Espectatorialidade e Materialidade na Televisão Multiplataforma

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REVISTA GEMI NIS | ANO 6 - N. 1 | P. 174-189 MELISSA RIBEIRO DE A LMEIDA Mestre e Doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense, Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] E SPECTATORIALIDADE E M ATERIALIDADE NA T ELEVISÃO M ULTIPLATAFORMA : UMA ANÁLISE DO PROGRAMA S UPERSTAR

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Tensionando as relações entre tecnologia, materialidade e cognição, o presente artigo tem como objetivoanalisar a recepção televisiva combinada com a navegação simultânea na Internet em outros dispositivos. A proposta é investigar os possíveis impactos que a televisão multiplataforma gera na experiênciasubjetiva, sensorial e cognitiva dos telespectadores, recondicionando hábitos e comportamentos. Paraelucidar as questões que se colocam, elege-se como objeto de estudo o programa SuperStar. O artigopropõe uma análise do modo como a alteração do status material dos dispositivos pode influenciar asrelações que o telespectador estabelece com o meio televisivo.

Transcript of Espectatorialidade e Materialidade na Televisão Multiplataforma

  • Revista GeMinis | ano 6 - n. 1 | p. 174-189

    Melissa RibeiRo de alMeidaMestre e Doutoranda em Comunicao pela Universidade Federal Fluminense, Bolsista CAPES.E-mail: [email protected]

    espectatoRialidade e MateRialidade na televiso MultiplatafoRMa: uMa anlise do pRoGRaMa supeRstaR

  • ResuMo

    Tensionando as relaes entre tecnologia, materialidade e cognio, o presente artigo tem como objetivo analisar a recepo televisiva combinada com a navegao simultnea na Internet em outros dispositi-vos. A proposta investigar os possveis impactos que a televiso multiplataforma gera na experincia subjetiva, sensorial e cognitiva dos telespectadores, recondicionando hbitos e comportamentos. Para elucidar as questes que se colocam, elege-se como objeto de estudo o programa SuperStar. O artigo prope uma anlise do modo como a alterao do status material dos dispositivos pode influenciar as relaes que o telespectador estabelece com o meio televisivo.

    Palavras-chave: Televiso; Convergncia Digital; Internet; Materialidade.

    abstRact

    This article aims to analyze television reception combined with the simultaneous navigation on the Internet in other devices, tensioning the relationships between technology, materiality and cognition. The proposal is to investigate the possible impacts that multiplatform TV generates in the subjective, sensory and cognitive experience of viewers, reconditioning habits and behaviors. In order to elucidate these questions the program SuperStar was chosen as the object of study.

    Keywords: Televison; Digital Convergence; Materiality.

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    1 Introduo

    Desde o seu surgimento na primeira metade do sculo XX, a televiso permaneceu como o espao para a exibio de contedos televisivos. Por dcadas pensava-se que esse formato de vdeo pudesse circular exclusiva-mente nos aparelhos de TV porque esse era o nico dispositivo ou a condio tcnica

    possvel. Mas as mudanas tecnolgicas que se configuraram nos ltimos anos,

    culminando com a convergncia digital, apontam para transformaes significativas

    nas prticas comunicacionais, incluindo a experincia televisiva. Conforme Manovich

    (2001), as tecnologias digitais permitem converter todos os contedos miditicos para

    a linguagem digital, modificando, contudo, as formas de produo, armazenamento,

    distribuio e recepo. Os dispositivos digitais mveis de comunicao notebooks,

    smartphones, tablets permitem, por exemplo, que contedos televisivos sejam trans-

    portados para a base digital e acessados em qualquer lugar e por meio de diferentes

    suportes. A experincia televisiva contempornea vem passando por uma ampla reformulao

    e o uso simultneo da Internet e de mdias sociais durante a recepo televisiva tem papel fundamental nessa transformao. Os contedos televisivos se expandem para mltiplas plataformas e o telespectador passa a utilizar a Internet para ampliar sua experincia televisiva, buscando informaes sobre o que assiste na televiso e compartilhando opinies com outros telespectadores.

    O Twitter tem se consolidado como a principal plataforma para os usurios trocarem informaes sobre o que assistem, compartilharem vdeos e opinies sobre a programao e interagirem com outros telespectadores. Um estudo da Nielson, empresa que faz a medio da audincia miditica norte-americana, constatou que a audincia televisiva impulsionada conforme o volume de tweets, j que comentrios publicados no Twitter podem levar novos telespectadores a acompanhar um programa de TV e, do mesmo modo, quando um programa gera audincia significativa na TV a quantidade de publicaes na rede social aumenta

    consideravelmente. Outra questo importante que as novas prticas comunicacionais requerem um

    recondicionamento das habilidades e competncias cognitivas e sensoriais, j que a ao do

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    acorpo, as formas de ateno e de percepo, as sensorialidades e as especificidades materiais

    desses diferentes suportes, aliadas experincia da comunicao mvel e em rede, constroem novas situaes comunicacionais (RGIS, 2008; PEREIRA, 2006). Nesse sentido, o presente artigo tem o objetivo de analisar a recepo televisiva com o uso concomitante de dispositivos digitais mveis de comunicao, buscando tensionar as relaes entre tecnologia, materialidade e cognio. O foco a investigao sobre o modo como a alterao do status material dos dispositivos pode influenciar as relaes que o telespectador estabelece com a TV e com seus

    contedos.De fato, em Arqueologia do Saber, Michel Foucault (2008) postula que o status material

    dos enunciados interfere na prpria constituio dos enunciados.

    Poderamos falar de enunciado se uma voz no o tivesse enunciado, se uma superfcie no registrasse seus signos, se ele no tivesse tomado corpo em um elemento sensvel e se no tivesse deixado marca - apenas alguns instantes - em uma memria ou em um espao? Poderamos falar de um enunciado como de uma figura ideal e silenciosa? O enunciado sempre apresentado atravs de uma espessura material, mesmo dissimulada, mesmo se, apenas surgida, estiver condenada a se desvanecer. Alm disso, o enunciado tem necessidade dessa materiali-dade; mas ela no lhe dada em suplemento, uma vez bem estabelecidas todas as suas determinaes: em parte, ela o constitui. Composta das mesmas palavras, carregada exatamente do mesmo sentido, mantida em sua identidade sinttica e semntica, uma frase no constitui o mesmo enunciado se for articulada por algum durante uma conversa, ou impressa em um romance; se foi escrita um dia, h sculos, e se reaparece agora em uma formulao oral. As coordenadas e o status material do enunciado fazem parte de seus caracteres intrnsecos (FOUCAULT, 2008, p. 113).

    Em sua reflexo, Michel Foucault mostra como as materialidades dos meios, sejam eles quais forem, constituem peas chave para o entendimento dos enunciados. Esse ser o ponto de partida para a investigao que propomos sobre a televiso multi-plataforma um modelo televisivo construdo a partir da apropriao e da articulao entre diversos meios. A fim de compreender melhor o fenmeno em questo, propomos como objeto de estudo o reality show musical SuperStar, da Rede Globo de Televiso.

    2 A relao entre sujeitos e objetos

    Nossa perspectiva de anlise parte de uma corrente contempornea de pensamento que entende a materialidade dos objetos como importante elemento nos processos cognitivos e sensoriais e nas formas de pensamento, lanando um novo olhar sobre a relao do homem com a tecnologia e com os objetos em si, a partir de uma reformulao do par sujeito/objeto. Nesse contexto, os dispositivos tcnicos no so

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    concebidos como meras ferramentas ou canais que transportam contedos de forma

    isenta, mas como peas fundamentais na comunicao, como objetos que nos afetam,

    nos tocam de alguma forma e atuam significativamente no processo cognitivo.

    A discusso proposta inicialmente nos anos de 1960 pelo pesquisador da

    Escola de Toronto, Marshall McLuhan (2005), quando postulou que o meio a

    mensagem, e retomada nos anos de 1980 por um ciclo de pensadores alemes, repre-

    sentados por Hans Ulrich Gumbrecht (2010), prope um deslocamento da reflexo

    sobre a mediao tecnolgica do campo hermenutico para os aspectos materiais dos

    dispositivos. Reivindica, ainda, uma ruptura da fronteira sujeito/objeto, ultrapassando

    o estatuto central da interpretao e a supremacia do sujeito em relao ao objeto. Essa

    viso, contudo, no desconsidera completamente os efeitos simblicos gerados pelos

    contedos dos meios de comunicao, seus sentidos ou significaes scio-politico-cul-

    turais e ideolgicas, mas defende que a materialidade do dispositivo produz efeitos to

    importantes quanto aqueles gerados pelas mensagens veiculadas, assim como j nos

    havia mostrado Foucault (2008).

    Gumbrecht argumenta que os modos como nos relacionamos com os fenmenos

    humanos no podem estar restritos hermenutica, interpretao que extrai sentidos

    quase sempre profundos ou ocultos, e sugere um deslocamento da centralidade da

    interpretao no campo das Artes e Humanidades com a constituio de um campo no-

    -hermenutico de investigao. Ele prope uma lgica que considere no s o sentido,

    mas tambm a produo de presena dos objetos, das coisas em si, concebendo como

    presena a relao espacial com o mundo e seus objetos. Uma coisa presente deve

    ser tangvel por mos humanas o que implica, inversamente, que pode ter impacto

    imediato em corpos humanos (GUMBRECHT, 2010, p. 13.).

    Apelando aos sentidos, o impacto dos objetos presentes ou dos fenmenos

    de presena sobre os corpos humanos denominado por Gumbrecht de efeitos de

    presena. Assim como McLuhan, Gumbrecht est interessado em saber como as

    diferentes materialidades da comunicao afetam o sentido que transportam. Para o

    autor alemo, qualquer forma de comunicao, com seus elementos materiais, tocar

    os corpos das pessoas que esto em comunicao de modos especficos e variados

    (GUMBRECHT, 2010, p. 37). Segundo ele, a afetao dos corpos atravs dos sentidos se

    d por meio de momentos especficos de intensidade como ouvir uma msica que

    nos toca de maneira especial ou vivenciar um momento decisivo numa competio

    esportiva o que Gumbrecht chama de epifania.

    fundamental deixar claro que ao questionar a tese da universalidade da

    interpretao Gumbrecht no elimina a dimenso da produo de sentido, no

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    aentanto reivindica que a produo de presena tambm se torne parte integrante e

    necessria na compreenso do mundo. Assim, ele defende que os efeitos de sentido

    e os efeitos de presena aparecem sempre juntos, embora estejam continuamente em

    tenso. Essa concepo coloca em xeque uma tradio largamente institucionalizada na

    modernidade, a partir do iluminismo, na qual o sujeito tem uma supremacia em relao

    ao objeto e o conhecimento s se torna legtimo se for produzido por um sujeito no ato

    de interpretar o mundo, gerando sentido.

    O afastamento da centralidade da interpretao permite a emergncia de

    novas formas de se pensar a relao sujeito/objeto. Esse novo ponto de vista considera,

    portanto, que os objetos com os quais nos relacionamos tambm contribuem para o

    nosso conhecimento sobre o mundo, pois nos afetam continuamente e fazem parte

    das relaes que estabelecemos. Pensamento semelhante tem Daniel Miller (2013)

    ao afirmar a necessidade de se lanar um olhar sobre a cultura material, incluindo

    artefatos tecnolgicos, roupas e objetos do cotidiano para o conhecimento sobre o

    mundo e as culturas. Em seu estudo antropolgico ele demonstra, por exemplo, como as

    roupas interferem na construo da subjetividade e do prprio comportamento social.

    Do mesmo modo, Edwin Hutchins (2000) prope a ideia de cognio distribuda,

    defendendo que a cognio se processa no exclusivamente na mente humana, mas em

    associao com o mundo material e social, atuando de modo contextualizado.

    Essa concepo de cultura material como colocada por Miller e Hutchins

    problematizada, contudo, por autores como Bruno Latour (2011, 2012), uma vez que

    ela supe que h um mundo das coisas separado de um mundo cultural, das pessoas.

    Para Latour, diferentemente, a cultura se constri juntamente com as coisas, uma

    vez que pessoas e coisas esto inseridas numa rede scio-tcnica estabelecida entre

    humanos e no-humanos e na qual tudo o que produz transformao dentro dessa rede

    funciona como um actante (LATOUR, 2012). De modo particular, Latour reconstitui

    essa separao entre humanos e no-humanos e afirma que os homens so feitos pelos

    objetos assim como os objetos so feitos pelos homens. Por esta razo, os humanos no

    seriam to humanos e os no-humanos no seriam to no-humanos, ambos seriam

    hbridos, quase-objetos e quase-sujeitos que s poderiam ser compreendidos

    juntamente.

    Pensar que no-humanos so agentes determinantes no conhecimento do

    mundo considerar que os objetos, as coisas do mundo (GUMBRECHT, 2010), estando

    em nossa frente, produzem presena, afetam nossos sentidos por sua materialidade

    e nos permitem uma experincia no conceitual que tambm pode construir modos

    de pensar e de agir. nesse sentido que ao analisar o modelo do panptico como uma

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    materialidade arquitetnica, que estabeleceu a partir de uma srie de tcnicas disci-

    plinares um modo de ser prprio da Sociedade Disciplinar, Michel Foucault (2007)

    evidencia que as circunstncias materiais, juntamente com as conjunes histricas,

    constroem discursos e comportamentos, inscrevem modos de pensar e de agir. Para

    Foucault, a subjetividade emergente na modernidade do sculo XIX inseparvel da

    maneira com que tcnicas disciplinares (que vo desde a construo arquitetnica das

    prises, disposio das carteiras dos alunos nas salas de aula, altura das portas nos

    banheiros e ao quadriculamento dos indivduos nas fbricas), instauradas em espaos

    de confinamento, agiram sobre o corpo e construram um modo de pensar especfico

    daquele momento histrico.

    Nesse mesmo vis, Walter Benjamin (1985) enfatiza que os meios tecnolgicos

    e suas materialidades traduzem a experincia subjetiva do homem moderno. A

    experincia do choque em Benjamin, por exemplo, equivale ideia de uma mudana

    repentina comum no cinema e na vida moderna, mensurada pela intensidade do

    instante. De certa maneira, a concepo de choque em Benjamin como o toque fsico

    e imediato dos objetos por meio de estmulos sensoriais efmeros parece se atualizar ou

    reaparecer na noo de epifania postulada por Gumbrecht.

    Desse modo, percebemos que para compreender as relaes entre sujeitos e

    objetos preciso no s pensar os vnculos que estabelecemos com os objetos, mas

    tambm as afetaes que sofremos destes objetos, ou seja, necessrio partir da

    concepo de que o meio sempre produz uma forma de participao na nossa experincia

    afetiva e corporal, na nossa percepo, e que as experincias de afetao pelos objetos

    no passam exclusivamente por uma condio de sentido.

    3 Televiso multiplataforma: materialidade, sensorialidade, cognio

    Lidando com um conjunto dinmico de informaes, disponveis em mltiplas

    telas, sob diferentes linguagens e a partir de inmeras possibilidades de interao,

    o telespectador contemporneo necessita desenvolver processos cognitivos muito

    mais complexos, que combinam atividades intelectuais, motoras e afetivas. O uso de

    plataformas digitais exige o emprego de habilidades visuais, tteis e sonoras muitas

    vezes simultneas e requerem, portanto, um treinamento constante do corpo para

    lidar com as novas interfaces e suas linguagens. Acessando mais de um dispositivo ao

    mesmo tempo, como quando assiste TV e posta comentrios no Facebook sobre o que

    est vendo, o telespectador processa nveis diferentes de ateno ateno focalizada,

    ateno concentrada/sustentada e ateno voluntria (CLARK, 2001). A realizao de

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    atarefas simultneas pelos indivduos requer ainda, como afirmam Dario Salvucci e Niels Taatgen (2011), a ateno dividida, a ateno difusa e a ateno discriminativa. Cada uma dessas formas de ateno requisita um conjunto de habilidades cognitivas e sensrias a serem desenvolvidas pelo corpo e pela mente na realizao de uma determinada tarefa (RGIS, TIMPONI e MAIA, 2012).

    H de se destacar, ainda, a necessidade de uma capacitao afetiva e social dos telespectadores para coordenar diversas conversas, ao mesmo tempo, com diferentes pessoas, sobre diversos assuntos e em plataformas com interfaces distintas. A espectato-rialidade televisiva se torna uma experincia interativa, reconfigurando a prpria ideia de socializao proporcionada pelo meio televisivo. A experincia social na televiso multiplataforma inclui formas novas de relao entre os telespectadores por meio das diferentes interaes realizadas nas redes sociais.

    Os dispositivos digitais permitem, por exemplo, que ao assistir a um contedo interessante os telespectadores acessem e enviem o material por e-mail ou WhatsApp1 a um amigo ou o disponibilize em seu perfil no Facebook. A materialidade dos dispositivos mveis de comunicao e a prpria situao de mobilidade tm apontado a necessidade de se produzir contedos especificamente para este formato, com programas de menor durao e filmagens que facilitem a exibio nas telas de menor tamanho. Uma srie de servios complementa o ato de ver TV. possvel comentar os programas diretamente nas pginas onde so disponibilizados, compartilh-los com os amigos, fazer o download dos vdeos e modific-los, rev-los ou armazen-los.

    importante salientar que os dispositivos portteis requerem uma ao diferenciada do corpo. Para ter acesso ao contedo televisivo no celular, por exemplo, o telespectador necessita aprender as interfaces dos aplicativos e desenvolver habilidades sensrio-motoras que permitem imprimir velocidade e fora adequadas em telas touchscreen, comandar o movimento rpido dos dedos nos pequenos teclados, focar a viso nas telas reduzidas, segurar o dispositivo a uma distncia que possibilite a compreenso das imagens e ainda administrar sua ateno dispersa entre diferentes estmulos do ambiente em movimento.

    Tais variveis interferem no sentido dos prprios contedos televisivos, pois o que precisa ser absorvido passa a ser no mais o contedo dos programas, mas o conjunto televiso multiplataforma, incluindo todas as informaes e sensaes resultantes da utilizao simultnea da TV com outros dispositivos. preciso considerar, portanto, que ao contedo exibido cada telespectador acrescenta novos dados a partir de sua navegao na Internet e de sua interao nas mdias sociais, ampliando sua

    1 Rede social para smartphones e tablets que permite a troca de informaes em forma de texto, udio, vdeo e fotos.

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    experincia televisiva e se apropriando de novas ideias para compreenso dos textos

    televisivos e seu posicionamento diante do que veiculado. A possibilidade de se

    apropriar, compartilhar e construir contedos tambm aponta para o surgimento de

    novas prticas sociais e de relacionamento, impactando diretamente a experincia

    subjetiva dos telespectadores. Cada um deles se torna o centro da comunicao: suas

    impresses, opinies e atitudes se tornam conhecidas, compartilhadas e importantes,

    na medida em que ganham visibilidade.

    As experincias sensoriais e cognitivas proporcionadas pela televiso multi-

    plataforma apresentam particularidades na relao dos indivduos com a tecnologia e

    entre os prprios sujeitos. A portabilidade, por exemplo, possibilita o acesso a contedos

    televisivos dentro de um nibus ou mesmo na rua, o que exige maior grau de ateno

    do usurio e uma nova postura auditiva, como o uso de fones de ouvido em ambientes

    barulhentos, s para citar um exemplo, eliminando ou reduzindo os demais sons do

    ambiente.

    O tamanho reduzido da tela dos celulares exige uma maior proximidade do

    telespectador com o dispositivo para facilitar a compreenso das imagens. Na maioria

    das vezes o usurio segura o aparelho nas mos enquanto assiste aos vdeos, exigindo

    uma postura no to confortvel se mantida por um longo tempo, o que faz com que

    os vdeos sejam assistidos em pequenas doses. Aspectos materiais como claridade e

    resoluo da tela, volume e qualidade do som interferem na experincia televisiva pro-

    porcionada pelos aparelhos portteis. Os dispositivos mveis de comunicao e as novas

    relaes espao-temporais por eles constitudas redefinem o sentido de presena da

    TV, alterando a relao dos telespectadores com o prprio meio, com sua linguagem e

    contedo e com o mundo ao seu redor.

    Outro aspecto a se destacar que na Internet a programao televisiva diluda

    em partes acessveis conforme o interesse e a disponibilidade dos usurios, o que

    exige uma readaptao dos indivduos em relao ao acompanhamento de narrativas

    e conexo de informaes. Por meio dos sites dos canais televisivos o usurio pode

    classificar seus programas favoritos, construir sua prpria hierarquia informacional e

    organizar um banco de dados para acesso posterior. A possibilidade de voltar, rever

    as cenas e congelar as imagens tambm interfere em sua percepo sobre o contedo,

    impactando sua experincia cognitiva. Concomitante transformao da TV, enquanto

    suporte e linguagem, percebe-se a transformao do prprio telespectador, de suas

    experincias enquanto consumidor e sujeito.

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    a4 O caso SuperStar

    A anlise de um programa televisivo emergente no contexto da convergncia

    miditica pode nos ajudar a compreender melhor as questes levantadas. Tomemos

    como objeto de estudo o reality show musical SuperStar, que estreou no dia 6 de abril

    de 2014, na Rede Globo de Televiso, apresentado por Fernanda Lima, Andr Marques

    e Fernanda Paes Leme. O programa teve 14 episdios e terminou no dia 6 de julho

    de 2014, com a vitria da banda Malta. Baseado no programa israelense Rising Star,

    SuperStar uma espcie de show de talentos no qual 35 bandas se apresentam frente

    de um telo de LED que impede a visualizao do pblico e dos jurados. O painel exibe

    fotos dos telespectadores e dos jurados que votam a favor da banda presente no palco.

    Quando um nmero mnimo de votos atingido, o telo se levanta e as bandas podem

    ver os jurados e a plateia. As bandas menos votadas so eliminadas do programa. A

    grande novidade, de fato, trazida pelo reality show que a votao dos telespectadores

    realizada somente pelo aplicativo oficial do programa, exclusivo para votao e que

    pode ser baixado para smartphones e tablets. Cada voto dos jurados contabiliza 7% dos

    votos, totalizando 21%, j que so trs jurados: Dinho Ouro Preto, Fbio Jnior e Ivete

    Sangalo. Os outros 79% ficam a cargo do pblico e da plateia e so computados por

    meio do aplicativo.

    Vrias experincias semelhantes de participao do pblico j aconteceram na

    televiso brasileira, tanto em outros reality shows, como o Big Brother Brasil, A Fazenda

    ou A Casa dos Artistas, quanto em programas jornalsticos, esportivos e talk shows. Mas

    em todos esses casos, o pblico efetivava sua participao por meio de computadores

    com acesso Internet, por ligaes telefnicas ou por SMS2. Em SuperStar, o programa

    s acontece com a interao dos telespectadores por meio de smartphones e tablets, no

    possibilitando a votao pela Internet ou por telefone. Outro dado que o sistema

    de votao s pode ser acessado no momento em que as apresentaes das bandas

    acontecem, ao vivo. Isso significa que para participar do SuperStar o telespectador

    precisa necessariamente fazer uso do seu smartphone enquanto assiste ao programa,

    lidando com dois dispositivos diferentes simultaneamente e trabalhando com materia-

    lidades, sensorialidades e processos cognitivos distintos aos associados espectatoria-

    lidade televisiva tradicional.

    O uso de diferentes plataformas na recepo televisiva implica comportamen-

    tos e aes diferenciadas do corpo pelos telespectadores. O foco visual, por exemplo,

    se altera da grande para a pequena tela, em fraes de segundo, criando uma sensi-

    2 Servio de mensagens curtas de texto via celular. Do ingls, Short Message Service.

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    bilidade visual mais rpida e fragmentada. As mudanas ocorrem ainda na sensibi-

    lidade acstica do telespectador, uma vez que a afetao sonora e seus significados

    se constituem a partir de uma nova relao do indivduo com o contedo sonoro da

    TV. Com efeito, a experincia audiovisual construda por um conjunto de som e

    imagem em uma complementaridade plstica na qual um se torna parte do outro. Mas

    ao utilizar um outro dispositivo enquanto ouve a televiso, o telespectador vivencia

    uma experincia acstica diferente, pois o som se torna dissociado daquela imagem

    da TV. O que o telespectador agora v no mais a imagem da TV, mas a da tela do

    dispositivo, embora ele continue escutando o udio da televiso. Tudo isso requer um

    novo aprendizado do corpo e do mente.

    Contudo, se por um lado os dispositivos reivindicam determinadas materiali-

    dades corpreas, por outro, as tecnologias so compatveis com certos tipos de sujeitos,

    isto , h uma espcie de preparao social e intelectual para a utilizao dos meios,

    uma vez que as habilidades corporais e cognitivas parecem se conectar a determinadas

    vivncias culturais (PEREIRA, 2006). As novas textualidades televisivas seriam

    impensveis, como adverte Carlos Scolari (2008), se milhes de usurios no tivessem

    desenvolvido experincias hipertextuais nas ltimas dcadas. nesse sentido que

    Jonathan Sterne (2012) entende as tecnologias como cristalizaes de processos sociais

    e culturais. Em seu amplo estudo sobre a experincia da escuta, Sterne nos mostra que

    as diferentes tecnologias nascem em regimes de poder e de saber especficos e para

    entend-las necessrio buscar o contexto que possibilitou seu desenvolvimento. Um

    percurso semelhante j havia sido realizado anteriormente por Jonathan Crary (1992)

    no que diz respeito experincia da viso. Isso nos faz pensar que as materialidades do

    corpo e das tecnologias so atravessadas por questes histricas e culturais, colocando

    sempre em tenso a produo de sentido e a produo de presena.

    H uma situao especfica do programa SuperStar em que conseguimos

    perceber de forma clara os efeitos de sentido e os efeitos de presena. Quando

    as bandas esto se apresentando ao vivo no palco, as fotos dos telespectadores e dos

    jurados que votaram nelas vo aparecendo no grande telo de LED que a separa da

    plateia e dos jurados. As carinhas que vo aparecendo no painel vo mostrando que

    a apresentao da banda est recebendo votaes e, portanto, est tendo uma recepo

    positiva por parte do pblico. Quando os votos atingem um percentual mnimo (que

    varia conforme a fase do programa) a tela de LED sobe. Isso significa que a banda

    foi aprovada, ou seja, o efeito de sentido gerado o entendimento de que a banda

    passou para a fase seguinte ou recebeu votao maior do que a banda anterior. Mas

    por trs dessa dimenso de sentido que o telo sendo levantado carrega h uma

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    adimenso de presena muito particular. Quando o painel se levanta, acompanhado

    de um efeito sonoro de exploso e de luzes coloridas impactantes, percebemos que a

    prpria performance da banda no palco se modifica. E isso fica claro na expresso

    facial dos msicos e na prpria voz do cantor. A resposta corporal dos componentes

    da banda quando o telo sobe visvel: sensaes de alvio e de alegria so expostas

    fisicamente pelo corpo. E quando o painel no sobe, ficam claros os sentimentos de

    frustrao e tristeza, muito embora haja um esforo dos msicos para no deixar que

    isso transparea.

    interessante notar como o telo de LED constri um dilogo entre os te-

    lespectadores e a banda e sua materialidade gera efeitos de presena. As fotos que

    vo aparecendo no painel materializam a satisfao dos telespectadores pela banda,

    manifestada em forma de votos, funcionando como uma espcie de aceno do pblico

    para os msicos. Com efeito, a performance musical construda por um processo

    comunicativo que depende de certos cdigos e respostas do pblico (FRITH, 2009). E no

    caso de SuperStar, a plateia formada no s por quem est presente no auditrio onde

    o programa acontece, mas tambm pelos milhares de telespectadores que se tornam

    presentes no palco por meio de suas fotos e interao via aplicativo em dispositivos

    mveis ou pelos votos manifestos no torcidmetro, um tipo de termmetro que

    contabiliza a votao.

    Os msicos recebem esse feedback dos telespectadores ao vivo, mesmo estando

    a quilmetros de distncia, e respondem a isso visivelmente em sua atuao no palco,

    seja com sorrisos ou pelo semblante de preocupao, pela dana mais intensa ou mais

    contida, pela voz tremida ou mais solta, ou, ainda, pela interao atravs de palavras com

    o pblico. Realizar a apresentao no palco com o painel abaixado parece, a princpio,

    mais confortvel para a banda, pois os msicos no precisam encarar os jurados e a

    plateia, por outro lado h um certo desconforto causado pela impessoalidade do painel

    de LED. Quando o painel se levanta a atuao dos msicos contagiada pela reao

    da plateia e dos jurados, seja positiva ou negativamente. evidente, portanto, como

    a materialidade do telo provoca efeitos de sentido e efeitos de presena. E tudo

    isso gerado pela interao dos telespectadores por meio do aplicativo do programa

    disponvel nos smartphones e tablets.

    Destacamos, por fim, outra questo relevante em SuperStar. Trata-se das

    informaes disponveis na pgina oficial do Facebook e do Twitter e no site do

    programa. Esses dados, somados possibilidade de interao entre os telespectadores

    via redes sociais, tornam a espectatorialidade televisiva ainda mais dinmica, exigindo

    habilidades intelectuais e cognitivas mais complexas do que o modo de recepo

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    televisiva tradicional, pois preciso processar e organizar informaes fragmentadas,

    dispersas, distintas e sob diferentes linguagens. medida que vai assistindo ao

    programa ao vivo, por exemplo, o telespectador pode conhecer a opinio de outros

    telespectadores sobre a banda e ter acesso a dados que podem interferir em seu voto.

    No site podem ser encontradas informaes detalhadas dos episdios anteriores,

    com vdeos das apresentaes individuais das bandas, o perfil de cada banda e de

    seus integrantes, informaes sobre os apresentadores e jurados, enquetes e contedos

    exclusivos disponveis s na Web. A pgina reserva ainda ferramenta para comentrios

    dos fs, que podem aparecer na tela durante o programa, e espao para diverso, como

    games e caraoqu, cifras das msicas apresentadas, playlist das msicas mais tocadas e

    arquivos para download, troca de vdeos entre telespectadores e o torcidmetro. Esse

    universo informacional gigantesco passa a fazer parte da experincia receptiva do te-

    lespectador, influenciando sua percepo sobre o programa e sobre as apresentaes

    das bandas.

    SuperStar exemplifica bem o novo modelo de espectatorialidade televisiva, que

    deixa de estar vinculada exclusivamente ao contedo exibido no aparelho de TV e se

    amplia para uma experincia que combina novas textualidades com as tradicionais,

    uma recepo fragmentada e ubqua, marcada pelo hibridismo com outros meios, o que

    Carlos Scolari (2008) chama de hiperteleviso.

    5 Consideraes Finais

    A adaptao dos contedos televisivos s novas circunstncias tecnolgicas e

    sociais sinaliza tambm uma mudana no comportamento do telespectador. A nova

    gerao de telespectadores destaca-se principalmente pela capacidade de formar

    conexes entre fragmentos dispersos de informaes, realizar atividades simultneas

    enquanto assiste a contedos televisivos e, sobretudo, pelo seu posicionamento proativo

    diante das informaes.

    Os novos modelos de programao televisiva exigem dos telespectadores a

    habilidade de lidar com dispositivos diferentes, materialidades distintas e linguagens

    variadas de forma simultnea. A incorporao de dispositivos digitais mveis na

    experincia televisiva exerce significativo impacto nos processos cognitivos e sensoriais

    dos indivduos, modificando o posicionamento do telespectador e a construo

    subjetiva do sujeito receptor. Os efeitos de presena gerados pela televiso multipla-

    taforma proporcionam novas experincias no campo da visualidade, da percepo e

    da cognio humana. De modo anlogo aos demais meios de comunicao, a televiso

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    atem sido impactada pelos complexos processos comunicacionais contemporneos, que

    passam no s pela rapidez das trocas informacionais, mas tambm pelas interaes

    entre os telespectadores, pelas novas possibilidades de apropriao dos contedos,

    pelas diferentes formas de envolvimento do corpo e pela prpria constituio material

    dos dispositivos.

    A investigao desta temtica a partir de um reposicionamento do par sujeito/

    objeto nos possibilitou compreender aspectos significativos deste fenmeno que no

    poderiam ser percebidos quando se parte exclusivamente de um olhar marcado pela

    centralidade da interpretao. Nosso intuito foi, portanto, apresentar uma alternativa

    pesquisa que tem como foco exclusivamente o contedo da televiso, isto , estudos que

    enfatizam os aspectos narrativos, de interpretao dos programas, gneros e formatos

    televisivos. Procuramos mostrar a relevncia dos efeitos de presena gerados pela

    televiso multiplataforma na constituio do telespectador contemporneo.

    preciso salientar, contudo, que tais efeitos de presena possuem uma

    relao intrnseca com os efeitos de sentido as representaes simblicas e as distintas

    interpretaes dos sujeitos. Tal relao no excludente, mas de complementarida-

    de. A anlise do programa SuperStar nos permitiu perceber como as materialidades

    dos dispositivos implicadas no novo modelo de espectatorialidade televisiva podem

    ampliar os sentidos dos contedos televisivos, isto , como as condies de recepo

    asseguram experincias televisivas distintas. O reality show musical representa um

    modelo de programao televisiva que emerge no contexto da convergncia digital,

    construda pelos hibridismos com outras mdias e espaos miditicos.

    O percurso realizado nos leva a repensar o lugar do telespectador e a forma de

    espectatorialidade na televiso contempornea. Entendendo que as subjetividades e as

    sociabilidades so acionadas de modos diferentes a partir das tecnologias utilizadas e

    dos contextos nos quais os indivduos esto inseridos, concebemos a televiso multipla-

    taforma no s como um novo modelo de produo e de distribuio audiovisual, mas

    como uma forma inovadora de partilhar as experincias de vida e de projetar a subjeti-

    vidade nas prticas cotidianas.

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    Espectatorialidade e Materialidade na Televiso Multiplataforma: uma anlise do programa SuperstarResumo 1 Introduo

    2 A relao entre sujeitos e objetos 3 Televiso multiplataforma: materialidade, sensorialidade, cognio 4 O caso SuperStar 5 Consideraes Finais