Estu Do Bases Schau Der

download Estu Do Bases Schau Der

of 61

description

Bases de Schauder

Transcript of Estu Do Bases Schau Der

  • IEGO FERNANDES PIRES

    Um estudo sobre bases de Schauder em espaos

    de Banach e aplicaes do princpio de seleo de

    Bessaga-Pelczynski.

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA

    FACULDADE DE MATEMTICA

    2013

    i

  • ii

    IEGO FERNANDES PIRES

    Um estudo sobre bases de Schauder em espaos

    de Banach e aplicaes do princpio de seleo de

    Bessaga-Pelczynski.

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Matemtica da Universidade Federal de

    Uberlndia, como parte dos requisitos para obteno do

    ttulo de MESTRE EM MATEMTICA.

    rea de Concentrao: Matemtica.

    Linha de Pesquisa: Anlise Funcional.

    Orientador: Prof. Dr. Vincius Vieira Fvaro.

  • iii

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU , MG, Brasil

    P667e 2013

    Pires, Iego Fernandes,1986- Um estudo sobre bases de Schauder em espaos de Banach e aplicaes do princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski / Iego Fernandes Pires. - 2013. 61 f. : il. Orientador: Vincius Vieira Fvaro. Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Uberlndia, Programa de Ps-Graduao em Matemtica. Inclui bibliografia. 1. Matemtica - Teses. 2. Anlise funcional - Teses. 3. Banach, Espaos de - Teses. I. Fvaro, Vincius Vieira. II. Universidade Fe-deral de Uberlndia. Programa de Ps-Graduao em Matemtica. III.Ttulo. CDU: 51

  • iv

  • vDedicatria

    Dedico este trabalho a toda minha famlia, especialmente ao meu pai Ginair Francisco Pires,

    minha me Ctia Deus Fernandes, s minhas irms Ila Fernanda e Ingrid Nayara, e, a minha

    esposa Keina, pelo incentivo, compreenso e todo o apoio.

  • vi

    Agradecimentos

    Primeiramente agradeo a Deus por ter me abenoado em mais uma conquista.

    Agradeo a minha esposa Keina, por acreditar em mim e nunca me deixar desanimar.

    Aos meus pais Ginair e Ctia, por no medirem esforos para eu chegar at aqui.

    s minhas irms Ila e Nayara, por estarem sempre a meu lado.

    Ao professor Vincius Vieira Favro, pela pacincia e compreenso na orientao desse trabalho.

    professora Marcela Luciano Vilela de Souza e ao professor Ariosvaldo Marques Jatob, por

    terem aceito o convite para fazerem parte da banca de defesa deste trabalho.

    Aos professores do programa de Ps-Graduao em Matemtica da UFU.

    Aos colegas do curso de mestrado: Bruno, Rafael, Letcia e Otoniel.

    Ao meu primo Mrio Sergio e aos amigos Rafael Fernandes, Joo Victor e Thiago Alves.

    CAPES pelo apoio nanceiro.

  • vii

    PIRES, I. F. Um estudo sobre bases de Schauder em espaos de Banach e aplicaes do princpio

    de seleo de Bessaga-Pelczynski. 2013. Dissertao de Mestrado, Universidade Federal de

    Uberlndia, Uberlndia-MG.

    Resumo

    Neste trabalho faremos um estudo detalhado da teoria bsica de bases de Schauder em es-

    paos de Banach. Mais precisamente, estudaremos os principais resultados envolvendo bases

    de Schauder (incondicionais), sequncias bsicas (incondicionais) e provaremos um importante

    resultado da teoria de espaos de Banach, o princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski. Es-

    tudaremos tambm algumas aplicaes deste princpio tais como a existncia de sequncias

    bsicas em espaos de Banach e o Teorema de Pitt para operadores compactos entre espaos

    de sequncias.

    Palavras-chave: Espaos de Banach, Bases de Schauder, sequncias bsicas, o problema da

    base incondicional, princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski e Teorema de Pitt.

  • viii

    PIRES, I. F. A study about Schauder`s basis in Banach spaces and applications of the Bessaga-

    Pelczynski selection principle. 2013. M. Sc. Dissertation, Federal University of Uberlndia,

    Uberlndia-MG.

    Abstract

    In this work, we will study the basic theory of Schauder basis of Banach spaces. More precisely,

    we will study the main results involving (unconditionally) Schauder basis, (unconditionally)

    basic sequences and we will prove an important result of the Banach space theory, the Bessaga-

    Pelczynski selection principle. We will also study some applications of this principle such that

    the existence of basic sequences in Banach spaces and the Pitt's Theorem for compact operators

    between sequence spaces.

    Keywords : Banach spaces, Schauder basis, basic sequences, the unconditional basis problem,

    Bessaga-Pelczynski selection principle and Pitt's Theorem.

  • SUMRIO

    Resumo vii

    Abstract viii

    Introduo 1

    1 Resultados Clssicos de Anlise Funcional 3

    2 Bases de Schauder em espaos de Banach 9

    2.1 Sries em espaos de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    2.2 Bases em espaos de Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    3 Sequncias bsicas em Espaos de Banach 27

    3.1 Bases e sequncias bsicas incondicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    3.2 Dois problemas importantes envolvendo sequncias bsicas em espaos de Banach 37

    3.2.1 O problema da base incondicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    3.2.2 O Princpio de Seleo de Bessaga-Pelczynski . . . . . . . . . . . . . . . 39

    4 Aplicaes do princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski 48

    4.1 Existncia de sequncias bsicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    4.2 O Teorema de Pitt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

    ix

  • Introduo

    A rea do conhecimento na qual essa dissertao se insere a Anlise Funcional, mais precisa-

    mente na teoria de espaos de Banach. Em Anlise Funcional, um conceito bastante importante

    e usual o de base de Schauder. Bases de Schauder so muito teis para se entender o com-

    portamento e a estrutura dos espaos de Banach. Dizemos que uma sequncia (xn)n=1 base

    de Schauder de um espao de Banach E se cada x E pode ser escrito de maneira nica comouma srie do tipo

    n=1

    anxn, onde an so escalares no corpo. Como veremos neste trabalho,

    fcil provar que todo espao de Banach com base de Schauder separvel. Entretanto, a

    pergunta de que todo espao de Banach separvel tem base de Schauder permaneceu em aberto

    por vrios anos. A resposta a esse problema veio com Eno em 1973, em sua negativa.

    A busca de condies para que um espao de Banach tenha base de Schauder foi objeto de

    pesquisa de diversos matemticos e um problema importante e que tem resposta armativa

    que todo espao de Banach tem um subespao com base de Schauder. A soluo desse problema

    utiliza um resultado extremamente importante que conhecido como o princpio de seleo de

    Bessaga-Pelczynski. Esse resultado importante no s devido a sua aplicao para a soluo

    desse problema, mas tambm em diversos outros problemas. Nesta dissertao, mostraremos

    com detalhes a demonstrao deste princpio de seleo, mostraremos tambm detalhadamente

    a demonstrao de que todo espao de Banach tem um subespao com base de Schauder. Alm

    disso, faremos uma outra aplicao interessante do princpio de seleo de Bessaga-Pelczysnki,

    que a demonstrao do Teorema de Pitt (essas aplicaes sero feitas no captulo 4).

    O Teorema de Pitt tem diversas aplicaes e ele caracteriza operadores compactos entre es-

    paos de sequncias somveis. Este teorema usado, por exemplo, na obteno de operadores,

    denidos entre espaos de sequncias somveis, que atingem a norma e problemas de lineabi-

    lidade envolvendo tais operadores (veja por exemplo [14] para os problemas de lineabilidade e

    operadores que atingem a norma e [12] como referncia para resultados sobre operadores que

    atingem a norma).

    Nesta dissertao, faremos tambm um estudo sobre bases de Schauder incondicionais, isto

    1

  • 2, bases em que a convergncia da representao de cada elemento, em termos da base, incon-

    dicional. Tais bases so muito teis na teoria dos espaos de Banach, entretanto no verdade

    nem que espaos de Banach possuem algum subespao com base de Schauder incondicional.

    Este problema conhecido como o problema da base incondicional (trataremos desse problema

    com mais detalhes no captulo 3). Entretanto, daremos uma caracterizao para que uma base

    de Schauder seja base de Schauder incondicional de algum subespao.

    Este trabalho est dividido da seguinte maneira:

    (i) No captulo 1, daremos os principais conceitos e notaes que usaremos ao longo do trabalho

    e faremos uma reviso dos principais resultados de Anlise Funcional necessrios.

    (ii) No captulo 2, devotaremos uma seo ao estudo de sries em espaos de Banach e depois

    introduziremos as bases de Schauder juntamente com os resultados bsicos pertinentes

    alm de vrios exemplos importantes.

    (iii) No captulo 3, faremos um estudo sobre sequncias bsicas (incondicionais) em espaos de

    Banach, isto , bases de Schauder (incondicionais) de um subespao. Alm disso, aborda-

    remos os problemas de existncia de sequncias bsicas e sequncias bsicas incondicionais.

    Neste captulo tambm provaremos o princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski.

    (iv) Finalmente, no captulo 4, faremos as duas aplicaes do princpio de seleo que nos

    referimos anteriormente, alm de dar os pr-requisitos necessrios para elas.

    Iego Fernandes Pires Uberlndia-MG, 31 de Julho de 2013.

  • CAPTULO 1

    Resultados Clssicos de Anlise Funcional

    O objetivo deste captulo introduzir algumas denies, notaes e alguns resultados de

    Anlise Funcional que sero utilizados nos demais captulos.

    Durante todo o texto, K denotar o corpo R dos nmeros reais ou o corpo C dos complexos.

    Denio 1.0.1. Seja E um espao vetorial sobre K. Uma norma em E uma funo : E R tal que

    (N1) x 0 para todo x E e x = 0 x = 0.

    (N2) ax = |a|x para todo a K e x E.

    (N3) x+ y x+ y para quaisquer x, y E.

    Denio 1.0.2. Um espao normado um espao vetorial E munido de uma norma . Epor sua vez um espao mtrico com a mtrica induzida pela norma, isto , a mtrica d dada

    por

    d(x, y) = x y com x, y E.A bola unitria fechada do espao normado E o conjunto

    BE = {x E : x 1} .

    Denio 1.0.3. Dizemos que um espao normado E um espao de Banach se E for completo.

    Denio 1.0.4. Se K um espao mtrico compacto, denotamos o espao vetorial de todas

    as funes contnuas denidas no compacto K a valores em R por espao C(K), o qual torna-seum espao de Banach com a norma

    f = sup {|f(x)| : x K} .

    3

  • 4Um caso que estamos particularmente interessado quando K o intervalo compacto [a, b].

    Nesse caso, denotamos C(K) por C[a, b].

    Denio 1.0.5. Denotamos

    c0 = {(an)n=1 : an K para todo n N e an 0}

    o qual se torna um espao de Banach com a norma

    (an)n=1 = sup {|an| : n N} .

    Denio 1.0.6. Seja 1 p < +. O espao vetorial das sequncias absolutamente p-somveis dado por

    `p =

    {(an)

    n=1 : an K para todo n N e

    n=1

    |an|p

  • 5Proposio 1.0.11. Sejam E e F espaos normados.

    (a) A expresso

    T = supxBE

    T (x)

    dene uma norma no espao L(E,F ).

    (b) T (x) Tx para todos T L(E,F ) e x E.

    (c) Se F for Banach, ento L(E,F ) um espao Banach.

    Demonstrao: Veja [3, Proposio 2.1.4]

    Corolrio 1.0.12. O dual E de qualquer espao normado E um espao de Banach.

    Denio 1.0.13. Dizemos que os espaos normados E e F so isomorfos se existe um

    operador linear contnuo e bijetor T : E F cujo operador inverso T1 : F E tambm contnuo. Neste caso, dizemos que T um isomorsmo. E se x = T (x) para x E eT (x) F dizemos que T um isomorsmo isomtrico.

    Teorema 1.0.14. Todo espao normado separvel isometricamente isomorfo a algum

    subespao de C[0, 1].

    Demonstrao: Veja [3, Teorema 6.5.5].

    Proposio 1.0.15. Seja 1 p

  • 6Teorema 1.0.17 (Teorema de Banach-Steinhaus). Sejam E um espao de Banach, F um

    espao normado e (Ti)iI uma famlia de operadores em L(E,F ) tal que para cada x E existeCx > 0 tal que

    supiITix < Cx.

    Ento supiITi

  • 7Denio 1.0.22. Dizemos que o espao normado E reexivo se o mergulho cannico

    JE : E E for sobrejetor, ou seja, JE(E) = E .

    Denio 1.0.23. Seja T L(E,F ) um operador linear contnuo entre espaos normados. Ooperador adjunto de T o operador T : F E dado por

    T () (x) = (T (x)) para todos x E e F .

    Proposio 1.0.24. Seja T L (E,F ). Ento T L (F , E ) e T = T. Mais ainda, seT isomorsmo (isomtrico), T tambm isomorsmo (isomtrico).

    Demonstrao: Veja [3, Proposio 4.3.11].

    Denio 1.0.25. A topologia fraca num espao normado E, ser denotada por (E,E ) e

    quando a sequncia (xn)n=1 de E convergir para x E na topologia fraca, escreveremos xn w x.

    Proposio 1.0.26. Sejam E e F espaos de Banach. Ento T : E F contnua se, esomente se, T fracamente contnua, isto , se T : (E, (E,E )) (F, (F, F )) for contnuo.

    Demonstrao: Veja [3, Proposio 6.2.9].

    Teorema 1.0.27. Um espao de Banach E reexivo se, e somente se, a bola unitria BE

    compacta na topologia fraca.

    Demonstrao: Veja [3, Teorema 6.4.5].

    Denio 1.0.28. Sejam E e F espaos normados. Dizemos que o operador linear T : E F compacto se T (BE) compacto em F .

    Denio 1.0.29. Sejam E e F espaos de Banach e T : E F linear. Dizemos que T completamente contnuo se xn

    w x em E implicar que T (xn) T (x) em F .

    Proposio 1.0.30. Sejam E e F espaos de Banach, E reexivo e T L (E,F ). Se T completamente contnuo, ento T compacto.

    Demonstrao: Seja (zn)n=1 uma sequncia de vetores no nulos em E e dena a sequncia

    (xn)n=1 em BE por

    xn =znzn ,para todo n N. Como E reexivo, segue do Teorema 1.0.27 que BE fracamente compacta,o que implica a existncia de uma subsequncia (xnk)

    k=1 de (xn)

    n=1 tal que xnk

    w x BE.Mas por hiptese xnk

    w x em BE implica T (xnk) T (x) em F , logo T (BE) compacto.Portanto T compacto.

  • 8Teorema 1.0.31. Sejam E e F espaos de Banach. Ento T : E F um operadorcompacto se, e somente se, T : F E compacto.

    Demonstrao: Veja [3, Teorema 7.2.7]

    Teorema 1.0.32 (Teorema de Ascoli). Seja K um espao mtrico compacto e A um subconjunto

    de C(K) . Ento A compacto se, e somente se, as sequintes condies so satisfeitas:

    (a) A equicontnuo, isto , para todo t0 K e > 0, existe > 0 tal que |f(t) f(t0)| < para todos t K com d(t, t0) < e f A,

    (b) O conjunto {f(t); f A} limitado em K para todo t K.

    Demonstrao: Veja [9, Teorema III.2.1].

  • CAPTULO 2

    Bases de Schauder em espaos de Banach

    Antes de iniciarmos o estudo das bases de Schauder, faremos um breve apanhado sobre

    sries em espaos de Banach.

    2.1 Sries em espaos de Banach

    Denio 2.1.1. Seja (xn)n=1 uma sequncia em um espao normado E. Dizemos que (xn)

    n=1

    :

    somvel se a srien=1

    xn convergente.

    absolutamente somvel sen=1

    xn 0, existe

    n0 N tal que

    mj=n

    xj

    < , sempre que m > n n0. claro que toda sequncia incondicionalmente somvel tambm somvel. Dirichlet provou

    em 1873 que, em R, os conceitos de somabilidade absoluta e incondicional so equivalentes. Emespaos de Banach, tal equivalncia no verdadeira. Vejamos um exemplo.

    9

  • 10

    Exemplo 2.1.2. Seja (en)n=1 a sequncia cannica de vetores unitrios, isto ,

    en = (0, 0, . . . , 0, 1, 0, 0, . . .),

    onde o 1 aparece apenas na n-sima coordenada de en. Vamos provar que, em c0, a sequncia

    (xn)n=1, onde xn =

    enn, incondicionalmente somvel, mas no absolutamente somvel.

    claro que (xn)n=1 no absolutamente somvel, pois

    n=1

    xn =n=1

    1

    n

    a qual divergente.

    Vejamos agora que (xn)n=1 incondicionalmente somvel. Seja : N N uma bijeoqualquer. Chamando sn =

    nj=1

    x(j) e considerando > 0, tome N N tal que 1N

    < .

    Como bijeo, para cada k {1, , N} existe nk tal que (nk) = k. Tomando n0 =max{n1, . . . , nN} e A = {1, . . . , n} {n1, . . . , nN}, segue que para n n0,

    sn =nj=1

    x(j) = x(1)+ +x(n) = x(n1)+ +x(nN )+jA

    x(j) = x1+ +xN +jA

    x(j).

    Assim, para todo n n0 sn ( 1n)n=1

    1N + 1

    0 dado, existe n0 N tal que

    Sm Sn =

    mj=1

    x(j) nj=1

    x(j)

    =

    mj=n+1

    x(j)

    m

    j=n+1

    x(j) <

    sempre que m > n > n0.

    Assim (Sn)n=1 =

    (nj=1

    x(j)

    )n=1

    uma sequncia de Cauchy no espao de Banach E, logo

    convergente. Portanto (xn)n=1 incondicionalmente somvel.

    Reciprocamente seja (xn)n=1 uma sequncia de Cauchy no espao normado E. Assim para

    = 12> 0, dado k N existe n(k)0 N tal que xn xm < 2k, para todos m,n > n(k)0 .Com isso, para cada k N, podemos obter nk N;nk > n(k)0 e assim temos n1 < n2 < 0, existe n N tal que, quando M um subconjunto nito de N comminM > n, temos que

    nM

    xn

    < .(c) (xn)

    n=1 subsrie somvel, ou seja, a srie

    n=1

    xkn convergente para qualquer sequncia

    estritamente crescente de inteiros positivos (kn)n=1.

    (d) (xn)n=1 sinal somvel, ou seja, a srie

    n=1

    nxn convergente quaisquer que sejam

    n {1, 1}, n N.

    (e)O operador T : ` E dado por T ((n)n=1) =n=1

    nxn contnuo.

    Demonstrao: A prova de que o item (e) equivalente aos demais no ser feita aqui, mas

    pode ser encontrada em [4, p. 12]. Vejamos as demais implicaes.

  • 12

    (a) (b): Seja (xn)n=1 incondicionalmente somvel e suponha que (b) falso, ou seja,existe > 0 tal que para todo m N existe M N nito tal que

    nM

    xn

    sempre queminM > m . Assim, para m = 1, tome M1 N nito tal que minM1 > 1 e

    nM1

    xn

    .Para m = 2 tome M2 N nito tal que minM2 > maxM1 + 1 e

    nM2

    xn

    . Procedendodesta forma, para n N tome Mn N nito tal que minMn > maxMn1+1 e

    nMn

    xn

    .Denotando por |Mn| o nmero de elementos de Mn, dena uma bijeo : N N queleva cada inteiro do intervalo [minMn,minMn + |Mn|) em Mn. Note que possvel denirtal bijeo pois o nmero de inteiros do intervalo [minMn,minMn + |Mn|) igual |Mn| e osintervalos so dois a dois disjuntos, o que tambm ocorre com os Mn.

    Considere a sequncia (Sn)n=1 denida por Sn =

    nk=1

    x(k), para todo n N, e vamos provarque ela no de Cauchy. Para cada m N, podemos escolher algum dosMn, com minMn > me

    nMn

    xn

    . Tomando p = minMn 1 e q = minMn + |Mn| 1, temos q p + 1 > m eassim

    Sq Sp =

    qk=1

    x(k) p

    k=1

    x(k)

    =

    qk=p+1

    x(k)

    = kMn

    xk

    .Com isso (Sn)

    n=1 no de Cauchy, logo divergente pois E um espao de Banach. Ento(

    x(n))n=1no somvel, o que uma contradio.

    (b) (a): Sejam : N N uma bijeo qualquer e Sn =nk=1

    x(k). Dado > 0 tome

    n de acordo com (b). Ento existe m N sucientemente grande tal que {1, . . . , n} {(1), . . . , (m)}. Para p, q N com q p+1 m temos que (p+1), (q) > m e portanto

    Sq Sp =

    qk=p+1

    x(k)

    =jM0

    xj

    < ,

    onde M0 = {(p+ 1), . . . , (q)}. Portanto (Sn)n=1 uma sequncia de Cauchy e segue o resul-tado.

    (b) (c): Dado > 0, por hiptese existem n N e M N nito tal quenM

    xn

    n. Considerando (kn)

    n=1 uma sequncia estritamente crescente de

    inteiros positivos temos kn n para todo n N e para p, q N tais que q p+ 1 > n temos

  • 13

    kq q > n e kp+1 p+ 1 > n. Denindo ento a sequncia Sn =nj=1

    xkj segue que

    Sq Sp =

    qj=1

    xkj pj=1

    xkj

    =

    qj=p+1

    xkj

    = xkp+1 + + xkq=

    nM0

    xkn

    < .onde M0 = {kp+1, . . . , kq}. Logo (Sn)n=1 uma sequncia de Cauchy. Portanto a sequncia(xkn)

    n=1 somvel.

    (c) (d): Seja Sn =nj=1

    jxj com j {1, 1}, para todo n N. Considerando os con-

    juntos N+ = {n N; n = 1} e N = {n N; n = 1} ordenados de maneira crescente, segueda hiptese de (xn)

    n=1 ser subsrie somvel que as sries

    nN+

    xn enN

    xn so convergentes.

    Logo as sequncias (An) e (Bn) so de Cauchy, onde An =nj=1jN+

    xj e Bn =nj=1jN

    xj, para todo

    n N. Assim, para cada > 0, existe n+ N tal que

    Aq Ap =

    q

    j=p+1jN+

    xj

    p > n+ e existe n N tal que

    Bq Bp =

    q

    j=p+1jN

    xj

    p > n . Por m, tomando n = max {n+ , n } temos

    Sq Sp =

    qj=p+1

    jxj

    = p+1xp+1 + . . .+ qxq=

    q

    j=p+1jN+

    xj q

    j=p+1jN

    xj

    qj=p+1jN+

    xj

    +

    qj=p+1jN

    xj

    p > n. Logo (Sn) de Cauchy, implicando assim que a srien=1

    nxn

    convergente.

  • 14

    (d) (b): Por hiptese (xn)n=1 uma sequncia sinal somvel. Suponhamos que (b) sejafalso. Ento existem > 0 e uma sequncia (Mk)

    k=1 de subconjuntos nitos de N tais que

    minMk+1 > maxMk e

    nMk

    xn

    , para todo k N.Dena a seguinte funo

    n =

    1, se n k=1

    Mk

    1, caso contrrio.

    Considere a sequncia denida por Sn =nj=1

    (1 + j)xj e para cada m N, tome k N tal quem < minMk. Assim, para p = minMk e q = maxMk segue que p, q > m, mas

    Sq Sp =

    maxMkj=minMk+1

    (1 + j)xj

    =nMk

    2xn

    2.Ento (Sn)

    n=1 no uma sequencia de Cauchy, logo diverge, pois E espao de Banach. Com

    isso,

    n=1

    xn oun=1

    nxn divergente (ou ambas), o que um absurdo.

    Corolrio 2.1.5. Se (xn)n=1 uma sequncia incondicionalmente somvel em um espao de

    Banach E, ento para qualquer bijeo : N N verdade quen=1

    xn =n=1

    x(n).

    Demonstrao: Como (xn)n=1 uma sequncia incondicionalmente somvel, segue do Teo-

    rema 2.1.4(b) que para > 0, existe n N tal que, se M N nito com minM > n,ento

    nM

    xn

    < 2 . Tome q N sucientemente grande de tal forma que {1, . . . , n} {(1), . . . , (n), . . . , (q)} e denaM0 = {1, . . . , q}{(1), . . . , (q)} eM1 = {(1), . . . , (q)}{1, . . . , q}.Assim,

    qn=1

    xn q

    n=1

    x(n)

    =nM0

    xn nM1

    xn

    nM0

    xn

    +nM1

    xn

    0 dado, existe n0 N tal que (xn)n=1 < sempre que n n0. Assim, para n n0,

    nj=1

    xjej x=

    nj=1

    xjej (xj)j=1= (0, 0, , 0, xn+1, xn+2, ) = sup

    jn+1|xj| < .

    Logo

    n=1

    xnen = x e da (en)n=1 base de Schauder de c0. De maneira anloga prova-se que

    (en)n=1 base de Schauder de `p, 1 p 0, segue

    da convergncia de

    n=1

    anxn que existe n0 N tal que

    n=n0+1

    anxn

    < 2 . Claramente{k

    n=1

    qnxn; qn Q, k N} enumervel. Seja M = max{x1, . . . , xn0} > 0. Da densi-

    dade de Q em R segue que, para cada n = 1, . . . , n0, existe qn Q tal que |an qn| < 2n0M.

    Assim, xn0n=1

    qnxn

    n0n=1

    |an qn| xn+

    n=n0+1

    anxn

    0 dado, existe > 0 tal que

    se t1, t2 [0, 1], |t1 t2| < ento |f (t1) f (t2) | < 2 .

    Considere m N tal que 12m

    < 2e tome n0 N sucientemente grande de modo que f e pn0coincidam no conjunto D =

    {0, 1, 1

    2, 14, 34, 18, 38, 58, . . . ,

    2m 12m

    }. Com isso, se t [0, 1], ento

  • 18

    existe k {1, . . . , 2m 1} tal que |t k2m| < . Logo, se k 6= 2m, segue que

    |f(t) pn(t)| f(t) f ( k2m

    )+ f ( k2m) pn(t)

    n0. Se k = 2mo resultado segue de maneira similar. Portanto, limn pn

    f = 0, ou seja, vlida a representao f =n=0

    anxn.

    Vejamos agora que tal representao nica. Considere uma sequncia de escalares (bn)n=1

    tal que f =n=0

    bnxn. Comon=0

    anxn(t) = f(t) =n=0

    bnxn(t), para todo t [0, 1], temos quen=0

    (an bn)xn(t) = 0 para todo t [0, 1]. Para t = 0, temos a0 b0 =n=0

    (an bn)xn(0) = 0,

    implicando assim que a0 = b0. Com isson=1

    (an bn)xn(t) = 0 e, para t = 1, temos

    a1 b1 =n=1

    (an bn)xn(1) = 0 que implica a1 = b1. Assimn=2

    (an bn)xn(t) = 0 e apli-cando t = 1

    2obtemos a2 = b2. Procedendo com este raciocnio para os demais valores de

    t = 0, 1, 12, 14, 34, 18, 38, 58, . . . , obtm-se an = bn para todo n N.

    Nosso prximo objetivo mostrar que os funcionais coecientes de uma base de Schauder

    so contnuos. Para isso precisaremos da seguinte denio e do seguinte lema.

    Denio 2.2.7. Dada uma base de Schauder (xn)n=1 do espao de Banach E, denotaremos

    por VE o espao vetorial formado pela sequncia de escalares (an)n=1 tais que a srien=1

    anxn

    convergente em E.

    Lema 2.2.8. Seja E um espao de Banach com base de Schauder (xn)n=1. Ento a funo

    E : VE R; E ((an)n=1) = supnN

    nj=1

    ajxj

  • 19

    uma norma em VE e (VE, E) um espao de Banach. Alm disso o operador

    TE : VE E;TE ((an)n=1) =n=1

    anxn

    um isomorsmo.

    Demonstrao: Por simplicidade usaremos a notao (an)n=1 = (an) e vamos provar que

    uma norma:

    (i) Se E ((an)) = 0 ento supnN

    nj=1

    ajxj

    = 0. Logo dado n N temos 0 anxn nj=1

    ajxj

    = 0. Da anxn = 0 e como xn 6= 0 segue que an = 0. Como n N arbitrrio segueque (an) nula. Por outro lado, claro que se (an) nula, ento E ((an)) = 0.

    (ii) Para K temos queE ((an)) = sup

    nN

    nj=1

    ajxj

    = || supnN

    nj=1

    ajxj

    = ||E ((an))(iii) Para todo (an), (bn) VE temos

    E ((an) + (bn)) = supnN

    nj=1

    (aj + bj)xj

    sup

    nN

    nj=1

    ajxj

    + supnN

    nj=1

    bjxj

    = E ((an)) + E ((bn)) .

    Vejamos agora que VE um espao de Banach. Seja (yn)n=1 = ((ank)k=1)n=1 uma sequncia deCauchy em VE, onde yn = (ank)k=1, para cada n N. Assim,

    |akn ajn|xn = (akn ajn)xn =

    ni=1

    (aki aji )xi n1i=1

    (aki aji )xi

    ni=1

    (aki aji )xi+

    n1i=1

    (aki aji )xi

    supn

    ni=1

    (aki aji )xi+ supn

    n1i=1

    (aki aji )xi

    = 2E (yk yj)

    e assim |akn ajn| 2E(yk yj)xn , para cada n N. Como (yj)

    j=1 de Cauchy em VE, para

    > 0 dado, existe j N tal que se k, j j temos E(yk yj) < xn2

    . Logo, para

    k, j j segue que |akn ajn| 2E(yk yj)xn < , concluindo assim que (a

    kn)k=1 de Cauchy

    em K, logo convergente. Para cada n N, digamos que akn an quando k . Denindo

  • 20

    y = (an)n=1 , vejamos que y VE e que (yj)j=1 converge para y em VE. Novamente pelofato de (yn)

    n=1 ser de Cauchy, segue que existe n N tal que E(yk yj) n, temosm

    i=n+1

    (ai ani )xi

    mi=1

    (ai ani )xi+

    ni=1

    (ai ani )xi 4 + 4 = 2 .Como yn = (a

    nk )k=1 VE, existe n0 N tal que

    mi=n

    ani xi

    < 2 , sempre que m > n n0.Logo, para m > n n0, segue que

    mi=1

    aixi ni=1

    aixi

    =

    mi=n+1

    aixi

    =

    mi=n+1

    (ai + ani ani )xi

    mi=n+1

    (ai ani )xi+

    m

    i=n+1

    ani xi

    0 se, e somente se, sup

    nNxn 0, segue que

    xk KinfnNxn, para todo k N. Da denio de supremo segue que sup

    nNxn K

    infnNxn

    0. Da densidade de D, existe y Dtal que z y <

    1 + supnNPn . Alm disso, segue do que vimos acima que existe n0 N

    tal que para n n0, temos Pn(y) = y. Logo, para todo n n0, verdade que

    Pn(z) z = Pn(z) Pn(y) + Pn(y) y + y z Pn(z) Pn(y)+ Pn(y) y+ y z= Pn(z y)+ z y Pnz y+ z y= (Pn+ 1) z y

    (supjNPj+ 1

    )z y

    < .

    Portanto, limn

    Pn(z) = z, para todo z E e, alm disso,

    z = limn

    Pn(z) = limn

    nj=1

    xj(z)xj =n=1

    xn(z)xn.

    Note ainda que a representao z =n=1

    xn(z)xn nica, pois se z =n=1

    bnxn ento

    n=1

    (xn(z) bn)xn = 0. Logo, para cada j N, temos

    xj(z) bj =n=1

    (xn(z) bn)xj(xn) = xj( n=1

    (xn(z) bn)xn)= xj(0) = 0

    e, consequentemente, xj(z) = bj, para todo j N.

    Corolrio 2.2.23. Se (xn, xn)n=1 um sistema biortogonal no espao de Banach E e

    supnNPn

  • 26

    Demonstrao: Considere o subespao fechado de E dado por F = [xn;n N]. Claramente(xn, x

    n)n=1 um sistema biortogonal de F com (Pn|F )n=1 sendo as projees cannicas associ-adas a (xn, x

    n)n=1 em F . Alm disso,

    supnNPn|F sup

    nNPn

  • CAPTULO 3

    Sequncias bsicas em Espaos de Banach

    Vimos no captulo anterior que todo espao de Banach com base de Schauder separvel.

    Um problema que permaneceu em aberto por vrios anos se a recproca deste resultado

    verdadeira. Este problema, alm do interesse por se tratar de um problema importante da

    Anlise Funcional, tambm cou conhecido por uma histria curiosa. Nos anos de 1930 e 1940,

    Banach e outros matemticos tinham o hbito de se reunirem em um bar (o Scottish Caf)

    para, dentre outras coisas, discutirem matemtica. Eles usavam um livro cedido pela esposa

    de Banach e que cava no bar (o qual cou conhecido como Scottish Book) para escreverem

    problemas interessantes de matemtica (principalmente de Anlise Funcional e Topologia) e

    suas solues. Geralmente, aos problemas propostos mas no resolvidos, eram oferecidos pr-

    mios, tais como uma garrafa de vinho ou de conhaque. Mas o problema de nmero 153 do livro,

    que justamente a pergunta sobre a validade da recproca acima, foi proposto por Mazur, em

    1936 e oferecido um ganso vivo para quem solucionasse o problema.

    Em um artigo de 1973, P. Eno mostrou que a recproca falsa, ou seja, existem espaos

    de Banach separveis que no possuem base de Schauder. De fato, Eno provou mais do que

    isso, ele construiu um espao de Banach reexivo e separvel que no tem a propriedade da

    aproximao e no possui base de Schauder, respondendo tambm negativamente questo de

    que todo espao de Banach tem a propriedade da aproximao. A demonstrao de Eno utiliza

    propriedades de simetria em espaos de dimenso alta e tcnicas avanadas de combinatria,

    assuntos esses que fogem do escopo deste trabalho. Para um leitor interessado, sugerimos a

    leitura do trabalho original de Eno, em [6].

    Quanto a premiao, Eno viajou a Varsvia e recebeu o ganso das mos do prprio Mazur,

    o qual foi feito em um jantar naquele mesmo dia.

    Voltando matemtica, um resultado mais fraco, porm bastante importante, verdadeiro:

    Todo espao de Banach de dimenso innita contm um subespao de dimenso innita com

    base de Schauder.

    27

  • 28

    Neste captulo, o principal resultado a ser provado o princpio de seleo de Bessaga-

    Pelczynski e, como uma das aplicaes do princpio de seleo, provaremos o resultado enunciado

    acima. Faremos tambm, neste captulo, um estudo sobre bases incondicionais e sequncias

    bsicas incondicionais. Comeamos com o conceito de sequncia bsica.

    Denio 3.0.24. Uma sequncia (xn)n=1 em E dita sequncia bsica quando (xn)

    n=1 base

    de Schauder de span {xn;n N}, onde span A denota o espao gerado por A.

    Note que o Corolrio 2.2.23 pode ser reescrito da seguinte forma:

    "Se (xn, xn)n=1 um sistema biortogonal no espao de Banach E e sup

    nNPn < , ento

    (xn)n=1 uma sequncia bsica em E."

    O resultado a seguir nos d uma caracterizao til na deciso de que uma sequncia num

    espao de Banach ou no bsica.

    Teorema 3.0.25. (Critrio de Banach-Grunblum) Seja E um espao de Banach e (xn)n=1 uma

    sequncia de vetores no-nulos em E. Ento (xn)n=1 uma sequncia bsica se, e somente se,

    existe M > 0 tal que se n m, entomj=1

    ajxj

    M

    nj=1

    ajxj

    ,para qualquer sequncia de escalares (an)

    n=1.

    Demonstrao: Para a implicao direta, suponha que (xn)n=1 uma sequncia bsica em E.

    Assim, (xn)n=1 base de Schauder de span {xn;n N}. Considerando (xn)n=1 como a sequn-cia dos funcionais coecientes de (xn)

    n=1, segue que (xn, x

    n)n=1 um sistema biortogonal em

    span {xn;n N}. Logo, segue do Teorema 2.2.22(b) que a sequncia (Pn(x))n=1 converge emspan {xn;n N}, qualquer que seja x span {xn;n N}, onde (Pn)n=1 so as projees can-nicas de ((xn, x

    n))n=1. Pelo mesmo resultado (agora usando (d)) segue queM := sup

    nNPn

  • 29

    Agora vejamos a recproca. Seja F = span {xn;n N}. Devemos mostrar que (xn)n=1 basede Schauder de F = span {xn;n N} E (aqui estamos considerando F e F com a normainduzida de E). Vejamos primeiro que {xn;n N} linearmente independente. Para isso,sejam n N e uma sequncia (ai)i=1 de escalares qualquer com

    ni=1

    aixi = 0. Para m = 1 vale

    0 a1x1 M

    nj=1

    ajxj

    = 0e, consequentemente, a1 = 0, pois x1 6= 0. Para m = 2 segue que

    0 a2x2 = a1x1 + a2x2 M

    nj=1

    ajxj

    = 0,donde obtm-se a2 = 0. Continuando com esse procedimento at m = n obtm-se an = =a1 = 0. Portanto {xn;n N} linearmente independente.Agora vejamos que cada x span {xn;n N} escrito de maneira nica como x =

    n=1

    anxn.

    Considere, para cada n N, o funcional linear xn : F K e a transformao linear Tn dadospor:

    xn

    (kj=1

    ajxj

    )= an e Tn

    (kj=1

    ajxj

    )=

    nj=1

    ajxj,

    se n k e

    xn

    (kj=1

    ajxj

    )= 0 e Tn

    (kj=1

    ajxj

    )=

    nj=1

    ajxj,

    se n > k, onde ak+1 = = an = 0.

    Assim, segue da hiptese que se n k, entoTn

    (kj=1

    ajxj

    ) =

    nj=1

    ajxj

    M

    kj=1

    ajxj

    .e se n > k, ento Tn

    (kj=1

    ajxj

    ) =

    kj=1

    ajxj

    .Pelas duas relaes acima, concluimos que

    Tn = supx1

    Tn(x) supx1

    max{Mx, x} = max{M, 1}.

    Chamando C = max{M, 1}, segue que Tn C, ou seja, cada Tn contnua.

  • 30

    Note que se n k, ento para todo x F, x =ni=1

    aixi, temos

    |xn(x)|xn = |an|xn =

    ni=1

    aixi n1i=1

    aixi

    ni=1

    aixi

    +n1i=1

    aixi

    2M

    ni=1

    aixi

    = 2Mx.

    Logo

    |xn(x)| 2M

    xnx,

    garantindo assim que xn tambm contnua. E como os contradomnios K de xn e F de Tnso espaos de Banach e F denso em F , da Proposio 1.0.20 segue que, para cada n existem

    nicas extenses lineares e contnuas fn e Rn de xn e Tn, respectivamente, tais que xn = fne Tn = Rn.Agora fcil ver que, como

    Tn(z) =ni=1

    xi (z)xi,

    para todo z F , ento segue da unicidade das extenses que

    Rn(x) =ni=1

    fi(x)xi,

    para todo x F .E agora dados x F e > 0, como F denso em F , existe y =

    mi=1

    ajxj span {xn;n N}tal que

    x y < 1 + Tn .

    Assim, para todo n > m, temos

    xRn(x) = x y + y Rn(y) +Rn(y)Rn(x) x y+ y Rn(y)+ Rn(y)Rn(x) x y+ y y+ Rnx y (1 + Rn)x y< (1 + Rn)

    1 + Tn= (1 + Tn)

    1 + Tn = ,

    e, portanto,

    x = limn

    Rn(x) = limn

    ni=1

    fi(x)xi =i=1

    fi(x)xi. (3.1)

  • 31

    Resta agora vericar que a representao de x acima nica. Para isto, suciente mostrar

    que

    i=1

    aixi ai = 0,

    para todo i N. Para > 0, segue que existe n0 N tal quenj=1

    ajxj

    < ,para todo n n0. Pela desigualdade da hiptese conlumos que

    mj=1

    ajxj

    M,para todo m N. Assim,

    |am|xm =

    mj=1

    ajxj m1j=1

    ajxj

    < 2M,para todo m N. Como > 0 foi escolhido arbitrariamente, segue que am = 0 para todom N.

    Corolrio 3.0.26. A menor constante que satisfaz a desigualdade do critrio de Banach-

    Grunblum a constante da base

    K(xn)n=1 = supnNPn,

    conforme introduzida na Denio 2.2.17. Alm disso, K(xn)n=1 1.

    Demonstrao: Se M uma constante que satisfaz a desigualdade do critrio de Banach-

    Grunblum e x =j=1

    ajxj {xn;n N}, ento para m n temos

    Pn (x) =Pn

    ( j=1

    ajxj

    ) =

    nj=1

    ajxj

    M

    mj=1

    ajxj

    e da

    Pn (x) M limm

    mj=1

    ajxj

    Mj=1

    ajxj

    =M x .Logo Pn M, para todo n N e assim sup

    nNPn M. A desigualdade K(xn)n=1 1 segueda Observao 2.2.13.

    Uma questo natural se todo subconjunto linearmente independente e enumervel de um

    espao de Banach uma sequncia bsica. O exemplo a seguir mostra que no.

  • 32

    Exemplo 3.0.27. Em `p, 1 p 0, existe n0 N tal que |xn 0| < sempre que n n0. Assim,para m > n n0 temos

    sm sn =

    mj=n+1

    jxjej

    = (0, . . . , 0, n+1xn+1, . . . , mxm, 0, 0 . . .)

    = max{|xn+1|, . . . , |xm|} < .

    Ou seja, (sn)n=1 uma sequncia de Cauchy no espao de Banach c0, logo convergente.

    Assim (xnen)n=1 sinal somvel e pelo Teorema 2.1.4(d) podemos concluir que (en)

    n=1 base

    incondicional de c0.

    Agora para (xn)n=1 `p dena Sn =

    nj=1

    jxjej, n N e n = 1. Comon=1

    |xn|p converge,

    ento dado > 0 existe n0 N tal que para todo m > n n0 temosmj=n

    |xj|p < p. Da,

    Sm Snpp =

    mj=n+1

    jxjej

    p

    p

    = (0, . . . , 0, n+1xn+1, . . . , mxm, 0, 0 . . .)pp

    =m

    j=n+1

    |xj|p < p,

    para todo m > n n0. Portanto (Sn)n=1 uma sequncia de Cauchy no espao de Banach `p,logo converge. Assim (xnen)

    n=1 sinal somvel e pelo Teorema 2.1.4(d) podemos concluir que

    (en)n=1 base incondicional de `p.

    Proposio 3.1.3. Seja T : E F um isomorsmo entre os espaos de Banach E e F .

  • 33

    (a) Se (xn)n=1 base de Schauder de E, ento (T (xn))

    n=1 base de Schauder de F ;

    (b) Se (xn)n=1 base incondicional de E, ento (T (xn))

    n=1 base incondicional de F .

    Demonstrao:

    (a) Para y F , como T1(y) E, existem nicos escalares (an)n=1 tais que T1(y) =n=1

    anxn e como T bijeo temos que y = T

    ( n=1

    anxn

    ). Devido a T ser uma aplicao

    linear e contnua, temos que

    y = T

    ( n=1

    anxn

    )= T

    (limn

    nj=1

    ajxj

    )= lim

    nT

    (nj=1

    ajxj

    )=

    = limn

    nj=1

    ajT (xj) =n=1

    anT (xn).

    Portanto, y =n=1

    anT (xn) F. Vejamos que tal representao nica, o que nos levara concluir que T (xn)

    n=1 base de Schauder de F . Para isso suponha que exista uma

    sequncia de escalares (bn)n=1 tais que y =

    n=1

    bnT (xn). Um argumento anlogo ao que

    foi feito, mostra que T1(y) =n=1

    bnxn, e como (xn)n=1 base de Schauder de E, isso

    contraria a unicidade dos escalares (an)n=1.

    (b) Devemos vericar que

    n=1

    anT (xn) converge incondicionalmente. Para isso, considere

    : N N uma bijeo qualquer e em F dena a sequncia sn =nj=1

    ajT (x(j)). Como

    n=1

    anxn converge incondicionalmente em E, segue que para > 0, existe n0 N tal quese m > n n0, ento

    mj=n+1

    ajx(j)

    < T .Assim,

    sm sn =

    mj=1

    ajT (x(j))nj=1

    ajT (x(j))

    =

    mj=n+1

    ajT (x(j))

    =

    T(

    mj=n+1

    ajx(j)

    ) T

    mj=n+1

    ajx(j)

    < ,sempre que m > n n0, e isto implica que (sn)n=1 de Cauchy no espao de Banach F .Portanto

    n=1

    anT (x(n)) convergente em F .

  • 34

    Denio 3.1.4. Uma sequncia (xn)n=1 em um espao de Banach E uma sequncia bsica

    incondicional se ela for base incondicional de span {xn;n N}.O resultado a seguir uma importante caracterizao para sequncias bsicas incondicionais.

    Este resultado nos traz uma lembrana do critrio de Banach-Grunblum que trata de sequncias

    bsicas. Entretanto no critrio de Banach-Grunblum as desigualdades so feitas via somas

    nitas e no resultado a seguir so feitas por meio de somas innitas.

    Teorema 3.1.5. Seja (xn)n=1 uma sequncia no espao de Banach E. As seguintes armaes

    so equivalentes:

    (a) (xn)n=1 uma sequncia bsica incondicional;

    (b) Existe uma constante L tal que, se

    n=1

    anxn converge, ento, para qualquer subconjunto

    N N, temos nN

    anxn

    Ln=1

    anxn

    ;(c) Existe uma constante K tal que se

    n=1

    anxn converge, ento para quaisquer sinais n = 1,temos

    n=1

    nanxn

    Kn=1

    anxn

    .Demonstrao: (a)(b): Sejam n N e X = span {xn;n N}. Para N N denaPN : X E X por PN

    ( n=1

    anxn

    )=nN

    anxn. Note que PN est bem denido, pois

    a convergncia incondicional de

    n=1

    anxn juntamente com o Teorema 2.1.4 (c) implicam na

    convergncia de

    nN

    anxn. Claramente PN linear e a continuidade seguir do Teorema do

    Grco Fechado, bastando para isso mostrar que o grco

    G(PN) =

    {(x, PN(x)) ;x =

    n=1

    anxn X} fechado em X X. Seja ento ((zn, yn))n=1 uma sequncia convergente em Gr(PN), isto, existe (x, y) X X tal que (zn, yn) (x, y). Como ((zn, yn))n=1 Gr(PN), entoyn = PN(zn). Devemos mostrar que (x, y) Gr(PN), ou seja, y = PN(x).Para isso considere

    zk =n=1

    aknxn, x =n=1

    anxn, yk = PN(zk) =nN

    aknxn e y =n=1

    bnxn.

  • 35

    Note que a continuidade dos funcionais coecientes xn garante que

    limk

    akn = limk

    xn

    ( n=1

    aknxn

    )= xn

    (limk

    n=1

    aknxn

    )= xn

    ( n=1

    anxn

    )= an,

    para todo n N. Ou seja,limk

    akn = an,

    para todo n N. Da mesma forma obtm-se

    limk

    akn = bn,

    para todo n N e bn = 0 se n / N, pois nesse caso a sequncia nula converge para bn. Logo,an = bn, para todo n N e bn = 0 para todo n / N e, consequentemente,

    PN(x) =nN

    anxn =nN

    bnxn = y.

    Portanto, Gr(PN) fechado em X X, implicando assim que PN contnua.Agora, para cada x =

    n=1

    anxn X xo, como (anxn)n=1 incondicionalmente somvel,

    segue do Teorema 2.1.4(e) que o operador T : ` X dado por T ((n)n=1) =n=1

    nanxn

    contnuo. Assim, existe Lx > 0 tal quen=1

    nanxn

    = T ((n)n=1) Lx(n)n=1.Para cada N N dena a sequncia (n)n=1 ` por n = 1, se n N, e n = 0, casocontrrio. Assim,

    PN(x) =nN

    anxn

    =n=1

    nanxn

    Lx(n)n=1 = Lxe, portanto,

    supNNPN(x) Lx.

    Pelo Teorema da Banach-Steinhaus, existe L > 0 tal que

    supNNPN L.

    Portanto, para todo N N segue que

    PN(x) Lx,

    donde resulta nN

    anxn

    Ln=1

    anxn

    .

  • 36

    (b)(c) Sejam N N e n {1, 1}, para todo n N. Por hiptese, temosnN

    anxn

    Ln=1

    anxn

    0 tal que

    mj=1

    ajxj

    M

    nj=1

    ajxj

    , sempre que n m. SejaN N e dena n = 1, se n N , e n = 1, se n / N. Da

    j=1

    nanxn =nN

    anxn n/N

    anxn en=1

    anxn =nN

    anxn +n/N

    anxn

    e, consequentemente,

    n=1

    nanxn +n=1

    anxn = 2nN

    anxn.

    Logo, nN

    anxn

    = 12n=1

    nanxn +n=1

    anxn

    1

    2

    n=1

    nanxn

    + 12n=1

    anxn

    K

    2

    n=1

    anxn

    + 12n=1

    anxn

    =K + 1

    2

    n=1

    anxn

    .

  • 37

    Portanto, para M =k + 1

    2, obtemos

    nNanxn

    Mn=1

    anxn

    ,qualquer que seja N N.Assim, para m,n N, m > n, e considerando N = {1, . . . , n} e aj = 0 para j {m +

    1,m+ 2, . . .}, temos nN

    anxn

    Mn=1

    anxn

    =M

    mn=1

    anxn

    ,ou seja,

    nj=1

    ajxj

    M

    mj=1

    ajxj

    .Agora o resultado segue do critrio de Banach-Grunblum.

    3.2 Dois problemas importantes envolvendo sequncias b-

    sicas em espaos de Banach

    At o momento, estudamos caracterizaes para decidir se uma sequncia num espao

    de Banach ou no sequncia bsica ou, se ou no sequncia bsica incondicional. Vimos

    tambm que nem todo subconjunto linearmente independente e enumervel de um espao de

    Banach uma sequncia bsica. Entretanto, duas perguntas fundamentais ainda esto sem

    resposta:

    1. Sempre existe sequncia bsica num dado espao de Banach?

    2. Sempre existe sequncia bsica incondicional num dado espao de Banach?

    Veremos que a resposta para a primeira pergunta sim e a resposta para a segunda no.

    A prova de que todo espao de Banach de dimenso innita tem sequncia bsica ser feita

    no prximo captulo, como aplicao do princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski. Antes

    disso, faremos um breve estudo a respeito da segunda pergunta.

    3.2.1 O problema da base incondicional

    Conforme dissemos anteriormente, a pergunta 1 respondida de maneira positiva. Mais preci-

    samente, o Teorema de Banach-Mazur diz que todo espao de Banach com dimenso innita

    contm um subespao fechado com dimenso tambm innita que tem base de Schauder (este

    resultado ser provado adiante). Assim, surge um questionamento natural, que conhecido

    como o problema da base incondicional:

  • 38

    " verdade que todo espao de Banach com dimenso innita contm um subespao fechado

    de dimenso innita que possui base incondicional?

    A soluo desse problema foi dada em sua negativa, nos trabalhos de W. T. Gowers e B.

    Maurey. Eles resolveram este problema, juntamente com a soluo de um outro importante

    problema proposto por Banach em seu livro [1] de 1932, que conhecido como o problema do

    espao homogneo. A soluo desses problemas garantiram a Gowers uma medalha Fields em

    1998.

    Em [2], G. Botelho e D. Pellegrino zeram um timo artigo de divulgao, contando um

    pouco mais sobre os problemas da base incondicional e do espao homogneo.

    Para um melhor entendimento da soluo desse problema, precisaremos de algumas deni-

    es:

    Denio 3.2.1. Dizemos que um espao de Banach E soma direta topolgica de E1 e E2 e

    escrevemos E = E1 E2, se E1 e E2 so subespaos fechados de E tais que E1 E2 = {0} eE = E1 + E2.

    No trabalho [13] de 1970, J. Lindenstrauss questionou se era possvel decompor qualquer

    espao de Banach de dimenso innita como soma direta topolgica de dois subespaos de

    dimenso innita. Em 1991, Gowers e Maurey construram, independentemente, espaos que

    resolveram a questo proposta por Lindenstrauss. Como os espaos construdos por Gowers e

    Maurey eram essencialmente os mesmos, eles publicaram, em 1993, o artigo [8] onde introduzi-

    ram o conceito de espao hereditariamente indecomponvel e construram o primeiro exemplo

    de espao hereditariamente indecomponvel , que cou conhecido por espao XGM (ou simples-

    mente espao GM). Em particular, o espao GM alm de resolver o problema de Lindenstrauss,

    tambm resolve o problema da base incondicional.

    Denio 3.2.2. Um espao de Banach E de dimenso innita dito hereditariamente inde-

    componvel se nenhum subespao de E soma direta topolgica de dois subespaos de dimenso

    innita.

    O primeiro exemplo dado de espao hereditariamente indecomponvel o espao GM. Sua

    construo extremamente difcil e tcnica, alm de utilizar ferramentas que no so tratadas

    nessa dissertao. Por isso, omitiremos a construo do espao GM e admitiremos apenas a

    existncia de espaos hereditariamente indecomponveis.

    Agora, com as ferramentas em mos, provar que os espaos hereditariamente indecompo-

    nveis no possuem sequncia bsica incondicional simples. O trabalho rduo de criar as

    ferramentas cou para Gowers e Maurey.

    Teorema 3.2.3. Espaos de Banach hereditariamente indecomponveis no possuem subespaos

    fechados e de dimenso innita com base incondicional.

  • 39

    Demonstrao: Sejam E um espao de Banach hereditariamente indecomponvel e F um

    subespao fechado de dimenso innita. Suponhamos, por absurdo, que (xn)n=1 seja base

    incondicional de F . Considere F1 e F2 subespaos fechados de F dados por

    F1 = span{x1, x3, x5, . . .} e F2 = span{x2, x4, x6, . . .}.

    Como {xn;n N} linearmente indenpendente, segue que {x1, x3, x5, . . .} e {x2, x4, x6, . . .}tambm so. Logo F1 e F2 so subespaos fechados (por denio) e de dimenso innita.

    Vejamos que F = F1 + F2. Para x F , temos x =n=1

    anxn, onde (an)n K, com estaconvergncia sendo incondicional. Como toda srie incondicionalmente convergente subsrie

    convergente segue que

    y =n=1

    a2n1x2n1 e z =n=1

    a2nx2n

    so convergentes e y F1 e z F2. Alm disso,n=1

    anxn =n=1

    a2n1x2n1 +n=1

    a2nx2n,

    ou seja, x = y+z F1+F2. Logo, F F1+F2. De maneira similar, prova-se que F1+F2 F .Portanto, F = F1 + F2. Vejamos agora que F1 F2 = {0}. Seja

    x =n=1

    anxn F1 F2.

    Pela unicidade de representao de x em relao a base (xn)n=1 e pelo fato de x F1, segueque a2n = 0, para todo n N. Da mesma forma, como x F2, segue que a2n1 = 0, para todon N. Logo, x = 0, ou seja, F1 F2 = {0}. Portanto, F = F1 F2 e isto um absurdo j queE hereditariamente indecomponvel.

    3.2.2 O Princpio de Seleo de Bessaga-Pelczynski

    O princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski, um resultado bastante importante da

    Teoria dos espaos de Banach e, como j dissemos, provaremos a partir dele que todo espao de

    Banach possui sequncia bsica. Como provaremos tambm outras aplicaes de tal princpio,

    deixaremos todas essas aplicaes para o prximo captulo. Comearemos com os pr-requisitos

    para a demonstrao do princpio de seleo.

    Denio 3.2.4. Um subconjunto N do dual E de um espao de Banach E dito normante

    para E se

    x = sup{|(x)| : N, 1}para todo x E.

  • 40

    Observao 3.2.5. Todo conjunto N E normante para E separa os pontos de E, ou seja,para todos x, y E, x 6= y existe N tal que (x) 6= (y). De fato, como N normantepara E, segue que

    x = sup{|(x)| : N, 1}para todo x E. Para y 6= x, segue que

    0 6= x y = sup{|(x y)| : N, 1}.

    Portanto, existe N tal que |(x y)| 6= 0, garantindo que (x) 6= (y).

    Lema 3.2.6. Sejam N um conjunto normante para o espao de Banach E e a sequncia

    (xn)n=1 E tal que inf xn > 0 e limn (xn) = 0, para todo N . Ento para cada

    0 < < 1, cada inteiro positivo k e cada subespao de dimenso innita F de E, existe um

    inteiro n k tal quey + axn (1 )ypara todos y F e a K.

    Demonstrao: O resultado ser provado primeiramente com o enunciado valendo para veto-

    res unitrios v F . Depois faremos o caso y F arbitrrio. Faamos por absurdo. Suponhaque no vale a tese, ou seja, existem 0 < < 1, k N e F subespao de dimenso nita de Etais que, para todo n k existem an K e vn F unitrio tais que

    vn + anxn < (1 ) vn = 1 .

    Assim, temos sequncias (vn)n=k F e (an)n=k K, satisfazendo a desigualdade acima, sempreque n k.Como F tem dimenso nita e (vn)

    n=k limitada, segue que existe uma subsequncia(

    vnj)j=1de (vn)

    n=k tal que vnj v0 F e, claro, que v0 tambm unitrio. Note que, paratodo nj k, temos

    |anj |xnj = anjxnj vnj + anjxnj+ vnj< (1 ) + 1 = 2 .

    Logo,

    |anj | 1 . Mas, para todo nj k, temos

    1 > vnj + anjxnj = supBE

    (vnj + anjxnj) 0 (vnj + anjxnj) .Logo

    1 limj

    0 (vnj + anjxnj) = (v0) > 1 o que um absurdo. Portanto, o resultado est provado para v F unitrio.Vejamos agora o caso arbitrrio de y F . Se y = 0 a desigualdade bvia. Agora, seja

    y F, y 6= 0. Tomando v = yy (o qual unitrio) e a K, segue do caso j provado que

    y + axny =

    v + ayxn (1 ) v = 1 ,ou seja,

    y + axn (1 ) y.

    Para a demonstrao do prximo teorema precisamos de um resultado sobre produtos inni-

    tos, o qual enunciamos na forma de lema.

    Denio 3.2.7. Seja (an)n=1 uma sequncia de nmeros reais. Denimos o produto innito

    n=1

    an = a1 a2 a3 . . .

    como sendo o limite da sequncia (pn)n=1 dos produtos parciais, isto ,

    pn = a1 . . . an,

    para cada n N.

    Lema 3.2.8. Se (an)n=1 uma sequncia de nmeros reais, com 0 < an < 1, ento

    n=1

    (1 an) converge se, e somente se,n=1

    an converge.

    Demonstrao: Ver [10, Theorem 7, p. 96].

    Teorema 3.2.9. Sejam E um espao de Banach, N E normante para E e (xn)n=1 umasequncia em E tal que inf xn > 0 e lim

    n(xn) = 0, para todo N . Ento (xn)n=1 contmuma subsequncia bsica (xnk)

    k=1 com xn1 = x1.

    Demonstrao: Devido ao Lema 3.2.6 se tomarmos n1 = 1, F1 = span {xn1} e 1 > 0 temosque existe n2 > n1 tal que para a1xn1 F1 e a1, a2 K temos

    a1xn1 + a2xn2 (1 1)a1xn1.

  • 42

    Procedendo indutivamente obtemos n1 < n2 < < nk tais que, para quaisquer a1, . . . , ak K,vale

    a1xn1 + + akxnk (1 k1)a1xn1 + + ak1xnk1 .Ento tomando Fk = span {xn1 , . . . , xnk} e k > 0, temosa1xn1 + + ak+1xnk+1 (1 k) a1xn1 + + akxnk .Assim por diante, construmos uma subsequncia (xnk)

    k=1, a qual vamos mostrar ser uma

    sequncia bsica. De fato, para a1, . . . , ak+m K, onde k,m N, temosk+mj=1

    ajxnj

    (1 k+m1)k+m1j=1

    ajxnj

    (1 k+m1)(1 k+m2)k+m2j=1

    ajxnj

    (1 k+m1) (1 k)

    kj=1

    ajxnj

    n=1

    (1 k)

    kj=1

    ajxnj

    .Portanto,

    kj=1

    ajxnj

    Lk+mj=1

    ajxnj

    ,onde

    L =

    ( n=1

    (1 k))1

    ,

    e da, segue do critrio de Banach-Grunblum que a sequncia (xnk)k=1 bsica.

    Agora, introduziremos o conceito de sequncia de blocos bsica e provaremos alguns resul-

    tados envolvendo tal conceito, j que o mesmo aparecer no Princpio de Seleo de Bessaga-

    Pelczysnki.

    Denio 3.2.10. Seja (xn)n=1 uma base de Schauder de um espao de Banach E e (kn)

    n=0 Numa sequncia estritamente crescente, com k0 = 0. Uma sequncia (yn)

    n=1 E de vetoresno-nulos dita uma sequncia de blocos bsica relativa (xn)

    n=1 , se

    yn =kn

    j=kn1+1

    bjxj,

    com cada bj K.

    O prximo resultado essencialmente uma rpida consequncia do critrio de Banach-

    Grunblum. Ele garante que toda sequncia de blocos bsica tambm uma sequncia bsica.

    Proposio 3.2.11. Se (xn)n=1 base de Schauder do espao de Banach E e (yn)

    n=1 uma

    sequncia de blocos bsica relativa a (xn)n=1, ento (yn)

    n=1 sequncia bsica em E e K(yn)n=1

    K(xn)n=1.

  • 43

    Demonstrao: Digamos que (yn)n=1 dada por

    yn =kn

    j=kn1+1

    bjxj,

    onde bj K, para todo n N. Assim, para p, q Z+, segue do critrio de Banach-Grunblumque

    pn=1

    anyn

    =

    pn=1

    an

    knj=kn1+1

    bjxj

    =k1j=1

    a1bjxj +

    k2j=k1+1

    a2bjxj + +kp

    j=kp1+1

    apbjxj

    K(xn)n=1

    k1j=1

    a1bjxj + +kp

    j=kp1+1

    apbjxj + +kp+q

    j=kp+q1+1

    ap+qbjxj

    = K(xn)n=1

    p+qn=1

    an

    knj=kn1+1

    bjxj

    = K(xn)n=1p+qn=1

    anyn

    .Novamente aplicando o critrio de Banach-Grunblum, segue que (yn)

    n=1 uma sequncia bsica

    e, do Corolrio 3.0.26, segue que K(yn)n=1 K(xn)n=1 .

    O prximo teorema devido a Bessaga e Pelczynski e tambm faz-se necessrio para a

    demonstrao do princpio de seleo. Para a demonstrao deste teorema precisamos da

    seguinte proposio.

    Proposio 3.2.12. Sejam E um espao de Banach e T L(E,E), T < 1. Ento existe ainversa de I T , a qual contnua e dada por

    (I T )1 =j=0

    T j.

    Aqui I denota a identidade em E, T 0 = I e T j = T T composto j-vezes, j N.

    Demonstrao: Essa demonstrao simples e usual em Anlise Funcional, por isso no a

    faremos. Para a prova veja [3, Proposio 7.1.3].

    Teorema 3.2.13. Sejam (xn)n=1 uma sequncia bsica no espao de Banach E e (x

    n)n=1 seus

    funcionais coecientes. Se (yn)n=1 E tal que

    n=1

    xn yn xn < 1,

    ento (yn)n=1 uma sequncia bsica equivalente a (xn)

    n=1. Alm disso, se (xn)

    n=1 base de

    Schauder de E, ento (yn)n=1 tambm base de Schauder de E.

    Demonstrao: Chame

    =n=1

    xn yn xn.

  • 44

    Dada a sequncia de escalares (an)n=1, como

    ni=1

    ai(xi yi) =

    ni=1

    xi

    (nj=1

    ajxj

    )(xi yi)

    ni=1

    xi(

    nj=1

    ajxj

    )(xi yi)

    =

    ni=1

    xi(

    nj=1

    ajxj

    ) xi yi ni=1

    xi

    nj=1

    ajxj

    xi yi=

    ni=1

    xi yixi

    nj=1

    ajxj

    =

    ni=1

    aixi

    ,ento

    ni=1

    aixi

    ni=1

    aiyi

    ni=1

    ai (xi yi)

    ni=1

    aixi

    e dessa desigualdade segue que

    (1 )

    ni=1

    aixi

    ni=1

    aiyi

    (1 + )

    ni=1

    aixi

    , (3.2)qualquer que seja n N. Como (xn)n=1 sequncia bsica, segue do critrio de Banach-Grunblum e da desigualdade acima que existem uma constante M 1 tal que, se m N em n, ento

    ni=1

    aiyi

    (1 + )

    ni=1

    aixi

    M (1 + )

    mi=1

    aixi

    M (1 + )

    1

    mi=1

    aiyi

    .Novamente do critrio de Banach-Grunblum, segue que (yn)

    n=1 uma sequncia bsica.

    Agora, utilizando a desigualdade (3.2) juntamente com o critrio de Cauchy para sries, segue

    diretamente que

    n=1

    xn converge se, e somente se,

    n=1

    anyn converge. Portanto, (xn)n=1

    equivalente a (yn)n=1.

    Finalmente vejamos que se (xn)n=1 base de Schauder de E, ento (yn)

    n=1 tambm base de

    Schauder de E. Dena o operador T : E E por

    T (x) =n=1

    xn(x)(xn yn),

    para todo x E. Como E Banach, para garantir que T est bem denida, basta mostrarque para todo x E a srie

    n=1

    xn(x)(xnyn) converge absolutamente. Para x E, temos quen=1

    xn(x)(xn yn)

    n=1

    xn x (xn yn) = x

  • 45

    Note que a desigualdade acima tambm garante que T contnua com T < 1. Entopela Proposio 3.2.12 segue que a aplicao (I T ) invertvel (em particular, isomorsmo).Por m,

    (I T ) (xn) = I(xn) T (xn) = xn j=1

    xj(xn)(xj yj)

    = xn j=1

    (xj(xn)xj xj(xn)yj

    )= xn

    j=1

    xj(xn)xj +j=1

    xj(xn)yj

    = xn xn + yn = yn,

    para todo n N. Portanto, segue da Proposio 3.1.3 que (yn)n=1 base de Schauder de E.

    Agora temos todas as ferramentas necessrias para provar o princpio de seleo.

    Teorema 3.2.14 (Princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski). Sejam (xn)n=1 uma base de

    Schauder de um espao de Banach E e (xn)n=1 a sequncia de seus funcionais coecientes. Se

    (yn)n=1 uma sequncia em E tal que

    infnNyn > 0 e lim

    nxi (yn) = 0,

    para todo i N, ento (yn)n=1 contm uma subsequncia bsica equivalente a uma sequnciade blocos bsica relativa a (xn)

    n=1.

    Demonstrao: Primeiramente, note que como limn

    xi (yn) = 0 para todo i N, ento

    limn

    xi (yn)xi = 0, para todo i N. Consequentemente limn

    ki=1

    xi (yn)xi = 0, qualquer que

    seja k N. Considere = infnNyn > 0, n1 = 1 e escolha m1 N satisfazendo(4K(xn)n=1

    )

    i=m1+1

    xi (yn1)xi

    123e n2 > n1 satisfazendo (

    4K(xn)n=1

    )m1i=1

    xi (yn2)xi

    123 .Tome agora m2 > m1 e n3 > n2 tais que(

    4K(xn)n=1

    )

    i=m2+1

    xi (yn2)xi

    124 e(4K(xn)n=1

    )m2i=1

    xi (yn3)xi

    124 .Continuando com esse processo, obtemos sequncias crescentes (nk)

    k=1 e (mk)

    k=1 de nmeros

    naturais satisfazendo(4K(xn)n=1

    )

    i=mk+1

    xi (ynk)xi

    12k+2 e(4K(xn)n=1

    )mki=1

    xi(ynk+1

    )xi

    12k+2 .

  • 46

    Assim, se para cada k N, denirmos

    zk =

    mk+1i=mk+1

    xi (ynk+1)xi,

    ento

    ynk+1 =

    mki=1

    xi (ynk+1)xi + zk +

    i=mk+1+1

    xi (ynk+1)xi

    e

    ynk+1 mki=1

    xi (ynk+1)xi

    + zk+

    i=mk+1+1

    xi (ynk+1)xi

    .Logo,

    zk ynk+1 mki=1

    xi (ynk+1)xi

    i=mk+1+1

    xi (ynk+1)xi

    4K(xn)n=12k+2

    4K(xn)n=12k+3

    K(xn)n=12

    k+4 K(xn)n=12

    k+5

    2,

    sendo que a penltima desigualdade segue do fato que K(xn)n=1 1.Assim, conclumos que zk 6= 0, para todo k N e, portanto, segue da denio que (zk)k=1 uma sequncia de blocos bsica relativa a (xn)

    n=1. Alm disso, da Proposio 3.2.11, segue

    que (zk)k=1 uma sequncia bsica.

    Resta mostrar que as sequncias (yk)k=1 e (zk)

    k=1 so equivalentes. Para isso consideremos

    (zk)k=1 os funcionais coecientes de (zk)

    k=1. Aplicando o Teorema 2.2.18 juntamente com a

    Proposio 3.2.11, segue diretamente que

    1 zkzk 2K(zk)k=1 2K(xn)n=1 ,

    e como zk 2, segue que

    zk 2K(xn)n=1zk

    4K(xn)n=1

    ,

  • 47

    para todo k K. Assim,k=1

    zkzk ynk+1 k=1

    4K(xn)n=1

    zk ynk+1

    =k=1

    4K(xn)n=1

    mki=1

    xi (ynk+1)xi +

    i=mk+1+1

    xi (ynk+1)xi

    k=1

    4K(xn)n=1

    mki=1

    xi (ynk+1)xi

    +

    i=mk+1+1

    xi (ynk+1)xi

    k=1

    4K(xn)n=1

    (

    4K(xn)n=12k+2

    +

    4K(xn)n=12k+3

    )=k=1

    (1

    2k+2+

    1

    2k+3

    ) 0 e yn w 0. Ento (yn)n=1 admite uma subsequncia bsica.

    Demonstrao: Pela Proposio 1.0.9, temos que Y = span {yn;n N}, um subespaoseparvel de E e, pelo Teorema 1.0.14, temos que Y isometricamente isomorfo a algum

    subespao de C[0, 1], ou seja, existe um isomorsmo isomtrico T : Y C[0, 1]. Do fato de Tser isometria, segue que

    infnNT (yn) = inf

    nNyn > 0. (3.3)Considere uma base de Schauder (xn)

    n=1 em C[0, 1] (por exemplo, a base de Faber-Schauder

    denida no Exemplo 2.2.6) e denote por (xn)n=1 a sequncia dos funcionais coecientes. Como

    ynw 0, segue da Proposio 1.0.26 que T (yn) w 0. Portanto, para todo k N

    limn

    xk (T (yn)) = 0. (3.4)

    Logo, segue do princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski que (T (yn))n=1 tem uma subsequn-

    cia (T (ynk))k=1 que sequncia bsica. Como a inversa T

    1de T tambm isomorsmo

    isomtrico, segue da Proposio 3.1.3 que (ynk)k=1 =

    (T1 (T (ynk))

    )k=1 sequncia bsica.

  • CAPTULO 4

    Aplicaes do princpio de seleo de

    Bessaga-Pelczynski

    4.1 Existncia de sequncias bsicas

    Agora estamos aptos a responder a pergunta 1 do captulo anterior.

    Teorema 4.1.1. Todo espao de Banach de dimenso innita contm um subespao de dimen-

    so innita com base de Schauder.

    Demonstrao: Pelo fato de E ter dimenso innita, segue que E contm um subconjunto A

    enumervel e innito que linearmente independente. Assim spanA um subespao separvel

    de E com dimenso innita. Logo, basta mostrar o teorema para subespaos separveis.

    Partindo do mesmo argumento (via Teorema 1.0.14) usado na demonstrao do Corolrio

    3.2.15, podemos supor, sem perda de generalidade, que E um subespao de dimenso innita

    de C[0, 1]. Denote ento por (xn)n=1 uma base de Schauder de C[0, 1] e por (x

    n)n=1 os seus

    funcionais coecientes.

    Para cada k N, dena

    Nk = {x E;x1(x) = x2(x) = xk(x) = 0} .

    claro que

    Nk =kj=1

    (ker(xj) E).Como kerxk = x

    1k ({0}) fechado em C[0, 1] (pois a imagem inversa do conjunto fechado

    {0}), segue que ker (xk) E fechado em E e, consequentemente, Nk tambm fechado emE, para cada k N. Claramente Nk subespao de E e, alm disso, imediato ver que Nk o ncleo do operador Tk : E Kk dado por Tk(x) = (x1(x), . . . , xk(x)). Como a imagem

    48

  • 49

    TK(E) Kk tem dimenso menor ou igual a k, segue que o ncleo Nk de Tk tem dimensoininita, para todo k K.Da igualdade Nk =

    kj=1

    (ker(xj) E) claro queN1 N2 Nk .

    Vejamos que a sequncia (Nk)k=1 nunca ca estacionria (constante a partir de algum ndice k).

    Suponha, por absurdo, que (Nk)k=1 que estacionria. Ento existe n0 N tal que Nj = Nn0 ,para todo j n0 e vejamos que, nesse caso, Nn0 = {0}, o que um absurdo j que dimNn0 =.Seja x Nn0 , ento

    x1(x) = = xn0(x) = 0.Como, para todo j n0, temos Nj = Nn0 , segue que x Nj e da xj(x) = 0 para todo j n0.Logo xj(x) = 0, para todo j N e segue da unicidade da representao x =

    j=1

    xj(x)xj, que

    x = 0. Portanto a sequncia (Nk)k=1 nunca car estacionria e, consequentemente, existem

    innitos ndices j1 < j2 < tais que as incluses

    Nj1 Nj2 Nj3

    so todas estritas. Por m, para cada k N, tome zk Njk Njk+1 e dena

    yk =zkzk .

    Assim, obtemos uma sequncia (yk)k=1 de vetores unitrios e distintos e tais que yk Njk

    Njk+1 , para todo k N. Alm disso, para n, k N, com n k, temos jk jn n e, portanto,

    yk Njk Njn Nn.

    Logo xn(yk) = 0, para todo k n e fazendo k segue que xn(yk) 0, qualquer que sejan N. Como estamos nas hipteses do princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski, ento existeuma subsequncia bsica

    (ykj)j=1de (yk)

    k=1. Portanto

    [ykj ; j N

    ] um subespao fechado de

    E e com dimenso innita que possui base de Schauder.

    4.2 O Teorema de Pitt

    Nossa prxima aplicao do princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski o Teorema de Pitt

    para operadores compactos entre espaos de sequncias somveis. Comeamos com alguns

    pr-requisitos.

    Denio 4.2.1. Dizemos que uma sequncia (yn)n=1, num espao de Banach E, uma sequn-

    cia normalizada se yn = 1, para todo n N. Se, alm disso, (yn)n=1 for base de Schauder deE, dizemos que (yn)

    n=1 uma base de Schauder normalizada.

  • 50

    Observao 4.2.2. Se o espao de Banach E possui base de Schauder, ento sempre possvel

    obter uma base de Schauder normalizada. De fato, basta notar que se (xn)n=1 uma base de

    Schauder de E e (an)n=1 uma sequncia de escalares no nulos, ento (anxn)

    n=1 tambm base

    de Schauder de E. Agora, basta tomar an =1

    xn , para cada n N.

    Proposio 4.2.3. Seja E igual a c0 ou `p, 1 p < +. Se (yn)n=1 uma sequncia deblocos bsica normalizada relativa a base de Schauder cannica (en)

    n=1 de E. Ento

    (i) (yn)n=1 equivalente a (en)

    n=1;

    (ii) span {yn} isometricamente isomorfo a E;

    Demonstrao: Faamos o caso de `p, pois para c0 segue de maneira similar. Para cada

    n N, sejayn =

    kn+1j=kn+1

    bjej.

    Como (yn)n=1 normalizada ento

    1 = ynpp =kn+1

    j=kn+1

    |bj|p,

    para todo n N. Assim, para todo m N, ai K, i = 1, . . . ,m, temosmi=1

    aiyi

    p

    p

    =

    mi=1

    ai

    kn+1j=kn+1

    bjej

    p

    p

    =

    mi=1

    kn+1j=kn+1

    aibjej

    p

    p

    =mi=1

    kn+1j=kn+1

    |ai|p|bj|p =mi=1

    |ai|pkn+1

    j=kn+1

    |bj|p

    =mi=1

    |ai|p =

    mi=1

    aiei

    p

    p

    .

    Logo, segue diretamente da Denio 2.2.9 que (yn)n=1 e (en)

    n=1 so equivalentes. Alm disso,

    da igualdade acima das normas fcil ver que T : span {yn;n N} E, dada por

    T

    (mi=1

    aiyi

    )=

    mi=1

    aiei,

    isomorsmo isomtrico.

    Agora estamos aptos a demonstrar o Teorema de Pitt.

    Teorema 4.2.4 (Pitt). Se 1 p < q < , ento todo operador linear contnuo T : `q `p( ou T : c0 `p) compacto.

    Demonstrao: Se T = 0, o resultado trivial em ambos os casos. Faamos o caso T 6= 0.Suponha que T : `q `p no compacto. Como `q reexivo, segue da contra-recproca daProposio 1.0.30 que T no completamente contnuo, ou seja, existe (yn)

    n=1 `q convergindo

  • 51

    fracamente para y em `q, mas tal que (T (yn))n=1 no converge para T (y). Tomando xn = yny,para cada n N, segue que xn w 0 mas T (xn) = T (yn) T (y) 9 0. Excluindo alguns dostermos da sequncia (xn)

    n=1, se necessrio, segue que existe > 0 tal que T (xn) , paratodo n N. Como T 6= 0, ento T 6= 0 e da

    0 < T (xn) Txn,

    implicando assim que

    inf xn T > 0.

    Logo, segue do princpio de seleo de Bessaga-Pelczynski que a sequncia (xn)n=1 possui uma

    subsequncia (xnk)k=1 que equivalente a uma sequncia de blocos bsica relativa a base de

    Schauder (en)n=1 de `q. Sem perda de generalidade, podemos supor que (xnk)

    k=1 normalizada

    (veja Observao 4.2.2). Assim, segue da Proposio 4.2.3 que (xnk)k=1 equivalente a base

    cannica (en)n=1 de `q.

    Da mesma forma, prova-se que (T (xnk))k=1 equivalente a base cannica (en)

    n=1 de `p.

    Agora, seja (an)n=1 `q \ `p. Ento, fcil ver que

    k=1

    akxnk convergente em `q e da

    T

    ( k=1

    akxnk

    )=k=1

    akT (xnk) `p.

    Logo

    k=1

    |ak|p < , ou seja, (an)n=1 `p, o que uma contradio j que (an)n=1 `q \ `p.Portanto, T : `q `p compacto.Agora vejamos que T : c0 `p compacto. O adjunto de T pode ser visto como um operadorT : `p `1, j que `p isometricamente isomorfo a `p e c0 isometricamente isomorfo a `1.Alm disso, segue da Proposio 1.0.24 que T contnuo. Assim, segue da parte que acabamos

    de provar que T compacto. Portanto, pelo Teorema 1.0.31, temos que T compacto.

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    [1] S. Banach. Thorie des oprations linaires, PWN, 1932.

    [2] G. Botelho, D. Pellegrino. Os problemas da base incondicional e do espao homogneo,

    Matemtica Universitria 40 (2006), 7 20.

    [3] G. Botelho, D. Pellegrino, E. Teixeira. Fundamentos de Anlise Funcional, SBM, Coleo

    Textos Universitrios, 2012.

    [4] J. Diestel, H. Jarchow e A. Tonge. Absolutely Summing Operators, Cambridge University

    Press, 1995.

    [5] C. A. Di Prisco. Una Introduccin a la Teora de Conjuntos y los Fundamentos de la

    Matemticas, Coleo CLE-UNICAMP, Volume 20, Campinas, 1997.

    [6] P. Eno. A counterexample to the approximation property in Banach spaces, Acta Math.

    6 (1973), 309 317.

    [7] M. Fabian, P. Habala, P. Hjek, V. Montesinos and V. Zizler. Banach Space Theory,

    Springer, 2010.

    [8] W. T. Gowers e B. Maurey. The unconditional bases problem, J. Amer. Math. Soc. 6

    (1993), 851 874.

    [9] C. S. Honig, Anlise Funcional e Aplicaes, Publicaes do IME-USP, 1970.

    [10] K. Knoop, Innite Sequences and Series, Dover, 1956 .

    [11] E. Kreyszig. Introductory Functional Analysis with Applications, John Wiley & Sons, 1978.

    [12] J. Lindenstrauss. On operators which attain their norm, Isr. J. Math. 1 (1963), 139 143.

    [13] J. Lindenstrauss. Some aspects of the theory of Banach spaces, Adv. Math. 5 (1970),

    159 180.

    [14] D. Pellegrino, E. Teixeira Norm optimization problem for linear operators in classical Ba-

    nach spaces, Bull. Braz. Math. Soc. 40 (2009), 417 431.

    52

    ResumoAbstractIntroduoResultados Clssicos de Anlise FuncionalBases de Schauder em espaos de BanachSries em espaos de BanachBases em espaos de Banach

    Sequncias bsicas em Espaos de BanachBases e sequncias bsicas incondicionaisDois problemas importantes envolvendo sequncias bsicas em espaos de BanachO problema da base incondicionalO Princpio de Seleo de Bessaga-Pelczynski

    Aplicaes do princpio de seleo de Bessaga-PelczynskiExistncia de sequncias bsicasO Teorema de Pitt