EscoladaLinguaPortuguesa carlosluzardo · 2019-06-09 · 16AULA GRUPO DE REDAÇÃO | 2019...
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16AULA GRUPO DE REDAÇÃO | 2019
EscoladaLinguaPortuguesa carlosluzardo
Temas - FAG 2015/2
Tema 1
Tema 2
A Câmara dos Deputados está promovendo em seu site uma enquete sobre o Estatuto da Família. A iniciativa, bem sucedida, contava, em 28 de abril passado, com a participação de mais de 6 milhões de votantes. A pesquisa questiona quem está a favor ou contra a defi nição de família estabelecida no Estatuto, que é a seguinte: “defi ne-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. A partir disso, muitas discussões têm sido feitas sobre o conceito de família atualmente, com o intuito de refl etir sobre famílias formadas por mães ou pais solteiros, avós e tios, casais homossexuais, poligamia etc.
Há quem não veja nenhum problema nessa formulação, que é o conceito tradicional de família. Há também quem acredita que não pode haver defi nição diferente, pois qualquer variação (como a união entre dois homens ou entre duas mulheres) não constitui uma família. Por outro lado, há quem diga que isso é uma visão equivocada, conservadora e que não acompanha a evolução social, que, cada vez mais, reconhece os direitos de minorias com diferentes opções sexuais. O que você pensa a esse respeito? Você é a favor do conceito tradicional? Ou acredita que outros tipos de união também constituem uma família?
Fonte: Adaptado de http://educacao.uol.com.br/. Publicado em: maio de 2015
Elabore um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: “O conceito de família pode ou não pode mudar?”
Tema 3
Fonte: http://chargemania.blog-se.com.br
No dia 7 de janeiro deste ano, terroristas islâmicos mataram a tiros de fuzil 12 pessoas e feriram 11 na Redação do jornal satírico “Charlie Hebdo”, em Paris, a pretexto de vingar o profeta Maomé, alvo frequente das charges da publicação. Apesar das muitas manifestações de repúdio ao ato terrorista, o atentado também acabou provocando uma polêmica sobre a liberdade de expressão. Para alguns, ela deve ser geral e irrestrita, pois, se houver limites, não existirá liberdade de fato. Outros, consideram que há temas como a religião, que devem ser preservados, pois o direito de se expressar livremente não inclui a possibilidade de ofender. Há ainda quem defenda que a liberdade tem de coexistir com a responsabilidade e se submeter a uma ética. Como você se coloca diante desse debate? Exponha seu ponto de vista e o defenda com argumentos numa dissertação que discuta: “A liberdade de expressão, com ou sem limites?”
Qual é o limite entre o trote e o crime?
O trote universitário é uma espécie de ritual de passagem que existe desde o surgimento das primeiras universidades, na Idade Média. Em teoria, essa prática deveria promover a integração en-tre calouros e veteranos. No entanto, cada vez mais, ela vem se tornando violenta e humilhante. Os excessos e abusos são frequentes, resultando em traumas e até mesmo em mortes. Em São Paulo, para tentar resolver o problema, deputados estaduais se reuniram em uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que investigou denúncias de violação de direitos humanos em trotes de universidades do Estado. Entre outras medidas, a CPI sugeriu que, em caso de violência, o trote passe a ser considerado uma forma de tortura. Você concorda com esse tipo de enfoque? Na sua opinião, quais as causas da violência na recepção aos calouros? Quando a prática deixa de ser uma brincadeira entre colegas e se torna efetivamente criminosa? Qual é o limite entre o trote e o crime?
Fonte: http://educacao.uol.com.br/.
Redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema, expondo suas opiniões e defen-dendo seu ponto de vista.
Em 2011, nas traseiras de automóveis de todo o Brasil, a Família Feliz ganhou destaque. Os adesivos, vendidos em bancasde jornal, postos de gasolina e até na internet, estampavam pais, mães, crianças, avós e até mesmo os animais deestimação que faziam parte de cada família. Muitos adoraram a iniciativa e correram montar a sua, enquanto que outrosacharam a ideia detestável. Muito além de qualquer opinião sobre gosto pessoal, contudo, pode-se afirmar que a modadesses adesivos foi útil para revelar, da forma mais despretensiosa possível, que a família não é mais apenas aquelaformada por um pai, uma mãe e um filho. A família brasileira, mais do que nunca, vem também em novas configurações.Mães e pais solteiros, divorciados que unem suas famílias, casal de homossexuais que têm filhos de um relacionamentoheterossexual anterior, crianças que são criadas pelos avós, pessoas que só tem seu animal de estimação comofamília, praticantes do poliamor, heterossexuais que adotam, homossexuais que adotam, casais sem filhos, amigos quemoram juntos, três gerações que dividem o mesmo teto, casais divorciados que vivem na mesma casa: as possibilidadessão diversas. E é justamente por isso que os adesivos dos membros da Família Feliz eram vendidos separadamente. Cadapessoa podia montar a sua.
Famílias do BrasilO Censo de 2010 do IBGE mostra que a família brasileira se multiplicou, trazendo 19 laços de parentesco, contra 11presentes no censo de 2000. O conceito tradicional de família, composta por um casal heterossexual com filhos, estevepresente em 49,9% dos lares visitados, enquanto que em 50,1% da vezes, a família ganhou uma nova forma. As famíliashomoafetivas já somam 60 mil, sendo 53,8% delas formada por mulheres. Mulheres que vivem sozinhas são 3,4 milhões,enquanto que 10,1 milhões de famílias são formadas por mães ou pais solteiros.Quem é a sua família? Se ela não segue os moldes tradicionais, ela pode ser considerada menos válida? Parece óbvio quea resposta é não. Entretanto, principalmente no caso de composições envolvendo casais homossexuais e praticantes dopoliamor, a resposta para essa pergunta não raro vem com um “sim”, recheado de preconceito e desinformação. Tambémrespondem dessa forma alguns parlamentares em Brasília.
É o caso do deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), relator de um dosmais polêmicos projetos de lei dos últimos anos: o Estatuto da Família.Neste documento, ele busca definir família exclusivamente como aunião entre um homem e uma mulher, vetando, por exemplo, quecasais homossexuais adotem crianças. Segundo ele, “faz necessáriodiferenciar família das relações de mero afeto, convívio e mútuaassistência; sejam essas últimas relações entre pessoas de mesmosexo ou de sexos diferentes, havendo ou não prática sexual entre essaspessoas”. Ora, se família não é quem provê afeto e suporte recíprocoem uma rotina, o que é família?
Do que é feita uma família?“Uma definição que me agrada é a de pensar que a minhafamília é composta por aqueles com quem eu conto. Hoje,todas as formas de família são aceitas pela AssociaçãoBrasileira de Terapia Familiar (ABRATEF). Pelo IBGE, a únicaforma não aceita de família é a de um grupo de adultos quemora no mesmo local sem laços de sangue ourelacionamentos romântico-afetivos. Nesse caso, o IBGEclassifica esse grupo como ‘moradia em conjunto’”,explicou Marcos Naime Pontes, psiquiatra e terapeuta defamília e de casal, em entrevista ao Hypeness.Segundo ele, o que hoje nós chamamos de “novasconfigurações de família” é algo que sempre existiu, emborasem que houvesse um reconhecimento público ou jurídico.Mas mesmo com propostas como o Estatuto da Família,a Justiça Brasileira tem mostrado grandes avanços no que dizrespeito à desbiologização da família e à quebra do modelofamiliar baseado em uma relação heterossexual monogâmicaem que o pai é a figura-chefe. Diferente do que defende oDeputado Ronaldo Fonseca, o afeto adquiriu um papelbastante relevante juridicamente, permitindo que asdiscussões sobre filiação fossem levadas a um outro nível.
“A verdade sociológica da filiação se constrói, relevando-se não apenas da descendência, mas no comportamento de quemexpende cuidados, carinho e tratamento, quer em público, quer na intimidade do lar, com afeto verdadeiramente paternal,construindo vínculo que extrapola o laço biológico, compondo a base da paternidade”, afirma o advogado e professor deDireito Luiz Edson Fachin.Como resultado disso, temos casos como o do rapaz que, tendo sido abandonado pelo pai ainda na infância, foi autorizadopelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a remover o sobrenome paterno de seu nome civil e adicionar o sobrenome de suaavó materna, que dele cuidou durante toda a infância e adolescência. A ausência de um vínculo afetivo foi mais quesuficiente para que o STJ lhe garantisse esse direito. Afinal, a Justiça cada vez mais entende que o nome civil faz parte daformação e consolidação da personalidade e que a família se constitui no afeto.Foi também por decisão judicial que uma família conseguiu alterar a certidão de nascimento do garoto GuilhermeZaroni, colocando, além do nome da mãe e do pai biológicos, o nome da madrasta. Com a morte da mãe biológica aindanos primeiros anos de vida, o garoto e Margit Zaroni, a esposa de seu pai, tiveram uma grande aproximação afetiva e entãosurgiu o desejo de ter isso marcado também legalmente. A isso se dá o nome de filiação socioafetiva e a decisão colocou nacertidão de nascimento do menino o nome de duas mães e de seis avós.Na semana passada, foi o Supremo Tribunal Federal (STF) que garantiu a um casal homossexual o direito de adotar. Aonegar um recurso do Ministério Público do Paraná, a Ministra Cármen Lúcia defendeu que o conceito de família, envolvendoregras de visibilidade, continuidade e durabilidade, também podem ser aplicados a casais homoafetivos. A decisão tevecomo base também o reconhecimento, em 2011, da união estável entre parceiros do mesmo sexo, feita pelo ministro AyersBritto. “A Constituição Federal não faz a menor diferenciação entre a família formalmente constituída e aquele existente aosrés dos fatos. Como também não distingue entre a família que se forma por sujeitos heteroafetivos e a que se constitui porpessoas de inclinação homoafetiva”, afirmou ele na época.Contudo, apesar de todas essa decisões, é preciso que haja leis e políticas públicas mais claras em relação às novasfamílias. Afinal, se um casal heterossexual que deseja adotar uma criança só precisa se candidatar para tal, um casal
homossexual que busca o mesmo precisa dar entrada judicialmente a seu pedido – uma caminhada que, embora agora com mais chances de ser bem sucedida juridicamente, é desgastante e tortuosa.Novas famílias e as criançasEm uma enquete pública no site da Câmara dos Deputados, questiona-se o posicionamento da sociedade em relação ao Estatuto da Família. “Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?” Até o momento em que escrevo este texto, mais de 5 milhões de votos já foram computados, sendo 53,6% deles para “Sim” e 46,08% para “Não”.Em muitos dos comentários, cita-se Deus e a Bíblia como bases para concordar com o Estatuto e questiona-se a influência dos novos conceitos de família no desenvolvimento das crianças. Como afirmou o psiquiatra Marcos Naime Pontes em entrevista ao Hypeness, “os estudos mostraram que essa diversidade não traz patologias ou distúrbios de comportamento diferentes dos que já acontecem nos modelos tradicionais de família. Isso tudo ajuda a diminuir o preconceito e a abrir espaço: discussão, informação pública e a constatação de que essas novas formações não são fontes de sofrimento psíquico para integrantes dessas famílias. Já o preconceito e a exclusão são.”Segundo ele, o uso do modelo tradicional de família como referência na Psicologia deve-se ao fato de que este era o único considerado pela ciência há algumas décadas. Contudo, isso vem mudando. Até mesmo quando menciona-se a necessidade de haver papéis masculinos e femininos como base para o desenvolvimento de uma criança, hoje isso não é exclusivo à família. “Podemos pensar que homens e mulheres estão em todos os lugares e em todas as famílias, e as famílias se relacionam com esses homens e mulheres o tempo todo. As crianças teriam esses modelos não só dos pais ou das mães. Outra forma de pensar é a de que a construção de homem/mulher é apenas uma das formas de dividir o mundo. Aquilo que foi atribuído ao masculino ou feminino é muito mais variado hoje e está mais ligado a cada pessoa do que a um ou dois gêneros”, afirma.
A fortaleza em que se colocava a distinção entre o masculino e o feminino, bem como a constituição tradicional dafamília deixa, aos poucos, de existir. É crescente a insatisfação com delimitações por causa de gênero. Cores, brinquedos eprofissões ainda hoje são encaradas como masculinas ou femininas, mas a consciência de que isso é um limite culturalmenteimposto e que está prestes a ruir está cada dia mais presente.A diversidade sexual, a igualdade de gêneros e a pluralidade afetiva não representam ameaça à família, mas integram-secomo novas possibilidades. Ter essas famílias reconhecidas pública e juridicamente é algo positivo para a sociedade. Valelembrar que uma pessoa satisfeita em seu relacionamento familiar e sexual prova-se mais tranquila e estimulada em todas asáreas de sua vida. Em outras palavras: gente feliz não enche o saco. Deixemos que todas as famílias sejam felizes, cada qualà sua maneira, na traseira de automóveis, na rua ou no conforto do lar.
Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
Nº absoluto aumenta entre 2005 e 2015,mas o percentual em relação a todos ostipos de família é menor, já que houveaumento de casais sem filhos e depessoas morando sozinhas. Maiorescolaridade entre mulheres e menorestaxas de fecundidade estão entre osmotivos.
“Houve uma queda na fecundidade eum aumento de escolaridade entre asmulheres. Estes são fatores queimpactam na sociedade a na formaçãodas famílias.”
A taxa de fecundidade caiu de 2,38 filhos por mulher em 2000 para 1,9 em 2010, segundos os censos demográficos do IBGE.De acordo com o instituto, a queda da fecundidade ocorreu em todas as faixas etárias. Houve, no entanto, uma mudança natendência de concentração da fecundidade entre jovens de 15 a 24 anos, observada nos censos de 1991 e 2000. Asmulheres, de acordo com dados de 2010, estão tendo filhos com idades um pouco mais avançadas.A redução na proporção de adolescentes (15 a 19 anos) com filhos, que caiu de 14,8% para 11,8% entre 2000 e 2010, é,inclusive, um fator importante para a elevação do nível de escolaridade das mulheres. Houve um aumento da frequênciaescolar feminina no ensino médio de 9,8% em relação à masculina. Em 2010, as mulheres também foram apontadas comomaioria entre os estudantes universitários de 18 a 24 anos - 57,1% do total.Outro fator que aponta o avanço feminino, segundo Soares, é o aumento de mulheres que são consideradas referências nafamília. O IBGE considera como pessoa de referência quem é responsável pela unidade domiciliar (ou pela família) ou assimconsiderada pelos outros membros. Entre as famílias com filhos, as mulheres eram apontadas como referência mesmo tendoum cônjuge em 4,8% dos casos em 2005; já em 2015, o percentual saltou para 15,7%.“É muito significativo. Embora a gente não consiga, com a pesquisa, saber os fatores que levaram essa mulher a serdeclarada como referência, a gente chama a atenção para as mudanças sociais, pois isso tem ocorrido principalmente emarranjos com casais”, afirma a pesquisadora.Mais mães solteiras entre famílias com filhosPor outro lado, segundo Soares, a situação é muito mais delicada para a mulher quando ela está sozinha. Considerandoapenas as famílias com filhos, o percentual de mães solteiras aumentou de 25,8% para 26,8%, e esse tipo de arranjo,segundo a pesquisadora, pode ser tanto um indicador de maior independência feminina quanto de maior vulnerabilidade.O Distrito Federal e o Amapá, por exemplo, são unidades federativas que se destacam pelos altos índices de famíliascompostas por mães e seus filhos. Considerando todos os tipos de famílias - integradas por filhos ou não, de pessoasmorando sozinhas, etc -, o Amapá tem o maior percentual de famílias compostas por mulher sem cônjuge e com filhos,
morando ou não com outros parentes: 20,6%, ou 48,2 mil famílias.Já considerando apenas as famílias com filhos - casais com filhos oupais e mães solteiras -, o DF se destaca, com 31,6% dos arranjosfamiliares compostos por mulheres sem cônjuge e com filhos.Não é possível, no entanto, fazer uma generalização das famílias.“Comparar uma mulher no Amapá com outra no DF écompletamente diferente, pois são realidades diferentes. É precisofazer uma análise levando em consideração os contextos regionais,que podem ser muito distintos a depender de renda, defecundidade, de tamanho de família”, afirma Soares.Mas uma mulher com baixa escolaridade e baixa renda, que tenhasido largada pelo marido ou seja viúva, pode se encontrar com altavulnerabilidade ao se ver em uma situação que precisa cuidar dosfilhos sozinha. Isso porque, segundo a pesquisadora, ela ficaimpossibilitada de conseguir um trabalho decente ou mesmo deestudar.“Para entender o contexto das famílias, é importante olharprincipalmente se existem filhos menores. Vivemos em um país quenão tem uma estrutura de cuidado para essas crianças, e issoimpacta a mulher na situação de trabalho. Ela vai depender deoutros membros da família para cuidar dos filhos ou procurar umtrabalho que se adeque a sua rotina. Nesses casos, dificulta aautonomia da mulher não ter a presença do cônjuge”, diz Soares.
A professora de Direito da UnB Eneá de Stutz eAlmeida, por exemplo, escolheu se separar domarido que não queria ter filhos para poder seguirseu sonho de ser mãe. A pesquisadora é mãe deNinian, de 5 anos, e escolheu ter a filha aos 46 anospor meio da técnica da fertilização in vitro, quando oembrião já formado é implantado no útero.
“Perguntavam quem era o pai ou o que eu ia dizerquando ela crescesse. Eu sempre disse a verdade,isto não é um problema para ela. Falo sobretantas outras crianças que têm históriasdiferentes e também não têm pai, mãe ou sãocriadas pelos avós, por exemplo.”
Para a catarinense e mãe de quíntuplas Sidneia Daufemback Batista, o apoio da família e de amigos é fundamental tanto para suprir a ausência do pai de suas filhas, que paga uma única pensão que não chega à metade do salário mínimo, quanto para complementar o auxílio do estado, de aproximadamente R$ 1,5 mil. "A família sempre me ajuda. Tem um auxílio do estado, que não dá pra passar o mês. Minha mãe me ajudava bastante, mas faleceu há quatro meses. Contamos com apoio de outras pessoas”, conta.No caso da estudante de Direito J. N., mãe de três crianças - um casal de 7 e 14 anos e um bebê de 5 meses -, porém, sua família lhe deu as costas quando ela tentou voltar para a casa dos pais. De acordo com a estudante, o pai de seu último filho é usuário de drogas e, por este motivo, o casal se afastou no sétimo mês de gravidez.
“Eu me desesperei, estavadesempregada e passando váriasdificuldades. Pensei em tirar, masnão tinha mais como.”
Mesmo com o filho recém-nascido, J.N. procurou por emprego, mas, segundo ela, a vaga foi negada. “Criar um filhosozinha é muito difícil. É ainda mais complicado entrar no mercado de trabalho e retomar a vida na sociedade. Quando seestá sozinha com um filho, você é muito discriminada, as pessoas não te respeitam, as portas se fecham e os própriosfamiliares viram as costas", diz.
Sociedade machistaA questão é, segundo a pesquisadora, cultural, e os números apontam isso: em 2015, enquanto que as mães solteirasrepresentavam 26,8% das famílias com filhos, os pais solteiros representavam apenas 3,6%.Segundo Soares, essa situação tem mudado nos últimos anos com a guarda compartilhada, mas, nas estatísticas, aindaobservar essa situação de vulnerabilidade da mulher. "Mesmo compartilhada a guarda, quem é a responsável por cuidardo filho é a mulher. E como o país não tem uma política de cuidado boa, a situação feminina fica limitada”, afirma. “Apolítica pública tem que atuar para que a mulher possa ter uma carga de trabalho nas mesmas condições que os homens.”
“Vivemos em uma sociedade machista
em que a responsabilidade do
filho ainda é da mãe."
03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
https://g1.globo.com/google/amp/g1.globo.com/economia/noticia/em-10-anos-brasil-ganha-mais-de-1-milhao-de-familias-formadas-por-maes-solteiras.ghtml
Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadaspor mães solteirasNº absoluto aumenta entre 2005 e 2015, mas o percentual em relação a todos os tipos de família é menor,já que houve aumento de casais sem �lhos e de pessoas morando sozinhas. Maior escolaridade entremulheres e menores taxas de fecundidade estão entre os motivos.
Por Clara Velasco*, G114/05/2017 07h33 · Atualizado 14/05/2017 07h37
ECONOMIA
03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
https://g1.globo.com/google/amp/g1.globo.com/economia/noticia/em-10-anos-brasil-ganha-mais-de-1-milhao-de-familias-formadas-por-maes-solteiras.ghtml
(Foto: Editoria de Arte/G1)
Em 10 anos, o Brasil ganhou 1,1 milhão de famílias compostas por mães solteiras. De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE), em 2005, o país tinha
10,5 milhões de famílias de mulheres sem cônjuge e com �lhos, morando ou não com
outros parentes. Já os dados de 2015, os mais recentes do instituto, apontam 11,6 milhões
arranjos familiares.
Mesmo com esse aumento no número absoluto, a representatividade das mães solteiras
caiu de 18,2% para 16,3% no período. Isso porque outros tipos de família, como as de
casais sem �lhos e as unipessoais, cresceram mais proporcionalmente.
Segundo Cristiane Soares, pesquisadora da Coordenação de População e Indicadores
Sociais do IBGE, os dados são re�exo da dinâmica social e do per�l demográ�co do país
nos últimos anos.
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03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
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“Houve uma queda na fecundidade e um aumento deescolaridade entre as mulheres. Estes são fatores queimpactam na sociedade a na formação das famílias.”
A taxa de fecundidade caiu de 2,38 �lhos por mulher em 2000 para 1,9 em 2010,
segundos os censos demográ�cos do IBGE. De acordo com o instituto, a queda da
fecundidade ocorreu em todas as faixas etárias. Houve, no entanto, uma mudança na
tendência de concentração da fecundidade entre jovens de 15 a 24 anos, observada nos
censos de 1991 e 2000. As mulheres, de acordo com dados de 2010, estão tendo �lhos
com idades um pouco mais avançadas.
A redução na proporção de adolescentes (15 a 19 anos) com �lhos, que caiu de 14,8%
para 11,8% entre 2000 e 2010, é, inclusive, um fator importante para a elevação do nível
de escolaridade das mulheres. Houve um aumento da frequência escolar feminina no
ensino médio de 9,8% em relação à masculina. Em 2010, as mulheres também foram
apontadas como maioria entre os estudantes universitários de 18 a 24 anos - 57,1% do
total.
Outro fator que aponta o avanço feminino, segundo Soares, é o aumento de mulheres
que são consideradas referências na família. O IBGE considera como pessoa de referência
quem é responsável pela unidade domiciliar (ou pela família) ou assim considerada pelos
outros membros. Entre as famílias com �lhos, as mulheres eram apontadas como
referência mesmo tendo um cônjuge em 4,8% dos casos em 2005; já em 2015, o
percentual saltou para 15,7%.
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03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
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“É muito signi�cativo. Embora a gente não consiga, com a pesquisa, saber os fatores que
levaram essa mulher a ser declarada como referência, a gente chama a atenção para as
mudanças sociais, pois isso tem ocorrido principalmente em arranjos com casais”, a�rma
a pesquisadora.
03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
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Famílias com �lhos no Brasil (Foto: Editoria de Arte/G1)
Mais mães solteiras entre famílias com �lhosPor outro lado, segundo Soares, a situação é muito mais delicada para a mulher quando
ela está sozinha. Considerando apenas as famílias com �lhos, o percentual de mães
solteiras aumentou de 25,8% para 26,8%, e esse tipo de arranjo, segundo a pesquisadora,
pode ser tanto um indicador de maior independência feminina quanto de maior
vulnerabilidade.
O Distrito Federal e o Amapá, por exemplo, são unidades federativas que se destacam
pelos altos índices de famílias compostas por mães e seus �lhos. Considerando todos os
tipos de famílias - integradas por �lhos ou não, de pessoas morando sozinhas, etc -, o
Amapá tem o maior percentual de famílias compostas por mulher sem cônjuge e com
�lhos, morando ou não com outros parentes: 20,6%, ou 48,2 mil famílias. Já considerando
apenas as famílias com �lhos - casais com �lhos ou pais e mães solteiras -, o DF se
destaca, com 31,6% dos arranjos familiares compostos por mulheres sem cônjuge e com
�lhos.
Não é possível, no entanto, fazer uma generalização das famílias. “Comparar uma mulher
no Amapá com outra no DF é completamente diferente, pois são realidades diferentes. É
preciso fazer uma análise levando em consideração os contextos regionais, que podem
ser muito distintos a depender de renda, de fecundidade, de tamanho de família”, a�rma
Soares.
03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
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A professora Eneá de Stutz, que escolheu ser mãe pela primeira vez aos 46 anos, abraçada à �lha, Ninian. (Foto: Arquivo Pessoal)
A professora de Direito da UnB Eneá de Stutz e Almeida, por exemplo, escolheu se separar
do marido que não queria ter �lhos para poder seguir seu sonho de ser mãe. A
pesquisadora é mãe de Ninian, de 5 anos, e escolheu ter a �lha aos 46 anos por meio da
técnica da fertilização in vitro, quando o embrião já formado é implantado no útero.
“Perguntavam quem era o pai ou o que eu ia dizer quando elacrescesse. Eu sempre disse a verdade, isto não é um problema
para ela. Falo sobre tantas outras crianças que têm históriasdiferentes e também não têm pai, mãe ou são criadas pelos
avós, por exemplo.”
Mas uma mulher com baixa escolaridade e baixa renda, que tenha sido largada pelo
marido ou seja viúva, pode se encontrar com alta vulnerabilidade ao se ver em uma
situação que precisa cuidar dos �lhos sozinha. Isso porque, segundo a pesquisadora, ela
�ca impossibilitada de conseguir um trabalho decente ou mesmo de estudar.
“Para entender o contexto das famílias, é importante olhar principalmente se existem
�lhos menores. Vivemos em um país que não tem uma estrutura de cuidado para essas
crianças, e isso impacta a mulher na situação de trabalho. Ela vai depender de outros
membros da família para cuidar dos �lhos ou procurar um trabalho que se adeque a sua
rotina. Nesses casos, di�culta a autonomia da mulher não ter a presença do cônjuge”, diz
Soares.
03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
https://g1.globo.com/google/amp/g1.globo.com/economia/noticia/em-10-anos-brasil-ganha-mais-de-1-milhao-de-familias-formadas-por-maes-solteiras.ghtml
Sidneia é mãe de quíntuplas e conta com a ajuda da família e de amigos para suprir a ausência do pai e o auxílio baixo do governo (Foto:Sidneia Daufemback Batista/Arquivo pessoal)
Para a catarinense e mãe de quíntuplas Sidneia Daufemback Batista, o apoio da família e
de amigos é fundamental tanto para suprir a ausência do pai de suas �lhas, que paga
uma única pensão que não chega à metade do salário mínimo, quanto para
complementar o auxílio do estado, de aproximadamente R$ 1,5 mil. "A família sempre me
ajuda. Tem um auxílio do estado, que não dá pra passar o mês. Minha mãe me ajudava
bastante, mas faleceu há quatro meses. Contamos com apoio de outras pessoas”, conta.
No caso da estudante de Direito J. N., mãe de três crianças - um casal de 7 e 14 anos e um
bebê de 5 meses -, porém, sua família lhe deu as costas quando ela tentou voltar para a
casa dos pais. De acordo com a estudante, o pai de seu último �lho é usuário de drogas e,
por este motivo, o casal se afastou no sétimo mês de gravidez.
03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
https://g1.globo.com/google/amp/g1.globo.com/economia/noticia/em-10-anos-brasil-ganha-mais-de-1-milhao-de-familias-formadas-por-maes-solteiras.ghtml
“Eu me desesperei, estava desempregada e passando váriasdi�culdades. Pensei em tirar, mas não tinha mais como.”
Mesmo com o �lho recém-nascido, J.N. procurou por emprego, mas, segundo ela, a vaga
foi negada. “Criar um �lho sozinha é muito difícil. É ainda mais complicado entrar no
mercado de trabalho e retomar a vida na sociedade. Quando se está sozinha com um
�lho, você é muito discriminada, as pessoas não te respeitam, as portas se fecham e os
próprios familiares viram as costas", diz.
J.N, de 32 anos, amamenta o �lho de 5 meses. (Foto: Marília Marques/G1)
Sociedade machistaA questão é, segundo a pesquisadora, cultural, e os números apontam isso: em 2015,
enquanto que as mães solteiras representavam 26,8% das famílias com �lhos, os pais
solteiros representavam apenas 3,6%.
03/06/2018 Em 10 anos, Brasil ganha mais de 1 milhão de famílias formadas por mães solteiras
https://g1.globo.com/google/amp/g1.globo.com/economia/noticia/em-10-anos-brasil-ganha-mais-de-1-milhao-de-familias-formadas-por-maes-solteiras.ghtml
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“Vivemos em uma sociedade machista em que aresponsabilidade do �lho ainda é da mãe."
Segundo Soares, essa situação tem mudado nos últimos anos com a guarda
compartilhada, mas, nas estatísticas, ainda observar essa situação de vulnerabilidade da
mulher. "Mesmo compartilhada a guarda, quem é a responsável por cuidar do �lho é a
mulher. E como o país não tem uma política de cuidado boa, a situação feminina �ca
limitada”, a�rma. “A política pública tem que atuar para que a mulher possa ter uma carga
de trabalho nas mesmas condições que os homens.”
*Com colaboração do G1 SC, G1 AP e G1 DF
SAIBA MAIS
Uma em cada cinco famílias no AP é formada por mães solteiras, aponta IBGE
DF tem o maior índice de mães-solo entre famílias com �lhos no Brasil
SC é o estado com a menor taxa de famílias formadas por mães solteiras, aponta IBGE
03/06/2018 Novas configurações de famílias provam que o amor vai muito além do tradicional “mãe + pai + filhos” | Hypeness – Inovação e cri…
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MATÉRIA ESPECIAL HYPENESS
por: Bruna Rasmussen
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Novas con gurações de famíliasprovam que o amor vai muito alémdo tradicional “mãe + pai + lhos”
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PUBLICIDADEEm 2011, nas traseiras de automóveis de todo oBrasil, a Família Feliz ganhou destaque. Osadesivos, vendidos em bancas de jornal, postosde gasolina e até na internet, estampavam pais,mães, crianças, avós e até mesmo os animais deestimação que faziam parte de cada família.Muitos adoraram a iniciativa e correram montara sua, enquanto que outros acharam a ideiadetestável. Muito além de qualquer opinião sobregosto pessoal, contudo, pode-se a rmar que amoda desses adesivos foi útil para revelar, daforma mais despretensiosa possível, que afamília não é mais apenas aquela formada porum pai, uma mãe e um lho. A família brasileira,mais do que nunca, vem também em novascon gurações.
Mães e pais solteiros, divorciados que unem suas famílias, casal de homossexuais que têmlhos de um relacionamento heterossexual anterior, crianças que são criadas pelos avós,
pessoas que só tem seu animal de estimação como família, praticantes do poliamor,heterossexuais que adotam, homossexuais que adotam, casais sem lhos, amigos que moramjuntos, três gerações que dividem o mesmo teto, casais divorciados que vivem na mesma casa:as possibilidades são diversas. E é justamente por isso que os adesivos dos membros da FamíliaFeliz eram vendidos separadamente. Cada pessoa podia montar a sua.
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Foto: Reprodução/Imgur
Foto © WINBlog.org
Famílias do BrasilO Censo de 2010 do IBGE (http://censo2010.ibge.gov.br/) mostra que a família brasileira semultiplicou, trazendo 19 laços de parentesco, contra 11 presentes no censo de 2000. Oconceito tradicional de família, composta por um casal heterossexual com lhos, estevepresente em 49,9% dos lares visitados, enquanto que em 50,1% da vezes, a família ganhouuma nova forma. As famílias homoafetivas já somam 60 mil, sendo 53,8% delas formada pormulheres. Mulheres que vivem sozinhas são 3,4 milhões, enquanto que 10,1 milhões defamílias são formadas por mães ou pais solteiros.
#NossaFamíliaExiste
#NossaFamíliaExiste
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Modelo Nara Almeida perdebatalha para câncer e família
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Quem é a sua família? Se ela não segue os moldes tradicionais, ela pode ser consideradamenos válida? Parece óbvio que a resposta é não. Entretanto, principalmente no caso decomposições envolvendo casais homossexuais e praticantes do poliamor, a resposta para essapergunta não raro vem com um “sim”, recheado de preconceito e desinformação. Tambémrespondem dessa forma alguns parlamentares em Brasília.
Imagem: Reprodução. A campanha #NossaFamíliaExiste, que convida as pessoas a mostraremsuas famílias no Facebook, foi criada pela página Casamento Civil Igualitário
(https://www.facebook.com/casamentoigualitario).
É o caso do deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), relator de um dos mais polêmicos projetosde lei dos últimos anos: o Estatuto da Família
(http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ chadetramitacao?idProposicao=597005). Nestedocumento, ele busca de nir família exclusivamente como a união entre um homem e umamulher, vetando, por exemplo, que casais homossexuais adotem crianças. Segundo ele, “faznecessário diferenciar família das relações de mero afeto, convívio e mútua assistência; sejam essasúltimas relações entre pessoas de mesmo sexo ou de sexos diferentes, havendo ou não prática sexualentre essas pessoas”. Ora, se família não é quem provê afeto e suporte recíproco em uma rotina,o que é família?
Do que é feita uma família?“Uma de nição que me agrada é a de pensar que a minha família é composta por aqueles com quemeu conto. Hoje, todas as formas de família são aceitas pela Associação Brasileira de Terapia Familiar(ABRATEF). Pelo IBGE, a única forma não aceita de família é a de um grupo de adultos que mora nomesmo local sem laços de sangue ou relacionamentos romântico-afetivos. Nesse caso, o IBGEclassi ca esse grupo como ‘moradia em conjunto’”, explicou Marcos Naime Pontes, psiquiatra eterapeuta de família e de casal, em entrevista ao Hypeness.
Segundo ele, o que hoje nós chamamos de “novas con gurações de família” é algo quesempre existiu, embora sem que houvesse um reconhecimento público ou jurídico. Masmesmo com propostas como o Estatuto da Família, a Justiça Brasileira tem mostrado grandesavanços no que diz respeito à desbiologização da família e à quebra do modelo familiar
(http://www.hypeness.com.br/2018/05/modelo-nara-almeida-perde-batalha-para-cancer-e-familia-autoriza-doacao-de-orgaos/)
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baseado em uma relação heterossexual monogâmica em que o pai é a gura-chefe. Diferentedo que defende o Deputado Ronaldo Fonseca, o afeto adquiriu um papel bastante relevantejuridicamente, permitindo que as discussões sobre liação fossem levadas a um outro nível.
Imagem © Ministério da Justiça/Facebook
“A verdade sociológica da liação se constrói, relevando-se não apenas da descendência, mas nocomportamento de quem expende cuidados, carinho e tratamento, quer em público, quer naintimidade do lar, com afeto verdadeiramente paternal, construindo vínculo que extrapola o laçobiológico, compondo a base da paternidade”, a rma o advogado e professor de Direito Luiz
Edson Fachin (http://ambito-juridico.com.br/site/?
artigo_id=10202&n_link=revista_artigos_leitura#_edn19).
Como resultado disso, temos casos como o do rapaz que, tendo sido abandonado pelo pai aindana infância, foi autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a remover o sobrenome
paterno (http://www.conjur.com.br/2015-mar-18/ lho-abandonado-infancia-excluir-
sobrenome-paterno) de seu nome civil e adicionar o sobrenome de sua avó materna, que delecuidou durante toda a infância e adolescência. A ausência de um vínculo afetivo foi mais quesu ciente para que o STJ lhe garantisse esse direito. A nal, a Justiça cada vez mais entende queo nome civil faz parte da formação e consolidação da personalidade e que a família se constituino afeto.
Foi também por decisão judicial que uma família conseguiu alterar a certidão de nascimentodo garoto Guilherme Zaroni, colocando, além do nome da mãe e do pai biológicos, o nome damadrasta. Com a morte da mãe biológica ainda nos primeiros anos de vida, o garoto e MargitZaroni, a esposa de seu pai, tiveram uma grande aproximação afetiva e então surgiu o desejode ter isso marcado também legalment (http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2014/09/justica-
permite-crianca-ter-o-nome-de-pai-2-maes-e-6-avos-em-certidao.html)e
(http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2014/09/justica-permite-crianca-ter-o-nome-de-pai-2-
maes-e-6-avos-em-certidao.html). A isso se dá o nome de liação socioafetiva e a decisãocolocou na certidão de nascimento do menino o nome de duas mães e de seis avós.
(http://www.hypeness.com.br/2018/05/modelo-nara-almeida-perde-batalha-para-cancer-e-familia-autoriza-doacao-de-orgaos/)
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Foto © Margit Zaroni/Arquivo Pessoal
Na semana passada, foi o Supremo Tribunal Federal (STF) que garantiu a um casal homossexual
o direito de adotar (https://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/03/ministra-do-stf-
reconhece-adocao-de-crianca-por-casal-homoafetivo). Ao negar um recurso do MinistérioPúblico do Paraná, a Ministra Cármen Lúcia defendeu que o conceito de família, envolvendoregras de visibilidade, continuidade e durabilidade, também podem ser aplicados a casaishomoafetivos. A decisão teve como base também o reconhecimento, em 2011, da união estávelentre parceiros do mesmo sexo, feita pelo ministro Ayers Britto. “A Constituição Federal nãofaz a menor diferenciação entre a família formalmente constituída e aquele existente aos rés dosfatos. Como também não distingue entre a família que se forma por sujeitos heteroafetivos e a que seconstitui por pessoas de inclinação homoafetiva”, a rmou ele na época.
Contudo, apesar de todas essa decisões, é preciso que haja leis e políticas públicas mais clarasem relação às novas famílias. A nal, se um casal heterossexual que deseja adotar uma criançasó precisa se candidatar para tal, um casal homossexual que busca o mesmo precisa darentrada judicialmente a seu pedido – uma caminhada que, embora agora com mais chances deser bem sucedida juridicamente, é desgastante e tortuosa.
Novas famílias e as criançasEm uma enquete pública
(http://www2.camara.leg.br/enquetes/resultadoEnquete/enquete/101CE64E-8EC3-436C-BB4A-
457EBC94DF4E;jsessionid=8FDF576FCD5C89BCB67D3DA565DBD277.node1) no site da Câmarados Deputados, questiona-se o posicionamento da sociedade em relação ao Estatuto daFamília. “Você concorda com a de nição de família como núcleo formado a partir da união entrehomem e mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?” Até o momento em queescrevo este texto, mais de 5 milhões de votos já foram computados, sendo 53,6% deles para“Sim” e 46,08% para “Não”.
Em muitos dos comentários, cita-se Deus e a Bíblia como bases para concordar com o Estatutoe questiona-se a in uência dos novos conceitos de família no desenvolvimento das crianças.Como a rmou o psiquiatra Marcos Naime Pontes em entrevista ao Hypeness, “os estudosmostraram que essa diversidade não traz patologias ou distúrbios de comportamento diferentes dosque já acontecem nos modelos tradicionais de família. Isso tudo ajuda a diminuir o preconceito e aabrir espaço: discussão, informação pública e a constatação de que essas novas formações não sãofontes de sofrimento psíquico para integrantes dessas famílias. Já o preconceito e a exclusão são.”
(http://www.hypeness.com.br/2018/05/modelo-nara-almeida-perde-batalha-para-cancer-e-familia-autoriza-doacao-de-orgaos/)
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Foto: Reprodução. Este é o Carlos Henrique e suas duas mães: Priscila e Bel
Segundo ele, o uso do modelo tradicional de família como referência na Psicologia deve-se aofato de que este era o único considerado pela ciência há algumas décadas. Contudo, isso vemmudando. Até mesmo quando menciona-se a necessidade de haver papéis masculinos efemininos como base para o desenvolvimento de uma criança, hoje isso não é exclusivo àfamília. “Podemos pensar que homens e mulheres estão em todos os lugares e em todas as famílias,e as famílias se relacionam com esses homens e mulheres o tempo todo. As crianças teriam essesmodelos não só dos pais ou das mães. Outra forma de pensar é a de que a construção dehomem/mulher é apenas uma das formas de dividir o mundo. Aquilo que foi atribuído ao masculinoou feminino é muito mais variado hoje e está mais ligado a cada pessoa do que a um ou doisgêneros”, a rma.
Foto: Reprodução. Marco Aurélio e Roberto de Souza Silva são pais deste casal de gêmeos.
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Foto: Reprodução. Laura e Marta são mães dos pequenos Clarissa, Rosa e José.
A fortaleza em que se colocava a distinção entre o masculino e o feminino, bem como aconstituição tradicional da família deixa, aos poucos, de existir. É crescente a insatisfação comdelimitações por causa de gênero. Cores, brinquedos e pro ssões ainda hoje são encaradascomo masculinas ou femininas, mas a consciência de que isso é um limite culturalmenteimposto e que está prestes a ruir está cada dia mais presente.
A diversidade sexual, a igualdade de gêneros e a pluralidade afetiva não representam ameaçaà família, mas integram-se como novas possibilidades. Ter essas famílias reconhecidaspública e juridicamente é algo positivo para a sociedade. Vale lembrar que uma pessoasatisfeita em seu relacionamento familiar e sexual prova-se mais tranquila e estimulada emtodas as áreas de sua vida. Em outras palavras: gente feliz não enche o saco. Deixemos quetodas as famílias sejam felizes, cada qual à sua maneira, na traseira de automóveis, na rua ouno conforto do lar.
(http://www.hypeness.com.br/tag/especialhype)
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