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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS CURSO BACHARELADO EM QUÍMICA DE ALIMENTOS ESTÁGIO REALIZADO NA EMPRESA DUAS RODAS INDUSTRIAL LTDA AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS NATURAIS EM EMBUTIDOS CÁRNEOS COZIDOS Relatório final de estágio apresentado à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação da Profª Rosane da Silva Rodrigues, como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado, do Curso de Química de Alimentos, para obtenção do título de Bacharel em Química de Alimentos. Débora Martins Martinez Pelotas, dezembro de 2008.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS

CURSO BACHARELADO EM QUÍMICA DE ALIMENTOS

ESTÁGIO REALIZADO NA EMPRESA

DUAS RODAS INDUSTRIAL LTDA

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS NATURAIS EM EMBUTIDOS CÁRNEOS COZIDOS

Relatório final de estágio apresentado à

Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação

da Profª Rosane da Silva Rodrigues, como parte

das exigências da disciplina de Estágio

Supervisionado, do Curso de Química de

Alimentos, para obtenção do título de Bacharel em

Química de Alimentos.

Débora Martins Martinez

Pelotas, dezembro de 2008.

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ALUNO

Nome: Débora Martins Martinez

e-mail: [email protected]

CONCEDENTE

Razão social: Duas Rodas Industrial

Caracterização jurídica: Ltda

Unidade: Duas Rodas Industrial - Matriz

Setor de realização do estágio: Desenvolvimento de Produtos (DPR)

Endereço: Rua Rodolfo Rufenüssler, 755 – Jaraguá do sul/SC

CEP: 89251-901

Fone: (47) 3372-9000

web-site: www.duasrodas.com.br

Supervisor: Andre Henrique Marques Luiz

Cargo do supervisor: Técnico. Engenheiro Químico.

ESTÁGIO

Área de atuação: Pesquisa e Desenvolvimento

Período do termo de compromisso: 04/08/2008 à 05/12/2008

Período coberto pelo relatório: 04/08/2008 à 28/11/2008

Número de horas do relatório: 510 horas

Professor orientador: Rosane da Silva Rodrigues

Apresentação do relatório: 2° semestre / 2008

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Dedicatória

Dedico este trabalho à minha mãe,

por todo amor, compreensão,

incentivo, dedicação, confiança, e

apoio em todos os momentos para

que eu pudesse realizar este sonho.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus pela vida e pelo constante aprendizado, realizações e

força para prosseguir sempre.

À minha mãe, Maria Tereza Cabral Martins, que para mim é um exemplo

incondicional de lealdade e amor.

À minha família pelo incentivo, compreensão e amparo em todos os

momentos.

À professora Rosane da Silva Rodrigues, orientadora deste trabalho,

agradeço o incentivo, apoio, dedicação, atenção, ensinamentos e por acreditar na

minha capacidade de trabalho.

Meus agradecimentos a Professora Carla Mendonça e ao Professor Rui

Carlos Zambiazi pelos conhecimentos transmitidos, incentivo e oportunidades

essenciais à pesquisas de iniciação científica.

Às minhas amigas e companheiras de estudo de graduação Silvana

Rodrigues, Anelise Ribeiro, Vanessa Teixeira e Adriana Machado, pela valiosa

amizade e apoio constante.

Ao Andre Henrique M. Luiz, pela amizade, dedicação, incentivo e pelas

valiosas contribuições neste trabalho, motivando-me e auxiliando-me sempre.

Aos grandes amigos que conquistei durante a graduação, assim como

aqueles que ao longo da minha vida sempre me apoiaram, acreditaram em mim e na

realização deste sonho.

À Duas Rodas Industrial Ltda por conceder excelente oportunidade de

estágio.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

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“A maior recompensa de um trabalho

é aquilo em que ele nos transforma.”

John Ruskin

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Resumo

MARTINEZ, Débora Martins. Avaliação do potencial antioxidante de extratos naturais em embutidos cárneos cozidos – Projeto realizado na Empresa Duas Rodas Industrial Ltda, 2008. Relatório de estágio – Curso de Bacharelado em Química de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas.

O presente relatório descreve as atividades desenvolvidas no estágio curricular da disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Bacharelado em Química de Alimentos a Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS, cujo trabalho foi desenvolvido na Empresa Duas Rodas Industrial Ltda. O estágio objetivou aplicar e aprimorar conhecimentos adquiridos na graduação e foi realizado no Departamento de Desenvolvimento de Produtos (DPR) no Laboratório de Desenvolvimento de Produtos Salgados. Os objetivos específicos do estágio foram avaliar a estabilidade oxidativa de embutido cárneo cozido (mortadela) com adição de extratos naturais, por métodos físico-químicos durante o armazenamento sob refrigeração; avaliar alterações sensoriais como cor, odor e sabor dos produtos durante armazenamento; e definir a melhor concentração dos extratos para a estabilidade oxidativa do produto cárneo. Neste relatório estão descritas todas as etapas de estudo realizado sobre oxidação, implicações da oxidação em produtos cárneos, antioxidantes naturais e métodos utilizados para a avaliação da estabilidade oxidativa de produtos e os resultados obtidos. Concluiu-se que a mistura dos extratos X e Y e de X e Z possuem potencial antioxidante quando aplicadas em embutido cárneo cozido. O extrato X apresentou em sua maior concentração, na mistura com os outros extratos, efeito sobre a inibição do escurecimento do produto, bem como efeito sinérgico com os extratos Z e Y na inibição da oxidação nas fases iniciais e de propagação, A utilização da mistura do extrato X e do extrato Z possibilitou a obtenção de cor no produto próximo ao padrão. Enquanto que a aplicação da mistura dos extrato X e Y acarretaram a diminuição da cor rosácea do produto quando comparada a padrão, porém não afetou negativamente a aparência do produto. A utilização das misturas com maiores concentrações dos extratos apresentaram potente ação sobre a estabilidade oxidativa de mortadelas. O estágio curricular foi de suma importância para o enriquecimento dos meus conhecimentos técnico-profissionais, a execução prática de conhecimentos adquiridos durante a graduação, e a aquisição de experiência em pesquisa e desenvolvimento de produtos. Foi possível reconhecer as importantes funções do Bacharel em Química de Alimentos na indústria de alimentos, no que diz respeito a pesquisa e desenvolvimento de produtos, sendo um profissional ético, organizado, responsável e com habilidade de administrar pessoas, relacionando-se com clareza e caráter.

Palavras-chave: Antioxidantes; Extratos naturais; Embutidos cárneos cozidos.

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Lista de Figuras

Figura 1 - Esquema geral do mecanismo de oxidação lipídica .................................19Figura 2 – Ficha da análise sensorial - teste de avaliação de atributos: odor e sabor

de ranço em mortadelas.....................................................................................36Figura 3 – Variações dos valores de Índice de Peróxido de mortadelas com

aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio durante armazenamento. XZ1: -1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1; XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão).39

Figura 4 – Curva de contorno do efeito dos extratos X e Z sobre os valores de Índice de peróxido de mortadelas em 55 dias de armazenamento...............................40

Figura 5 – Variações dos valores de TBARS de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio durante armazenamento. XZ1: -1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1; XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão) ..................41

Figura 6 – Curva de contorno do efeito dos extratos X e Z sobre os valores de TBARS de mortadelas em 55 dias de armazenamento .....................................43

Figura 7 - Valores de L* de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio durante o armazenamento. XZ1: -1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1; XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão) ......................................................44

Figura 9 – Variações dos valores de índice de peróxido de mortadelas durante armazenamento, com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio. XY1: -1+1; XY2: +1-1; XY3: -1+1; XY4: +1+1; XY5: 00; P2: eritorbato de sódio (padrão)..............................................................................................................50

Figura 10 – Variações dos valores de TBARS de mortadelas durante armazenamento, com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio. XY1: -1+1; XY2: +1-1; XY3: -1+1; XY4: +1+1; XY5: 00; P2: eritorbato de sódio (padrão)..............................................................................................................52

Figura 11 - Curva de contorno do efeito dos extratos X e Y nos valores de TBARS de mortadelas em 56 dias de armazenamento. ......................................................54

Figura 12 - Valores de L* de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y durante armazenamento. ................................................................................................55

Figura 13 - Valores de a* de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y e eritorbato de sódio durante o armazenamento...................................................56

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Planejamentos fatorial 2² para observar o efeito dos níveis de concentração de extratos naturais sobre o controle da oxidação lipídica de mortadelas .........................................................................................................35

Tabela 2 – Valores de ácido ascórbico, polifenóis totais e análise de DPPH dos extratos X, Y e Z ................................................................................................37

Tabela 3 - Valores de Índice de Peróxido de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio durante o armazenamento sob refrigeração por 55 dias................................................................................................................38

Tabela 4 - Efeitos estimados dos extratos X e Z no Índice de Peróxido de; mortadelas em 55 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (1).........39

Tabela 5 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Z sobre o Índice de Peróxido de mortadelas em 55 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (1)......................................................................................................40

Tabela 6 - Valores de TBARS de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio durante o armazenamento sob refrigeração por 55 dias. ....41

Tabela 7 - Efeitos estimados dos extratos X e Z nos valores de TBARS de mortadelas em 55 dias de armazenamento (Planejamento Fatorial 2² (1).........42

Tabela 8 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Z sobre os valores de TBARS de mortadelas em 55 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (1)......................................................................................................42

Tabela 9 - Valores de cor L* (luminosidade), a* (vermelho) e b* (amarelo) de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio (P1) durante o armazenamento por 55 dias...............................................................43

Tabela 10 - Valores de Índice de Peróxido de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio durante o armazenamento sob refrigeração por 56 dias................................................................................................................49

Tabela 11 - Efeitos estimados dos extratos X e Y no Índice de Peróxido de mortadelas em 56 dias de armazenamento. (Planejamento Fatorial 2²; R = 12,8607) .............................................................................................................51

Tabela 12 - Efeitos estimados dos extratos X e Y no Índice de TBARS de mortadelas em 56 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (2)............................51

Tabela 13 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Y sobre os valores de Índice de Peróxido de mortadelas em 56 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (2)...............................................................................51

Tabela 14 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Y sobre os valores de TBARS de mortadelas em 56 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (2)...............................................................................51

Tabela 15 - Valores de TBARS de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio durante armazenamento sob refrigeração por 56 dias ...52

Tabela 16 - Efeitos estimados dos extratos X e Y no Índice de TBARS de mortadelas em 56 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (2)............................53

Tabela 17 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Y sobre os valores de Índice de Peróxido de mortadelas em 56 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (2)...............................................................................53

Tabela 18 - Valores das médias de L* (luminosidade), a* (vermelho), b* (amarelo) de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio.............55

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SumárioAgradecimentos ..........................................................................................................4Resumo.......................................................................................................................6Lista de Figuras...........................................................................................................7Lista de Tabelas ..........................................................................................................81. Apresentação da empresa................................................................................11

1.1 Histórico........................................................................................................111.2 Estrutura Organizacional.................................................................................121.3 Caracterização do Departamento de Inovação Tecnológica...........................13

2. Objetivos...........................................................................................................152.1 Objetivo Geral .................................................................................................152.2 Objetivos específicos ......................................................................................15

3. Atividades Desenvolvidas .................................................................................163.1 Revisão da Literatura ......................................................................................163.1.1. Embutidos cárneos .....................................................................................163.1.2 Oxidação lipídica..........................................................................................173.1.3 Autoxidação – Mecanismo de reação ..........................................................183.1.4 Composição lipídica da carne ......................................................................203.1.5 Oxidação lipídica em carnes e derivados.....................................................213.1.5.1 Fatores que condicionam oxidação em produtos cárneos ........................213.1.5.2 Implicações da oxidação lipídica em produtos cárneos ............................223.1.6 Métodos para avaliação da oxidação da fração lipídica em alimentos.........253.1.6.1 Índice de peróxido.....................................................................................253.1.6.2 Análise de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico - (TBARS)..........253.1.7 Antioxidantes................................................................................................273.1.8 Mecanismo de ação de antioxidantes ..........................................................283.1.9 Antioxidantes naturais ..................................................................................293.1.9.1 Compostos fenólicos.................................................................................293.1.9.2 Flavonóides...............................................................................................303.1.9.3 Taninos .....................................................................................................313.1.9.4 Ácido ascórbico........................................................................................32

4. Desenvolvimento do projeto .............................................................................334.1 Seleção de extratos com propriedade antioxidante ........................................334.2 Determinação da capacidade antioxidante dos extratos.................................334.3 Preparo das amostras.....................................................................................334.4 Acompanhamento da estabilidade oxidativa de mortadelas ...........................35

5. Resultados........................................................................................................375.1 Análises dos extratos ......................................................................................375.2 Avaliação da estabilidade oxidativa de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio ...............................................................................385.2.1 Resultados ...................................................................................................385.2.2 Análise de Índice de peróxido (I.P.) .............................................................455.2.3 Análise de TBARS .......................................................................................455.2.4 Análise de cor ..............................................................................................475.2.5 Análise Sensorial .........................................................................................475.3 Avaliação da estabilidade oxidativa de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio...............................................................................495.3.1 Resultados ...................................................................................................495.3.2 Análise de Índice de peróxido (I.P.) .............................................................565.3.3 Análise de TBARS .......................................................................................57

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5.3.4 Análise de cor ..............................................................................................575.3.5 Análise sensorial ..........................................................................................58

6. Sugestões.........................................................................................................597. Conclusão.........................................................................................................60Referências ...............................................................................................................61Anexo ........................................................................................................................64

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1. Apresentação da empresa

1.1Histórico

A empresa Duas Rodas Industrial foi fundada no Brasil em 1895 por um

casal de alemães, Rudolfh Hufenüssler e sua esposa Hildegard, imigrantes vindos

da cidade de Mainz, localizada na Alemanha, motivados por fatores econômicos. A

família de Rudolfh produzia aromas em Mainz, e alguns membros eram proprietários

de uma farmácia no Sul da Alemanha, que logo foi vendida para idealizar a fábrica

de aromas. A vinda do casal para o Brasil foi impulsionada pela crescente imigração

de alemães para o País em busca de oportunidades, sendo na visão do casal uma

terra com potencial econômico em vista da variedade de matérias-primas. Em 1924

o casal chegou ao Brasil, providos de mudas de hortelã pimenta compradas em

Berlim e um destilador. Instalaram-se em Jaraguá do Sul / SC em vista das rodovias

e ferrovias que permitiriam acesso ao mercado nacional e exportações à Europa

através do Porto de São Francisco.

Em 1925 fundaram a Rodovia Hufenüssler Fábrica de Essências, a primeira

do País. Nos primeiros anos seguintes nasceram os dois herdeiros do casal, Dietrich

e Rodolfo Francisco. Junto com isso iniciou-se a extração de óleos vegetais com a

aquisição do Kammerland com 15 hectares de terra.

Em 1938 a empresa chamava-se Indústria Reunidas Jaraguá S.A. que

associada a empresa Max Wilhelm gerou inovações tecnológicas e introduziu a

primeira laranjada ao mercado nacional. Houve expansão de negócios através da

exportação de óleos, aromas e sucos cítricos para a Europa e o desenvolvimento de

novos produtos.

Com o falecimento do fundador Rudolfh Hufnüssler (1955), Hildegard

assumiu a empresa junto com seus filhos.

Em 1965 iniciou-se a produção de derivados de banana, com a aquisição da

Branas Alimentícios Ltda, tendo o processamento de purê de banana que

permaneceu por muitos anos como principal produto da empresa em termos de

venda.

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Em 1976 a CONPAL S.A. Concentrados para Alimentos foi fundada, tendo

como principal atividade a desidratação de vegetais como matérias-primas para a

empresa de aromas.

Nas décadas de 80 e 90 a empresa realizou muitos investimentos,

explorando novos mercados e promovendo inovações tecnológicas. Implantou-se a

linha de produtos para sorvetes Selecta, a fundação da Duas Rodas AgroIndustrial

S.A. instalando-se sistemas novos de secagem e a secção sorvetina.

Em 1991 a empresa passou a chamar-se Duas Rodas Industrial, com a

incorporação da CONPAL S.A. e a Duas Rodas Agroindustrial S.A.. A origem do

novo nome reside na cidade de Mainz na Alemanha, cujo brasão é um desenho de

duas rodas de barcos a vapor, já que a cidade é situada na confluência dos rios

Reno e Meno, unidas por uma cruz, em referência a história do arcebispo da cidade,

Willigis.

Em 1996 foi inaugurada a unidade de negócios de Rosário, na Argentina. No

ano seguinte foi inaugurada a unidade industrial em Santiago do Chile.

Já em 2000 iniciaram-se atividades no continente africano e a aquisição de

uma unidade em Buenos Aires – Argentina estabelecendo a produção fora do País.

Em 2002 em Estância no estado de Sergipe foi construída uma sede da

fábrica uma sede da empresa, que atende o mercado com aromas, produtos para

sorvetes e soluções integradas.

1.2 Estrutura Organizacional

A Duas Rodas Industrial Ltda possui um parque industrial de

aproximadamente 72.000 m² de área construída e 1500 hectares de fazendas, onde

produz-se matérias-primas para a indústria. Atualmente há produção de mais de

10.000 itens deferentes, que suprem não só o mercado interno mas cerca de 30

países da América Latina, América do Norte, Europa, África e Ásia.

A empresa possui mais de 1200 funcionários e divide-se em grandes áreas:

Comercial, Industrial, Técnica e Administrativa (estrutura organizacional em Anexo).

A área comercial é composta dos Departamentos de Marketing, Logística,

Vendas de aromas, de Sorvetes, de Condimentos e de Aditivos.

A área industrial compreende os departamentos de Produção e Manutenção,

sendo o primeiro subdividido em setores: Fibra/Embalagem; Purê de banana;

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Agroindustrial (planta multifuncional com produção de sucos concentrados, flocos de

frutas, e desidratados; Destilaria e Essência, que produzem aromas, tinturas,

extratos e óleos para seções internas/ Spray/Aromas, com produção de aromas em

pó, corantes, turvadores; Sorvetina, produtora de pós e mix para sorvetes;

Cobertura, produtos de coberturas, emulsificantes e recheios doces; e Copinhos,

com produção de copinho para sorvetes; Condimentos, com processamento de

mistura de condimentos, aditivos, aromas e mixes).

Os departamentos de Recursos Humanos, Administrativo Financeiro,

Garantia da Qualidade e Sistemas de Informações estão incluídos na área

Administrativa.

A Área Técnica envolve os Departamentos de Inovação Tecnológica,

Atendimento ao Cliente, e o de Suporte Técnico Interno.

A empresa conta com o Centro Tecnológico Administrativo (CTA) que abriga

os departamentos de desenvolvimento de produtos e desenvolvimento de aromas,

áreas comerciais, marketing, logística, administrativa, financeira, informática,

biblioteca e auditórios. A estrutura dispõe de plantas piloto para o desenvolvimento

de novos produtos e assistência a clientes.

A Duas Rodas Industrial tem como meta garantir a qualidade total de seus

produtos, baseadas em princípios como a satisfação do cliente, atendimento às

legislações, prevenção à poluição e qualidade assegurada de processos e produtos.

As divisões de atuações: Aromas, Condimentos e Aditivos, Produtos para

Sorvetes, Agroindustrial e Soluções Integradas contribuem para a produção de

3.000 produtos. No mercado nacional a divisão Aromas está em primeiro lugar, com

aplicações em bebidas, recheios, biscoitos, chicletes, balas, produtos lácteos,

sobremesas e ração animal.

A Duas Rodas Industrial Ltda mantém a liderança no mercado brasileiro nas

principais linhas de suas atividades, formando parceria a seus clientes, inovando e

desenvolvendo produtos e processos de aplicações.

1.3 Caracterização do Departamento de Inovação Tecnológica

O Departamento de Inovação Tecnológica está dividido em dois setores:

Inovação e de Desenvolvimento de Produtos.

O setor de Desenvolvimento de Produtos está sob supervisão do Sr. David

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Vasel e possui suporte técnico dos laboratórios de Desenvolvimento de produtos:

Salgados, Doces e Desidratados.

O laboratório de Desenvolvimento de Produtos Salgados, onde foi realizado

o estágio é responsável pelo desenvolvimento de mix para carnes e produtos

cárneos, molhos, emulsões, entre outros.

Durante o desenvolvimento dos produtos, os pesquisadores do setor levam

em conta a necessidade do cliente, sabor, dosagem, posição do produto no

mercado, funcionalidade, características sensoriais e físicas e químicas.

O laboratório de Desenvolvimento de Produtos Salgados é constituído de

uma infra-estrutura com equipamentos básicos para realização dos testes e

formulação dos produtos como: mixer, balanças analíticas, misturador com

aquecimento (termomix), phmetro, forno elétrico e refrigeradores.

Em escala laboratorial ocorrem aplicações e testes de misturas de

condimentos e aditivos em macarrão, molhos, emulsões, cremes, entre outros

produtos.

Após a realização das formulações e testes laboratoriais, são realizados

testes em nível industrial, como é o caso de aplicações de produtos desenvolvidos

ou reformulados em carnes e produtos cárneos (como hambúrguer, salsicha,

mortadela, almôndega, patê, lingüiça), utilizando equipamentos iguais aos existentes

na planta de processamento de um frigorífico, porém em dimensões menores, para

posteriormente dimensionar o processamento em nível industrial.

A Planta Piloto de Assistência a Frigoríficos que é utilizada como suporte

para os testes, simula o que ocorre em nível industrial, possuindo equipamentos

como: estufa, para processamento de produtos cárneos cozidos, dessecados e

defumados; cutter, para processamento de massas finas como de salsichas e

mortadelas; injetora; embutidora, tumbler, misturador; seladora à vácuo, fatiadora,

freezer, refrigeradores, fornos elétricos, churrasqueira elétrica e balanças.

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2. Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Aprofundar e adquirir conhecimentos teóricos e práticos da área de

alimentos para a obtenção do grau de Bacharel em Química de Alimentos, tendo

como objetivo avaliar a capacidade antioxidante de extratos naturais aplicados em

embutido cárneo cozido.

2.2 Objetivos específicos

Avaliar a estabilidade oxidativa de mortadelas com adição de extratos por

métodos físico-químicos durante o armazenamento sob refrigeração.

Avaliar alterações sensoriais como cor, odor e sabor dos produtos durante

armazenamento.

Definir a melhor concentração dos extratos para a estabilidade oxidativa do

produto cárneo.

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3. Atividades Desenvolvidas

O trabalho relativo ao estágio realizado na empresa Duas Rodas Industrial

Ltda trata-se de um projeto desenvolvido no setor de Desenvolvimento de Produtos,

especificamente no Laboratório de Salgados, com o tema: Avaliação do potencial

antioxidante de extratos naturais em embutidos cárneos visando aplicação em

embutidos cárneos cozidos.

Inicialmente realizou-se uma ampla revisão de literatura sobre oxidação

lipídica, influência sobre as características de produtos, antioxidantes e mecanismos

de atuação, métodos de avaliação da estabilidade oxidativa de produtos cárneos,

com o objetivo do conhecimento do tema do projeto de pesquisa e definição dos

métodos para o desenvolvimento.

Iniciou-se o estudo da ação antioxidante dos compostos constituintes dos

extratos e as etapas de aplicações dos extratos em mortadelas.

Junto com o projeto acompanhou-se testes e aplicações de condimentos e

aditivos em produtos, realizadas na Planta Piloto de Assistência a Frigoríficos e no

Laboratório de Salgados da Duas Rodas Industrial.

3.1 Revisão da Literatura

3.1.1. Embutidos cárneos

Segundo o artigo 412 do Decreto nº 30.691 de 29 de março de 1952 do

Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal

(RIISPOA), embutido é todo produto elaborado com carne ou órgãos comestíveis,

curado ou não, condimentado, cozido ou não, defumado e dessecado ou não, tendo

como envoltório tripa, bexiga ou outra membrana animal. É permitido o emprego de

películas artificiais no preparo de embutidos, desde que aprovado pelo

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) (BRASIL, 1997).

Os produtos cárneos comercializados no Brasil, de acordo com a legislação

vigente, são regulamentados pela Portaria número 1002 da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (BRASIL, 1998).

De acordo com esta portaria, os produtos cárneos subdividem-se em

produtos industrializados e produtos salgados. Os primeiros incluem produtos

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frescais embutidos ou não (ex. lingüiça), produtos secos, curados e/ou maturados

embutidos ou não (salames, presunto cru), produtos embutidos cozidos ou não

(mortadela). Enquanto que o segundo, inclui produtos salgados e crus e produtos

salgados cozidos (mortadela, salsichas) (BRASIL, 1998).

Considerando o volume de produção e aumento de consumo, os embutidos

cárneos constituem uma categoria de grande importância para o segmento no Brasil.

Estes produtos constituem sistemas alimentares complexos, uma vez que a carne

possui muitas variáveis em processos bioquímicos, físicos e químicos envolvidos em

toda a cadeia produtiva. Para a pesquisa e desenvolvimento de produtos,

aprimoramento e busca de novos ingredientes e aditivos necessita-se de

conhecimento específicos das reações susceptíveis ao produto e dos tipos de

interação entre os componentes do sistema e suas conseqüências.

3.1.2 Oxidação lipídica

A oxidação lipídica juntamente à deterioração microbiana é um dos maiores

problemas de estabilidade de carnes e derivados, sendo portanto considerado um

fator determinante da viabilidade comercial desses alimentos (SOUZA, 2007).

As implicações da oxidação lipídica em alimentos comprometem também os

atributos de qualidade perceptíveis sensorialmente - como odor, sabor, cor e textura.

Além disso, as conseqüências de tal reação propiciam a geração de compostos

potencialmente tóxicos como malonaldeídos e óxidos de colesterol à partir da

degradação de compostos primários da oxidação, afetando a integridade e a

segurança dos alimentos. A oxidação lipídica promove a degradação de vitaminas

lipossolúveis e ácidos graxos essenciais, implicando desta forma na queda do valor

nutricional dos alimentos (SHIRAHIGUE, 2008; SILVA, 1999; SOARES, 2002).

Carnes e produtos cárneos são alimentos em que normalmente a oxidação

lipídica está associada tendo em vista sua composição e operações tecnológicas

como aquecimento (em produtos cárneos cozidos, defumados e dessecados) ou

cujas membranas sofreram um processo de desintegração, como no caso de

moagem (TORRES, 1998).

Os lipídios ligados às membranas são constituídos, na maioria das vezes, de

fosfolipídios altamente insaturados, que são especialmente susceptíveis à oxidação

lipídica. Portanto etapas na produção de embutidos (moagem, emulsificação e

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cozimento) expõem a fração lipídica ao oxigênio e a outros catalisadores de reação

como enzimas e íons metálicos (TORRES, 1998).

3.1.3 Autoxidação – Mecanismo de reação

Em tecnologia de alimentos a reação de maior relevância na oxidação de

ácidos graxos insaturados é a autoxidação, a qual se dá por um mecanismo de

radicais livres e é caracterizada pelo aparecimento e intensificação de odor e sabor

característicos de ranço. Estas características sensoriais, em alimentos com teor de

gordura relevante, são associadas diretamente à produção de aldeídos e ácidos de

baixo peso molecular oriundos da decomposição de produtos primários gerados na

reação de oxidação dos ácidos graxos. Quanto mais insaturado for o ácido graxo ou

lipídio, maior a suscetibilidade do produto sofrer rancificação (BOBBIO e BOBBIO,

2003).

Os ácidos graxos insaturados são estruturas mais suscetíveis ao processo

oxidativo do que ácidos graxos saturados, porque no segundo a formação de um

radical livre é energeticamente desfavorável, precisando portanto de condições

drásticas de temperatura para sua iniciação (BOBBIO e BOBBIO, 2003; SOARES,

2002).

O conhecimento e compreensão dos mecanismos de reação e as formas de

controle são de suma importância para o processamento adequado e conservação

de alimentos susceptíveis à rancidez.

O processo de autoxidação nos alimentos ocorre como uma reação em

cadeia de radicais livres e divide-se em três fases: iniciação, propagação e

terminação conforme a Figura 1.

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Figura 1 - Esquema geral do mecanismo de oxidação lipídica

Fonte: RAMALHO e JORGE, 2006.

Na fase de iniciação ou indução o consumo de oxigênio é baixo,

aumentando lentamente. Formam-se os primeiros radicais livres por ação dos

agentes oxidantes, que promovem a abstração de um átomo de hidrogênio da

molécula de um ácido graxo em condições favorecidas pela luz e calor. Assim o

radical livre (R°) reage rapidamente com o oxigênio formando um radical peróxido. A

concentração de peróxidos nesta fase é baixa e não há alteração sensorial

perceptível (BOBBIO e BOBBIO, 1992; TRINDADE, 2007).

A fase de propagação envolve a continuação e a aceleração desta reação

em cadeia e alto consumo de oxigênio, onde os radicais livres que são altamente

suscetíveis ao seu ataque são convertidos a outros radicais, como os produtos

primários da reação: os radicais peróxidos (ROOº) enquanto sua concentração

cresce rapidamente (BOBBIO e BOBBIO, 1992; TRINDADE, 2007).

Os radicais peróxidos abstraem rapidamente átomos de H dos grupos

metilênicos de outros ácidos graxos insaturados formando hidroperóxidos (ROOH) e

novos radicais livres. Os novos radicais livres reagem com o oxigênio e a reação se

torna cíclica, quando ocorre o aumento dos peróxidos e de produtos de sua

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degradação. Nesta fase tornam-se perceptíveis o odor e sabor de ranço, os quais

tendem a aumentar rapidamente provocado pelos produtos de decomposição dos

hidroperóxidos (BOBBIO e BOBBIO, 1992; TRINDADE, 2007).

A autoxidação entra na etapa de terminação quando os radicais livres

reagem entre si formando produtos estáveis (produtos secundários de oxidação)

obtidos por cisão e rearranjo de peróxidos (epóxidos, compostos voláteis e não

voláteis). O consumo de oxigênio tende a cair e diminui a concentração de

peróxidos. Nesta fase é perceptível intenso odor e sabor de ranço, alterações na cor

dos produtos e em sua textura (relacionada à fração lipídica por sua composição

estar alterada). Outra via da oxidação ocorre na presença de oxigênio singlete (¹O2),

molécula de oxigênio que recebeu energia que tem dois elétrons emparelhados e

um orbital vazio, o qual na presença de um ácido graxo insaturado irá formar um

hidroperóxido pela introdução direta de O2 em um dos carbonos da ligação dupla do

ácido graxo (BOBBIO e BOBBIO, 1992; MARIUTTI e BRAGAGNOLO, 2007;

TRINDADE, 2007).

3.1.4 Composição lipídica da carne

Os lipídios presentes em sistemas alimentares são constituídos por uma

mistura de mono-, di e triglicerídeos, ácidos graxos livres, glicolipídios, fosfolipídios,

esteróis, entre outros, sendo que em sua maior parte são oxidáveis em diferentes

graus.

Dentre os componentes básicos da carne (umidade, proteínas, gordura e

cinza), os lipídios são os mais variáveis em termos quantitativos e qualitativos,

variando entre espécies e de cada parte do músculo (PARDI, 2001).

Influem na composição química da carne fatores intrínsecos como raça,

idade, sexo e principalmente a alimentação que pode influenciar sobremaneira a

composição dos ácidos graxos da gordura de alguns animais.

Entre os animais de abate, os suínos e ovinos apresentam os maiores teores

de lipídios tendo 5,25% e 6,6% respectivamente, enquanto que bovinos, frangos e

perus de modo geral apresentam níveis mais baixos em torno de 2% e 3,2%

(ORDOÑEZ, 2005).

Os principais ácidos graxos saturados da carne são - em escala de maior

para menor proporção - palmítico (C16:0), esteárico (C18:0) e mirístico (C14:0).

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Dos ácidos graxos insaturados, o ácido oléico (C18:1) é o monoinsaturado

mais abundante, seguido do palmitoléico (C16:1). Os principais ácidos graxos

poliinsaturados em carnes são linoléico (C18:2), linolênico (C18:3) e araquidônico

(C20:4). Gorduras animais costumam apresentar normalmente ácidos graxos de

cadeia linear e na configuração cis, embora em pequenas proporções haja

configuração trans e cadeias ramificadas (ORDOÑEZ, 2005).

Os ácidos graxos saturados e monoinsaturados são os majoritários nos

triacilglicerídeos encontrados em carnes. Os teores de ácidos graxos dos lipídeos do

tecido muscular de diferentes espécies animais compreendem em média para

bovinos 40-70% de saturados, 41-53% monoinsaturados e 0-6% poliinsaturados;

para suínos 39-49% de saturados, 43-70% monoinsaturados e 3-18%

poliinsaturados; para aves 28-33% de saturados, 39-51% de monoinsaturados e 14-

23% de poliinsaturados (ORDOÑEZ, 2005).

3.1.5 Oxidação lipídica em carnes e derivados

3.1.5.1 Fatores que condicionam oxidação em produtos cárneos

A oxidação lipídica e alterações de cor ocorrem em etapas que envolvem

ações dos radicais livres e mecanismo natural de defesa antioxidante no organismo

ainda vivo (envolvendo alterações na estrutura das membranas celulares), no

período ante e pós-abate (reações bioquímicas, diminuição do pH, liberação de

ferro, ação enzimática e desnaturação de proteínas), e finalmente no processamento

e etapas subseqüentes de produtos cárneos (OLIVO, 2006).

A oxidação durante o processamento, armazenamento e exposição constitui

a mais significante do processo em produtos cárneos. O rompimento da integridade

das membranas celulares pela desossa mecânica, moagem, reestruturação e

cozimento, promovem a liberação de ferro cataliticamente ativo da mioglobina e de

outras proteínas. A atuação deste e de outros pró-oxidantes com os ácidos graxos

constituintes do músculo resulta na geração de radicais livres e na propagação das

reações oxidativas.

Outros fatores como a exposição da matéria-prima ou produtos a ambientes

sem controle de temperatura, a presença de oxigênio e a incidência de luz

colaboram potencialmente para esta reação (OLIVO, 2006).

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A diminuição da incidência de todos os fatores que favorecem a oxidação,

como manter no mínimo os níveis de energia (temperatura e luz) que são

responsáveis pelo desencadeamento do processo de formação de radicais livres,

evitar o contato com oxigênio, escolha de embalagens com propriedades de barreira

apropriadas e aplicação d agentes antioxidantes, são ações que poderão retardar

ou inibir os processos de oxidação de lipídios e conseqüentes alterações nos

produtos.

3.1.5.2 Implicações da oxidação lipídica em produtos cárneos

Sabor

Dentre os fatores que participam do desenvolvimento de sabor e aroma da

carne estão: espécie, sexo, raça, alimentação e manejo. Também a estrutura da

carne, condições de armazenamento e processos post-mortem influem nesses

atributos (ORDOÑEZ, 2005).

Os precursores de sabor e aroma em carnes são evidenciados após o

tratamento térmico, quando se desenvolve efetivamente sua plenitude sensorial.

A autoxidação dos lipídeos é uma reação acelerada pelo aumento da

temperatura, portanto ocorre em produtos cárneos cozidos. Independente da origem

da carne, quando armazenada e aquecida, há produção de compostos resultantes

de processos complexos como glicólise, proteólise, lipólise, oxidação e de interação

entre os produtos de cada via (ORDOÑEZ, 2005).

A autoxidação de lipídeos é a principal causa do desenvolvimento de

sabores estranhos e desagradáveis, descritos como off-flavor (ORDOÑEZ, 2005).

A deterioração oxidativa de carnes e derivados pode ocorrer antes e depois

do cozimento ou tratamento térmico. Neste último caso, o desenvolvimento de

“sabor de requentado” ou WOF (warmed-over-flavor) é relatado por diversos

autores. O WOF (warmed-over-flavor) é o termo adotado para definir o rápido

aumento da oxidação em produtos cárneos cozidos, caracterizado pelo sabor de

ranço desenvolvido durante o armazenamento sob refrigeração. Contudo, o WOF

não é um atributo oriundo exclusivamente da oxidação lipídica, mas engloba a perda

de composto de sabor desejáveis da carne (GRÛN, 2006).

Considerando os numerosos sistemas antioxidantes conhecidos, o

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crescimento da demanda por produtos convenientes que envolvem carnes pré-

cozidas e embutidos impulsionam a pesquisa para a prevenção da oxidação lipídica

em produtos cárneos (GRÛN, 2006).

Cor

A cor é a primeira característica sensorial analisada pelo consumidor. Essa

impressão ótica é relacionada com diversos aspectos de qualidade e grau de frescor

da carne e de produtos cárneos.

A carne apresenta dois pigmentos cujas propriedades espectrais influem

efetivamente na cor visualizada: são a mioglobina (Mb) e a hemoglobina (Hb), sendo

que a concentração do primeiro (pigmento muscular) é de 3 a 9 vezes superior ao

segundo (pigmento sangüíneo).

A Mb é formada por uma porção protéica, a globina, e por um grupo

prostético de natureza não-protéica, que é um anel ou grupo heme, formado por

quatro anéis pirrólicos unidos apresentando um átomo de ferro no centro que está

ligado a hidrogênios destes anéis. A oxidação do pigmento e a liberação do ferro

cataliticamente ativo da molécula, podem induzir a oxidação lipídica. Os radicais

produzidos durante a reação podem oxidar o pigmento heme, bem como desnaturar

a parte protéica (globina) levando a mudança da cor do produto cárneo (OLIVO,

2006).

Os fatores que condicionam a cor da carne são o conteúdo de mioglobina,

tensão de oxigênio, pH, processamento, armazenamento entre outros.

O estado de oxi-redução do átomo de Fe do pigmento mioglobina condiciona

diferentes colorações da carne. A mioglobina com isso pode adquirir três formas que

estabelecem inter-relações permitindo conversão umas às outras. Quando o Fe está

no estado férrico (Fe3+) ou oxidado forma-se a metamioglobina, castanho claro e

quando no estado ferroso ou reduzido (Fe2+) forma-se a oximioglobina, vermelho -

vivo.

Quando se trata de carnes curadas, o nitrato e o nitrito contribuem para

modificações do pigmento e estabilização da cor. O nitrato é reduzido à nitrito pela

ação de microorganismos redutores. Em condições favoráveis o nitrito (NO3)

transforma-se em óxido nítrico (NO). Este é o componente ativo que se combina

com a mioglobina para formar nitrosomioglobina. As condições para esta reação

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dependem do pH, oxigênio e substâncias redutoras. O pigmento da carne curada

que não sofreu tratamento térmico é nitrosomioglobina, que pelo aquecimento,

transforma-se em nitrosohemocromo. O primeiro passo para a formação destes

pigmentos é a oxidação da mioglobina pela ação dos nitritos resultando no pigmento

metamiolgobina com a simultânea redução do nitrito a óxido nítrico (ORDOÑEZ,

2005).

A nitrosomioglobina de cor vermelho-róseo é o pigmento responsável pela

coloração atrativa encontrada nos produtos cárneos curados não tratados pelo calor.

Frente ao tratamento térmico, a cor é estabilizada pela desnaturação da porção

protéica da mioglobina, resultando na formação de um composto altamente estável

devido à formação de ligações covalentes denominado de nitrosohemocromo, de cor

rosa . Este pigmento, apesar de termoestável, é susceptível às reações de oxidação,

que resultam na formação de porfirinas verdes, amarelas ou sem cor (MATHIAS,

2008).

Os pigmentos nitrosomioglobina (vermelho) e nitrosohemocromo (rosado)

são sensíveis à luz e à oxidação. A adição de um agente redutor favorece o

desenvolvimento da coloração desejada em produtos cárneos curados. Um exemplo

de agentes redutores são os sais de ácido ascórbico, que doam elétrons ao nitrito,

levando a formação de óxido nítrico, sendo considerados portanto como a principal via

de obtenção de óxido nítrico nos processos de curas comerciais.

Textura

Outro atributo sensorial afetado pela oxidação lipídica é a textura da carne e

produtos cárneos. Essa alteração deve-se aos lipídios oxidados que perdem sua

estrutura inicial, ou aos produtos da oxidação que podem formar complexos com

proteínas ou provocar a cisão das mesmas. Ainda, complexos proteína-proteína e

aldeídos-grupamentos amino podem ser formados, dando origem a polímeros com

conseqüente desnaturação das proteínas da carne e diminuição de sua solubilidade

(FERRARI, 1998).

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3.1.6 Métodos para avaliação da oxidação da fração lipídica em alimentos

3.1.6.1 Índice de peróxido

Diversos compostos provenientes da oxidação lipídica podem ser

mensurados, como exemplo os peróxidos (produtos primários).

Os peróxidos são intermediários instáveis, sobretudo a temperaturas

elevadas ou em presença de metais de transição.

Com sua decomposição, compostos de natureza muito diversa (aldeídos,

cetonas, hidroxiácidos, hidrocarbonetos, polímeros), são formados sendo

designados produtos secundários da oxidação lipídica. Diferente destes, os

peróxidos são inodoros e incolores. Como os peróxidos são instáveis, sua

quantificação para a análise da qualidade de produtos é limitada, pois remete às

fases iniciais da oxidação lipídica. Portanto necessita-se de análises

complementares para poder correlacionar estes valores, visto que as reações

continuam a ocorrer até a fase de terminação (FERRARI, 1996).

3.1.6.2 Análise de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico - (TBARS)

Os produtos finais da oxidação lipídica compreendem derivados de

decomposição de hidroperóxidos, como álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres e outros

hidrocarbonetos. Também há produção de moléculas resultantes do rearranjo de

compostos e produtos de elevado peso molecular resultantes de reações de

dimerização e polimerização de grupos C-C, éteres e peróxis unidos a peróxidos

(FERRARI, 1996).

O método mais usual para avaliação da oxidação de lipídios em carnes e

produtos cárneos é o teste de TBARS (por extração ou destilação), o qual quantifica

o malonaldeído (MDA), um dialdeído de três carbonos, com grupos carbonilas nos

carbonos C-1 e C-3.

O malonaldeído é um dos principais produtos de decomposição dos

hidroperóxidos (produtos primários de oxidação lipídica) de ácidos graxos

poliinsaturados. A análise baseia-se na reação do ácido 2-tiobarbitúrico com o

malonaldeído, produzindo um composto de cor vermelha, medido por

espectofotometria a 532 nm de comprimento de onda. Os resultados são expressos

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por massa, mg de malonaldeído por Kg de amostra ou em unidades de absorbância

por unidades de massa de amostra (OSAWA, 2005; CAMPAGNOL, 2007).

Este teste mede especificamente o teor de substância reativas ao ácido 2-

tiobarbitúrico, quantificadas em malonaldeído, proveniente da oxidação de lipídeos

com três ou mais ligações duplas, daí a importância de se conhecer a composição

de ácidos graxos do produto em análise.

Particularmente para carnes e derivados, os valores de TBARS são muito

relevantes, devido a etapas do processamento destes alimentos que sujeitam o

produto a condições favoráveis para que esta reação ocorra completamente.

A correlação dos valores de TBARS com análise sensorial é conflitante em

alguns produtos, pois se deve muito à composição do produto e ao limite mínimo

detectável pelos julgadores. Portanto valores altos de TBARS podem não ser

relacionados a odor e sabor a ranço em determinados produtos. Porém alguns

autores afirmam que pode-se detectar odores desagradáveis em carnes oxidadas

com valores de TBARS a partir de 0,5 mg malonaldeído/kg de carne (GALVIN,

1997).

Alguns aspectos devem ser analisados quanto aos interferentes desta

análise, como: ácidos graxos insaturados tendem a desenvolver mais cor na análise;

outras substâncias podem reagir e não somente o malonaldeído; os diferentes

métodos empregados (tipo de extração da gordura ou método direto), e a presença

de compostos como nitrito, sacarose, proteínas e outros (OSAWA, 2005).

A presença de ferro nos alimentos aumenta a formação de malonaldeído,

bem como os processos aos quais são submetidos (cocção, fritura, dessecamento).

Outro fator importante é o pH dos produtos, pois relata-se que durante o

armazenamento de carnes, há uma relação inversa entre o valor de TBARS e o pH,

sendo que para cada aumento de uma unidade do pH há um decréscimo de 0,28 e

0,26 unidades de TBARS para carne suína e 0,14 unidades para carne bovina

(OSAWA, 2005).

O nitrito é um interferente nesta análise em produtos curados, seu efeito

pode ser atribuído a nitrosação do malonaldeído durante a destilação, causando a

diminuição destes valores nos resultados obtidos (OSAWA, 2005).

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3.1.7 Antioxidantes

Do ponto de vista químico, os antioxidantes são compostos aromáticos que

contêm pelo menos uma hidroxila, podendo ser sintéticos como o butilhidroxianisol

(BHA) e o butilhidroxitolueno (BHT), largamente empregados pela indústria de

alimentos, ou naturais, substâncias bioativas tais como compostos fenólicos e

terpenos, que fazem parte da constituição de diversos alimentos. Segundo a FDA

(Food and Drug Administration), antioxidantes são substâncias utilizadas para

preservar alimentos através do retardo da deterioração, rancidez e descoloração

decorrentes da autoxidação.

A importância das substâncias antioxidantes pode ser explicada pela

correlação existente entre atividade antioxidante de substâncias e a capacidade de

inibir ou retardar as alterações de cor, textura, sabor e odor dos alimentos, bem

como perda de nutrientes essenciais e produção de composto tóxicos.

Embora potentes antioxidantes sintéticos como BHA e BHT sejam permitidos

em produtos cárneos, o interesse por parte do consumidor e pesquisas científicas

são estímulo para o uso de antioxidantes naturais neste setor (GRÜN, 2006).

O uso de antioxidantes naturais na redução da oxidação lipídica é estudado

desde meados de 1980, com o emprego de extratos vegetais e concentrados de

frutas (GRÜN, 2006).

A aplicação de ervas e condimentos, que possuem componentes com

potencial antioxidante, em produtos cárneos depende da compatibilidade sensorial

com tais produtos. Além da concentração de aplicação dos antioxidantes no produto,

a duração do armazenamento também afeta sua eficácia na inibição ou retardo da

oxidação (GRÜN, 2006).

Extratos de plantas com atividade antioxidante conhecida ou prevista, como

ervas, especiarias e chás, foram investigadas para o uso potencial em produtos

cárneos.

Resultados de várias pesquisas remetem sobre as estratégias para o uso de

antioxidantes naturais para reduzir a oxidação lipídica em produtos cárneos, que

envolvem muitos fatores como o tipo de carne, tipo de produto, método de

processamento, tipo e duração de armazenamento e a forma de uso pretendido.

Entre estes fatores, o tipo do produto pode ser considerado um dos mais

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importantes, dado que o efeito antioxidante de determinados sistemas naturais pode

promover efeito pró-oxidante em produtos específicos (ESTEVÉZ e CAVA, 2006).

Na indústria de alimentos, a oxidação lipídica é inibida por seqüestradores

de radicais livres. Neste caso, os compostos mais utilizados, entre outros, são: butil-

hidroxi-anisol (BHA), butil-hidroxi-tolueno (BHT), terc-butil-hidroquinona (TBHQ), tri-

hidroxi-butilfenona (THBP) e propil galato (PG).

Estudos toxicológicos têm demonstrado a possibilidade de antioxidantes

sintéticos apresentarem algum efeito tóxico e serem promotores de alguns tipos de

câncer entre outros feitos fisiológicos (SOARES, 2002).

Tendo em vista os indícios de problemas que podem ser provocados pelo

consumo de antioxidantes sintéticos, as pesquisas têm-se dirigido no sentido de

encontrar produtos naturais com atividade antioxidante os quais permitirão substituir

os sintéticos ou fazer associações entre eles, com o intuito de diminuir sua

quantidade nos alimentos. Os estudos estão centralizados nos compostos fenólicos

de origem vegetal, pois eles agem como aceptores de radicais livres, interrompendo

a reação em cadeia provocada por estes, além de atuarem também nos processos

oxidativos catalisados por metais (SOARES, 2002).

A atividade antioxidante apresentada por vários vegetais, incluindo frutos,

folhas, sementes e plantas medicinas, está correlacionada ao seu teor de compostos

fenólicos totais. Dentre os compostos fenólicos com propriedade antioxidante,

destacam-se os flavonóides que quimicamente, englobam as antocianinas e

flavonóis (LIMA, 2002).

3.1.8 Mecanismo de ação de antioxidantes

Os antioxidantes quanto ao mecanismo de ação podem ser classificados

como primários, sinergistas, removedores de oxigênio, agentes quelantes ou

antioxidantes misto conforme sua atuação para inibir ou retardar as reações em

cadeias proveniente da oxidação (RAMALHO e JORGE, 2006).

Como antioxidantes primários enquadram-se compostos fenólicos, como

polifenóis butil-hidroxi-anisol (BHA), butil-hidroxi-tolueno, terc-butil-hidroquinona

(TBHQ) e propil galato (PG). Estes promovem a remoção ou inativação de radicais

livres formados na fase de iniciação e propagação da reação. Através do mecanismo

de doação de átomos de hidrogênio a estas moléculas, os radicais são inativados

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para a reação em cadeia e é gerado um radical inerte (A°) do antioxidante, pois é

estabilizado por ressonância, não tendo capacidade de iniciar ou propagar reações

oxidativas.

Os antioxidantes sinergistas possuem pouca ou nenhuma capacidade

antioxidante, porém podem aumentar o potencial antioxidante dos primários quando

combinados, e mesmo estes quando usados em combinação podem atuar

sinergisticamente. Como exemplo destes tem-se o ácido ascórbico (RAMALHO e

JORGE, 2006).

Antioxidantes com capacidade de remover o oxigênio do meio, capturando-

os e tornando-os indisponíveis para a indução da reação oxidativa são conhecidos

como removedores de oxigênio. O ácido ascórbico é o composto que representa

esta classe, tendo grande ação em diversos sistemas alimentares (RAMALHO e

JORGE, 2006).

Os agentes quelantes ou sequestrantes, complexam íons metálicos (agente

catalisados de oxidação como Cobre e Ferro) através do compartilhamento de um

par de elétrons não compartilhados de suas estruturas moleculares. Representam

esta classe o ácido cítrico e seus sais, fosfatos e sais de EDTA (ácido etileno

diamino tetra acético) (RAMALHO e JORGE, 2006).

Dentre os antioxidantes mistos identificados estão os flavonóides e de ácido

cinâmico. O mecanismo misto referente a compostos fenólicos inclui a atuação como

seqüestradores de radicais e quelantes de metais, agindo tanto na etapa de

iniciação como na propagação do processo oxidativo. Os produtos intermediários

formados pela ação destes antioxidantes são relativamente estáveis, devido à

ressonância do anel aromático apresentada por estas substâncias.

3.1.9 Antioxidantes naturais

3.1.9.1 Compostos fenólicos

Devido à tendência atual pela procura cada vez maior de produtos naturais

pelos consumidores, causada pela crescente preocupação com a saúde, torna-se

necessário o estudo de compostos naturais com potencial ação antioxidantes em

substituição aos convencionais amplamente utilizados.

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30

A capacidade antioxidante de condimentos e extratos está relacionada

diretamente aos seus compostos fenólicos. Devido às estruturas moleculares serem

semelhantes o mesmo ocorre com o mecanismo de ação, interrompendo a cadeia

de radicais livres na etapa de iniciação do processo oxidativo (MARIUTTI e

BRAGAGNOLO, 2007).

Os compostos fenólicos têm sido utilizados como antioxidantes primários

que agem como seqüestradores de radicais livres, bloqueando a reação em cadeia.

São largamente distribuídos na natureza, presentes em extrato de frutas, especiarias

entre outros.

A maioria das substâncias fenólicas pode ser classificada em dois principais

grupos: os ácidos carboxílicos fenólicos e os flavonóides, sendo os flavonóides

derivados do 2-fenil-benzopireno e classificados como o grupo mais importante

(CATANEO, 2008).

Antioxidantes fenólicos funcionam como seqüestradores de radicais e

algumas vezes como quelantes de metais (SHAHIDI, 1992), agindo tanto na etapa

de iniciação como na propagação do processo oxidativo. Os produtos intermediários,

formados pela ação destes antioxidantes são relativamente estáveis devido à

ressonância do anel aromático apresentada por estas substâncias (NAWAR, 1985).

Os compostos fenólicos e alguns de seus derivados são, portanto, eficazes para

prevenir a oxidação lipídica; entretanto, poucos são os permitidos para o uso em

alimentos, devido principalmente a sua toxicidade (SHAHIDI, 1992).

3.1.9.2 Flavonóides

Flavonóides são uma classe importante de compostos por sua grande

variedade estrutural e por serem distribuídos em vegetais e encontrados

freqüentemente em alimentos derivados. Entre os flavonóides encontram-se os

seguintes tipos de compostos: catequinas (flavan 3-óis), proantocianinas ou taninos

condensados não hidrolisáveis, antocianinas, flavonas, flavonóis e flavononas.

Uma função de grande importância dos flavonóides, em geral em alimentos,

está relacionada às propriedades antioxidantes desses compostos (BOBBIO e

BOBBIO, 2003).

A estrutura química básica deste compostos é C6-C3-C6, sendo que as

duas partes da molécula com seis carbonos são anéis aromáticos.

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31

Com relação aos não flavonóides, são classificados como: os derivados das

estruturas químicas C6-C1 específicas dos ácidos hidroxi-benzóico, gálico e elágico;

os derivados das estruturas químicas C6-C3 específicas dos ácidos caféico e p-

cumárico hidroxi cinamatos e os derivados das estruturas químicas C6-C2-C6

específicas do trans-resveratrol, cis-resveratrol e transresveratrol- glucosídio

(BOBBIO e BOBBIO, 2003; VOLP, 2008).

Os fenóis simples consistem em um anel aromático que contém pelo menos

um grupo hidroxila.

Há uma ampla variação de combinações de grupos metil e hidroxil como

substituintes na estrutura química básica dos flavonóides, o que justifica o grande

número de compostos deste grupo.

De modo geral, os flavonóides são capazes de doar hidrogênio para os

radicais livres, estabilizando-os e inibindo a reação em cadeia. Alguns flavonóides

podem complexar-se com metais, tais como o Fe3+ e o Cu2+, evitando ou diminuindo

a geração de radicais livres em sistemas alimentares (capacidade quelante).

(SOARES, 2005).

3.1.9.3 Taninos

Taninos são substâncias fenólicas, solúveis em água. Os taninos

condensados são polímeros formados pela policondensação de duas ou mais

unidades flavonoídicas (SILVA, 2004). Estes compostos são facilmente oxidáveis

por enzimas, metais, luz e calor. Os taninos possuem alto peso molecular e

apresentam a propriedade de formar complexos insolúveis em água, com alcalóides

e com proteínas (SIMÕES, 2004). A ligação entre taninos e proteínas ocorre,

provavelmente, através de pontes de hidrogênio entre os grupos fenólicos dos

taninos e determinados sítios das proteínas, conferindo duradoura estabilidade a

estas substâncias. Para a formação destas ligações é necessário que o peso

molecular dos taninos esteja compreendido entre limites bem definidos; se este é

demasiadamente elevado, a molécula não pode se intercalar entre os espaços

interfibrilares das proteínas ou macromoléculas; quando é muito baixo, a molécula

fenólica se intercala, mas não forma um número suficiente de ligações que assegure

a estabilidade da combinação (MONTEIRO, 2005).

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32

Outra propriedade destes compostos, quando solúveis é de formar

precipitados de cor escura com íons Fe (BOBBIO e BOBBIO, 1992). Quando

oxidados os taninos se transformam em quinas, compostos de coloração escura.

Extratos contendo taninos condensados e substâncias fenólicas de baixo

peso molecular mostraram ser as responsáveis pela atividade antioxidante dos

mesmos. Os taninos estão no grupo de substâncias que reagem com radicais livres,

possuem atividade redutora, ligam metais, reagem com enzimas e proteínas em

geral Outra propriedade possível dos taninos é de interceptar o oxigênio ativo

formando radicais estáveis (SGARBIERI, 1999).

3.1.9.4 Ácido ascórbico

O ácido ascórbico é um antioxidante hidrossolúvel, tendo sua ação atribuída

à remoção de radicais e oxigênio singlete. Durante sua função antioxidante sua

oxidação vai até ácido dehidroascórbico com a formação intermediária do radical

ascorbil, que é relativamente pouco reativo (INEU, 2007).

Além do efeito antioxidante o ácido ascórbico, o isoascórbico ou ácido

eritórbico, assim como seus sais (ascorbato de sódio e eritorbato de sódio), são

utilizados como coadjuvantes de cura. A ação destes reside em dois mecanismos: a

capacidade de reduzirem a metamioglobina para mioglobina, e em potencializar a

formação de óxido nítrico a partir de nitritos (TRINDADE, 2008).

O nitrito (NO2) é um ingrediente essencial em carnes curadas, sua redução

a óxido nítrico (NO) promove a reação com a mioglobina produzindo a cor vermelha

característica de produtos curados crus, resultante da formação do pigmento

nitrosomioglobina (NOMb) (TRINDADE, 2008).

Na etapa de cozimento ou outro tipo de aquecimento , o pigmento NOMb é

convertido a nitroso-hemocromo, que caracteriza a cor rósea característica de

produtos cárneos curados cozidos (TRINDADE, 2008).

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33

4. Desenvolvimento do projeto

4.1 Seleção de extratos com propriedade antioxidante

Foram testados três extratos com capacidade antioxidante, codificados como

X, Y Z. A escolha dos mesmos teve como base os resultados obtidos em projeto

realizado no Departamento de Desenvolvimento de Produtos da Duas Rodas

Industrial com objetivo de avaliar a capacidade antioxidante de extratos em embutido

cárneo (salsichas). Nesta pesquisa os extratos foram testados isoladamente e em

misturas. Com a análise dos dados de análises físico-químicas e sensorial

complementar dos produtos, concluiu-se que as aplicações dos extratos X e Y em

associação e a de X isoladamente apresentam potencial antioxidante. Observou-se

que há uma limitação da aplicação destes extratos considerando que o extrato Y e a

mistura do extrato X com o extrato Y causaram escurecimento do produto.

Estabeleceu-se uma menor concentração do extrato Y e a escolha de um novo

extrato codificado como Z para os testeses.

4.2 Determinação da capacidade antioxidante dos extratos

A capacidade antioxidante dos extratos selecionados foi avaliada através da

análise da atividade seqüestrante do radical DPPH. Também foram realizadas

análises para quantificação de polifenóis totais (g de catequina/100g de extrato) e

ácido ascórbico (mg ácido ascórbico/100g de extrato). A medida da atividade

seqüestrante do radical DPPH (1,1-difenil-2-picrilidrazil), a quantificação de ácido

ascórbico e de polifenóis totais foram realizadas pela equipe do setor de Análises

Químicas e Microbiológicas (AQM) da Duas Rodas Industrial.

4.3 Preparo das amostras

A unidade experimental principal do estudo foi mortadela, sendo sua escolha

devido a melhor padronização do produto, tanto em condições de processamento

quanto de armazenamento.

As mortadelas seguiram formulação de mercado e foram produzidas com a

mesma massa. A composição dos produtos incluiu carne mecanicamente separada

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34

de frango (CMS), pernil suíno, toucinho lombar e água. Os demais ingredientes e

aditivos foram fécula de mandioca, proteína concentrada de soja, sal, mix para

mortadela (composto de sal, óleo essencial de cebola e óleo resina de pimenta

preta), cura (sal, nitrato de sódio e nitrito de sódio) e estabilizantes.

O processamento dos produtos cárneos ocorreu na Planta Piloto de

Assistência a Frigoríficos do setor de Desenvolvimento de produtos da Duas Rodas

Industrial, seguindo metodologia proposta por PARDI (2007) e que segue o

processamento industrial.

O processamento das mortadelas baseou-se na trituração das carnes e

toucinho em cutter MADO, capacidade de 10Kg, composto de duas facas e duas

velocidades de rotação. Em seguida houve a adição de estabilizantes

(tetrapolifosfato de sódio e pirofosfato ácido de sódio), cura, sal e mix para

mortadela. Nesta etapa metade do gelo foi adicionado para manter temperatura

baixa, favorecer a estabilidade da emulsão impedindo que desestabilize na etapa do

tratamento térmico. Posteriormente foi adicionada a proteína concentrada de soja, o

antioxidante e por fim a fécula de mandioca. A adição destes ingredientes ocorreu

de forma lenta, visando uma melhor incorporação dos mesmos. Após a obtenção de

uma massa homogênea, transferiu-se o conteúdo para uma embutidora MADO tipo

MWF591 de capacidade de 5Kg e operou-se o embutimento em envoltório

multicamada termoencolhível próprio, que impede a incidência de luz e permeação

de oxigênio, bem como a perda de umidade do embutido.

Foram embutidas mortadelas de 150g, as quais foram levadas à estufa

ELLER com circulação de ar a 60°C por 1 hora, sendo aumentada a 70°C por meia

hora e 80°C até atingir a temperatura de no mínimo 72°C no interior do produto,

totalizando aproximadamente 3 horas de cozimento.

Após o cozimento, as mortadelas foram submetidas a um banho de gelo até

atingir temperatura interna de 40°C (cerca de 15 minutos).

Os produtos foram armazenados sob refrigeração a ±4°C durante todo o

tempo do experimento.

A aplicação dos extratos obedeceu a níveis mínimos e máximos específicos

para cada extrato utilizado conforme Tabela 1.

Foram realizados os processamento de dois lotes de mortadelas, sendo

divididos conforme as aplicações dos planejamentos de aplicações XY e XZ, tendo

como padrão a aplicação de eritorbato de sódio (P). Assim aplicou-se planejamento

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35

fatorial 2² para observar o efeito das concentrações estabelecidas sobre os índices

analisados, sendo +1 o nível de concentração maior, -1 o nível de concentração

menor e 00 o ponto central equivalente a uma concentração média dos níveis de

concentração.

Tabela 1 - Planejamentos fatorial 2² para observar o efeito dos níveis de

concentração de extratos naturais sobre o controle da oxidação lipídica de

mortadelas

Planejamento XY Amostras

X Nível

YNível

Planejamento XZ Amostras

X Nível

ZNível

XY1 -1 -1 XZ1 -1 -1XY2 +1 -1 XZ2 +1 -1XY3 -1 +1 XZ3 -1 +1XY4 +1 +1 XZ4 +1 +1XY5 0 0

4.4 Acompanhamento da estabilidade oxidativa de mortadelas

As mortadelas foram enviadas para análises de índice de peróxido (I.P.),

TBARS, cor e análises microbiológicas de 15 em 15 dias, aproximadamente. A

análise de índice de peróxido foi realizada segundo metodologia AOCS (1980). Para

análise de TBARS foi utilizado método de espectofotometria UV/visível segundo

metodologia AOCS (1980) modificada. Para análise instrumental de cor utilizou-se

colorímetro portátil com sistema de leitura CIE Lab. As análises foram realizadas

pela equipe dos setores de Análises Químicas e Microbiológicas (AQM) e de

Análises Físico-Sensoriais (AFS) da Duas Rodas Industrial.

A análise sensorial de mortadelas ocorreu em intervalos de tempo regulares,

em média a cada 20 dias, sendo realizada por meio de teste de avaliação dos

atributos odor e sabor característicos de ranço se presentes e com relação à

intensidade dos mesmos. Para a avaliação dos atributos foram utilizadas escalas

não estruturadas de 9 cm, onde os extremos representam “ausente” (0 cm) e

“Intenso” (9cm) (Figura 2). Os testes foram avaliados por uma equipe de 6

julgadores treinados. As amostras foram mantidas sob temperatura de

armazenamento (4°C), sendo servidas em recipientes codificados com números de 3

dígitos.

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36

Nome: Data:

Análise Sensorial – Mortadela : teste com antioxidantes

Você está recebendo amostras de mortadela. Por favor, analise quanto

a intensidade de odor e sabor de ranço.

Amostra 179

Odor

Intenso

Sabor

Ausente Intenso

Comentários:

Figura 2 – Ficha da análise sensorial - teste de avaliação de atributos: odor e sabor

de ranço em mortadelas

Ausente Intenso

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37

5. Resultados

5.1 Análises dos extratos

Na Tabela 2 estão expressos os valores encontrados de ácido ascórbico,

polifenóis totais e capacidade antioxidante por DPPH dos extratos utilizados.

Tabela 2 – Valores de ácido ascórbico, polifenóis totais e análise de DPPH dos

extratos X, Y e Z

Extrato Ácido ascórbico (mg . 100g-¹ de extrato)

Polifenóis totais (g catequina . 100g-¹ de

extrato)

DPPH EC50

(µg . mL-¹ de solução)

X 22.052,00 6,27 20,10Y 2.595,00 12,98 39,00Z 1.542,00 17,78 14,61

Os extratos Y e Z apresentaram maior concentração de polifenóis que o

extrato X. O extrato X apresentou cerca de 22% de ácido ascórbico, valor superior

ao de Y e Z, 2,5% e 1,5% respectivamente.

A análise do potencial antioxidante por DPPH resulta num valor de EC50, que

significa quanto de amostra, no caso extrato, é necessário para diminuir em 50% a

concentração de radicais DPPH de uma solução. Portanto os menores valores

(µg.mL-¹) constituem os mais efetivos antioxidantes no que se refere a inativação de

radicais livres. Analisando a capacidade antioxidante em DPPH, o extrato Z possui

maior potencial que Y e X, porém os valores obtidos são pequenos, podendo-se

considerar forte o efeito de inibição de radicais livres em todos os extratos.

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38

5.2 Avaliação da estabilidade oxidativa de mortadelas com aplicação dos

extratos X e Z e de eritorbato de sódio

5.2.1 Resultados

Na Tabela 3 estão expressos os valores de Índice de Peróxido das

mortadelas durante o armazenamento.

Tabela 3 - Valores de Índice de Peróxido de mortadelas com aplicação dos extratos

X e Z e de eritorbato de sódio durante o armazenamento sob refrigeração por 55

dias

AmostraX

NívelZ

Nível t0

(m

Eq

. K

g-¹

)

t13

(mE

q .

Kg

-¹)

t27

(mE

q .

Kg

-¹)

t45

(mE

q .

Kg

-¹)

t55

(mE

q .

(Kg

-¹)

XZ1 -1 -1 9,94 19,44 12,39 6,38 9,30XZ2 +1 -1 9,87 12,15 6,95 5,16 7,23

XZ3 -1 +1 6,89 6,85 8,46 5,78 6,15

XZ4 +1 +1 7,47 5,05 6,00 8,30 5,85P1 - - 0,66 0,00 0,00 0,00 0,00

t = tempo em dias. XZ1: -1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1; XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão).

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39

A Figura 3 representa as variações do Índice de Peróxido das mortadelas

durante o armazenamento

Figura 3 – Variações dos valores de Índice de Peróxido de mortadelas com

aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio durante armazenamento. XZ1:

-1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1; XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão).

Na Tabela 4 estão os efeitos dos extratos X e Z no índice de peróxido das

mortadelas em 55 dias de armazenamento. A Tabela 5 apresenta a análise de

variância dos efeitos dos extratos sobre o I.P. de mortadelas ao mesmo tempo de

armazenamento.

Tabela 4 - Efeitos estimados dos extratos X e Z no Índice de Peróxido de;

mortadelas em 55 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (1)

Efeito Erro t(1) p -95,% +95,%

Mean/Interc. 7,13375 0,05622 126,88489 0,00501 6,41937 7,84812

X (g/100g PF) -1,1825 0,11244 -10,51630 0,06035 -2,61124 0,24624

Z (g/100g PF) -2,2625 0,11244 -20,12104 0,03161 -3,69124 -0,83375

X by Z 0,8875 0,11244 7,89278 0,08023 -0,54124 2,31624

Índice de Peróxido

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

0 10 20 30 40 50 60

Dias

I.P. (

mE

q/K

g)

XZ1 XZ2 XZ3 XZ4 P1

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Tabela 5 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Z sobre o

Índice de Peróxido de mortadelas em 55 dias de armazenamento. Planejamento

Fatorial 2² (1)

SS df MS F p

X (g/100g PF) 1,59806 1 1,59806 110,5926 0,06035

Z (g/100g PF) 5,8501 1 5,85017 404,85664 0,03161

X by Z 0,90017 1 0,9001 62,296094 0,08023

Error 0,01445 1 0,01445

Total SS 8,62748 4

Na Figura 4 está representada a curva de contorno dos efeitos dos extratos

X e Z sobre o índice de peróxido de mortadelas em 55 dias de armazenamento.

Figura 4 – Curva de contorno do efeito dos extratos X e Z sobre os valores de Índice

de peróxido de mortadelas em 55 dias de armazenamento

Na Tabela 6 estão expressos os valores de TBARS obtidos de mortadelas

com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio.

Fitted Surface; Variable: I.P. (mEq/Kg P.F.)

2 factors at two levels; MS Residual=,01445DV: I.P. (mEq/Kg P.F.)

10 9 8 7 6

0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10 0,11

X (g/100g PF)

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

0,045

0,050

0,055

0,060

0,065

Z (g

/100

g PF

)

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41

Tabela 6 - Valores de TBARS de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de

eritorbato de sódio durante o armazenamento sob refrigeração por 55 dias.

AmostraX

NívelZ

Nível t0

(mg

MA

.Kg

-¹)

t13

(mg

MA

.Kg

-¹)

t27

(mg

MA

.Kg

-¹)

t45

(mg

MA

.Kg

-¹)

t55

(mg

MA

.Kg

-¹)

XZ1 -1 -1 0,18 0,22 0,30 0,18 0,29XZ2 +1 -1 0,28 0,06 0,26 0,17 0,32XZ3 -1 +1 0,44 0,29 0,29 0,13 0,28XZ4 +1 +1 0,22 0,22 0,27 0,09 0,26P1 - - 0,23 0,19 0,25 0,02 0,35

t = tempo em dias. XZ1: -1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1; XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão). MA: malonaldeído

A Figura 5 representa as variações dos valores de TBARS em mortadelas

com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio (P1) durante o

armazenamento.

Figura 5 – Variações dos valores de TBARS de mortadelas com aplicação dos

extratos X e Z e de eritorbato de sódio durante armazenamento. XZ1: -1+1; XZ2:

+1-1; XZ3: -1+1; XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão)

TBARS

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0 10 20 30 40 50 60

Dias

TB

AR

S (

mg

m

alo

nal

deí

do

/Kg

)

XZ1 XZ2 XZ3 XZ4 P1

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Na Tabela 7 estão expressos os efeitos dos extratos X e Z sobre os valores

de TBARS em mortadelas com 55 dias de armazenamento. A Figura 6 representa a

curva de contorno dos efeitos dos extratos X e Z em mortadelas em 55 dias de

armazenamento.

Tabela 7 - Efeitos estimados dos extratos X e Z nos valores de TBARS de

mortadelas em 55 dias de armazenamento (Planejamento Fatorial 2² (1)

Efeito Erro t(1) p -95,% +95,%

Mean/Interc. 0,28625 0,00992 28,85128 0,02205 0,16018 0,41231

X (g/100g PF) 0,0025 0,01984 0,12598 0,92021 -0,24963 0,25463

Z (g/100g PF) -0,0375 0,01984 -1,88982 0,30983 -0,28963 0,25463

X by Z -0,0275 0,01984 -1,38586 0,39792 -0,28963 0,25463

Tabela 8 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Z

sobre os valores de TBARS de mortadelas em 55 dias de armazenamento.

Planejamento Fatorial 2² (1)

SS df MS F p

X (g/100g PF) 0,000007 1 0,000007 0,01587 0,92021

Z (g/100g PF) 0,00160 1 0,00160 3,57142 0,30983

X by Z 0,00086 1 0,00086 1,92063 0,39792

Erro 0,00044 1 0,00044

Total SS 0,0034 4

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43

Figura 6 – Curva de contorno do efeito dos extratos X e Z sobre os valores de

TBARS de mortadelas em 55 dias de armazenamento

Na Tabela 9 estão dispostos os valores de cor L*, a*, b* e a*/b* das

mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio.

Tabela 9 - Valores de cor L* (luminosidade), a* (vermelho) e b* (amarelo) de

mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio (P1) durante o

armazenamento por 55 dias

Amostra L* t0 L* t14 L* t27 L* t44 L* t55XZ1 57,56a 57,52 57,99a 58,28 58,09a

XZ2 59,17ab 58,00 56,90a 57,81 58,95b

XZ3 61,51c 60,57 61,04b 61,49 60,80c

XZ4 56,30d 58,33 58,77a 58,71 58,53b

P1 59,27b 57,96 58,41a 59,39 59,02b

Amostra a* t0 a* t14 a* t27 a* t44 a* t55XZ1 13,38 a 13,12 12,62 a 12,91 13,11a

XZ2 13,47 a 13,80 13,46 ab 13,77 13,42a

XZ3 11,79 b 12,40 11,87 a 12,16 12,16b

XZ4 13,88 a 13,64 13,05 ab 13,21 13,28a

P1 13,45 a 14,13 13,54 b 13,16 13.25a

Amostra b* t0 b* t14 b* t27 b* t44 b* t55XZ1 13,30 a 13,54 13,23 a 13,33 13,27a

XZ2 13,47 a 13,90 13,73 abc 13,58 13,73ab

XZ3 13,33 a 13,86 13,78 bc 13,73 13,70ab

XZ4 13,22 a 13,81 13,39 abc 13,32 13,70ab

P1 13,78 b 14,05 13,88 bc 14,26 13.97b

Em cada coluna compara-se isoladamente as médias de cada valor de cor (L*, a*, b*); as médias

seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade de

erro. Os dados representam a média de três repetições.

Fitted Surface; Variable: TBARS (mg malonaldeído / Kg)

2 factors at two levels; MS Residual=,00045DV: TBARS (mg malonaldeído / Kg)

0,32 0,3 0,28 0,26

0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10 0,11

X (g/100g PF)

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

0,045

0,050

0,055

0,060

0,065

Z (g

/100

g PF

)

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44

Na Figuras 7 e 8 estão representadas as variações de cor L* e a* das

mortadelas durante o armazenamento.

Figura 7 - Valores de L* de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de

eritorbato de sódio durante o armazenamento. XZ1: -1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1;

XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão)

a*

11,50

12,00

12,50

13,00

13,50

14,00

14,50

0 10 20 30 40 50 60

Dias

a*

XZ1 XZ2 XZ3 XZ4 P1

L*

56,00

57,00

58,00

59,00

60,00

61,00

62,00

0 10 20 30 40 50 60

Dias

L*

XZ1 XZ2 XZ3 XZ4 P1

Figura 8 - Valores de a* de mortadelas com aplicação dos extratos X e Z e de

eritorbato de sódio durante o armazenamento XZ1: -1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1;

XZ4: +1+1; P1: eritorbato de sódio (padrão)

sódio em 55 dias de armazenamento. XZ1: -1+1; XZ2: +1-1; XZ3: -1+1;

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45

5.2.2 Análise de Índice de peróxido (I.P.)

Os valores de Índice de Peróxido (I.P.) obtidos nas análises de mortadelas

com aplicação das misturas dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio estão

expressos na Tabela 3.

As mortadelas XZ3 e XZ4 apresentaram os menores valores de I.P quando

comparados aos de XZ1 e XZ2 em 55 dias de armazenamento. Estes resultados

indicam que a utilização do maior nível de concentração do extrato Z promoveu

inibição significativa (p ≤ 0,05) da formação peróxidos, conforme observa-se na

Tabela 4. Também, quando se aumentou a concentração do extrato X observou-se a

redução de peróxidos na mortadela XZ2 quando comparada a XZ1, conforme Figura

3.

A mortadela P1 apresentou os menores valores de I.P. comparando-se às

outras contendo mistura de extratos X e Z.

O aumento da concentração do extrato Z e o aumento dos dois extratos no

produto promoveram a diminuição do I.P. em 55 dias de armazenamento, como

pode ser observado na Figura 4. Com isso quando se utilizou o maior nível de

concentração do extrato Z combinado ao maior nível do extrato X ocorreu diminuição

da formação de peróxidos, fato que pode ser correlacionado ao alto teor de

polifenóis presentes no extrato Z (17%) e o alto teor de ácido ascórbico no extrato X

(22%). Apesar de apresentar menor teor de compostos fenólicos, o extrato X provém

a mistura com estes compostos, assim como Z que possui cerca de 1,5% de ácido

ascórbico.

Na Tabela 4 observa-se o efeito significativo (p<0,005) do extrato Z na

diminuição do I.P. em mortadelas aos 55 dias de armazenamento, este efeito pode

ser relacionado à alta capacidade antioxidante em DPPH (14,61µg. mL-1 de solução).

5.2.3 Análise de TBARS

Os valores de TBARS obtidos nas análises de mortadelas com aplicação

das misturas dos extratos X e Z e de eritorbato de sódio (P1) estão expressos na

Tabela 6. Todas as mortadelas apresentaram valores de TBARS com variações

similares nos tempos analisados. A Figura 5 refere-se as oscilações dos valores

durante o armazenamento.

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46

A mortadela P1 apresentou o menor valor de TBARS (0,02) quando

comparada às outras em 45 dias de armazenamento. A aplicação da mistura dos

extratos nos maiores níveis também promoveu menor valor de TBARS para a

mortadela XZ4, tendo 0,09 mg malonaldeído/Kg de produto no tempo referido.

A diferença entre os valores de TBARS das mortadelas XZ3 e XZ4, 0,13 e

0,09 respectivamente, aos 45 dias de armazenamento, indicam a efetiva ação da

concentração de maior nível do extrato X combinada a de maior nível de Z sobre a

diminuição da formação de malonaldeído.

Aos 55 dias de armazenamento houve aumento dos valores de TBARS em

todas as mortadela (Figura 5), as quais apresentaram aumento de 0,18 – 0,29 em

XZ1, de 0,17- 0,32 em XZ2, de 0,13 - 0,28 em XZ3, de 0,09 - 0,26 em XZ4, 0,02 –

0,35 em P1 (Tabela 6).

O maior aumento de TBARS em 55 dias de armazenamento foi observado

na mortadela P1 (0,35 mg malonaldeído/Kg), o qual apresentou-se maior que nas

demais.

Na Tabela 7 observa-se que os extratos X e Z não apresentam efeitos

significativos sobre TBARS (p>0,005) em 55 dias de armazenamento. Porém na

Figura 5, observa-se que a mortadela XZ4 quando comparada a P1 apresentou

menor valor de TBARS.

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47

5.2.4 Análise de cor

A análise de cor por colorímetro utilizando sistema CIE Lab possibilitou

demonstrar diferenças entre as amostras de mortadela com o objetivo de avaliar os

efeitos da adição de extratos sobre este atributo.

Os valores de L*, a* e b* obtidos até 55 dias de armazenamento dos

produtos sob refrigeração estão expressos nas Tabela 9.

Durante os tempos analisados a mortadela que não diferiu significativamente

da padrão (P1) no que se refere aos valores L*. a* foi XZ2.

O aumento da concentração do extrato Z na mortadela XZ4 não influenciou

na variação de a* quando comparada a XZ2 durante o armazenamento, como pode

ser visto na Figura 8.

Em 55 dias de armazenamento a mortadela XZ3 apresentou a maior média

de L* , e XZ1 diferiu significativamente das demais, apresentando a menor média de

L* e a*, sendo considerada o produto com cor mais pardacenta. A aplicação da

menor concentração de X em XZ3 diminuiu o valor de a* (vermelho), diferindo-a das

demais mortadelas. Este efeito pode ser associado a menor concentração do extrato

X, rico em ácido ascórbico, o que pode ocasionar a oxidação do pigmento nitroso-

hemocromo, produzindo hemocromos que aumentam as cores marrom ou cinza do

produto. Outro fator é o nível de maior concentração do extrato Z, rico em polifenóis

como os taninos, os quais são facilmente oxidados produzindo compostos de

coloração escura (quinonas). O mesmo não ocorre em XZ4, na qual, a maior

concentração do extrato X impediu a descoloração do produto, inibindo a oxidação

da nitrosomioglobina e ou oxidação de taninos.

No mesmo tempo observou-se que as mortadelas XZ1, XZ2 e XZ4 não

diferem pelo teste de Tukey nos valores médios de L* e a* da mortadela padrão P1.

Apenas o valor de b* em XZ1 é menor que em P1, porém não influenciou a cor do

produto.

5.2.5 Análise Sensorial

A primeira análise sensorial das mortadela foi realizada quando os produtos

tinham 21 dias de estocagem. Neste tempo não foram detectados odor e sabor de

ranço, o que pode ser correlacionado com os baixos índices de TBARS das

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48

amostras até aquele momento. Em comentários adicionais na análise a amostra de

mortadela padrão (P1) apresentou sabor estranho e sabor da carne suína muito

acentuada e a mortadela XZ1 foi considerada a melhor de todas as amostras. A

amostra XZ2 foi caracterizada em comentários pelo sabor agradável, mais aromática

e mais condimentada. Já na mortadela que possui concentração do nível maior do

extrato Z e concentração de nível menor do extrato X (XZ3), em comentários foi

identificado sabor e odor mais suaves, sabor “estranho”, “mais forte” e “residual” que

nas demais amostras.

A análise sensorial realizada das mortadelas com 49 dias de

armazenamento não indicou a presença de sabor e odor de ranço. Apenas foi

identificada nos comentários a diferença na coloração da amostra de XZ3, sendo

mais clara que as demais mortadelas, fato comprovado através da análise

instrumental de cor dos produtos.

Em análise sensorial aos 68 dias de armazenamento, não foram detectados

odor e sabor de ranço. Entre as mortadelas com aplicação dos extratos apenas à

mortadela XZ2 (+1-1) foi comentado a presença de “sabor e odor gordurosos”. A

mortadela P1 (padrão) foi caracterizada em comentários por ter sabor e aroma mais

intensos e característicos de mortadela que as demais.

Uma observação importante dos comentários na análise foi que nas

mortadelas com aplicação dos extratos o sabor típico do produto encontrava-se

encoberto e por isto apresentavam-se mais fracas sensorialmente quando

comparadas a padrão. Com isso pode-se prever que a adição de maior

concentração dos extratos interferiria negativamente no sabor e odor, porém as

concentrações utilizadas não afetariam um produto comercial pois são produtos

mais condimentados do que o produto analisado.

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49

5.3 Avaliação da estabilidade oxidativa de mortadelas com aplicação dos

extratos X e Y e de eritorbato de sódio.

5.3.1 Resultados

Os valores de índice de peróxido (I.P.) obtidos nas análises de mortadelas

com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio estão expressos na

Tabela 10.

Tabela 10 - Valores de Índice de Peróxido de mortadelas com aplicação dos extratos

X e Y e de eritorbato de sódio durante o armazenamento sob refrigeração por 56

dias

Amostra X

Nív

eis

con

cen

tra

ção

Y

Nív

eis

con

cen

tra

ção

t0(m

Eq

.Kg

-¹)

t13

(mE

q.K

g-¹)

t28

(mE

q.K

g-¹)

t43

(mE

q.K

g-¹)

t56

(mE

q.K

g-¹)

XY1 -1 -1 8,81 8,78 5,46 3,40 5,44XY2 +1 -1 8,22 6,86 4,27 2,49 6,15XY3 -1 +1 7,35 7,66 7,01 4,27 6,14XY4 +1 +1 8,32 8,41 2,84 2,94 4,77

XY5 0 0 7,13 10,51 6,86 3,04 4,47

P2 - - 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

t = tempo em dias. XY1: -1+1; XY2: +1-1; XY3: -1+1; XY4: +1+1; XY5: 00; P2: eritorbato de sódio (padrão)

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50

Na Figura 9 pode-se observar as variações do Índice de Peróxido das

mortadelas durante o armazenamento.

Figura 9 – Variações dos valores de índice de peróxido de mortadelas durante

armazenamento, com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio. XY1: -

1+1; XY2: +1-1; XY3: -1+1; XY4: +1+1; XY5: 00; P2: eritorbato de sódio (padrão)

Na Tabela 11 encontram-se os efeitos dos extratos X e Y sobre o índice de

peróxido de mortadelas em 56 dias de armazenamento.

Índice de peróxido

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

0 10 20 30 40 50 60

Dias

I.P. (

mE

q/K

g)

XY1 XY2 XY3 XY4 XY5 P2

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51

Tabela 11 - Efeitos estimados dos extratos X e Y no Índice de Peróxido de

mortadelas em 56 dias de armazenamento. (Planejamento Fatorial 2²; R = 12,8607)

Efeito Erro t(8) p -95,% +95,%

Média/Interc. 4,58461 1,51755 3,02106 0,09432 -1,9449 11,11411

X (g/100g PF) -0,11846 3,34451 -0,03542 0,097496 -14,5088 14,27184

Y (g/100g PF) -0,12846 3,34451 -0,03841 0,97285 -14,5188 14,26184

X by Y -0,82846 3,34451 -0,24770 0,82747 -15,2188 13,56184

Tabela 12 - Efeitos estimados dos extratos X e Y no Índice de TBARS de mortadelas

em 56 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (2)

Efeito Erro t(2) p -95,% +95,%

Média/Interc. 0,22666 0,02756 8,22298 0,01446 0,10806 0,34526

X (g/100g PF) -0,00333 0,06075 -0,05486 0,96123 0,26472 0,25805

Y (g/100g PF) -0,04333 0,06075 0,71330 0,54966 0,30472 0,21805

X by Y 0,04666 0,06075 0,76817 0,52268 0,21472 0,30805

Tabela 13 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Y sobre

os valores de Índice de Peróxido de mortadelas em 56 dias de armazenamento.

Planejamento Fatorial 2² (2)

SS df MS F p

X (g/100g PF) 0,000013 1 0,000013 0,00301 0,96123

Y (g/100g PF) 0,00215 1 0,00215 0,50880 0,54966

X by Y 0,00249 1 0,00249 0,59008 0,52268

Erro 0,00846 2 0,00423

Total SS 0,01253 5

Tabela 14 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Y sobre

os valores de TBARS de mortadelas em 56 dias de armazenamento. Planejamento

Fatorial 2² (2)

SS df MS F p

X (g/100g PF) 0,01610 1 0,01610 0,001255 0,97496

Y (g/100g PF) 0,01893 1 0,01893 0,001475 0,97285

X by Y 0,78728 1 0,78728 0,061359 0,82747

Erro 25,66154 2 12,83077

Total SS 26,61935 5

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52

Os valores obtidos nas análises de TBARS das mortadelas estão expressos

da Tabela 15. As variações de TBARS dos produtos podem ser analisadas na Figura

10.

Tabela 15 - Valores de TBARS de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y e

de eritorbato de sódio durante armazenamento sob refrigeração por 56 dias

AmostraX

NívelY

Nível t0(m

g M

A.K

g-¹

)

t13

(mg

MA

.Kg

-¹)

t28

(mg

MA

.Kg

-¹)

t43

(mg

MA

.Kg

-¹)

t56

(mg

MA

.Kg

-¹)

XY1 -1 -1 0,30 0,25 0,25 0,26 0,26XY2 +1 -1 0,35 0,30 0,36 0,30 0,21XY3 -1 +1 0,40 0,39 0,41 0,32 0,17XY4 +1 +1 0,36 0,33 0,26 0,35 0,17XY5 0 0 0,28 0,23 0,38 0,27 0,27P2 - - 0,29 0,24 0,29 0,38 0,28

t = tempo em dias. XY1: -1+1; XY2: +1-1; XY3: -1+1; XY4: +1+1; XY5: 00; P2: eritorbato de sódio (padrão). MA: malonaldeído.

Figura 10 – Variações dos valores de TBARS de mortadelas durante

armazenamento, com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio. XY1: -

1+1; XY2: +1-1; XY3: -1+1; XY4: +1+1; XY5: 00; P2: eritorbato de sódio (padrão)

TBARS

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0 10 20 30 40 50 60

Dias

TB

AR

S (

mg

ma

lon

ald

eíd

o /

Kg

)

XY1 XY2 XY3 XY4 XY5 P2

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53

Tabela 16 - Efeitos estimados dos extratos X e Y no Índice de TBARS de

mortadelas em 56 dias de armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (2)

Efeito Erro t(2) p -95,% +95,%

Média/Interc. 0,22666 0,02756 8,22298 0,01446 0,10806 0,34526

X (g/100g PF) -0,00333 0,06075 -0,05486 0,96123 0,26472 0,25805

Y (g/100g PF) -0,04333 0,06075 0,71330 0,54966 0,30472 0,21805

X by Y 0,04666 0,06075 0,76817 0,52268 0,21472 0,30805

Tabela 17 - Análise de variância (ANOVA) para os efeitos dos extratos X e Y

sobre os valores de Índice de Peróxido de mortadelas em 56 dias de

armazenamento. Planejamento Fatorial 2² (2)

SS df MS F p

X (g/100g PF) 0,000013 1 0,000013 0,00301 0,96123

Y (g/100g PF) 0,00215 1 0,00215 0,50880 0,54966

X by Y 0,00249 1 0,00249 0,59008 0,52268

Erro 0,00846 2 0,00423

Total SS 0,01253 5

Na Figura 11 observa-se a curva de contorno dos efeitos dos extratos X e Y

nos valores de TBARS das mortadelas em 56 dias de armazenamento.

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54

Figura 11 - Curva de contorno do efeito dos extratos X e Y nos valores de TBARS de

mortadelas em 56 dias de armazenamento.

As médias dos valores de L*, a*, b* e a*/b* obtidos na análise de cor por

colorímetro dos produtos estão expressos na Tabela 8. As variações dos valores de

L* das mortadelas podem ser analisadas na Figura 12. A Figura 13 demonstra as

variações dos valores de a*.

Fitted Surface; Variable: TBARS (mg malonaldeído / Kg)

2 factors at two levels; MS Residual=,0042333DV: TBARS (mg malonaldeído / Kg)

0,28 0,26 0,24 0,22 0,2 0,18

0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10 0,11

X (g/100g PF)

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

0,045

0,050

0,055

0,060

0,065Y

(g/1

00g

PF)

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55

Tabela 18 - Valores das médias de L* (luminosidade), a* (vermelho), b* (amarelo) de

mortadelas com aplicação dos extratos X e Y e de eritorbato de sódio.

Amostra L* t0 L* t14 L* t32 L* t46 L* t63XY1 61,27a 61,10 60,42a 62,48 60,26a

XY2 61,70ab 60,85 61,83a 62,09 63,30b

XY3 60,01c 59,17 60,37a 60,17 60,69a

XY4 62,30b 62,30 62,98a 60,31 62,39ab

XY5 62,30b 60,71 60,57a 60,92 61,19ab

P2 60,12c 59,56 59,77a 58,60 59,04a

Amostra a* t0 a* t14 a* t32 a* t46 a* t63XY1 11,57a 11,90 11,97a 11,68 12,37a

XY2 11,91ab 12,23 11,70a 11,84 11,78a

XY3 12,46bc 12,98 12,17a 12,43 12,18a

XY4 11,66a 11,65 11,49a 11,73 11,71a

XY5 11,66a 12,22 12,31a 12,05 12,25a

P2 12,99c 13,34 13,11a 13,53 13,56b

Amostra b* t0 b* t14 b* t32 b* t46 b* t63XY1 13,41a 13,29 13,34a 13,74 13,64a

XY2 14,0b 13,78 13,85b 13,97 13,71ab

XY3 13,91a 13,79 13,67ab 13,83 13,76ab

XY4 13,57a 13,73 14,15b 13,63 14,05b

XY5 13,84a 13,71 13,84b 13,60 13,99b

P2 13,60a 13,61 13,54ab 13,68 13,79ab

Em cada coluna compara-se isoladamente as médias de cada valor de cor (L*, a*, b*); as médias

seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade de

erro. Os dados representam a média de três repetições

Figura 12 - Valores de L* de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y durante

armazenamento.

L*

56,00

57,00

58,00

59,00

60,00

61,00

62,00

63,00

64,00

0 10 20 30 40 50 60 70

Dias

L*

XY1 XY2 XY3 XY4 XY5 P2

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Figura 13 - Valores de a* de mortadelas com aplicação dos extratos X e Y e

eritorbato de sódio durante o armazenamento

5.3.2 Análise de Índice de peróxido (I.P.)

Os valores de I.P. das mortadelas expressos na Tabela 6 demonstram que

os menores valores em todas as amostras ocorreram no tempo de 43 dias de

armazenamento. Na Figura 9 observa-se a tendência de diminuição do I.P em todas

as amostras de mortadela com aplicação dos extratos.

As mortadelas com aplicação dos extratos X e Y apresentaram valores de

I.P. superiores a mortadela com aplicação de eritorbato de sódio (P2).

Após 43 dias de armazenamento houve aumento do I.P. em todas as

amostras com aplicações dos extratos X e Y. Os menores valores de I.P. em 56 dias

de armazenamento foram das mortadelas XY4 e XY5 quando comparadas as outras

com aplicação dos extratos. Conforme a Tabela 11, o efeito dos extratos no tempo

referido não foi significativo (p>0,05) na inibição da formação de peróxidos, porém

houve tendência ao decréscimo do índice quando analisa-se a Figura 9.

a*

11,00

12,00

13,00

14,00

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Dias

a*

XY1 XY2 XY3 XY4 XY5 P

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5.3.3 Análise de TBARS

Os valores de TBARS das mortadelas expressos na Tabela 15 demonstram

a ocorrência de significativa redução da formação de malonaldeído com a aplicação

dos extratos X e Y em 56 dias de armazenamento. As mortadelas XY3 e XY4

apresentaram os menores valores de TBARS que as demais em 56 dias de

armazenamento. Observa-se na Figura 10 a maior inibição da formação de

malonaldeído na mortadela XY4, ou seja, com a utilização dos maiores níveis de

concentração dos extratos. Quando comparada a mortadela XY3, a mortadela XY4

apresenta-se com menor oxidação, possivelmente pela ação sinérgica dos

extratos X e Y sobre a inibição ou retardo da reação oxidação no que se refere a

formação de compostos secundários da reação. Em 43 dias de armazenamento do

produto as mortadelas com aplicação dos extratos apresentaram menores valores

de TBARS que a P2 (padrão).

A mortadela XY1 manteve-se com valores de TBARS relativamente estáveis

em todos os tempos analisados. Portanto os menores níveis de X e Y apresentaram

maior efeito sobre a inibição da formação de malonaldeído em 43 dias de

armazenamento como demonstra a Figura 10. No entanto os menores valores em

56 dias de armazenamento foram observados com a aplicação dos maiores níveis

de concentração dos extratos, na mortadela XY4 e no menor nível de concentração

do extrato X combinado ao maior nível de concentração do extrato (mortadela XY3).

A mortadela XY5 apresentou variação de TBARS semelhante a P1 ao longo

do tempo de armazenamento, sendo que seu valor em 56 dias foi bem próximo ao

da mortadela padrão (P1).

5.3.4 Análise de cor

Os valores de L*, a*, b* e a relação a*/b* dispostos da Tabela 18 possibilitam

observar a alteração proveniente das aplicações de diferentes níveis de

concentração dos extratos X e Y sobre a cor do embutido durante o

armazenamento.

Em 63 dias de armazenamento as mortadelas com aplicação dos menores

níveis de concentração dos extratos (XY1) e do menor nível de X combinado ao

maior de Y (XY3) não diferiram quanto à luminosidade (L*) da mortadela P2

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(padrão).

As mortadelas com aplicação dos maiores níveis de concentração e a da

média de concentração (XY4 e XY5 respectivamente) não tiveram diferença no valor

de L*. As mortadelas com aplicação dos extratos X e Y não apresentaram diferença

significativa de a* (vermelho) em 63 dias de armazenamento. A mortadela padrão

(P2) diferiu significativamente pelo teste de Tukey das demais, tendo o maior valor

de a* (13,56).

A aplicação dos extratos X e Y promoveu a diminuição do valor de a* no

produto quando comparada a mortadela P2, como é observado na Figura 13.

Em relação aos valores de L* (luminosidade), a aplicação do nível maior de

concentração do extrato X com o nível menor do extrato Y diferiu significativamente

pelo teste de Tukey (Tabela 18) das mortadelas P2, XY1 e XY3, considerando-se

mais clara que as citadas (Figura 11). Com isso pode-se prever que a utilização da

maior concentração do extrato X auxilia na prevenção ao escurecimento do produto,

como também pode ser observado na mortadela XY4, que possui os maiores níveis

de concentração dos extratos.

5.3.5 Análise sensorial

As análises foram realizadas em 21 e 56 dias de armazenamento das

mortadelas. Não houve detecção de sabor e odor de ranço na primeira análise.

Neste tempo, as mortadelas XY2 e XY3 apresentaram sabor e odor gordurosos

aumentados, segundo os comentários dos julgadores. Na mortadela XY4, também

pelos comentários apresentou menor intensidade desses atributos, sendo que a

mortadela XY5 apresentou-se similar a esta e a P2. A mortadela padrão foi

considerada a mais aromática do tempo analisado segundo opinião dos julgadores.

Na análise em 56 dias de armazenamento não foram detectados sabor e

odor de ranço no produto. Algumas considerações foram feitas pelos julgadores à

mortadela P2, como sendo a melhor amostra e apresentar sabor suave. Para a

mortadela XY2 foi comentada a presença de sabor um pouco mais ácido que as

demais.

Com estas análises pode-se perceber que os extratos afetam pouco as

características sensoriais do produto.

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6. Sugestões

Ao Curso

As sugestões abaixo representam alguns aspectos observados durante o

período de graduação os quais sugere-se serem reavaliados:

Necessidade de ampliação e implantação de um programa de projetos de

pesquisa, visando aumentar a oportunidade dos docentes interessados a ingressar

em iniciação científica.

Necessidade de reestruturação na ementa de disciplinas Aditivos

Alimentares, explorando mais a funcionalidade e aplicações dos mesmos, bem como

realizar aulas práticas em ampla tecnologia.

Necessidade de reestruturação na ementa da disciplina de estatística,

explorando mais a aplicabilidade do conteúdo em experimentos e pesquisas.

Intercomunicação com outros cursos de graduação os quais possam

oportunizar estágios e pesquisas em parceria com o curso Bacharelado em Química

de Alimentos, também oferecer disciplinas correlacionadas a área de alimentos

devido a aplicabilidade da interdisciplinaridade na tecnologia de alimentos e na vida

profissional de um Químico de Alimentos.

À Empresa

As sugestões a seguir constam de algumas observações realizadas durante

o período de estágio na Empresa com o objetivos de rever alguns conceitos :

Às análises físico-químicas referentes a projetos de pesquisa sugere-se a

realização em duplicata ou triplicata buscando assim a reprodutibilidade de

resultados, como também a precisão dos métodos utilizados. Com isso pode-se ter

uma correlação estatística das médias de múltiplos dados e maior precisão dos

efeitos de variáveis;

Realização de shelf-life das misturas dos extratos com melhor potencial

antioxidante obtidos, com o objetivo de analisar a estabilidade dos princípios ativos,

como polifenóis e ácido ascórbico;

Estudo de novos extratos naturais com potencial antioxidante e fixador de

cor em produtos cárneos; possível aplicabilidade dos extratos em outros produtos

cárneos como pré-cozidos e/ou pré-fritos, molhos e produtos com óleo vegetal.

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7. Conclusão

O estágio curricular supervisionado referente ao oitavo semestre do Curso

de Bacharelado em Química de Alimentos realizado na Empresa Duas Rodas

Industrial Ltda foi de suma importância para o enriquecimento dos meus

conhecimentos técnico-profissionais, a execução prática de conhecimentos

adquiridos durante a graduação, e a aquisição de experiência em pesquisa e

desenvolvimento de produtos.

O Bacharel em Química de Alimentos possui extrema importância na

pesquisa e desenvolvimento de uma empresa de alimentos, por possuir

conhecimentos teóricos e práticos suficientes para direcionar e desenvolver projetos,

métodos e soluções na área de ingredientes e aditivos.

Um profissional Químico de Alimentos qualificado deve apresentar

conhecimentos específicos da área onde está inserido e conhecimentos da área

técnica e industrial. Além disso a experiência prévia em pesquisa é de grande

importância para a execução e aprimoramento do desenvolvimento de produtos,

bem como visão comercial do produto que se busca e está em desenvolvimento.

Importantes qualidades do profissional são a ética profissional, manter sigilo

profissional, organização, responsabilidade e ter habilidade de administrar pessoas,

relacionando-se com clareza e caráter.

Com a pesquisa e desenvolvimento realizadas no estágio supervisionado

concluiu-se que a mistura dos extratos X e Y e de X e Z possuem potencial

antioxidante quando aplicadas em embutido cárneo cozido. O extrato X apresentou,

em sua maior concentração nas misturas, efeito sobre a inibição do escurecimento

do produto, bem como efeito sinérgico com os extratos Z e Y na inibição da oxidação

no que se refere a formação de compostos secundários da reação. A utilização da

mistura do extrato X e do extrato Z possibilitou a obtenção de cor no produto

próximo ao padrão. Enquanto que a aplicação da mistura dos extrato X e Y

acarretaram a diminuição da cor rosácea do produto quando comparada a padrão,

porém não afetou significativamente a aparência do produto. A utilização das

misturas com maiores concentrações dos extratos apresentaram potente ação sobre

a estabilidade oxidativa de mortadelas.

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Anexo