Espetacularização da Notícia: Crimes e Escândalos
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Universidade Nove de Julho
Junho 2011
Fundamentos do Jornalismo
Espetacularização da Notícia:
Crimes e Escândalos
Universidade Nove de Julho
Junho 2011
Integrantes do grupo
CAROLINA ROSA
LAILA KUTTNER
LYGIA COSTA
NATHALIA GHILARDI
RENAN PEREIRA
ALINE SOUZA
Sumário
1. Caso Eloá Pimentel ............................................................... 04
1.1 A Invasão ........................................................................ 04
1.2 A Ordem ........................................................................ 07
1.3 Desfecho Trágico ......................................................... 08
1.4 Revelação ...................................................................... 10
2. Caso Daniela Perez ................................................................10
3. Caso Mércia Nakashima .......................................................13
4. Caso Sandra Gomide (Pimenta Neves) ..............................14
5. Caso Ives Ota ..........................................................................16
6. Caso Isabella Nardoni ............................................................16
7. Caso Escola Base ...................................................................17
8. Fontes de Pesquisa ................................................................18
1. CASO ELOÁ PIMENTEL
1.1 A INVASÃO
No dia 13 de outubro de 2008 acontecia o maior sequestro da história
brasileira, a vítima era Eloá Cristina Pimentel de 15 anos e estudante do ensino
médio. No dia do seu sequestro, a garota estava reunida com os amigos para
fazer trabalhos escolares quando sua residência foi invadida pelo sequestrador,
seu ex-namorado Lindemberg Alves, que estava com uma arma calibre 32 ,
ele não aceitava o termino do relacionamento e resolveu manter sua ex-
namorada em cárcere privado. Eloá estava acompanhada de três amigos,
Nayara, Vitor e Iago, com ciúmes dos garotos, o sequestrador deu uma
coronhada em Vitor e bateu no outro menino. Em seguida ele agride Eloá com
tapas, puxões de cabelos e empurrões, a garota pede para que ele saia do
apartamento, mas o rapaz mostra um saco cheio de munição e diz que
pretende ficar. O pai de Vitor, preocupado com a demora do filho em regressar
para casa aciona a policia, que vai até a casa da ex-namorada do
sequestrador, Lindemberg dispara contra o policial Atos. O policial pede reforço
para o GATE ( Grupo de Ações Táticas Especiais) um negociador conversa
com o rapaz que pede para chamar a imprensa. O show começa dali para
frente. Liso como os familiares de Lindemberg o chamavam, depois de deferir
tapas no rosto dos dois rapazes acabou liberando-os após a insistência de
Nayara, os rapazes estavam muito assustados e choravam, eles foram
libertados no primeiro dia de sequestro, A amiga de sua ex- namorada
permaneceu no local por que o sequestrador acreditava que ela teria feito a
cabeça da menina para deixa-lo, depois que os meninos foram libertados
,restou somente Eloá e sua melhor amiga Nayara Silva que permaneceriam
juntas até o desfecho do caso.
A Imprensa foi até o conjunto habitacional em Santo André ( SP) onde morava
Eloá e ocorria o sequestro da moradora. As lentes da câmera ficavam focadas
no apartamento 23 onde três pessoas passariam 100 horas de suas vidas e o
desfecho seria fatal para uma delas, todos os moradores foram impedidos de
saírem de suas casas, a partir daquele momento todos, inclusive a imprensa
viveria um cárcere.
A policia negociava com Lindemberg , que mostrava- se inconstante a cada
conversa telefônica era evidente que ele sofria algum distúrbio de
personalidade, dizia amar a garota, disse consecutivas vezes que a libertaria,
minutos depois voltava atrás e pedia para que a policia invadisse o local para
ele acabar de vez com a situação e que a mataria.
No segundo dia do sequestro, Lidemberg fez a sua primeira aparição com uma
arma apontada para Eloá ele foi até a janela da sala e ficou atrás dela, a
menina tinha feições de desespero e pedia calma para os policiais e para os
familiares, depois foi a vez de Nayara aparecer na Janela, incomodado com a
aglomeração de curiosos e com as noticias na Tv de que ele não alimentava as
garotas, Liso atirou contra a população pela janela do banheiro, ouve correria,
pânico e gritaria, porém ninguém se machucou, ele estava disposto a tudo e
queria mostrar para a policia que ele mandava na situação. O sequestrador
transformou o crime em uma verdadeira peça de teatro, colocava as vitimas
frequentemente na janela, ligava para os familiares delas, mostrava que ele
dominava aquela situação.
Os Jornais noticiavam cada detalhe das conversas entre sequestrador e
negociador, em noticiários faziam debates de como seria o desfecho,
comentaristas apostavam que seria um final passivo. Revoltado com as
especulações da mídia, Lindemberg atira contra a imprensa, o jornalista
Márcio Campos relata em seu livro que ouviu um estrondo e que estava no ar
quando o rapaz disparou contra os jornalistas.
A policia resolve agir, já que o sequestrador não cumprirá o que havia
prometido ( Libertar Nayara) eles cortam a energia elétrica. Enfurecido,
Lindemberg liga para o negociador e diz que vai agredir as garotas, então ele
começa a bater nas garotas e ameaçou a atirar nas duas. Após esse incidente
e conversas com os negociadores, convencido Lindemberg resolve libertar
Nayara. A garota confessou a policia que Lindemberg batia frequentemente
nelas e não alimentava as meninas e dizia que passaria um mês dentro do
apartamento repórteres. Foi então que começou o tão sonhado “furo” de
reportagem , o telefone do sequestrador vazou entre os jornalistas e a primeira
rede de televisão a entrevistar o jovem foi a REDETV, o repórter Luís Guerra
do programa a Tarde é Sua e a apresentadora Sônia Abrão. O programa
atingiu picos de audiência, os telespectadores paravam em frente da TV, um
show estava acontecendo, pois o sequestrador do maior sequestro ocorrido no
Brasil, falava ao vivo e autorizou que a vitima falasse em rede nacional. Sônia
utilizou todas as técnicas para “prender” o público na transmissão da matéria
foram abordadas, a apresentadora mostrou-se comovida e convidou
especialistas para comentar do caso um deles chegou a mencionar que o
acontecimento daria em “pizza” que era apenas uma briga de namorados,
outros diziam que tudo acabaria bem, todos estavam enganados. Depois da
entrevista concedida a REDETV, foi a vez da Tv Globo, Rede Record e os
jornais impressos.
Certo dia, o sequestrador ligou para polícia e disse que libertaria Eloá, mas que
exigia a presença de Douglas e Nayara, e pediu para que eles subissem até o
corredor do apartamento, Nayara receberia Eloá. A polícia buscou a jovem e o
irmão da vitima, como pedido por Lindemberg, os dois ficaram no corredor
enquanto eles falavam com o sequestrador pelo aparelho celular, o criminoso
dizia que não estava enxergando a jovem e pediu para que ela se aproximasse
de porta, de repente ele a abriu e estava atrás de Eloá, as duas deram as mãos
e Alves, puxou Nayara para o interior do apartamento, em seguida fechando a
porta. O erro da policia de mandar a jovem de volta para o cativeiro foi
registrado pela mídia que entrevistou profissionais de segurança, inclusive o
Fantástico (Rede Globo) entrevistou o Brasileiro Marcos do Val que é instrutor
da polícia de Beaumont, no Texas, que criticou duramente a ação da policia de
mandar a vitima voltar ao cativeiro, situação que jamais ocorreu em nenhum
crime semelhante.
Após a entrevista com o sequestrador, jornalistas, apresentadores e a policia
criticaram ferozmente a atitude de Sônia Abrão que teria interrompido as
negociações conversando com Lindemberg, pois deixou a linha ocupada e a
policia não podia negociar e acabou atrasando o sequestrador de liberar as
vitimas . o Ministério Público de São Paulo, interveio dizendo que as emissoras
Brasileiras foram irresponsáveis.
A ORDEM
Mas, a pergunta que não queria calar era: Por que a policia não atira nele (
Lindemberg) ? Em entrevista para o Jornalista Márcio Campos, os amigos da
família de Eloá, diziam que um policial após ser questionado informou que era
ordem do Governador ( José Serra) para proteger a vítima e o bandido.
Durante o sequestro, o rapaz comparava o caso com o da última parada 174
(Nome do filme) sobre o sequestro no ônibus no Rio de Janeiro, o filme fala
sobre um garoto pobre que aos seis anos viu sua mãe grávida ser assassinada
a facadas. Na adolescência conhecia as Febens e era usuário de drogas e no
dia 12 de junho de 2000 invadiu um ônibus no bairro fluminense, sem sucesso
ele sequestrou uma passageira. A Policia Militar foi chamada e disparou dois
tiros contra o infrator, nenhum dos tiros atingiu o alvo. Sandro do Nascimento, o
sequestrador atirou na vítima que estaria grávida, matando –a. O criminoso foi
preso e morreu, o laudo de sua morte era asfixia, ele foi agredido e morto pelos
policiais que ficaram revoltados com o desfecho do caso. A cena foi comovente
os telespectadores choravam, e criticaram a policia, representantes dos direitos
humanos questionavam por que os policiais teriam atirado, diziam: Não era
melhor manter um diálogo? Vence-lo pelo cansaço? Era exatamente isso que a
policia paulista tentava fazer no caso de Eloá, porém como a policia carioca
não tivera êxito em sua estratégia.
DESFECHO TRÁGICO
No dia 17 de outubro o negociador teve sua última conversa telefônica com
Alves que dizia ter um anjinho e um diabinho do seu lado e questionava qual
dos dois ouvir, mostrava mais uma vez a sua oscilação de personalidade e
disse que naquele dia tudo estaria resolvido, que ele se entregaria. Era nítido
que os policiais estavam cansados da situação, após desligar o telefone o
negociador Adriano Giovaninni, autoriza que o GATE ( Grupo de ações táticas
especiais) invadisse a residência, já passava de cem horas e cindo dias e
ainda restavam duas vítimas e um criminoso. Ás 18:08 se ouvia uma explosão
no apartamento 24, porém a porta não foi aberta de imediato e os policiais
arrombaram após quinze segundos da explosão, o que facilitou para que
Lindemberg atirasse duas vezes em direção ás vitimas. Um tiro acertou o rosto
de Nayara e dois atingiram Eloá um na virilha e o outro na cabeça. A primeira
vítima a ser socorrida foi Nayara que saiu correndo sozinha após a invasão da
policia, com a mão no rosto ensanguentado, a bala atravessou a mão da
jovem e ficou alojada no nariz, depois de Nayara a policia trouxe Lindemberg
para fora da residência. Cerca de seis homens tentavam imobilizar o rapaz que
tentava resistir a prisão, as imagens obtidas pela imprensa mostra o abuso de
poder que o GATE utilizou para prender o rapaz, os policiais jogaram o
criminoso no chão, subiram no seu corpo e pisaram em seu pescoço para
imobiliza-lo em seguida um dos policiais trazia nos braços Eloá desacordada
e enrolada em um lençol que passou desapercebida diante da confusão com o
sequestrador.
As vitimas foram encaminhadas para o Hospital Municipal de Santo André. Os
jornalistas que ficaram de plantão na residência de Eloá, se deslocaram e
estavam na porta do Hospital , os que insistiram em permanecer próximo a
casa da vítima, foram ameaçados por traficantes que cortaram o cabo da
câmera da Rede Globo e ameaçaram um produtor da Rede Record, com uma
arma de fogo, eles tiveram que sair imediatamente do local.
O Governador José Serra era informado pelo secretário de segurança pública,
Ronaldo Marzagão, de que Eloá Cristina Pimentel morrerá, vitima de um tiro na
cabeça. Jornalistas que estavam no local se apressaram em divulgara a nota
pela assessoria de imprensa do Governo do Estado de São Paulo, sobre a
morte da garota. O apresentador Carlos Tramontina ( Rede Globo) foi o
primeiro a anunciar a suposta morte de Eloá. A Rede Bandeirantes ( BAND)
desmentiu sobre a morte e a concorrente voltou atrás pedindo desculpas no
Jornal Nacional pela informação incorreta da noticia. A justificativa da
assessoria pelo erro foi de que Eloá sofreu uma parada cardíaca e foi
reanimada na sala de cirurgia, a neurocirurgiã Grace Mary Lídia, disse que
apesar da gravidade, Eloá não sofreu nenhuma parada cardíaca.
No dia 18 de outubro a morte de Eloá foi confirmada oficialmente, a bala
atingiu o cerebelo e a vitima teve morte cerebral. Nayara passou por cirurgia
para retirar a bala que ficou alojada no nariz e fazer uma reconstrução do
mesmo.
Lindemberg foi encaminhado para o presídio de Tremembé, onde estão outros
criminosos ameaçados pelo “poder dos detentos” lá estão Alexandre Nardoni e
os irmãos cravinhos. A equipe de reportagem da Rede Record entrevista o
criminoso na cadeia, a fisionomia de Alves estava alterada, o rosto estava
desfigurado, inchado na região dos olhos e bochechas, o criminoso apanhou
da policia. Ele dizia que amava a garota e que não teve nenhuma relação
sexual com a vitima no cárcere, o que foi confirmada na pericia, Eloá Cristina
Pimentel era virgem, também dizia que não disparou contra Nayara, somente
em sua ex namorada, levantando as suspeitas que a policia poderia ter
disparado um tiro na garota por acidente.
A Rede Record foi a única emissora de Tv teve entrevista concedida e foi
liberada para adentrar o presidio, pois nenhuma rede de televisão conseguiu
falar com o sequestrador após a sua prisão ser decretada e surgiu boatos de
que a rede Record teria oferecido dinheiro para policias para obter as imagens.
Lindemberg Alves foi condenado por cárcere privado, por ter mantido as reféns
Eloá e Nayara (duas vezes) e outros dois amigos das garotas, homicídio
qualificado contra a vitima e tentativa de homicídio contra o policial Atos.
REVELAÇÃO
Everaldo Pimentel, pai de Eloá que estava disfarçado com o nome de Aldo
Pimentel foi cabo da policia militar em alagoas, e fugiu de sua terra natal.
Everaldo é acusado de matar o delegado Ricardo Lessa e o irmão dele, o ex-
governador Ronaldo Lessa, o motorista do delegado Antenor Carlota em 1991.
Também foi acusado de ter matado sua ex-mulher Marta Lúcia, e se
participante de uma gangue de extermínio a “ Gangue Fardada”
O pai de Eloá não compareceu no enterro da filha, pois tinha medo de ser
preso e voltar para Alagoas, disse que só se entregaria se continuasse em São
Paulo. O ex-cabo da policia militar foi condenado a trinta e três anos de prisão
e curiosamente o assassino de sua filha, Lindemberg Alves foi testemunha no
processo contra Aldo.
2. CASO DANIELA PEREZ
A espetacularização da noticia não é somente a forma teatral do jornalista ou
apresentador divulgar a matéria , é tocar o telespectador emocionalmente ou
transmitir informações errôneas. Quando um determinado assunto é
espetacularização é por que a mídia escolheu ele para ser a peça do teatro na
vida real, a escolha é feita por classe social, o poder aquisitivo da vitima é
colocado em evidencia para despertar a ideia no publico de que um incidente
semelhante pode acontecer com qualquer pessoa independente da sua
condição financeira, faz o telespectador pensar que isso também pode
acontecer com ele. A insistência em abordar um caso é empenhada no quanto
ele trás audiência, notoriedade e quanto mais chocante e cruel mais audiência
e exemplares são comprados.
O caso Daniella Perez chocou os telespectadores, os que assistem novelas,
jornais e admiradores da mãe da vitima que é escritora de tramas. A atriz tinha
fama, poder, um casamento sólido com outro famoso e com certeza teria uma
trajetória na Teve Globo se não fosse brutalmente assassinada por seu colega
de trabalho que contracenava com ela na novela de corpo e alma em 1992.
Guilherme Pádua assassinou a garota por motivo fútil, além de assedia-la, os
colegas de trabalho dos atores diziam que ele tinha um amor platônico pela
protagonista e não era correspondido por ela.
Guilherme era casado com Paula Thomaz que estava grávida do primeiro filho
do casal, ele se queixava do seu casamento para os amigos e até mesmo o
diretor da novela. Em dezembro de 1992 os jornalistas acompanhavam a
renuncia do presidente Fernando Collor, mas nada foi mais atrativo do que a
renuncia e o final da novela do que a morte de Daniella Perez.
Na trama Yasmin a personagem de Daniella terminava o namoro com Biro que
era interpretado por Guilherme. Segundo o diretor, o ator nunca havia
interpretado de forma comovente como naquele dia, ele tinha chegado no auge
e surpreendido a todos com a sua atuação, após as gravações mostrou-se
comovido com o encerramento.
Testemunhas que trabalhavam na TV Globo viram A atriz discutindo com o
seu companheiro de trabalho e que em seguida ambos foram para os seus
respectivos carros. O ator seguiu o carro da atriz e estava acompanhado em
seu carro de sua esposa. O carro de Daniella foi fechado pelo de Guilherme
próximo a um posto de gasolina, ele exigiu que ela entrasse no carro dele.
Frentistas viram o rapaz dando um soco na vitima que ficou desacordada e
assim, foi colocada dentro do automóvel. O casal parou o carro em um matagal
e agrediram verbalmente e fisicamente a atriz, Guilherme deu uma gravata no
pescoço ( Golpe marcial utilizado para imobilizar o adversário) da vitima, em
seguida Paula deu dezoito golpes de tesoura na vitima e abandonaram o local
do crime.
A policia encontrou no mesmo dia o corpo da atriz e fez a cobertura do caso,
mostrou cenas comoventes do esposo de Daniella ( Raul Gazolla) chorando
pela perda da amada, a mãe que pedia justiça e acompanhou o enterro da
atriz, o autor do crime acompanhou o enterro, os familiares de Daniella não
sabiam quem havia assassinado a jovem. Depois de escutarem as
testemunhas a policia constatou que Guilherme teria matado a filha de Gloria
Perez e constatou que no olho dela tinha um hematoma reforçando as
declarações das testemunhas.
O país parou para acompanhar cada passo das investigações e da prisão do
que era o queridinho das novelas. Nada foi tão polemico quanto a entrevista
que o assassino concedeu a repórter Gloria Maria, falando sobre o caso. A
repórter mostrava-se indignada, pressionava Guilherme e questionava: por que
ele teria feito isso com a sua companheira de trabalho? Os telespectadores
opinavam sobre o caso, muitos diziam que ele teria confundido ficção com vida
real, abrindo portas para o show sobre o caso.
Mas a pergunta jornalisticamente falando é: Qual seria o papel da imprensa
diante de uma situação dessa? A ética do jornalista esta sendo ferida, era
evidente que a repórter transmitia sentimentalismo próprio, que ela mandava
na situação e manipularia para que todos os telespectadores ficassem
enfurecidos diante do acusado e que ali a carreira dele seria banida por
perguntas tendenciosas. O plantão aparecia consecutivas vezes na tela da tevê
e não falava mais de politica e sim de uma atriz que foi assassinada. O poder
na transmissão da mensagem foi grande, a mãe da vitima mobilizou um
protesto e queria justiça no caso de sua filha, com persistência( da mídia?) ela
conseguiu mudar o código penal, e após aquele assassinato o código teria a
punição para homicidio por motivo fútil.
Se Daniella não fosse uma pessoa famosa, protagonista da maior rede de TV
Brasileira , não participasse de uma novela em horário nobre e não fosse filha
de uma escritora Global a morte dela teria toda essa atenção e repercussão?
Milhões de Brasileiros morrem por ano, e a mídia não dá ênfase em casos que
não causam comoção na sociedade. A noticia torna-se uma telenovela que
acompanhamos consecutivamente e todos os dias assistimos a um novo
capitulo, a novela da vida real que expõe o sofrimento dos familiares envolvidos
o sentimentalismo domina o telespectador que se coloca no lugar da vitima e
imagina se aquele assassino fosse o namorado de sua filha, se assassinassem
a sua criança indefesa a morte torna-se tolerável na TV abrindo portas para o
SHOWRNALISMO, a ética profissional é ferindo abrindo as cortinas para um
espetáculo, a interpretação e o sensacionalismo.
“ Apresentar o jornalismo como showrnalismo enfraquece o real do fictício “ –
José Arbex Jr.
Foi o que aconteceu no caso Daniella Perez, alguns telespectadores assistiam
a noticia sobre a morte da atriz como um episodio o ator deslumbrante teria
matado a atualmente “queridinha do Brasil” e supostamente ele cometeu o
assassinato por não ser correspondido por ela, na trama Yasmin, personagem
de Daniella deixava Biro.
3. CASO MÉRCIA NAKASHIMA
A mídia atual ressalta muitos casos sobre mulheres que foram mortas pelos
seus companheiros, um caso que acompanhamos recentemente é do Mércia
Nakashima, advogada que foi assinada pelo ex-namorado que não aceita o
termino do relacionamento, ele atraiu a vitima até uma represa e deu um tiro no
queixo, em seguida empurrou o carro até a água. Mércia morreu afogada, a
imprensa acompanhava o seu irmão mais velho atônito por noticias da irmã
desaparecida e junto com o rapaz decidiu fazer as investigações sobre o caso.
A imprensa tomou o papel de policia e fez especulações e investigações sobre
o caso, entrevistava o acusado e o seu advogado, os dois cediam entrevistas
para a TV e a imprensa divulgava a decisão do Tribunal de Justiça, facilitando
na fuga de Mizael Bispo, que esta foragido desde maio quando sua prisão foi
decretada.
4. CASO SANDRA GOMIDE (PIMENTA
NEVES)
O caso que esta sendo discutido nas rádios, Tv, redes sociais é a morte da
jornalista Sandra Gomide, ex- namorada do jornalista e analista de economia e
finanças, Pimenta Neves, que teria assassinado a jovem em agosto de 2000
com um tiro nas costas e outro na cabeça em um haras na cidade de Ibiúna (
Interior de São Paulo). O assassino foi preso onze anos após ter cometido o
crime contra a sua companheira, insistentemente acompanhávamos pelos
noticiários a sua prisão decretada, o domingo espetacular ( Programa exibido
na rede record) conversava com parentes da vitima, entrevistou o pai de
Sandra, que esta paraplégico e dizia o quanto se sentia aliviado com o a prisão
do autor do crime contra a sua filha, em sequência uma matéria exclusiva com
moradores de Pimenta dizendo que ele era um homem atencioso e que
raramente saia de casa.
OBS: A imagem da mulher sofrendo com seus companheiros ficou cada vez
mais evidência com a lei que defende o sexo feminino, lei Maria da Penha, mas
algo seria mais revoltante do que a morte de crianças indefesas? Que não
podem se proteger de “monstros” que cometem crimes hediondos. O objetivo
da imprensa atual é saber das necessidades dos seu telespectadores, saber
das suas felicidades, dos seus sonhos e dos medos e explorar esse lado.
Semelhantemente aos pasquins dos velhos tempos, a mídia vende o interesse
pelo próximo capitulo e é comparada com a imprensa marrom.
5. CASO IVES OTA
A história de Ives Ota foi contata por vários meios, a mídia acompanhou de
perto todo o desfecho do caso, onde na sexta feira 29 de agosto de 1997, o
menino foi sequestrado três homens: Paulo de Tarso Dantas, Silvio da Costa
Batista e Sérgio Eduardo Souza, seguranças de uma das lojas de seu pai e ex-
PMs, e na madrugada de sábado,30, já estava morto por ter reconhecido um
dos sequestradores.
Jornais como a Folha, o Estado de São Paulo, a revista Veja, e vários outros
jornais do país inteiro, publicaram em suas páginas, manchetes, pequenos
trechos e entrevistas com os pais de Ives Ota, pessoas dando suas opiniões
sobre o crime e a pena dos assassinos e informações do que ocorrera, porque
até então, não era comum a ideia de sequestro, mas nada impedia que
ocorressem.
A equipe de reportagem do “Fantástico”, na época, liderado por Pedro Bial e
Glória Maria e que tinha como repórter investigativo Tim Lopes, com a ajuda do
Coordenador da Pastoral Carcerária, Anísio Vicente, cobriu o reencontro do
assassino Silvio da Costa Batista, e do pai de Ives onde, Massataka Ota,
perdoou o ato e entregou-lhe um livro com a história do menino. A equipe foi a
primeira a mostrar, na integra, o que ocorreu no reencontro dos dois, e na
segunda feira seguinte, todos os jornais matutinos e vespertinos seguiam com
a mesma notícia: “Pai perdoa assassino de seu filho”. Houve uma enorme
repercussão do caso, em que a família Ota foi protagonista e o sequestro se
fixava como um medo na sociedade que se formava e onde Massakata e sua
esposa encontraram forças para continuar e ajudar pessoas que passavam por
situações difíceis.
A mídia ajudou esse medo na população crescer cada vez mais mostrando que
nossa sociedade está muito mais perigosa.
Em 22 de Setembro de 1997, foram fundados o Movimento Paz e Justiça
Ives Ota e a Fundação Ives Ota, inspirados nos princípios fundamentais
preconizados pelo menino Ives Ota, promover o respeito, defender a vida
humana e tem por finalidade:
1. Amparar, assistir e orientar, crianças, jovens, e famílias vítimas de violência
e carência social, necessitados e desprotegidos, sem distinção de raça, cor,
credo, sexo, nacionalidade ou classe social
2. Ser uma via de acesso, para todos aqueles que necessitem de orientação
pessoal e ajuda para o seu desenvolvimento mental e comportamental,
objetivando mostrar direções, alternativas para o progresso de sua vida
pessoal, familiar, profissional, social e espiritual.
3. Promover ampla assistência psicológica e educacional, com foco nos cinco
desejos básicos da criança, que são: ser amado, ser útil, ser elogiado, ser
reconhecido e ser livre, para que ela construa uma auto - estima elevada e
possa, pouco a pouco se tornar independente e um jovem que produz colabora
e ama o seu País.
Também, luta por uma punição agrícola, onde os condenados trabalhem
enquanto cumprem sua pena.
6. CASO ISABELLA NARDONI
Dia 29 de março de 2009 Isabella Nardoni, 5 anos é arremessada da janela do
edifico London, zona norte de são Paulo, o principal suspeito, o pai da criança
e a madrasta, Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, o caso teve destaque
internacional e deixava todos curiosos em saber quem matou a pobre garota
indefesa, enquanto peritos investigavam o caso, os brasileiros acompanharam
o drama da mãe biológica, Ana Carolina Oliveira que sofria com a perda da
filha única, diversos canais de Televisão, revistas e jornais em entrevistaram a
mãe da menina. Ana Carolina deu uma entrevista exclusiva em horário nobre
no Fantástico, e pedia que as autoridades fizessem justiça, através desse caso
podemos também observar o poder em decisões que a imprensa jornalística
exerce, os suspeitos foram condenados entre trinta e trinta e três anos de
prisão, na noite do julgamento, repórteres de Tv, Rádio, Jornais, Revistas e
Internacionais estavam fazendo uma cobertura semelhante a copa do mundo
ou olimpíadas. Era um verdadeiro espetáculo, a expectativa e pressão da
sociedade dominavam naquele momento, a insistência da mídia no caso fez
com que os assassinos fossem punidos.
7. CASO ESCOLA BASE
A escola de base foi um caso conhecido depois de supostas acusações contra
o diretor, sua esposa e dois sócios fazerem orgia com os alunos da instituição,
uma criança comentou com a mãe que eles tiravam fotos, beijavam e tinham
relações sexuais com os adultos, imediatamente a mãe da criança chamou
uma equipe de reportagem para denunciar o abuso, a primeira rede de
televisão a chegar foi a TV Globo. A criança falava pouco, porém respondia a
perguntas tendenciosas do repórter com insistência. A divulgação fez com que
moradores depredassem a escola e pichassem os muros, no inquérito policial o
caso foi arquivado por falta de provas e exames mostraram que as lesões no
ânus de uma das crianças eram compatíveis com a excreção de fezes
ressecadas e, depois se confirmou que realmente era conseqüência de um
sério problema intestinal do garoto.
Até quando o showrnalismo estará presente no nosso cotidiano, manipulando
os nossos sentimentos e trazendo para nossa casa relatos de morte, de
sequestro e abandono, quando a morte for intolerável em nossa sociedade o
papel do jornalista de transmitir informação será feito e a ética da profissão não
será ferida. A Tv, os jornais e as revistas não terão o poder de escolher os
acontecimentos, fazer de uma trágica história uma novela da vida real, até
quando vidas serão interesses mercadológicos da imprensa?
Pessoas morrem todos os dias e a sociedade bate palmas para o show
transmitido em sua tela, semelhante aos filmes de batalhas em que
apostadores assistem pessoas se mutilando até a morte, é o show da
carnificina, não tem regras, não tem idade, são crianças, idosos, pais de
famílias.
Esses casos ocorrem frequentemente devido a oscilação de jornalista porta-
voz da opinião pública, empresa comercial sem escrúpulos que recorre de
meios para chamar a atenção de seus telespectadores.
FONTES:
http://www.ivesota.org.br
http://www.gabrielasoudapaz.org/memorial/11-Ives-Yossiaki-Ota.htm