ESPECIAL PORTO DE AVEIRO – 31.01.2008

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Especial sobre o Porto de Aveiro, publicado pelo “Diário de Aveiro” a 31 de Janeiro de 2008. Visite-nos em www.portodeaveiro.pt, www.youtube.com/portodeaveiro , http://www.portodeaveiro.pt/portofolio/, http://www.portodeaveiro.pt/navegantes2005/ , e http://www.portodeaveiro.pt/natal/

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«F inanceiramente, o porto tem vindo a recuperar e a melho-rar». A garantia foi dada, em entrevista ao Diário deAveiro, por José Luís Cacho, presidente do Conselho de

Administração do Porto de Aveiro, que assegura que «os ráciosfinanceiros denotam que se está a gerar cash-flows positivos».

«No ano passado foram bons, este ano são melhores, melho-ramos cerca de 15 por cento os cash-flows que libertamos, o que ébom», avança o responsável, defendo que esta demonstração deresultados financeiros mostra que «o porto de Aveiro está no cam-inho da sustentabilidade». Isto porque esses cash-flows «têmorigem na actividade portuária», o que «é um bom indicador»,acrescenta José Luís Cacho, rematando que «o porto de Aveiro é,hoje, uma realidade completamente diferente do que era há trêsanos», quando tomaram posse.

Resultados 2006

Em 2006 – o último relatório de contas conhecido – a

Administração do Porto de Aveiro (APA) obteve um resultadolíquido negativo de cerca de 802.547 euros, o que, em termos rela-tivos, «representa uma variação negativa de 157,30 por cento,comparativamente com o ano de 2005», é destacado no relatóriode gestão de 2006.

O documento salienta que «a evolução do resultado opera-cional, com um decréscimo de 730 mil euros, relativamente ao anoanterior, é o reflexo de um crescimento diminuto dos proveitosoperacionais (1,59%) e de um agravamento dos custos opera-cionais (7,75%).

De realçar, ainda, que no que respeita os proveitos operacionais,«ressalta um crescimento significativo dos rendimentos de pro-priedade (+ 1.167 mil euros) e da exploração portuária (+ 43 mileuros)». Contudo, sublinha o relatório de gestão da APA, «asrestantes rubricas apresentam um decréscimo, face a 2005».

Porém, «a liquidez geral apresenta um acréscimo (1,68) face a2005», um aumento justificado, «essencialmente pela diminuiçãodo passivo circulante».

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Ficha Técnica:

Director: Adriano Callé Lucas | Director-Adjunto Executivo: Ivan Silva | Textos: Ana Sofia Pinheiro e Margarida Malaquias | Fotografias: Paulo Ramos e Eduardo Pina | Design e paginação: Isabel AntunesTelefone: 234 000 031 e Fax: 234 000 032 | Email: [email protected] | Coordenação da publicidade: Ivo Almeida | Telefone: 234 000 030 e Fax: 234 000 033Concessionário da exploração: Diário de Aveiro, Lda., com sede na Av. Dr. Lourenço Peixinho, n.º 15, 1ºG, Aveiro, matriculada na Cons. R. Com. de Aveiro sob o n.º 1731 - Capital Social: 5.000 € -Contribuinte 501547606. | Composto e impresso: FIG - Indústrias Gráficas, SA.

Opinião(*) José Agostinho

Ribau Esteves

Do ponto de vista financeiro

Porto de Aveiro«tem vindo a recuperar»Município de Ílhavo

e Porto de Aveiro- 2008, um anoespecial

O ano de 2008 constitui um importante marco para avida do Município de Ílhavo e do seu Porto de Aveiro.

O Município de Ílhavo assinala e comemora os 110 anosda sua Restauração, com um conjunto de apostas novasque podemos referenciar na obra de reabilitação do JardimOudinot, que marca a presença forte do Município dentroda área portuária, assim como da activação do CentroCultural de Ílhavo, elemento central da nova política cultu-ral que vamos concretizar a partir de 2008.

A Administração do Porto de Aveiro lidera uma equipainstitucional com as Câmaras Municipais de Ílhavo e deAveiro, para as comemorações dos 200 anos da aberturada barra do Porto e da Ria de Aveiro, numa nova e impor-tante fase da sua vida, em que a captação de investimen-tos privados e as obras da ligação ferroviária à linha doNorte e da 3ª fase da Via de Cintura Portuária, são marcasde uma importante realidade.

Seguramente que a presença em Ílhavo e no TerminalNorte do Porto de Aveiro, da Regata da Sail TrainingInternational, ligando Falmouth, Ílhavo e o Funchal, de 20a 23 de Setembro, será um momento alto da vida doMunicípio e da Região, numa organização liderada pelaCâmara Municipal de Ílhavo, com uma parceria muitoespecial com a Administração do Porto de Aveiro.

O ano 2008 tem de ser, só pode ser um ano determinan-te e de início de uma nova vida para a Ria de Aveiro, coma implementação de um novo e eficiente modelo de gestãoe o arranque de importantes investimentos de qualificação,aproveitando os Fundos do QREN 2007/2013. Tambémnesta área, a cooperação entre os Municípios e aAdministração do Porto de Aveiro se reveste da maiorimportância para o sucesso desta aposta que tarda emconcretizar-se por parte do Governo.

Repetindo uma frase que reputamos de referência danossa relação com o Porto e com a História, “na terraque tem “O Mar por Tradição” e no bacalhau a sua car-ga de referência, a estrutura portuária está em casa, econtinuaremos seguramente a crescer juntos, num equi-líbrio sempre possível de viver e de melhorar em benefí-cio de todos.”

(*) Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo

Apesar de, no relatório de gestão da APA de 2006, a Administração Portuária ter

obtido um resultado líquido negativo, José Luís Cacho afiança que o porto

«tem vindo a recuperar e a melhorar»

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Como caracteriza a actividade do Porto deAveiro em 2007?

Foi um ano produtivo. O porto perdeu algumacarga, cerca de 50 mil toneladas, o que correspon-de a cerca de um por cento do que tinha debitadoem 2006 e isso deve-se, essencialmente, a esteprocesso que está a decorrer das concessões, emque há alguma agitação/concorrência entre asempresas que fazem a operação da carga, quetem motivado alguma deslocalização de algumacarga, o que é normal nestes processos de conces-sões. Se olharmos para o histórico dos outros por-tos, vemos que, quando atravessam estes proces-sos de concessão, também perdem alguma carga.Por outro lado, por alguma deslocalização demercados de origem e destinos de cargas por por-tos mais longínquos, onde essas cargas vêm, nor-malmente, em navios que não têm a possibilida-de de vir ao porto de Aveiro.

Como pretendem resolver essa questão?Cremos que, do ponto de vista do futuro, com a

resolução do problema da acessibilidade marítima– que neste momento está em curso – a situaçãoalterar-se-á, porque fará com que esses naviosde maior porte possam vir ao portode Aveiro. Penso que já esteano vamos recuperar sig-nificativamente o tráfe-go no porto de Avei-ro. Prevemos cres-cer, este ano, cercade 10 por cento, oque é um cresci-mento significati-vo do porto deAveiro. Isto mos-tra, claramente, queo caminho que traçá-mos há dois ou trêsanos é o certo. Pensa-mos também que com aquestão da ferrovia, no fi-nal de 2009, o porto de Aveirovai ter crescimentos acentuadose as previsões de tráfego que temosé que o Porto de Aveiro, nos próxi-mos cinco anos, faça mais dois outrês milhões de toneladas, o quesignifica quase duplicar o movi-mento que faz hoje ao nível decarga movimentada.

E do pontode vista fi-nanceiro?

Financeiramente, o porto tem vindo a recuperar ea melhorar. Os rácios financeiros denotam que esta-mos a gerar cash-flows positivos. No ano passadoforam bons, este ano são melhores, melhoramoscerca de 15 por cento os cash-flows que libertamos,o que é bom. Mostra que o porto de Aveiro está nocaminho da sustentabilidade e esses cash-flows têmorigem na actividade portuária, o que é positivo emostra, realmente, que estamos no caminho da sus-tentabilidade, a médio/longo prazo. É um bomindicador do porto de Aveiro, algo que não se podiadizer antes de chegarmos aqui. Este ano significa ofim de um ciclo de três anos do nosso mandato e oporto de Aveiro, hoje, é uma realidade completa-mente diferente do que era há três anos quandochegámos aqui.

Quais são as principais diferenças?As principais diferenças é que tem uma estratégia,

tem uma sustentabilidade financeira que não tinhana altura em que aqui chegámos, em que a situaçãofinanceira do porto era complicada e, hoje, tem, efec-tivamente, uma sustentabilidade e um caminhodefinido que me permite afirmar que o porto, dentro

de dois/três anos terá, finalmente, os resul-tados líquidos positivos provenien-

tes da exploração portuária. É ocaminho desejado para justifi-

car todo este pacote de inves-timentos que desenhámos

em 1999 e que, nos próxi-mos dois/três anos, vãomostrar que fizeramtodo o sentido e queo projecto em queacreditámos é umarealidade e que atéfomos demasiadoconservadores nocenário que dese-nhámos para oporto de Aveiro.Hoje, acreditoque as nossas

previsões foramsuperadas.

Nomeadamente…Por exemplo, em 1999, fazíamos previsões de

tráfego na ordem das cinco/seis milhões de tone-ladas e, hoje, os contratos que temos de tráfegovão ultrapassar esses valores. Isto ao fim de qua-tro/cinco anos, quando essas previsões de tráfego,elaboradas pelos consultores da altura, foram fei-tas a 15 anos. Naturalmente que vemos isto comalgum agrado. Sempre acreditámos neste projectoe entendemos que tinha viabilidade.

Disse, há um ano, que 2007 seria o ano dasconcessões. Em que ponto estão?

Lançámos o concurso da concessão do Terminalde Granéis Líquidos, tal como havia afirmado no fi-nal de 2006. Concluímos o estudo da concessão dacarga geral do Terminal Norte e vamos lançar oconcurso para a concessão deste terminal este ano.Vamos avançar com o modelo, que estava delinea-do como estratégico, de Landlord Port, o que signi-fica concessionar toda a carga do porto de Aveiro àsempresas privadas. Ou seja, a Administração Por-tuária sai da operação portuária e entrega aos priva-dos toda a movimentação de mercadorias que sefazem no porto de Aveiro. Segundo o nosso planoestratégico, é um caminho que pensamos estar con-cluído em 2010, com a concessão do Terminal deContentores. Esta vai ser a última concessão e só ire-mos avançar com ela quando tiver, efectivamente,certezas quanto à conclusão do Ramal Ferroviário.

Falou em melhoria da acessibilidade marítima…A acessibilidade marítima é um projecto que

tínhamos previsto avançar em 2009/2010. Nestemomento, face a alguma perda de competitividadedo porto, motivada por este fenómenoda globalização – como já referi – com adeslocalização das cargas para locaismais longínquos, é um processo que esta-mos a acelerar e vamos lançar, provavel-mente ainda este ano, a obra. A acessibili-dade marítima vai ser dividida em duas fa-ses: uma primeira fase com a dragagem (va-mos dragar a barra a fundos a menos 12,5);numa segunda fase, vamos concluir o projecto deexecução do prolongamento do molhe norte, em

cerca de 200 metros. Pensamos que teremoscondições de

lançar o concurso dessa obra no final do ano, em No-vembro/ Dezembro de 2008.

E em termos de acessibilidade rodoviárias?A acessibilidade que nos falta é a Via de Cintura

Portuária, que vamos, provavelmente este ano,lançar o concurso de uma parte da obra e, no finaldeste ano ou no início do próximo, lançaremos arestante obra, que será o troço entre, sensivelmentea meio do porto bacalhoeiro e a ligação à A25(junto à Friopesca). Vai ser a última fase da obra.

Relativamente à ligação ferroviária…Devo dizer que essa obra, a Via de Cintura Por-

tuária, andará a par do comboio e que estará con-cluída conjuntamente com a ligação ferroviária.Há partes de obra, com restabelecimentos e passa-gens superiores da ferrovia, que é um processoque irá decorrer, em termos de cronograma deexecução, a par do projecto ferroviário.

Em que ponto está o processo da ligação fer-roviária?

A informação que tenho da REFER é que estádentro do cronograma de execução previsto. Nestemomento, está a terminar a obra da Plataforma deCacia e o início do ramal. É uma obra que vai estarconcluída em Março deste ano. E vamos ter a ligaçãoao ramal concluída em Setembro/Outubro de 2009,

que será a obra que decorredesde Cacia (Mataduços)

até à Friopesca. A outraparte do ramal, na área

portuária, da Friopes-ca até dentro dos ter-minais, da ligação aofeixe rodoviário naárea portuária vai seradjudicada agora paratambém estar concluídaem Setembro/Outubrode 2009.

A plataforma de Ca-cia só começará a funcio-

nar quando estas obrasestiverem concluídas.

Quanto à plataforma deCacia, estamos, neste mo-mento, a estudar com a RE-FER o modelo de exploraçãoda plataforma. A platafor-ma de Cacia é uma estru-tura integrante do projec-to de ligação ferroviáriaao porto de Aveiro, peloque, naturalmente, vaiser estudada conjunta-mente com a logística daárea portuária. Vão serestudadas soluções emconcreto de exploração,

cujo modelo será articula-do com a nossa plataforma

logística e essa á uma ques-

Defende José Luís Cacho, presidente do Conselho de Administração da APA

«O porto de Aveiro está no caminApesar de a actividade portuária ter registado uma queda de cerca de 15 por cento na carga geral, o presidente do Conselho

de Administração da APA, José Luís Cacho, salienta, em entrevista, que Porto de Aveiro está, contudo, no «caminho

da sustentabilidade», sendo que as perspectivas apontam para um crescimento, este ano, na ordem dos dez por cento

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tão que estamos, neste momento, a avaliar com aREFER.

Relativamente à conferência que decorreu emSalamanca, no ano passado, que efeitos é que teve?

Ainda na semana passada tivemos uma reunião noPorto. A conferência, este ano, das Jornadas LogísticasLuso-Espanholas, é no Porto e no próximo ano emAveiro. Vamos fazer isto de uma forma tripartida:um ano em Salamanca, um ano em Leixões e outroano em Aveiro. Foi nosso entendimento, com Leixõese Salamanca, que se realizasse no Porto, este ano. Játivemos uma reunião prévia, na qual avaliámosalguns desenlaces, em consequência das últimas jor-nadas. Houve alguns contactos entre operadores e cli-entes com cargas para serem movimentadas nos por-tos, nomeadamente vinhos, os biocombustíveis, osprodutos agro-alimentares. Têm havido algumas arti-culações e penso que estas jornadas vai trazer algunsresultados positivos. Aliás, nós, no porto de Aveiro, jáfazemos algumas cargas para Castilha Y Léon, tantoagro-alimentares como produtos metalúrgicos.

Considera que os empresários espanhóis come-çam a ver, no porto de Aveiro, uma vantagenscompetitiva?

Sim e as redes Cylog mostram interesse em entrarpara o capital da nossa plataforma logística e estamosa trabalhar, nessa perspectiva, conjuntamente com arede Cylog, entidade que gere as plataformas logísti-cas de Castilha y Léon, no sentido do porto de Aveirolhe poder oferecer uma solução logística competitivapara que possamos também servir aquela região deEspanha com o nosso porto.

Quando será realizada a conferência no Porto?Pensa-se que poderá ser a 10, 11 de Abril, pese

embora ainda não haja uma data firme para isso.Estamos a estudar as datas, mas será concertezadurante o mês de Abril.

Terá, mais ou menos, os mesmos objectivosque a do ano passado?

Sim. Faremos um ponto de situação em relação àsprimeiras jornadas e ver o que podemos, nas próxi-mas, potenciar, de forma a que tenha um desenlacemais rápido e que seja uma realidade algumas cargasde Castilha y Léon serem movimentadas nos portosde Leixões e Aveiro.

Ainda em relação à ligação entre Portugal e

Espanha, o porto de Aveiro assinou um acordo como porto de Gijon.

Trata-se de um acordo de geminação entre oporto de Aveiro e o porto de Gijon, que tem porobjectivo potenciar os dois portos, porque vamosfazer acordos de formação, acordos comerciais, deforma a que operadores locais e de Gijon possamcruzar informação. Isto para que, numa perspectivade rede, sirvam os nossos portos de forma a torná-los mais competitivos e melhorar a competitividadedos portos. O porto de Gijon é um porto de algumareferência, do ponto de vista de gestão tem boas prá-ticas, é um porto bastante competitivo. Eles tambémtêm algum interesse e acham que Aveiro é um bomexemplo portuário e manifestaram esse interesse.Acho que este acordo de geminação pode trazeralgo muito positivo a quem precise de utilizar osdois portos.

Quais são as vantagens para cada porto?Por exemplo, hoje fazem-se linhas para Gijon que

não se fazem para Aveiro, se calhar fazem-se linhas apartir de Aveiro que não se fazem para Gijon e se ca-lhar, se essas linhas de Gijon forem feitas em Aveiropodem tornar-se mais competitivas e, eventualmente,podemos ter uma oferta mais competitiva para as car-gas para o norte da Europa ou para o Sul, para o Me-diterrâneo ou até para o outro lado do atlântico. Hojenão temos essa competitividade. E os dois portos, tra-balhando em conjunto, optimizam os custos e os cir-cuitos, o que será uma oferta competitiva que hojenão temos. E tem a ver com estes projectos novos dasauto-estradas marítimas com o objectivo de transferircarga da rodovia para os portos. Penso que este pro-cesso de rede de portos pode trazer algum valoracrescentado para ser possível transferir a carga deestradas para os navios.

Relativamente ao porto da Figueira, qual é oponto de situação?

É um processo que está em curso. Neste momen-to, está na secretaria de Estado para entrar em pro-cesso legislativo. Penso que no final do primeiro tri-mestre deste ano, finalmente, será possível constitu-irmos a sociedade para gerir o porto.

Já deveria estar concluído…É um processo bastante complexo e que atrasou

um pouco. Houve atrasos, penso que motivados,um pouco, pela presidência da União Europeia ealguma indisponibilidade da secretaria de estado

em avançar com este processo, mas penso que agoravai avançar muito rapidamente.

Como avalia o investimento privado realizado noporto de Aveiro em 2007?

2007 foi, pode dizer-se, o ano da concretização deum conjunto de investimentos privados que já esta-vam anunciados no ano anterior. Em 2007 concretiza-ram-se e em 2008 vai ser o ano em que eles vão entrarem exploração.

Que perspectivas há de outros investimentos para2008?

Há boas perspectivas de novos investimentos noporto de Aveiro, ainda mais volumosos dos que anun-ciámos no ano passado, mas aguardamos mais algumtempo para os podermos anunciar, porque não estãonuma fase que possam ser anunciados. A breve trechoteremos grandes e boas novidades no porto de Aveirorelativamente a investimentos privados.

Principalmente agora que se aproxima a ligaçãoferroviária.

Naturalmente que com a perspectiva da concretiza-ção da ligação ferroviária, com o que temos, sucessiva-mente, vindo a afirmar junto dos operadores e dasempresas que estamos a fazer tudo para acelerar oprojecto da melhoria da acessibilidade marítima, issomostrou outra apetência pelo porto de Aveiro e queisso arrastou um conjunto de investimentos para oporto de Aveiro.

A Socarpor é um exemplo disso.A Socarpor é um bom operador do porto de

Aveiro, é, se calhar, hoje, a principal empresa de esti-va no porto de Aveiro e é o concessionário de umterminal do porto de Aveiro e naturalmente que éum parceiro estratégico da administração portuáriae é uma entidade com alguma importância no portode Aveiro.

Em relação aos terrenos onde era a Antiga Lota…A hasta pública ficou deserta. O meu entendimento

em relação a esse processo é que foi muito poucotempo para as pessoas estudarem o dossier quedemos às pessoas, eventuais compradoras do terreno.Estamos a trabalhar nesse sentido, na perspectiva deque, nos próximos tempos, se possa vender para verse, rapidamente, podemos fazer a alienação do terrenopor forma a resolver o problema e que a câmara possaconcretizar o Programa Polis.

200 anosda abertura da barra

Datahistóricacomemoradacom actosimbólicoRelativamente às comemorações dos200 anos da abertura da barra, comotêm decorrido estas comemorações?Temos feito um conjunto de eventos naárea de exposições, na área da promo-ção junto das escolas, de um conjuntode campanhas que temos vindo adesenvolver; temos feito algumas ses-sões relacionadas com o objectivo demostrar a história da barra e da Ria,convidando algumas personalidadespara falarem sobre isso. Naturalmenteque o ano forte vai ser 2008 e que cul-minará com o dia 3 de Abril, que é adata histórica. Nessa altura, teremosalguns eventos de alguma dimensão,com um acto público importante que vairealizar-se junto ao Farol da Barra. Vaiculminar com uma comemoração com adignidade que o momento merece. Foium momento histórico para toda a regi-ão. Vai ser um acto simbólico paracomemorar a efeméride, que será nazona do Farol da Barra. Ainda estamosa trabalhar no programa, mas terá umconjunto de actos simbólicos. Natural-mente que a região não seria o que éhoje se não se tivesse aberto a barra há200 anos e vamos ter mais um conjuntode eventos.

Quais serão?Vamos lançar um livro muito importante,que a Professora Inês Amorim está aconcluir. É um livro muito importante ede grande qualidade, no qual se faz aanálise histórica da barra.

E depois de 3 de Abril?Vai haver uma conferência técnica, emMaio, sobre as obras da barra, junta-mente com a Ordem dos Engenheiros,que vai trazer portos estrangeiros paraabordar a temática as obras marítimas.Vai ser uma conferência internacional,pelo que vamos procurar que outros por-tos se associem à conferência, vamosconseguir trazer cá dois portos muitointeressantes: um outro porto da Penín-sula Ibérica – provavelmente Sevilha - ealguém em representação das obrasque estão a ser feitas no Dubai. Depois,teremos a regata dos Tallships. Even-tualmente mais um conjunto de eventos,nomeadamente umas regatas de vela eencerra no final do ano. Há ainda algu-mas coisas em aberto no programa.

inho da sustentabilidade»

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O porto de Aveiro perdeu, em 2007, em re-lação ao ano anterior, carga geral (-15,44%) e carga contentorizada (-13,62%).

Face a estes dados, os resultados positivos consegui-dos nos granéis sólidos (12,84%) e granéis líquidos(5,50%) não foram suficientes para que o balançototal fosse positivo. Isto porque, em termos totais, amovimentação de carga no porto de Aveiro regis-tou uma queda de 2,32 por cento, o que correspon-de a mais de 77 mil toneladas de carga (77.554,4ton.).

Entre 2006 e 2007, o porto de Aveiro registouuma perda de 255.764 toneladas de carga geral,facto que se torna acentuado, na medida que entre2005 e 2006 o porto tinha registado um crescimentode 289.987 toneladas neste tipo de carga.

De realçar a alteração da tendência decrescentena movimentação de carga de granéis sólidos regis-tada de 2005 para 2006, com menos 267.107,3 tone-ladas movimentadas, para um aumento de movi-mentação de 148.828,6 toneladas em 2007, quandocomparadas com o ano anterior. Deste modo, amovimentação de granéis sólidos no porto deAveiro sofreu um aumento de 12,84 por cento de2006 para 2007.

Contudo, apesar dos ganhos obtidos nos granéissólidos e líquidos, o porto de Aveiro perdeu em ter-mos de carga geral e contentorizada.

De acordo com José Luís Cacho, presidente doConselho de Administração da APA, (ver páginas4 e 5) a perda de carga por parte do porto deAveiro deve-se, «essencialmente, a este processoque está a decorrer das concessões, em que há al-guma agitação/concorrência entre as empresasque fazem a operação da carga», um processoque «tem motivado alguma deslocalização dealguma carga, o que é normal nestes processosde concessões».

O responsável pela Administração do Porto deAveiro salienta, por outro lado, que tem havido«alguma deslocalização de mercados de origem edestinos de cargas por portos mais longínquos,onde essas cargas vêm, normalmente, em naviosque não têm a possibilidade de vir ao porto deAveiro», uma situação que será resolvida com amelhoria das acessibilidades marítimas.

Número de navios

Se a comparação entre o número de navios queaportaram no porto de Aveiro entre 2006 e 2005não foi significativa – 1.065 navios em 2005 para

1.064 navios em 2006 -, o mesmo não se pode dizerda comparação entre 2007 e 2006, já que a diminui-ção de navios é de 8,18 por cento. Isto porque em2007 registaram-se 977 navios no porto de Aveiro,contra os 1.064 de 2006.

Terminais

No que respeita à actividade nos três principaisterminais do porto de Aveiro – Terminal Norte,Terminal Sul e Terminal de Granéis Líquidos – derealçar a diminuição de 45,82 por cento no núme-ro de navios movimentados no Terminal Norte.De 478 navios movimentados em 2006, oTerminal Norte registou 259 em 2007, o que cor-responde a menos 219 navios.

No que ao tipo de carga movimentada diz res-peito, o Terminal Norte registou uma quebra de28,66 por cento na carga geral e 40,03 por cento osgranéis sólidos. Em termos totais, este terminalassinalou uma quebra de 34,32 por cento nas car-gas movimentadas.

No Terminal Sul, a quebra de movimentaçãode carga é mais acentuada na contentorizada,com o terminal a registar uma diminuição de88,44 por cento, de 2006 para 2007. Comparandoos dois últimos anos, este terminal registou, nofinal de 2007, a transacção de menos 1,67 porcento de navios (de 360, em 2006, para 354 em2007). O crescimento deu-se nos granéis sólidos,com o terminal a assinalar um aumento de 18,02por cento neste tipo de carga (de 225.235 tonela-das em 2006 para 265.818 toneladas em 2007).Em termos globais, o Terminal Sul regista umcrescimento de 4,75 por cento (de 950.814,3 tone-ladas em 2006 para 995.948,4 toneladas em 2007).

O Terminal de Granéis Líquidos é, dos três prin-cipais terminais do porto de Aveiro, o que demons-trou, no ano de 2007, um crescimento equilibrado,sem perdas em qualquer indicador. De facto, o ter-minal assinalou um crescimento de 8,6 por centono número de navios transaccionados (de 186 em

2006, para 202 em 2007), a que corresponde umcrescimento de 6,8 por cento carga movimentada(de 528.155,6 toneladas em 2006, para 564.071 tone-ladas em 2007).

Mercadorias

Entre as mercadorias transaccionadas no portode Aveiro, em 2007, a maior fatia de mercadoriascarregadas respeita a cimentos, cal e materiais deconstrução manufacturados (431.983 toneladas),seguindo-se a madeira e cortiça (402.569 tonela-das) e a celulose e desperdícios (236.816 tonela-das). Em termos globais, foram carregadas,durante 2007, 1.365.459 toneladas de mercadorias,sendo que 5.905 toneladas destinaram-se a portosnacionais.

Já no que concerne às mercadorias descarrega-das, o porto de Aveiro registou, em 2007,1.906.556 toneladas de mercadorias, sendo que175.471 toneladas provieram de portos nacionais.A maioria das mercadorias descarregadas respei-taram a produtos metalúrgicos (751.332 tonela-das), a produtos químicos excepto produtos car-boquímicos (389.227 toneladas) e a cereais(245.630 toneladas).

Carga geral no porto de Aveiro cai mais de 15 por cento

Movimentação portuáriadiminuiu em 2007

De acordo com a estatística portuária de Dezembro último, é possível concluir que a carga geral diminuiu 15,44 por cento e a

contentorizada decresceu 13,62 por cento. Em sentido contrário, a carga de granéis sólidos e líquidos registaram crescimento

Carga movimentada no porto de Aveiro

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«P orto de Aveiro – Entre a Terra e o Mar» –o título do livro é suficientemente latopara abranger tudo, sobretudo, para

expressar que este é apenas o princípio da investi-gação, explica Inês Amorim, autora da referidaobra, que será apresentada no dia 3 de Abril,naquele que será um dos momentos chave dascomemorações do bicentenário da abertura dabarra de Aveiro.

Docente de história há 25 anos na Faculdade deLetras da Universidade do Porto, Inês Amorimnão é estreante na investigação em assuntos marí-timos – na sua tese de doutoramento já tinha tidocontacto com a documentação portuária. «Sal, pes-cas, portos – é a minha área de estudo», enumera aescritora, que já teve intervenção em diversos pro-jectos, como é o caso do «Hisportos».

«A história do Porto de Aveiro é, do meu pontode vista, a história da manutenção da barra – que éum processo difícil de se fazer. Desde 1808, a barramanteve-se no local em que se encontra actualmen-te, mas a partir das obras de abertura, desenvolveu-se um outro processo para tentar manter esta barrae corrigir alguns aspectos que não foram consegui-dos, porque o processo de assoreamento continuoua existir», argumenta a investigadora. «É um pro-cesso muito rico, do ponto de vista das relaçõesentre os poderes locais, a população local e os inte-resses nacionais. Por isso, a história da barra é umahistória muito dinâmica», defende Inês Amorim.

Após as investigações realizadas, Inês Amorimgarante que a abertura da barra teve «um impactefelicíssimo. Os seis anos, de 1802 a 1808, foramtempos duríssimos e, ao mesmo tempo, períodosde paixões, em que as pessoas ora adoravam o

engenheiro responsável pela obra, ora o ameaça-vam, porque não se podia fazer sal, nem produzirpão, nem navegar. Não se podia fazer praticamen-te nada». A autora do livro classifica aquela épocacomo «terrível», cheia de dificuldades, mas aomesmo tempo extremamente rica. Em plenasinvasões francesas, em 1808, o Porto de Aveiro tor-nou-se num ponto estratégico, passando, por isso,a existir apoio por parte do poder central no senti-do de prosseguir com a obra. Tal como conta a his-toriadora, Luís Gomes de Carvalho, engenheiro,chegava a referir-se à abertura da barra como a umsegundo dia da «criação».

Três partes

«Porto de Aveiro – Entre a Terra e o Mar» encon-tra-se dividido em três partes. Na primeira, InêsAmorim escreve sobre a evolução do litoral, as con-dicionantes e justificações económico-sociais queproporcionaram a abertura da barra de Aveiro. Arealização desta obra era importante por questões denavegabilidade, salinidade, etc., mas há um conjuntode produtos fundamentais que vão determinar e jus-tificar a construção do porto, indica Inês Amorim.

Como porto interior, é a partir da década de 20que este se começa a desenhar. «Não há um porto,

mas sim muitos portos ao longo da ria – e isso éuma das suas qualidades», revela a investigadora.O sal, o moliço e o junco são fundamentais, mas é obacalhau que faz desta zona um dos maiores portosnacionais, que pressiona a solidificação do porto depesca longínqua e costeira, conta Inês Amorim.

A segunda parte da obra destaca o tema da estru-tura orgânica e os diferentes sistemas administrati-vos do porto, desde a superintendência, passandopelas diferentes juntas autónomas, até à actual Ad-ministração do Porto de Aveiro, constituída em1998. A partir de 1802, definem-se duas áreas: a ad-ministração (gestão financeira e de pessoal) e a enge-nharia (direcção de obras), explica a autora do livro.Nas várias juntas houve figuras públicas da cidade,que acabaram por participar activamente na gestão,tendo sido muito reivindicativos junto do governocentral, sobretudo relativamente ao financiamento eà a independência económica, acrescenta.

Já a terceira parte do livro abrange a documenta-ção relacionada com a engenharia da abertura dabarra, ou seja, a cartografia, os planos que se vão faz-endo sucessivamente. «Existem muitas descrições,imagens e desenhos da barra, feitos, sobretudo,pelos holandeses», revela Inês Amorim, acrescentan-do que depois do desenho e, a partir da década de30, começam a surgir várias fotografias das obras.

As obras de abertura da barra dividiram-se emdiferentes fases e diversos engenheiros tanto portu-gueses, como holandeses, italianos, franceses,ingleses, entre outras nacionalidades. «Há nomesque conhecemos, que marcaram, definitivamente, ahistória da engenharia em Portugal, que têm umaprodução cartográfica extraordinária», refere a his-toriadora.

Apresentação do livro integra-se nas comemorações do bicentenário da abertura da barra

Inês Amorim lança «Porto de Ave«Acho que a história dos portos de Portugal é uma história por fazer», refere Inês Amorim, autora do livro «Porto de Aveiro –

Entre a Terra e o Mar», que tem procurado contrariar essa condição. As comemorações do bicentenário da abertura da barra

de Aveiro tornaram-se no cenário ideal para a apresentação do seu mais recente livro

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Documentação

Para a elaboração desta obra, Inês Amorim procurou informação emdiversos locais, como no arquivo histórico do Ministério das Obras Pu-blicas, no Instituto Geográfico e Cadastral, na sede do próprio Porto deAveiro, entre outros arquivos. Durante a investigação, teve a oportuni-dade de consultar o livro de registos do cofre da barra, que começou aser escrito pela intendência das obras, possuindo registos de 1755 a1814, que incluem, por exemplo, a correspondência entre o monarca e osuperintendente.

Tal como refere a docente de história, «na constituição das juntasportuárias havia sempre uma cláusula: fazer o levantamento da docu-mentação para que fosse entregue à junta seguinte – o que revela aideia da preservação da memória existente». Para a investigadora, estapreservação da documentação é «extremamente importante», namedida em que é fundamental que a memória fique sempre presente.«E o porto existe porque há memória», salienta.

Mas se por um lado a concentração de informação é essencial, poroutro lado acabou por criar uma maior dificuldade a Inês Amorim emdeterminado aspecto: fazer opções. «Por isso, tenho uma introduçãoem que falo um pouco da história de um porto, seja ele qual for, dosdiferentes desafios que são feitos. Tive de fazer opções, não fiz uma lis-tagem de todos os administradores, mas sim uma interpretação doporto – o que é um risco».

Seria impossível dar um tratamento sistemático a toda a informa-ção, refere Inês Amorim, aproveitando para dizer que neste livro nãoperde a oportunidade de lançar pistas para futuras investigações. «Viisto como uma proposta de muitas histórias do porto». Aliás, a autoranão dá o nome de «conclusão» à parte final do livro, preferindo cha-mar-lhe «encerramento».

Considerando que «a organização do arquivo tem que continuar», ahistoriadora garante que «se assim for muitos trabalhos surgirão, nãosó do passado, mas também do presente, porque os estudos estãoconstantemente a ser feitos, a todos os níveis».

Uma história por fazer

«A história dos portos de Portugal é uma história por fazer», nome-adamente quando comparada com a historiografia internacional, noque diz respeito à história dos espaços húmidos, que inclui não só aquestão portuária, como também o estudo do sal e da pesca, ou seja,dos recursos marítimos.

«Deu-me imenso prazer fazer este livro», confessa Inês Amorim.Interessa-lhe a dinâmica, a interacção e os imensos aspectos que há porconhecer. «A história é um processo de reconstrução – o que temos sãoas memórias e é óptimo que as tenhamos. Aproximar a memória darealidade histórica é um objectivo de um historiador», explica.

Nesta história em particular, «há coisas muito interessantes», co-mo desabafos que se percebem nas entrelinhas, dificuldades, dureza

e hesitações. «Esta poderia ser a história do “se”», revela a autora.Com um leque «alargado» de potenciais leitores, este livro dirige-se

aos pares da escritora, ao nível da investigação científica; a todas aspessoas que estão ligadas a outros portos e à comunidade em redor,refere Inês Amorim, acrescentando que a divulgação da obra está nasmãos da Administração do Porto de Aveiro. Caso contrário, «corre orisco de ser apenas um trabalho monográfico».

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veiro – Entre a Terra e o Mar»

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P elo baixo custo e pela liberdade de movi-mentos que proporciona, a acessibilidademarítima «deve ser a principal saída do dis-

trito de Aveiro» – quem o diz é José Rodrigues Pe-reira, ex-capitão do Porto de Aveiro, que desempe-nha, actualmente, os cargos de director do Museude Marinha e de presidente da assembleia do grupode Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo.

Apesar do facilitado acesso à A25, José Rodri-gues Pereira referiu, em entrevista ao Diário deAveiro, que a aposta deve incidir sobre o comér-cio marítimo. «O mar não tem fronteiras, não énecessário passar por países terceiros», argu-menta, acrescentando que pelo acesso marítimo,«não é preciso alfândegas, vistorias ou autoriza-ções – o que facilita muito o comércio».

Enquanto capitão do Porto de Aveiro, José Ro-drigues Pereira pôde confirmar este ponto de vis-ta, em situações como as greves de camionistas,em Espanha e França, que impediam a circulaçãodos camiões, bem como o consequente abasteci-mento de fábricas com os produtos importados.

Em termos de acessibilidades, o comandante re-conhece, também, a importância da ligação ferro-viária ao Porto de Aveiro, lembrando, no entanto,que esta obra já devia ter ficado pronta no final do sé-culo XX. «Vai facilitar o transbordo de material e au-mentar a segurança do transporte. São menos ca-miões na estrada, portanto vem facilitar muito o trân-sito nesta zona, bem como o desenvolvimento docomércio, pela maior capacidade de transportar mer-cadorias», referiu o ex-capitão do Porto de Aveiro.

Defende José Rodrigues Pereira, ex-Capitão do Porto de A

Via marítima «deveCom dois livros na «calha» – um sobre a história da Marinha e

outro sobre viagens e operações navais – José Rodrigues

Pereira reviveu, em entrevista ao Diário de Aveiro, os momentos

por que passou enquanto capitão do Porto de Aveiro, entre

1996 e 1998. No seu entender, a acessibilidade marítima é algo

que deve ser aproveitado, por todas as vantagens que possui

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Recordações

Apesar de ter terminado o exercício daquelasfunções há cerca de dez anos, Rodrigues Pereiracontinua a manter estreitas ligações com os con-celhos de Ílhavo e Aveiro, até porque este foi umlugar que lhe trouxe «satisfação profissional e pes-soal», admite. «A nível profissional foi uma exper-iência muito boa, muito agradável. Tive a sorte deter poucos acidentes, em termos de segurançamarítima, embora tivesse tido pequenos per-calços, nomeadamente naufrágios e banhistasdesaparecidos», recorda José Rodrigues Pereira.

«Gostei muito deste lugar, em Aveiro, por umasimples razão: para um indivíduo com a forma-ção militar que tive na marinha, este era um tra-balho que não era exclusivamente militar. Tinharelações com os pescadores, com a marinha docomércio, com as entidades civis, com o domíniopúblico marítimo, fiz parte de uma administraçãoportuária. Estive relacionado com a gestão doporto, fazia parte da Protecção Civil dos nove con-celhos que a área da Capitania abrangia. Fui,ainda, membro da Junta de Turismo da Rota daLuz. Por esta diversidade de trabalho e de funçõesque tinha, foi realmente uma experiência que memarcou», revelou.

Segundo conta o ex-capitão do Porto de Aveiro,o momento que mais o marcou enquanto desem-penhava aquela função foi um grave acidente queocorreu no “pipeline” da Cires, que passa por bai-xo do Canal de Mira. «Uma draga não respeitouas normas de segurança que lhe tinham sido da-das, rebentando o “pipeline”, que transportavaum gás com uma componente venenosa», expli-cou. No entanto, apesar da gravidade deste aci-dente, acabou por ficar comprovada a eficiênciado esquema de segurança do Porto de Aveiro. Emesmo estando ausente o presidente do Porto deAveiro, bem como o chefe de segurança e o capi-tão do porto, os automatismos e todo o planea-mento funcionaram. O dispositivo de segurançaque a Cires tinha (válvulas de não retorno, quecom a perda de pressão do gás dentro do “pipe-line” fecham as válvulas de segurança) levou aque apenas fosse libertado o gás que estava natravessia do canal – três toneladas. Graças aovento que estava nesse dia e às baixas quanti-dades libertadas o gás acabou por não ser noviço.

Desenvolvimento do Porto de Aveiro

Comparando a época em que desempenhoufunções no Porto de Aveiro com os dias de hojenaquela infra-estrutura, Rodrigues Pereiraapercebe-se de que o desenvolvimento do portotem-se mantido constante, quer no aumento donúmero de cais disponíveis, quer na quantidadee qualidade do equipamento disponível. «OPorto de Aveiro continua com a capacidade quenaquela época também tinha para o movimentoque havia. Tem a capacidade de ser uma saídaimportante do distrito de Aveiro», salientou. «Domeu tempo para cá, o Porto de Aveiro continuoucom a evolução que já vinha mantendo, desde osanos 70, no sentido de se tornar num portoimportante a nível nacional», acrescentou.

Pela sua experiência na Marinha e pelo trabalhodesenvolvido na investigação em história maríti-ma, José Rodrigues Pereira foi, recentemente, con-vidado pelo Porto de Aveiro para dar uma confe-rência sob o tema «Portugal na época da abertura

da Barra», a propósito das comemorações dobicentenário daquele acontecimento histórico.

Tal como conta o José Rodrigues Pereira, em 1808(ano da abertura da Barra de Aveiro), Portugal en-contrava-se ocupado pelos exércitos de Napoleão ea família real portuguesa encontrava-se no Brasil,com o intuito de manter a independência do país.Na altura, o domínio da esquadra nacional era umaambição francesa, dado que aquela era a terceiramaior marinha na Europa (com navios de guerra emercantes). E é nestas circunstâncias que o Porto deAveiro é considerado como uma infra-estrutura es-tratégica para o país e para a região. A necessidadede desenvolver o comércio nesta região foi um dosfactores que levou à abertura da Barra, no local on-de ela se encontra actualmente (anteriormente já ti-nha estado localizada no Furadouro, na Torreira ena Vagueira), proporcionando-se, assim, a saída demercadorias, a exportação do sal e o regresso à pes-ca (a única pesca que existia com a barra fechada eraa arte xávega). «Aveiro era um ponto importanteem termos de desenvolvimento de comércio maríti-mo», reforçou o ex-capitão do Porto de Aveiro.

200 anos depois

Volvidos 200 anos desde a abertura da Barra, oporto «teve uma evolução quase tão grande comoo porto de Lisboa. É um porto que foi se perma-nentemente adaptando às necessidades cada vezmais sofisticadas do transporte marítimo. Oúnico problema que a Barra de Aveiro tem, que éum problema natural, é a falta de profundidade elargura Nunca se terá uma barra tão grande e tãoprofunda como os Portos de Lisboa ou o de Sines.Mas relativamente àquilo que se chama porto desegunda linha, de curta distancia, é neste mo-mento, o porto mais importante da costa por-tuguesa», defende Rodrigues Pereira.

O ex-capitão do Porto de Aveiro aponta comovantagens a facilidade de desembarque e trans-porte de mercadorias por terra para o interior dePortugal, dado que Aveiro encontra-se muito pró-xima de cidades importantes, como Viseu, Coim-bra, Porto. Para além disso, Rodrigues Pereirasublinhou a relevância deste porto para o interiorde Espanha, dado que é a infra-estrutura portuáriamais próxima de determinadas regiões espanholas.

Ao fim de 44 anos de carreira na Marinha,Rodrigues Pereira irá lançar, em meados do pre-sente ano, o livro «Portugal e o Mar», que para jáencontra-se em fase de pré-impressão, nomeada-

mente na revisão das imagens. O lançamentopoderá vir a ter lugar em dias comemoráveis,como o dia da Marinha ou o dia do aniversário doMuseu de Marinha.

Em cerca de 300 páginas, a referida obradescreve a história da Marinha, abordando osprincipais factos do desenvolvimento como povomarítimo, focando os aspectos da marinha docomércio, da pesca, bem como a actividade marí-tima nacional até ao final do século XX. «É umlivro de divulgação – tanto que não terá grandepormenor histórico, que será editado com capadura. Pretende-se que seja um livro que venha aser utilizado como oferta da Marinha a entidadesque a visitem», esclarece o autor.

Para além desta obra, José Rodrigues Pereira temna «forja» o lançamento de um outro livro: oVolume de História da Marinha Portuguesa:Viagens e Operações Navais (1139-1499). De acor-do com o ex-capitão do Porto de Aveiro, este é umtrabalho com um carácter mais académico, sobreviagens e operações navais, durante aquele período– o que inclui a chegada de Vasco da Gama à Índia.«Este é um livro com muito mais pormenor», masque está, ainda, numa fase menos adiantada. «Oséculo XV é um período de grande desenvolvi-mento – há muita coisa para escrever», revela JoséRodrigues Pereira.

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e Aveiro

ve ser a principal saída do distrito»

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«P ensamos que teremos condições de lan-çar o concurso no final do ano, em No-vembro/Dezembro de 2008», afirmou

José Luís Cacho, presidente do Conselho de Ad-ministração da APA, referindo-se ao projecto deacessibilidade marítima, que estava previstoavançar em 2009/2010.

«Neste momento, face a alguma perda de com-petitividade do porto, motivada por este fenó-meno da globalização com a deslocalização dascargas para locais mais longínquos, é um proces-so que estamos a acelerar e vamos lançar,provavelmente ainda este ano, a obra», asse-gurou o responsável.

José Luís Cacho explicou que a acessibilidademarítima vai ser dividida em duas fases: umaprimeira fase que comporta a dragagem dabarra (a fundos a menos 12,5); numa segundafase, concluir-se-á o projecto de execução do

prolongamento do molhe norte, em cerca de 200metros.

Modelo Landlord

Em 2008, a APA (Administração do Porto deAveiro) vai lançar, ainda, o concurso da con-cessão da carga geral do Terminal Norte.

Para além disso, pretende conduzir o processopara a passagem, de acordo com o delineado noPlano Estratégico, para o Modelo de LandlordPort, o que significa concessionar toda a carga doporto de Aveiro às empresas privadas. «AAdministração Portuária sai da operação portuáriae entrega aos privados toda a movimentação demercadorias que se fazem no porto de Aveiro»,reitera o responsável, acrescentado que este seráum percurso que deverá estar concluído, em 2010,com a concessão do Terminal de Contentores.

Confirma José Luís Cacho, presidente do Conselho de Administração da APA

Acessibilidade marítimaem concurso este ano

A Administração Portuária pensa conseguir lançar o concurso para o melhoramento da acessibilidade marítima

em Novembro ou Dezembro deste ano

No dia 3 de Abril próximo

APA comemora 200 anosda abertura da barra

As comemorações dos 200 anos da aberturada barra de Aveiro tiveram início ainda no anopassado e terminam em Dezembro de 2008. Oponto alto das comemorações acontecerá no dia3 de Abril com «alguns eventos de algumadimensão, com um acto público importante quevai realizar-se junto ao Farol da Barra», revelouao Diário de Aveiro José Luís Cacho, presidentedo Conselho de Administração da APA.

O responsável salientou que tratar-se-á de«um acto simbólico para comemorar aefeméride», sem querer revelar pormenoresquanto ao programa, dado que este ainda está aser trabalhado pela administração portuária emconjunto com diversas entidades a si ligadas.

Entre as actividades já confirmadas e agen-dadas está o lançamento do livro «Porto deAveiro – Entre a Terra e o Mar», da autoria deInês Amorim, no qual é feita a análise históricada barra (ver páginas 8 e 9).

Para Maio está prevista a realização de umaconferência técnica internacional sobre obrasmarítimas, que contará com o apoio da Ordemdos Engenheiros e que receberá contributos de«dois portos muito interessantes: um outro portoda Península Ibérica – provavelmente Sevilha - ealguém em representação das obras que estão aser feitas no Dubai», avançou José Luís Cacho.

Um evento relevante, no âmbito das comemo-rações do bicentenário da abertura da barra deAveiro, respeita à realização da regata dosTallships, em Setembro.

Cacho conclui recordando que «a região nãoseria o que é hoje se não se tivesse aberto abarra há 200 anos».

O Certificado de Compra em Lota (CCL) éum projecto concebido pela Docapesca,que tem como objectivo fundamental a

identificação do pescado transaccionado nas lotasdo continente português, junto do consumidor final.O lançamento piloto desta iniciativa terá lugar emAveiro, durante o próximo mês.

Através de um conjunto de suportes físicos, quevão desde a Etiqueta CCL a materiais promocionaise folhetos informativos, será possível dotar o con-sumidor final de um conjunto de informações úteis,sobre o pescado que pretende consumir.

O CCL garante, deste modo, que o pescado,em causa, foi sujeito a uma primeira venda emlota e que provém, essencialmente, da Frota dePesca Portuguesa, a laborar em águas territoriaisportuguesas.

Objectivos

«Identificar e diferenciar, junto do consumidorfinal, o pescado transaccionado através das lotasdo continente português, onde é submetido a umainspecção higio-sanitária, feita por equipas de téc-nicos veterinários» é um dos objectivos do CCL,bem como «valorizar o pescado qualitativa e quan-titativamente».

Entre os objectivos deste certificado de compraem lota está a valorização da «imagem do pescado

da costa portuguesa, associando-o às regiões ondeas lotas se situam», refere a Docapesca.

Segundo o Diário de Aveiro apurou junto daDocapesca, a empresa pretende ainda «aumentara procura primária de peixe e o seu consumo,salientando os benefícios desta prática para asaúde pública» e «incentivar a procura de pescadoproveniente das lotas do continente português

onde actua, essencialmente, a Frota de PescaPortuguesa».

Refira-se que este projecto terá início em Feve-reiro, na Delegação de Aveiro da Docapesca,sendo alargado, posteriormente, às restantes dele-gações, num período de seis meses, respeitando asimplementações do sistema HACCP (Análise eControlo de Pontos Críticos) nas lotas.

Lançamento piloto decorrerá em Aveiro

Docapesca cria certificadode compra em lota

A Docapesca vai lançar, em Fevereiro, em Aveiro o certificado de compra em lota

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«Oano de 2007 foi o melhor de sempre».A afirmação é de Simões Capão, ge-rente da Sana – Sociedade de Agencia-

mento de Navios, Lda, que opera no porto deAveiro desde 1991.

O responsável fez, assim, um balanço «muitopositivo» da actividade desenvolvida durante2007, com um maior número de agenciamentode navios, que demonstra uma linha de cresci-mento contínuo da Sana tanto no que respeita aonúmero de navios transaccionados no porto,como em volume de toneladas de mercadoriacarregada e descarregada.

Simões Capão salienta, nesta matéria, o factode possuírem clientes nas áreas de carga edescarga. Balanço «muito bom» que faz anteverque o ano de 2008 possa ser «igualmente bom,

continuando com o apoio dos clientes». O factode o porto de Aveiro estar a promover um con-junto de investimentos, nomeadamente a melho-ria da acessibilidade marítima e a ligação fer-roviária, leva a gerência da Sana a perspectivarque os próximos sejam positivos. «Tudo o quesejam melhoramentos para o porto de Aveirosão bem vindos e contamos beneficiar com isso»,concluiu Simões Capão.

De realçar que a Sana está, desde Janeiro de2001, certificada pela norma ISO 9001:2000, ummarco que definiu como «importante», porquetem o cunho da «credibilidade».

Actividade

A laborar no porto de Aveiro desde 1991, a

Sana – Sociedade de Agenciamento de Navios,Lda dedica-se ao agenciamento de navios, aosafretamentos, às estivas e desestivas, ao tráfegoportuário, ao parqueamento e armazenamentode mercadorias e à importação e exportação.

As actividades da Sana cobrem diversas áreasdo negócio marítimo num conjunto de ofertaque satisfaz as necessidades dos utentes doporto de Aveiro: agenciamento de navios, con-

signações, corretagem e fretamento de navios,organização e comercialização de soluções detransporte em carga convencional de/para todoo mundo, operações de carga e descarga, arma-zenamento a coberto e a descoberto, recepçãode mercadorias e transporte e distribuição decargas.

A Sana tem uma empresa associada, a Foz-tráfego - Agência Marítima da Figueira, Lda.

APortmar – Agência de Navegação, Lda,fundada a 11 de Março de 1985, e regis-tou, em 2007, uma «evolução bastante

positiva» entre os portos de Leixões e Aveiro,avançou, ao Diário de Aveiro, José Moura,responsável da empresa.

«O ano foi óptimo e não houve grandesdesvios», assegurou o responsável, acrescentan-do que, em Aveiro, houve um menor númerode agenciamento de navios devido ao «bacal-hau que deixou de vir para Aveiro», afirmouJosé Moura, explicando que o porto de Aveiro,neste campo, tem perdido alguma competitivi-dade para alguns portos espanhóis.

José Moura acredita que 2008 será um ano emque, mais uma vez, a tónica principal será deoptimismo e confiança, em que o crescimento daempresa se deverá sentir.

Empresa

Considerada uma das «maiores e mais conceitu-adas de navegação em Portugal», a Portmar tem asua sede social em Lisboa na Av. Infante D. Henri-

que, nº 332 – 3º Andar e conta ainda comescritórios próprios em seis dos principais portosportugueses, nomeadamente, Leixões, Aveiro,Lisboa, Setúbal, Sines e Funchal. Para além dasinstalações em território nacional, tem tambémescritórios próprios em Cabo Verde, na cidade daPraia (Ilha de Santiago) e na cidade do Mindelo(Ilha de S. Vicente).

A Portmar, que atende, em média, 400/450navios por ano, tem, actualmente, como sóciomaioritário a Portline – Transportes Internacio-nais, S.A. e possui uma frota com uma capaci-dade de 720.000 DWT.

Ao longo dos anos, a empresa tem vindo a fo-mentar e desenvolver diversos projectos, nomeada-mente ao nível do tráfego marítimo e das relaçõescomerciais entre Portugal e o resto do mundo.Desta forma, é associada de inúmeras Câmaras deComércio, das quais se destacam: CCITPCV -Câmara de Comércio, Industria e Turismo PortugalCabo Verde; CCILSA – Câmara de Comércio eIndustria Luso-Sul Africana; CCILJ – Câmara deComércio e Indústria Luso-Japonesa; e CCAP –Câmara de Comércio Americana em Portugal.

De referir que a Portmar tem o seu sistema dequalidade certificado de acordo com a norma NPEN ISO 9001:2000.

Pólo Logístico do Funchal

Após um longo período a trabalhar em ar-mazéns de alguns parceiros na Ilha da Madeira,a Portmar tem agora um armazém próprio nacidade do Funchal que permite alargar a ofertade serviços a prestar aos seus clientes e contro-lar, de forma mais eficaz, esses mesmosserviços.

Esta estrutura permitirá, ainda, oferecerserviços de consolidação e desconsolidação decontentores, armazenagem e distribuição.

Com este novo armazém, a empresa pode co-meçar a oferecer, com regularidade, o transportede cargas em regime de grupagem (pequenasembalagens/volumes) tanto no tráfego Continen-te Madeira como vice-versa.

A partir de agora, os clientes poderão colocar assuas cargas todas as semanas no armazém da em-presa em Lisboa (Armazém TRANSLINK - Cama-rate) até quinta-feira, e recebê-las-ão no Funchal naterça-feira seguinte de forma rápida, cómoda eeconómica.

Por outro lado, o mesmo processo pode serinvertido, ou seja, a Portmar pode receber as car-gas semanalmente no Funchal (Pólo Logístico doFunchal) até quinta-feira e entregá-las em Lisboana terça-feira seguinte.

Afiança Simões Capão, gerente da Sana - Sociedade de Agenciamento de Navios, Lda

«2007 foi o melhor ano de sempre»A empresa Sana – Sociedade de Agenciamento de Navios, Lda, que opera no porto de Aveiro desde 1991,

conseguiu agenciar 166 navios durante 2007

Entre os portos de Leixões e Aveiro

Portmar evoluiu «bastante»2007 foi um ano positivo para a Portmar que viu evoluir a sua actividade

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«P ara rentabilizar o investimento realiza-do no Porto de Aveiro há que melhoraras acessibilidades marítimas», salientou

Ferreira Jorge, director da Socarpor, em entrevis-ta ao Diário de Aveiro. Em termos de acessibili-dades terrestres, segundo refere o responsável,«o Porto de Aveiro está bem servido», nomeada-mente depois da conclusão da construção daligação ferroviária, prevista para o segundosemestre de 2009. No entanto, os investimentosrealizados, em termos de infra-estruturas, «sóconseguirão ter sucesso se as acessibilidadesmarítimas forem melhoradas», defende FerreiraJorge, explicando que para atrair navios de ori-gem longínqua e de maior capacidade de carga énecessário criar condições competitivas para tal.

Precisamente para captar uma maior quanti-dade de cargas, a Socarpor tem, em fase de con-clusão, o Terminal Agro-alimentar – Sograin –com uma capacidade de armazenagen em silosverticais de 60 toneladas e o devido equipamen-to de descarga de cereais e farinhas, que deveráficar concluído em Maio do presente ano. Entre atecnologia que será utilizada nesta infra-estrutu-ra, destaque para as três gruas, uma tremonhaecológica (com uma capacidade superior aohabitual), as passadeiras rolantes cobertas (quetransportam a carga a mil toneladas por hora),uma torre de pesagem do cereal e de separaçãode resíduos, duas linhas de carga de camiões(com movimentação a 500 toneladas por hora),para além do acesso ferroviário a nascente e apoente do terminal (com uma capacidade decarga de 300 toneladas por hora).

Maior capacidade e ritmo

No total, este é um investimento que ronda os25 milhões de euros, que irá proporcionar aoPorto de Aveiro uma nova «ferramenta», quepermitirá aumentar a quota de descargas de pro-dutos agro-alimentares, com uma maior capaci-dade de armazenagem e um ritmo de descargade mil toneladas por hora. A consequente dimi-nuição do tempo de descarga torna, por sua vez,o Porto de Aveiro num local mais competitivopara os armadores, que com estas condições aca-bam por ser mais facilmente atraídos para estesterminais.

Para já, apenas duas das três gruas adquiridaspela Socarpor estão instaladas no Porto deAveiro. Uma delas suporta 65 toneladas e a outra(a maior, a nível nacional) possui uma capacida-de de elevação de 120 toneladas, tendo atingido,em Dezembro último, um valor record na des-

carga de material siderúrgico (1.150 toneladaspor hora útil). A terceira grua, com 65 toneladasde capacidade, deverá ser entregue à empresa nofinal do presente ano, revela Ferreira Jorge. Astrês gruas representam para a Socarpor uminvestimento na ordem dos 7,5 milhões de euros.

A aposta neste tipo de infra-estruturas quecontribuem para uma maior rentabilidade foiincentivada pela ligação ferroviária do Porto deAveiro, que reforçará a competitividade do Portode Aveiro, já que estenderá a sua zona de influ-ência a outros «hinterlands» até agora inacessí-veis face ao binómio distância-preço. «Chegar aEspanha» é um dos objectivos da Socarpor que,entretanto, já estabeleceu relações com industriasdo país vizinho.

Alternativa a portos do Norte de Espanha

De acordo com o director daquela empresa, «acomunidade industrial tem visto este projectocom bons olhos, devido à criação de uma alter-nativa aos portos do Norte de Espanha» (maislongínquos da indústria da zona de Castilla yLéon). «Esta é a primeira vez que um porto por-tuguês é uma alternativa aos portos espanhóis»,sublinha Ferreira Jorge, lembrando, uma vezmais, a importância da melhoria das acessibilida-des marítimas para uma maior competitividadedo porto.

Concessionária do Terminal Sul desdeNovembro 2001, é dentro desta linha estratégica,implicando desafios, inovação e investimentoque, paralelamente e em convergência com ocrescimento do Porto de Aveiro, «a Socarpor pre-tende consolidar, de forma sustentada, a posiçãoque tem, hoje em dia, de maior empresa do Portode Aveiro», refere Ferreira Jorge. A concessão doTerminal Norte poderá vir a ser um novo desa-fio, mas não é certamente o mais prioritário,acrescenta.

Salienta Ferreira Jorge, director da Socarpor

«É fundamental que se trabalhenas acessibilidades marítimas»

Em Maio deverá estar concluído o investimento realizado pela Socarpor, S.A. no Terminal Agro-alimentar,

que proporcionará uma maior capacidade de armazenagem e um maior ritmo de descargas

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