estatística e econometria - aula demonstrativa
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AULA 00
ESTATÍSTICA E ECONOMETRIA – BANCO CENTRAL – ÁREA 2 PROFESSOR CÉSAR FRADE
Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 1
Olá pessoal!
Primeiramente, irei fazer uma breve apresentação. Meu nome é César de
Oliveira Frade, sou funcionário de carreira do Banco Central do Brasil
aprovado no concurso de 1997. Atualmente trabalho com análises de risco de
mercado em um dos Departamentos da área de Fiscalização do Banco Central.
Antes disso, estive de licença interesse pelo prazo de um ano com o único
objetivo de dar aula para concursos públicos.
De 2005 a 2008 fui Coordenador-Geral de Mercado de Capitais na Secretaria
de Política Econômica do Ministério da Fazenda, auxiliando em todas as
mudanças legais e infralegais, principalmente aquelas que tinham ligação
direta com o Conselho Monetário Nacional – CMN.
Sou professor de Finanças, Microeconomia, Macroeconomia, Sistema
Financeiro Nacional, Mercado de Valores Mobiliários, Estatística e Econometria.
Leciono na área de concursos públicos desde 2001, tendo dado aula em mais
de uma dezena de cursinhos em várias cidades do país, desde presenciais até
via satélite.
No início da carreira pública, trabalhei com a emissão de títulos da dívida
pública externa no Banco Central do Brasil, assim que tomei posse.
Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG. Possuo uma Pós-graduação em Finanças e Mercado de Capitais pelo
IBMEC, outra em Derivativos para Reguladores na Bolsa de Mercadorias e
Futuros – BM&F e uma especialização em Derivativos Agrícolas pela Chicago Board of Trade – CBOT1. Sou Mestre em Economia2 com ênfase em Finanças na
Universidade de Brasília e no Doutorado, pela mesma Universidade, está faltando apenas a defesa da Tese3, sendo que os créditos já foram concluídos.
Vamos ao que interessa! Como será o curso? Acredito que o melhor
entendimento da matéria se dá não com a compreensão na ordem como a
ementa é apresentada no concurso. Mas sim, tentando mostrar em primeiro 1 A Chicago Board of Trade - CBOT é a maior bolsa de derivativos agrícolas do mundo.
2A dissertação “Contágio Cambial no Interbancário Brasileiro: Uma Análise Empírica” defendida em 2003 foi
publicada na Revista da BM&F, o paper aceito na Estudos Econômicos e em alguns dos mais importantes Congressos
de Economia da América Latina – LAMES. Versava sobre o risco sistêmico a ser propagado via mercado de câmbio e
as contribuições da Câmara de Compensação de Câmbio da BM&F para a mitigação desse risco. 3 Tese de Doutorado é um parto e a gestação já está durando alguns anos. Acho que pode ser que ela não saia.
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lugar que aquilo que acreditamos ser muito complicado pode se tornar simples
desde que compreendamos os conceitos básicos e consigamos trazer o assunto
complexo para exemplos do nosso dia-a-dia.
Tenho um estilo peculiar de dar aulas. Prefiro tanto em sala quanto em aulas
escritas que ela transcorra como conversas informais. Com isso, acredito que a
leitura fica mais tranqüila e pode auxiliar no aprendizado de uma forma geral.
Exatamente por isso, utilizo com freqüência o Português de uma forma
coloquial.
Essa matéria não é das mais tranqüilas, mas também não chega a ser muito
complicada. O maior problema é que ela é bastante ampla e alguns tópicos não
possuem tantas questões disponíveis para exercitar.
Dessa forma, a “Aula Demonstrativa” mostrará para vocês um pouco do que
será esse curso. Acredito que consigo colocar toda a matéria e mais os
exercícios para vocês em pouco mais de 400 páginas e não haverá a
necessidade de recorrer a nenhum outro material. Todos os itens terão seus
conceitos exaustivamente construídos nas aulas e tentarei ser o mais claro
possível.
Não irei disponibilizar apenas o curso de Econometria porque a Estatística deve
estar consolidada para que possamos passar para a Econometria. Dessa forma,
um curso é pré-requisito do outro. Espero que vocês me entendam.
Observem que esse curso é recomendado para os alunos que desejam
fazer o concurso para a ÁREA 2 ou que ainda estão em dúvida entre as
ÁREAS 2 ou 3. As nove primeiras aulas serão idênticas ao curso da ÁREA 3.
Conteúdo Programático (uma aula a cada 15 dias – Segunda): Aula 0 – 13/06/2011
Medidas de Tendência Central e Medidas de Dispersão – Parte 1
Aula 1 – 12/09/2011
Medidas de Tendência Central e Medidas de Dispersão – Parte 2
Probabilidade. Funções de distribuição e densidade de probabilidade.
Momentos das distribuições.
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Aula 2 – 26/09/2011
Probabilidade. Funções de distribuição e densidade de probabilidade.
Momentos das distribuições. Teorema de Bayes.
Aula 3 – 10/10/2011
Principais distribuições de Probabilidade
Aula 4 – 24/10/2011
Amostragem.
Aula 5 – 14/11/2011
Inferência estatística. Estimação por ponto e por intervalo. – Parte 1
Aula 6 – 28/11/2011
Inferência estatística. Estimação por ponto e por intervalo. – Parte 2
Aula 7 – 12/12/2011
Covariância. Correlação. Análise de variância.
Aula 8 – 09/01/2012
Teste de hipóteses. Problemas com dados. Regressão simples.
Aula 9 – 23/01/2012
Regressão simples e múltipla.
Aula 10 – 13/02/2012
Modelos com variáveis defasadas. Séries temporais.
Aula 11 – 27/02/2012
Vetor autoregressivo. Processos estocásticos, estacionaridade. Cointegração e
correlação de erros.
Aula 12 – 12/03/2012
Métodos de estimação. Números índices.
Saliento que tendo em vista o fato de o curso está sendo desenvolvido ao
mesmo tempo em que as aulas estão sendo disponibilizadas, é possível que
haja uma alteração na ementa das aulas 9 a 12 relativas a econometria.
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Espero que este curso seja bastante útil a você e que possa, efetivamente,
auxiliá-lo na preparação para o concurso do BACEN e na conseqüente
conquista da tão sonhada vaga. As dúvidas serão sanadas por meio do fórum
do curso, a que todos os matriculados terão acesso. Caso tenha exercícios da
matéria e queira me enviar, farei todos os esforços para que eles sejam, à
medida do possível, incluído no curso. Envie para meu e-mail abaixo (e-mail
do Ponto).
As críticas ou sugestões poderão ser enviadas para: [email protected]. Finalmente, gostaria de dizer a vocês que mais do que saber toda a matéria, é
importante que você saiba fazer uma prova e esteja tranqüilo! Não interessa
saber a matéria, interessa marcar o “X” no lugar certo e ver o nome na lista.
Prof. César Frade
JUNHO/2011
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1. Estatística Descritiva – Medidas de Tendência Central e Medidas
Dispersão
1.1. Medidas de Tendência Central
Uma medida de tendência central ou de posição de um conjunto de dados
mostra o valor em torno do qual se agrupam as observações. As principais
medidas de tendência central são a média aritmética, a mediana e a moda.
Também são bastante utilizadas a média ponderada, que é uma variação da
média aritmética, a média geométrica e a média harmônica.
Um conjunto de dados pode ser bem analisado se usarmos as medidas de
tendência central juntamente com as medidas de dispersão, de assimetria e de
concentração, permitindo assim, caracterizar de maneira bastante satisfatória
e concisa o conjunto de que dispomos.
Os diversos tipos de média são as medidas de tendência central mais usadas
para descrever resumidamente uma distribuição de freqüência. Veremos, a
média aritmética simples e a ponderada, que nada mais é do que uma variação
da simples, a média geométrica e a média harmônica.
Entretanto, é necessário esclarecer que uma média não é melhor que a
outra, ou seja, apesar da média mais comum ser a média aritmética, isto não
a deixa melhor do que a média geométrica, por exemplo. Uma média será
mais conveniente para a situação apresentada do que a outra. Isso
dependerá apenas das características dos dados apresentados. É importante
frisarmos que não há nenhum tipo de hierarquia entre as médias.
Se os dados apresentados forem de inflação, a média mais conveniente é a
geométrica, no entanto, se os dados forem as alturas dos alunos de uma
classe, a média mais conveniente seria a aritmética. E, às vezes, a média
também não é a melhor medida de tendência central. Imagine se quisermos
representar o salário dos brasileiros por um único número. Será que seria
interessante calcularmos a média aritmética dos salários dos brasileiros e dizer
que este número representaria bem? A resposta é não, na verdade, a mediana
representaria de forma bem mais satisfatória o salário dos brasileiros. Quando
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há alguns dados que são muito dispersos, talvez seja um bom momento para
se usar uma mediana.
Entretanto, no nosso curso de Finanças usaremos, praticamente, apenas a
média aritmética, apesar de, nesse momento, estarmos iniciando uma revisão
das medidas de tendência central.
i. Média Aritmética
A média aritmética é a idéia que ocorre à maioria das pessoas quando se fala
em “média”.
A média aritmética simples pode ser calculada pelo quociente entre a soma dos
valores de um conjunto e o número total de elementos.
Imagine que tenhamos um conjunto com 5 elementos, representando o
número de questões acertadas por um candidato nas últimas cinco provas de
português, quais sejam: 6, 8, 9, 11 e 11. Qual seria um número que poderia
representar bem esse conjunto?
Devemos representar essas notas pelo resultado da média aritmética simples
conforme abaixo:
95
45
5
1111986==
++++=x
Portanto, podemos dizer que essa pessoa tem uma média de acertos igual a 9
e que ela pode considerar esse número para a próxima prova. No entanto, isso
serve apenas para fazer uma previsão de quantas questões ela acertará na
próxima para saber se ela precisa ou não estudar mais.
Genericamente, podemos representar a média aritmética com a seguinte
fórmula:
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N
x
x
N
i
i∑== 1
A média possui algumas propriedades úteis que explicam porque ela é a
medida de tendência central mais usada:
a) a média pode sempre ser calculada;
b) a média de um dado conjunto é sempre única;
c) se somarmos (subtrairmos, multiplicarmos ou dividirmos) a todos os
valores do conjunto um valor y qualquer, a nova média desse mesmo
conjunto será a média anterior somada (subtraída, multiplicada ou dividida)
de y;
d) a média é uma medida sensível que é afetada por todos os valores do
conjunto.
Se ao invés de utilizarmos a média aritmética para calcular um número que
representa bem as notas da pessoa, formos utilizar a média aritmética
ponderada teremos, exatamente, o mesmo resultado.
Devemos utilizar a ponderada quando os diversos elementos do conjunto
tiverem pesos ou freqüências diferentes. No exemplo acima, podemos usar a
média ponderada desde que façamos a seguinte análise:
Notas 6 8 9 11
Frequência4 1 1 1 2
Dessa forma, a média aritmética se calculada da forma ponderada seria:
95
45
5
211191816==
×+×+×+×=x
Portanto, a fórmula a ser usada na média aritmética ponderada é a seguinte:
4 A freqüência das notas é o número de vezes que cada uma delas aparece no conjunto.
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Nf
f
fx
xk
i
ik
i
i
k
i
ii
=
⋅
= ∑∑
∑
=
=
=
1
1
1 sendo ,
ii. Média Geométrica
A média geométrica de n valores é definida como a raiz n-ésima do produto de
todos eles. É uma medida mais central quando as observações apresentam
uma taxa constante de crescimento em função do tempo, ou seja, é a medida
mais adequada quando as taxas crescem com capitalização composta
(exponencial).
No entanto, é importante ressaltar que esse tipo de média não aceita
observações menores ou iguais a zero. Uma aplicação freqüente da média
geométrica é no cálculo da taxa equivalente de uma operação financeira.
Podemos representar a média geométrica simples da seguinte forma:
nn
n
n
i
ig xxxxx ⋅⋅⋅== ∏=
L21
1
Se calcularmos a média geométrica desse conjunto de dados, apesar de não
fazer nenhum sentido, dada a natureza dos números, teríamos:
78,811119865 =⋅⋅⋅⋅=gx
iii. Média Harmônica
A média harmônica de um conjunto é o inverso da média aritmética dos
inversos, ou seja:
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∑=
=
+++
=n
i in
h
x
n
n
xxx
x
121
1111
1
L
Com números iguais àqueles que foram dados no conjunto acima, a média
harmônica seria igual a 8,55.
Apesar de não fazer sentido algum, estatisticamente, calcular as médias
geométrica e harmônica de um conjunto de notas, fizemos os cálculos apenas
para mostrar que:
xxx gh ≤≤
1.2. Medidas de Dispersão
Quando comparamos vários conjuntos de números, além da informação com
relação ao “centro” do conjunto, devemos também avaliar o grau de dispersão
dos dados. Essa dispersão nos indicará se os valores estão relativamente
próximos uns dos outros ou não.
Antigamente, quando íamos aos bancos, deveríamos formar filas separadas
para os diversos caixas. Hoje em dia, apenas uma fila é formada normalmente.
Apesar desse fato não ter alterado o tempo médio de espera, fez com que a
variação de tempo que passamos na fila tenha diminuído consideravelmente,
pois a partir daí o tempo de espera não mais dependia da eficiência da pessoa
que operava o caixa da fila onde estava nem se as pessoas que estavam na
minha frente iriam dar mais ou menos trabalho aos caixas. Com isso, os
clientes ficam muito mais satisfeitos.
Nos interessam, em princípio, a variância e o desvio-padrão de um conjunto de
dados. Além deles, a correlação e a covariância.
i. Variância
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A variância nos mostra a média do quadrado da distância em relação à média
que é representada pela seguinte fórmula:
( )
n
xxn
i
i∑=
−
= 1
2
2σ ou
( )
n
n
x
xn
i
n
i
i
i∑∑
=
=−
= 1
1
2
2
2σ
ii. Desvio-Padrão
O desvio-padrão é a raiz quadrada positiva da variância e nos mostra a raiz
quadrada da média do quadrado da distância em relação à média que é
representada pela seguinte fórmula:
( )
n
xxn
i
i∑=
−
= 1
2
σ ou
( )
n
n
x
xn
i
n
i
i
i∑∑
=
=−
= 1
1
2
2
σ
iii. Covariância
Temos ainda que considerar as fórmulas tanto da covariância quanto da
correlação para podermos compreender de forma perfeita a Teoria de Carteiras
em Finanças. Dessa forma, seguem abaixo as duas fórmulas5:
( ) ( )
n
xxxxn
i
BB
iAA
i
BA
∑=
−⋅−
= 1,σ
5 Devido ao fato de que esta matéria (finanças) apenas utiliza ferramentas da Estatística, caso você tenha alguma dúvida em relação aos conceitos estatísticos sugiro dar uma olhada em algum material específico do assunto.
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iv. Correlação
A correlação é a razão entre a covariância existente entre duas grandezas e o
produto dos seus desvios.
BA
BA
BAσσ
σρ
⋅=
,
,
2. Retorno Esperado e Retorno Médio de um Ativo
Inicialmente vamos falar sobre o retorno esperado de uma carteira, ou seja,
qual o retorno que eu espero que uma carteira venha a ter. Na verdade,
esperamos que o retorno médio de uma carteira seja dado pela média
aritmética dos retornos dos ativos que compõem essa carteira.
Há uma diferença entre esses dois conceitos, mas não vejo necessidade em
me aprofundar nisso nessa matéria. Talvez fosse algo a ser estudado de
forma mais profunda em Estatística. Aqui, acredito que devo apenas salientar
que quando falamos de Retorno Esperado estamos usando o operador
Esperança utilizado em Estatística. Dessa forma, estaríamos informando o
quanto esperamos para o retorno futuro de um portfólio.
Por outro lado, quando falamos sobre Retorno Médio estamos calculando a
média do retorno de uma carteira, de um portfólio. Nesse caso, estaríamos nos
referindo a uma média aritmética mesmo.
Imagine a situação em que podem ocorrer 3 cenários possíveis, sendo cada
um deles com uma probabilidade específica de ocorrência e um dado retorno
conforme descrito abaixo:
Cenário Probabilidade Retorno
Crescimento 0,30 20%
Estabilidade 0,20 10%
Recessão 0,50 5%
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Qual seria a expectativa de retorno ou a Esperança de Retorno de um ativo
dadas as expectativas de retorno do ativo em cada um dos cenários e as
respectivas probabilidades de ocorrência desse cenário, conforme colocado
acima?
Observe que existem três cenários possíveis para a economia de um país. No
caso de essa economia apresentar crescimento e isso ocorrerá, dada a situação
atual, com uma probabilidade 30%, espera-se que o rendimento dessa ação
em questão (ou portfólio) seja de 20%. Ou seja, para a avaliação feita, o
crescimento da economia dará ao ativo a possibilidade de ter seu preço
majorado em 30%.
Caso haja uma estabilidade na economia e isso pode ocorrer com 20% de
probabilidade, espera-se que o rendimento seja de 10% no período. Ou seja,
as avaliações feitas por analistas estão prevendo que mesmo que não ocorra
crescimento na economia, essas ações podem ter seus preços majorados em
10%.
Ocorrendo uma recessão e a probabilidade de ocorrência deste fato é de 50%,
analistas esperam um retorno de 5% para as ações dessa empresa.
Dessa forma, devemos utilizar a seguinte fórmula para determinarmos a
Esperança de Retorno desta carteira:
[ ] [ ]∑=
⋅=N
i
iip REpRE1
Essa fórmula prevê que a Esperança de Retorno de um ativo p (pode ser de
um portfólio ou carteira também) é dada pela média ponderada dos retornos
quando da ocorrência de cada evento i.
Portanto, a Esperança do Retorno será:
[ ][ ][ ] %5,10
%5,2%2%6
%550,0%1020,0%2030,0
=
++=
×+×+×=
p
p
p
RE
RE
RE
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Observe que esse cálculo é do Retorno Esperado do ativo. Logo, estamos
fazendo estimativas com base em probabilidades de ocorrências futuras da
ocorrência de um evento e, daí, retirando uma base para a valorização do
ativo.
Por outro lado, se tivermos que calcular o retorno médio de uma ação,
devemos utilizar dados históricos para efetuarmos o cálculo. Essa estimativa
será dada pela média aritmética dos retornos. Observe que a partir do
momento em que estamos interessados no retorno médio do ativo como uma
proxy para um provável retorno futuro estamos partindo do pressuposto de
que o mercado, em um futuro próximo, se comportará de forma similar ao seu
comportamento passado.
O preço das ações, dos ativos pode ser facilmente conseguido no mercado. No
entanto, um dos problemas existentes é qual seria o prazo ideal para se fazer
o estudo. Deveríamos retirar os dados de fechamento diário de pregão do
último mês, dos últimos três meses, doze meses. Ou os dados seriam do
fechamento do pregão apenas do último dia do mês. Enfim, essas são decisões
que após serem tomadas pelos investidores faz com que a grande maioria
passe a ter dados diferentes mesmo utilizando os mesmos dados do mercado.
Veja na tabela abaixo o preço de fechamento do último pregão do mês das
ações da Vale (VALE5) cotadas na BOVESPA, de agosto a novembro de 2010.
Data Preço de
Fechamento
Retorno
Mensal
30/07/2010 42,67
31/08/2010 41,43 -2,91%
30/09/2010 46,30 11,75%
29/10/2010 47,75 3,13%
30/11/2010 48,00 0,52%
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O retorno mensal das ações é calculado da seguinte forma6:
%52,00052,0175,47
00,48
%13,30313,0130,46
75,47
%75,111175,0143,41
30,46
%91,20291,0167,42
43,41
==−=
==−=
==−=
−=−=−=
NOV
OUT
SET
AGO
x
x
x
x
Portanto, o retorno médio das ações da VALE5 negociadas no IBOVESPA nos
quatro primeiros meses desse ano foi de7:
%12,34
%52,0%13,3%75,11%91,2
1
=+++−
=
=∑=
VALE
N
i
i
x
xx
A média de 3,12% mostra que o retorno médio mensal da VALE entre os
meses de agosto e novembro de 2008 foi de 3,12% ao mês.
É muito interessante notarmos que nesses meses avaliados o resultado da
VALE foi positivo. Entretanto, se fizermos uma comparação do preço de
fechamento do último pregão de Novembro de 2010 com o preço de
fechamento do último pregão de 2007 (antes da crise, portanto) veremos que
o preço da ação ficou praticamente estável, tendo um pequeno recuo.
Em novembro de 2007, a ação da VALE chegou ao preço R$ 52,15, enquanto
que três anos depois ela estaria cotada por R$ 48,00. No entanto, é possível
mostrar a vocês que nos últimos 13 anos as ações da companhia deram uma
rentabilidade enorme. Nas aulas de matemática financeira voltarei a abordar
esse tópico de forma aplicada.
6 Essa forma mostrada é como você deve pensar para calcular na prova. No entanto, os analistas utilizam uma forma
com logaritmo neperiano, mas nestas aulas para concurso não vejo motivos para discutir nem apresentar o assunto. 7 Apesar desse de que para este tipo dado seja mais aconselhável utilizar uma média geométrica, utilizamos com
freqüência a média aritmética, pois os dados são muito próximos.
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3. Retornos das Carteiras de Ativos
Uma carteira de ações é composta por um conjunto de ações que são
ponderadas conforme a quantidade de recursos que foram aplicados em cada
um dos ativos. Portanto, para calcularmos o retorno médio de uma carteira
devemos calcular a média ponderada dos retornos dos ativos que compõem a
carteira.
Dessa forma, a fórmula a ser utilizada no cálculo do retorno médio da carteira
é:
∑=
⋅=N
i
iip RXR1
Imaginemos o caso em que tenhamos os retornos das ações A e B conforme
descrito abaixo:
Retorno de A Retorno de B
5% 4%
10% -3%
8% 8%
-3% 3%
Assim, temos:
%34
%3%8%3%4
%54
%3%8%10%5
=++−
=
=−++
=
B
A
R
R
Portanto, se colocarmos 60% dos recursos no ativo A e 40% dos recursos no
ativo B, teremos que o retorno médio dessa carteira será:
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%20,4
%2,1%0,3
%340,0%560,0
=
+=
×+×=
p
p
p
R
R
R
Por outro lado, vamos imaginar um situação em que tenhamos dois ativos e os
possíveis retornos desses ativos para cada uma das situações hipotéticas
possíveis para o futuro. Veja abaixo:
Cenário Probabilidade Retorno A Retorno
B
Crescimento 0,30 20% -10%
Estabilidade 0,20 10% 8%
Recessão 0,50 5% 21%
Devemos utilizar o operador esperança para poder encontrar o retorno
esperado de cada ativo. Dessa forma, a fórmula a ser utilizada é:
[ ] [ ]∑=
⋅=N
i
iip REpRE1
O Retorno esperado do ativo A é:
[ ][ ][ ] %5,10
%5,2%2%6
%550,0%1020,0%2030,0
=
++=
×+×+×=
p
p
p
RE
RE
RE
O Retorno esperado do ativo B é:
[ ] ( )
[ ] ( )
[ ] %1,8
%5,10%6,1%3
%2150,0%820,0%1030,0
=
++−=
×+×+−×=
p
p
p
RE
RE
RE
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Se montarmos uma carteira com 60% dos recursos aplicados no ativo A e 40%
aplicados em B, teremos o seguinte retorno esperado da carteira:
%54,9
%24,3%30,6
%1,84,0%5,106,0
1
=
+=
⋅+⋅=
⋅=∑=
p
p
p
N
i
iip
R
R
R
RXR
Isso significa que com uma aplicação de 60% dos recursos no ativo A e 40%
no ativo B, os investidores devem esperar um retorno de 9,54% no período em
questão.
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QUESTÕES PROPOSTAS
Questão 1 (ESAF – BACEN – 2001) – Um analista acredita que a tabela apresentada a
seguir é uma descrição satisfatória da distribuição de probabilidades da taxa de
retorno de uma certa ação.
Cenário Probabilidade Retorno
1 0,15 -10%
2 0,25 - 2%
3 0,30 + 5%
4 0,30 + 15%
De acordo com os dados contidos na tabela, o retorno esperado e o desvio-
padrão da taxa de retorno da ação são, respectivamente:
a) 5,5% e 10,86%
b) 5,5% e 8,66%
c) 4,0% e 25%
d) 4,0% e 10,86%
e) 4,0% e 8,66%
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QUESTÕES RESOLVIDAS Questão 1 (ESAF – BACEN – 2001) – Um analista acredita que a tabela apresentada a
seguir é uma descrição satisfatória da distribuição de probabilidades da taxa de
retorno de uma certa ação.
Cenário Probabilidade Retorno
1 0,15 -10%
2 0,25 - 2%
3 0,30 + 5%
4 0,30 + 15%
De acordo com os dados contidos na tabela, o retorno esperado e o desvio-
padrão da taxa de retorno da ação são, respectivamente:
a) 5,5% e 10,86%
b) 5,5% e 8,66%
c) 4,0% e 25%
d) 4,0% e 10,86%
e) 4,0% e 8,66%
Resolução: Observem que nesse caso temos os cenários, as probabilidades de ocorrência
de cada um dos cenários e retorno esperado neles. Devemos calcular, em
primeiro lugar, a esperança de retorno dos ativos e, para isso, utilizaremos a
seguinte fórmula:
[ ] [ ]∑=
⋅=N
i
iip REpRE1
Fazendo as devidas substituições, temos:
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[ ] [ ]
[ ] ( ) ( )
[ ][ ] %0,4
%5,4%5,1%5,0%5,1
%1530,0%530,0%225,0%1015,0
1
=
++−−=
⋅+⋅+−⋅+−⋅=
⋅=∑=
p
p
p
N
i
iip
RE
RE
RE
REpRE
Com isso, vemos que a esperança de retorno do ativo é de 4,0%.
Uma dica: Sempre que estiver fazendo as questões, não vá simplesmente
resolvendo-as. Resolva as questões, voltando sempre às possíveis respostas, e
eliminando aquelas que não mais podem ser contempladas.
Com isso, temos que as únicas respostas possíveis são as letras c, d e e.
Passemos agora ao cálculo do desvio-padrão esperado.
( ) ( )[ ]∑=
−⋅=N
i
pii REREp1
22σ
Com o objetivo de simplificar a notação, a partir deste momento estarei
colocando essa fórmula apenas como:
( )2
1
2 ∑=
−⋅=N
i
pii RRpσ
Vou te dar outra dica para facilitar sua vida. Quando estiver fazendo as contas,
ao invés de usar o número correto (15%=0,15), utilize os números
multiplicados por cem, ou seja, sem a porcentagem (15% = 0,15*100=15). E
lembre-se daquelas propriedades estatísticas que dizem que:
• Ao multiplicarmos todos os elementos de um conjunto por um mesmo
número, a média fica multiplicada por esse número.
• Ao multiplicarmos todos os elementos de um conjunto por um mesmo
número, a variância fica multiplicada pelo quadrado desse número.
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• Ao multiplicarmos todos os elementos de um conjunto por um mesmo
número, o desvio-padrão fica multiplicado por esse número.
Portanto, ao invés de utilizarmos os retornos de -10%, -2%, +5% e +15%,
utilizaremos um conjunto que será igual ao produto desses retornos pelo número 100, ou seja, -108, 2, 5 e 15.
( )
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( ) 22222
22222
2
1
2
1130,0130,0625,01415,0
41530,04530,04225,041015,0
⋅+⋅+−⋅+−⋅=
−⋅+−⋅+−−⋅+−−⋅=
−⋅=∑=
σ
σ
σN
i
pii RRp
Sou obrigado a abrir mais um parênteses nessa Resolução. A primeira
pergunta que você tem que responder é a seguinte: Você deseja fazer a
questão corretamente ou acertar a resposta e ganhar seu ponto?
Eu, César, não quero fazer a questão corretamente e, portanto, não preciso
ensinar vocês a fazerem corretamente. Minha intenção é ensinar vocês a
ganharem o ponto, ensinar vocês a criarem atalhos importantes para
minimizar o trabalho e o tempo gasto com a questão.
Concordam comigo. Sou adepto dessa teoria. Mas sempre tem um aluno que
fala assim: “Professor, eu quero aprender”. E acho que a melhor resposta é:
“você vai aprender mas o melhor agora é passar e depois que estiver com esse
ótimo salário, você acaba de aprender tudo, ok?”
Então...Antes de continuar vocês têm duas opções. Ou aprendem a fazer raiz
quadrada pois estamos calculando a variância e a resposta é o desvio-padrão
ou, então, aprender a acertar a questão sem fazer a raiz. Eu prefiro a segunda,
mas quem quiser ou souber fazer a raiz quadrada, nem precisa continuar a ler
a questão, basta acabar de efetuar os cálculos.
Vocês concordam que se a resposta é o desvio-padrão, o examinador está nos
perguntando a raiz quadrada daquilo que estamos calculando. Portanto, basta
pegarmos as respostas possíveis e elevá-las ao quadrado que acharemos o
valor daquilo que foi calculado, e aí é só marcar a resposta.
8 -10% * 100 = - 10
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Pois bem. Temos como possibilidade de resposta, somente as letras c, d e e.
Certo?
A letra c informa que o desvio-padrão seria 25%. Como multiplicamos todos os
elementos do conjunto por 100 e o resultado que encontraremos também
ficará multiplicado por 100, caso essa seja a resposta deveríamos encontrar o
desvio-padrão igual a 25. Se o desvio é 25, logo a variância é igual a 252 =
625.
De forma análoga, se a resposta for d, o desvio encontrado no nosso cálculo
seria de 10,86. A variância seria igual a 10,862 = ESQUECE (não faça a conta).
Sabemos que 10,86 está entre 10 e 11 e que o quadrado de 10,86 está entre 1009 e 121 e mais próximo de 121 pois 10,86 está mais próximo de 11 do que
de 10. Chutemos que 10,862 deva ser igual a uns 115. Tá bom assim para
vocês? Para mim, está ótimo.
Da mesma forma, se a resposta for e, o desvio encontrado no nosso cálculo
seria de 8,66. Como 8,66 está entre 8 e 9, os cálculos deverão mostrar algum
número entre 64 e 81. Portanto, um bom chute seria que 8,662 é igual a uns
75.
Vocês entenderam o espírito da coisa? Queremos acertar a questão e não fazê-
la corretamente. Observe que temos três resultados possíveis e nossos
cálculos nos levarão a um valor próximo dos três números citados, ou seja,
625, 115 ou 75. Veja que esses três números são muito distantes, logo, não
precisamos calcular corretamente o valor da variância. Podemos arredondar
tudo.... Veja.
( ) ( )
12130,0130,03625,019615,0
1130,0130,0625,01415,0
2
22222
⋅+⋅+⋅+⋅=
⋅+⋅+−⋅+−⋅=
σ
σ
Se você fizer as operações indicadas acima, acertará as questões mas gastará
muito tempo. Você de cabeça não consegue fazer a conta 0,15 x 196, certo?
Mas como temos uma boa folga nas possíveis respostas, podemos transformar
essa operação em 0,15 x 200, assumindo que 200196 ≅ . Assim fica muito mais
rápido e sabemos que esse valor é igual a 30.
9 Dez ao quadrado é igual a 100 e onze ao quadrado igual a 121.
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No segundo termo, não precisamos alterar, pois seus resultado é simples, igual
a 9. O terceiro termo é igual a 0,30, mas como estamos arredondando tudo,
0,30 é igual a zero. No último termo, chamamos 121 de 120 e calculamos 0,30
x 120 = 36.
Entenderam a lógica?? Não?? Se não entenderam, façam seus cálculos
normalmente. Se compreenderam, tentem utilizar essa metodologia nesse tipo
de questão que será bem mais fácil. Terminando a questão (fazendo as contas
com os arredondamentos):
75
36093012030,0030,03625,020015,0
2
2
≅
+++≅⋅+⋅+⋅+⋅≅
σ
σ
Sendo assim, encontramos que o gabarito é a letra E pois o desvio-padrão é
igual a 8,66%.
Agora, me digam...Se tivessem feito todas as contas, não teriam chutado tão
bem, não é mesmo?
Eu não tenho e nem quero ensinar vocês apenas a matéria. O importante é
que vocês tenham condições de minimizar o tempo com que fazem a prova e
acho que isso é meu papel também. Sei que alguns não gostam, por isso,
sempre que houver esse tipo de procedimento farei no final da questão, após
ter desenvolvido ela de tal forma que só faltaria acabar os cálculos.
Gabarito: E
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Galera, essa foi uma aula introdutória e aproveitei para usar alguns conceitos
de Finanças. No entanto, a partir da segunda aula, essa abordagem será
relativamente abandonada e vamos partir para o estudo da estatística com
uma interferência menor em Finanças.
Estarei sempre dando dicas e macetes para a solução mais rápida das
questões.
Um grande abraço e encontro vocês na primeira aula.
César Frade