
Fizeram-no através de três áreas de evolução de preferência dos consumidores:
os preços, a localização geográfica e a prestação de serviços. As autoras
visitam a evolução histórica dos centros comerciais, na América do Norte, na
Europa e depois em Portugal35.
Na parte final do trabalho, intitulada cenários exploratórios, as autoras revisitam
as principais tendências passadas (mudanças sociais, mudanças espaciais e
mudanças económicas), para chegarem a quatro futuros plausíveis:
• Civilização Cliente
Cenário de fraca concorrência comercial no segmento da (moderna)
distribuição em Portugal, devido à diminuição do peso relativo das
diferentes formas de comércio, e de aumento do rendimento per capita
disponível – o custo da deslocação não é uma limitação financeira.
Os promotores não sentem necessidade de investir na inovação das suas
formas comerciais ou de aumentar a atractividade - sobrevivem com a
35 Em relação a Portugal, centram-se fundamentalmente naquilo que Cachinho e os seus pares tinham produzido.
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clientela habitual. A localização e formatos dos centros comerciais serão
variáveis, designadamente em função da dimensão.
• Regresso às Origens
Cenário idêntico ao anterior, mas num contexto de diminuição do poder de
compra – independentemente da sua origem. O resultado perspectivado é
uma estagnação dos formatos e uma diminuição do investimento no sector.
Em função de uma procura cada vez mais escassa, entende-se como
provável que as lojas âncora retomem o seu poder de atractividade. Dado
o nível e estrutura de despesa do consumidor, este tenderá a privilegiar
centros comerciais próximos (da sua área de residência ou trabalho).
• Impulsos Controlados
Cenário de forte concorrência comercial, em que se acentua a presença de
operadores globais. Neste quadro, do qual faz parte um decréscimo do
rendimento per capita, onde prevalece o consumidor sensível ao uso e
preço dos bens ou serviços, bem como ao custo da deslocação, apenas
sobreviverão os promotores profissionais.
• “Boom” de Centros Comerciais
Novamente um cenário de forte competitividade comercial, mas com
aumento do rendimento disponível das famílias, perspectivando-se uma
oferta profissionalizada, muito diversificada e segmentada.
O prazer da compra e o lazer ganham preponderância, levando os
promotores a oferecerem ambientes que se diferenciem e respondem à
grande diversidade de consumidores. A aquisição encontra-se associada
ao acto lúdico, pelo que o abastecimento tende a ser preterido à compra,
frequentemente por impulso. A aquisição de bens pessoais, de higiene,
cultura e lazer ganharão preponderância, uma vez que são especialmente
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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convidativos a fazer da aquisição um ingrediente central do passeio e do
divertimento.
“Esta tendência para a valorização dos espaços de lazer (…), associada à
requalificação e revitalização dos centros históricos das cidades, poderá
traduzir-se na sua transformação em «centros comerciais a céu aberto».
Neste cenário, os centros comerciais podem localizar-se quer em zonas
urbanas (…), quer em zonas mais periféricas (…), de acordo com o seu
potencial de atracção, da sua dimensão e dos seus anéis de
influência.” (p. 55)
PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
O estudo, do ponto de vista metodológico, afigura-se vulnerável. Considerando
que está longe de ser uma referência para o nosso trabalho, refere-se somente
o seguinte: i) aquilo que antecede os cenários parece manifestamente
insuficiente para a sustentação dos mesmos; ii) dentro dos próprios cenários,
em particular no “«boom» de centros comerciais”, deparamo-nos com vazios ou
saltos na construção e apresentação da argumentação.
3.2.7. Centros Comerciais Regionais em Leiria – viabilidade económica e
impactos na cidade (2005)
Apesar de estarmos perante uma apresentação (de 50 slides36), sendo tão
recente e sobre uma cidade próxima das Caldas da Rainha, optámos, ainda
assim, por realizar uma breve análise.
36 O relatório final, contrariamente ao que acontecia quando escrevemos a presente secção, neste momento já está
disponível e possui mais de 400 páginas. Apesar da sua relevância, não é possível em tempo útil analisar
detalhadamente todo o estudo no sentido de se incluir no presente estudo uma apreciação mais completa do mesmo.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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Na primeira parte da apresentação são identificados os objectivos do estudo, a
saber: i) Analisar o potencial de Leiria na implantação de centros comerciais
regionais; ii) Avaliar os potenciais impactos daquele tipo de empreendimentos
em Leiria; iii) Seleccionar, entre três, qual dos empreendimentos melhor serviria
a cidade; iv) Determinar a localização óptima do empreendimento.
Segue-se a metodologia de trabalho, a qual é dividida em três: i) princípios de
referência37; ii) modelo de análise do problema38; iii) métodos, técnicas e fontes
de informação39.
Os autores, com base nas memórias descritivas dos projectos e nos resultados
dos inquéritos, constroem uma lista de critérios para de seguida avaliarem os
três projectos e, dos três, escolherem o empreendimento que melhor serve os
interesses da cidade. Na terceira parte dão-nos conta do potencial de Leiria para
a sua implantação, concluindo que, dos três possíveis, Leiria suporta um ou
dois, consoante o modelo adoptado.
No que concerne aos impactos no centro da cidade e no comércio tradicional, os
autores concluem: i) as “mercearias e os puros alimentares” sentirão efeitos
mínimos; ii) o comércio de artigos pessoais sofrerão uma concorrência
significativa, em particular os comerciantes menos dinâmicos e se o(s)
empreendimento(s) se situar(em) afastado(s) do centro da cidade; iii) reforçam o
37 Onde se destaca a assumpção de que a implantação daquele tipo de empreendimentos gera sempre externalidades
(positivas e negativas) e o prevenir que os resultados do estudo são produto de opções e estão longe de constituir a
“verdade absoluta”.
38 Os atributos dos centros comerciais são confrontados com um conjunto de potencialidades e constrangimentos
(características urbanísticas da cidade de Leiria, perfil da procura e potencial de consumo da região, atributos do tecido
comercial da cidade e, finalmente, imagens e representações dos actores de Leiria), no sentido de se apurarem as
externalidades sobre a cidade de Leiria e a região.
39 Destacam-se os inquéritos elaborados junto de comerciantes e população, o “levantamento do aparelho comercial da
cidade” e as entrevistas com vários “actores da região”.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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emprego na cidade e na região; iv) representam uma excelente oportunidade
para alguns comerciantes se expandirem; v) contribuem fortemente para a
modernização do tecido comercial tradicional; vi) ampliam a influência regional
da cidade.
PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
Contrariamente aos restantes estudos contemplados neste capítulo, a missão
para o estudo era, à partida, muito específica: existe margem para instalar
centros comerciais em Leiria? Em caso de resposta afirmativa, qual ou quais
deveria(m) ser seleccionado(s)? Qual a localização óptima do(s)
empreendimento(s)?
A avaliar pela apresentação, parece estar-se perante um trabalho importante,
bem organizado e estruturado. Ainda assim e, talvez, como sinal disso, as
recomendações são relativizadas e não apresentadas como uma “verdade
absoluta”. Tratando-se de um trabalho completo e, de certa forma, distinto
doutros trabalhos comentados neste capítulo, ainda assim comporta um traço
comum: dicotomia centros comerciais versus comércio tradicional, a qual tem
como pano de fundo, apesar das externalidades positivas mencionadas, a
ameaça de que os centros comerciais destroem o comércio tradicional e,
consequentemente, o centro da cidade.
3.3. Caldas da Rainha
Os dois estudos sobre o comércio constantes deste ponto possuem um cariz
diferente dos apresentados no ponto anterior (3.2), mas também eles são da
máxima relevância para a problemática em análise. Sendo o objecto o comércio
das Caldas da Rainha, serão objecto de escrutínio mais pormenorizado, dando
origem a comentários de vária ordem, à medida que vão sendo apresentados.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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3.3.1. Estudo do Comércio do Centro das Caldas da Rainha (1998)
No âmbito da “(…) constante procura de um comércio tradicional dinâmico e
competitivo (…)” (p. 3), a ACCCRO solicitou um estudo sobre o comércio e
consumo do centro das Caldas da Rainha. Para isso, foram realizados dois tipos
de inquéritos: i) aos comerciantes do centro das Caldas da Rainha (310); ii) aos
consumidores [que frequentam o centro] das Caldas da Rainha (450).
Em relação aos inquéritos aos comerciantes, os autores começam por
apresentar sumariamente o objectivo e a zona de realização dos mesmos,
disponibilizando, desde logo, a listagem das lojas inquiridas – nome, morada,
actividade comercial e actividade económica.
Os resultados dos inquéritos aos comerciantes, após uma (muito) breve nota
explicativa, são apresentados primeiro como valores e depois sob a forma de
gráfico, sem qualquer tratamento e, nalguns casos, sem interpretação prévia. Os
comentários não vão além daquilo que os quadros/gráficos espelham.
Apresentados os resultados, os autores listam os principais. Destacamos,
nomeadamente, o seguinte:
• a fórmula jurídica de 57% dos estabelecimentos era em nome individual,
seguindo-se as sociedades por quotas com 37%;
• 61% dos estabelecimentos possuíam menos de 75 m2 (25% menos de
25 m2);
• apenas 33% dos clientes eram referidos como provenientes das Caldas da
Rainha e 28% nem sequer pertenciam ao Concelho;
• 75% dos entrevistados eram sócios da ACCCRO;
• 89% dos comerciantes actuavam de forma independente;
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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• 73% dos estabelecimentos fechavam para hora de almoço e 77% fechavam
antes das 20 horas;
• os principais entraves ao desenvolvimento de actividades comerciais eram a
concorrência (22%), o poder de compra (22%), o estacionamento (16%) e o
desemprego (12%);
• 68% dos comerciantes não possui ficheiro de clientes;
• existia uma boa receptividade às animações comerciais, embora 53% se
mostrassem indisponíveis para participar activamente na realização das
mesmas (falta de tempo);
• consideravam como principais pontos fortes o comércio tradicional (16%), a
qualidade da oferta (15%), a diversidade (14%) e o facto de ser uma cidade
turística (14%);
• entendiam como pontos fracos o estacionamento (21%), falta de união entre
os comerciantes (19%), excesso de comerciantes (17%) e concorrência
(13%);
• comércio/serviços que faziam falta nas Caldas da Rainha: remodelação do
mercado da fruta (26%), mais comércio na Praça 5 de Outubro (17%) e “fast
food” (12%);
• para a dinamização do comércio preconizavam alterações ao nível do
trânsito e estacionamento (21%), apoios financeiros (12%) e alterações ao
nível das políticas comerciais (12%).
Os autores apresentam ainda estatísticas complementares sobre o perfil do
comerciante; contudo, não tecem qualquer comentário sobre essas estatísticas.
Os autores avançam depois para os inquéritos aos consumidores, apresentando
o objectivo (p. 93) e a zona de realização dos mesmos (p. 95) – cinco pontos,
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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dentro da mesma área definida para a realização dos inquéritos aos
comerciantes.
Antes da apresentação dos resultados, é novamente oferecida uma (muito)
breve nota explicativa sobre os inquéritos e o perfil dos consumidores. Os
resultados são uma vez mais apresentados, primeiro como valores e depois sob
a forma de gráfico, sem tratamento estatístico e, nalguns casos, sem
interpretação prévia.
Entre os resultados apresentados para o inquérito aos consumidores, importa
referir o seguinte:
• Caracterização:
o 64% residia nas Caldas da Rainha e 12% não pertenciam ao Concelho
(um perfil distinto daquele que os comerciantes entendem ser o dos
seus clientes);
o 55% deslocava-se habitualmente a pé, 28% de carro e 15% de
transportes públicos;
o 28% encontrava-se no centro da cidade para ocupar os tempos livres,
27% em trabalho e 23% para realizar compras;
o As seguintes percentagens de inquiridos efectuavam todas as suas
compras no centro das Caldas da Rainha (por tipo de produtos):
� vestuário – 62%
� desporto, lazer e cultura – 58%
� produtos alimentares – 36%
� equipamento para o lar – 34%
� artigos de higiene – 34%
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• “Mercado do Peixe”:
o 53% não frequentava – entre eles, 33% por ser outro membro da
família a ir e 24% por falta de disponibilidade.
o 47% frequentava – entre eles, 46% pelos produtos frescos, 20% por
hábito e 13% por ser único na cidade.
• “Mercado da Fruta”:
o 99% considerava-o necessário – entre eles, 30% por ser tradicional e
20% porque atrai clientes ao centro da cidade;
o em relação à mudança de local, 49% achava uma boa solução, 23%
via aí uma solução para os problemas de higiene e 21% para os
problemas de estacionamento;
o no que concerne aos aspectos negativos da mudança para outro local,
35% apontava a morte do centro da cidade e 29% que seria mau para
o comércio local;
o à pergunta, “então qual a melhor solução?”, 39% defendia a
manutenção do local, enquanto 31% defendia a remodelação
(mantendo a tradição).
• Opinião sobre o comércio no centro da cidade (concorda totalmente,
concorda em parte e discorda totalmente) – opiniões dominantes:
o 53% (totalmente) – existe uma boa diversidade de produtos;
o 51% (totalmente) – os artigos são de boa qualidade;
o 54% (parcialmente) – bom atendimento nas lojas;
o 61% (parcialmente) – preços dos produtos acessíveis;
o 74% (totalmente) – montras atraentes;
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NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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o 55% (parcialmente) – empresas de serviços têm qualidade;
o 59% (parcialmente) – serviços a preços acessíveis;
o 55% (parcialmente) – bom atendimento nos serviços.
• Horários (abertura e fecho):
o 75% considerava-os adaptados às suas necessidades ;
o dos 21% que os consideravam desadequados, 56% era por não ser
possível fazer compras depois do trabalho, 21% por fecharem à hora
de almoço e 10% por fecharem demasiado cedo.
• Melhoria da atractividade do centro da cidade:
o 20% - estacionamento;
o 17% - limpeza e segurança;
o 16% - ruas;
o 13% - trânsito;
o 10% - iluminação pública.
• Comércio e serviços que faltam no centro da cidade:
o 28% - não falta nada;
o 23% - “fast food”;
o 17% - mercado da fruta remodelado;
o 10% - bares abertos até tarde;
o 10% - mais comércio na Praça 5 de Outubro.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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• Animações comerciais:
o 99% concorda que as “animações comerciais” são indispensáveis para
melhorar o ambiente do centro da cidade;
o 49% considera importantes as feiras da Expoeste;
o 90% conhece as animações organizadas pela ACCCRO;
o 67% considera importantes as animações organizadas pela ACCCRO.
Na parte III do trabalho, os autores apresentam as características do comércio
no centro das Caldas da Rainha, efectuando de seguida um conjunto de
recomendações. Os autores vão um pouco mais além no relato das
características do comércio, no sentido de enquadrarem as recomendações. Em
relação a estas últimas destaca-se:
• Principais características do tipo de comércio da zona de intervenção
o Os lojistas das Caldas da Rainha, quando comparados com os
estudados noutras cidades, demonstravam uma apetência para a
constante modificação das lojas; contudo, paradoxalmente, mais de
dois terços não conhecia o PROCOM, um programa de apoio à sua
actividade. Foi recomendado à ACCCRO que tivesse um papel mais
activo na divulgação daquele e de outros programas junto dos seus
associados.
• Constatações sobre o exercício da actividade comercial
o Apesar das respostas dos comerciantes em relação à modificação das
lojas, as montras são consideradas «não atractivas». Acresce que,
muitas delas, usavam a fachada exterior e o passeio para expor
produtos, dando um «aspecto de confusão na loja», que se inicia à
entrada. Apesar de a maioria dos comerciantes não se revelar
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NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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interessada em participar em acções de formação, a ACCCRO foi
aconselhada a realizar pequenas sessões de formação, tendo em vista
a tomada de acções correctivas.
o Alertando para as mudanças ocorridas nos comportamentos de
compra dos consumidores e para o potencial aparecimento de grandes
espaços comerciais, os quais procuram recriar o centro de cidade
dentro de um espaço fechado, transformando em vantagens as
deficiências apresentadas pelos centros das cidades, foi recomendado
que a ACCCRO estabelecesse contactos com vista a facilitar as
relações em “franchisadores” e “vender” a cidade como uma zona
comercial favorável ao bom desenvolvimento de grandes marcas.
o Considerando que a quase totalidade dos comerciantes não
empregava pessoas em “part-time” nem facultava estágios, foi
sugerido à ACCCRO que realizasse uma campanha de divulgação no
sentido de apontar os (potenciais) benefícios, nomeadamente em
termos de custo, flexibilidade e complementaridade que tais
modalidades permitem.
o Os autores mencionam também as vantagens de harmonização da
sinalética das diferentes lojas, no sentido de transmitir uma ideia de
organização, contrária à «confusão» que a realidade à data transmitia.
o A reabilitação de imóveis era apontada como uma prioridade para
melhorar a atractividade do centro da cidade, devendo merecer a
atenção da ACCCRO e dos poderes locais.
o Os comerciantes deveriam melhorar o seu desempenho ao nível do
atendimento, devendo a ACCCRO apostar numa intensa campanha de
divulgação de formação ao nível do atendimento.
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NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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o Ao mencionar o incontornável problema da falta de estacionamento, os
autores sugerem a criação de um sistema que obrigue a uma maior
rotação de veículos [por exemplo, a introdução de (mais)
parquímetros]. Os autores chamam ainda a atenção para a
probabilidade de muitos dos carros que permanecem estacionados no
mesmo sítio, durante todo o dia, pertencerem aos comerciantes ou
trabalhadores na zona. A Câmara, ouvida a ACCCRO, deveria tomar
decisões estratégicas no sentido de solucionar o problema.
o A necessidade de acabar com algum isolamento comercial, através do
reforço do associativismo, no sentido de construir um “futuro colectivo”
da zona comercial. A ACCCRO devia realizar campanhas de
sensibilização nesse sentido.
o Segundo os autores era possível notar ainda alguma falta de
motivação e de dinamismo por parte dos comerciantes. Na verdade,
mencionam um certo estado de passividade dos comerciantes face ao
desenvolvimento crescente das novas formas de distribuição.
o Os autores afirmam que a inexistência de grandes superfícies na
envolvente favorece o pequeno comércio; contudo, alertam que os
acessos estavam à data muito mais facilitados e que rapidamente o
consumidor se deslocaria a Lisboa ou a outra cidade mais próxima.
o Os autores concluem mesmo que existe “(…) um problema de
mentalidade que talvez seja o problema mais urgente a tratar: a
não aceitação da necessidade de mudança.” (p. 177).
• Visão relativa à ACCCRO
o Os comerciantes consideravam que a ACCCRO tem como principal
papel a defesa do sector, cabendo-lhe o papel de fazer crer aos seus
associados, actuais e potenciais, que se trata do organismo
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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fundamental para a dinamização e organização do comércio da zona.
A ACCCRO deveria tomar maior contacto com o comerciante, entrar
no mundo dele, isto é no seu estabelecimento, e aí consultá-lo,
enquadrá-lo e orientá-lo.
• As animações
o As animações são uma maneira de dinamizar a zona, pelo que é
importante saber organizar essas animações, mas, antes disso,
sabê-la comunicar com eficácia junto dos consumidores. A ACCCRO
tem todas as competências e experiências necessárias para manter e
intensificar a dinâmica da sua zona.
Na última parte do trabalho (IV), os autores apresentam as acções primordiais a
desenvolver. Um total de oito páginas funciona como uma súmula das três
partes anteriores, designadamente da parte número III. Os autores concluem
que:
o A zona das Caldas da Rainha ainda está “(…) um pouco protegida das
influências negativas que sofreram outras cidades com várias grandes
superfícies implantadas na sua envolvente; de facto, a Câmara
adoptou uma atitude de certa forma proteccionista relativamente à
implantação de grandes espaços comerciais” (p. 184);
o “Os consumidores apresentam uma certa fidelidade à zona comercial
local com a qual parecem geralmente satisfeitos. Contudo, os fáceis
acessos a outras cidades, tal como Lisboa e certas carências da zona,
provocam inevitavelmente, fugas de consumidores” (p. 184);
o Assim e no sentido de cativar os consumidores, torna-se necessário
adoptar uma atitude de melhoria constante das zonas comerciais, o
que poderá ser conseguido através de três eixos fundamentais:
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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� Melhoria da atractividade do comércio da zona:
• Atendimento;
• Estacionamento;
• Montras e sinalética;
• Propaganda turística;
� Reforço do espírito de associativismo:
• ACCCRO deve cativar os não associados;
• ACCCRO deve levar a cabo acções que acabem com o
isolamento de uma parte significativa dos comerciantes;
• ACCCRO deve procurar mudar a sua imagem de estrutura
administrativa, meramente reivindicativa;
• Melhoria da comunicação entre comerciantes, para que se
vejam como parceiros e não como concorrentes;
• Obtenção de dados mais completos e actualizados sobre a
situação do comércio.
� Dinamização das acções comerciais:
• Animação comercial com oferta de brindes.
PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
Os inquéritos realizados foram trabalhados de forma relativamente insuficiente –
com o elevado número de respostas, teria sido possível ir mais além em termos
quantitativos (até ao nível da estatística descritiva se ficou aquém daquilo que
os dados permitiam). Teria sido útil a apresentação da metodologia usada para
concepção dos inquéritos. Porquê aquelas perguntas – substância e forma? Por
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NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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exemplo, dada a orientação subjacente no estudo, ao perguntar-se “(q)ue
comércio e serviços faltam?”, será que não deveria:
• Reformular-se a pergunta e substituir centro das Caldas da Rainha por
Caldas da Rainha (apesar do título do estudo referir expressamente “centro
das Caldas da Rainha”)?40
• Incluir-se como resposta possível “outras/novas formas de comércio no
centro da cidade?
• Tornar-se possível a resposta “outras/novas formas de comércio na área
limítrofe cidade”?
Em momento algum se menciona ou questiona a representatividade da amostra
dos consumidores inquiridos relativamente à população (actual e potencial) alvo
do comércio e serviços (do centro) das Caldas da Rainha:
• apenas 33% dos clientes dos comerciantes são das Caldas da Rainha,
enquanto a amostra apresentava 64% dos consumidores inquiridos como
sendo da cidade;
• cerca de 30% dos clientes dos comerciantes não pertencem ao Concelho
das Caldas da Rainha, enquanto na amostra dos consumidores inquiridos
eles representam pouco mais de 10%;
• que importância teria para o estudo saber a opinião daqueles que deixaram
ou estão prestes a deixar de ser clientes do comércio e serviços (do centro)
das Caldas da Rainha41?
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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Para além de motivações racionais, para (não) usar o comércio ou serviços (do
centro) das Caldas da Rainha, faria sentido equacionar a inclusão (no inquérito
aos consumidores) de razões subjectivas, como por exemplo “ser moda”, “ser
bem visto pelos pares” ou “(não) ser moderno”.
Ainda assim, entende-se que o diagnóstico elaborado pelo CECOA tem méritos
que não são de menosprezar. Na verdade, algumas das considerações
efectuadas, nalguns casos não sustentadas pelos inquéritos, apontam perigos e
oportunidades comuns a situações noutras cidades e, sem dúvida, pertinentes.
A título de exemplo, algumas carências na zona e a melhoria significativa das
acessibilidades provocam inevitavelmente fugas de consumidores, havendo
necessidade de trabalhar em permanência para os atrair.
3.3.2. URBCOM – Estudo Prévio (2001)
Para além da identificação da entidade promotora (ACCCRO), incluindo as
actividades realizadas em 2001, o estudo começa por apresentar o
enquadramento regional do projecto e a identificação das necessidades de
intervenção nas empresas, a saber:
• Aumentar a competitividade das empresas;
• Aumentar a competitividade do comércio;
• Aumentar e dinamizar o recurso a novas tecnologias nas empresas de
comércio;
• Dinamizar o sector da restauração e turismo.
40 Entendemos que se adoptou uma óptica restritiva. Afinal de contas, o que estava em causa era problematizar a
(sobre)vivência do comércio (do centro) das Caldas da Rainha, a qual é indissociável da evolução de toda a cidade,
incluindo das zonas mais limítrofes.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
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No ponto 5 (objectivos da candidatura ao URBCOM), inclui-se um levantamento
minucioso sobre as áreas de intervenção propostas42, a menção a planos
complementares de desenvolvimento43 e, por fim mas não menos importante, as
potencialidade e debilidades.
• Potencialidades assinaladas
o A notoriedade da cidade é indissociável da cerâmica ou doçaria, mas
também da qualidade dos serviços e produtos de qualidade oferecidos
(vestuário, alimentar, artigos de uso doméstico e profissional, cafés,
pastelarias, restaurantes, etc.).
o A qualidade dos edifícios, nomeadamente pela sua imagem de
conjunto.
o A relevância turística (termas, museus e património arquitectónico de
valor) permitiu viabilizar um número crescente de unidades de retalho e
restauração de elevada qualidade.
o As Caldas da Rainha adquiriu (historicamente) e conseguiu preservar
uma elevada importância regional no contexto da oferta de bens [e
serviços].
o Do ponto de vista urbanístico, a existência de ruas onde a circulação
de peões [se] faz com facilidade e agrado [“pela sua dedicação
exclusiva à circulação a pé, ou pela largura ampla dos passeios”
(p. 81)].
41 Por exemplo, aqueles que, segundo vários testemunhos, vão frequentemente a Lisboa, nomeadamente ao “Centro
Comercial Colombo”.
42 Por rua, com descrição dos estabelecimentos, elegibilidade por actividade e património relevante para o projecto.
43 Plano Estratégico das Caldas da Rainha.
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3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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o Forte presença da actividade retalhista que, segundo os autores, pela
sua “(...) densidade, diversidade e qualidade, permite até falar de um[a]
Capital do Comércio Tradicional” (p. 80).
o O traçado rectilíneo e plano da generalidade dos arruamentos
convidam ao passeio, favorecendo o percurso no interior.
o Apesar de a A8 poder ser vista como uma via de deslocação rápida
“(...) a espaços de consumos apetecíveis (em Lisboa,
designadamente)” (p. 81), por força da imagem global da cidade, a sua
associação a determinados produtos, constitui uma vantagem
inquestionável na competitividade da cidade, com naturais reflexos no
comércio, constituindo “(...) uma mais-valia, do maior significado na
fixação da compra dos residentes e, sobretudo, na atracção de novos
consumidores” (p. 81).
• Debilidades assinaladas
o “Pequenas coisas” [sic], tais como iluminação, arborização, segurança
e mobiliário urbano.
o A falta de estacionamento.
o Imagem de alguns estabelecimentos, os métodos de venda, a
apresentação dos produtos, o mau estado de alguns toldos, falta de
uniformização ao nível da sinalética.
o O estado de alguns prédios, a reclamar restauro (nalguns casos
urgente), bem como a pavimentação de algumas ruas (devendo
melhorar-se a relação entre o automóvel e o peão).
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NAS CALDAS DA RAINHA
3. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE O COMÉRCIO
RELATÓRIO FINAL
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PRINCIPAIS COMENTÁRIOS
Contrariamente à generalidade dos estudos mencionada neste capítulo,
estamos unicamente perante o levantamento do comércio (nas Caldas da
Rainha). O objectivo do mesmo era a candidatura ao URBCOM, que, de resto,
veio a verificar-se ter sido bem sucedida.
O retrato apresentado, por razões óbvias, não vai ser aqui discutido amiúde. A
representação está consideravelmente distante da realidade que o CECOA (em
1998) e nós (em 2006) encontrámos e que é, em muito, parecida com aquilo
que a literatura e os testemunhos informais (incluindo da própria ACCCRO)
demonstram.
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
4.1. Introdução e Enquadramento Histórico
O presente capítulo tem por função enquadrar a problemática definida no
Capítulo 1, desta feita do ponto de vista quantitativo. Para tanto, iremos
proceder à apresentação de variáveis e indicadores fundamentais para a
caracterização demográfica, social e económica que o presente estudo requer.
Na análise económica não incluiremos inicialmente o tecido comercial e sua
composição, pois a relevância desse aspecto merece que o destaquemos, no
sentido de nos facilitar a aferição da inserção de novos espaços comerciais nas
Caldas da Rainha. Contudo, nenhum destes dados fará sentido sem primeiro
fazermos um brevíssimo enquadramento daquilo que é a história das Caldas da
Rainha (e do seu comércio).
Inicialmente fundada em finais do século XIV pela Rainha D. Leonor, a então
vila das Caldas da Rainha transformou-se rápida e substancialmente, com
grande enfoque no primeiro Hospital Termal do Mundo, expandindo-se do ponto
de vista populacional e diversificando as suas áreas de actuação económica.
Em finais do século XIX as Caldas da Rainha constituíam uma verdadeira
estância turística e termal, que contava já com cerca de 20 mil habitantes.
A partir do século XV desenvolveu-se nas Caldas da Rainha a arte e indústria
da cerâmica, como provavelmente em nenhuma outra localidade em Portugal. A
cerâmica das Caldas da Rainha é hoje em dia comercializada um pouco por
todo o país e mesmo fora dele.
A qualidade da fruta produzida e comercializada nas Caldas da Rainha é
também largamente conhecida, reflectindo-se até mesmo no cognome dado à
Praça da República (“Praça da Fruta”), onde esta tradicionalmente se tem
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NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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comercializado. Existem ainda outros produtos que ajudam a compor a imagem
de marca das Caldas da Rainha, tais como a doçaria (ex.: cavacas), que não
assumem só por si, mas sim em conjunto, um papel impulsionador da cidade.
Figura 9 – Imagem de uma Pastelaria Tradicional nas Caldas da Rainha
Neste contexto de desenvolvimento do Turismo Termal, da Cerâmica e dos
Produtos Regionais, cresceu uma verdadeira indústria comercial no seio da
cidade, que chega a atrair consumidores de locais tão afastados como Lisboa.
Mais recentemente, têm sido efectuadas algumas diligências no sentido de
posicionar as Caldas da Rainha como “Capital do Comércio Tradicional”.
Do ponto de vista urbanístico, e citando o Plano Estratégico das Caldas da
Rainha, a cidade encontra-se organizada em torno de “um sistema de ruas e
largos (Praça da Vila, hoje Largo Rainha D. Leonor e Rossio, hoje Praça da
República) articulados por uma via principal, a rua Direita (hoje Rua da
Liberdade)”. É fundamentalmente no espaço do “triângulo” «Praça 25 de Abril –
Largo Conde de Fontalva – Praça da República» que se desenrola a actividade
comercial (tradicional).
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NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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Figura 10 – Representação Gráfica e Algumas Fotografias da Área Onde se
Desenvolve o Comércio Tradicional das Caldas da Rainha
VISTA AÉREA - “triângulo” «Praça 25 de Abril – Largo Conde de Fontalva – Praça da República»
Rua Heróis da Grande Guerra / Rua Almirante Cândido dos Reis
Praça da República
Rua da Liberdade
4.2. Metodologia
Do ponto de vista metodológico, o processo de quantificação patente neste
capítulo teve três fases fundamentais:
• Definição da área geográfica a considerar na análise;
• Pesquisa e recolha de informação;
• Análise e tratamento da informação recolhida.
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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4.2.1. Definição da área geográfica a considerar na análise
A definição da área geográfica a considerar revelou ser uma tarefa algo
complexa: a multiplicidade de factores a ter em conta é elevada44, sendo
necessário conciliar o interesse na obtenção de informação detalhada com a
escassez da mesma (vide 4.2.2).
A definição adoptada tem subjacente a problemática abordada no Capítulo 1,
nomeadamente no que respeita à orientação da investigação (pp. 13-15) e à
revisão da literatura apresentada no Capítulo 2, muito em particular o ponto 2.2
e, dentro daquele, as secções 2.2.2 e 2.2.3. Salienta-se ainda a noção de pólo
de crescimento, introduzida por Perroux (1969), segundo a qual o crescimento
económico é o resultado da propagação de impulsos com epicentro em pólos
(“clusters”).
O impacto de um pólo no desenvolvimento da região dependerá da combinação
dos efeitos de polarização e de difusão. Sendo certo que os recursos existentes
e a capacidade para os aproveitar ou potenciar variam de espaço para espaço,
percebe-se o interesse de compararmos vários espaços ou regiões,
normalmente com recurso a um padrão. O estudo sai valorizado se a análise
estática (onde se avaliam as disparidades no momento) for complementada com
uma análise dinâmica (estimar o valor assumido pela região se evoluir de acordo
com um determinado padrão). Por fim, note-se que a delimitação das áreas a
estudar, como é habitual, é um trabalho fundamentalmente orientado pelos
objectivos que se pretendem atingir, pois são esses objectivos que irão
44 Relembra-se que em 2.2.1 o espaço económico foi apresentado como multidimensional, que a par de variáveis
puramente económicas (ex.: poder de compra), obriga também a considerar factores, nem sempre de fácil quantificação,
como sejam de índole social (ex.: níveis de solidariedade social), de natureza física (ex.: condições climatéricas) ou de
cariz histórico (ex. a própria importância histórica).
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NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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determinar as características que interessa destacar nos espaços elementares a
agregar.
Como se perceberá mais adiante, optou-se por efectuar a análise em diversos
níveis, do geral para o específico:
Unidade de Análise Tipo de Análise Direcção da Análise
Portugal Macro
Distritos
Pólos Meso
Concelhos Micro
Assim, a definição e selecção de “pólos” como elemento de análise teve por
base uma lógica de compreensão da expressão geopolítica das Caldas da
Rainha no contexto regional, segundo a qual se pode argumentar que os
grandes concorrentes das Caldas da Rainha ao nível do comércio são os
centros urbanos mais próximos e de maior relevo - Leiria, Santarém e Torres
Vedras -, na medida em que:
• Os eixos principais de acesso às Caldas da Rainha são a A8 e a A15, eixos
esses que também servem os centros acima referidos – com “epicentro” nas
Caldas da Rainha temos Leiria a Norte [A8], Santarém a Este [A15] e Torres
Vedras a Sul [A8];
• Os consumidores45 são atraídos para determinadas localizações comerciais
não só por questões de proximidade, ou duração da viagem até ao local de
45 Não só os residentes nos Concelhos respectivos, mas também nos Concelhos envolventes. Como se referiu em 2.2.1,
o espaço não é neutro do ponto de vista da localização das actividades económicas e o conceito de contiguidade
(continuidade) entre os espaços tem sido considerado como um factor favorável à expansão das actividades
económicas.
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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consumo, mas também por questões comportamentais, muitíssimo mais
complexas, que justificam, por exemplo, uma deslocação pela “novidade”,
pela arquitectura urbanística da superfície comercial, ou pela simples
atracção de um local mais cosmopolita do que aquele que habitam46;
• Um Concelho não é estanque para os cidadãos que ali habitam, mas antes
um sistema aberto, que comunica, antes de mais, com os Concelhos
adjacentes, e posteriormente com outras localizações, dependendo de
factores diversos, nomeadamente das vias de comunicação.
46 Refira-se a este propósito, e ainda no âmbito da economia regional e urbana, que a distância tem vindo a perder
alguma importância relativa. Actualmente, valoriza-se também a capacidade de relacionamento entre as actividades e os
agentes, independentemente da distância, de tal forma que o espaço económico se foi tornando cada vez menos um
espaço de lugares e cada vez mais um espaço de relações.
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NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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O conceito tradicional de área de influência de uma unidade comercial - ou de
um conjunto de pequenas unidades comerciais (como seja o comércio
tradicional do centro da cidade) - depende da distância (a pé ou de carro) entre
a unidade comercial e os potenciais clientes; contudo, como ficou demonstrado,
a área de influência depende realmente de uma grande variedade de factores,
que procurámos incorporar na nossa definição de “pólos”.
Desta forma, atendendo à linha de raciocínio acima exposta, considerando não
só o parque comercial instalado no local, mas também em redor, considerando a
localização do centro urbano no contexto do próprio Concelho onde se insere e
considerando ainda as acessibilidades ao mesmo, definiram-se os seguintes
pólos de análise:
• Pólo 1 – Caldas da Rainha – composto pelos Concelhos de Alcobaça,
Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche
e Rio Maior;
• Pólo 2 – Leiria – formado pelos Concelhos de Alcobaça, Batalha, Leiria,
Marinha Grande, Nazaré e Porto de Mós;
• Pólo 3 – Santarém – constituído pelos Concelhos de Almeirim, Alpiarça,
Cartaxo, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém47;
• Pólo 4 - Torres Vedras – composto por Alenquer, Arruda dos Vinhos,
Bombarral, Cadaval, Lourinhã, Mafra, Sobral de Monte Agraço e Torres
Vedras.
47 A zona de Torres Novas / Entroncamento, pela dinâmica que possui hoje em dia, pode ser considerada como um pólo
em si mesma (não fazendo por isso parte do pólo 3). Considerou-se não competir directamente com as Caldas da
Rainha por não ser servida pelas mesmas vias rodoviárias.
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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Como se pode constatar, em alguns casos, um Concelho faz parte de mais do
que um pólo, contribuindo para a ideia que haverá áreas que poderão ser
igualmente cativadas por diferentes centros, pelo que a influência efectiva
dependerá do vigor da capacidade de atracação que, em cada momento, o
(centro de cada) pólo tiver.
Figura 11 – Representação Gráfica dos Pólos Considerados na Análise
Pólo 1 – Caldas da Rainha
Pólo 2 - Leiria Pólo 3 - Santarém Pólo 4 – Torres Vedras
Naturalmente, a definição dos pólos constitui uma simplificação da realidade,
que, para efeitos do presente estudo, se torna numa necessidade, com vista à
elaboração da análise pretendida48. Entendemos, contudo, que essa
simplificação é preferível a uma análise de pontos isolados que não permite
nivelar os valores recolhidos de forma a estabelecer comparações sólidas.
48 Em abono da verdade, qualquer categorização, do que quer que seja (plantas, animais, classes sociais, etc.), é
sempre uma simplificação (indispensável), sem a qual perceberíamos muito menos da realidade.
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4.2.2. Pesquisa e recolha de informação
Processo
A pesquisa da informação quantitativa disponível foi feita essencialmente
através da Internet. A equipa de trabalho começou por efectuar uma
identificação da informação disponível e das suas diversas fontes, listando mais
de 150 elementos relevantes para o presente estudo.
De seguida, procedeu-se à recolha física ou electrónica desses elementos.
Algumas fontes acabaram por assumir forte protagonismo, como é o caso do
INE, por razões óbvias, e do Observatório do Comércio ou da DGE,
protagonismo esse que se justifica naturalmente pelo facto de serem essas três
entidades as responsáveis pelo tratamento estatístico dos dados relativos ao
comércio no nosso país.
A informação fornecida pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha, pela
ACCCRO e pela AIRO foi determinante na caracterização da realidade do
comércio do Concelho das Caldas da Rainha.
A Cushman & Wakefield, disponibilizou informação preciosa sobre os Centros
Comerciais em Portugal e na Europa.
Finalmente, outras fontes de menor destaque foram também importantes na
percepção da problemática em causa: a imprensa local é disso um bom
exemplo.
Limitações da Informação
Como se referiu no Capítulo 1, entre as insuficiências ou deficiências da
informação, deve proceder-se à distinção entre as que são impeditivas dos
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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estudos e as que são (“somente”) limitativas dos mesmos. No que concerne a
este estudo, as primeiras foram tratadas no Capítulo 1, sendo as últimas
abordadas de seguida49.
No nosso estudo procurámos obter a melhor combinação entre a qualidade da
informação disponível, a quantidade da mesma e o tempo necessário para a
obter e processar. Apesar da qualidade de uma boa parte da informação
recolhida, designadamente no que diz respeito à análise demográfica e social,
cumpre deixar uma ressalva para que o leitor possa interpretar com a cautela
devida os valores apresentados neste capítulo, cuja fiabilidade depende,
obviamente, da solidez da informação que lhe está subjacente.
Em relação à informação estatística nacional, não deixa de ser curioso notar que
o INE disponibiliza retratos territoriais por NUTS cujo valioso conteúdo não é
inteiramente reflectido nos retratos territoriais por Distritos, que também publica.
Assim, indicadores tão fundamentais como a taxa de desemprego estão
disponíveis por exemplo para o Concelho da Marinha Grande, mas não para o
Distrito de Leiria. Para levar a cabo uma análise exaustiva e equilibrada, tivemos
de recorrer em diversas ocasiões à construção de indicadores com base nos
Concelhos, agrupando-os depois nas unidades distritais correspondentes.
No que respeita à informação sobre as UCDR e os Centros Comerciais,
segundo pudemos apurar junto da DGE, a informação disponível padece de
algumas insuficiências que se prendem com:
49 Relembra-se que as limitações da informação (quantidade e qualidade) são objecto de menção cuidada na
generalidade dos estudos a que aludimos no Capítulo 3. Marques et al. (2001), por exemplo, que apresentam um
trabalho de síntese de alguns dos estudos desenvolvidos no interior do Observatório do Comércio, realçam, desde logo,
que o relatório não é simétrico ou equilibrado, porque em determinadas áreas a informação é mais pobre, noutras os
trabalhos desenvolvidos foram mais aprofundados, etc.
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NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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• A terminologia e definição de UCDR e Centro Comercial, bem como a
dificuldade que por vezes existe em enquadrar uma determinada unidade
numa dada categoria (por exemplo existem conjuntos comerciais que não
reúnem as condições necessárias para serem considerados centros
comerciais, como é o caso das galerias inseridas em edifícios urbanos)50.
• A alteração legislativa ocorrida em 2004 (entrada em vigor da Lei 12/2004,
de 30 de Março), que provocou na prática uma descontinuidade na forma
como a informação é compilada pela DGE. Partindo da listagem de UCDR
em funcionamento em Julho de 2004, poder-se-ia acrescentar as UCDR que
foram autorizadas entretanto com vista a obter o número de UCDR em
funcionamento hoje. Contudo, existe ainda um conjunto de outras UCDR
que já estavam autorizadas e que poderiam ou não entrar em
funcionamento, dependendo de opções dos promotores ou de outras
entidades. Não tendo sido feito um acompanhamento das unidades que de
facto entraram, ou não, em funcionamento, com base nesta informação
torna-se impossível determinar quantas UCDR existem hoje ao certo.
• A extinção do Observatório do Comércio, entidade que se dedicava em
exclusivo ao estudo do comércio em Portugal e que efectuou recolhas de
informação de grande relevância, mas que não tiveram seguimento.
Assim, de acordo com os esclarecimentos que nos foram prestados, seria
necessário efectuar um levantamento integral para o país, no sentido de se
apurar com rigor quantas UCDR e quantos Centros Comerciais existem de facto
em Portugal.
50 Vide, por exemplo, Cachinho (1991).
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NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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Possivelmente com vista a dar resposta a esta lacuna na informação disponível,
o INE lançou recentemente um inquérito junto das Administrações de 800
Centros Comerciais, que será seguido de um questionário idêntico às UCDR.
Contudo, prevê-se que os primeiros resultados não estejam disponíveis antes
do primeiro semestre de 2007.
Relativamente à informação sobre o tecido comercial, são sobejamente
conhecidas as dificuldades de um levantamento sem recurso a um censo. A
informação do INE padece muitas vezes da ausência de registos completos,
nomeadamente no que concerne aos encerramentos. A informação constante
do Cadastro Comercial, da DGCC, sofre das mesmas insuficiências e, a
acrescer a esse facto, é bastante antiga.
A informação das Páginas Amarelas é mais actualizada, mas não deixa de
contemplar apenas as empresas que aderem ao serviço telefónico. Hoje em dia
é possível obter dados em formato digital, o que permite eliminar dados
duplicados, identificar com um grau de precisão razoável a actividade da
empresa e consolidar a informação por localidade, através do recurso ao código
postal. Por esta razão, a base de dados das Páginas Amarelas foi também
importante na caracterização do tecido comercial.
4.2.3. Análise e tratamento estatístico da informação recolhida
A análise dos dados obtidos foi efectuada numa óptica em que o Concelho é o
denominador comum aos vários indicadores, sempre que a informação esteja
disponível51. Desta forma, tornou-se possível o agrupamento dos diversos
Concelhos em unidades superiores (Pólos ou Distritos) conforme necessário.
51 Nos casos em que tal se justificou, e sempre que existiu informação disponível de qualidade, investigaram-se também
os valores para as freguesias do Concelho das Caldas da Rainha.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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A apresentação da informação tratada será então feita tendo em conta as
unidades de agrupamento a que as Caldas da Rainha pertence e as
comparações que se pretendem estabelecer:
• Portugal (ou Portugal Continental);
• Distrito de Leiria (eventuais comparações com outros Distritos, se aplicável);
• Pólo 1 (eventuais comparações com outros Pólos, se aplicável);
• Caldas da Rainha (Concelho) + Óbidos (Concelho);
• Caldas da Rainha (Concelho).
4.3. Análise Demográfica
A análise demográfica assume particular importância neste estudo, visto que a
actividade comercial de um estabelecimento assenta fundamentalmente no perfil
do consumidor que habita na sua área de influência. Por essa razão, importa
compreender que características e tendências evolutivas apresenta a população
do nosso país, bem como a população residente em cada um dos pólos acima
identificados e, naturalmente, a população das Caldas da Rainha.
4.3.1. Evolução da População
De acordo com o INE (2005_a), a evolução demográfica recente em Portugal
aponta algumas tendências, as quais que poderão ser resumidas da seguinte
forma:
• Existe um crescimento contínuo da população, tendo o ritmo acelerado a
partir do final dos anos noventa, para se tornar mais lento em 2004;
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 96 -
• Há mais de vinte anos que a fecundidade é baixa, com um nível inferior ao
exigido para substituir as presentes gerações de pais, ou seja, cerca de 2,1
crianças por mulher;
• A esperança de vida conhece ganhos significativos, sobretudo entre os
homens, embora continua a ser mais elevada nas mulheres;
• Desde 2000 que a proporção de pessoas idosas excede a de população
jovem;
• O declínio da mortalidade infantil e adulta, a maior autonomia da mulher, a
dificuldade em conciliar vida familiar e profissional, bem como a maior
acessibilidade a métodos contraceptivos seguros são factores que pesam na
decisão de ter filhos e no seu espaçamento;
• O filho único é a opção predominante;
• A maternidade depois dos trinta é mais frequente;
• As projecções do INE apontam para a diminuição da população e para a
progressão do fenómeno do envelhecimento;
Estas tendências são um pouco extensíveis a todo o território, sendo certo que
os fenómenos de migração para o litoral e centros urbanos fornecem
perspectivas diferentes para cada área geográfica, como teremos oportunidade
de verificar de seguida.
Entre 1991 e 2002, a população residente em cada uma das áreas em análise,
com excepção do Pólo 3, denotou um crescimento mais acelerado do que
aquele que se verificou para o total do país:
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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Figura 12 – Taxas de Crescimento da População Residente (Total) – 1992-2002
LEIRIA - Distrito
Pólo 4
Caldas + Óbidos
Caldas da Rainha
PORTUGAL
Pólo 1
Pólo 2
Pólo 3
-0,25
0,25
0,75
1,25
1,75
2,25
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Fonte: INE – Cálculos dos autores
Ao nível do Pólo1, o crescimento superior ao do país só se confirma nos últimos
2-3 anos, muito embora Caldas da Rainha + Óbidos52 e Caldas da Rainha
tenham características muito mais dinâmicas ao longo do período analisado.
Esta observação confirma a aplicabilidade às Caldas da Rainha da tendência
acima enunciada de concentração da população nos centros urbanos, para além
de fornecer uma indicação de que as Caldas da Rainha continuam a ser um
local atractivo para a fixação da população.
Um outro aspecto a salientar é o comportamento destacado do Pólo 4. Com
particular aceleração a partir de 1995-6, a zona de Torres Vedras tem conhecido
um crescimento da população largamente acima do verificado para o país, o que
52 Por vezes, somente “Caldas + Óbidos”, ou mesmo “CR + Óbidos”.
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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sugere que, entre outros factores, a proximidade da capital motiva a fixação da
população naquela zona.
Tendo em conta a base de partida ao nível da densidade populacional já
existente (vide Secção 4.3.2.), bem como a desaceleração genérica do
crescimento da população do país a partir de 2004, as tendências sociais que
apontam para uma concentração cada vez maior em torno dos centros urbanos,
e ainda a potencial implantação do novo aeroporto na Ota, é expectável que a
posição relativa das taxas de crescimento da população se mantenha, isto é,
que o Pólo 4 continue a demonstrar maior dinâmica demográfica na próxima
década.
Para além disso, dentro de cada pólo, é expectável que os concelhos mais
urbanos continuem a apresentar uma evolução fundamentalmente diferente da
dos concelhos rurais, caracterizada por uma maior fixação da população nas
áreas urbanas (especialmente por parte das camadas mais jovens da
população), consequência da oferta de melhores condições de vida e de
conforto.
Relativamente ao Concelho das Caldas da Rainha, o “Plano Estratégico das
Caldas da Rainha” (1, Capítulo II, Secção 3, p. 23) refere que “(a) previsão
populacional para 2011, que consta do Relatório do PDM das Caldas da Rainha
(33 199 habitantes para a cidade das Caldas da Rainha e 57 190 habitantes
para o conjunto do concelho), deve ser entendida como uma referência e não
como um dado objectivo. Este cenário pressupõe um ritmo de desenvolvimento
económico e social muito forte na próxima década, pois corresponde a manter
nesse período uma taxa de crescimento global de 17%, valor que é cerca de
30% superior à taxa de crescimento da década 1991-2001 (…)”.
A previsão, a confirmar-se, constituiria um importante factor de atracção de
unidades comerciais para as Caldas da Rainha, já que sugere um público-alvo
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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com forte tendência para o crescimento, consolidando os níveis de mercado já
existentes.
4.3.2. Densidade Populacional
A densidade populacional nas áreas analisadas é superior à média do país, com
excepção do Pólo 3, em confirmação da tendência para a fixação das
populações no litoral (o Pólo 3 é efectivamente o mais distante da orla costeira,
de entre as zonas definidas nesta análise).
Figura 13 – Densidade Populacional (Habitantes por Km2) – 2004
50
100
150
200
250
300
LEIR
IA-
Dis
t
Pól
o 1
Pól
o 2
Pól
o 3
Pól
o 4
Cal
das
+Ó
bido
s
Cal
das
daR
ainh
a
Portugal
Fonte: INE – Cálculos dos autores
Entre os Concelhos que incorporam a análise até este momento, existem
apenas 5 com uma densidade populacional superior a 200 habitantes por Km2,
um dos quais é o das Caldas da Rainha.
Tabela 1 – Concelhos com Densidade Populacional mais Elevada (Habitantes por
Km2) – 2004
Peniche 363,17
Leiria 220,48
Mafra 212,61
Marinha Grande 203,24
Caldas da Rainha 201,01 Fonte: INE
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 100 -
Como seria de esperar, no Concelho das Caldas da Rainha verifica-se uma
concentração substancial da população nas duas freguesias mais urbanas
(N. Senhora do Pópulo e Santo Onofre), onde as densidades populacionais se
situam acima dos 1000 habitantes por Km2.
Tabela 2 – Densidade Populacional e Demográfica do Concelho das Caldas da
Rainha - 2001
FREGUESIA Área Total (Km2)
População Residente
Densidade Populacional
Nº de Edifícios
Densidade Urbanística
A dos Francos 20 1.797 91 872 44
Alvorninha 38 3.123 83 1.544 41
N. Senhora do Pópulo 12 14.453 1.175 2.920 237
Santo Onofre 9 10.775 1.166 1.798 195
Carvalhal Benfeito 14 1.339 96 554 40
Coto 6 1.135 204 483 87
Foz do Arelho 9 1.223 130 824 88
Landal 10 1.144 113 546 54
Nadadouro 10 1.422 146 808 83
Salir de Matos 24 2.428 100 1.215 50
Salir do Porto 10 770 78 491 50
Santa Catarina 20 3.282 164 1.425 71
São Gregório 14 907 64 474 34
Serra do Bouro 18 720 40 509 28
Tornada 20 3.150 161 1.430 73
Vidais 22 1.178 53 668 30
Concelho 256 48.846 191 16.561 65
(Residentes por Km2) (Edifícios por
Km2) Fonte: INE
No que respeita à estrutura etária da população, como foi referido na Secção
4.3.1, verificou-se um acentuado envelhecimento da população na última
década, que é extensível a todas as áreas analisadas. Mesmo no caso do
Pólo 2, o único com um índice de envelhecimento53 inferior à média do país,
deu-se um aumento de mais de 30 pontos no índice.
53 O índice de envelhecimento é calculado da seguinte forma: [nº de residentes com idade igual ou superior a 65 anos]
/ [nº de residentes com idade igual ou inferior a 14 anos] x 100.
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 101 -
Do ponto de vista das posições relativas dos pólos em análise, manteve-se o
Pólo 2 como o mais jovem e o Pólo 3 como o mais envelhecido; contudo, deu-se
uma troca de posições entre o Pólo 1 e o Pólo 4, sendo este mais jovem hoje
em dia. Significa isto que o crescimento da população se deu de forma
diferenciada na zona das Caldas da Rainha e na zona de Torres Vedras, tendo
esta última mantido uma estrutura etária mais ajustada àquilo que é desejável
do ponto de vista demográfico (e económico).
4.3.3. Estrutura Etária
Figura 14 - Índice de Envelhecimento: 1991 vs. 2004
50
75
100
125
150
PO
RT
UG
AL
LEIR
IA -
Dis
trito
Pól
o 1
Pól
o 2
Pól
o 3
Pól
o 4
Cal
das
+Ó
bido
s
Cal
das
daR
ainh
a
Índice de Envelhecimento 1991 Índice de Envelhecimento 2004 Fonte: INE - Cálculos dos autores
O traço comum a todos as áreas em análise é a existência de uma fatia de cerca
de 55% da população entre os 25 e os 64 anos, população essa que será
maioritariamente activa e com poder de compra mais elevado que qualquer dos
outros escalões. Assim e tendencialmente, a população afigura-se um
público-alvo interessante para a actividade comercial.
Ao analisarmos o saldo natural, verifica-se que o Pólo 1 e o Pólo 3 se
distinguem dos outros pólos e do país por apresentarem valores negativos, ou
seja, segundo os dados mais recentes, a taxa de mortalidade é superior à taxa
de natalidade nestas áreas. Para além disso, embora o saldo natural nas Caldas
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 102 -
da Rainha seja positivo, no conjunto formado com Óbidos verifica-se
precisamente o inverso – a influência (negativa) de Óbidos é evidente.
Figura 15 – Taxa de Natalidade e Taxa de Mortalidade - 2004
50
70
90
110
130
150
Pólo 1 Pólo 2 Pólo 3 Pólo 4
Taxa de Natalidade Taxa de Mortalidade
Tx. Nat. PORTUGAL Tx. Mort. PORTUGAL
9
10
11
12
13
LEIRIA -Distrito
Pólo 1 Pólo 2 Pólo 3 Pólo 4 Caldas+
Óbidos
Caldasda
Rainha
Fonte: INE - Cálculos dos autores
Esta situação deverá ser uma fonte de preocupação na medida em que, se não
for invertida, significará em primeira instância uma redução da população activa,
com todas as consequências que poderão resultar numa real perda de
capacidade económica nestes pólos. Em última instância, a continuidade deste
tipo de desequilíbrio é conducente, a longo prazo, à desertificação da zona onde
ocorre. Assim, é fundamental e urgente encontrar factores de fixação, primeiro,
e atracção, depois, da população jovem nestes locais, num futuro muito próximo,
de forma a manter o equilíbrio na pirâmide etária.
4.4. Análise Social
4.4.1. Desemprego
O desemprego é, sem dúvida, uma das principais questões com que o país se
tem debatido. A taxa de desemprego tem vindo a aumentar, sendo que dentro
da presente análise (1991 vs. 2001), apenas o Pólo 4 conseguiu sensivelmente
estabilizar os níveis de desemprego na última década. Entre as várias áreas de
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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análise, o Pólo 3 apresentava (em 1991 e em 2001) a taxa de desemprego mais
elevada – em 2001 superava mesmo a média nacional. O desempenho do
Pólo 1 é também relativamente pobre, na medida em que a taxa de desemprego
subiu 1,26%, ou seja, quase o dobro da média nacional, que aumentou 0,7%. As
Caldas da Rainha evidenciam também um aumento substancial da taxa de
desemprego – de 4,7% em 1991 para 6,5% em 2001.
Figura 16 – Variação percentual da Taxa de Desemprego – 1991 vs. 2001
3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00
Pólo 1 Pólo 2 Pólo 3 Pólo 4
Taxa de Desemprego 1991 Taxa de Desemprego 2001
PORTUGAL 1991 PORTUGAL 2001
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
LEIRIA -Dist
Pólo 1 Pólo 2 Pólo 3 Pólo 4 CR +Óbidos
Caldasda
Rainha
Fonte: INE - Cálculos dos autores
4.4.2. Analfabetismo
Ao nível do analfabetismo verifica-se que, de uma forma genérica, este tem
vindo a ser combatido (1991 vs. 2001), com resultados visíveis no país e, muito
em particular, na generalidade das áreas de análise em referência. Contudo e
pese embora a boa evolução, continuam a registar-se níveis de analfabetismo
superiores à média do país. Este indicador de desenvolvimento poderá ser
importante para a fixação de empresas ou projectos nestas áreas, visto que
constitui um sinal da qualificação dos recursos humanos e, consequentemente,
da força de trabalho disponível. Assim, e no sentido de aumentar a
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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competitividade e atractividade, as áreas em referência terão que efectuar um
esforço efectivo para, a breve trecho, inverterem a situação.
Figura 17 – Variação percentual da Taxa de Analfabetismo – 1991 vs. 2001
-
5,00
10,00
15,00
20,00
Pólo 1 Pólo 2 Pólo 3 Pólo 4
Taxa de Analfabetismo HM, em 1991 Taxa de Analfabetismo HM, em 2001
PORTUGAL 1991 PORTUGAL 2001
8
10
12
14
16
18
LEIRIA -Distrito
Pólo 1 Pólo 2 Pólo 3 Pólo 4 CR +Óbidos
Caldas daRainha
Fonte: INE - Cálculos dos autores
4.4.3. Criminalidade
Para completarmos a análise social efectuamos uma breve apreciação da taxa
de criminalidade nas áreas em análise. Como seria previsível, esta é superior
nos locais com maior densidade populacional (vide 4.3.2). Por outro lado, ela
tende a ser superior à média nacional, pelo que também aí existe um trabalho
efectivo a desenvolver.
Os níveis de criminalidade no Pólo 1 são os mais elevados dos quatro pólos em
análise, ainda que as diferenças não sejam significativas. Atendendo a que a
criminalidade pode ter um efeito dissuasor quer em relação a empresas quer em
relação a indivíduos, na ponderação da localização dos seus negócios e
residências, respectivamente, este é um aspecto a considerar e colmatar.
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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Figura 18 – Taxa de Criminalidade - 2004
20
30
40
50
LEIRIA -Dist.
Pólo 1 Pólo 2 Pólo 3 Pólo 4 Caldas +Óbidos
Caldasda
Rainha
Portugal Fonte: INE - Cálculos dos autores
4.5. Análise Económica
4.5.1. Estrutura Sectorial
Neste ponto procuramos desenhar o panorama do tecido económico das
regiões que temos vindo a caracterizar. Para tal, analisamos dados recolhidos
de acordo com as seguintes secções da CAE:
• A – Agricultura, produção animal, caça e silvicultura
• B – Pesca
• C – Indústrias extractivas
• D – Indústrias transformadoras
• E – Produção e distribuição de electricidade, de gás e de água
• F – Construção
• G – Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e
de bens de uso pessoal e doméstico
• H – Alojamento e restauração
• I – Transportes, armazenagem e comunicações
• J – Actividades financeiras
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
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• K – Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas
• M – Educação
• N – Saúde e acção social
• O – Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais
De seguida apresentamos os resultados obtidos em função de três vectores:
• Número de Empresas;
• Pessoal ao Serviço;
• Volume de Negócios.
No que diz respeito à estrutura empresarial, a proporção de empresas cuja
actividade principal se insere na Secção G (comércio) varia apenas de forma
ténue – entre 31% (Pólo 1) e 34% (Portugal, Pólo 2 e Pólo 3). Assim, é no
Pólo 1 (mais marcado pelo sector primário) que se verifica a menor densidade
de sociedades ligadas ao comércio, muito embora essa densidade seja de 33%
para o Concelho das Caldas da Rainha.
Figura 19 – Número de Empresas (por Concelho da Sede), segundo a CAE - 2003
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
PO
RT
UG
AL
LE
IRIA
- D
istr
ito
Pó
lo 1
Pó
lo 2
Pó
lo 3
Pó
lo 4
CR
+ Ó
bid
os
Ca
lda
s d
a R
ain
ha
CAE A+B
CAE C
CAE D
CAE E
CAE F
CAE G
CAE H
CAE I
CAE J
CAE K
CAE M a O
Fonte: INE - Cálculos dos autores
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4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 107 -
Relativamente ao número de pessoas ao serviço por tipo de actividade,
verifica-se que a proporção de pessoas dedicadas à Secção G (comércio) varia
entre 22% e 26% nas áreas sob análise, pelo que as Caldas da Rainha e zona
envolvente apresentam uma estrutura bastante semelhante à do país. O mesmo
se verifica nas restantes Secções, excepto no caso concreto das Caldas da
Rainha, onde, naturalmente por se tratar de um centro urbano, assumem maior
preponderância as actividades ligadas à prestação de serviços.
Figura 20 – Pessoal ao Serviço, segundo a CAE - 2003
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
PO
RT
UG
AL
LE
IRIA
- D
istr
ito
Pó
lo 1
Pó
lo 2
Pó
lo 3
Pó
lo 4
CR
+ Ó
bid
os
Ca
lda
s d
a R
ain
ha
CAE A+B
CAE C
CAE D
CAE E
CAE F
CAE G
CAE H
CAE I
CAE J
CAE K
CAE M a O
Fonte: INE - Cálculos dos autores
Já em termos do volume de negócios, o equilíbrio anteriormente descrito não se
verifica. Enquanto que na média do país a Secção G representa 39% do volume
de negócios, nas Caldas da Rainha representa 54% (45% no Pólo 1). Tendo em
conta os níveis apresentados para os outros dois indicadores, somos levados a
concluir que nas Caldas da Rainha (e no Pólo 1) a rentabilidade relativa do
comércio é superior à do comércio nas outras zonas.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 108 -
Figura 21 – Volume de Negócios das Empresas (por Concelho da Sede), segundo
a CAE - 2003
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
PO
RT
UG
AL
LE
IRIA
- D
istr
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Pó
lo 1
Pó
lo 2
Pó
lo 3
Pó
lo 4
CR
+ Ó
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Ca
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s d
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ain
ha
CAE A+B
CAE C
CAE D
CAE E
CAE F
CAE G
CAE H
CAE I
CAE J
CAE K
CAE M a O
Fonte: INE - Cálculos dos autores
4.5.2. Poder Económico
Como medida do poder económico seleccionámos o Índice do Poder de
Compra, tal como definido pelo INE54. Nesta análise incluímos todos os Distritos
de Portugal (legendados com letras maiúsculas), conjuntamente com as
restantes unidades que temos vindo a analisar ao longo deste estudo, com vista
a obter uma panorâmica global do país.
54 Um número índice que compara o poder de compra regularmente manifestado nos diferentes concelhos e regiões, em
termos per capita, com o poder de compra médio do País a que foi atribuído o valor 100. Para uma visão integrada do
poder de compra no país, vide Anexo 7.1.
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Figura 22 – Índice do Poder de Compra - 2004
40
50
60
70
80
90
100
110
120
VIS
EU
VIL
A R
EA
L
BR
AG
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GU
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CA
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o 2
SE
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Cal
das
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a
LIS
BO
A
Fonte: INE
Na figura supra são claramente visíveis algumas realidades que merecem
destaque:
• O Distrito de Lisboa é o único que apresenta um poder de compra superior à
média do País (100), sendo Leiria o 7º Distrito com maior Índice do Poder de
Compra no país;
• Todos os pólos presentes na nossa análise surgem à direita do gráfico,
indicando poderes de compra superiores àqueles que se verificam na maior
parte do território nacional.
• O Concelho das Caldas da Rainha apresenta o segundo valor mais elevado
da nossa amostra – 96,06 – o que sugere um forte poderio económico
naquele Concelho. Esta suposição vem confirmada pelos valores
apresentados na Tabela 3: dentro do Distrito de Leiria, o Concelho das
Caldas da Rainha é aquele que denota maior poder de compra,
ultrapassando inclusivamente o próprio Concelho de Leiria.
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Tabela 3 – Índice do Poder de Compra nos Concelhos do Distrito de Leiria - 2004
Concelho IpC Concelho IpC
Caldas da Rainha55 96,06 Bombarral 68,65
Marinha Grande 94,50 Óbidos 67,23
Leiria 93,95 Pombal 67,01
Nazaré 80,99 Castanheira de Pêra 62,30
Batalha 77,72 Ansião 60,96
Alcobaça 76,65 Alvaiázere 57,70
Peniche 74,44 Pedrógão Grande 55,72
Porto de Mós 70,31 Figueiró dos Vinhos 53,89
4.5.3. Imobiliário
O mercado de espaços comerciais nas Caldas da Rainha não difere muito
(características, especificidades e comportamento) do de outras cidades
comparáveis, particularmente em termos de dimensão: a zona “prime” comercial
é relativamente pequena, abrangendo por vezes não mais do que uma ou duas
ruas. É ali que se registam os valores de transacção mais elevados e, em muitos
casos, os imóveis não chegam a estar no mercado, pois não existem espaços
disponíveis para a procura existente. Os potenciais interessados nestas zonas e
espaços comerciais aqui localizados são tendencialmente compradores com
forte poder aquisitivo, disponíveis para pagar a exposição e visibilidade que
necessitam e a sua marca ou imagem exige.
De acordo com uma prospecção de mercado realizada, os preços de venda
mais elevados foram encontrados na dita zona “prime” da cidade, para um
55 No conjunto dos 308 Concelhos do país, as Caldas da Rainha posicionam-se em 33º lugar no que diz respeito a poder
de compra, ou seja, cerca de 89% dos Concelhos possuem um poder de compra inferior ao das Caldas da Rainha.
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intervalo de áreas entre os 15m2 e os 40m2, ou seja, em espaços relativamente
pequenos: 6.300€/m2 (loja com 15m2) e 4.125€/m2 (loja com 40m2). É admissível
que possam transaccionar-se imóveis a valores unitários superiores mas, como
se referiu anteriormente, os compradores e as suas motivações de compra
concorrem para que as transacções nem sempre se realizem em mercado
efectivo e aberto. Fora da zona comercial por excelência, mas ainda em
localizações interiores à cidade, o intervalo médio de preços pedidos
posiciona-se entre os 1.000€/m2 e os 2.000€/m2, ou seja, um intervalo de preços
aceitável e esperado, dadas as características do mercado local.
A lei do arrendamento deverá ter um impacto significativo nos preços praticados
nas Caldas da Rainha, como de resto pelo país fora, visto que permite que a
ocorrência de um trespasse dê origem à revisão da renda para preços de
mercado. Assim, os valores dos trespasses anteriormente praticados deverão
baixar substancialmente, ou extinguir-se mesmo por completo ao longo dos
próximos anos.
Por outro lado, “observa-se também um renovado interesse na expansão de
lojas de rua, em especial por parte de retalhistas internacionais e do sector
bancário. A reforma da Lei do Arrendamento deverá dinamizar ainda mais este
mercado (…)” [Cushman & Wakefield (2006), p. 3]. Espera-se assim que
continue a haver interesse por este tipo de produto, muito embora o originador
da procura provavelmente revista o papel de média / grande empresa, ao invés
da tradicional pequena sociedade ou empresário em nome individual.
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4.6. Análise do Tecido Comercial
O Decreto-Lei nº 339/85, de 21 de Agosto, classifica as actividades ligadas ao
comércio em duas grandes partições, que se simplificam da seguinte forma56:
• O comércio por grosso, que engloba todas as entidades que comprem
mercadorias em seu nome e por sua própria conta, revendendo-as as
outros comerciantes, transformadores ou utilizadores profissionais;
• O comércio a retalho, que conta aqueles que a título habitual e profissional
compram mercadorias em seu próprio nome e por sua própria conta e as
revende directamente ao consumidor final.
O mesmo Decreto-Lei define os tipos de entidades que podem exercer a
actividade de Comércio a Retalho:
a) “Retalhista – o que exerce aquele comércio de forma sedentária, em
estabelecimentos, lojas ou instalações fixas ao solo de maneira estável em
mercados cobertos;
b) Vendedor ambulante – o que exerce aquele comércio de forma não
sedentária, pelos lugares do seu trânsito ou em zonas que lhe sejam
especialmente destinadas;
c) Feirante - o que exerce aquele comércio de forma não sedentária, em
mercados descobertos ou em instalações não fixas ao solo de maneira
estável em mercados cobertos.”
56 O nosso estudo, naturalmente, sublinha a análise da segunda categoria, pois é dentro desta última que se inserem os
projectos de implantação de unidades comerciais apresentados à Câmara das Caldas da Rainha.
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A análise da composição e forma de funcionamento do tecido comercial é
fundamental para a compreensão da evolução provável deste sector nas Caldas
da Rainha (no contexto do país)57. É a este tema que se dedicam as próximas
secções, com particular destaque para o tipo de estabelecimentos que
configuram os pedidos feitos junto da Câmara Municipal das Caldas da Rainha,
compostos por UCDR e Centros Comerciais, e, naturalmente, para a
fundamental caracterização do comércio tradicional (do centro) das Caldas da
Rainha.
Contudo, fica o alerta que, embora não fosse naturalmente essa a intenção, mas
também por questões de coerência de abordagem, este ponto (4.6) não é
equilibrado no seu desenvolvimento58. A razão fundamental, já abordada no
presente capítulo e no Capítulo 1, são as limitações ao nível da informação.
Tudo ponderado, entendeu-se que, sempre que existisse informação
desagregada, ela deveria ser apresentada e comentada, enriquecendo dessa
forma a discussão.
Finalmente, a tipificação e os conceitos presentes nas três secções seguintes
não conflituam com as tipologias de formatos comerciais apresentadas no
ponto 2.4. A discussão inicial, aquando da revisão da literatura, consiste numa
abordagem qualitativa e é indissociável da reflexão estratégica a efectuar no
capítulo seguinte. Por outro lado, o que resta do presente capítulo aspira a
fechar o enquadramento quantitativo ficando, por isso, parcialmente
condicionado por definições e conceitos subjacentes à recolha dessa mesma
informação.
57 Como é hábito, nesta como noutras análises do tecido comercial, o “vendedor ambulante” e o “feirante” não serão
objecto da nossa atenção.
58 Ignorando as deficiências da mesma, a informação disponível em termos de UCDR é superior à disponível para os
centros comerciais e destes em relação ao comércio tradicional.
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4.6.1. Unidades Comerciais de Dimensão Relevante
Conceito
O conceito de UCDR é de extrema importância na presente análise, porquanto a
maioria dos projectos apresentados à Câmara Municipal das Caldas da Rainha
perfilam as características de UCDR.
De acordo com INE (2006), p. 55, entende-se por UCDR “o estabelecimento,
considerado individualmente ou no quadro de um conjunto pertencente a uma
mesma empresa ou grupo de empresas, em que se exerce a actividade
comercial e relativamente ao qual se verificam as condições:
• Sendo de comércio a retalho alimentar ou misto, disponham de uma área de
venda contínua igual ou superior a 2 000 m2;
• Sendo de comércio a retalho não alimentar, disponham de uma área de
venda contínua, igual ou superior a 4 000 m2;
• Sendo de comércio por grosso, disponham de uma área de venda contínua,
igual ou superior a 5 000 m2;
• Sendo de comércio a retalho alimentar ou misto, pertencentes a uma
empresa ou grupo de empresas que detenha, a nível do Continente, uma
área de venda acumulada, de comércio a retalho alimentar, igual ou superior
a 15 000 m2;
• Sendo de comércio a retalho não alimentar, pertencentes a uma empresa ou
grupo que detenha, a nível do Continente, uma área de venda acumulada
igual ou superior a 25 000 m2;
• Sendo de comércio por grosso, pertencentes a uma empresa ou grupo que
detenha, a nível do Continente, uma área de venda acumulada igual ou
superior a 30 000 m2.”.
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- Página 115 -
Evolução Recente e Tendências (até 2004)
Nos últimos 15 anos registou-se em Portugal uma evolução sem precedentes no
que toca à proliferação de UCDR, um pouco por toda a parte. De facto, cerca
de 70% das unidades existentes entraram em funcionamento durante a década
de 90, conforme se pode observar no gráfico infra. O número de UCDR no país
passou de 1297 unidades em finais de 2000 para um total de 1684 unidades em
finais de 2004.
Figura 23 – Número de UCDR Abertas em Território Continental até 2004
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Após 2000
De 1991 a 2000
De 1981 a 1990
Até 1980
Fonte: INE
Ainda em relação às UCDR, numa análise mais pormenorizada a alguns
indicadores recentes, verifica-se que em Portugal se tem registado um
fortalecimento a todos os níveis. Efectivamente, entre 2001 e 2004:
• O número de estabelecimentos por habitante cresceu quase 15%, tendo a
área de venda por habitante aumentado cerca de 19%;
• O número de pessoas ao serviço por 1.000 m2 de área de venda passou de
31 para 32;
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• O volume de vendas das UCDR por habitante aumentou 25%. Em 2004
cada habitante gastava em média €1.206,25 por ano em estabelecimentos
deste tipo.
Figura 24 – Dados Evolutivos das UCDR - 2001 vs. 2004
Estabelecimentos por 104 Habitantes
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
2001 2004
AEV (m2) por 103 Habitantes
160
170
180
190
200
210
2001 2004
Pessoal ao Serviço por 103 m2 de AEV
30,0
30,5
31,0
31,5
32,0
32,5
2001 2004
Volume de Vendas por Habitante (€)
750
850
950
1.050
1.150
1.250
2001 2004
Fonte: INE - Cálculos dos autores
As UCDR eram, na sua maioria, relacionadas com o comércio a retalho
alimentar, que representava cerca de 62% das UCDR em 2004 (63% da área de
venda) e dava emprego a 68,5% da força de trabalho adstrita às UCDR.
As remunerações em 2004 eram mais elevadas no comércio alimentar (€777
mensais em média) do que no comércio não alimentar (€702 mensais em
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média), mas mais reduzidas do que no comércio por grosso, onde, em termos
médios, o pessoal ao serviço auferia cerca de €840 mensais.
Tabela 4 – Número Médio de Pessoas ao Serviço (segundo a actividade, por
escalões de AEV) - Portugal
Alimentar ou com
predominância alimentar
Não alimentar ou sem
predominância alimentar
Total (Continente) 45 25 64Até 399 m2 7 11 17
De 400 a 999 m2 33 12 54
De 1 000 a 1 999 m2 54 41 26
De 2 000 a 2 499 m2 84 38 25
De 2 500 a 3 999 m2 131 66 43
De 4 000 a 7 999 m2 213 75 74
8 000 m2 e mais 377 859 308
Escalões de AEV
50 73 123 391
40 9
26 48
Total
Comércio a retalho
Comércio por Grosso
Fonte: INE
No que diz respeito à tipologia das UCDR, a esmagadora maioria (87%) das
unidades não chegava a atingir os 2.000 m2 de AEV, pelo que, tendo em conta o
conceito definido no ponto anterior, se presume que façam parte de empresas
ou grupos com áreas acumuladas muito superiores.
Na verdade, é possível constatar essa mesma realidade através do tratamento
dos dados relativos às insígnias das UCDR (vide Anexo 7.4). Em Julho de 2004
existiam 26 insígnias com áreas de venda superiores a 15.000 m2,
representando cerca de 93% da área total de venda de todas as UCDR. Das 26,
15 tinham uma área superior a 30.000 m2.
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Figura 25 – UCDR por Escalões de AEV
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
8 000 m2 e mais
De 4 000 a 7 999 m2
De 2 500 a 3 999 m2
De 2 000 a 2 499 m2
De 1 000 a 1 999 m2
De 400 a 999 m2
Até 399 m2
Fonte: INE
Ao nível do volume de vendas, as UCDR com uma área superior têm um peso
substancial. Conforme se verifica no gráfico seguinte, as UCDR com mais de
8.000 m2 eram responsáveis por cerca de 25% do volume de vendas (quando
em número de unidades não chegavam a representar 3%). As UCDR com mais
de 2.500 m2 significam 10% do número total de UCDR, mas representam 49%
das vendas.
Figura 26 – Volume de Vendas por Escalões de AEV
0%
20%
40%
60%
80%
100%
8 000 m2 e mais
De 4 000 a 7 999 m2
De 2 500 a 3 999 m2
De 2 000 a 2 499 m2
De 1 000 a 1 999 m2
De 400 a 999 m2
Até 399 m2
Fonte: INE
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Uma análise à Área de Venda das UCDR, em Julho de 2004, evidencia que três
quartos da mesma estavam dedicados a estabelecimentos com predominância
alimentar59, seguidos de muito longe pela Bricolage e Materiais de Construção e
pelo Vestuário e Artigos Pessoais. Um único Grande Armazém (o El Corte
Inglés, em Lisboa) era responsável por 2,6% da área total do país.
Na tabela seguinte apresentamos a distribuição por categoria de actividade60:
Tabela 5 – Sector de Actividade das UCDR - 2004
Categoria Nº de Lojas Área de Venda (m2) Área de Venda (%)
Hipermercado 1.102 1.266.659 74,6%
Bricolage e Mat. Const. 50 108.413 6,4%
Vestuário 207 101.628 6,0%
Decoração 38 86.405 5,1%
Lazer e Electrónica 79 50.270 3,0%
Grandes Armazéns 1 44.728 2,6%
Desporto 26 28.445 1,7%
Manutenção Automóvel 17 6.278 0,4%
Material Escritório 1 1.400 0,1%
Outros 8 3.670 0,2%
TOTAL 1.529 1.697.896 100,0% Fonte: Adaptado de DGE
O total de 1.697.896 m2 de área de venda estava geograficamente distribuído da
seguinte forma:
59 O “Top 10” das insígnias era composto da seguinte forma: Intermarché, Pingo Doce, Lidl, Continente, Modelo, Feira
Nova, Jumbo, Minipreço, Carrefour e Aki.
60 Para uma explicação precisa do conteúdo da informação apresentada pela DGE, vide Anexo 7.2.
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Tabela 6 – Área de Venda das UCDR, por Distrito - 2004
DISTRITO Área de Venda
(m2)
DISTRITO Área de Venda
(m2)
AVEIRO 108.078 LEIRIA 72.032
BEJA 16.894 LISBOA 502.097
BRAGA 91.048 PORTALEGRE 19.559
BRAGANÇA 16.808 PORTO 317.116
CASTELO BRANCO 30.639 SANTARÉM 67.076
COIMBRA 57.638 SETÚBAL 175.733
ÉVORA 19.301 VIANA DO CASTELO 16.373
FARO 117.986 VILA REAL 20.485
GUARDA 17.680 VISEU 31.353 Fonte: DGE
Para uma análise mais completa, apresenta-se o cálculo da densidade de Área
de Venda por habitante, permitindo assim comparar os resultados
geograficamente, em termos relativos, para os Distritos e para as áreas de
análise seleccionadas.
Figura 27 – Área de Venda das UCDR (m2) por 103 habitantes - Julho de 2004
-
50
100
150
200
250
300
350
VIA
NA
DO
CA
ST
ELO
VIS
EU
VIL
A R
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L
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o 4
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O
SE
TÚ
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BO
A
Cal
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+ Ó
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Cal
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a
FA
RO
Fonte: DGE – Cálculos dos autores
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RELATÓRIO FINAL
- Página 121 -
A figura acima ilustra realidades diferentes para as áreas em análise. Os Pólos 1
e 2 apresentam densidades ligeiramente superiores à média nacional (161m2
por mil habitantes), situação diversa da registada nos Pólos 3 e 4 (e no Distrito
de Leiria). Curiosamente, se em vez do Pólo 1 considerarmos Caldas da Rainha
+ Óbidos a densidade é muito superior à média nacional – essa realidade é
ainda mais marcante considerando somente as Caldas da Rainha (só no Distrito
de Faro a densidade era superior). Ao nível dos Distritos, só Faro, Lisboa,
Setúbal e Porto apresentam densidades superiores à média nacional. Como
constataremos de seguida, os investimentos dos promotores a partir de 2004
têm contribuído para nivelar as discrepâncias entre Distritos.
Novas UCDR (2004 – 2006)
A entrada em vigor da Lei n.º 12/2004 veio ditar novas regras e definições nos
processos de autorização das grandes superfícies em Portugal.
Comparativamente à legislação anterior, os níveis de exigência subiram, tanto
em relação aos projectos como em relação aos promotores.
De acordo com dados da DGE, desde a entrada em vigor da Lei n.º 12/2004 foi
autorizada a abertura de 647 novas UCDR, bem como a expansão de 87, num
total de 734 autorizações, que resultaram numa área adicional de 833.812 m2
(vide Anexo 7.5).
Tabela 7 - Autorizações Concedidas ao Abrigo da Lei nº 12/2004, de 30 de Março,
por motivo - 01/05/2006
Motivo Nº de Unidades Área de Venda ou ABL
Novas aberturas 647 789.382 Expansões da área de venda de unidades já existentes 87 44.430 Desistências 3 Redução da área de venda de Unidades existentes, encerramentos e equivalentes
7 -1.950
Mudança de insígnia e equivalente 8 5.599 TOTAL 752 837.461
Fonte: Adaptado de DGE
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NAS CALDAS DA RAINHA
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RELATÓRIO FINAL
- Página 122 -
Mais de metade dessas autorizações são relativas a actividades
predominantemente no ramo alimentar. As três categorias que se seguem são o
Vestuário (157 lojas), o Lazer e Electrónica (71 lojas) e a Bricolage e Materiais
de Construção (30 lojas). No último ano e meio foram ainda autorizados 9
Conjuntos Comerciais61.
Tabela 8 - Autorizações Concedidas ao Abrigo da Lei nº 12/2004, de 30 de Março,
por categoria (apenas novas unidades e expansões) - 01/05/2006
Categoria62 Nº de Lojas Área de Venda ou ABL Supermercado 376 410.599 Vestuário 157 73.485 Lazer e Electrónica 71 61.270 Bricolage e Mat. Const. 30 37.288 Decoração 21 32.924 Desporto 18 22.668 Material escritório 12 18.584 Conjunto Comercial 9 147.937 Livraria 6 1.117 Manutenção Automóvel 5 1.921 Jardinagem 4 7.886 Perfumaria 4 703 Doces 2 49 Brinquedos 1 820 Outros / N.a. 18 16.561 Total 734 833.812
Fonte: DGE
As categorias das unidades autorizadas indicam que se está a operar um
nivelamento em termos sectoriais, no âmbito do qual as unidades de retalho
alimentar mantêm a sua preponderância, mas outro tipo de unidades ganha
algum terreno. É exemplo disso o vestuário, que até 2004 ocupava 6% da Área
de Venda, mas que foi responsável por 10% das novas autorizações desde
61 Vide análise mais pormenorizada na Secção 4.6.2.
62 Categorias definidas pelos autores.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
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aquela data. Na tabela que se segue é evidente a diferença que existe entre a
taxa de autorizações de unidades de retalho, em particular do retalho não
alimentar (91,48%) quando comparada com a taxa de autorizações dos
conjuntos comerciais (37,50%), o que sugere uma política bastante mais
rigorosa na avaliação deste último tipo de unidade. As áreas médias das
unidades de retalho situam-se em torno dos mil metros quadrados.
Tabela 9 – Quadro Resumo - Lei nº 12/2004
Taxa de autorizações Tipo de comércio63
Número de pedidos
efectuados
Número de pedidos
(in)deferidos Nº
unidades Área de
venda (m2)
Área média das
unidades autorizadas
Retalho alimentar Instalação 792 509 65,18% 62,94% 1.221 Modificação 137 88 93,13% Retalho não alimentar Instalação 540 385 91,48% 89,13% 808 Modificação 49 34 89,23% Conjuntos comerciais Conjuntos comerciais 84 35 37,50% 29,51% 16.437
Comércio por grosso Instalação 2 1 100,00% 100,00% 2.803 Modificação 3 3 100,00% Total 1.607 1.055 75,58% 57,83% 1.288
Fonte: DGE
A concluir esta análise, uma perspectiva geográfica da implantação das UCDR.
No gráfico infra constata-se que, tal como havíamos anunciado, as novas
autorizações se concentram fora dos Distritos de Lisboa e do Porto. Para além
disso, dos quatro pólos em referência, apenas o Pólo 1 registou um nível de
autorizações inferior à média nacional (o mesmo aconteceu com o Distrito de
Leiria, Caldas da Rainha + Óbidos e Caldas da Rainha).
63 Para uma melhor compreensão dos vários tipos de comércio, vide definições da Lei 12/2004 - Anexo 7.7.
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Figura 28 - Área de Venda das UCDR (m2) Autorizadas pela Lei 12/2004, por 103
habitantes
-
25
50
75
100
125
150
175
200
BE
JA
GU
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ÇA
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CO
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BA
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A
Fonte: DGE e INE – Cálculos dos autores
Seria extremamente útil para a investigação dispor do número exacto de UCDR
actualmente existentes, autorizadas e em processo de autorização. Tendo
presentes as limitações da informação apresentadas na Secção 4.2.2, sabe-se
de antemão que neste momento não é possível conhecer o número exacto de
UCDR existentes em Portugal64. Desprezando o número de UCDR em processo
de autorização, o mais difícil de obter e que serviria de “proxy” às (verdadeiras)
intenções de investimento, entendemos por bem encontrar uma “proxy” para as
UCDR actualmente existentes, obtendo uma aproximação daquilo que poderá
ser a actual densidade de área de venda. A soma das unidades existentes em
Julho de 2004 com as que foram autorizadas desde a entrada em vigor da Lei
64 Segundo a DGE, “ninguém, nem nenhuma entidade, sabe rigorosamente quantas UCDR existem neste momento em
Portugal”.
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12/2004, apesar de ser uma simplificação ou um indicador construído, estando
por isso sujeito a críticas65, deixa algumas pistas úteis para reflexão.
Figura 29 – Total da Área de Venda das UCDR (m2) por 103 Habitantes (Julho de
2004 + Autorizações Lei 12/2004)
-
50
100
150
200
250
300
350
400
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Fonte: DGE e INE – Cálculos dos autores
Pela análise do gráfico acima, constata-se que os Pólos 1 e 2 mantêm o seu
posicionamento relativo e continuam acima da média nacional, com densidades
muito próximas. As Caldas da Rainha (no Anexo 7.6 apresentamos a listagem
de UCDRs referentes a este Concelho) e Caldas da Rainha + Óbidos, quando
se compara a situação com Julho de 2004, continuam “à direita” no gráfico, mas
desta vez também abaixo dos Distritos de Setúbal, Évora e Castelo Branco. Os
pólos 3 e 4 “encostam” à densidade média registada no país, embora
permanecendo abaixo da mesma.
65 Por exemplo, algumas das UCDR aprovadas nunca serão concretizadas – informalmente obteve-se a informação que
alguns promotores efectuam alguns pedidos de licenciamento apenas para ocupar quota, numa tentativa de criar
barreiras à entrada ou expansão de outros promotores. Ainda assim, poder-se-á dizer que isso acontece um pouco por
todo lado, pelo que desvirtuará transversalmente as várias áreas de referência.
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4.6.2. Centros Comerciais
Conceito
Existem inúmeras definições de Centro Comercial, atendendo a factores como a
ABL, o número de lojas ou a localização, para mencionarmos apenas alguns.
Face aos constrangimentos temporais apresentados no Capítulo 1, não é
expectável teorizarmos em torno da multiplicidade de conceitos, dos méritos e
deméritos de cada um66. Optámos por respeitar os conceitos definidos na lei,
por um lado, e seguir a grelha veiculada pela APCC, por outro.
O conceito de Centro Comercial é definido pela Portaria n.º 424/85, de 5 de
Julho, da seguinte forma:
“Entende-se por centro comercial o empreendimento comercial que reúna
cumulativamente os seguintes requisitos:
1. Possua uma área bruta mínima de 500 m2 e um número mínimo de 12 lojas,
de venda a retalho e prestação de serviços, devendo estas, na sua maior
parte, prosseguir actividades diversificadas e especializadas;
2. Todas as lojas deverão ser instaladas com continuidade num único edifício
ou em edifícios ou pisos contíguos e interligados, de molde a que todas
usufruam de zonas comuns privativas do centro pelas quais prioritariamente
o público tenha acesso às lojas implantadas;
3. O conjunto do empreendimento terá de possuir unidade de gestão,
entendendo-se por esta a implementação, direcção e coordenação dos
66 Para um conhecimento mais aprofundado destas e de outras definições de centros comerciais, vide Cachinho, H. et al.
(2000). A título de curisodade, apresentam-se duas classificações com presença regular na literatura, uma de 1974
(Anexo 7.8) e outra de 1993 (Anexo 7.9).
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serviços comuns, bem como a fiscalização do cumprimento de toda a
regulamentação interna;
4. O período de funcionamento (abertura e encerramento) das diversas lojas
deverá ser comum, com excepção das que pela especificidade da sua
actividade se afastem do funcionamento usual das outras actividades
instaladas.”
De acordo com a APCC67, os Centros Comerciais dividem-se em várias
categorias, a saber:
Formato Tipo ABL em m 2
Muito Grande 80.000 e superior
Grande 40.000 – 79.999
Médio 20.000 – 39.999
S/ Âncora Dominante 5.000 – 19.999 Pequeno
C/ Âncora Dominante 5.000 – 19.999
Tradicional
Muito Pequeno 500 – 4.999
Grande 20.000 e superior
Médio 10.000 – 19.999
Retail Park
Pequeno 5.000 – 9.999
Factory Outlet Centre 5.000 e superior
Baseado em Lazer 5.000 e superior
Especializado
Centro Temático Não Baseado em Lazer 5.000 e superior
67 www.apcc.pt (2006-06-30).
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Centro Tradicional: Formato que inclui retalho indiferenciado, integrado em
empreendimento fechado ou “a céu aberto”, sendo classificado segundo a sua
dimensão;
Centro Especializado: Formato integrado em empreendimento fechado ou “a céu
aberto”, sendo classificado segundo o tipo de retalho especializado ou outra
actividade dominante e a dimensão;
Centro Tradicional Pequeno: Centros com dimensão compreendida entre os 5.000
m 2 – 19.999 m 2 de ABL. Estes centros podem ter Loja-Âncora Dominante, se a
ABL de uma qualquer área de comércio a retalho for igual ou superior a 65% da ABL
total do centro.
Retail Park: Formato que inclui unidades de comércio a retalho especializado,
geralmente “big boxes” ou “power stores” com acesso directo ao parque de
estacionamento ou a áreas pedonais, sendo classificado segundo a sua dimensão.
Factory Outlet Centre: Formato que inclui unidades de comércio a retalho, de
pequena e média dimensão, onde produtores e retalhistas vendem merchandise com
desconto no preço, proveniente de stocks excedentários e/ou artigos com pequenos
defeitos.
Centro Temático: Formato que inclui algumas unidades de retalho que concentram
uma estreita mas profunda selecção de merchandise, dentro de uma categoria
específica de retalho especializado. Estes centros podem (ou não) ser baseados na
componente de lazer.
O “Centro Temático Baseado no Lazer” é desenhado e planeado com uma
combinação de equipamentos de diversão/desporto/cultura, incluindo uma forte
componente de restauração e bares, bem como retalho de apoio indiferenciado
(Press Centre, Tabacaria, merchandise temático, etc.). São geralmente ancorados
em Multiplex de Cinemas, Bowling e Health Club.
“O Centro Temático Não Baseado no Lazer” é desenhado e planeado para servir
nichos de mercado, por exemplo em áreas como a moda ou o mobiliário para a casa.
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Evolução Recente e Tendências
Os Centros Comerciais têm tido uma ascensão meteórica quer no contexto
nacional, quer internacional, qualquer que seja o indicador que se analise,
nomeadamente número de unidades, número de lojas ou ABL. Isso é, de resto,
facilmente comprovável através da expressão numérica que assume a indústria
dos Centros Comerciais nos dias de hoje.
Conforme refere o Anuário de 2004 da APCC, “nos últimos 14 anos foram
construídos [na Europa] mais centros comerciais, em termos de ABL, do que no
período compreendido entre 1960 a 1990. Isto é, nos últimos 14 anos assistiu-se
a um crescimento 2,5 vezes superior quando comparado com os 30 anos
anteriores”.
Tomando por base apenas os Centros Comerciais com mais de 5.000 m2 de
ABL existentes na Europa, em 2005 a área ocupada por Centros Comerciais
apresentava uma média de 159m2 por mil habitantes - Portugal situa-se
ligeiramente acima dessa média, com 169m2 de ABL por mil habitantes:
Figura 30 – EUROPA - Área Bruta Locável (m2) por 103 Habitantes
Fonte: Cushman & Wakefield (2006)
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Para Portugal, prevê-se um crescimento de 21% na ABL até 200768, o que, a
verificar-se, se repercute num “stock” de mais de 2,8 milhões de m2 de ABL em
Centros Comerciais, colocando Portugal na zona dos 250m2 de ABL por mil
habitantes, isto é, aos níveis actualmente apresentados pelo Reino Unido,
França, Luxemburgo ou Áustria.
Em termos do local de implantação, em Portugal, como de resto pela Europa
fora, os Centros Comerciais tendem a localizar-se nas áreas urbanas de maior
densidade populacional. Contudo, existem fortes indícios de que os promotores
estão a focalizar-se sobre outras cidades para além das grandes metrópoles
nacionais.
Figura 31 – Densidade de Centros Comerciais vs. Densidade Urbana - Portugal
Centros comerciais em funcionamento em
Set. de 1999
Fonte: Cachinho et al. (2000), p. 56
Solo Urbano e Rural
Fonte: DGOTDU
68 Jones Lang LaSalle (2006).
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Em 2001 existiam 759 centros, galerias e condomínios comerciais em Portugal,
os quais albergavam mais de 23 mil estabelecimentos. As áreas médias dos
estabelecimentos rondavam os 100m2; porém, era clara a diferença para os
centros com mais de 100 estabelecimentos, onde as áreas se aproximavam dos
150m2.
Também ao nível do volume de negócios se verificava que os estabelecimentos
localizados nos centros de maior dimensão obtinham sensivelmente duas vezes
os proveitos em relação aos centros de menor escala, empregando mais 5
pessoas por cada mil m2 de área de venda.
Tabela 10 – Indicadores dos Centros, Galerias e Condomínios Comerciais,
segundo o escalão do número de estabelecimentos em 1999, 2000 e 2001
Variável / Indicador Ano Total Escalão do número de estabelecimentos
12 a 25 26 a 50 51 a 75 76 a 100 > 100
1999 745 319 282 79 30 35
2000 748 320 282 79 31 36 N.º Centros, Galerias e Condomínios Comerciais
2001 759 323 284 80 33 39
1999 21 366 4 342 7 076 3 542 1 833 4 573
2000 21 582 4 359 7 076 3 542 1 912 4 693 Número de estabelecimentos em funcionamento 2001 23 234 5 345 7 138 3 616 2 064 5 071
1999 94 80 86 74 82 135
2000 95 85 86 74 81 134 Área média dos estabelecimentos seleccionados (a) (m2) 2001 104 95 87 76 102 154
1999 5 895 243 869 186 1 735 046 640 967 325 803 2 324 241
2000 5 930 836 873 697 1 743 721 644 172 327 937 2 341 309
Volume de negócios (a) dos estabelecimentos com actividade (milhares de euros) 2001 6 048 383 890 173 1 757 016 648 882 340 078 2 412 235
1999 387 309 363 253 244 627
2000 389 311 362 258 254 642
Volume de negócios médio por estabelecimento (b) (milhares de euros) 2001 392 312 370 259 255 653
1999 3 826 3 322 3 871 3 142 3 197 4 454
2000 3 845 3 349 3 925 3 151 3 203 4 453 Volume de negócios por m2 (b) (euros)
2001 3 852 3 356 3 930 3 158 3 210 4 449
1999 75 140 11 779 20 679 9 849 5 425 27 408
2000 76 439 11 961 20 782 9 898 5 602 28 195 Nº de pessoas ao serviço (a)
2001 82 406 13 296 21 176 10 198 7 050 30 686
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Variável / Indicador Ano Total Escalão do número de estabelecimentos
12 a 25 26 a 50 51 a 75 76 a 100 > 100
1999 4,3 3,5 3,7 3,4 3,6 6,8
2000 4,6 3,6 3,6 3,5 3,6 6,8 Nº médio de pessoas ao serviço (b) por estabelecimento 2001 4,8 3,8 3,5 3,4 3,8 6,9
1999 43,16 40,43 39,92 42,99 40,43 48,24
2000 42,98 38,73 40,12 43,20 40,26 48,34 Nº médio de pessoas ao serviço (b) por 1000 m2
2001 40,60 37,74 40,13 42,92 37,27 42,46
(a) Considerando apenas as actividades seleccionadas para inquirição (comércio e reparação, restauração, serviços pessoais e actividades recreativas)
(b) Considerando apenas os estabelecimentos com 12 meses de actividade
Fonte: INE
4.6.3. Comércio Tradicional
Conceito
Não existe um conceito preciso, definido na lei, para o Comércio Tradicional;
contudo, por oposição àquilo a que poderíamos chamar Comércio Moderno,
onde o cliente normalmente se serve sozinho (não necessitando de assistência
na compra), poder-se-á apontar o comércio tradicional como aquele onde se
pratica a venda com apoio do comerciante (stritu sensu, incluindo somente o
retalhista, e latu sensu, considerando também o vendedor ambulante e o
feirante – vide 4.6.1)69.
Infelizmente e independentemente da forma como se definam as diferenças,
não é possível destrinçar o comércio tradicional de qualquer outro tipo de
comércio nos dados estatísticos, os quais versam inevitavelmente apenas sobre
o comércio a retalho ou por grosso. Assim, na análise que se segue, utilizámos
69 Para uma abordagem mais aprofundada desta diferenciação, vide Fernandes et al. (2000), que escolheram como
objecto de estudo o comércio retalhista, em particular o pequeno comércio independente, isolado e pouco
profissionalizado, situado em contexto urbano.
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a variável comércio a retalho stritu sensu como “proxy” para a verdadeira
variável que pretendíamos analisar – o Comércio Tradicional.
Os dados disponíveis sobre a estrutura do aparelho comercial em termos das
suas características societárias, métodos de venda e número de trabalhadores
são da DGCC. No que concerne a dados actuais, foi possível tratá-los com
recurso às Páginas Amarelas, e, no caso concreto das Caldas da Rainha e de
Óbidos, utilizando os dados facultados pela ACCCRO.
Cadastro Comercial
Segundo a DGCC, em 2000 existiam em Portugal continental 168.784
estabelecimentos de comércio a retalho, distribuídos da seguinte forma pelos
dezoito distritos – inclui-se também a distribuição de acordo com as áreas de
análise criadas e que designámos por pólos:
Tabela 11 – Nº de Estabelecimentos de Comércio a Retalho em Portugal - 2000
Nº % Nº %
PORTUGAL 168.784 100,0% PORTUGAL 168.784 100,0%
AVEIRO 11.094 6,6% LEIRIA 8.011 4,7%
BEJA 4.607 2,7% LISBOA 35.704 21,2%
BRAGA 10.420 6,2% PORTALEGRE 3.311 2,0%
BRAGANÇA 1.629 1,0% PORTO 23.255 13,8%
CASTELO BRANCO 4.742 2,8% SANTARÉM 8.457 5,0%
COIMBRA 7.808 4,6% SETÚBAL 17.372 10,3%
ÉVORA 4.035 2,4% VIANA DO CASTELO 5.416 3,2%
FARO 8.147 4,8% VILA REAL 3.504 2,1%
GUARDA 3.500 2,1% VISEU 7.772 4,6%
Pólo 1 4.438 2,6%
Pólo 2 8.941 5,3% Caldas + Óbidos 1.232 0,7%
Pólo 3 7.973 4,7% Caldas da Rainha 1.072 0,6%
Pólo 4 4.565 2,7% Fonte: DGCC
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Com base nos dados da tabela acima, pode constatar-se que cerca de 45% do
total de estabelecimentos se encontravam implantados nos Distritos de Lisboa,
Porto e Setúbal. Entre os pólos, o 2 e o 3 eram aqueles que registavam maior
número absoluto de estabelecimentos (acima da maioria dos Distritos em
Portugal).
Numa análise mais detalhada à estrutura comercial por Distrito (vide Anexo
7.10), as principais notas de destaque são as seguintes:
• Apenas Aveiro, Lisboa e Porto apresentam pesos do comércio a retalho
(82,2%, 81,1% e 77,6% respectivamente) inferiores à média do país
(84,8%). O tecido comercial do Distrito de Leiria é composto por 87,3% de
estabelecimentos retalhistas.
• Ao nível do comércio a retalho no nosso país, cerca de dois terços das
sociedades são em nome individual (66,4%). Em Leiria representam 71,9%
no total do comércio a retalho. Apenas em Lisboa e Porto as respectivas
percentagens são inferiores a 50%.
• O método de venda tradicional engloba cerca de 90% dos
estabelecimentos em Portugal continental. Não existe um padrão definido
em termos das variações face à média, que são na generalidade
insignificantes. O Distrito de Leiria apresenta um valor de 90,5% para este
indicador – apenas 0,6% acima da média do continente.
• A maioria dos estabelecimentos (52,2%) emprega apenas um trabalhador.
São seis os Distritos que constituem a excepção a esta regra: Braga,
Bragança, Leiria, Lisboa, Santarém e Porto. Não deixa de ser curioso notar
que os três Distritos que englobam os pólos utilizados na nossa análise se
encontram nesta excepção.
• Em termos das actividades dos estabelecimentos, a análise torna-se
imensamente mais complexa. Alguns pontos de referência que
consideramos de interesse para o presente estudo são os seguintes:
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NAS CALDAS DA RAINHA
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o Aveiro, Faro, Leiria, Lisboa, Porto e Santarém são os Distritos que têm
uma proporção de Supermercados e Hipermercados acima da média
nacional (9,4%);
o No âmbito dos estabelecimentos alimentares e de bebidas, é
praticamente o mesmo grupo que se destaca, agora por apresentar
valores inferiores à média nacional (31%): Braga, Faro, Lisboa, Porto e
Santarém;
o O Distrito de Leiria apresenta maior relevância (face à média nacional)
das seguintes actividades: Hiper e Supermercados, Alimentares e
Bebidas, Equipamento Para o Lar, Veículos Automóveis e Motociclos,
Equipamentos Profissionais e Combustíveis.
Assim, parece confirmar-se uma vez mais a distinção da estrutura da actividade
comercial de 5 ou 6 distritos face ao resto do país, distritos esses que incluem,
quase naturalmente, as duas grandes metrópoles de Lisboa e Porto. À medida
que nos afastamos deste grupo, o comércio torna-se menos diversificado,
concentrando-se no sector alimentar.
Para o Distrito de Leiria não é possível encontrar (de forma inequívoca) um perfil
para todos os indicadores, o que sugere que Leiria se encontra num espaço de
transição entre os Distritos menos desenvolvidos do país e o grupo
anteriormente referido (do qual fazem parte as grandes cidades).
Descendo mais um nível na nossa análise, apresentam-se de seguida os
valores por categoria de actividade para os Pólos, Caldas da Rainha e Óbidos.
No tratamento deste dados foi necessário agrupar várias categorias de
actividade para que a análise fosse equilibrada em termos comparativos com
aquela que se apresenta para os Distritos.
De facto, segundo a própria publicação do Cadastro Comercial, “a partir de 1994
começou a ser utilizada a CAE revisão 2 (…). No entanto não foi possível
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
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proceder à total conversão dos registos efectuados na CAE Rev. 1 para a
revisão 2, visto que em muitos casos não existe correspondência directa ao
nível dos desdobramentos de ambas as classificações e por isso a ventilação
desta variável, por estabelecimento e por pessoas ao serviço com uma
desagregação a quatro dígitos, será feita através de dois quadros cujos valores
globais deverão ser somados.”
Assim, a título de exemplo, foram agrupadas as seguintes categorias (numa
categoria que designámos de “Automóveis, Motociclos e Acessórios”):
• Auto+ Aces. Bic. + Moto. – Revisão 1
• Auto+ Acess. Moto + Comb. – Revisão 2
O mesmo procedimento foi utilizado para agrupar outras categorias de índole
semelhante, resultando em 8 categorias principais, conforme se pode observar
na tabela de resumo dos dados:
Tabela 12 – Composição do Comércio a Retalho por Categoria Principal - 2000
Portugal Pólo 1 Pólo 2 Pólo 3 Pólo 4 Caldas
+ Óbidos
Caldas da
Rainha
Alimentares e
Bebidas 37,70% 41,90% 29,90% 20,00% 41,80% 35,90% 33,10%
Têxteis, Vestuário, Calçado 15,90% 15,40% 18,40% 18,30% 14,30% 17,20% 19,70%
Mobiliário e Electrodomésticos 9,70% 9,10% 11,40% 12,50% 7,60% 11,70% 12,60%
Mini, Super e Hipermercados 8,80% 6,90% 7,50% 10,00% 10,20% 4,90% 3,60%
Automóveis, Motos e Acessórios 5,00% 5,00% 6,50% 8,30% 5,20% 5,90% 6,10%
Farmácias e Produtos Químicos 3,90% 3,80% 4,60% 4,80% 3,80% 3,20% 3,40%
Materiais de Construção, Ferragens 3,50% 3,40% 4,50% 4,50% 3,40% 3,30% 3,40%
Outros
15,40% 14,50% 17,10% 21,70% 13,80% 17,90% 18,20%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 137 -
A análise comparativa da estrutura comercial dos pólos mostra-nos que:
• O peso do sector alimentar nos Pólos 1 e 4 é cerca do dobro do Pólo 3 e
1,5 vezes do Pólo 2 - neste sector, as Caldas da Rainha encontram-se
mais próximas da média nacional;
• Nos têxteis, vestuário e calçado os valores são mais equilibrados; contudo,
as Caldas da Rainha apresentam o valor mais elevado da tabela, superior
à média nacional;
• Nos Pólos 2 e 3 existe maior concentração de estabelecimentos dedicados
ao mobiliário e electrodomésticos do que nos outros pólos e do que em
relação à média no país;
• No que diz respeito aos Mini, Super e Hipermercados, existe uma nítida
“décalage” dos valores apresentados pelo Pólo1, Caldas da Rainha +
Óbidos e Caldas da Rainha relativamente às restantes regiões. A média
nacional é mais de duas vezes superior ao valor registado para as Caldas
da Rainha.
Páginas Amarelas
Na selecção dos dados das Páginas Amarelas obtivemos 110.479 observações
para o País, filtrando posteriormente os diversos Concelhos através do
tratamento dos códigos postais70. De seguida, categorizámos os elementos da
listagem por actividade principal, procurando seguir a mesma metodologia que
tínhamos utilizado para os associados da ACCCRO. Os resultados integrais
constam das duas tabelas que se seguem.
70 O referido tratamento foi feito com recurso à listagem de Códigos Postais por Freguesia e Concelho fornecida pelos
CTT.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 138 -
Tabela 13 – Composição da Base de Dados das Páginas Amarelas, por Distrito
Distrito Nº de Empresas
Aveiro 5.032
Beja 1.834
Braga 7.864
Bragança 873
Castelo Branco 2.379
Coimbra 4.713
Évora 1.912
Faro 6.739
Guarda 1.786
Leiria 5.691
Lisboa 28.052
Portalegre 1.303
Porto 21.151
Santarém 4.298
Setúbal 8.496
Viana do Castelo 2.722
Vila Real 2.169
Viseu 3.465
TOTAL 110.479
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 139 -
Tabela 14 - Composição da Base de Dados das Páginas Amarelas, por Ramo de Actividade Principal
Cafés, Snack-bares,
Cervejarias, Tabernas,
Bares
Restaurantes e Prontos-a-
comer
Pronto-a-vestir,
Sapatarias e Acessórios de
Moda
Supermercados e Mercearias
Padarias e Pastelarias
Talhos, Charcutarias, Peixarias e Frutarias
Automóveis e Acessórios
Papelarias e Tabacarias
AVEIRO 12,4% 7,6% 14,6% 8,3% 11,1% 8,2% 5,6% 3,9% BEJA 26,0% 15,9% 8,8% 14,4% 9,1% 4,5% 3,2% 3,1% BRAGA 21,0% 11,5% 13,4% 11,9% 7,7% 7,6% 4,3% 2,6% BRAGANÇA 10,8% 4,9% 16,2% 6,0% 8,2% 12,5% 5,7% 4,2% CASTELO BRANCO 27,1% 14,5% 8,9% 14,5% 7,4% 5,3% 3,4% 3,1% COIMBRA 21,7% 15,8% 9,9% 14,3% 7,3% 5,6% 3,1% 3,5% ÉVORA 20,6% 18,5% 10,0% 12,7% 8,3% 4,7% 4,1% 3,9% FARO 19,5% 27,3% 10,9% 6,9% 7,8% 3,9% 2,6% 3,2% GUARDA 27,3% 15,6% 8,1% 13,5% 8,3% 4,4% 3,5% 2,1% LEIRIA 20,4% 18,3% 11,2% 10,1% 7,6% 5,6% 4,5% 2,9% LISBOA 17,6% 20,7% 11,8% 8,4% 7,5% 6,6% 3,5% 4,7% PORTALEGRE 24,6% 16,7% 7,2% 13,8% 9,2% 3,5% 4,1% 3,0% PORTO 22,0% 11,5% 10,5% 12,9% 7,2% 6,9% 3,2% 4,1% SANTARÉM 22,1% 15,7% 10,2% 11,8% 8,1% 5,4% 4,9% 3,2% SETÚBAL 21,2% 19,0% 10,3% 8,0% 9,0% 6,5% 3,3% 4,8% VIANA DO CASTELO 23,1% 15,9% 9,1% 13,7% 6,7% 7,0% 3,0% 2,5% VILA REAL 25,3% 16,4% 10,7% 12,1% 6,2% 6,1% 3,7% 2,7% VISEU 25,0% 13,9% 9,6% 14,4% 7,2% 6,3% 3,6% 2,9% PORTUGAL 20,4% 16,5% 11,1% 10,7% 7,8% 6,4% 3,6% 3,8% Pólo 1 23,6% 19,3% 9,4% 11,3% 7,1% 5,5% 4,2% 2,9% Pólo 2 19,0% 18,9% 11,6% 9,6% 7,8% 5,3% 4,9% 2,8% Pólo 3 18,0% 14,6% 12,1% 10,2% 9,9% 5,8% 5,7% 3,6% Pólo 4 28,3% 18,9% 7,5% 16,7% 5,0% 5,6% 3,1% 2,2% Caldas + Óbidos 19,4% 18,2% 13,2% 6,7% 6,7% 4,9% 6,3% 3,8% Caldas da Rainha 17,3% 17,8% 15,3% 5,3% 6,8% 5,3% 6,1% 4,1%
(continua)
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 140 -
Ourivesarias e Relojoarias
Mobiliário Electrodomésticos Floristas Lavandarias Retrosarias e Lojas de Tecidos
Drogarias Arte e Artesanato
AVEIRO 4,4% 4,2% 4,3% 3,1% 1,7% 1,7% 2,4% 0,4% BEJA 2,1% 1,7% 2,9% 1,5% 0,7% 1,2% 1,3% 0,8% BRAGA 3,5% 2,8% 2,9% 2,1% 1,5% 1,2% 1,3% 0,3% BRAGANÇA 6,1% 4,9% 6,3% 2,4% 1,3% 2,9% 0,3% 1,5% CASTELO BRANCO 2,0% 2,6% 2,8% 1,2% 0,8% 1,5% 0,8% 0,4% COIMBRA 3,4% 2,7% 3,1% 1,7% 1,0% 1,4% 0,3% 0,6% ÉVORA 2,1% 2,2% 2,7% 1,6% 0,9% 1,3% 1,0% 1,7% FARO 2,1% 2,2% 2,1% 1,5% 1,4% 0,7% 1,3% 3,1% GUARDA 2,4% 3,1% 3,3% 1,1% 1,4% 1,1% 0,7% 1,3% LEIRIA 2,5% 2,8% 2,9% 2,3% 1,0% 1,3% 0,4% 1,3% LISBOA 2,7% 2,6% 2,1% 1,5% 1,4% 1,2% 1,2% 0,5% PORTALEGRE 2,7% 1,8% 3,5% 1,2% 0,9% 1,4% 1,4% 0,7% PORTO 5,1% 3,4% 2,2% 2,6% 1,2% 1,2% 1,7% 0,3% SANTARÉM 2,3% 3,0% 2,9% 1,6% 1,0% 1,5% 0,7% 0,5% SETÚBAL 2,5% 3,0% 2,2% 2,0% 1,3% 1,0% 1,1% 0,5% VIANA DO CASTELO 2,8% 3,1% 3,2% 1,9% 1,1% 1,3% 1,2% 1,0% VILA REAL 3,1% 2,8% 2,9% 1,7% 0,9% 0,8% 0,7% 0,2% VISEU 2,5% 2,8% 3,1% 1,7% 0,9% 1,0% 0,7% 0,3% PORTUGAL 3,2% 2,9% 2,6% 1,9% 1,3% 1,2% 1,2% 0,7% Pólo 1 2,1% 2,2% 3,2% 1,6% 0,8% 1,2% 0,5% 1,5% Pólo 2 2,6% 3,0% 2,5% 2,4% 1,1% 1,1% 0,3% 1,5% Pólo 3 2,8% 3,5% 3,3% 1,8% 1,2% 1,3% 0,8% 0,6% Pólo 4 1,7% 2,0% 1,7% 1,1% 0,7% 0,6% 0,6% 0,9% Caldas + Óbidos 2,5% 2,4% 3,9% 2,5% 0,7% 1,8% 0,3% 1,8% Caldas da Rainha 2,8% 2,6% 4,3% 2,5% 0,8% 2,1% 0,3% 0,5%
(continua)
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 141 -
Perfumarias Livrarias e Alfarrabistas
Ferragens Animais de Estimação
Vidros e Cristais
Outros TOTAL
AVEIRO 0,7% 1,1% 0,7% 0,5% 0,3% 2,7% 100,0% BEJA 0,7% 0,4% 0,2% 0,2% 0,2% 1,4% 100,0% BRAGA 0,5% 0,7% 0,8% 0,2% 0,3% 1,7% 100,0% BRAGANÇA 1,0% 1,1% 0,8% 0,2% 0,3% 2,3% 100,0% CASTELO BRANCO 0,5% 0,8% 0,6% 0,2% 0,2% 1,5% 100,0% COIMBRA 0,8% 1,0% 0,8% 0,3% 0,2% 1,6% 100,0% ÉVORA 0,6% 0,5% 0,3% 0,2% 0,2% 1,8% 100,0% FARO 0,6% 0,4% 0,2% 0,4% 0,2% 1,7% 100,0% GUARDA 0,7% 0,4% 0,6% 0,1% 0,2% 1,0% 100,0% LEIRIA 0,8% 0,3% 0,8% 0,4% 0,9% 1,7% 100,0% LISBOA 0,8% 0,7% 0,5% 0,6% 0,2% 3,2% 100,0% PORTALEGRE 0,6% 0,8% 0,5% 0,5% 0,2% 1,8% 100,0% PORTO 0,7% 0,5% 0,4% 0,4% 0,2% 1,9% 100,0% SANTARÉM 0,7% 0,6% 1,0% 0,5% 0,3% 2,1% 100,0% SETÚBAL 0,7% 0,4% 0,4% 0,7% 0,2% 2,1% 100,0% VIANA DO CASTELO 0,6% 0,6% 0,7% 0,4% 0,1% 1,1% 100,0% VILA REAL 0,5% 0,6% 0,6% 0,1% 0,2% 1,8% 100,0% VISEU 0,7% 0,7% 1,0% 0,2% 0,2% 1,1% 100,0% PORTUGAL 0,7% 0,6% 0,6% 0,4% 0,2% 2,2% 100,0% Pólo 1 0,7% 0,3% 0,5% 0,5% 0,4% 1,4% 100,0% Pólo 2 0,7% 0,3% 1,0% 0,5% 1,3% 1,7% 100,0% Pólo 3 0,6% 0,4% 1,2% 0,6% 0,4% 1,4% 100,0% Pólo 4 0,6% 0,2% 0,5% 0,4% 0,1% 1,5% 100,0% Caldas + Óbidos 1,1% 0,6% 0,1% 0,6% 0,3% 2,4% 100,0% Caldas da Rainha 1,3% 0,7% 0,2% 0,7% 0,3% 2,8% 100,0%
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 142 -
Da análise da Tabela 14, destacam-se os seguintes traços:
• A restauração assume maior importância relativa nos Pólos 1 e 4,
superando a fasquia dos 40% do total de observações. Em ambos os
casos o peso relativo é superior ao da média nacional, o que vai de
encontro ao comportamento evidenciado pelas zonas menos urbanizadas,
também observado na análise aos dados do Cadastro Comercial.
• O comércio de vestuário e outros artigos pessoais assume,
comparativamente, um papel mais importante nos Pólos 2 e 3 do que nos
Pólos 1 e 4. Contudo, quer nas Caldas da Rainha, quer no conjunto deste
Concelho com Óbidos, este tipo de estabelecimento tem uma importância
acima da média nacional. Também este facto é consistente com os dados
do Cadastro Comercial.
• No que diz respeito a Supermercados e Mercearias, verifica-se que ao
nível dos Pólos apenas o Pólo 4 (16,7%) apresenta um valor
substancialmente desviante da média nacional (10,7%). Com um maior
grau de pormenor, constata-se que tanto Caldas da Rainha (5,3%) como
Caldas da Rainha + Óbidos (6,7%) apresentam valores muito inferiores à
média nacional. Os dados do Cadastro Comercial traduzem uma situação
muito semelhante, embora o desvio do Pólo 4 seja menor.
• Finalmente, é digno de observação o maior peso do comércio automóvel
nas Caldas da Rainha e em Óbidos (ambos acima dos 6%) face à situação
típica do país (abaixo dos 5%).
ACCCRO
Na base de dados que a ACCCRO gentilmente disponibilizou, para efeitos do
presente estudo, constavam 756 registos pertencentes ao Concelho das Caldas
da Rainha e 81 a Óbidos. Com recurso à listagem das CAE fornecida pelo INE
identificámos a actividade principal dessas empresas e efectuámos uma
primeira classificação por grandes sectores, obtendo a seguinte distinção:
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 143 -
Tabela 15 – Composição da Base de Dados da ACCCRO, por Sector de Actividade
Sector Nº de Empresas nas Caldas da Rainha
Nº de Empresas em Óbidos
TOTAL
Comércio a Retalho 568 62 630
Comércio por Grosso 45 4 49
Indústria 19 1 20
Serviços, Actividades Conexas e Outros
124 14 138
TOTAL 756 81 837
Tomámos então as empresas com actividade principal ligada ao comércio a
retalho e procurámos agrupá-las em categorias de actividade de forma a
possibilitar uma análise mais detalhada da composição do tecido comercial
tradicional das Caldas da Rainha + Óbidos e Caldas da Rainha. O resultado é
aquele que apresentamos na Tabela 16.
Tabela 16 – Composição da Base de Dados da ACCCRO, por Ramo de Actividade
Actividade Caldas da Rainha
Peso CR + Óbidos
Peso
Cafés, Snack-bares, Cervejarias, Tabernas, Bares
110 19,4% 123 19,5%
Pronto-a-vestir, Sapatarias e Acessórios de Moda
83 14,6% 86 13,7%
Restaurantes e Prontos-a-comer 61 10,7% 70 11,1%
Supermercados e Mercearias 48 8,5% 64 10,2%
Mobiliário 27 4,8% 27 4,3%
Electrodomésticos 26 4,6% 26 4,1%
Retrosarias e Lojas de Tecidos 24 4,2% 24 3,8%
Talhos, Charcutarias, Peixarias e Frutarias 21 3,7% 27 4,3%
Padarias e Pastelarias 20 3,5% 21 3,3%
Ferragens 13 2,3% 15 2,4%
Ourivesarias e Relojoarias 12 2,1% 13 2,1%
Vidros e Cristais 12 2,1% 12 1,9%
Papelarias e Tabacarias 11 1,9% 12 1,9%
Floristas 8 1,4% 8 1,3%
Perfumarias 7 1,2% 7 1,1%
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
4. ENQUADRAMENTO SOCIO-ECONÓMICO
RELATÓRIO FINAL
- Página 144 -
Actividade Caldas da Rainha
Peso CR + Óbidos
Peso
Drogarias 6 1,1% 6 1,0%
Manutenção e Reparação Veículos Automóveis
5 0,9% 5 0,8%
Lavandarias 3 0,5% 3 0,5%
Livrarias e Alfarrabistas 3 0,5% 3 0,5%
Outros 68 12,0% 78 12,4%
TOTAL 568 100,0% 630 100,0%
Da análise destes dados emergem os seguintes traços:
• Existe uma fatia de cerca de 30% dos estabelecimentos que se dedicam à
restauração e actividades similares – Caldas + Óbidos e Caldas da Rainha;
• Em segundo lugar surge o comércio de vestuário e acessórios de moda
(14,6%), que perfaz, juntamente com as categorias enunciadas no parágrafo
anterior, cerca de 45% do tecido comercial – Caldas + Óbidos e Caldas da
Rainha;
• Os supermercados e mercearias representam 10,2% do total dos
associados da ACCCRO (8,5% se considerarmos apenas as Caldas da
Rainha). Esta categoria denota uma maior proporção do que aquela que se
encontra publicada pelo Cadastro Comercial para Mini, Super e
Hipermercados, provavelmente em virtude de:
o Na primeira fonte estarem incluídas as mercearias, que serão em maior
número;
o Os dados do Cadastro Comercial terem mais de 5 anos, durante os
quais a evolução do comércio se deu no sentido da abertura de mais e
maiores espaços desta categoria.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
- Página 145 -
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
5.1. Introdução
Sem menosprezar a revisão da literatura e o enquadramento socio-económico
anteriormente apresentados, a reflexão estratégica que constitui este capítulo é
a essência do presente trabalho e o suporte fundamental das recomendações
do capítulo seguinte.
O presente capítulo está estruturado dentro de uma lógica que poderemos
resumir da seguinte forma: descrição da situação actual (5.2), introdução do
factor de mudança dessa situação (5.3), formulação do problema (5.4) e solução
do mesmo (5.5).
5.2. Caldas da Rainha – situação actual
Neste ponto apresentamos um resumo do posicionamento estratégico actual
das Caldas da Rainha. A sistematização de ideias foi, naturalmente, efectuada
com recurso às diversas conclusões colhidas ao longo do presente estudo, bem
como através de trabalho de campo que a equipa efectuou.
Não existe aqui a ambição de efectuar uma análise estratégica do Concelho das
Caldas da Rainha em toda a sua amplitude, mas apenas dos aspectos que
possam ter uma relação directa com a problemática apresentada. Assim,
referências a temas como, por exemplo, o Termalismo, a Cultura e o Desporto,
ainda que indissociáveis do desenvolvimento sustentado das Caldas da Rainha,
terão que ser entendidas sempre como parciais ou acessórias.
O ponto de partida deste trabalho e, em concreto, da reflexão neste capítulo terá
que ser necessariamente a implantação de grandes superfícies comerciais nas
Caldas da Rainha. Obrigámo-nos a escolher um ponto de partida, o qual acabou
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
- Página 146 -
por surgir com alguma naturalidade. Trata-se do levantamento efectuado pelo
CECOA em 1998 (apesar de algumas críticas presentes no ponto 3.3). Pelo seu
significado, transcrevemos duas passagens:
“[A zona das Caldas da Rainha ainda está] (…) um pouco protegida
das influências negativas que sofreram outras cidades com várias
grandes superfícies implantadas na sua envolvente; de facto, a
Câmara adoptou uma atitude de certa forma proteccionista
relativamente à implantação de grandes espaços comerciais” (p. 184).
“Os consumidores apresentam uma certa fidelidade à zona comercial
local com a qual parecem geralmente satisfeitos. Contudo, os fáceis
acessos a outras cidades, tal como Lisboa e certas carências da
zona, provocam inevitavelmente, fugas de consumidores” (p. 184).
Neste momento estamos em condições de passar à avaliação de alguns dos
pontos fortes e pontos fracos das Caldas da Rainha (na acepção de Cidade,
Concelho e Centro do Pólo 1), para de seguida apresentarmos algumas
oportunidades e ameaças.
Pontos Fortes
Dinâmica
A população continua a crescer e o Concelho tem um poder económico bastante
assinalável – o mais elevado em todo o Distrito de Leiria e um dos mais altos
entre os restantes concelhos portugueses.
Marca
As Caldas da Rainha ainda preservam o nome que o legado histórico lhes
proporcionou – as Termas, o Turismo, a Cerâmica, a Doçaria e o Comércio
dispensam apresentações.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
- Página 147 -
Localização
A tendência em Portugal é para o aumento da população no Litoral (e
diminuição no Interior), sendo as Caldas da Rainha um candidato natural a
absorver parte dessa tendência. A boa acessibilidade a alguns dos principais
eixos rodoviários (A8, A1, A15) coloca as Caldas da Rainha numa posição
privilegiada para atrair e fixar cidadãos e, consequentemente, consumidores.
Numa posição praticamente equidistante entre Lisboa e Leiria, reúne condições
altamente favoráveis para se tornar num importante pólo de desenvolvimento.
Pontos Fracos
Indiferenciação
Na verdade, neste momento, as Caldas da Rainha não possuem um produto ou
uma abordagem, suficientemente marcante, que constitua um factor exclusivo
de diferenciação face a outras localidades.
Envelhecimento
Foi já por várias vezes referido ao longo deste estudo que a população está
bastante envelhecida, não se prevendo uma inversão natural dessa tendência
(algo terá que ser feito nesse sentido).
Educação
Formação escolar de nível insuficiente para potenciar um crescimento
económico que lhe permita destacar-se como pólo de desenvolvimento. Uma
taxa de analfabetismo superior à média nacional torna evidente que algo precisa
de mudar.
Desemprego
A taxa de desemprego tem vindo a aumentar e, dada a situação frágil da
indústria, prevê-se que essa tendência indesejada continue a verificar-se. Só
com recursos humanos com mais formação, mais jovens e empreendedores
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
- Página 148 -
será possível dar um sinal positivo para o exterior, ou seja, para promotores de
outras áreas, no sentido de apostarem na região.
Aparência da cidade
Urbanisticamente as Caldas da Rainha estão algo debilitadas, a circulação dos
peões é por vezes difícil71 e existem dificuldades de estacionamento junto à
zona comercial “prime”72. Apesar de alguns esforços para inverter a situação,
infelizmente o diagnóstico do CECOA (1998) não perdeu toda a actualidade.
Actividade comercial tradicional
Atraso na renovação e modernização do comércio tradicional – continua actual o
diagnóstico efectuado em 1998 (CECOA):
• no que respeita à variedade dos artigos vendidos;
• em termos de montras, instalações e sinalética das lojas;
• no que concerne aos horários praticados, que não acompanham as
exigências da vida moderna73;
71 Esta visão, partilhada pela generalidade das pessoas ou entidades consultadas no âmbito da presente investigação
(incluindo a própria ACCCRO), contrasta com a do estudo prévio do URBCOM, segundo a qual uma das potencialidades
da cidade, do ponto de vista urbanístico, era a existência de ruas onde a circulação de peões [se] faz com facilidade e
agrado [“pela sua dedicação exclusiva à circulação a pé, ou pela largura ampla dos passeios” (p. 81)]. Apesar disso,
profere-se mais adiante, entre as debilidades, a pavimentação de algumas ruas (devendo melhorar-se a relação entre o
automóvel e o peão).
72 Não foi possível confirmar se continua a fazer sentido a observação efectuada pelo CECOA (1998) quanto à
probabilidade de muitos dos carros que permaneciam estacionados no mesmo sítio, durante todo o dia, pertencerem aos
comerciantes ou trabalhadores na zona.
73 As novas unidades comerciais, pioneiras em várias técnicas de venda que lhes deram vantagens significativas, estão
constantemente a abandonar, remodelar e criar novas práticas, no sentido de responderem (e criarem, porque não
dizê-lo) o mais possível às necessidades dos consumidores.
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5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
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• ao nível das pessoas que empregam74, nomeadamente no que toca a
empregar pessoas em “part-time” e facultar estágios, o que poderia
contribuir para alargar e flexibilizar os horários praticados;
Segundo o CECOA (1998), era evidente um certo estado de passividade dos
comerciantes face ao desenvolvimento crescente das novas formas de
distribuição. Alertava ainda para o facto de inexistência de grandes superfícies
na envolvente poder funcionar como uma falsa segurança para o comércio
tradicional, pois com os novos acessos, o consumidor facilmente se deslocaria a
Lisboa ou a outra cidade. Finalmente, parece não ter havido sucesso na
resolução daquele que era o problema mais urgente a tratar, ou seja, um
problema de mentalidade: “(…) a não aceitação da necessidade de
mudança.” (p. 177).
ACCCRO
Uma boa parte dos inquiridos em 1998 entendia que a ACCCRO deveria
trabalhar no sentido de fazer crer aos seus associados que se trata do
organismo fundamental para a dinamização e organização do comércio da zona,
diminuindo o isolamento de muitos comerciantes, reforçando o associativismo,
nomeadamente através da angariação de novos sócios. Esse seria o caminho
para mudar a imagem de estrutura administrativa, meramente reivindicativa.
As mudanças de Direcção, a recente cisão entre os associados das Caldas da
Rainha e Óbidos e, acima de tudo, o facto de não ter conseguido assegurar a
implementação, em tempo útil, de algumas importantes recomendações
efectuadas em 1998 e 2001, não têm ajudado a criar a dinâmica necessária que
lhe permita ser o desejado motor de dinamização do comércio local.
74 Relembre-se também o diagnóstico do CECOA (1998): falta de formação dos comerciantes e falta de interesse para a
colmatar.
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5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
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Oportunidades
Turismo
O Concelho das Caldas da Rainha está indiscutivelmente localizado numa zona
de grande potencial turístico, com tendência para a expansão, nomeadamente
em função da construção do aeroporto da OTA. A concretizar-se, virá uma vez
mais do Pólo 4 a principal concorrência para o Pólo 1.
Cruzamento de competências
Existem oportunidades de construção de nichos de mercado através do
cruzamento das competências da indústria e do comércio, com vista à criação
de factores de diferenciação regionais, que possam incutir uma dinâmica
revitalizadora.
Ciclo económico
Ao que tudo indica, os próximos anos serão de retoma económica, pelo que se
avizinha uma altura positiva para efectuar investimentos, conducentes à
regeneração do tecido económico, em geral, e comercial, em particular.
Margens
As margens que têm vindo a ser praticadas no comércio do Pólo 1 e em
particular das Caldas da Rainha, quando comparadas com os valores registados
nos outros pólos e na média do país, afiguram-se como uma almofada credível
para absorver parte do impacto da inevitável regeneração.
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RELATÓRIO FINAL
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Ameaças
Óbidos
Óbidos tem estado a desenvolver uma zona industrial e um parque tecnológico.
O potencial parece também visível pela capacidade para atrair um investimento
da envergadura do Plaza Oeste, nas Gaeiras [“do outro lado” da auto-estrada
(A8)]. Numa lógica de competição, com veremos adiante, investimentos dessa
natureza em Óbidos, enfraquecem o protagonismo das Caldas da Rainha no
Pólo 1.
Torres Vedras
Localizada mais perto de Lisboa, Torres Vedras tem vindo a desenvolver-se
mais rapidamente que as Caldas da Rainha. Com excepção feita ao poder de
compra, a generalidade dos indicadores (demográficos, sociais e económicos)
favorecem o Pólo 4, com centro em Torres Vedras, tanto em relação ao Pólo 1,
como em relação à cidade das Caldas da Rainha.
A8
Da mesma forma que é mais fácil chegar ao Pólo 1 e às Caldas da Rainha,
também é hoje mais fácil sair de lá. Existem diversos indícios, já referenciados
pelo CECOA (1998), de que os cidadãos se dirigem com regularidade a Lisboa
e a outras cidades, para efectuarem compras, mas também por motivos
relacionados com o lazer.
Criminalidade
Os índices de criminalidade são relativamente elevados e tendem a aumentar
nas zonas urbanas. O Pólo 1 é aquele que apresenta um valor mais elevado,
acima da média nacional, sendo por isso urgente inverter essa situação. A
situação na cidade das Caldas da Rainha é ainda mais preocupante.
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5.3. Projectos e Principais Impactos
Neste ponto procuramos estimar os valores que se irão observar num futuro
próximo, em termos de população e de área comercial (nas Caldas da Rainha,
Caldas da Rainha + Óbidos e Pólo 1), no sentido de aferir o grau de
concentração de actividades comerciais naquelas zonas, primeiro para as
UCDR e depois para os Centros Comerciais - de acordo com a lógica
apresentada no capítulo anterior. Optámos por efectuar os cálculos a dois anos,
ou seja, para 2008, pois o final de 2008 afigura-se como uma data razoável para
a abertura dos novos empreendimentos nas Caldas da Rainha, caso sejam
aprovados a breve trecho.
Projectos
Comecemos por considerar os projectos em questão, que podem ser resumidos
da seguinte forma:
ProjectoÁrea de Venda ou
ABLTipo
Forum Caldas 13.500 Centro Comercial
Caldas Shopping 18.150 Centro Comercial
ALDI 900 Alimentar
Baobab 1.824 Não Alimentar
Maxmat 1.650 Não Alimentar
Mestre Maco 4.000 Não Alimentar
Total 40.024
UCDR 8.374
Alimentar 900
Não Alimentar 7.474
Centros Comerciais 31.650
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População
No que respeita à população, efectuando uma projecção através de regressão
linear, com base na evolução verificada ao longo dos últimos 15 anos,
chegamos às seguintes estimativas para 2008:
Estimativa de População Residente em 2008
Pólo 1 240.045
Caldas + Óbidos 65.008
Caldas da Rainha 53.810
PORTUGAL 10.691.579
UCDR
Em relação às UCDR, verifica-se que dos pedidos feitos à DGE, relativos a
instalação de novas unidades, existem 438 pedidos ainda por analisar.
Admitindo que a taxa de autorização dos restantes pedidos e a área média dos
mesmos se mantêm, o total de autorizações resultaria em cerca de 340 mil m2
de área de venda adicional no país:
Ramo Nº Pedidos de
Instalação
Taxa Autorização
Área Média das
Unidades
Área Adicional
Autorizada
Retalho alimentar 283 65,18% 1.221 225.225
Retalho não alimentar 155 91,48% 808 114.570
TOTAL 438 339.794
Assim, a área de venda das UCDR em Portugal passaria a ser de 2.875 mil m2,
pelo que a área venda média por mil habitantes se situaria em torno dos 269 m2.
Transpondo esta realidade para as zonas em análise, temos:
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UCDR Área (m2) para atingir a média nacional
Pólo 1 + 7.248
Caldas + Óbidos - 1.498
Caldas da Rainha - 1.153
Assim, verifica-se que quer as Caldas da Rainha + Óbidos, quer Caldas da
Rainha, se encontram acima do grau de concentração médio previsto para o
país em 2008. Já o Pólo 1 poderá suportar cerca de 7.250 m2 de área adicional
para atingir aquele nível.
Note-se que a média para o país poderá tender para valores inferiores aos
269 m2 acima referidos, uma vez que:
• A taxa de autorizações por parte da DGE deverá baixar à medida que o
país vai estando mais coberto por UCDR;
• A taxa de concretização dos projectos deverá também descer, visto que
muitos pedidos constituem apenas uma “reserva de quota”, por parte dos
promotores, no sentido de condicionarem (novos) “entrantes” na zona.
A verificar-se uma média nacional ainda menor, será então de esperar que nem
mesmo no Pólo 1 exista margem de progressão face à média do país.
Com base no exposto, e sem quaisquer outras considerações, a instalação das
UCDR deveria ser reprovada. Naturalmente, o facto de a área total de UCDR ser
já suficiente não quer dizer que o “mix” de UCDR existentes não possa levar a
uma ou outra decisão casuística de sentido inverso, particularmente no que se
refere às unidades de retalho não alimentar.
Na eventualidade de estas UCDR serem aprovadas, estimam-se os seguintes
impactos (com base nas médias apuradas para as UCDR a nível nacional, as
quais constam da Secção 4.6.1.
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ALDI Baobab Maxmat Mestre Maco
Tipo Alimentar Não Alimentar
Não Alimentar
Não Alimentar
Área de Venda ou ABL 900 1.824 1.650 4.000
Nº Postos de Trabalho criados 35 50 46 111
Volume de Negócios Anual €5,7 Milhões
€7,1 Milhões
€6,4 Milhões
€15,5 Milhões
Centros Comerciais
Aplicando a mesma metodologia para os Centros Comerciais, temos os
seguintes valores para os projectos ainda não aprovados, mas já submetidos à
DGE:
Nº Pedidos de
Instalação
Taxa Autorização
Área Média das
Unidades
Área Adicional
Autorizada
Conjuntos comerciais 49 37,50% 16.437 302.030
Contudo, estes dados são para os chamados “Conjuntos Comerciais”, definição
essa que, como referimos, não corresponde à definição de Centro Comercial.
Assim, tomando por referência mínima os 250 m2 de ABL por mil habitantes
previstos para Portugal em 2007, chegamos aos seguintes valores:
Centros Comerciais Área (m2) para atingir a média nacional
Pólo 1 + 60.011
Caldas + Óbidos + 16.252
Caldas da Rainha + 13.453
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De um ponto de vista de afirmação das Caldas da Rainha no contexto
geopolítico regional, dir-se-ia que a área de influência deverá ser o equivalente
ao nosso Pólo 1, comportando cerca de 60 mil m2 de ABL.
Caso fosse aprovado o Caldas Shopping (18.150 m2), em conjunto com o Fórum
Caldas (já aprovado, com uma ABL 13.500 m2), o Pólo 1 ficaria com um nível de
ABL por mil habitantes de 132 m2, deixando ainda margem para 30 mil m2 de
ABL adicionais. Caso o projecto do Plaza Oeste em Óbidos fosse igualmente
aprovado, e tomando uma ABL total de 40.250 m2 para este empreendimento, o
Pólo 1 ficaria servido com 300 m2 de ABL por mil habitantes. Este último valor é
francamente excessivo face à média nacional, o que nos leva a considerar que a
aprovação do Caldas Shopping dará lugar a uma desistência por parte dos
promotores do Plaza Oeste. Esta apreciação concorre também para os cenários
de decisão abordados em 5.5.
Para aferirmos o impacto que a instalação dos centros comerciais poderia ter,
efectuámos uma pesquisa em relação a outros empreendimentos recentes,
obtendo as seguintes estatísticas:
Investimento (€M) Postos de Trabalho ABL (m2)
El Corte Inglês (Gaia) 215 1900 42.000
Dolce Vita Tejo 200 N.D. 122.000
Plaza Oeste (Óbidos) 150 N.D. 40.250
Porto Plaza 55 700 19.500
Média por 103 m2 3,3 40,6 -
Fonte: Imprensa
Tendo em conta o levantamento efectuado, bem como os valores apresentados
na Tabela 10, estima-se para o Fórum Caldas e o Caldas Shopping os seguintes
impactos:
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Média por 103 m2
Fórum Caldas Caldas Shopping
ABL 13.500 20.70075
Postos de Trabalho 40,6 548 93576
Volume de Negócios Anual €3.50077 €47 Milhões €63,5 Milhões
Investimento €3,3 Milhões €45 Milhões €60 Milhões
5.4. Alinhamento da Problemática
Neste ponto procuramos alinhar a questão de investigação com a estratégia
traçada para as Caldas da Rainha e para o Oeste, à luz da presença dos
projectos descritos no ponto anterior. Trata-se de perceber como se encaixa a
decisão de permitir ou não a implementação dos projectos, tendo em conta as
grandes opções que já foram tomadas, para a cidade e para a região.
5.4.1. Objectivos Estratégicos das Caldas da Rainha
O Plano Estratégico das Caldas da Rainha define os seguintes objectivos
estratégicos para o Município até 2013:
1. Promoção do desenvolvimento sustentável do concelho, estimulando e
apoiando a manutenção da actividade agrícola e florestal, a preservação e
valorização do património e do ambiente e a melhoria da qualidade de vida
das populações.
75 Considerando já o espaço do actual Modelo.
76 Valor indicado pelo promotor.
77 Valores a preços de 2006, extrapolados de INE (2002), considerando uma taxa de inflação anual de 2,1%.
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2. Qualificação do território e ordenamento das expansões urbanas,
promovendo o alargamento e a diversificação da oferta de equipamentos
culturais e desportivos, a qualificação dos espaços públicos e a criação de
emprego como forma de estimular a fixação da população.
3. Promoção do conceito de Cidade Termal como elemento chave da
qualificação urbana, da promoção da cidade e da sua afirmação como pólo
de desenvolvimento regional, potenciando um leque de serviços de saúde
diversificados funcionando em complementaridade.
•••• Promoção das Caldas da Rainha como centro comercial a céu aberto,
centro de serviços e de negócios e pólo turístico qualificado, dando-lhe
visibilidade externa e interna.
4. Diversificação e qualificação da base económica do concelho, estimulando
actividades de forte crescimento e de elevado conteúdo de inovação, a
reconversão de actividades em crise, fomentando a busca da excelência na
valorização, criação e oferta de produtos e serviços tradicionais.
5. Reforço da articulação entre o ensino, a formação profissional e a
actividade económica, fomentando e dinamizando a qualificação dos
recursos humanos, a iniciativa empresarial e apoiando projectos
mobilizadores do desenvolvimento científico e tecnológico.
6. Apoio à acção educativa nos diferentes escalões etários, à formação
profissional, ao fomento da prática desportiva e às actividades de tempos
livres para jovens.
7. Apoio à produção e à divulgação cultural, estimulando a criação de redes de
agentes culturais.
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8. Reforço da coesão social, apoio à terceira idade e alargamento da cobertura
sanitária do concelho.
9. Modernização e simplificação da administração local, a criação de uma rede
digital de serviços e dados, fomentando e estimulando a utilização das
novas tecnologias nas relações entre administração e os cidadãos.
5.4.2. Eixos Estratégicos Definidos para a Região Oeste
AIRO (2202) define os seguintes eixos estratégicos para o Oeste, que “abarcam
4 domínios – ordenamento e ambiente, recursos humanos, base económica e
infra-estruturas (…):
• Estruturar e organizar o funcionamento do território regional;
• Requalificar o ambiente em todas as suas vertentes;
• Apoiar a modernização da base económica existente;
• Atrair e apoiar novos investimentos de diversificação da base económica;
• Melhorar a qualidade dos recursos humanos;
• Melhorar a qualidade, o marketing e a comercialização de produtos e
serviços;
• Desenvolver o Turismo;
• Desenvolver a Pesca;
• Desenvolver as infra-estruturas de apoio à actividade económica.”
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5.4.3. Avaliação do Grau de Alinhamento
Nesta secção procuramos sistematizar os objectivos acima enunciados,
agrupando-os em áreas comuns e atribuindo classificações às novas UCDR e
Centros Comerciais, em função de um contributo positivo, neutro/desconhecido
ou negativo para os referidos objectivos, num cenário de aprovação da
instalação das referidas unidades.
Tabela 17 – Classificação do Contributo das Grandes Superfícies para o Desenvolvimento das Caldas da Rainha e da Região Oeste
Contributo
Objectivo Positivo Neutro ou desconhecido Negativo
Condições de Vida
Melhoria da qualidade de vida das populações
Positivo
Criação de emprego como forma de estimular a fixação da população
Desconhecido
Reforço da coesão social Neutro
Alargamento e diversificação da oferta de equipamentos culturais e desportivos
Neutro
Apoio à produção e à divulgação cultural Neutro
Educação e Formação
Melhorar a qualidade dos recursos humanos
Positivo
Reforço da articulação entre o ensino, a formação profissional e a actividade económica
Neutro
Economia
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Contributo
Objectivo Positivo Neutro ou desconhecido Negativo
Apoio às actividades agrícola, florestal e piscatória
Neutro
Desenvolvimento do Turismo, em particular do conceito de Cidade Termal
Neutro
Promoção das Caldas da Rainha como centro comercial a céu aberto
Negativo
Diversificação, modernização e qualificação da base económica
Positivo
Melhoria da qualidade, do marketing e da comercialização de produtos e serviços
Positivo
Património, Território e Ambiente
Preservação e valorização do património e do ambiente
Neutro
Qualificação dos espaços públicos Positivo
Administração
Modernização e simplificação da administração local
Neutro
De uma forma genérica, pensamos que a implantação dos novos projectos
contribui para uma melhoria das condições de vida da população, na medida em
que tende a possibilitar o acesso a bens mais diversificados, a preços mais
baixos, em virtude da introdução de maior competição entre os comerciantes.
Por outro lado, a prática de horários mais alargados vem permitir uma maior
flexibilização e coordenação de actividades das famílias. Naturalmente, há que
ter em conta uma quase certa diminuição do grau de personalização do serviço,
em virtude de um maior volume de transacções e consequente perda da
alegada relação de empatia cliente/lojista.
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No que diz respeito à criação de emprego, este é um factor difícil de aferir, uma
vez que, se por um lado se dá a criação de centenas de postos de trabalho, por
outro lado também se irão perder outros, como consequência da perda de
competitividade e consequente encerramento de algumas unidades do comércio
tradicional78. Contudo, sublinha-se que a ideia de que os postos de trabalho no
comércio tradicional são fixos e estáveis face aos postos de trabalho criados
pelas novas unidades comerciais é enganadora. O que existe efectivamente é
uma transição, de postos de trabalho no comércio tradicional que tendem a ser
empregos próprios, para novos empregos por conta de outrem que são criados
pelas novas unidades comerciais.
Para além disso, estes tipos de empreendimentos tendem a promover uma
melhoria na qualificação dos recursos humanos, mesmo que não tão acentuada
como seria (naturalmente) desejável. De facto, por um lado, dá-se a introdução
das novas tecnologias como ferramentas usuais de trabalho; por outro lado, é
dada formação específica inicial, como parte do pacote de recrutamento, uma
vez que é normal o recurso a jovens sem experiência no ramo do comércio.
Relativamente ao objectivo de transformar as Caldas da Rainha num centro
comercial a céu aberto, a introdução das novas unidades é, pelo menos a curto
prazo, prejudicial, pois compete directamente com esse objectivo. Ainda assim,
considerando a localização dos dois Centros Comerciais em perspectiva, o
efeito inverso ou positivo não é de excluir, desde logo no curto prazo.
Importa contudo ter conta que o tipo de pessoas que o comércio tradicional
tende a atrair é bastante diferente do público-alvo das grandes superfícies. De
acordo com o Observatório do Comércio (2000), os consumidores dirigem-se a
78 Ignora-se, para já, a possibilidade de as unidades encerradas serem substituídas por outras mais flexíveis e
dinâmicas, no próprio centro da cidade.
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determinado tipo de estabelecimento, consoante o tipo de produto que
pretendem adquirir, consoante a idade, em dias concretos da semana e em
períodos concretos do dia (Vide Anexo 7.3).
Por outro lado, a mobilidade (ou a sua ausência) é um factor impulsionador da
compra nas grandes superfícies (ou no comércio tradicional). Ora, registando a
população das Caldas da Rainha um índice de envelhecimento relativamente
elevado, e sendo o nível de mobilidade tanto mais reduzido quanto mais
envelhecida é a população, é expectável a população mais idosa continue a
utilizar o comércio tradicional, enquanto a população mais jovem transita para as
grandes superfícies. Note-se que a população jovem já se encontra
fundamentalmente desalinhada do público-alvo do comércio tradicional, pois
opta por deslocar-se a outros locais para encontrar os produtos que pretende,
ao invés de se abastecer com os artigos que é possível encontrar no comércio
tradicional. O factor mobilidade é de grande relevância neste caso, podendo as
grandes superfícies, nomeadamente os Centros Comerciais, ajudar a estancar
essa “fuga”.
Já no que concerne à diversificação, modernização e qualificação do tecido
económico, estamos convencidos de que as novas unidades comerciais vão
também trazer contributos positivos, uma vez que serão mais um elemento a
acrescer às equipas de gestão profissionalizadas no palco económico. Este tipo
de unidades inclina-se normalmente para formatos de franquia ou equivalente,
em que a gestão por objectivos é uma norma, contribuindo em princípio para
uma maior competitividade e rentabilidade do tecido económico. É igualmente
expectável que a qualidade e sofisticação dos métodos de marketing e
comercialização de produtos e serviços aumente, pois será ventilada pelas
experiências das casas-mãe ou franchisadores.
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Quanto à qualificação dos espaços públicos, as novas unidades irão contribuir
para a melhoria do trânsito (descongestionando um pouco o coração da cidade,
resolvendo em parte o problema do estacionamento) e, muito provavelmente,
para melhorar os níveis de iluminação, segurança e bem-estar, que não são de
menosprezar.
Conclui-se, assim, que a implantação dos projectos descritos no ponto anterior
está, na sua generalidade, alinhada com os objectivos definidos nos planos
estratégicos para a cidade e a região79.
5.5. Cenários para Decisão
O presente estudo pretende constituir-se com um instrumento de apoio à
decisão de implantação de grandes superfícies comerciais. Contudo e numa
perspectiva mais rigorosa, entre os pedidos de licenciamento efectuados,
apenas um dos projectos é susceptível de contribuir para a dissociação entre o
comércio e a cidade. Referimo-nos, concretamente, à decisão de aprovar ou
não a instalação do Caldas Shopping, um espaço comercial do tipo B que
poderá atrair e desviar um determinado fluxo de consumidores da zona
tradicional de comércio (tipo A).
Os outros projectos correspondem a propostas para comércio de especialidade
de grande dimensão (bricolage, materiais de construção, jardinagem, etc.),
gozando de um poder de atractividade delimitado à procura dirigida a cada um
dos sectores de actividade onde concorrem. Nesse sentido, o impacto da
aprovação de cada uma destas propostas não contribui, de modo fundamental,
79 Optámos por não comentar as áreas onde manifestamente as questões não se tocam, como por exemplo a
agricultura, a floresta, ou a pesca, visto que o impacto nestes casos tenderá a ser neutro.
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para o risco de dissociação entre a evolução do comércio e o desenvolvimento
da urbe.
Deste modo, a resposta à questão de investigação inicialmente colocada (Como
aumentar ou, pelo menos, manter a atractividade da cidade a médio e longo
prazo?) remete-nos para a construção de cenários de decisão que se focam,
essencialmente, na aprovação do formato Shopping. As restantes decisões, na
medida em que, de acordo com a corrente dominante na literatura, não colocam
em causa o desenvolvimento da cidade, revelam uma importância bem menos
significativa para o juízo da Câmara Municipal e, nesse sentido, gozam de uma
importância subsidiária para a construção dos cenários80.
A focagem, ao nível da configuração dos cenários, na decisão de aprovação ou
reprovação do Caldas Shopping exige o estabelecimento prévio de três pontos
de enquadramento:
1. Não está em causa o êxito do empreendimento. Se tivermos em
consideração, a experiência neste domínio do promotor, o histórico de
sucessos que vem constituindo a «receita» dos Centros Comerciais em
Portugal e o diagnóstico da realidade concreta da envolvente das Caldas
da Rainha, nada nos leva a duvidar das possibilidades de sucesso;
2. Os exercícios de cenarização esgrimem-se a partir de uma realidade em
evolução, obviamente, mas sem mudanças estruturais anunciadas. Ora,
neste caso as tendências de evolução serão interrompidas pelo impacto da
abertura do Fórum Caldas para a cidade e sua envolvente. Na prática, o
80 Para além disso e de uma maneira geral, verificada que está a considerável densidade deste tipo de superfície já
existente nas Caldas da Rainha, é razoável pressupor que se atingiu um nível aceitável para o consumidor/cidadão, não
sendo necessárias mais unidades deste tipo na zona envolvente à cidade.
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5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
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que está a ser solicitado é uma recomendação, positiva ou negativa, em
relação ao Caldas Shopping, num momento em que o efeito da instalação
do Fórum Caldas ainda está por avaliar.
3. A justificação de uma decisão depende do nível de análise em que nos
colocamos. Ou seja, uma boa decisão no plano da cidade ou do Concelho
das Caldas da Rainha pode significar uma opção míope quando nos
posicionamos ao nível da atractividade do Pólo 1 ou da Região Oeste. Tal
como uma decisão estratégica ao nível meso pode significar um importante
revés ao nível micro. Assim, a ponderação entre as vantagens e as
desvantagens a esgrimir em cada cenário de decisão terá de ter em conta
o impacto sobre os níveis de análise considerados pertinentes.
Tendo em conta estes considerandos, foram desenvolvidos dois cenários para
reflexão. O primeiro decorre de uma argumentação mais comum na literatura e
inscreve-se no âmbito da cooperação inter-organizacional. O segundo tem um
enfoque mais próximo das leis do mercado e do contexto da cultura nacional e
enquadra-se no domínio da competição.
5.5.1. Cooperação – Não autorizar
De acordo com a literatura em urbanismo comercial este seria provavelmente o
cenário mais desejável, embora em termos reais, seja o mais difícil de
implementar.
A ideia passa pela articulação entre as autoridades dos vários Concelhos do
Pólo 1, mais especificamente sobre aqueles que se situam no interior do
triângulo constituído pelas cidades de Leiria, Santarém e Torres Vedras, no
sentido de não cederem à (pressão para a) aprovação de um único Centro
Comercial. Esta cooperação institucional ao nível meso teria de ser
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NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
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acompanhada por uma forte aposta estratégica ao nível micro, com o objectivo
de revitalização do comércio das zonas do tipo A (nas respectivas sedes de
Concelho).
A revitalização do comércio só pode ser bem sucedida se tiver as novas
exigências do consumidor no centro das acções a desenvolver e a satisfação
das suas necessidades como finalidade a atingir. Esta orientação para o
consumidor exige por sua vez, como tivemos oportunidade de referir na revisão
da literatura, uma forte cooperação entre comerciantes, entre comerciantes e
autoridades e entre os vários pelouros da edilidade. Ou seja, o cenário exige
parceria e funcionamento em rede aos vários níveis de análise, tanto ao nível
meso (inter-municípios) como ao nível micro (comerciantes e administração
local).
Orientar a zona central da cidade para o consumidor exige, de acordo com a
literatura consultada, actuar de modo integrado sobre:
• O factor comunicacional, nomeadamente, ao nível da publicidade,
marketing e animação, conceito de zona comercial e decoração;
• O factor físico, nomeadamente o “layout”, os acessos, a localização, a
pedonalização, a climatização e o estacionamento;
• O factor serviços e produtos, nomeadamente, a segurança, o horário e a
limpeza.
Estes factores da envolvente controlável encontram-se muito melhor cobertos
pelos Centros Comerciais, construídos de raiz, do que pela generalidade das
zonas comerciais dos centros das cidades. Logo, evitar a abertura de Centros
Comerciais terá de ter como contrapartida a cooperação inter-organizacional,
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
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entre comerciantes e administração local, no sentido de melhorar
consideravelmente as competências nestas variáveis e assim assegurar a
atractividade de longo prazo da cidade e do Pólo 1.
Lopes e Moreira (2004) referenciam o caso do comércio tradicional de Braga
como uma boa prática nesse domínio, na medida em que a forte cooperação
entre a Associação Comercial de Braga e a Câmara Municipal, permitiu “federar
os comerciantes da zona e aumentar significativamente a sua atractividade
actuando, nomeadamente, ao nível da:
• modernização dos estabelecimentos urbanos (ex. formação profissional e
consultoria em vitrinismo);
• melhoria do espaço público (ex. pedonalização da zona e equipamento
urbano dedicado) e
• animação e promoção da zona (ex. publicação mensal da revista
«Comércio Tradicional», emissão do cartão centroLojas, campanha «o
comércio tradicional está aberto ao sábado à tarde”) (p. 343).
Para além da cooperação entre comerciantes e da criação de parcerias
público-privadas entre a edilidade e os comerciantes, a operacionalização deste
cenário exige uma gestão planeada dos centros urbanos, o que implica uma
concertação entre os vários pelouros da Câmara Municipal. Estamos a
referir-nos, nomeadamente, à articulação entre as políticas de urbanismo
comercial com as políticas de habitação, de animação cultural, de turismo, de
ordenamento do território, etc.
Uma estratégia de cooperação “multinível”, ao serviço do consumidor/cidadão,
reduziria os riscos associados à ameaça de dissociação entre o comércio e a
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NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
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cidade (problema funcional-geográfico) que a abertura de um ou mais, Centros
Comerciais implicaria. Por outro lado, reduziria significativamente os riscos de
conflito funcional-político permanente entre comerciantes, administração e
consumidores.
Outro argumento a favor da cooperação, ainda que possa ser cada vez mais
posto em causa (por força da crescente mobilidade das pessoas e capital), é o
seguinte: o valor acrescentado criado pelos comerciantes locais é,
tendencialmente, consumido na própria terra enquanto que o valor acrescentado
gerado a partir de uma infra-estrutura do tipo B pode migrar para outros
territórios de actuação do promotor.
A verdade porém é que, a par das consequências desejáveis evidenciadas
neste cenário, as investigações realizadas no nosso país sobre casos de
cooperação entre PME´s e entre estas e instituições associativas ou estatais
evidenciam que esses casos raramente são bem sucedidos. Os obstáculos
culturais que repousam em traços marcados de oportunismo, individualismo e
de aversão ao risco colocam obstáculos enormes ao desenvolvimento de redes
inter-organizacionais. Os casos de insucesso abundam, embora se discriminem
algumas práticas de sucesso que invariavelmente se encontram ligadas a uma
forte liderança (Moreira, 2005) que, neste caso concreto, só poderia ser
assumida pela Câmara Municipal.
A decisão de aprovar o Fórum Caldas não entra em contradição, como poderia
parecer à partida, com o espírito deste cenário. De facto, a atractividade dos
centros da cidade exige não só a revitalização do comércio, como também a sua
articulação com uma oferta associada aos motivos da restauração e do lazer.
Um centro comercial de média dimensão situado no centro ou na proximidade
do comércio tradicional, não só traz estas valências à cidade como pode
funcionar como âncora para a atractividade da zona de tipo A. Trata-se de um
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NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
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investimento que provou conduzir a bons resultados noutras zonas de comércio
tradicional, como por exemplo o ViaCatarina no Porto, os Armazéns do Chiado
em Lisboa, o Fórum Aveiro em Aveiro e o Vila Cascais em Cascais.
Importa tecer ainda um comentário final relativamente ao cenário de
cooperação: a argumentação que tradicionalmente serve de base a esse
cenário (afastar as pessoas do centro da cidade para a periferia dissocia as
pessoas da cidade e daquilo que, tradicionalmente, se faz no centro da mesma),
apesar de fazer sentido, sai no caso em apreço um pouco enfraquecida. Em
abono da verdade, o Caldas Shopping, não estando previsto para o centro da
cidade, ficaria a pouco mais de 500 metros da Câmara Municipal e a cerca de
1000 metros da rua Heróis da Grande Guerra ou da Praça da República. A
distância para o Fórum Caldas seria de cerca de 1200 metros81. Poderemos
encontrar quem argumente que, à semelhança do Fórum Caldas, a contiguidade
com o comércio tradicional também se aplicaria ao Caldas Shopping e, a ser
assim, funcionaria também como âncora e regenerador do centro da cidade.
5.5.2. Competição – Autorizar
Num cenário de competição coloca-se desde logo a questão da afirmação
geopolítica das Caldas da Rainha no contexto regional. Caso o município não
autorize a implantação de Centros Comerciais cuja área de venda aproxime a
densidade do Pólo 1 da existente na média do país, atendendo nomeadamente
ao poder de compra e às margens praticadas, será muito provavelmente Óbidos
a fazê-lo. E nesse caso, o cenário provável transforma-se na desmoralização
81 Distância a pé, medida com base no Guia Michelin.
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NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
- Página 171 -
das actividades comerciais, industriais e de serviços para o Concelho vizinho82.
Esta cenarização segue de perto as leis de mercado e competição aplicáveis a
qualquer actividade económica.
Neste contexto, a questão torna a colocar-se (pelo menos) a dois níveis: micro e
meso.
Ao nível micro (Caldas da Rainha vs. Óbidos), importa determinar se o Fórum
Caldas é suficiente ou não para inverter o declínio do comércio na cidade das
Caldas (numa lógica equiparada à dos Armazéns do Chiado em Lisboa e outros
exemplos supra referidos). Se de facto o Fórum Caldas for suficiente, a
introdução de um Centro Comercial um pouco mais afastado do centro da
cidade pode ter alguns efeitos perversos, decorrentes da dissociação entre o
comércio e o centro histórico da cidade.
Ao nível Meso (e porventura Macro), a questão coloca-se, contudo, de uma
outra forma. Santarém, Leiria e Torres Vedras todos têm projectos recentemente
implantados ou em curso. Porém, no trajecto da A8 entre Torres Vedras e Leiria
não existe nenhum projecto de referência, pelo que se trata de determinar qual
passa a ser o ponto de atracção do Pólo 1 ou da zona Oeste. Neste âmbito o
grande concorrente das Caldas da Rainha é, sem sobra de dúvida, Óbidos. A
questão transforma-se então em saber quem irá explorar a vantagem
competitiva do primeiro “entrante”, traduzida no facto de o primeiro a instalar-se
«ocupar o território» e desmotivar a construção do concorrente no Concelho
adjacente.
82 Em suporte desta tese de competição vêm inclusivamente os desenvolvimentos recentes que irão conduzir à
constituição da Associação Comercial de Óbidos [http://www.gazetacaldas.com/Desenvol.asp?NID=15211 (26/08/2006)],
quando historicamente a Associação Comercial tem sido única para Caldas da Rainha e Óbidos (ACCCRO).
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
5. REFLEXÃO ESTRATÉGICA
RELATÓRIO FINAL
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Ao entrar primeiro do que Óbidos no mercado, as Caldas da Rainha
posiciona-se como principal impulsionador da região envolvente, beneficiando
da atracção dos agentes económicos que ali se localizam. Como na maior parte
dos casos não existirá uma repetição por parte desses agentes, as Caldas da
Rainha acabam por absorver as propostas mais interessantes, deixando para
Óbidos apenas os “players” que não conseguem, por razões competitivas, entrar
no mercado “prime”.
Nesta altura uma de duas decisões pode ser tomada pelo promotor do projecto
do Plaza Oeste:
• Desistência, assumindo que não é rentável explorar um mercado que
ficaria saturado para a dimensão da procura, podendo, ou não, procurar
outra localização para implantar um projecto com as mesmas
características;
• Investimento, pese embora a concorrência, podendo seguir nas mesmas
linhas ou linhas distintas. Nesta opção, e admitindo que não existe uma
irracionalidade ilimitada dos promotores e municípios a nível micro, está
implícita uma aposta no aumento da procura a prazo, que poderá derivar
de uma multiplicidade de factores, internos e externos.
A mesma cenarização pode naturalmente ser levada a cabo trocando os actores
para obtermos uma perspectiva do que poderá acontecer caso o Caldas
Shopping não seja aprovado. Na eventualidade de ser o projecto de Óbidos o
primeiro a avançar, serão as Caldas da Rainha a ficar circunscritas ao conjunto
de agentes económicos que não acompanharam a primeira vaga, podendo os
promotores manter ou não as suas decisões de avançar com os projectos nos
moldes inicialmente definidos.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
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6. SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1. Introdução
Este capítulo final do relatório comporta dois pontos, para além desta
introdução. Já de seguida, apresenta-se um breve sumário e a explanação das
principais conclusões dos capítulos anteriores. Considerando que este estudo
pretende ser um instrumento útil à decisão, terminamos com as recomendações
que resultam fundamentalmente da reflexão estratégica do capítulo anterior,
sem naturalmente esquecer a revisão da literatura que a antecede.
Antes de percorrermos os capítulos anteriores, importa ainda salientar que
apesar da importância (económica, social e urbanística) e das críticas de que
têm sido alvo a implantação de novas superfícies comerciais, este continua a ser
um fenómeno pouco estudado em Portugal. A falta de informação e as graves
lacunas contidas nas estatísticas disponíveis explicam, em boa medida, o
reduzido número de estudos, dentro e fora das universidades.
6.2. Sumário e Conclusões
As secções seguintes, no seu fundamental, respeitam a sequência presente nos
capítulos anteriores.
6.2.1. Tendências
As formas de comercializar têm evoluído, no tempo e no espaço, sendo que a
evolução do comércio é indissociável da própria evolução do Homem.
O século XX foi o século de confirmação da urbanização dos países (ditos)
desenvolvidos. Assim, o desenvolvimento recente do comércio tornou-se
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
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indissociável da evolução das próprias cidades. O comércio desenvolveu-se no
centro das cidades, por ser ali que se concentrava um maior número de
residentes, trabalhadores ou simples transeuntes. Entretanto, a concentração
crescente da actividade económica no centro das cidades, designadamente por
força da terciarização, foi empurrando as pessoas para a periferia, criando
zonas mais ou menos extensas de dormitórios. Contudo, o crescimento
(desmesurado) das cidades foi originando algumas deseconomias de
aglomeração, provocando também a deslocalização de parte da actividade
económica.
Começaram então a surgir novas formas de comércio, localizadas nas periferias,
onde os terrenos eram mais baratos e de fácil acesso. Começando por
satisfazer as necessidades de compra das populações da periferia, e depois
também do centro, rapidamente evoluíram para espaços geradores de
necessidades de compra, mas também locais aprazíveis, de ambiente
condicionado, para o passeio, lazer e, por vezes, cultura.
Os centros comerciais enquanto forma de distribuição e de urbanismo comercial
terão tido a sua origem na Europa, mas, após a Segunda Guerra Mundial,
quando a Europa desperta verdadeiramente para o fenómeno, já na América do
Norte existia uma verdadeira indústria. Uma vez consolidados como indústria da
periferia das grandes cidades, os centros comerciais partiram para cidades de
tamanho médio e depois inferior, e também para o centro das grandes cidades,
criando e espalhando um novo conceito de comércio.
A evolução das grandes superfícies e dos centros comerciais em Portugal não
foi muito diferente daquilo que se tem verificado noutros países europeus. Dado
o atraso à partida, poder-se-á mesmo dizer que a implantação da fórmula foi
vertiginosa.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
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Inevitavelmente, os impactos destas novas formas de comércio são vários: nas
formas de comércio ditas tradicionais, no urbanismo comercial, na vida dos
cidadãos e, em particular, dos consumidores. A atractividade junto dos
portugueses, pelo menos para já, parece inquestionável. As grandes superfícies
em geral e os centros comerciais em particular estão na moda. A determinação
do saldo das consequências (positivas e negativas) a médio e longo prazo é
uma questão de difícil resposta.
Actualmente, à semelhança do que se verifica na Europa, a tendência é para as
novas formas de venda (e lazer) aumentarem a área disponível.
6.2.2. Problemática
A implantação de novas superfícies comerciais de dimensão relevante nas
Caldas da Rainha, nomeadamente dois centros comerciais, à semelhança do
verificado noutras cidades, está longe de ser um processo pacífico. Os
representantes do comércio (tradicional) têm reagido com veemência, invocando
que tal instalação provocará a destruição do comércio (tradicional) do centro da
cidade e, consequentemente, do próprio centro da cidade. A posição
apresentada pelos representantes dos comerciantes, nas reuniões preparatórias
do presente estudo, poder-se-á resumir da seguinte forma: “(…) não existe uma
oposição à instalação [dos centros comerciais], mas antes de isso acontecer é
necessário que sejam dados apoios e tempo aos comerciantes [tradicionais], no
sentido de se prepararem”.
É frequente (e tentador) estabelecer-se uma relação entre a proliferação de
centros comerciais e a destruição dos centros das cidades. Apresentámos a
argumentação que lhe está subjacente mas também alertámos para o facto de
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 176 -
relação ser diferente de correlação e, mais ainda, de causalidade (na acepção
de Granger83) – do ponto de vista estatístico se tratar de algo completamente
distinto84. Por força da escassez e das limitações da informação disponível
(relativamente às diferentes formas de comércio, mas não só), levará anos até
que seja possível testar estatisticamente a correlação (ou, mais difícil ainda, a
causalidade) entre a expansão das novas formas de comércio85, o comércio
tradicional e o centro da cidade.
É indubitável que o fenómeno carece de estudo, designadamente por força da
importância socio-económica que as novas formas de comércio (e lazer)
contemplam. Dará certamente um importante contributo no campo do
conhecimento quem no futuro vier demonstrar, com estudos quantitativos, o
verdadeiro papel dos formatos comerciais em escrutínio, na vida do centro da
cidade (contribuindo para sua desertificação, para reduzir a pressão em termos
de trânsito e estacionamento, etc.), na actividade dos comerciantes
(tradicionais), mas também na (in)satisfação dos consumidores e dos cidadãos,
na qualidade de vida dos citadinos do centro e das periferias (nestas, por serem
essencialmente dormitórios, a qualidade de vida foi durante muito tempo
ignorada), no (des)emprego, etc. Os poucos estudos existentes são, no seu
todo, inconclusivos e, nem sempre, indissociáveis de quem esteve
83 Geroski (1984), ainda que noutro contexto, usa a abordagem de causalidade na acepção de Granger, “(….) onde a
ideia-chave é de que a causa não pode preceder o efeito, o que permite testar um padrão causal em ambas as
direcções. O raciocínio base é: i) se os valores da variável X afectam a variável Y, então X pode ser usado para prever
Y; ii) se os valores de Y não afectam X, então Y não causa (na acepção de Granger) X.” [Bento (2004), tradução livre].
84 Adicionalmente, relembra-se a este propósito e a título de exemplo que duas políticas completamente diferentes em
relação à implantação de grandes superfícies comerciais (altamente permissiva nos Estados Unidos e fortemente
restritiva no Reino Unido) estão associadas a uma mesma realidade: a degradação do centro das cidades. Assim, somos
levados a pensar que a “morte” dos centros da cidade é um problema multifacetado e complexo, pelo que se vislumbra
com dificuldade a atribuição de tal destino (quase exclusivamente) ao florescer das novas formas de comércio.
85 Por simplificação ignore-se o comércio electrónico – mais recente e ainda menos estudado, mas certamente com
impacto nos restantes formatos.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 177 -
(efectivamente) na sua origem: os “novos” comerciantes ou os comerciantes
“tradicionais”.
Este estudo, despoletado pela discussão pública em torno da implantação novas
superfícies comerciais nas Caldas da Rainha, acabou por nos conduzir a várias
pistas de investigação86, em torno de um problema maior: a competitividade das
Caldas da Rainha a médio e longo prazo. Aceitando que a implantação de
qualquer projecto de dimensão relevante, seja na área do comércio, da indústria
ou dos serviços, produz externalidades (positivas e negativas), os projectos
comerciais em referência não são excepção. Contudo, no sentido de
apresentarmos um contributo para a presente discussão, evitando o ruído e,
acima de tudo, proporcionando um instrumento de apoio à decisão (i.e., auxiliar
a Câmara Municipal das Caldas da Rainha a posicionar-se perante a decisão
que se lhe coloca), tornou-se imperativa a recolocação da questão de
investigação.
No sentido de explorarmos pistas que auxiliassem na procura da solução que
mais favorece a atractividade das Caldas da Rainha a médio e longo prazo, foi
necessário, para além da tradicional revisão da literatura ao nível do urbanismo
comercial e do comportamento do consumidor, procurar também referências
úteis na disciplina de economia regional e urbana. Embora a discussão pública
se tenha vindo a realizar quase exclusivamente entre os representantes dos
principais actores (a ACCCRO, em representação do comércio tradicional
actualmente existente, e a Câmara Municipal, em representação dos munícipes
e consumidores)87 e em torno do(s) impacto(s) imediato(s) no comércio
tradicional do centro da cidade, os verdadeiros destinatários desta investigação
86 Muitas delas não passíveis de exploração em tempo útil.
87 No que concerne aos promotores, desconhecem-se acções reivindicativas concretas, o que não quer dizer que não
possam ter existido.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
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6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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são as novas gerações de Caldenses (actuais e potenciais, caso a cidade ganhe
poder de atracção adicional), respeitando naturalmente todos aqueles que
querem (voltar a) ver as Caldas da Rainha como pólo de vigor e de atracção – o
principal estandarte do Oeste.
6.2.3. Economia Regional e Urbana
O enquadramento teórico no âmbito da economia regional e urbana permitiu-nos
perceber melhor a problemática da organização económica dos espaços
regionais e urbanos. Segue-se uma breve sinopse dos conceitos fundamentais:
• O espaço não é neutro do ponto de vista da localização das actividades
económicas e o conceito de contiguidade tem sido considerado como um
factor favorável à expansão da actividade económica.
• O espaço económico é um espaço multidimensional que para ser avaliado,
na sua plenitude, sugere que, para além das variáveis económicas se
considerem outras, algumas das quais nem sempre fáceis de quantificar,
como sejam de índole social, de natureza física ou de cariz histórico.
• Quantificar com rigor o impacto de um investimento de dimensão relevante
é uma tarefa árdua e morosa, ou mesmo inviável - os efeitos não ocorrem
em simultâneo, nem com a mesma intensidade e têm diferentes durações
temporais.
• O espaço não possui a propriedade da divisibilidade perfeita, pelo que o
seu uso gera externalidades positivas e/ou negativas. A par das
externalidades positivas, as cidades têm sido também geradoras de
externalidades negativas, designadamente na área ambiental. Por isso, o
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NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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uso do espaço tende a ser regulado88.
• Os agentes económicos quando norteados por critérios de racionalidade
individual, podem maximizar os seus interesses, sem que isso implique
necessariamente uma optimização dos objectivos da sociedade em geral.
A este respeito fez-se referência ao óptimo de Pareto, segundo o qual
nenhum dos agentes pode melhorar a sua situação sem deteriorar a
posição e provocar a reacção imediata de, pelo menos, um outro agente.
Na abordagem aos modelos de desenvolvimento regional distinguiu-se os que
seguem a tradição neoclássica dos que optam por uma lógica keynesiana – a
integração das duas abordagens não tem sido uma opção. Susceptíveis de
críticas, tanto uns como os outros, os últimos parecem mais adequados a uma
perspectiva de curto prazo (organização pela procura, i.e., a procura cria a
oferta)89, enquanto que os primeiros parecem mais condizentes com uma
abordagem de longo prazo, onde o que está em causa é a capacidade regional
de inovação, a capacidade de organizar os factores de produção e a capacidade
de organizar novos mercados90.
Resgata-se novamente a noção de pólo de crescimento, introduzida por Perroux
(1969), segundo a qual o impacto do pólo no desenvolvimento de um
determinado espaço dependerá da combinação dos efeitos de polarização91 e
88 Tendo em vista a optimização da função de bem-estar dos vários agentes económicos, a política de ordenamento do
território não deverá ser uma simples consequência das políticas sectoriais.
89 Caso se entenda que a oferta actual é eficiente e suficiente para satisfazer a procura (actual e potencial), a introdução
das novas unidades comerciais é perniciosa ao equilíbrio.
90 Se se julgar que a introdução das novas unidades comerciais significam um aumento da eficiência e organização ao
nível (da organização do mercado) da distribuição, essas alterações ao nível da oferta serão favoráveis a médio e longo
prazo.
91 Associados ao desenvolvimento de economias de aglomeração e aos efeitos das migrações dos factores (trabalho e
capital) da periferia para o pólo.
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NAS CALDAS DA RAINHA
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de difusão92. Se se entender o centro da cidade como, noutros tempos, tendo
sido um pólo, ele próprio pode ser interpretado segundo a mesma lógica.
Em relação à formação e desenvolvimento das cidades, relembra-se que o
século XX foi o período de consumação da transição para sociedades urbanas,
em Portugal e no mundo (dito) desenvolvido. Contudo, à semelhança daquilo
que aconteceu noutros países (mais desenvolvidos), existem no nosso país
cidades com graves problemas (trânsito, estacionamento, crime, desertificação,
degradação urbanística, etc.). Registe-se ainda o facto de entre 1981 e 2001 ter
ocorrido uma diminuição da população citadina global. Em Portugal, ainda que
fundamentalmente devido à diminuição da população em Lisboa (31%) e Porto
(22%) – entre as várias causas, é atribuído um lugar de destaque à terciarização
do centro da cidade.
6.2.4. Urbanismo Comercial
No que concerne à reflexão teórica em torno do urbanismo comercial, podemos
recuperá-la invocando cinco pontos-chave:
i) Genericamente, podemos dizer que o comportamento do consumidor se
modificou, surgiram novas exigências e despertaram-se novas
necessidades, perante as quais os comerciantes tradicionais têm tido
dificuldades em se ajustar, mas a que os novos formatos comerciais vêm
respondendo satisfatoriamente.
ii) A significativa alteração do processo de decisão de compra dos
consumidores faz com que mercado dite as suas leis e transferira um
92 Relacionados, numa primeira fase, com o aumento da procura e do rendimento dos factores. Numa segunda fase,
estes efeitos poderão passar pela deslocação de actividades do pólo para a periferia (em virtude do aparecimento de
deseconomias de aglomeração no pólo ou de processos de divisão espacial do trabalho).
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NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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enorme fluxo populacional, das zonas de comércio tradicional para os
novos formatos comerciais.
iii) Esta situação, no entanto, traduz-se num sem número de consequências
não só para os pequenos comerciantes dos centros tradicionais, mas
também para a administração pública, que tem que lidar com a
insatisfação dos comerciantes no curto prazo e, potencialmente, com a
insatisfação dos cidadãos a médio prazo.
iv) De facto, não são só os comerciantes que se mostram insatisfeitos pelo
efeito directo do aumento da concorrência e consequente perda de
receitas, mas também os cidadãos poderão indirectamente ficar
insatisfeitos se em resultado desta situação deixarem de usufruir em
pleno duma qualidade de vida que lhes poderia ser oferecida pela sua
urbe.
v) A insatisfação pode ainda aumentar e alastrar a outros sectores da
comunidade, uma vez que as cidades quando perdem comércio e
consumidores acabam por perder também segurança, atractividade
turística, qualidade habitacional, etc.
Evitar entrar nesta espiral negativa, promovendo o desenvolvimento sustentável
é o desafio fundamental que se coloca aos diversos actores envolvidos.
Provavelmente, tal não será possível se o mercado funcionar por si só, mas
também não se verificará se os comerciantes e a administração pública não
procurarem ir de encontro às necessidades dos cidadãos em geral e dos
consumidores em particular.
Efectivamente, o cidadão assume, simultaneamente, o papel de consumidor
para os comerciantes e de cidadão para a administração pública, sendo a
satisfação das suas necessidades o fundamento da actividade de ambos. De
facto, se o comércio vive em função do consumidor, assumindo-se como um
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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serviço que só ganha sentido quanto se torna relevante para alguém que o
procura, também os serviços públicos não são muitos diferentes, uma vez que
encontram a sua razão de ser nas necessidades da população que servem, isto
é, cada cidadão é um cliente da administração pública. Enquanto cliente que
usufrui de um serviço, os cidadãos esperam viver com qualidade de vida, que,
naquilo que não depende directamente do seu esforço, é entendida como
devendo ser providenciada pela administração pública.
Em jeito de conclusão, diríamos que a qualidade de vida exigida pelos
consumidores, ao nível do urbanismo comercial, deve ser providenciada
fundamentalmente por dois actores: os comerciantes e a administração pública.
Recomenda-se a cooperação entre comerciantes e a actuação estrategicamente
concertada com a administração pública, na medida em que os seus enfoques
estejam na satisfação das necessidades do cliente final. É este o motor de
desenvolvimento que pode conduzir ao aumento sustentável da atractividade da
urbe a médio e longo prazo.
6.2.5. Formatos Comerciais e Comportamento do Consumidor
A clivagem fundamental que surge no aparelho comercial de outras cidades e
que se admite no cenário de decisão para a administração das Caldas da
Rainha é aquela que deriva do conflito de interesses entre as formas comerciais
de tipo B, mais recentes e bem sucedidas, e as de tipo A, que noutros contextos
geográficos mostram, amiúde, tendência para a regressão.
O diagnóstico produzido por Lopes e Moreira (2004) acerca das razões para o
(in)sucesso das zonas comerciais da Grande Lisboa e do Grande Porto,
constitui, por si só, uma referência a ter em conta para a zona histórica do
comércio tradicional das Caldas da Rainha, no sentido desta criar condições de
adaptação às novas cambiantes da procura.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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Será ainda importante ter presente que enquanto os formatos comerciais do
tipo B têm concentrado esforços na envolvente controlável93, o comércio do
tipo A tem actuado privilegiando a envolvente não controlável94. Na verdade,
enquanto os primeiros têm apostado na inovação (na procura da diferenciação e
do sucesso comercial), o comércio tipo A tem preferido exigir que a
administração (local e central) crie restrições à implantação e desenvolvimento
de novos empreendimentos (tipo B) – raramente têm apostado numa estratégia
de gestão e de comunicação dirigida às novas necessidades do consumidor.
Salvo honrosas excepções, de casos bem sucedidos ao nível do comércio
tradicional95, a solução de tipo B tem granjeado cada vez mais consumidores96,
possuindo ainda a vantagem de ser facilmente replicável em contextos
geográficos diversos97.
No que concerne ao comportamento do consumidor, é inequívoco que ele
mudou drasticamente ao longo das últimas décadas. Tem sido estudado, quer
com base em modelos clássicos (onde se salienta a minimização da distância, a
racionalidade do consumidor e o livre funcionamento do mercado) quer com
93 Como por exemplo a localização dos pontos de venda, a gestão operacional, a fixação dos preços, a comunicação, os
métodos promocionais, o ambiente e serviços existentes no ponto de venda.
94 Como por exemplo os consumidores, a concorrência, a tecnologia, a conjuntura económica, a sazonalidade e as
restrições legais.
95 “Barcelona é um bom exemplo de uma cidade europeia onde a maior parte do desenvolvimento dos centros
comerciais se deu fora do centro da cidade. Apesar da sua conveniência, nomeadamente em termos de acessibilidade e
estacionamento, neste caso o atractivo da cidade antiga triunfou.” [ERE (2006), p. 100, tradução livre].
96 Relembra-se que, segundo Rousseau (1997), existe um “mix” estratégico de variáveis - composto por produtos e
serviços, comunicação e distribuição física - que os centros comerciais dominam e que, de alguma forma, lhes têm
garantido o sucesso da sua abordagem ao consumidor.
97 Apesar das naturais diferenças que os promotores procuram implementar para diferenciar os empreendimentos (da
concorrência e dos próprios), o consumidor, que se desloca cada vez mais, conhece aproximadamente as sensações
que pode encontrar e as compras que pode efectuar num determinado espaço tipo B. Encontrando-se numa cidade que
não a de residência habitual, a tentação de ir directamente a um espaço tipo B é elevada, por comodidade geral, por
“não perder tempo às voltas, à procura de estacionamento e depois da loja x ou y”, nomeadamente.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 184 -
recurso a modelos comportamentalistas (dando relevância à subjectividade, às
emoções, às experiências passadas, aos sentimentos, etc.), mas a procura de
consensos terá que continuar por mais algum tempo.
6.2.6. Estudos Empíricos – “Benchmarking”
A escassez e, ao mesmo tempo, a variedade de estudos empíricos em torno do
comércio (e do urbanismo comercial) conduziram-nos a, do ponto de vista
metodológico, procedermos ao seu isolamento, em relação à revisão da
literatura eminentemente teórica. Optou-se pela não inclusão de estudos sobre
outros países, nomeadamente europeus – perdeu-se em abrangência mas
ganhou-se em comparabilidade.
A conclusão geral a retirar sobre os estudos empíricos apresentados no
Capítulo 3 é a de que a problemática da evolução do comércio tem sido
estudada por diferentes ângulos, por diversas áreas disciplinares, com
objectivos e metodologias distintas, bem como com diferentes profundidades e
rigores de análise.
Os analistas nem sempre têm avaliado o fenómeno de forma completa, objectiva
e desapaixonada. Condicionados pelos seus próprios valores e, por vezes, de
quem esteve (efectivamente) na origem do estudo, os autores têm acabado por
produzir análises parciais, centradas nas externalidades imediatas negativas,
menosprezando o médio e o longo prazo98.
Cachinho (1991), considerando o estado do comércio em Portugal e a (quase)
ausência de informação naquela altura, produziu um trabalho notável. Bem
98 A este propósito, relembra-se Cachinho (1991), que afirma que em diversos países a revitalização do comércio
tradicional no centro das cidades tem ocorrido com base nas inovações trazidas pelos centros comerciais.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 185 -
estruturado, formando um todo coerente, o estudo representa um esforço
conseguido para aprofundar uma problemática que, como se veio a confirmar,
era já de toda a pertinência.
Machado et al. (1994), apesar de anunciarem uma reflexão global e integrada,
apresentam não uma mas quatro análises com níveis distintos de rigor (formal e
mesmo científico). O trabalho fica aquém do expectável, apresentando-se a
análise económica como a única excepção, pela solidez apresentada.
Cachinho et al. (2000), pelo levantamento exaustivo dos centros comerciais em
Portugal e pela solidez metodológica, apresentam um estudo de inegável
importância sobre a problemática em apreço, que lamentavelmente não teve a
continuidade desejada. Por ser um estudo ímpar, importa salientar uma das
principais conclusões: os centros comerciais, mais do que lugares de
abastecimento dos cidadãos, são espaços de compra e de lazer,
comprometendo cabalmente a relação linear frequentemente estabelecida entre
a proliferação dos mesmos e o declínio do comércio tradicional – a concorrência
é inegável, mas o mesmo se pode afirmar para a complementaridade.
Fernandes et al. (2000), à semelhança dos estudos desenvolvidos no interior do
Observatório do Comércio, apresentam um trabalho bem estruturado que, para
além das similaridades com os seus contemporâneos tem ainda em comum o
facto de não ter tido continuidade. De qualquer forma é um contributo válido
sobre a temática em questão, o que nos leva a apresentar aqui a conclusão
global, a qual apontava para a necessidade de construção de “territórios de
comércio competitivo”, privilegiando a dimensão sub-regional, do município ou
grupo de municípios, valorizando a diversidade, a coesão e a articulação da
cidade com o comércio.
Marques et al. (2001) analisam as principais tendências nos vários formatos de
distribuição, privilegiando os mais modernos, mas com referência aos formatos
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 186 -
tradicionais (não só ao citadino, mas também ao rural e ambulante) e à
necessidade da sua coexistência. No seu trabalho de síntese dos anteriores
estudos do Observatório do Comércio, sólido do ponto de vista da estrutura e
metodologia, os autores dão merecido destaque ao facto de as mudanças
ocorridas no comércio estarem também a trazer alterações ao nível dos
empregados do comércio. De facto, à semelhança do que tem ocorrido noutros
sectores de actividade, as condições de emprego e a empregabilidade lançaram
para o centro da discussão a importância da (constante) formação profissional
no comércio.
Melo et al. (2001), baseando-se essencialmente naquilo que Cachinho e os seus
pares vinham produzindo, estudam o desenvolvimento da actividade comercial e
suas condicionantes, procurando perspectivar a evolução (na indústria dos
centros comerciais) até 2010. São apresentados quatro cenários, alegadamente
plausíveis, que não se justifica aqui revisitar, uma vez que o estudo, do ponto de
vista metodológico, é algo vulnerável.
Finalmente, o GECIC (2005) levou a cabo um estudo específico sobre a
implantação de centros comerciais em Leiria, no qual começa por assumir que a
implantação daquele tipo de empreendimentos gera sempre externalidades
(positivas e negativas) e por prevenir que os resultados do estudo são produto
de opções e estão longe de constituir a “verdade absoluta”. Considerando que
se está perante um estudo recente (Dezembro de 2005) e, acima de tudo, que
se trata de Leiria, centro de um dos pólos analisados no Capítulo 4 – Pólo 2 – e
Distrito ao qual pertence as Caldas da Rainha, afigura-se da maior relevância
recuperar aqueles que foram apresentados como os impactos da implantação
de um ou dois centros comerciais, no comércio tradicional e no centro da cidade:
• as mercearias e os puros alimentares sentirão efeitos mínimos;
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NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
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• o comércio de artigos pessoais sofrerá uma concorrência significativa
(sobretudo as lojas de marca), em particular os comerciantes menos
dinâmicos e se o(s) empreendimento(s) se situar(em) afastado(s) do centro
da cidade;
• reforçam o emprego na cidade e na região;
• representam uma excelente oportunidade para alguns comerciantes se
expandirem;
• contribuem fortemente para a modernização do tecido comercial
tradicional;
• ampliam a influência regional da cidade.
6.2.7. Enquadramento Demográfico, Social e Económico (e Comercial)
Revisitados os estudos empíricos apresentados no Capítulo 3 – excepção feita
aos específicos sobre as Caldas da Rainha, que justificam um tratamento
distinto –, cumpre ainda apresentar uma síntese e as principais conclusões
relativas ao Capítulo 4, i.e., em termos demográficos, sociais, económicos e
relativamente ao tecido comercial.
Análise Demográfica
As grandes tendências demográficas que Portugal demonstra são, em larga
escala, compatíveis com aquilo que tem acontecido na Europa: concentração
urbana e envelhecimento.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
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Com excepção do Pólo 3, a população residente em cada um dos pólos registou
um aumento superior à média nacional99. O Concelho das Caldas da Rainha
apresenta um razoável desenvolvimento demográfico, sugerindo a manutenção
de algum poder de atracção da população; contudo, uma análise pormenorizada
ao Pólo 1 não sustenta essa ideia100.
O envelhecimento da população é comum a todas as áreas analisadas,
incluindo no Pólo 2, o mais jovem (dos quatro) e o único com um índice de
envelhecimento inferior à média do país. O Pólo 4, com um crescimento da
população largamente acima da média do país, contrariamente ao que
acontecia no início da década de 90, é hoje mais jovem que o Pólo 1. No que
concerne ao saldo natural, os Pólos 1 e 3 apresentam valores negativos.
Os Pólo 2 e 4 têm uma estrutura etária mais ajustada do ponto de vista
demográfico (e económico), o que faz deles os principais concorrentes do
Pólo 1. As Caldas da Rainha, enquanto centro deste último, terão que procurar
factores de atracção da população jovem.
Análise Social
A taxa de desemprego nas Caldas da Rainha, à semelhança do que aconteceu
no país, apresentava em 2001 valores superiores aos de 1991. As várias áreas
apresentavam, em qualquer dos anos, valores inferiores à média nacional
(excepção feita para o Pólo 3, em 2001). O Pólo 4 e, muito em particular, o Pólo
2 apresentavam taxas de desemprego bastante inferiores às restantes áreas.
99 Entre as áreas analisadas em termos de densidade populacional, em 2004 o Pólo 3 era o único com valores inferiores
à média nacional.
100 A população está muito envelhecida e o aumento dá-se através de uma maior esperança de vida e não de um saldo
natural positivo.
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6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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No que concerne ao analfabetismo, as estatísticas indicam que o mesmo tem
vindo a ser combatido com sucesso (1991 vs 2001), em Portugal e nas áreas
em análise; contudo, contrariamente à generalidade dos indicadores, qualquer
que seja a área em referência, o indicador é sempre desfavorável em relação à
média nacional. O Pólo 3 apresenta, uma vez mais, os piores indicadores. O
Pólo 4, desta vez, aproxima-se mais do Pólo 1 do que do Pólo 2 (aquele com
menor taxa de analfabetismo).
A criminalidade, tendencialmente superior nas áreas de maior densidade
populacional, é sempre superior à média nacional, qualquer que seja a área
considerada. Contrariamente ao Pólo 4, com um valor muito equivalente à média
nacional, o Pólo 1 é aquele que apresenta valores mais elevados – a
disparidade é ainda superior se considerarmos Caldas + Óbidos e, pior ainda,
considerando apenas o Concelho das Caldas da Rainha.
A análise social demonstra claramente que o Pólo 1 sofre novamente a
concorrência dos Pólos 2 e 4, mas, pior ainda, está muito aquém da média
nacional. Assim, o Pólo 1 em geral e as Caldas da Rainha em particular, terão
que colocar rapidamente em prática mecanismos que invertam tal situação,
criando uma situação mais propícia a atrair novos investimentos e pessoas,
nomeadamente jovens.
Análise Económica
Em termos de estrutura sectorial, destaca-se somente que os agentes
económicos adstritos ao comércio representam cerca de um terço do total, tanto
no país como nos quatro Pólos de análise. Já no que concerne ao número de
pessoas ao serviço, a percentagem média dos pólos ronda os 25%. O equilíbrio
entre as áreas de análise desaparece se se considerar o volume de negócios,
importando destacar o Pólo 1, com uma percentagem de 45%, e as Caldas da
Rainha, com 54% - a média nacional é inferior a 40%. À partida, tal situação
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6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
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indica que a rentabilidade do comércio no Pólo 1 e, muito em particular, nas
Caldas da Rainha é bastante superior à do comércio nas restantes áreas (país
incluído).
A análise do índice do poder de compra em 2004, a qual incluiu também os
Distritos (para obtermos uma melhor panorâmica), começa por evidenciar que,
das áreas em análise, apenas o Distrito de Lisboa se situa acima de 100 (média
do país). O Pólo 2 é o que possui um poder de compra mais elevado – o Pólo 4
e o Pólo 3 apresentam valores muito parecidos, algo acima do Pólo 1 (o valor
mais baixo). Curiosamente, o Distrito de Leiria apresenta um valor inferior ao do
Pólo 1, enquanto Caldas da Rainha + Óbidos apresentam um poder de compra
muito próximo do evidenciado pelo Pólo 2. As Caldas da Rainha, com 96.1, são
o Concelho com mais elevado poder de compra no Distrito de Leiria e o 33º
entre 308 Concelhos no país. Isso ajudará a elucidar-nos quanto ao exposto no
parágrafo anterior e contribuirá para explicar a vontade de vários promotores ali
instalarem novas superfícies comerciais.
O mercado imobiliário do centro das Caldas da Rainha não difere muito do de
outras cidades com dimensões comparáveis. Se associarmos ao tipo de
compradores e às suas motivações de compra o facto de a zona “prime” ser
normalmente exígua, verificamos que as transacções nem sempre se realizam
em mercado efectivo e aberto.
Análise do Tecido Comercial
A problemática em apreço acabou por exigir que se atribuísse um destaque
especial à composição e forma de funcionamento do comércio, primeiro no país
e nas áreas em análise e, por último, na cidade das Caldas da Rainha.
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À semelhança do que foi acontecendo uns anos ou décadas antes nos países
(ditos) desenvolvidos, nos últimos 15 anos Portugal registou uma implantação
sem precedentes de novas unidades comerciais.
UCDR
Entre 2000 e 2004 o número de UCDR em Portugal aumentou cerca de 30%.
Não menos relevante é o facto de cerca de 70% das UCDR existentes em 2004
terem entrado em funcionamento na década de 90. Em 2004, 87% das UCDR
possuíam uma AEV inferior a 2.000m2 e cerca de dois terços operava no ramo
alimentar.
A densidade de UCDR (m2 de área de venda por 103 habitantes) possibilitou
uma interessante comparação geográfica entre as áreas de análise
consideradas. Em Julho de 2004 apenas quatro distritos (Faro, Lisboa, Setúbal
e Porto) possuíam densidades superiores à média nacional. Os Pólos 1 e 2
apresentavam densidades ligeiramente superiores à média nacional, enquanto
os Pólos 3 e 4 ficavam significativamente abaixo da média do país. Caldas da
Rainha + Óbidos e, de forma mais marcante ainda as Caldas da Rainha,
apresentavam densidades muito acima da média nacional.
Os promotores, apercebendo-se do facto, foram intensificando os seus
investimentos nas áreas com menor densidade. A “proxy” para as UCDR
actualmente existente101 mostra que, para além do evidente aumento da média
nacional, os Pólos 3 e 4 avançaram aproximando-se fortemente da densidade
média do país – continuando, contudo, abaixo desse valor. Os Pólos 1 e 2, bem
como as Caldas da Rainha + Óbidos e Caldas da Rainha mantiveram o seu
posicionamento relativo, ou seja, acima da média.
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Centros Comerciais
Qualquer que seja o indicador utilizado, a indústria dos centros comerciais tem
denotado um nível de expansão e evolução fabuloso, quer no contexto nacional
quer internacional.
Em 2005 e considerando somente os centros comerciais com mais de 5.000 m2
de ABL, Portugal apresentava uma densidade muito próxima da média da União
Europeia (159 m2 por 103 habitantes). Prevê-se que dentro de um a dois anos a
densidade evolua para níveis próximos de países como o Reino Unido, França
ou Luxemburgo, acima dos 250 m2 por 103 habitantes.
A tendência é para os centros comerciais se situarem nas áreas urbanas de
elevada densidade populacional, o que em Portugal equivale dizer no Litoral.
Comércio Tradicional
O comércio tradicional é dominado pela “restauração” e pelo “comércio de
vestuário e afins”. Da Secção 4.6.3 resulta também o seguinte:
• Distritos – DGCC
o 66,4% das sociedades presentes no comércio a retalho português
eram em nome individual (71,9% em Leiria);
o 90% dos estabelecimentos em Portugal continental adoptavam o
método de venda tradicional (90,5% em Leiria);
o 52,2% dos estabelecimentos empregavam apenas uma pessoa
(50,3% em Leiria);
101 Relembra-se que ninguém sabe ao certo quantas UCDR existem efectivamente neste momento em Portugal.
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RELATÓRIO FINAL
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• Pólos e outras áreas de análise - DGCC
o O peso do sector alimentar nos Pólos 1 e 4 é cerca do dobro do
Pólo 3 e 1,5 vezes do Pólo 2 (Caldas da Rainha próximas da
média nacional);
o Nos têxteis, vestuário e calçado os valores são mais equilibrados
(Caldas da Rainha apresentam o valor mais elevado e superior à
média nacional);
• Distritos, Pólos e outras áreas de análise – Páginas Amarelas
o A percentagem de entidades dos Pólos 1 e 4 que se dedicam à
restauração e actividades similares supera os 40%;
o O comércio de vestuário e outros artigos pessoais assume uma
importância relativa superior nos Pólos 2 e 3 do que nos outros
dois pólos (de qualquer forma, tanto para as Caldas da Rainha
como para as Caldas da Rainha + Óbidos, o peso relativo é
superior à média nacional).
• Caldas da Rainha e Óbidos - ACCCRO
o Cerca de 30% dos associados da ACCCRO pertencem à
restauração e actividades similares;
o O comércio de vestuário e acessórios é representativo de cerca de
14% dos associados.
Cabe ainda recuperar o que de mais importante se pode extrair dos dois
estudos apresentados com algum detalhe no ponto 3.3, ambos elaborados por
iniciativa da ACCCRO e versando sobre o comércio tradicional (do centro) das
Caldas da Rainha.
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RELATÓRIO FINAL
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Pese embora as observações oportunamente efectuadas aos inquéritos que
estiveram na base do estudo de 1998, poder-se-á realçar o seguinte:
• Inquéritos aos comerciantes
o Estabelecimentos comerciais de reduzida dimensão (25% com
menos de 25m2 e cerca de 60% com menos de 60m2);
o Comerciantes actuando de forma independente (89%);
o Maioria dos comerciantes indisponíveis para colaborar em acções
de dinamização;
o Problemas de estacionamento (21%) e excesso de comerciantes e
concorrência (30%);
• Inquéritos aos cidadãos
o 28% encontrava-se na cidade para ocupar os tempos livres e 23%
para realizar compras;
o 33% considerava que melhorias ao nível do estacionamento,
limpeza e segurança ajudariam a melhorar a atractividade da
cidade;
o 55% deslocava-se habitualmente a pé e 28% de carro;
o 74% concordava totalmente que as montras eram atraentes, mas
só cerca de metade concordava totalmente que os produtos eram
de boa qualidade e que existia uma boa diversidade de artigos;
o 75% considerava os horários ajustados às necessidades102;
102 Uma boa parte dos inquiridos era estudante ou reformado, pelo que deverá relativizar-se a representatividade da
própria amostra.
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RELATÓRIO FINAL
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o A satisfação dos inquiridos era parcial em relação aos produtos
(61%) ou serviços (59%) disponíveis;
o O atendimento (54%) e os preços (61%) satisfaziam apenas
parcialmente menos de dois terços dos inquiridos.
No que respeita ao estudo prévio no âmbito do URBCOM, concluído em 2001,
salienta-se o seguinte:
• A notoriedade das Caldas da Rainha é indissociável da cerâmica ou da
doçaria, mas também da qualidade dos serviços e produtos oferecidos;
• As Caldas da Rainha adquiriram (historicamente) uma elevada importância
regional no contexto da oferta de bens;
• O traçado rectilíneo e plano da generalidade dos arruamentos convida ao
passeio, favorecendo o percurso no interior da cidade;
• Apesar de a A8 poder ser vista como uma via de deslocação rápida “(…) a
espaços de consumo apetecíveis (em Lisboa, designadamente)” (p. 81) a
imagem global da cidade constitui “(…) uma mais-valia, do maior
significado na fixação da compra dos residentes e, sobretudo, na atracção
de novos consumidores” (p. 81).
Como tivemos ocasião de mencionar no ponto 3.3, o retrato apresentado no
levantamento de 2001 está distante da realidade que o CECOA reportou em
1998, que a nossa equipa encontrou e dos testemunhos informais (incluindo da
própria ACCCRO), imprensa local e realidades fornecidas pela pesquisa
bibliográfica.
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6.2.8. Reflexão Estratégica
Caldas da Rainha – situação actual, projectos e principais impactos
A orientação e amplitude da reflexão estratégica efectuada tiveram,
necessariamente, como referência a problemática em apreço, pelo que temas
como por exemplo cultura, termalismo ou desporto foram sempre entendidos
como parciais ou acessórios.
As Caldas da Rainha, por razões históricas (termalismo), pela localização
natural (litoral) e pela proximidade a importantes eixos rodoviários (A8, A15 e
A1) poderão actuar como catalizador e centro de um pólo de desenvolvimento.
Nesse contexto, avaliámos alguns pontos fortes e pontos fracos das Caldas da
Rainha (na acepção de Cidade, sede de Concelho e centro do Pólo 1),
identificando-se de seguida algumas oportunidades e ameaças. Resumidamente
tem-se:
• Pontos fortes: localização, marca, dinâmica;
• Pontos fracos: indiferenciação, envelhecimento, analfabetismo,
desemprego, estado da actividade comercial tradicional, entre outros;
• Oportunidades: turismo, margens no comércio, por exemplo;
• Ameaças: nova dinâmica de Óbidos e localização de Torres Vedras,
principalmente.
Considerados os pedidos de licenciamento para a implantação de grandes
unidades comerciais, distinguiu-se UCDR em geral de Centros Comerciais. Com
base nas estimativas do rumo a seguir em termos de novas unidades
comerciais, no país e na Europa, projectámos também a população e
concluímos o seguinte:
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• quer Caldas da Rainha + Óbidos, quer as Caldas da Rainha, estão e
ficarão acima do grau de concentração médio actual e previsto (para 2008)
– mesmo em termos de Pólo 1 a margem de manobra é reduzida;
• novas autorizações de grandes superfícies serão dificilmente justificáveis
no ramo alimentar, embora o possam ser noutras áreas, segundo decisões
casuísticas tendo em vista a adopção de um “mix” mais favorável;
• apesar do elevado sucesso, em Portugal e no estrangeiro, os Centros
Comerciais, que granjeiam sucesso entre os cidadãos e consumidores
(porque satisfazem e criam necessidades - de consumo, lazer e outras -,
estão na moda e são também um sinal de modernidade) continuam
ausentes das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha + Óbidos e do Pólo 1
(existem pedidos de licenciamento, projectos, mas ainda não se encontra
nenhum em construção);
• do ponto de vista de afirmação das Caldas da Rainha no contexto
geopolítico regional (Pólo 1), já está dado o primeiro passo no sentido da
aceitação de Centros Comerciais (o Fórum Caldas, com 13.500 m2, já foi
aprovado). O Pólo 1 comportará cerca de 60 mil m2 de ABL de Centros
Comerciais em 2008. O deferimento do Caldas Shopping (18.150 m2)
deixaria ainda margem para 30 mil m2 de ABL adicionais. Estima-se que
os postos de trabalho directos criados pelos dois Centros Comerciais
ascenderiam a cerca de 1500103, representando um investimento de cerca
de 100 Milhões de euros.
103 Sendo impossível, no âmbito deste estudo, calcular os postos de trabalhos destruídos directamente e, mais difcíl
ainda, indirectamente, poder-se-á sempre dizer que uma parte dirá respeito à transição do comércio tradicional para as
novas unidades – por mutação (empresário � assalariado) ou por simples transição (assalariado � assalariado).
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Alinhamento da Problemática
Procurámos alinhar a questão de investigação com a estratégia traçada para as
Caldas da Rainha (Plano Estratégico das Caldas da Rainha) e para o Oeste
(Eixos Estratégicos para a Região Oeste), à luz da presença dos projectos em
apreço. Assim, avaliámos como se encaixa a decisão de permitir ou não a
implementação dos projectos, tendo em consideração as grandes opções que já
foram tomadas, para a cidade e para a região.
Concluímos que a implantação dos projectos está, na sua generalidade,
alinhada com os objectivos definidos nos planos estratégicos para a cidade e a
região. De uma maneira geral, a implantação dos projectos em referência:
• favorece os consumidores;
• tenderá a produzir um saldo líquido positivo em termos de emprego
(directo e indirecto);
• promoverá uma requalificação (parcial) dos recursos humanos;
• no imediato, irá concorrer com o objectivo de transformar as Caldas da
Rainha num centro comercial a céu aberto – a proximidade do centro da
cidade, à partida, limitará esse efeito negativo, podendo mesmo ser
benéfico a médio e longo prazo;
• evitará, ou pelo menos reduzirá, o desvio de parte da população para
áreas urbanas onde os Centros Comerciais existem – a população jovem
já se encontra fundamentalmente desalinhada do público-alvo do comércio
tradicional;
• darão um contributo positivo para a diversificação, modernização e
qualificação do tecido comercial, dando também um sinal positivo a
agentes económicos de outros sectores de actividade;
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• irão contribuir para a melhoria do trânsito (descongestionando
parcialmente o coração da cidade e ajudando a resolver o problema do
estacionamento).
Cenários para Decisão
O presente estudo pretendeu constituir-se como um instrumento de apoio à
decisão de (não) autorização da implantação de grandes superfícies comerciais.
Contudo, neste momento e numa perspectiva rigorosa (curiosamente é também
a visão da própria ACCCRO), entre os pedidos de licenciamento aquele que
está verdadeiramente em causa é o Caldas Shopping. É esse que,
alegadamente, irá provocar a dissociação entre as pessoas e o centro da cidade
e, consequentemente, entre os cidadãos e o comércio tradicional.
A resposta à questão de investigação remeteu-nos para a construção de
cenários de decisão que se focam, essencialmente, na aprovação do formato
Shopping. As UCDR revelam uma importância menos significativa para o juízo
da edilidade, gozando por isso de um relevo subsidiário para a construção dos
cenários.
A concepção de cenários não considera o (de)mérito do projecto Caldas
Shopping, é dificultada por ser elaborada sobre uma realidade provisória (na
medida em que os efeitos da instalação do Fórum Caldas são certos mas
desconhecidos) e a justificação de uma decisão depende do nível de análise em
que nos colocamos (Cidade, Concelho, Pólo 1 ou Região Oeste).
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RELATÓRIO FINAL
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Cooperação – Não autorizar
O primeiro cenário decorre da argumentação mais comum na literatura em
urbanismo comercial e inscreve-se no âmbito da cooperação
inter-organizacional. De acordo com a literatura este seria provavelmente o
cenário mais desejável, embora, por razões várias, o menos realista e o mais
difícil de implementar.
A ideia base assenta na articulação entre as autoridades dos vários Concelhos
do Pólo 1, no sentido de não aprovarem a construção de um único Centro
Comercial. A cooperação institucional ao nível meso seria, contudo, insuficiente,
exigindo ser acompanhada por uma forte aposta estratégica ao nível micro, com
o objectivo de revitalização do comércio tradicional. O cenário exige parceria e
funcionamento em rede, tanto ao nível meso (inter-municípios) como ao nível
micro (comerciantes e administração local).
A verdade porém é que os estudos efectuados no nosso país sobre casos de
cooperação entre PME´s e entre estas e instituições associativas ou estatais
evidenciam que esses casos raramente são bem sucedidos. Os obstáculos
culturais que repousam em traços marcados de oportunismo, individualismo e
de aversão ao risco colocam obstáculos enormes ao desenvolvimento de redes
inter-organizacionais.
Por outro lado, referimos também que o Caldas Shopping, não estando
exactamente previsto para o centro da cidade, ficaria a pouco mais de 500
metros da Câmara Municipal e a cerca de 1000 metros da rua Heróis da Grande
Guerra ou da Praça da República. Assim, afigura-se legítimo perguntar se, à
semelhança do Fórum Caldas, a contiguidade com o comércio tradicional
também se aplicaria ao Caldas Shopping – em caso de resposta afirmativa
haveria que realçar os potenciais benefícios.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 201 -
Competição – Autorizar
Este segundo cenário enquadra-se no domínio da competição, estando mais
próximo das leis de mercado e do contexto da cultura nacional. Neste cenário
coloca-se desde logo a questão da afirmação geopolítica das Caldas da Rainha
no contexto regional.
Ao nível micro (Caldas da Rainha vs. Óbidos), se o Fórum Caldas for suficiente
para inverter o declínio do comércio na cidade das Caldas, a implantação do
Caldas Shopping poderia ser encarada como supérflua. Ao nível Meso (e
porventura Macro), a abordagem é (necessariamente) diferente: no trajecto da
A8, entre Torres Vedras e Leiria, não existe nenhum projecto de referência, pelo
que, se não forem as Caldas da Rainha, Óbidos surge como o alvo natural dos
promotores que vêem o potencial do Pólo 1 – atendendo nomeadamente ao
poder de compra e às margens praticadas no comércio (tradicional).
Mesmo que se queiram desprezar as tendências a que fizemos alusão no início
do presente capítulo, atendendo à caracterização efectuada para o Pólo 1,
afigura-se inevitável a rápida instalação de Centros Comerciais na área. A
questão que se coloca é saber qual o município que irá explorar a vantagem
competitiva do primeiro “entrante”.
Caso a Câmara Municipal das Caldas da Rainha não autorize a implantação de
Centros Comerciais cuja área de venda aproxime a densidade do Pólo 1 da
média existente no país, será muito provavelmente Óbidos a fazê-lo – apesar
dos obstáculos, o Plaza Oeste, com uma ABL de 40.250 m2, continua a
representar uma ameaça séria para o comércio tradicional das Caldas da
Rainha.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 202 -
6.3. Recomendações
Esta investigação teve como objectivo a produção de um instrumento de apoio à
decisão de implantação de grandes superfícies comerciais nas Caldas da
Rainha; por isso, este último ponto apresenta o corolário das recomendações
que foram sendo construídas, em particular neste capítulo e no anterior.
À semelhança daquilo que é amplamente referido em estudos sobre esta
problemática, as recomendações aqui efectuadas são sugestões e, em
momento algum, pretendem trajar-se de verdades absolutas. O rigor académico
que lhes está subjacente não é, eventualmente, compatível com o teor que a
decisão das autoridades poderá ter ou com as condicionantes de promotores e
representantes do comércio tradicional.
UCDR
Globalmente, a densidade de área de venda das UCDR implantadas nas Caldas
da Rainha (mas também nas Caldas da Rainha + Óbidos) é muito elevada,
desaconselhando novas autorizações, em particular no ramo alimentar.
Contudo, esse poderá ser um critério cego, eventualmente contrariado pela
análise do “mix” existente e desejável. Assim, a (não) autorização de novas
UCDR deverá ser estudada causticamente e ter sempre presente qual o “mix”
que melhor serve a população.
Centros Comerciais
A implantação do Plaza Oeste, nas Gaeiras, antes do arranque efectivo de
Centros Comerciais nas Caldas da Rainha representaria um golpe para as
Caldas da Rainha, por várias razões (ordem arbitrária):
• Para o comércio tradicional, pois a localização nas Gaeiras é
suficientemente perto e suficientemente longe para canibalizar uma boa
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 203 -
parte da clientela do comércio tradicional das Caldas da Rainha – Centros
Comerciais como o Fórum Caldas e o Caldas Shopping estarão
suficientemente perto para servirem de pólo de atracção para o centro da
cidade (incluindo daqueles que há muito procuram em Centros Comerciais
de outras cidades aquilo que não encontram no comércio do Pólo 1),
contribuindo para a regeneração do comércio tradicional nele inserido.
• Para a Câmara Municipal, pois, apesar das externalidades negativas que
lhes possam ser imputáveis, empreendimentos do género são vistos pelos
cidadãos (e por outros agentes económicos) como um sinal de
modernidade e dinamismo;
• Para a Câmara Municipal, pois a cidade suportaria os impactos negativos e
não colheria os positivos (financeiros e outros);
• Para os Caldenses, que, independentemente das rivalidades históricas
com Óbidos, verão a vila vizinha ganhar investimento e protagonismo e,
em última instância, terão que continuar a deslocar-se a outro local para
satisfazer as suas necessidades aquisitivas e de lazer;
• Genericamente, enfraqueceria o papel das Caldas da Rainha no contexto
geopolítico regional.
Por tudo o quanto foi exposto ao longo deste trabalho, julgamos que a opção
mais sensata consiste em a Câmara Municipal das Caldas da Rainha:
• autorizar a implantação do Caldas Shopping ou de outros Centros
Comerciais (até níveis próximos da densidade média de ABL no país),
procurando negociar as melhores contrapartidas financeiras;
• sensibilizar os promotores do Fórum Caldas e do Caldas Shopping para
edificarem os Centros Comerciais o mais rapidamente possível – no caso
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
6.SUMÁRIO, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
RELATÓRIO FINAL
- Página 204 -
do Caldas Shopping, ainda não autorizado, essa poderá ser uma condição
para a aprovação;
• utilizar parte das contrapartidas financeiras para continuar a regenerar o
centro da cidade, incluindo o comércio tradicional, tornando-se
fundamental discernir a melhor forma de o fazer, no sentido de os apoios
conduzirem a uma modernização efectiva da cidade e do comércio.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 205 -
7. ANEXOS
7.1. Mapa do Índice de Poder de Compra Concelhio
Fonte: INE
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
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7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 206 -
7.2. Conteúdo das listagens fornecidas pela DGE
Nota: redacção constante do site www.dgcc.pt, em 30 de Junho de 2006
Unidades que estavam abrangidas pelo D.L. n.º218-97, de 20 de Agosto, em
funcionamento
Esta lista é constituída por estabelecimentos retalhistas, que se encontram em
funcionamento e que foram autorizados ao abrigo do previsto no Decreto-Lei n.º 218/97, de
20 de Agosto, ou de legislação precedente, respeitante a licenciamentos comerciais, bem
como a autorizações concedidas pelas câmaras municipais, no âmbito das suas
competências.
Data de actualização: 2004-07-20.
Unidades que estavam abrangidas pelo D.L. n.º218-97, de 20 de Agosto,
autorizadas
Esta lista é constituída por estabelecimentos retalhistas, que ainda não se encontram em
funcionamento, mas que foram autorizados ao abrigo do previsto no Decreto-Lei n.º 218/97,
de 20 de Agosto, ou de legislação precedente, respeitante a licenciamentos comerciais, bem
como a autorizações concedidas pelas câmaras municipais, no âmbito das suas
competências.
Autorizações de estabelecimentos comerciais ao abrigo da Lei nº 12/2004, de 30
de Março
Esta lista é constituída pelos estabelecimentos retalhistas que foram autorizados ao abrigo do
previsto na Lei nº 12/2004, de 30 de Março.
Data de referência: 2006-05-01; Data de actualização: 2006-05-18.
Autorizações de conjuntos comerciais ao abrigo da Lei nº 12/2004, de 30 de Março
Esta lista é constituída pelos conjuntos comerciais que foram autorizados ao abrigo do
previsto na Lei nº 12/2004, de 30 de Março.
Data de referência: 2006-05-01; Data de actualização: 2006-05-18.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 207 -
7.3. Preferências de Consumo
Adaptado de Observatório do Comércio (2000)
Quadro 1- Formatos Preferidos Para a Compra (segundo a natureza dos produtos)
1ª Opção 2ª Opção
Produtos
Alimentares Frescos
Hipermercado; Supermercado;
Mercado Municipal;
Estabelecimentos Tradicionais
Supermercado; Hipermercado
Outros Produtos
Alimentares
Hipermercado; Supermercado Supermercado; Estabelecimentos
Tradicionais; “Discount”
Artigos de Higiene e
Limpeza
Hipermercado; Supermercado “Discount”
Produtos Não
Alimentares
Estabelecimentos Tradicionais Hipermercado (Saúde e Higiene
Pessoal); Grandes Superfícies
Especializadas (Equipamento do
Lar); Centros Comerciais (Artigos
de Uso Pessoal, Desporto, Cultura
e Lazer)
Fonte: Observatório do Comércio (2000)
Quadro 2 – Canais Privilegiados para a Compra (por tipo de produto, em função
da idade do consumidor)
Mais jovens Mais idosos
Produtos
Alimentares e de
Higiene e Limpeza
Hipermercados Supermercados; Estabelecimentos
Tradicionais; Mercados Municipais
Produtos Não
Alimentares
Estabelecimentos Tradicionais;
Centros Comerciais; Grandes
Superfícies Especializadas
Estabelecimentos Tradicionais
Fonte: Observatório do Comércio (2000)
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 208 -
Quadro 3 – Opinião dos Consumidores Sobre a Abertura dos Estabelecimentos
Comerciais ao Domingo
De manhã % Todo o dia %
Comércio Tradicional de Rua Favorável Desfavorável
50 50
Desfavorável 72
Mercado Municipal Favorável Desfavorável
43 57
Desfavorável 83
Supermercado Favorável 67 Favorável Desfavorável
46 54
Hipermercado Favorável 72 Favorável 54
“Discount” Favorável Desfavorável
59 41
Favorável Desfavorável
42 58
Centros Comerciais Favorável 71 Favorável 59
Grandes Superfícies Especializadas
Favorável Desfavorável
58 42
Favorável Desfavorável
41 59
Fonte: Observatório do Comércio (2000)
Quadro 4 - Propostas dos Consumidores para Alteração dos Horários
Tipo de Comércio Proposta %
Comércio Tradicional
de Rua
Não Interrupção à Hora do Almoço
Encerramento Mais Tarde nos Dias de
Semana Abertura Sábado de Tarde
31,5
27
26
Mercado Municipal Abertura Sábado de Tarde
Encerramento Mais Tarde Durante a Semana
33
27,8
Supermercado
“Discount” Abertura ao Domingo
Abertura Mais Cedo nos Dias de Semana
Não Interrupção na Hora do Almoço
28 21 19
Hipermercado Abertura ao Domingo Durante Todo o Dia 75
Grandes Superfícies
Especializadas
Abertura ao Domingo Durante Todo o Dia 51
Centros Comerciais Abertura Mais Cedo Durante os Dias de Semana 23,3
Fonte: Observatório do Comércio (2000)
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 209 -
Quadro 5 - Período Privilegiado para a Realização das Compras
(por tipo de produto, em função da idade do consumidor)
Tipo de Produto Mais jovens Mais idosos
Dias úteis Alimentar
Não Alimentar
Fim do dia/ Noite
Tarde
Fim do dia/ noite
Manhã
Manhã
Tarde
Fim-de-semana Alimentar
Não Alimentar
Manhã
Manhã
Manhã
Manhã
Fonte: Observatório do Comércio (2000)
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 210 -
7.4. Insígnias das UCDR em funcionamento em 2004
INSÍGNIA Nº de Lojas
Área de Venda (m2)
INSÍGNIA Nº de Lojas
Área de Venda (m2)
Intermarché 121 156.260 Bershka 19 6.871
Pingo Doce 183 148.966 Stationmarché 17 6.278
Lidl 145 136.132 Supercompra 17 6.057
Continente 15 135.767 Vobis 14 6.013
Modelo 56 125.781 Pull & Bear 40 5.317
Feira Nova 18 97.059 Decathlon 1 5.000
Jumbo 13 95.605 Recomar 1 4.700
Minipreço 342 94.126 Iberopa 1 4.648
Carrefour 7 69.209 Casaleiro 13 4.558
Aki 15 51.990 Kit Market 1 4.085
Mestre Maco 19 48.821 Pão de Açúcar 2 3.997
Moviflor 17 48.765 Silvestre 10 3.382
El Corte Inglés 1 44.728 Nobrescolha 1 3.020
Worten 64 43.723 Vêtimarché 3 3.000
Zara 30 34.719 Pão de Açúcar/Jumbo 2 2.998
Ecomarché 53 29.453 Escolha 5 2.600
Max Mat 14 28.798 Stradivarius 10 2.366
E. Leclerc 11 24.973 Kiddy´s Class 7 1.451
Macmoda 41 24.627 Oysho 8 1.446
Bonjour 31 23.993 Max Office 1 1.400
Modalfa 49 23.772 Outlet 3 1.070
Sport Zone 25 23.445 Ecomarché/Intermarché 2 990
Bricomarché 16 21.194 Zara Campera 1 811
Plus 26 20.123 Praça Nova 3 679
Ikea 1 19.545 Worten/Sport Zone 1 534
Pingo Doce/Feira Nova 8 16.252 Zara/Zara Home 1 237
Leroy Merlin 1 9.600 Bershka Campera 1 130
Tribo 17 9.073 Pull & Bear Campera 1 118
OK Bazar 4 7.641 Total 1.529 1.697.896 Fonte: DGE
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 211 -
7.5. Insígnias das UCDR autorizadas desde Julho de 2004
INSÍGNIA Nº de Lojas
Área de Venda (m2)
INSÍGNIA Nº de Lojas
Área de Venda (m2)
Lidl 59 60.013 Rádio Popular 7 11.106
Pingo Doce 51 56.689 Millenium Plaza/Porto Plaza 1 11.090
Modelo 26 48.676 Bricomarché 11 10.745
Feira Nova 24 45.325 E. Leclerc (RE) 8 8.842
Plus 51 41.201 Sport Zone 13 6.730
Minipreço 57 35.588 Netto 11 6.720
Ferrara Plaza 1 32.400 Ecomarché 17 6.645
Intermarché 33 27.005 Pull & Bear 17 6.335
C. C. Carrefour Seixal 1 27.000 Baobab 3 5.891
Carrefour 4 21.510 Supersol 5 4.969
Galaxy Shopping 1 20.970 Box 4 4.850
Ikea 1 20.800 H&M 3 4.700
Worten 31 20.671 Aki 2 4.527
Office Centre 12 18.584 Aldi 5 4.500
Media Markt 5 17.011 Bershka 12 4.433
C.C. E. Leclerc 2 16.136 Zippy Kidstore 11 4.275
Decathlon 5 15.938 Fabio Lucci 6 4.080
MaxMat 9 15.534 Vobis 9 3.680
Zara 11 15.406 Fnac 3 3.294
E. Leclerc (RA) 8 15.122 Recheio 1 2.803
Forum Castelo Branco 1 14.700 Interforma 2 2.674
Jumbo 4 14.700 Pollux 2 2.637
Forum Barreiro 1 13.900 Makro 1 2.480
Modalfa 25 12.251 C&A 2 2.470
Évora Forum 1 11.741 Stradivarius 10 2.440
Vêtimarché 12 11.148 Moviflor 1 2.248
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 212 -
INSÍGNIA Nº de Lojas
Área de Venda (m2)
INSÍGNIA Nº de Lojas
Área de Venda (m2)
Zara Home 9 2.133 Musgo 1 862
Kiddy´s Class 10 2.129 Gant 2 857
Supercor 2 2.100 Centroxogo 1 820
Electric Co 4 2.090 Springfield 4 794
Massimo Dutti 5 2.042 Seaside 1 773
Max Garden 1 1.995 Intermarché (RE) 2 717
New Code 5 1.993 Often 3 679
Mestre Maco 1 1.990 Calçado Guimarães 1 576
Stationmarché 5 1.921 Cortefiel 1 565
Kiabi 1 1.855 Women´s Secret 4 556
Oysho 11 1.641 Fifty Factory 1 486
C&A Kidstore 5 1.611 Area 1 464
A Loja do Gato Preto 5 1.543 Supermercado da Feira 1 438
El Corte Inglés 1 1.500 Litoral Supermercados 1 407
Marrachinho 2 1.500 Singer 3 363
Leroy Merlin 1 1.317 Douglas 2 353
Bertrand 6 1.117 Perfumes & Companhia 2 350
Casa Peixoto 2 1.085 Orchestra 2 287
Bonjour 1 1.060 Worten Mobile 8 240
Mango 3 1.059 Salsa 2 221
A designar 1 1.024 Quebramar 1 142
Merkante 1 1.010 Fnac Service 1 55
Sfera Jovem 1 971 Hussel 2 49
Divani & Divani 1 890 Total 734 833.812
Fonte: DGE
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 213 -
7.6. Listagem das UCDR nas Caldas da Rainha, de acordo com a DGE
em 2006
Unidades que estavam abrangidas pelo D.L. n.º218-97, de 20 de Agosto, em
funcionamento + Autorizações de estabelecimentos comerciais ao abrigo da Lei
nº 12/2004, de 30 de Março
INSÍGNIA FREGUESIA ÁREA DE VENDA (M2)
Aldi Santo Onofre 900,0
Bricomarché Santo Onofre 1.642,5
Casaleiro Nossa Senhora do Pópulo 338,0
E. Leclerc Santo Onofre 1.995,0
Escolha Nossa Senhora do Pópulo 500,0
Feira Nova Tornada 1.997,0
Intermarché Santo Onofre 1.990,0
Lidl Nossa Senhora do Pópulo 838,0
Macmoda Nossa Senhora do Pópulo 420,0
Minipreço Santo Onofre 716,5
Modelo Nossa Senhora do Pópulo 2.600,0
Pingo Doce Nossa Senhora do Pópulo 470,0
Plus Santo Onofre 800,0
Stationmarché Santo Onofre 380,0
Worten Mobile Nossa Senhora do Pópulo 36,0
Total 15.623,0
Fonte: DGE, 2006
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 214 -
7.7. Extracto da Lei nº 12/2004, de 30 de Março
Artigo 3.º
Definições
Para efeitos desta lei, entende-se por:
a) «Estabelecimento de comércio por grosso» o local em que se exerce a actividade de
comércio por grosso, tal como é definida na alínea a) do nº 1 do artigo 1º do Decreto-
Lei nº 339/85, de 21 de Agosto;
b) «Comércio por grosso em livre serviço» a actividade de comércio por grosso definida
nos termos mencionados na alínea anterior e cujo método de venda se caracterize por
as mercadorias se encontrarem expostas e ao alcance dos clientes que, servindo-se a
si próprios, as levam à caixa para efectuar o pagamento;
c) «Estabelecimento de comércio a retalho» o local em que se exerce a actividade de
comércio a retalho, tal como é definida na alínea b) do nº 1 do artigo 1.o do Decreto-Lei
nº 339/85, de 21 de Agosto;
d) «Estabelecimento de comércio alimentar» o local onde se exerce exclusivamente
uma actividade de comércio alimentar ou onde esta representa uma percentagem igual
ou superior a 90% do respectivo volume total de vendas;
e) «Estabelecimento de comércio não alimentar», o local onde se exerce
exclusivamente uma actividade de comércio não alimentar ou onde esta representa
uma percentagem igual ou superior a 90% do respectivo volume total de vendas;
f) «Estabelecimento de comércio misto» o local onde se exercem, em simultâneo,
actividades de comércio alimentar e não alimentar e a que não seja aplicável o disposto
nas alíneas d) e e);
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 215 -
g) «Conjunto comercial» o empreendimento planeado e integrado, composto por um ou
mais edifícios nos quais se encontra instalado um conjunto diversificado de
estabelecimentos de comércio a retalho e de prestação de serviços quer sejam ou não
propriedade ou explorados pela mesma entidade, que preencha cumulativamente os
seguintes requisitos:
Disponha de um conjunto de facilidades concebidas para permitir a uma mesma
clientela o acesso aos diversos estabelecimentos;
Seja objecto de uma gestão comum responsável, designadamente pela
disponibilização de serviços colectivos, pela instituição de práticas comuns e pela
política de comunicação e animação do empreendimento;
h) «Instalação» a actividade da qual resulta a criação de um estabelecimento ou
conjunto comercial, quer esta actividade se traduza em novas edificações quer resulte
de obras em edificações já existentes;
i) «Modificação» a reconstrução, ampliação, alteração ou expansão da área de venda
de um estabelecimento, bem como qualquer mudança de localização, tipo de
actividade, ramo de comércio, insígnia ou entidade titular da exploração;
j) «Área de venda» toda a área destinada a venda onde os compradores têm acesso ou
os produtos se encontram expostos ou são preparados para entrega imediata. Na área
de venda estão incluídas a zona ocupada pelas caixas de saída e as zonas de
circulação dos consumidores internas ao estabelecimento, nomeadamente as escadas
de ligação entre os vários pisos;
l) «Área bruta locável (ABL)» a área que produz rendimento no conjunto comercial
(arrendada ou vendida), afecta aos estabelecimentos de comércio. Inclui a área de
venda bem como os espaços de armazenagem e escritórios afectos aos
estabelecimentos;
m) «Área de influência» a freguesia ou conjunto de freguesias que se integrem na área
geográfica definida em função de um limite máximo de tempo de deslocação do
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 216 -
consumidor ao estabelecimento ou conjunto comercial em causa, contado a partir
deste, o qual pode variar, nomeadamente, em função da respectiva dimensão e tipo de
comércio exercido, das estruturas de lazer e de serviços que lhe possam estar
associadas, da sua inserção em meio urbano ou rural, da qualidade das infra-estruturas
que lhe servem de acesso e do equipamento comercial existente na área considerada;
n) «Empresa» qualquer entidade abrangida pelo nº 1 do artigo 2.o da Lei nº 18/2003, de
11 de Junho;
o) «Grupo» o conjunto de empresas que, embora juridicamente distintas, mantêm entre
si laços de interdependência ou subordinação decorrentes da utilização da mesma
insígnia ou dos direitos ou poderes enumerados no nº 1 do artigo 10.o da Lei nº
18/2003, de 11 de Junho;
p) «Desenvolvimento sustentável» o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas
próprias necessidades;
q) «Responsabilidade social da empresa» a integração voluntária, por parte da
empresa, de preocupações sociais e ambientais na prossecução da sua actividade e
interligação da mesma com as comunidades locais e outras partes interessadas;
r) «Interlocutor responsável pelo projecto» a pessoa ou entidade designada pelo
requerente para efeitos de demonstração de que o projecto se encontra em
conformidade com a legislação aplicável e para o relacionamento com a entidade
coordenadora e as demais entidades intervenientes no processo de autorização;
s) «Gestor do processo» o técnico designado pela entidade coordenadora para efeitos
de verificação da instrução do pedido de autorização e acompanhamento das várias
etapas do processo de autorização, constituindo-se como interlocutor privilegiado do
requerente.
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 217 -
7.8. Centros Comerciais Belgas – Mérenne-Schoumaker (1974)
Parâmetros
Centre local (vizinhança ou proximidade)
Centre moyen (c. médio ou de comunidade)
Centre régional (c. regional)
Área comercial bruta (ABL m2)
< 10 000 10 000 – 20 000 > 25 000
Lojas âncora
Supermercado
ou
G. Armazém popular
Grande armazém
G. Armazém popular ou
Hipermercado
1-2 Supermercados
Grandes armazéns
Armazéns populares
Supermercados
N.º de lojas 10 – 15 20 - 40 > 50
Natureza da oferta
Bens e serviços de
consumo/uso diário
Bens e serviços de consumo/uso diário e ocasional
Leque diversificado de bens e serviços
Área de influência N.º de habitantes
3000 – 4000 40 000 – 100 000
>120 000
Raio de atracção
Menos de 5 minutos de
automóvel ou 10 minutos a
pé
Menos de 10 minutos de
automóvel ou 15 minutos a pé
15 minutos de automóvel
Fonte: Cachinho et al. (2000), p. 72
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 218 -
7.9. Centros Comerciais Europeus – Johnatan Reynolds (1993)
1. Regional shopping centre (+30 000 m2) (duas ou mais âncoras) Localização - central area in tradicional core
(variantes) - central area adjacent tradicional core
- non-central suburban growth pole
- green field site/transport node
composição - Hypermarket-dominanted
(variantes) - department & variety-store dominated
- food, non-food and leisure anchors
2. Intermediate centres (10 000 – 30 000 m2) (pelo menos uma âncora) Localização - on-central suburban community
(variantes) - green field site/transport node
composição - hypermarket-anchored
(variantes) - speciality non-food anchored
3. Retail parks (5 000 – 20 000 m2) (sem âncoras, não totalmente
integrados) Localização - non-central suburban community
(variantes) - green field site/transport node
composição - retail warehouse tenant mix
(variantes) - factory outlet tenant mix
- hybrid tenant mix
4. Speciality centres (+1 000 m2) Localização - central area in tradicional core
(variantes)
composição - non-food specialist traders
(variantes) - department store conversion
Fonte: Adaptado de Cachinho et al. (2000), p. 81
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 219 -
7.10. Estatísticas do Cadastro Comercial - 2000
Nº Total de Estabelecimentos 11.094 82,24% 2.395 17,76%Estatuto Jurídico 11.094 2.395Nome Individual 8.135 73,33% 887 37,04%Pessoa Colectiva 2.959 26,67% 1.508 62,96%Sociedade por Quotas 2.656 89,76% 1.406 93,24%Sociedade Anónima 134 4,53% 75 4,97%Outras 169 5,71% 27 1,79%Métodos de Venda 5.118 968Livre Serviço 321 6,27% 18 1,86%Tradicional 4.632 90,50% 797 82,33%Outros 165 3,22% 153 15,81%Escalões de Pessoas ao Serviço 11.094 23941 6.277 56,58% 866 36,17%>=2 <5 3.996 36,02% 868 36,26%>=5 <20 736 6,63% 521 21,76%>=20 <100 80 0,72% 122 5,10%>= 100 5 0,05% 17 0,71%
Nº Total de Estabelecimentos 11.094 26.018Hiper e Supermercados 54 0,49% 2.643 10,16%Alimentares e Bebidas 5.036 45,39% 8.475 32,57%Saúde e Higiene 311 2,80% 936 3,60%Equipamento Pessoal 1.999 18,02% 3.549 13,64%Cultura e Lazer 604 5,44% 1.277 4,91%Equipamento Para o Lar 1.124 10,13% 2.562 9,85%Equipamentos Profissionais 446 4,02% 1.263 4,85%Veiculos Automóveis e Motociclos 480 4,33% 2.492 9,58%Combustíveis 179 1,61% 924 3,55%Outro Comércio a Retalho 861 7,76% 1.897 7,29%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
AVEIRORetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 220 -
Nº Total de Estabelecimentos 4.607 90,23% 499 9,77%Estatuto Jurídico 4.607 499Nome Individual 3.721 80,77% 179 35,87%Pessoa Colectiva 886 19,23% 320 64,13%Sociedade por Quotas 741 83,63% 195 60,94%Sociedade Anónima 34 3,84% 105 32,81%Outras 111 12,53% 20 6,25%Métodos de Venda 3.104 359Livre Serviço 125 4,03% 3 0,84%Tradicional 2.858 92,07% 239 66,57%Outros 121 3,90% 117 32,59%Escalões de Pessoas ao Serviço 4.607 4121 2.870 62,30% 182 44,17%>=2 <5 1.520 32,99% 148 35,92%>=5 <20 197 4,28% 72 17,48%>=20 <100 19 0,41% 9 2,18%>= 100 1 0,02% 1 0,24%
Nº Total de Estabelecimentos 4.607 8.632Hiper e Supermercados 12 0,26% 349 4,04%Alimentares e Bebidas 2.270 49,27% 3.519 40,77%Saúde e Higiene 101 2,19% 286 3,31%Equipamento Pessoal 738 16,02% 1.160 13,44%Cultura e Lazer 266 5,77% 407 4,72%Equipamento Para o Lar 371 8,05% 674 7,81%Equipamentos Profissionais 148 3,21% 439 5,09%Veiculos Automóveis e Motociclos 169 3,67% 705 8,17%Combustíveis 71 1,54% 223 2,58%Outro Comércio a Retalho 461 10,01% 870 10,08%
Retalhistas
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
BEJARetalhistas Grossistas
Estabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 221 -
Nº Total de Estabelecimentos 10.420 85,85% 1.717 14,15%Estatuto Jurídico 10.420 1.717Nome Individual 7.335 70,39% 587 34,19%Pessoa Colectiva 3.085 29,61% 1.130 65,81%Sociedade por Quotas 2.776 89,98% 1.061 93,89%Sociedade Anónima 163 5,28% 38 3,36%Outras 146 4,73% 31 2,74%Métodos de Venda 5.487 906Livre Serviço 492 8,97% 28 3,09%Tradicional 4.841 88,23% 736 81,24%Outros 154 2,81% 142 15,67%Escalões de Pessoas ao Serviço 10.420 17141 5.242 50,31% 595 34,71%>=2 <5 4.258 40,86% 630 36,76%>=5 <20 838 8,04% 422 24,62%>=20 <100 76 0,73% 60 3,50%>= 100 6 0,06% 7 0,41%
Nº Total de Estabelecimentos 10.420 25.808Hiper e Supermercados 37 0,36% 2.057 7,97%Alimentares e Bebidas 4.458 42,78% 8.172 31,66%Saúde e Higiene 300 2,88% 1.009 3,91%Equipamento Pessoal 2.147 20,60% 4.220 16,35%Cultura e Lazer 630 6,05% 1.332 5,16%Equipamento Para o Lar 1.062 10,19% 2.704 10,48%Equipamentos Profissionais 397 3,81% 1.742 6,75%Veiculos Automóveis e Motociclos 387 3,71% 2.170 8,41%Combustíveis 131 1,26% 691 2,68%Outro Comércio a Retalho 871 8,36% 1.711 6,63%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
BRAGARetalhistas Grossistas
RetalhistasNº Pessoas ao ServiçoEstabelecimentos
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 222 -
Nº Total de Estabelecimentos 1.629 87,49% 233 12,51%Estatuto Jurídico 1.629 233Nome Individual 1.247 76,55% 74 31,76%Pessoa Colectiva 382 23,45% 159 68,24%Sociedade por Quotas 329 86,13% 114 71,70%Sociedade Anónima 15 3,93% 41 25,79%Outras 38 9,95% 4 2,52%Métodos de Venda 690 145Livre Serviço 28 4,06% 5 3,45%Tradicional 644 93,33% 95 65,52%Outros 18 2,61% 45 31,03%Escalões de Pessoas ao Serviço 1.629 2061 791 48,56% 46 22,33%>=2 <5 706 43,34% 90 43,69%>=5 <20 120 7,37% 59 28,64%>=20 <100 10 0,61% 11 5,34%>= 100 2 0,12% 0 0,00%
Nº Total de Estabelecimentos 1.629 4.049Hiper e Supermercados 7 0,43% 421 10,40%Alimentares e Bebidas 743 45,61% 1.221 30,16%Saúde e Higiene 51 3,13% 139 3,43%Equipamento Pessoal 290 17,80% 574 14,18%Cultura e Lazer 74 4,54% 142 3,51%Equipamento Para o Lar 151 9,27% 346 8,55%Equipamentos Profissionais 95 5,83% 361 8,92%Veiculos Automóveis e Motociclos 77 4,73% 499 12,32%Combustíveis 36 2,21% 122 3,01%Outro Comércio a Retalho 105 6,45% 224 5,53%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
BRAGANÇA
Retalhistas
Retalhistas Grossistas
Estabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 223 -
Nº Total de Estabelecimentos 4.742 89,56% 553 10,44%Estatuto Jurídico 4.742 553Nome Individual 3.586 75,62% 214 38,70%Pessoa Colectiva 1.156 24,38% 339 61,30%Sociedade por Quotas 1.038 89,79% 298 87,91%Sociedade Anónima 55 4,76% 30 8,85%Outras 63 5,45% 11 3,24%Métodos de Venda 2.663 281Livre Serviço 97 3,64% 3 1,07%Tradicional 2.529 94,97% 232 82,56%Outros 37 1,39% 46 16,37%Escalões de Pessoas ao Serviço 4.742 5441 2.928 61,75% 220 40,44%>=2 <5 1.577 33,26% 201 36,95%>=5 <20 213 4,49% 101 18,57%>=20 <100 21 0,44% 22 4,04%>= 100 3 0,06% 0 0,00%
Nº Total de Estabelecimentos 4.742 9.512Hiper e Supermercados 18 0,38% 808 8,49%Alimentares e Bebidas 2.194 46,27% 3.095 32,54%Saúde e Higiene 104 2,19% 363 3,82%Equipamento Pessoal 792 16,70% 1.271 13,36%Cultura e Lazer 254 5,36% 431 4,53%Equipamento Para o Lar 515 10,86% 971 10,21%Equipamentos Profissionais 164 3,46% 556 5,85%Veiculos Automóveis e Motociclos 236 4,98% 970 10,20%Combustíveis 63 1,33% 342 3,60%Outro Comércio a Retalho 402 8,48% 705 7,41%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
CASTELO BRANCO
Retalhistas
Retalhistas Grossistas
Estabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 224 -
Nº Total de Estabelecimentos 7.808 87,65% 1.100 12,35%Estatuto Jurídico 7.808 1.100Nome Individual 5.743 73,55% 396 36,00%Pessoa Colectiva 2.065 26,45% 704 64,00%Sociedade por Quotas 1.825 88,38% 636 90,34%Sociedade Anónima 101 4,89% 47 6,68%Outras 139 6,73% 21 2,98%Métodos de Venda 3.603 472Livre Serviço 432 11,99% 12 2,54%Tradicional 3.030 84,10% 359 76,06%Outros 141 3,91% 101 21,40%Escalões de Pessoas ao Serviço 7.808 10971 4.194 53,71% 335 30,54%>=2 <5 2.935 37,59% 410 37,37%>=5 <20 624 7,99% 279 25,43%>=20 <100 50 0,64% 63 5,74%>= 100 5 0,06% 10 0,91%
Nº Total de Estabelecimentos 7.808 18.838Hiper e Supermercados 23 0,29% 1.156 6,14%Alimentares e Bebidas 4.293 54,98% 6.856 36,39%Saúde e Higiene 227 2,91% 826 4,38%Equipamento Pessoal 1.097 14,05% 2.413 12,81%Cultura e Lazer 424 5,43% 850 4,51%Equipamento Para o Lar 639 8,18% 1.734 9,20%Equipamentos Profissionais 241 3,09% 982 5,21%Veiculos Automóveis e Motociclos 273 3,50% 2.099 11,14%Combustíveis 89 1,14% 522 2,77%Outro Comércio a Retalho 502 6,43% 1.400 7,43%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
COIMBRA
Retalhistas
Retalhistas Grossistas
Estabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 225 -
Nº Total de Estabelecimentos 4.035 88,47% 526 11,53%Estatuto Jurídico 4.035 526Nome Individual 2.916 72,27% 174 33,08%Pessoa Colectiva 1.119 27,73% 352 66,92%Sociedade por Quotas 937 83,74% 248 70,45%Sociedade Anónima 45 4,02% 58 16,48%Outras 137 12,24% 46 13,07%Métodos de Venda 2.355 315Livre Serviço 180 7,64% 5 1,59%Tradicional 2.106 89,43% 213 67,62%Outros 69 2,93% 97 30,79%Escalões de Pessoas ao Serviço 4.035 4821 2.437 60,40% 153 31,74%>=2 <5 1.321 32,74% 186 38,59%>=5 <20 256 6,34% 123 25,52%>=20 <100 18 0,45% 18 3,73%>= 100 3 0,07% 2 0,41%
Nº Total de Estabelecimentos 4.035 8.574Hiper e Supermercados 13 0,32% 568 6,62%Alimentares e Bebidas 1.867 46,27% 3.012 35,13%Saúde e Higiene 90 2,23% 309 3,60%Equipamento Pessoal 638 15,81% 1.113 12,98%Cultura e Lazer 240 5,95% 472 5,51%Equipamento Para o Lar 390 9,67% 826 9,63%Equipamentos Profissionais 145 3,59% 597 6,96%Veiculos Automóveis e Motociclos 131 3,25% 594 6,93%Combustíveis 54 1,34% 212 2,47%Outro Comércio a Retalho 467 11,57% 871 10,16%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
ÉVORA
Retalhistas
Retalhistas Grossistas
Estabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 226 -
Nº Total de Estabelecimentos 8.147 87,48% 1.166 12,52%Estatuto Jurídico 8.147 1.166Nome Individual 5.394 66,21% 414 35,51%Pessoa Colectiva 2.753 33,79% 752 64,49%Sociedade por Quotas 2.288 83,11% 658 87,50%Sociedade Anónima 255 9,26% 63 8,38%Outras 210 7,63% 31 4,12%Métodos de Venda 4.097 558Livre Serviço 493 12,03% 22 3,94%Tradicional 3.429 83,70% 408 73,12%Outros 175 4,27% 128 22,94%Escalões de Pessoas ao Serviço 8.147 11571 4.249 52,15% 418 36,13%>=2 <5 3.163 38,82% 444 38,38%>=5 <20 656 8,05% 238 20,57%>=20 <100 74 0,91% 55 4,75%>= 100 5 0,06% 2 0,17%
Nº Total de Estabelecimentos 8.147 20.515Hiper e Supermercados 60 0,74% 2.180 10,63%Alimentares e Bebidas 3.511 43,10% 6.633 32,33%Saúde e Higiene 200 2,45% 652 3,18%Equipamento Pessoal 1.401 17,20% 2.920 14,23%Cultura e Lazer 513 6,30% 1.080 5,26%Equipamento Para o Lar 857 10,52% 2.099 10,23%Equipamentos Profissionais 313 3,84% 1.101 5,37%Veiculos Automóveis e Motociclos 299 3,67% 1.447 7,05%Combustíveis 107 1,31% 512 2,50%Outro Comércio a Retalho 886 10,88% 1.891 9,22%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
FARORetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 227 -
Nº Total de Estabelecimentos 3.500 90,37% 373 9,63%Estatuto Jurídico 3.500 373Nome Individual 2.867 81,91% 185 49,60%Pessoa Colectiva 633 18,09% 188 50,40%Sociedade por Quotas 566 89,42% 156 82,98%Sociedade Anónima 19 3,00% 19 10,11%Outras 48 7,58% 13 6,91%Métodos de Venda 1.886 176Livre Serviço 202 10,71% 9 5,11%Tradicional 1.634 86,64% 137 77,84%Outros 50 2,65% 30 17,05%Escalões de Pessoas ao Serviço 3.500 3591 2.137 61,06% 157 43,73%>=2 <5 1.181 33,74% 132 36,77%>=5 <20 167 4,77% 63 17,55%>=20 <100 14 0,40% 7 1,95%>= 100 1 0,03% 0 0,00%
Nº Total de Estabelecimentos 3.500 6.781Hiper e Supermercados 15 0,43% 402 5,93%Alimentares e Bebidas 1.889 53,97% 2.711 39,98%Saúde e Higiene 85 2,43% 259 3,82%Equipamento Pessoal 498 14,23% 806 11,89%Cultura e Lazer 193 5,51% 336 4,96%Equipamento Para o Lar 305 8,71% 670 9,88%Equipamentos Profissionais 146 4,17% 431 6,36%Veiculos Automóveis e Motociclos 112 3,20% 631 9,31%Combustíveis 44 1,26% 189 2,79%Outro Comércio a Retalho 213 6,09% 346 5,10%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
GUARDARetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 228 -
Nº Total de Estabelecimentos 8.011 87,30% 1.165 12,70%Estatuto Jurídico 8.011 1.165Nome Individual 5.760 71,90% 370 31,76%Pessoa Colectiva 2.251 28,10% 795 68,24%Sociedade por Quotas 1.971 87,56% 711 89,43%Sociedade Anónima 140 6,22% 59 7,42%Outras 140 6,22% 25 3,14%Métodos de Venda 3.195 582Livre Serviço 190 5,95% 19 3,26%Tradicional 2.890 90,45% 457 78,52%Outros 115 3,60% 106 18,21%Escalões de Pessoas ao Serviço 8.011 11591 4.032 50,33% 346 29,85%>=2 <5 3.322 41,47% 477 41,16%>=5 <20 590 7,36% 277 23,90%>=20 <100 61 0,76% 56 4,83%>= 100 6 0,07% 3 0,26%
Nº Total de Estabelecimentos 8.011 19.756Hiper e Supermercados 50 0,62% 1.780 9,01%Alimentares e Bebidas 3.711 46,32% 6.323 32,01%Saúde e Higiene 209 2,61% 702 3,55%Equipamento Pessoal 1.349 16,84% 2.616 13,24%Cultura e Lazer 421 5,26% 919 4,65%Equipamento Para o Lar 808 10,09% 1.998 10,11%Equipamentos Profissionais 268 3,35% 986 4,99%Veiculos Automóveis e Motociclos 354 4,42% 2.156 10,91%Combustíveis 129 1,61% 667 3,38%Outro Comércio a Retalho 712 8,89% 1.609 8,14%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
LEIRIA
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Retalhistas Grossistas
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 229 -
Nº Total de Estabelecimentos 35.704 81,08% 8.330 18,92%Estatuto Jurídico 35.704 8.330Nome Individual 16.825 47,12% 1.565 18,79%Pessoa Colectiva 18.879 52,88% 6.765 81,21%Sociedade por Quotas 16.922 89,63% 6.035 89,21%Sociedade Anónima 1.114 5,90% 575 8,50%Outras 843 4,47% 155 2,29%Métodos de Venda 16.791 3899Livre Serviço 1.048 6,24% 53 1,36%Tradicional 15.257 90,86% 2.742 70,33%Outros 486 2,89% 1.104 28,31%Escalões de Pessoas ao Serviço 35.704 83061 15.713 44,01% 2.152 25,91%>=2 <5 15.445 43,26% 3.112 37,47%>=5 <20 4.064 11,38% 2.302 27,71%>=20 <100 450 1,26% 650 7,83%>= 100 32 0,09% 90 1,08%
Nº Total de Estabelecimentos 35.704 111.822Hiper e Supermercados 209 0,59% 11.753 10,51%Alimentares e Bebidas 14.897 41,72% 29.673 26,54%Saúde e Higiene 1.132 3,17% 4.248 3,80%Equipamento Pessoal 6.540 18,32% 18.631 16,66%Cultura e Lazer 2.758 7,72% 8.313 7,43%Equipamento Para o Lar 3.613 10,12% 11.031 9,86%Equipamentos Profissionais 928 2,60% 3.940 3,52%Veiculos Automóveis e Motociclos 1.450 4,06% 9.789 8,75%Combustíveis 466 1,31% 2.847 2,55%Outro Comércio a Retalho 3.711 10,39% 11.597 10,37%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
LISBOA
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Retalhistas Grossistas
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 230 -
Nº Total de Estabelecimentos 3.311 90,22% 359 9,78%Estatuto Jurídico 3.311 359Nome Individual 2.418 73,03% 119 33,15%Pessoa Colectiva 893 26,97% 240 66,85%Sociedade por Quotas 777 87,01% 159 66,25%Sociedade Anónima 27 3,02% 57 23,75%Outras 89 9,97% 24 10,00%Métodos de Venda 2.205 230Livre Serviço 85 3,85% 5 2,17%Tradicional 2.066 93,70% 139 60,43%Outros 54 2,45% 86 37,39%
Escalões de Pessoas ao Serviço 3.311 310
1 1.982 59,86% 134 43,23%>=2 <5 1.133 34,22% 107 34,52%>=5 <20 183 5,53% 58 18,71%>=20 <100 13 0,39% 10 3,23%>= 100 0 0,00% 1 0,32%
Nº Total de Estabelecimentos 3.311 6.449Hiper e Supermercados 8 0,24% 279 4,33%Alimentares e Bebidas 1.509 45,58% 2.472 38,33%Saúde e Higiene 98 2,96% 253 3,92%Equipamento Pessoal 530 16,01% 930 14,42%Cultura e Lazer 194 5,86% 319 4,95%Equipamento Para o Lar 351 10,60% 710 11,01%Equipamentos Profissionais 112 3,38% 293 4,54%Veiculos Automóveis e Motociclos 151 4,56% 531 8,23%Combustíveis 49 1,48% 133 2,06%Outro Comércio a Retalho 309 9,33% 529 8,20%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
PORTALEGRERetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 231 -
Nº Total de Estabelecimentos 23.255 77,59% 6.715 22,41%Estatuto Jurídico 23.255 6.715Nome Individual 15.031 64,64% 1.917 28,55%Pessoa Colectiva 8.224 35,36% 4.798 71,45%Sociedade por Quotas 7.274 88,45% 4.394 91,58%Sociedade Anónima 598 7,27% 310 6,46%Outras 352 4,28% 94 1,96%Métodos de Venda 10.021 2983Livre Serviço 737 7,35% 52 1,74%Tradicional 9.019 90,00% 2.328 78,04%Outros 265 2,64% 603 20,21%
Escalões de Pessoas ao Serviço 23.255 6714
1 11.413 49,08% 1.980 29,49%>=2 <5 9.089 39,08% 2.379 35,43%>=5 <20 2.434 10,47% 1.864 27,76%>=20 <100 293 1,26% 424 6,32%>= 100 26 0,11% 67 1,00%
Nº Total de Estabelecimentos 23.255 70.519Hiper e Supermercados 136 0,58% 8.346 11,84%Alimentares e Bebidas 9.535 41,00% 18.466 26,19%Saúde e Higiene 719 3,09% 2.558 3,63%Equipamento Pessoal 4.560 19,61% 12.494 17,72%Cultura e Lazer 1.564 6,73% 4.066 5,77%Equipamento Para o Lar 2.560 11,01% 7.372 10,45%Equipamentos Profissionais 716 3,08% 2.571 3,65%Veiculos Automóveis e Motociclos 1.009 4,34% 6.367 9,03%Combustíveis 298 1,28% 2.042 2,90%Outro Comércio a Retalho 2.158 9,28% 6.237 8,84%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DO
PORTORetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 232 -
Nº Total de Estabelecimentos 8.457 86,16% 1.359 13,84%Estatuto Jurídico 8.457 1.359Nome Individual 5.870 69,41% 381 28,04%Pessoa Colectiva 2.587 30,59% 978 71,96%Sociedade por Quotas 2.354 90,99% 847 86,61%Sociedade Anónima 81 3,13% 95 9,71%Outras 152 5,88% 36 3,68%Métodos de Venda 4.550 791Livre Serviço 350 7,69% 16 2,02%Tradicional 4.071 89,47% 594 75,09%Outros 129 2,84% 181 22,88%
Escalões de Pessoas ao Serviço 8.457 1327
1 4.132 48,86% 378 28,49%>=2 <5 3.638 43,02% 520 39,19%>=5 <20 623 7,37% 349 26,30%>=20 <100 58 0,69% 69 5,20%>= 100 6 0,07% 11 0,83%
Nº Total de Estabelecimentos 8.457 20.426Hiper e Supermercados 55 0,65% 1.969 9,64%Alimentares e Bebidas 3.556 42,05% 6.523 31,93%Saúde e Higiene 251 2,97% 827 4,05%Equipamento Pessoal 1.360 16,08% 2.619 12,82%Cultura e Lazer 510 6,03% 1.061 5,19%Equipamento Para o Lar 872 10,31% 1.997 9,78%Equipamentos Profissionais 290 3,43% 932 4,56%Veiculos Automóveis e Motociclos 456 5,39% 2.044 10,01%Combustíveis 160 1,89% 621 3,04%Outro Comércio a Retalho 947 11,20% 1.833 8,97%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
SANTARÉMRetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 233 -
Nº Total de Estabelecimentos 17.372 90,13% 1.903 9,87%Estatuto Jurídico 17.372 1.903Nome Individual 12.319 70,91% 739 38,83%Pessoa Colectiva 5.053 29,09% 1.164 61,17%Sociedade por Quotas 4.378 86,64% 1.049 90,12%Sociedade Anónima 252 4,99% 91 7,82%Outras 423 8,37% 24 2,06%Métodos de Venda 10.348 1111Livre Serviço 577 5,58% 18 1,62%Tradicional 9.502 91,82% 866 77,95%Outros 269 2,60% 227 20,43%
Escalões de Pessoas ao Serviço 17.372 1886
1 9.990 57,51% 704 37,33%>=2 <5 6.349 36,55% 783 41,52%>=5 <20 941 5,42% 304 16,12%>=20 <100 86 0,50% 86 4,56%>= 100 6 0,03% 9 0,48%
Nº Total de Estabelecimentos 17.372 37.377Hiper e Supermercados 59 0,34% 3.636 9,73%Alimentares e Bebidas 7.803 44,92% 13.371 35,77%Saúde e Higiene 383 2,20% 1.272 3,40%Equipamento Pessoal 3.113 17,92% 5.358 14,34%Cultura e Lazer 1.353 7,79% 2.290 6,13%Equipamento Para o Lar 1.657 9,54% 3.308 8,85%Equipamentos Profissionais 489 2,81% 1.517 4,06%Veiculos Automóveis e Motociclos 556 3,20% 2.373 6,35%Combustíveis 184 1,06% 996 2,66%Outro Comércio a Retalho 1.775 10,22% 3.256 8,71%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
SETÚBALRetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 234 -
Nº Total de Estabelecimentos 5.416 91,87% 479 8,13%Estatuto Jurídico 5.416 479Nome Individual 4.248 78,43% 212 44,26%Pessoa Colectiva 1.168 21,57% 267 55,74%Sociedade por Quotas 1.039 88,96% 251 94,01%Sociedade Anónima 22 1,88% 7 2,62%Outras 107 9,16% 9 3,37%Métodos de Venda 3.068 284Livre Serviço 154 5,02% 11 3,87%Tradicional 2.816 91,79% 219 77,11%Outros 98 3,19% 54 19,01%
Escalões de Pessoas ao Serviço 5.416 478
1 3.474 64,14% 177 37,03%>=2 <5 1.666 30,76% 172 35,98%>=5 <20 252 4,65% 104 21,76%>=20 <100 23 0,42% 23 4,81%>= 100 1 0,02% 2 0,42%
Nº Total de Estabelecimentos 5.416 10.359Hiper e Supermercados 12 0,22% 501 4,84%Alimentares e Bebidas 2.524 46,60% 3.748 36,18%Saúde e Higiene 117 2,16% 372 3,59%Equipamento Pessoal 948 17,50% 1.510 14,58%Cultura e Lazer 287 5,30% 495 4,78%Equipamento Para o Lar 582 10,75% 1.260 12,16%Equipamentos Profissionais 250 4,62% 767 7,40%Veiculos Automóveis e Motociclos 172 3,18% 629 6,07%Combustíveis 48 0,89% 267 2,58%Outro Comércio a Retalho 476 8,79% 810 7,82%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
VIANA DO CASTELORetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 235 -
Nº Total de Estabelecimentos 3.504 91,42% 329 8,58%Estatuto Jurídico 3.504 329Nome Individual 2.669 76,17% 113 34,35%Pessoa Colectiva 835 23,83% 216 65,65%Sociedade por Quotas 747 89,46% 193 89,35%Sociedade Anónima 19 2,28% 14 6,48%Outras 69 8,26% 9 4,17%Métodos de Venda 2.017 201Livre Serviço 56 2,78% 4 1,99%Tradicional 1.937 96,03% 158 78,61%Outros 24 1,19% 39 19,40%
Escalões de Pessoas ao Serviço 3.504 326
1 2.033 58,02% 100 30,67%>=2 <5 1.228 35,05% 145 44,48%>=5 <20 226 6,45% 65 19,94%>=20 <100 16 0,46% 15 4,60%>= 100 1 0,03% 1 0,31%
Nº Total de Estabelecimentos 3.504 7.505Hiper e Supermercados 14 0,40% 566 7,54%Alimentares e Bebidas 1.722 49,14% 2.644 35,23%Saúde e Higiene 97 2,77% 311 4,14%Equipamento Pessoal 571 16,30% 979 13,04%Cultura e Lazer 237 6,76% 384 5,12%Equipamento Para o Lar 307 8,76% 793 10,57%Equipamentos Profissionais 153 4,37% 458 6,10%Veiculos Automóveis e Motociclos 128 3,65% 739 9,85%Combustíveis 36 1,03% 163 2,17%Outro Comércio a Retalho 239 6,82% 468 6,24%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
VILA REALRetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 236 -
Nº Total de Estabelecimentos 7.772 88,91% 969 11,09%Estatuto Jurídico 7.772 969Nome Individual 5.914 76,09% 423 43,65%Pessoa Colectiva 1.858 23,91% 546 56,35%Sociedade por Quotas 1.690 90,96% 493 90,29%Sociedade Anónima 63 3,39% 37 6,78%Outras 105 5,65% 16 2,93%Métodos de Venda 4.977 570Livre Serviço 563 11,31% 22 3,86%Tradicional 4.211 84,61% 474 83,16%Outros 203 4,08% 74 12,98%
Escalões de Pessoas ao Serviço 7.772 968
1 4.195 53,98% 368 38,02%>=2 <5 3.156 40,61% 356 36,78%>=5 <20 389 5,01% 201 20,76%>=20 <100 31 0,40% 41 4,24%>= 100 1 0,01% 2 0,21%
Nº Total de Estabelecimentos 7.772 15.786Hiper e Supermercados 28 0,36% 778 4,93%Alimentares e Bebidas 3.787 48,73% 6.132 38,84%Saúde e Higiene 189 2,43% 571 3,62%Equipamento Pessoal 1.217 15,66% 2.022 12,81%Cultura e Lazer 445 5,73% 805 5,10%Equipamento Para o Lar 717 9,23% 1.432 9,07%Equipamentos Profissionais 343 4,41% 1.039 6,58%Veiculos Automóveis e Motociclos 326 4,19% 1.339 8,48%Combustíveis 105 1,35% 472 2,99%Outro Comércio a Retalho 615 7,91% 1.196 7,58%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO DISTRITO DE
VISEURetalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
Fonte: DGCC (2000), “Estatísticas do Cadastro Comercial”
A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
NAS CALDAS DA RAINHA
7.ANEXOS
RELATÓRIO FINAL
- Página 237 -
Nº Total de Estabelecimentos 168.784 84,84% 30.170 15,16%Estatuto Jurídico 168.784 30.170Nome Individual 111.998 66,36% 8.949 29,66%Pessoa Colectiva 56.786 33,64% 21.221 70,34%Sociedade por Quotas 50.308 88,59% 18.904 89,08%Sociedade Anónima 3.137 5,52% 1.721 8,11%Outras 3.341 5,88% 596 2,81%Métodos de Venda 86.175 14831Livre Serviço 6.130 7,11% 305 2,06%Tradicional 77.472 89,90% 11.193 75,47%Outros 2.573 2,99% 3.333 22,47%
Escalões de Pessoas ao Serviço 168.784 29839
1 88.089 52,19% 9.311 31,20%>=2 <5 65.683 38,92% 11.160 37,40%>=5 <20 13.509 8,00% 7.402 24,81%>=20 <100 1.393 0,83% 1.741 5,83%>= 100 110 0,07% 225 0,75%
Nº Total de Estabelecimentos 168.784 428.726Hiper e Supermercados 810 0,48% 40.192 9,37%Alimentares e Bebidas 75.305 44,62% 133.046 31,03%Saúde e Higiene 4.664 2,76% 15.893 3,71%Equipamento Pessoal 29.788 17,65% 65.185 15,20%Cultura e Lazer 10.967 6,50% 24.979 5,83%Equipamento Para o Lar 16.881 10,00% 42.487 9,91%Equipamentos Profissionais 5.644 3,34% 19.975 4,66%Veiculos Automóveis e Motociclos 6.766 4,01% 37.574 8,76%Combustíveis 2.249 1,33% 11.945 2,79%Outro Comércio a Retalho 15.710 9,31% 37.450 8,74%
ESTRUTURA DO APARELHO COMERCIAL DO CONTINENTE
Retalhistas Grossistas
RetalhistasEstabelecimentos Nº Pessoas ao Serviço
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A IMPLANTAÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES COMERCIAIS
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