Especial Infeções respiratórias

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GUIA DE MEDICINA PREVENTIVA 1 Guia de Medicina Preventiva 2021 Especial Infeções respiratórias Tudo o que precisa de saber sobre infeções respiratórias: o que são, como surgem, como são tratadas e de que forma podem ser prevenidas. Numa altura em que a infeção provocada pelo SARS-CoV-2 preocupa o mundo inteiro, torna-se importante conhecer mais sobre este tipo de infeções. Copyright © Todos os direitos reservados | advancecare.pt

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Guia de Medicina Preventiva 2021

EspecialInfeções respiratóriasTudo o que precisa de saber sobre infeções respiratórias: o que são, como surgem, como são tratadas e de que forma podem ser prevenidas. Numa altura em que a infeção provocada pelo SARS-CoV-2 preocupa o mundo inteiro, torna-se importante conhecer mais sobre este tipo de infeções.

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IntroduçãoDesde que nascemos, o nosso sistema imunológico começa a ser posto à prova por inúmeros agentes invasores, como os vírus e as bactérias. Na maior parte dos casos, o organismo está preparado para fazer face à situação, impedindo que as infeções aconteçam. Ainda assim, em diversas ocasiões a doença acaba por se manifestar, com sintomas que podem variar entre os ligeiros e os muito graves. As infeções respiratórias estão entre o tipo de infeções com que temos de lidar desde os primeiros tempos de vida e prova disso mesmo são as típicas constipações. Outra infeção respiratória relativamente comum, mas com consequências

mais complexas, sobretudo em crianças e idosos frágeis, é a pneumonia. Só em Portugal, cerca de 44% das mortes por doenças respiratórias são causadas por esta doença, o que faz de nós o país da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) com a maior taxa de mortalidade por pneumonias, segundo dados do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias de 2017. Mais recentemente, as atenções de todo o mundo estão concentradas numa outra infeção respiratória, esta causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 – razão que nos leva a dedicar o presente guia a este tipo de infeções em geral.

ÍNDICE3

Infeções respiratórias – sabe mesmo o que são?

4Identificar os sintomas

para melhor tratar5

Infeções das vias aéreas superiores – comuns e (muito) contagiosas

6Cuidado com as vias

aéreas inferiores7

Covid-19: quando uma infeção respiratória se

torna pandémica8

Vacinação – esperança para quem está em risco

9Sintomas idênticos, doenças diferentes

10Diagnóstico – um

caminho de possibilidades11

Como se tratam as infeções respiratórias?

12Prevenir está nas mãos de

cada um13

Saiba que alimentos ajudam a reforçar o sistema imunitário

14Proteger a saúde mental a bem da nossa imunidade

15 Atividade física – uma preciosa ajuda contra

infeções

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Infeções respiratórias – sabe mesmo o que são?São infeções comuns e em muitos casos sem gravidade, razão por que nem sempre recebem a atenção que merecem, mas a verdade é que as infeções respiratórias podem ser fatais.

As infeções respiratórias são muito frequentes e acontecem quando o aparelho respiratório é infetado por um microrganismo, nomeadamente por um vírus, bactéria, fungo ou parasita. Qualquer parte do aparelho respiratório pode ser atingida, sendo que os sintomas normalmente se manifestam no nariz e garganta (vias aéreas superiores) ou na traqueia, brônquios ou pulmões (vias aéreas inferiores). Embora possam ocorrer durante todo o ano, é no inverno que estas infeções mais se fazem notar, devido ao frio e à tendência para se permanecer em espaços fechados e com pouca circulação de ar. Entre as infeções respiratórias mais comuns destacam-se a constipação, a laringite, a faringite, a gripe sazonal, a pneumonia, a tuberculose e, agora, a covid-19.

A maior parte das infeções respiratórias é benigna, sobretudo se a pessoa não tiver outros problemas de saúde. Todavia, algumas infeções podem tornar--se graves e até, em situações extremas, levar à morte. Entre estas últimas encontra-se a covid-19, mas também a pneumonia ou a tuberculose, que atingem números preocupantes em Portugal. Com efeito, em 2018, a pneumonia foi a terceira causa de morte no nosso país, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística1, tendo representado 5,1% da mortalidade ocorrida nesse ano (correspondente a um total de 5764 mortes) e registando um aumento de 2,5% em relação ao ano anterior.Também a tuberculose é causa de preocupação, com o nosso país a apresentar a terceira taxa mais alta da Europa, segundo o Centro Europeu de Prevenção e

Controlo das Doenças (ECDC)2. Embora a incidência tenha vindo a diminuir na Europa ao longo dos últimos anos, tal verifica-se em Portugal a um ritmo muito lento, como confirmam os dados do ECDC, segundo os quais a incidência em Portugal era de 17,5 casos por cada 100 mil habitantes em 2017, enquanto na União não ultrapassava os 10,7 por cada 100 mil habitantes.Já em relação à gripe sazonal, dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge3 revelam que durante a época 2018/2019 terão morrido 3331 pessoas em Portugal devido a esta infeção respiratória.Tendo em conta a elevada repercussão que estas infeções podem ter na saúde de todos nós, importa, pois, compreender como se propagam e de que forma podem ser prevenidas e devidamente tratadas.

1 Instituto Nacional de Estatística (2020), Informação à Comunicação Social, disponível em: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=399595079&DESTAQUESmodo=2&xlang=pt2 Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (2019), Tuberculosis Surveillance and Monitoring in Europe, disponível em: https://www.ecdc.europa.eu/en/publications-data/tuberculosis-surveillance-and-monitoring-europe-2019 3 Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (2019), Programa Nacional de Vigilância da Gripe – Relatório da Época 2018/2019, disponível em: http://www.insa.min-saude.pt/programa-nacional-de-vigilancia-da-gripe-relatorio-da-epoca-2018-2019/

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Identificar os sintomas para melhor tratar

Procure ajuda imediata se…

No caso de infeções respiratórias mais graves ou de evolução já avançada, é possível que surjam dificuldades respiratórias, tonturas e até alterações do estado de consciência, o que significa que o organismo está a ter dificuldade em fazer chegar oxigénio aos pulmões. Nestas situações, a avaliação por um médico torna--se urgente e deve ser imediata.

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Saber reconhecer os sintomas de uma infeção respiratória é importante para perceber quando se deve procurar aconselhamento médico e iniciar o tratamento adequado.

Os sintomas das diferentes infeções respiratórias tendem a manifestar-se em função das zonas afetadas – as vias aéreas superiores ou inferiores – e podem ser muito semelhantes entre si, o que por vezes motiva alguma dificuldade no diagnóstico. Ainda assim, em geral, o médico consegue identificar corretamente com base na avaliação dos sintomas e observação física.Se o profissional de saúde suspeitar de uma infeção mais grave – como pneumonia ou tuberculose – ou quando não tem a certeza do agente causador (isto é, se a infeção é motivada por um vírus ou uma bactéria), poderá ter necessidade de pedir a realização de exames adicionais (ver pág. 10), como uma radiografia torácica, análises ao sangue ou análise à expetoração, esta última para identificar o microrganismo infecioso e assim decidir pelo tratamento mais indicado.

Quando e como se manifestam?Dependendo da infeção, é normal que os sintomas se revelem um a três dias após o contágio. Todavia, o período de incubação de alguns microrganismos – como é o caso do SARS-CoV-2 – pode ser mais prolongado no tempo, com os primeiros sintomas a aparecerem entre dois a 14 dias após o contágio.

Estes são os sinais e sintomas mais frequentes numa infeção respiratória:• Tosse (com ou sem

expetoração)• Espirros• Nariz congestionado ou

a pingar• Dor de garganta• Dor ao engolir• Dor de cabeça• Dores musculares• Falta de ar, dor/aperto no peito

ou respiração ofegante• Febre• Cansaço sem causa aparente• Mal-estar geral

É possível que surja apenas um ou vários sintomas em simultâneo, sendo que nas infeções por alguns vírus pode ocorrer conjuntivite (inflamação dos olhos) ou dor de ouvidos. Nalgumas situações, como no caso da sinusite (inflamação dos seios perinasais), a infeção é muitas vezes acompanhada de dores faciais.Na presença dos sintomas referidos, antes de se dirigir a qualquer unidade de cuidados de saúde, o mais indicado é ligar para a linha SNS 24 (808 24 24 24), através da qual obterá orientação dada por profissionais de saúde sobre o que fazer a seguir.

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Infeções das vias aéreas superiores – comuns e (muito) contagiosasDe acordo com a zona do corpo afetada, podemos falar de infeções das vias aéreas superiores ou inferiores.

O trato respiratório superior é formado pelos órgãos do aparelho respiratório que se localizam fora da caixa torácica, tais como o nariz, a faringe, a laringe e a parte superior da traqueia. As infeções respiratórias superiores são as mais frequentes e contagiosas, sobretudo as que são provocadas por vírus, pois são facilmente propagadas, sobretudo em locais fechados, pouco arejados e com aglomeração de pessoas. Entre as mais comuns contam-se:

ConstipaçãoTambém designada rinofaringite, a constipação tem origem sobretudo viral, podendo ser causada por mais de 200 tipos de vírus. Alguns, como é o caso dos rinovírus, são responsáveis por 30 a 35% das constipações dos adultos e raramente evoluem para doença grave. Outros, como o vírus sincicial respiratório ou o vírus parainfluenza, dão azo a infeções leves em adultos, mas podem causar situações graves em crianças pequenas. Geralmente, os sintomas incluem corrimento e/ou obstrução nasal, espirros, garganta irritada, tosse e dor de cabeça. Em crianças pode ocorrer febre alta.

GripePor vezes confundida com uma constipação, a gripe resulta de infeção pelo vírus influenza e está associada a infeções respiratórias de gravidade variável, entre assintomáticas até fatais. Os sintomas são mais intensos que os da vulgar constipação e incluem dores no corpo, cansaço, arrepios de frio e febre.

Faringite e amigdaliteO principal sintoma da faringite (inflamação da faringe) e da amigdalite (inflamação das amígdalas) é a dor de garganta. Quando a amigdalite é provocada por bactérias, os sintomas são mais intensos, podendo incluir produção de pus na região. Como estes órgãos estão muito próximos, é comum inflamarem em simultâneo.

LaringiteInflamação das vias aéreas superiores, nomeadamente da laringe e da zona subglótica. Na maioria dos casos, é causada por vírus, nomeadamente pelo vírus parainfluenza. Entre os sintomas contam-se tosse (denominada “tosse de cão”), rouquidão, dor de garganta, dificuldade respiratória e febre. Afeta sobretudo crianças entre os 3 meses e os 5 anos.

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Trato respiratório superior

Fossas nasais

Faringe

Laringe

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Cuidado com as vias aéreas inferioresQuando as infeções atingem as vias aéreas inferiores, isto é, os órgãos localizados na cavidade torácica – como os pulmões –, a vigilância deve ser redobrada.

Além das vias aéreas superiores, o sistema respiratório é composto também pelas vias aéreas inferiores, ou seja, a parte inferior da traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos, pulmões, assim como as camadas da pleura e os músculos que formam a cavidade torácica. O sistema respiratório é responsável pela respiração e trocas gasosas necessárias ao correto funcionamento do organismo. Ao contrário das infeções que atingem o trato respiratório superior, estas exigem um acompanhamento médico mais próximo, já que tendem a ser mais graves, sobretudo quando afetam crianças, idosos e pessoas com o sistema imunológico vulnerável.

PneumoniaInfeção do pulmão em que os alvéolos ficam cheios de secreções, impedindo as trocas gasosas durante a respiração, logo, diminuindo a quantidade de oxigénio transportada para o sangue. Doença mais frequente em crianças pequenas e idosos, ainda que possa afetar qualquer pessoa. É causada principalmente por bactérias, mas também pode ser provocada por vírus ou fungos. Os sintomas incluem febre, tosse (muitas vezes com expetoração), dor no peito ou nas costas e falta de ar. Nas crianças muito pequenas, os sintomas podem

começar a manifestar-se através de recusa alimentar ou perda da vontade de brincar e, nos idosos, pode iniciar-se com confusão mental.

Bronquiolite Infeção situada ao nível dos bronquíolos, que são os canais que distribuem o ar no interior dos pulmões. Nos primeiros tempos de vida, estes canais são muito estreitos, razão por que esta doença é mais comum em crianças até aos 2 anos de idade. O contágio é muito fácil, sendo o vírus sincicial respiratório o agente responsável por mais

de 70% dos casos. Os sintomas começam por ser idênticos aos de uma constipação, evoluindo para dificuldade respiratória com pieira e tosse.

Bronquite agudaInfeção dos brônquios responsável pelo seu estreitamento e tornando a respiração difícil. Quase 90% dos casos são motivados por vírus (influenza e rinovírus, entre outros) e menos de 10% estão relacionados com bactérias. A tosse é o principal sintoma, podendo haver também falta de ar, dor de garganta, corrimento nasal, dor de cabeça, dores musculares e cansaço.

TuberculoseDoença infeciosa que afeta principalmente os pulmões, provocada por uma bactéria (bacilo de Koch) e que pode ser fatal. Febre, tosse, expetoração, perda de peso e dor no peito estão entre os principais sintomas.

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Trato respiratório inferior

Traqueia

Brônquios

Bronquíolos3

4 Alvéolos pulmonares

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Covid-19: quando uma infeção respiratória se torna pandémica

Sabe como usar a máscara corretamente?É importante que a máscara seja usada por rotina seguindo alguns cuidados:

Lavar as mãos antes de pôr a máscara e depois de a retirar (pegando sempre pelos elásticos) e se houver toque na máscara durante o uso;

A máscara deve cobrir nariz, boca e queixo;

Sempre que se retirar a máscara por pouco tempo esta deve ser guardada num saco de plástico;

As máscaras de pano devem ser lavadas a cada utilização e as descartáveis devem ser colocadas no lixo comum;

Não usar máscaras com válvula/respirador, pois não são adequadas em contexto de pandemia.

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O vírus responsável pela Covid-19 circula há mais de um ano, sendo o causador de uma pandemia que não dá mostras de abrandar. É a face visível daquilo que um vírus respiratório pode provocar.

Detetado no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, o novo coronavírus – denominado SARS-CoV-2 – disseminou-se pelo mundo, deixando à sua passagem um rasto de morte, doença e crise económica e emocional sem precedentes. Para se perceber como se chegou até aqui é importante compreender a doença e, sobretudo, o microrganismo que a provoca. O coronavírus pertence a uma família de vírus que é responsável por cerca de 30% das infeções respiratórias que se registam habitualmente no inverno. Tal como o vírus da gripe e outros vírus respiratórios, o coronavírus costuma causar sintomas ligeiros, como corrimento nasal, tosse e alguma febre. Todavia, este tipo de coronavírus é diferente e embora possa provocar o mesmo tipo de sintomas leves – ou até não provocar qualquer sintoma – pode também desencadear infeções respiratórias graves, muitas delas a implicar internamento, podendo até conduzir à morte. Uma pessoa infetada com o vírus SARS-CoV-2 demora em média cinco a seis dias até manifestar sintomas, mas esse prazo pode estender-se até 14 dias, facto que justifica o tempo de isolamento profilático que está definido.

Como se transmite?A fácil transmissão é uma das características do SARS-CoV-2, acontecendo pelo contacto próximo com pessoas infetadas ou pelo contacto com superfícies e objetos contaminados. A transmissão dá-se através das gotículas (que contêm partículas virais) libertadas pelo nariz ou boca das pessoas infetadas, quando estas falam, tossem ou espirram. O contágio pode acontecer mesmo que a pessoa não tenha qualquer sintoma.

Como prevenir?É importante adotar todas as medidas de prevenção possíveis com vista à proteção máxima da comunidade como um todo:• Manter distância física de pelo menos

dois metros, aumentando a distância em ambientes fechados;

• Usar máscara;• Evitar espaços fechados e pouco

ventilados;• Arejar a casa e desinfetar as

superfícies de maior utilização;• Evitar multidões, mesmo ao ar livre;• Lavar as mãos com sabão

frequentemente ou desinfetá-las com uma solução de base alcoólica, sobretudo quando tocar em superfícies usadas por outras pessoas;

• Evitar levar as mãos aos olhos, nariz e boca.

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Vacinação – esperança para quem está em risco

Condições que aumentam o risco de complicações em caso de covid-19:

Idade (≥ 60 anos)

Cancro

Insuficiência renal crónica

Doença pulmonar obstrutiva crónica

Doença cardíaca

Doença pulmonar

Hipertensão arterial

Transplante recente de órgão

Quimioterapia

Tratamento de doenças autoimunes

Obesidade

Gravidez

Anemia falciforme

Diabetes

Asma grave

Fibrose quística

Tabagismo

Síndrome de Down

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Há grupos de pessoas que apresentam especial risco de desenvolver complicações de saúde em caso de covid-19. Para estas pessoas, a vacina é uma esperança em tempo de grande incerteza.

Ninguém está a salvo de contrair o vírus SARS-CoV-2 e de ficar seriamente doente, mas a evidência científica identificou os grupos de pessoas para quem o risco é maior. Segundo o ECDC, está em risco mais elevado quem tem mais de 60 anos; quem apresenta problemas de saúde prévios, como hipertensão arterial, diabetes, doença cardiovascular, doença respiratória crónica; pessoas com o sistema imunitário enfraquecido e ainda quem vive em lares ou instituições de prestação de cuidados.

Confiança na vacinaEm menos de um ano, cientistas e investigadores conseguiram desenvolver vacinas para ajudar no combate ao SARS-CoV-2, estando estas já a ser administradas no mundo inteiro. Em Portugal, a primeira fase de vacinação arrancou ainda em dezembro de 2020, respeitando os critérios considerados pertinentes para a calendarização da administração da vacina aos diferentes grupos populacionais, conforme o risco que apresentam de contágio ou de complicações em caso de covid-19. Para a obtenção da vacina no nosso

país, cada cidadão deve aguardar o contacto por parte do Serviço Nacional de Saúde. Não é possível solicitar a vacinação, mas o médico ou enfermeiro de família poderão informar sobre a fase em que cada pessoa será vacinada. Na página de Internet da Direção-Geral da Saúde dedicada à covid-19 (covid19.min-saude.pt/vacinas), é também possível fazer uma simulação sobre o momento expectável em que tal ocorrerá, de acordo com o perfil de risco. A segurança da vacina é garantida, já que ao longo de todo o processo de investigação, desenvolvimento e aprovação tiveram de ser asseguradas a sua eficácia, segurança e qualidade. Para tal, foram levados a cabo diversos ensaios clínicos, assim como uma avaliação rigorosa por parte da Agência Europeia de Medicamentos, entidade responsável pela aprovação de fármacos, vacinas e dispositivos médicos na União Europeia. Todas as etapas necessárias para garantir a segurança das vacinas foram cumpridas e os ensaios clínicos decorreram segundo as regras internacionais estabelecidas para o efeito.

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Sintomas idênticos, doenças diferentes

Como ter a certeza?Perante sintomas idênticos, a única forma de ter a certeza de que se está, ou não, perante um caso de covid-19 é fazendo o teste com indicação de um profissional de saúde. Assim, quando há uma suspeita de infeção, é importante contactar a linha SNS 24 (808 24 24 24) ou o médico assistente, relatar os sintomas e eventuais contactos com pessoas doentes e seguir todas as indicações, nomeadamente a realização do teste recomendado (ver pág. 10). É importante ter presente que as três infeções – covid-19, gripe e constipação – podem evoluir para situações de maior gravidade, sobretudo em pessoas frágeis, com doenças prévias ou com o sistema imunológico debilitado.

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Os sintomas das diversas infeções respiratórias são muito idênticos e nem sempre é fácil distingui-los com vista a um rápido e correto diagnóstico. Mas há algumas pistas que ajudam a diferenciar da covid-19.

Entre as várias infeções respiratórias que costumam manifestar-se em maior número durante os meses de frio e chuva, muitas são as que apresentam sintomas semelhantes. Numa altura em que a pandemia toma conta da vida e da saúde de toda a gente, é importante saber reconhecer os sinais que indiciam a eventual presença do SARS-CoV-2, não só para que o tratamento médico seja o mais indicado, mas também para redobrar os cuidados e evitar o contágio. A confusão entre covid-19, gripe e constipação acontece devido à convergência de sintomas, mas há diferenças: COVID-19Sintomas comuns• Febre• Tosse seca• Fadiga

Outros sintomas• Perda total de paladar ou olfato • Congestão nasal• Expetoração• Conjuntivite• Dor de garganta• Dor de cabeça• Dores no corpo• Irritação cutânea • Náuseas/vómitos• Diarreia• Calafrios/tonturas

Sintomas graves(Implicam cuidados médicos urgentes)• Dificuldade respiratória/falta de ar • Pressão/dor no peito • Perda da fala ou da capacidade

motora

GRIPE• Febre• Rubor nas faces• Arrepios de frio• Dor de cabeça• Dores musculares• Garganta inflamada• Nariz entupido• Tosse seca• Cansaço

CONSTIPAÇÃO• Espirros• Corrimento/congestão nasal• Olhos lacrimejantes• Perda do olfato ou paladar (mas

permitindo distinguir o doce do amargo)

• Dor de garganta/rouquidão• Dor de cabeça• Febre (sintoma menos frequente

que na gripe e Covid-19)• Dores musculares ligeiras

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Diagnóstico – um caminho de possibilidades

Que testes existem para diagnosticar a covid-19?Atualmente, estão disponíveis em Portugal três tipos de testes:

Testes Moleculares de Amplificação de Ácidos Nucleicos (TAAN) – É o método de referência para o diagnóstico e rastreio da covid-19 e baseia-se na pesquisa do SARS-CoV-2 através da extração e amplificação do material genético do vírus. Inclui-se aqui o teste realizado pela técnica denominada PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), que implica a recolha de uma amostra, através de zaragatoa, extraída da região do nariz e/ou da garganta. Os resultados devem ser conhecidos no prazo máximo de 24 horas.

Testes Rápidos de Antigénio (TRAg) – Conferem menos exatidão que os TAAN, sendo que são mais fiáveis quando o teste é realizado em pessoas com sintomas e numa fase inicial da infeção, altura em que a carga viral é mais elevada no trato respiratório superior. Devem ser utilizados quando os testes de TAAN não estão disponíveis. Os resultados conhecem-se em 15 a 30 minutos.

Testes serológicos – Avaliam se a pessoa tem anticorpos específicos para a covid-19 a partir de uma amostra de sangue. Não são utilizados para o diagnóstico da covid-19.

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São cada vez mais as ferramentas ao dispor dos profissionais de saúde para um correto diagnóstico das infeções respiratórias. Quanto melhor e mais rapidamente se diagnosticar, tanto mais eficaz será o tratamento.

Se é verdade que para o diagnóstico de diversas infeções respiratórias – como as comuns constipações, por exemplo – uma simples observação clínica é suficiente, para outras situações é importante levar a cabo alguns exames adicionais.

Diagnóstico por imagem Depois de os médicos conhecerem o histórico do doente e realizarem o exame físico, em situações mais graves poderão pedir uma radiografia ao tórax, capaz de revelar problemas nos pulmões, parede torácica e costelas, fornecendo ainda uma boa visão geral do coração e grandes vasos sanguíneos. O resultado deste exame poderá levar à necessidade de mais informações, sendo então solicitada uma tomografia axial computorizada (TAC).

Avaliação da quantidade de oxigénio no sangue Pode ser efetuada uma avaliação da saturação arterial, que é um método indireto de avaliar a quantidade de oxigénio no sangue, assim como a gasimetria arterial, uma análise de sangue arterial para determinar de forma direta a quantidade de oxigénio no sangue assim como de outros elementos laboratoriais relevantes.

Análises e testes laboratoriais Pode ser também necessário realizar análises ao sangue, bem como o estudo laboratorial da expetoração ou de amostra da mucosa nasal para se tentar identificar o agente causador da infeção.

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Como se tratam as infeções respiratórias?

Quando procurar um médico?Ainda que as pessoas saudáveis não precisem, em geral, de ir ao médico para diagnosticar uma gripe ou constipação, é importante ter em conta que algumas condições ou sintomas implicam aconselhamento médico. É recomendado ligar para a linha SNS 24 (808 24 24 24) ou contactar o médico assistente quando o estado de saúde piorar; a tosse ou expetoração apresentar sangue; a tosse durar há mais de três semanas; a pessoa está grávida ou tem mais de 65 anos; está em causa um sistema imunológico enfraquecido; a pessoa tem doença crónica (por exemplo, doença cardíaca, pulmonar ou renal) ou apresenta sintomas compatíveis com a covid-19 (ver pág. 9).

Descansar e beber muita água são os princípios básicos do tratamento de inúmeros casos de infeções respiratórias, mas algumas situações implicam medicamentos para alívio de sintomas ou para combater o microrganismo responsável.

A maior parte das infeções respiratórias passa ao fim de uma a duas semanas e muito frequentemente nem chega a ser necessário consultar o médico. Quando a causa é viral e os sintomas são ligeiros, o tratamento dirige-se sobretudo ao alívio dos mesmos e passa por repousar bastante, fazer uma alimentação nutritiva e ingerir muitos líquidos (água e tisanas) para garantir a hidratação, soltar o muco e facilitar a tosse. Nalgumas situações, ajuda também levantar a cabeça durante o sono com o apoio de almofadas para facilitar a respiração e limpar a expetoração.Para ajudar a tratar os sintomas, no caso de infeções respiratórias sem gravidade, como constipações ou faringites, por exemplo, é possível pedir aconselhamento na farmácia, já que a maior parte dos medicamentos usados nestas situações são de venda livre, como é o caso do paracetamol ou ibuprofeno, ambos usados para alívio de dores e diminuição da febre. Caso seja necessário,

é ainda possível recorrer a descongestionantes nasais, soro fisiológico (para limpeza das fossas nasais) e fármacos para alívio da tosse.

Antibiótico? Só em casos específicosA prescrição de antibióticos para o tratamento de uma infeção respiratória acontece apenas quando o microrganismo responsável é uma bactéria. Se se tratar de um vírus (que é a situação mais comum), a toma de antibiótico não irá ter qualquer reflexo no tratamento da doença, podendo até ter um efeito negativo, já que se for tomado sem necessidade irá aumentar a resistência aos antibióticos. Como consequência, numa altura em que venha a ser necessário tomar antibiótico para fazer face a uma infeção de origem bacteriana, este poderá já não surtir efeito. Também por esta razão, é importante que o antibiótico seja tomado exatamente como prescrito pelo médico, isto é, até ao fim da embalagem, respeitando a dosagem e a hora da toma.

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Prevenir está nas mãos de cada um

Vacinas – saiba quais as que podem ajudarEstão disponíveis algumas vacinas que ajudam na prevenção de infeções respiratórias, como é o caso da vacina da gripe, antipneumocócica e covid-19. Para todas existem critérios bem definidos sobre as pessoas que devem ser vacinadas, pelo que é fundamental que haja um aconselhamento médico.

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O nosso organismo está preparado para se defender de agentes estranhos, como vírus e bactérias, evitando assim doenças. Apesar disso, as infeções podem acontecer, razão por que é importante adotar um conjunto de comportamentos com vista a preveni-las.

evitar locais fechados, com aglomeração de pessoas e má ventilação. Da mesma maneira, os ambientes poluídos, com ar muito seco, frio ou húmido também não são aconselhados, assim como as mudanças bruscas de temperatura.

Não fumar – Quem fuma apresenta um sistema imunológico mais vulnerável, o que facilita o desenvolvimento de infeções. Da mesma maneira, a recuperação fica também comprometida, pois as vias respiratórias dos fumadores tendem a estar inflamadas.

A forma como se dá a propagação de vírus, bactérias, fungos e parasitas, responsáveis pelas infeções respiratórias, é muito semelhante. Logo, há um conjunto de medidas preventivas que ao serem adotadas acabam por proteger de um leque alargado de doenças. A manutenção de um estilo de vida saudável – nomeadamente através de alimentação equilibrada, prática de atividade física e preservação da saúde mental (ver páginas seguintes) – constitui a base da prevenção a que se juntam algumas medidas essenciais.

Higiene das mãos – Deve ser feita várias vezes ao dia, especialmente antes e depois das refeições, de idas à casa de banho, de cada vez que se chega a casa ou ao trabalho e sempre que se justifique. As mãos devem ser bem lavadas com água corrente e sabão, não esquecendo de esfregar os dedos

e os dorsos. Se a lavagem não for possível, aconselha-se o uso de álcool-gel, nomeadamente em locais públicos ou após tocar em maçanetas, corrimões ou ao usar transportes públicos.

Etiqueta respiratória – Incluem-se aqui todas as medidas para evitar transmitir gotículas contaminadas: proteger o nariz e a boca com um lenço descartável ou o antebraço para espirrar ou tossir; deitar fora os lenços de papel usados; lavar de imediato as mãos e, assim que possível, o braço ou a camisola (caso tenham sido usados para tossir/espirrar).

Evitar aglomerações e espaços fechados – O ar de baixa qualidade contribui para o aparecimento de infeções respiratórias e é uma forma de propagação habitual de vírus e bactérias. Como tal, são de

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Saiba que alimentos ajudam a reforçar o sistema imunitário

Qual é o nível ótimo?Não estão definidos os níveis ótimos dos nutrientes para o melhor efeito no sistema imune. É importante responder às doses diárias recomendadas, não sendo a suplementação necessária em todos os casos, até porque podem ser ultrapassados os valores e provocar toxicidade. Será, sim, pertinente quando o acesso a alimentos é limitado ou em algumas populações que possam ter necessidades aumentadas, como é o caso de atletas e veganos. A suplementação de vitamina D será pertinente quando a exposição solar é reduzida, uma vez a maioria da sua síntese ocorre na pele.

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O sistema imunitário tem um papel muito importante no equilíbrio do organismo, o que é designado por homeostase. Um estilo de vida que inclua uma alimentação saudável é importante para ajudar na prevenção de infeções e outras doenças. por Inês Panão*

Existem micronutrientes que são essenciais para o correto funcionamento do sistema imunológico, contribuindo para a manutenção de uma boa saúde. Eis alguns que devem integrar a dieta diária:

Vitamina C – Não é a comer laranjas que se previne a gripe, mas esta vitamina é um constituinte dos glóbulos brancos, que são as células de defesa do organismo. A sua suplementação pode ser importante quando existem infeções do trato respiratório. As vitaminas C e E são as principais com atividade antioxidante, protegendo as células dos radicais livres.Vitamina D – Contribui para a integridade das barreiras físicas presentes na pele, no trato gastrointestinal e respiratório e na ativação das células de defesa do organismo.

Vitamina A – Atua na preservação da barreira intestinal, impedindo a entrada de microrganismos. Além disso, regula as células NK (natural killer), que ajudam contra infeções virais, e os linfócitos T e B. Uma flora intestinal equilibrada é importante para impedir o desenvolvimento de bactérias nocivas, pelo que os probióticos têm um papel de destaque. Podem ainda ser destacadas a vitamina B6 e os folatos, com atividade na produção dos linfócitos T e nas células NK.Sais minerais – Minerais como o ferro, zinco, selénio e cobre são importantes na nossa resposta imune. Permitem a proliferação e o funcionamento das células do sistema imune inato, como os glóbulos brancos, e têm ação antimicrobiana. Em pessoas com défice de selénio, a sua suplementação poderá ser interessante para potenciar a resposta a vírus.

* Nutricionista - Cédula Profissional n.º 3011N /Clínica Safegene, Oeiras

Lista saudável para o supermercadoUma alimentação completa, variada e equilibrada, rica em hortofrutícolas, é a base para um sistema imunitário “de ferro”, como se costuma dizer. Destacam-se ainda os frutos secos gordos, cereais integrais, iogurte, kefir e peixes gordos.

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Proteger a saúde mental a bem da nossa imunidade

A manutenção de uma boa saúde mental implica:

Capacidade de adaptação

Superação de crises e perdas afetivas

Resolução de conflitos emocionais

Identificação de limites pessoais e sinais de mal-estar

Relações interpessoais satisfatórias

Sentido crítico, senso de realidade e bom humor

Criatividade para as soluções

Desenvolvimento de projetos pessoais

Descoberta do sentido de vida

É fundamental desenvolver comportamentos que contribuam para a manutenção da saúde. No que se refere à saúde mental, o estilo de vida pode afetar de modo positivo ou negativo, pelo que convém prestar atenção e adotar comportamentos protetores.por Luísa Consciência*

A manutenção da saúde como um todo – e da saúde mental em particular – requer a adoção de hábitos saudáveis, dos quais podemos destacar:

Sono regular – Sete a oito horas diárias de sono permitem o reequilíbrio e o aumento de defesas; Alimentação saudável – Reforça a ação do sistema imunitário; Atividade física – Melhora o estado de humor, reduzindo estados depressivos, de ansiedade e stress;Descontração e lazer – Permite desligar de rotinas desgastantes, contribuindo para o equilíbrio do organismo;Vida social – Estabelecer relações positivas com a família, amigos e a nível amoroso. Os animais de estimação também proporcionam sentimentos de amor incondicional;Natureza – O recurso à natureza otimiza o bem-estar, tendo efeito terapêutico;Substâncias aditivas/tóxicas – São prejudiciais à saúde, sendo que o consumo de álcool e tabaco está associado a estados depressivos, de ansiedade e irritabilidade. O

excesso de cafeína fomenta a ansiedade e agrava a insónia.

Psicologia e sistema imunitárioÀ semelhança da forma como funciona o lado psicológico, também o funcionamento imunológico tem uma história singular e individual. É a própria história do sujeito que determina as características únicas das suas defesas imunitárias. Assim, é importante compreender que as crises emocionais ocorrem ao longo da vida – por exemplo, devido ao término de relações amorosas, mortes, problemas financeiros, entre outros – e elaborar sobre os acontecimentos permite a redefinição de prioridades. Tal vai favorecer que se viva consciente a cada momento, dando novos significados às relações interpessoais, apreciando a vida e integrando os momentos de vulnerabilidade associados.Pensar e falar sobre as vivências é exercício de inteligência e de enriquecimento pessoal na relação consigo próprio e com os outros. Fazê-lo integra as dimensões cognitiva e emocional e tem efeitos positivos na saúde.

* Psicóloga clínica e da saúde/Psicoterapeuta/Clínica Safegene, Oeiras

É sinal de saúde mental procurar a ajuda de um profissional de saúde credenciado quando necessário, para a promoção da saúde e autonomia.

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Atividade física – uma preciosa ajuda contra infeções

Mexa-se pela sua saúdeAinda que o confinamento possa dificultar a prática de exercício físico, há muitas coisas que se podem fazer para contrariar o sedentarismo, mantendo o distanciamento físico e respeitando as medidas de higiene e segurança:

Dançar – Basta pôr a tocar uma música ritmada e dançar sem limite.

Subir e descer escadas – As do prédio são uma boa solução para quem não tem escadas dentro da própria habitação.

Correr ou caminhar – As caminhadas higiénicas e o exercício físico individual ao ar livre são atividades permitidas mesmo nos confinamentos mais restritos.

Online – São muitas as opções disponíveis para quem quer praticar exercício físico em casa com apoio online, nomeadamente ioga, pilates, crossfit, entre outras modalidades.

Improvisar – Saltar à corda, levantar pesos usando frascos de detergente, exercícios de pernas, flexões de parede ou andar em equilíbrio são opções, mas respeitando os limites físicos de cada um e as indicações dos profissionais de saúde ou instrutores de treino.

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Já se sabe há algum tempo que a atividade física contribui para estimular o sistema imunológico, ajudando a prevenir doenças. Se o sedentarismo tomou conta da sua vida, esta é a altura certa para alterar a situação.

O sistema imunológico é composto por diversas células (por exemplo, os linfócitos e neutrófilos), anticorpos e proteínas (como as citocinas) que têm um papel determinante no combate a infeções e na prevenção de alguns cancros. Sabe-se que a alimentação e o estado emocional podem influenciar este sistema (ver páginas anteriores), mas aquilo que cada um pode fazer para ajudar a estimular a sua imunidade não se fica por aqui. Diversos estudos comprovam que a atividade física tem um impacto positivo considerável no funcionamento adequado deste sistema, o que ganha especial importância se tivermos em conta o momento pandémico que se vive atualmente.Com efeito, a prática regular de exercício físico favorece a resposta imunitária, reforça o contributo da vacinação, contribui para a diminuição da inflamação crónica e ainda para a melhoria de diferentes indicadores em pessoas com diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade,

cancro, HIV, entre outros problemas de saúde. Tal acontece porque a atividade física regular promove um aumento dos linfócitos, que têm como função destruir células tumorais ou infetadas por vírus.Por outro lado, a atividade física regular estimula também a produção de endorfinas, habitualmente designadas por “hormonas da felicidade”, que ajudam a combater a dor, o stress e o medo, melhoram o humor e a depressão, acabando por contribuir de igual forma para um sistema imunológico mais saudável.

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GUIA DE MEDICINA PREVENTIVA 16GUIA DE MEDICINA PREVENTIVA 16

Esquema de vacinação em vigorEste é o esquema do Programa Nacional de Vacinação (PNV 2020) em vigor desde outubro de 2020, organizado por idades e respetiva proteção conferida:

IDADE VACINA E PROTEÇÃO QUE CONFERE

Recém-nascido VHB1 – 1.ª dose (hepatite B)

2 meses

4 meses

6 meses VHB3 – 3.ª dose

Hib3 – 3.ª dose

DTPa3 – 3.ª dose

VIP3 – 3.ª dose

12 meses

18 meses Hib4 – 4.ª dose

DTPa4 – 4.ª dose

VIP4 – 4.ª dose

5 anos DTPa5 – 5.ª dose

VIP5 – 5.ª dose

VASPR2 – 2.ª dose

10 anos

25, 45 e 65 anos e posterior-mente de 10 em 10 anos

Td – (tétano e difteria)

Grávidas Tdpa – (tétano, difteria e tosse convulsa)

VHB2 – 2.ª dose

Hib1 – 1.ª dose (doenças causadas por Haemophilus influenzae tipo b)

DTPa1 – 1.ª dose (difteria, tétano, tosse convulsa)

VIP1 – 1.ª dose (poliomielite)

Pn131 – 1.ª dose (Streptococcus pneumoniae)

MenB1 – 1.ª dose (Neisseria meningitidis B)

Hib2 – 2.ª dose

DTPa2 – 2.ª dose

VIP2 – 2.ª dose

Pn132 – 2.ª dose

MenB2 – 2.ª dose

VASPR1 – 1.ª dose (sarampo, parotidite epidémica e rubéola)

Pn133 – 3.ª dose

MenB3 – 3.ª dose

MenC – Dose única (Neisseria meningitidis C)

Td – 1.ª dose (tétano e difteria)

HPV – 1.ª e 2.ª doses (Vírus Papiloma Humano)

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Rastreios ao longo da vidaSão vários os rastreios que devem ser feitos no decurso da vida com o objetivo de ajudar ao diagnóstico precoce de diversas doenças*.

DO NASCIMENTO AOS 11 ANOS

AO NASCER Teste da fenilcetonúria e das hormonas tiroideias (teste do pezinho) e rastreio auditivo.

PRÉ-ESCOLAR Rastreio visual entre os 0 e os 2 anos e entre os 2 e os 5 anos, antes da entrada na escola.

DURANTE A INFÂNCIA Vigilância regular do peso, altura e tensão arterial. Visitas regulares ao dentista ou higienista oral. Consultas frequentes com o médico de família ou pediatra (seguir os esquemas propostos).

DOS 12 AOS 19 ANOS GERAL

Vigilância regular do peso, altura e tensão arterial. Rastreio visual regular (aconselhável de dois em dois anos para a generalidade da população e anualmente para pessoas com diabetes, hipertensão arterial, história familiar de doenças visuais ou que foram submetidas a cirurgia ocular).

PARA RAPARIGAS Rastreio de cancro do colo do útero pelo menos três anos após início da atividade sexual (citologia de três em três anos ou citologia com teste de HPV de cinco em cinco anos). Rastreio de doenças sexualmente transmissíveis (DST) em grupos de risco e jovens sexualmente ativas.

DOS 20 AOS 64 ANOS GERAL

Vigilância do peso, altura e tensão arterial anualmente. Rastreio visual, rastreio de DST em grupos de risco e rastreio dermatológico (autoexame dermatológico anual e realizado por um dermatologista de cinco em cinco anos). Rastreio de cancro do cólon através de colonoscopia ou colonografia por TAC a partir dos 50 anos. Quando há antecedentes familiares, o rastreio começa 10 anos antes da idade em que surgiu o caso mais precoce, nunca depois dos 40.

PARA MULHERES Verificação da vacinação e imunidade contra a rubéola e toxoplasmose (recomendado para mulheres em idade fértil ou grávidas). Rastreio de cancro da mama através de autoexame da mama regular, o qual deve ser complementado com um exame clínico anual a partir dos 30 anos. A primeira mamografia pode ser realizada por volta dos 35 anos, mas, em caso de haver

fatores de risco, a vigilância deve ser determinada pelo médico. A partir dos 50 anos deve efetuar mamografia de dois em dois anos, eventualmente complementada por estudo ecográfico. Rastreio de cancro do colo do útero através de citologia de três em três anos a partir dos 21 anos e/ou pelo menos três anos após o início da atividade sexual e citologia com teste de HPV de cinco em cinco anos.

PARA HOMENS Rastreio de cancro da próstata através da determinação de PSA aos homens assintomáticos a partir dos 55 anos (entre os 45 e os 50 em homens com fatores de risco).

A PARTIR DOS 65 ANOS GERAL

Vigilância anual do peso, altura e tensão arterial. Realização de exames auditivos.

PARA HOMENS Rastreio de cancro da próstata de dois em dois anos através da determinação de PSA até aos 70 anos. Posteriormente, os rastreios devem ser apenas feitos por determinação médica.

* Esta informação é meramente indicativa e não exclui a consulta de um médico.

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